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Alena Vitková Calheiros

Análise do Comportamento de Solos Reforçados


com Poliestireno Expandido
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1121849/CA

Dissertação de Mestrado

Dissertação apresentada como requisito parcial para


obtenção do grau de Mestre pelo Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Civil do Departamento de
Engenharia Civil da PUC-Rio.

Orientadora: Michéle Dal Toé Casagrande

Rio de Janeiro
Novembro de 2013
Alena Vitková Calheiros

Análise do Comportamento de Solos Reforçados


com Poliestireno Expandido

Dissertação apresentada como requisito parcial


para obtenção do grau de Mestre pelo Programa
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1121849/CA

de Pós-Graduação em Engenharia Civil do


Departamento de Engenharia Civil do Centro
Técnico Científico da PUC-Rio. Aprovada pela
Comissão Examinadora abaixo assinada.

Profa. Michéle Dal Toé Casagrande


Orientadora
Departamento de Engenharia Civil - PUC-Rio

Prof. Euripedes do Amaral Vargas Jr


Departamento de Engenharia Civil - PUC-Rio

Profa. Raquel Quadros Veloso


Universidade Federal de Ouro Preto

Prof. José Eugenio Leal


Coordenador Setorial do Centro
Técnico Científico – PUC-Rio

Rio de Janeiro, 28 de Novembro de 2013


Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou
parcial do trabalho sem autorização da universidade, do autor e
da orientadora.

Alena Vitková Calheiros

Graduou-se em Engenharia Ambiental pela Pontifícia


Universidade Católica do Rio de Janeiro em 2010. Ingressou no
mestrado na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
em 2011, desenvolvendo Dissertação na linha de pesquisa de
Geotecnia Experimental aplicada a solos reforçados.

Ficha Catalográfica

Calheiros, Alena Vitková


PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1121849/CA

Análise do comportamento de solos


reforçados com poliestireno expandido / Alena
Vitková Calheiros ; orientadora: Michéle Dal
Toé Casagrande. – 2013.
104 f. il. (color.) ; 30 cm

Dissertação (mestrado)–Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro,
Departamento de Engenharia Civil, 2013.
Inclui bibliografia
CDD: 624

1. Engenharia civil – Teses. 2. Solos


reforçados. 3. Poliestireno expandido. 4.
CDD: 624
Ensaio triaxial. 5. Ensaio de cisalhamento
direto. I. Casagrande, Michéle Dal Toé II.
Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro. Departamento de Engenharia Civil. III.
Título.
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Aos meus pais, Luiz Augusto e


Alena e ao meu irmão, Alex pelos
momentos em que estive ausente.
Dedico à eles essa e todas as
vitórias que eu venha obter, pois
eles são o maior presente que
Deus colocou em minha vida.
Agradecimentos

A Deus pela vida, pela oportunidade e por ter conseguido chegar até aqui com
sucesso, vencendo todas as dificuldades.

Aos meus pais, Luiz Augusto e Alena, e irmão, Alex, por todo apoio, dedicação,
amor e incentivo durante todos os passos da minha vida. Devo tudo isso a vocês.

A todos os meus familiares e amigos por todos os incentivos prestados durante


toda a minha vida e pelo apoio na realização deste curso.

A professora Michéle Dal Tóe Casagrande pela orientação do meu trabalho, por
todo o conhecimento transmitido e por apoiar integralmente na realização deste
trabalho, sempre disposta a ensinar e tirar dúvidas.

A todos meus amigos da PUC-Rio, aos amigos da sala 607B, aos amigos que fiz
ao longo do mestrado e em especial a Camyla Oliveira e Daniel Gomes da Costa,
por fazerem do meu Mestrado um momento especial.
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Aos professores da Engenharia Civil da PUC-Rio, pelas excelentes aulas


ministradas.

Ao pessoal de Iniciação Científica pela ajuda e realização de parte dos ensaios de


caracterização desta dissertação.

À Monica Moncada, pela ajuda e auxílio fornecido no laboratório de Geotecnia da


PUC-Rio. Aos técnicos do laboratório Amaury e Josué pelo apoio para realizar os
ensaios.

À CAPES e à PUC-Rio, pelos auxílios concedidos, sem os quais este trabalho não
poderia ter sido realizado.
Resumo
Calheiros, Alena Vitková; Casagrande, Michéle Dal Toé. Análise do
comportamento de Solos Reforçados com Poliestireno Expandido.
Rio de Janeiro, 2013. 103 p. Dissertação de Mestrado. Departamento de
Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Este estudo apresenta o comportamento de solos reforçados com adição


de pérolas de EPS (Poliestireno Expandido) através de estudo experimental. Os
solos utilizados foram: um solo argiloso de origem coluvionar, uma areia limpa,
mal graduada e bentonita. Foram realizados ensaios de caracterização física e de
caracterização mecânica, como ensaios de compactação Proctor Normal, ensaios
triaxiais consolidados isotropicamente drenados (CID) e ensaios de cisalhamento
direto para buscar estabelecer padrões de comportamento que possam explicar a
influência da adição de pérolas de EPS, relacionando-a com os parâmetros de
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resistência ao cisalhamento. Os ensaios triaxiais CID foram realizados em


amostras de solo argiloso compactadas na densidade máxima seca e umidade
ótima, com teores de pérolas de EPS de 0%, 0,25%, 0,50%, 0,75% e 1%, em
relação ao peso seco do solo e os ensaios triaxiais CID em amostras de areia
foram realizados para uma densidade relativa de 50% e umidade de 10%, com
teores de pérolas de EPS de 0%, 0,50% e 0,75%, em relação ao peso seco do
solo. Os ensaios de cisalhamento direto com bentonita foram realizados com
teores de pérolas de EPS de 0%, 0,50% e 0,75%, em relação ao peso seco do solo.
Os resultados mostraram que o tipo de solo, o teor de pérolas de EPS e o nível de
tensão confinante influenciam positivamente o comportamento mecânico final dos
compósitos com relação aos parâmetros de resistência, porém não há uma
tendência de comportamento bem definida ao analisar cada fator
independentemente. Portanto, o uso de pérolas de EPS em obras geotécnicas de
carregamento estático contribuiria com o menor consumo de material natural e a
consequente redução dos custos de transporte e volume de material mobilizado.

Palavras-chave
Solos reforçados; poliestireno expandido; ensaio triaxial; ensaio de
cisalhamento direto.
Abstract
Calheiros, Alena Vitková; Casagrande, Michéle Dal Toé (Advisor).
Analysis of the Behavior of Reinforced Soil with Expanded
Polystyrene. Rio de Janeiro, 2013. 103 p. MSc. Dissertation.
Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do
Rio de Janeiro.

This study presents the behavior of soils reinforced with EPS


(Expanded Polystyrene) beads through experimental study. The soils used were a
coluvionar soil, a clean and barely graduated sand and bentonite. Physical
characterization, Standard Proctor, consolidated drained triaxial and direct shear
tests were performed to establish patterns of behavior that may explain the
influence of the addition of expanded polystyrene beads, linking it with shear
strength parameters. The CID triaxial was performed on samples of clayey soil
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compacted within the maximum dry density and optimum moisture content with
expanded polystyrene beads ratios of 0%, 0.25%, 0.50%, 0.75% and 1% by dry
weight of soil. CID triaxial tests on sand samples were made to a relative density
of 50% and 10% of moisture content, with EPS beads ratios of 0%, 0.50% and
0.75% by dry weight of soil. The direct shear tests with bentonite were made with
EPS beads ratios of 0%, 0.50% and 0.75% by dry weight of soil. The results
showed that the kind of soil, the EPS content and level of confining stress level
influence positively on the final mechanical behavior of the composites with
respect to strength parameters, but there is no well-defined pattern of behavior to
examine each factor independently. Therefore, the use of EPS beads in
geotechnical works, contribute to lower consumption of natural material and the
consequent reduction in transport costs and volume of mobilized material.

Keywords
Reinforced soils; expanded polystyrene; triaxial tests; direct shear tests.
Sumário

1 Introdução 17
1.1. Relevância e Justificativa da Pesquisa 17
1.2. Objetivos 18
1.3. Organização do Trabalho 18

2 Revisão Bibliográfica 20
2.1. Poliestireno Expandido (EPS) 20
2.1.1. Aspectos Gerais do EPS 20
2.1.2. Características de Mercado do EPS 22
2.1.3. EPS e seu Impacto ao Meio Ambiente 25
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2.2. Solo Reforçado 26


2.3 Ensaios Experimentais com Uso de EPS 29

3 Programa Experimental 33
3.1. Materiais utilizados na pesquisa 33
3.1.1. Solo Argiloso 33
3.1.2. Solo Arenoso 37
3.1.3. Bentonita 38
3.1.4. Poliestireno Expandido (EPS) 39
3.1.5. Água 40
3.1.6. Mistura Solo-EPS 40
3.2. Métodos e Procedimentos de Ensaio 41
3.2.1. Ensaios de Caracterização Física 42
3.2.2. Ensaios de Caracterização Mecânica 46

4 Resultados e Análises 58
4.1. Ensaios de Caracterização Física 58
4.1.1. Solo Argiloso 58
4.1.2. Solo Arenoso 59
4.1.3. Bentonita 61
4.2. Ensaios de Caracterização Mecânica 62
4.2.1. Solo Argiloso 62
4.2.2. Solo Arenoso 79
4.2.3. Bentonita 88

5 Considerações Finais 98
5.1. Conclusões 98
5.2. Sugestões para pesquisas futuras 100

6 Referências Bibliográficas 101


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Lista de Figuras

Figura 2.1 - Produção Mundial de EPS em 2000: 2,95 milhões de toneladas. ..... 23
Figura 2.2 - Distribuição do EPS por segmento no mundo em 2000. ................... 23
Figura 2.3 - Transformação de EPS no Brasil em 2000, principais municípios.... 24
Figura 2.4 - Curvas de compactação das misturas de areia com diferentes teores de
PS na densidade de EPS de 0,16 kN/mᶟ.z .............................................................. 30
Figura 2.5 - Curva de expansão livre do solo com Índice de Plasticidade de 38% e
com diferentes teores de EPS. ............................................................................... 31
Figura 2.6 - Efeito da adição de pérolas de EPS na contração volumétrica. ......... 31
Figura 2.7 - Efeito da adição de pérolas de EPS na contração volumétrica. ......... 32
Figura 3.1 - Localização do Campo Experimental II PUC-Rio (Soares, 2005). ... 34
Figura 3.2 - Solo coluvionar utilizado. .................................................................. 35
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Figura 3.3 - Descrição morfológica do perfil do Campo Experimental II da PUC-


Rio (Daylac, 1994) ............................................................................................ 36
Figura 3.4 - Localização do ponto de coleta de areia na Barra da Tijuca – RJ. .... 38
Figura 3.5 - Areia utilizada na pesquisa. ............................................................... 38
Figura 3.6 - Bentonita utilizada na pesquisa. ........................................................ 39
Figura 3.7 - Pérola de EPS utilizada na pesquisa. ................................................. 39
Figura 3.8 - (a) Procedimento de dispersão em aparelho de ultra-som e (b) Bomba
a vácuo. .................................................................................................................. 44
Figura 3.9 - Prensa triaxial da marca Wykeham-Ferrance .................................... 49
Figura 3.10 - Medidor de Variação de Volume tipo Imperial College.................. 49
Figura 3.11 - (a) Software CatmanEasy; (b) Sistema de aquisição de dados
(Ramirez, 2012). .................................................................................................... 49
Figura 3.12 - Corpo cilíndrico compactado. .......................................................... 50
Figura 3.13 - Corpo de prova após moldagem. ..................................................... 50
Figura 3.14 - Corpo de prova com pérolas de 3mm de diâmetro. ......................... 51
Figura 3.15 - Montagem do corpo de prova arenoso............................................. 52
Figura 3.16 - Corpo de prova Bentonita-EPS. ....................................................... 56
Figura 3.17 - Prensa de cisalhamento direto. ........................................................ 57
Figura 4.1 - Distribuição granulométrica do solo argiloso (Ramírez, 2012). ........ 59
Figura 4.2 - Curva granulométrica do solo arenoso. ............................................. 60
Figura 4.3 - Distribuição granulométrica da bentonita. ......................................... 61
Figura 4.4 - Curvas de compactação Proctor Normal do solo argiloso e misturas.
............................................................................................................................... 62
Figura 4.5 - Curvas da tensão desviadora e deformação volumétrica versus
deformação axial para o solo argiloso em ensaios triaxiais.................................. 64
Figura 4.6 - Curvas da tensão desviadora e deformação volumétrica versus
deformação axial para a mistura S99,75/EPS0,25 em ensaios triaxiais. ............... 65
Figura 4.7 - Curvas da tensão desviadora e deformação volumétrica versus
deformação axial para a mistura S99,50/EPS0,50 em ensaios triaxiais. ............... 66
Figura 4.8 - Curvas da tensão desviadora e deformação volumétrica versus
deformação axial para a mistura S99,25/EPS0,75 em ensaios triaxiais. ............... 67
Figura 4.9 - Curvas da tensão desviadora e deformação volumétrica versus
deformação axial para a mistura S99/EPS1 em ensaios triaxiais. ......................... 68
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Figura 4.10 - Curvas da tensão desviadora e deformação volumétrica versus


deformação axial das amostras S100 e S99,75/EPS0,25 em ensaios triaxiais.......69
Figura 4.11 - Curvas da tensão desviadora e deformação volumétrica versus
deformação axial das amostras S100 e S99,50/EPS0,50 em ensaios triaxiais.......71
Figura 4.12 - Curvas da tensão desviadora e deformação volumétrica versus
deformação axial das amostras S100 e S99,25/EPS0,75 em ensaios triaxiais.......73
Figura 4.13 - Curvas da tensão desviadora e deformação volumétrica versus
deformação axial das amostras S100 e S99/EPS1 em ensaios triaxiais. ............... 74
Figura 4.14 - Envoltória e parâmetros de resistência ao cisalhamento do solo
argiloso S100. ........................................................................................................ 76
Figura 4.15 - Envoltória e parâmetros de resistência ao cisalhamento da mistura
S99,75/EPS0,25. .................................................................................................... 76
Figura 4.16 - Envoltória e parâmetros de resistência ao cisalhamento da mistura
S99,50/EPS0,50. .................................................................................................... 77
Figura 4.17 - Envoltória e parâmetros de resistência ao cisalhamento da mistura
S99,25/EPS0,75. .................................................................................................... 77
Figura 4.18 - Envoltória e parâmetros de resistência ao cisalhamento da mistura
S99/EPS1. .............................................................................................................. 78
Figura 4.19 - Envoltória e parâmetros de resistência ao cisalhamento do solo puro
e das misturas.........................................................................................................78
Figura 4.20 - Curvas da tensão desviadora e deformação volumétrica versus
deformação axial para o solo arenoso em ensaios triaxiais. ................................. 80
Figura 4.21 - Curvas da tensão desviadora e deformação volumétrica versus
deformação axial para a mistura A99,50/EPS0,50 em ensaios triaxiais. ............. 81
Figura 4.22 - Curvas da tensão desviadora e deformação volumétrica versus
deformação axial para a mistura A99,25/EPS0,75 em ensaios triaxiais. ............. 82
Figura 4.23 - Curvas da tensão desviadora e deformação volumétrica versus
deformação axial das amostras A100 e A99,50/EPS0,50 em ensaios triaxiais. .... 83
Figura 4.24 - Curvas da tensão desviadora e deformação volumétrica versus
deformação axial das amostras A100 e A99,25/EPS0,75 em ensaios triaxiais. .... 84
Figura 4.25 - Envoltória e parâmetros de resistência ao cisalhamento ................. 85
Figura 4.26 - Envoltória e parâmetros de resistência ao cisalhamento ................. 86
Figura 4.27 - Envoltória e parâmetros de resistência ao cisalhamento ................. 86
Figura 4.28 - Envoltória e parâmetros de resistência ao cisalhamento do solo puro
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e das misturas.........................................................................................................87
Figura 4.29 - Curvas da tensão desviadora e deslocamento vertical versus
deformação axial para a bentonita em ensaio de cisalhamento direto. ................. 89
Figura 4.30 - Curvas da tensão desviadora e deslocamento vertical versus
deformação axial para a mistura B99,50/EPS0,50 em ensaio de cisalhamento
direto.............................................................................................................. ........ 90
Figura 4.31 - Curvas da tensão desviadora e deslocamento vertical versus
deformação axial para a mistura B99,25/EPS0,75 em ensaio de cisalhamento
direto. ..................................................................................................................... 91
Figura 4.32 - Curvas da tensão cisalhante e deslocamento vertical versus
deslocamento horizontal das amostras B100 e B99,50/EPS0,50 em ensaios de
cisalhamento direto. ............................................................................................... 92
Figura 4.33 - Curvas da tensão cisalhante e deslocamento vertical versus
deslocamento horizontal das amostras B100 e B99,25/EPS0,75 em ensaios de
cisalhamento direto. ............................................................................................... 93
Figura 4.34 - Envoltória de resistência da bentonita. ............................................ 95
Figura 4.35 - Envoltória de resistência da mistura B99,50/EPS0,50. ................... 95
Figura 4.36 - Envoltória de resistência da mistura B99,25/EPS0,75. ................... 96
Lista de Tabelas

Tabela 2.1 - Características exigíveis para o EPS na NBR 11752:1993. .............. 22


Tabela 3.1 - Análise mineralógica (Sertã, 1986). .................................................. 37
Tabela 3.2 - Símbolos utilizados para os solos e misturas. ................................... 41
Tabela 4.1 - Índices físicos do solo arenoso. ......................................................... 59
Tabela 4.2 - Resultados dos ensaios de compactação Proctor Normal para o solo
argiloso e misturas. ................................................................................................ 63
Tabela 4.3 - Resumo do ângulo de atrito e coesão do solo argiloso e de cada
mistura solo-EPS. .................................................................................................. 79
Tabela 4.4 - Resumo ângulo de atrito e coesão do solo arenoso e de cada mistura
solo-EPS. ............................................................................................................... 87
Tabela 4.5 - Resumo ângulo de atrito e coesão da bentonita e de cada mistura
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solo-EPS. ............................................................................................................... 97
Lista de Abreviaturas

ABRAPEX Associação Brasileira de Poliestireno Expandido


ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
CID Consolidado Isotropicamente Drenado
CFC Clorofluorcarboneto
CH Argila arenosa de média plasticidade
EPS Poliestireno Expandido
IP Indice de Plasticidade
LL Limite de Liquidez
LP Limite de Plasticidade
LVDT Linear Variable Differential Transformer
MVV Medidores de Variação Volumétrica
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NBR Norma Brasileira


PET Polietileno Tereftalato
PUC Pontifícia Universidade Católica
XPS Poliestireno Extrusado
Lista de Simbolos

ótm Teor de umidade ótimo de compactação


d máx Peso específico seco máximo
d Peso específico seco
s Peso específico dos grãos
 Teor de umidade
 Massa específica do solo
Gs Peso específico
e Índice de vazios
emáximo Índice de vazios máximo
emínimo Índice de vazios mínimo
Cu Coeficiente de uniformidade
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Cc Coeficiente de curvatura
D10 Diâmetro efetivo
D50 Diâmetro médio
tf Tempo mínimo de ruptura
L Altura do corpo de prova
ν Velocidade de cisalhamento
‘ Relativo a tensões efetivas
” Polegadas
# Número
s Deformação axial
v Deformação volumétrica
 Tensão de cisalhamento
1, 3 Tensões principais, maior e menor
σ’c Tensão de confinamento efetiva
σv Tensão desviadora
Su Resistência não Drenada
Ø’ Ângulo de atrito
c’ Coesão
p’ (σ’1 + σ’3)/2 (Tensão efetiva média normal)
q (σ’1 – σ’3) /2 (Tensão de Desvio)
H Altura final do corpo de prova.
hi Altura inicial do corpo de prova.
% Porcentagem
ml Mililitro
mm Milímetro
cm Centímetros
m Metro
t Tonelada
t/ano Tonelada por ano
mm/min Milímetro por minuto
min Minuto
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g Grama
g/cm3 Grama por centímetro cúbico
kg Quilograma
kg/m3 Quilograma por metro cúbico
kgf/m2 Quilograma força por metro quadrado
kN Quilo Newton
kPa Quilo Pascal
°C Graus centígrados
1
Introdução

1.1.
Relevância e Justificativa da Pesquisa

A adequada destinação final dos resíduos sólidos urbanos, entre eles o poliestireno
expandido (EPS), constitui um dos maiores problemas da sociedade moderna, já que a
composição desses resíduos se modificou muito ao longo dos últimos anos e a geração
de lixo tem crescido consideravelmente. A tecnologia e o crescimento populacional
apresentam um intenso avanço que, associado ao atual modelo econômico, faz ampliar o
consumo de recursos naturais acarretando um aumento, na mesma proporção, do
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volume de resíduos.
Assuntos relacionados à gestão de resíduos vêm assumindo destaque na
organização da sociedade e em vários setores são observadas mudanças ou adaptações
nos padrões comportamentais. Na esfera pública, prefeituras são obrigadas a elaborar
planos de gerenciamento integrado de resíduos bem como legislações e políticas
relacionadas a essa temática são implementadas; e a iniciativa privada é obrigada a
recolher os resíduos provenientes de seus produtos. Quando manipulados de forma
inadequada, os resíduos podem causar uma série de impactos ambientais, desde o local
onde são gerados até sua disposição final. Fica evidente que a maneira como se trata o
“lixo” em uma sociedade não é a causa de um problema ambiental, e, sim, o reflexo de
um modelo comportamental indevido.
Dessa maneira, a presente pesquisa visa conhecer a viabilidade do emprego de
pérolas de EPS como material de reforço em obras de terra, através de ensaios
experimentais de laboratório. O uso deste resíduo como material alternativo pode
contribuir para a minimização de passivos ambientais, agregar valor ao resíduo e evitar
problemas ambientais, tais como poluição do ar e o assoreamento de rios e lagos,
eliminando problemas atuais de disposição de resíduos em lixões e aterros sanitários.
Uma vez que ele é considerado com um dos vilões do lixo por ocupar muito espaço nos
aterros sanitários, dificultar a compactação do aterro e prejudicar a degradação dos
materiais presentes.
18

1.2.
Objetivos

O objetivo principal desta pesquisa é estudar a influência das pérolas de


poliestireno expandido (EPS) como reforço em três tipos de solos. Este objetivo será
alcançado através da avaliação do comportamento físico e mecânico dos solos e das
misturas, estabelecendo parâmetros de comportamento que possam medir a influência
da adição das pérolas de EPS.
A partir do objetivo principal descrito foram estabelecidos os seguintes objetivos
específicos:
 Realizar ensaios de caracterização física dos solos através de ensaios de
laboratório normatizados;
 Avaliar o comportamento mecânico dos solos puros e das misturas com
diversos teores de pérolas de poliestireno expandido. Essa avaliação foi
feita através de ensaios de compactação, ensaios triaxiais consolidados
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isotropicamente drenados, no caso do solo argiloso e areia, e cisalhamento


direto, no caso da bentonita, a fim de se obter os parâmetros de resistência
ao cisalhamento;
 Analisar a influência do teor de pérolas de EPS em misturas com cada tipo
distinto de solo.

1.3.
Organização do Trabalho

Este trabalho está dividido em cinco capítulos, iniciando com o capítulo


introdutório (Capítulo 1), seguido do Capítulo 2, onde é apresentada uma revisão da
literatura existente sobre o poliestireno expandido. Também é abordado de maneira
geral o reforço de solos com outros tipos de materiais.
No Capítulo 3 é descrito detalhadamente o programa experimental utilizado neste
trabalho. Descrevem-se também os materiais utilizados, os equipamentos e os métodos
de ensaios.
O Capítulo 4 apresenta os resultados dos ensaios de caracterização física e
mecânica realizados. Estes resultados são analisados com o objetivo de observar se há
uma mudança no comportamento dos solos com a adição das pérolas de EPS.
19

Finalmente no Capítulo 5 são apresentadas as considerações finais baseadas no


conhecimento obtido da realização deste trabalho e da análise dos resultados, bem como
sugestões para futuros trabalhos.
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2
Revisão Bibliográfica

2.1.
Poliestireno Expandido (EPS)

2.1.1.
Aspectos Gerais do EPS

O EPS é a sigla internacional do Poliestireno Expandido, produto, no Brasil,


conhecido como “Isopor®”. Esse material foi descoberto em 1949 pelos químicos Fritz
Stastny e Karl Buchholz nos laboratórios da Basf, na Alemanha. O termo expandido
refere-se à expansão sofrida pelas cápsulas de estireno, pérolas de 0,4 a 2,5 mm de
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diâmetro, podendo ser ampliadas até 50 vezes, quando em uma câmara hermeticamente
fechada e aquecida, aplicando-se o vácuo.
O EPS é um termoplástico derivado do petróleo. Constitui-se de um polímero do
hidrocarboneto estireno (poliestireno) que é expandido usando-se o gás pentano (outro
hidrocarboneto). Sendo assim, quimicamente o EPS é formado só de dois elementos, o
carbono e o hidrogênio. A pérola de EPS é composta de 98% de ar e 2% de matéria-
prima (em massa).
No processo produtivo do EPS, inicialmente ocorre a expansão do poliestireno por
um pré-expansor através de aquecimento por contato com vapor de água, resultando um
granulado de partículas de EPS constituídas por pequenas células fechadas, que são
armazenadas para estabilização. Ao longo deste processo, o espaço dentro das células é
preenchido pelo ar circundante. O gás expansor incorporado na matéria-prima é o
pentano, conforme mencionado anteriormente. É importante lembrar que não se usa
nenhum tipo de CFC como agente expansor na produção de EPS e o gás pentano é
inofensivo ao meio ambiente por degradar-se fotoquimicamente (pela ação dos raios
solares) muito rapidamente.
Além do poliestireno expandido, existem outros tipos de poliestireno. Um
exemplo é o poliestreno extrudido (XPS), que é também uma espuma rígida de
poliestireno, mas diferencia-se do EPS por ser obtida por um processo de extrusão em
contínuo e por empregar outros gases expansores. Assim como já foi mencionado, o
21

EPS se expande com gás pentano, não sendo impactante ao meio ambiente, porém o
XPS é expandido com o gás CFC, o maior agressor da camada de ozônio.
O EPS apresenta muitas vantagens, as principais características são destacadas a
seguir.

 Baixa condutibilidade térmica: A estrutura de células fechadas, cheias de ar,


dificulta a passagem do calor, o que confere ao EPS um excelente poder
isolante.
 Exposição a temperaturas extremas: O EPS não tem limite a exposição a
baixa temperaturas; a temperatura mínima de utilização corresponde à de
liquefação dos gases do ar contido nas células. No entanto, como todos os
plásticos, o EPS tem um limite superior de exposição à temperatura. A
temperatura máxima do EPS poderá ultrapassar os 100ºC em exposição muito
curtas, baixando para 80-85ºC em situações de exposição prolongada com
aplicação de cargas elevadas.
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 Baixo peso específico: Entre 9kg/m³ a 40kg/m³.


 Resistência mecânica: Possui alta resistência à compressão que normalmente
varia de 7000kgf/m² até 1400kgf/m².
 Baixa absorção de água: O EPS não é higroscópio. Mesmo quando imerso em
água ele absorve apenas pequenas quantidades de água. Tal propriedade garante
que o EPS mantenha suas características térmicas e mecânicas mesmo sob a
ação da umidade. O EPS não apresenta ascensão capilar.
 Difusão do vapor de água: O EPS é permeável ao vapor de água.
 Resistente ao envelhecimento: As propriedades do EPS não tem alteração ao
longo da vida do material. Estima-se, na natureza, que o EPS tenha vida útil de
150 anos.

O EPS é produzido em duas versões: Classe P, não retardante à chama, e Classe F,


retardante à chama. Possui três grupos de massa específica aparente: I – de 13 a
16kg/m³, II – de 16 a 20kg/m³ e III – de 20 a 25kg/m³. Na Tabela 2.1 são mostradas as
características exigíveis para o EPS de acordo com a norma NBR 11752/2007 da ABNT
(ABRAPEX, 2000).
22

Tabela 2.1 - Características exigíveis para o EPS na NBR 11752:1993.

Fonte: (ABRAPEX, 2000).


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As aplicações do EPS estendem-se por diversas áreas como: embalagens para


equipamentos eletroeletrônicos, utilidades domésticas como conservadoras térmicas,
isolantes acústicos e térmicos, bandejas para acondicionamento de alimentos, entre
outras.

2.1.2.
Características de mercado do EPS

De acordo com a pesquisa divulgada pela ABRAPEX (2000) foram produzidos


2,95 milhões de toneladas de EPS no ano de 2000 no cenário mundial. A Europa foi a
maior produtora destes produtos, responsável por 40% do total. A distribuição da
produção de EPS no mundo é encontrada na Figura 2.1.
23

Figura 2.1 - Produção Mundial de EPS em 2000: 2,95 milhões de toneladas.


Fonte: (ABRAPEX, 2000).

Na mesma pesquisa feita pela ABRAPEX foi realizado um levantamento da


distribuição do EPS por segmento no mundo constatando que a construção civil é
responsável por grande parte do consumo do EPS, segundo é apresentado na Figura 2.2.
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A grande utilização na construção civil acontece devido às características isolantes,


leveza e resistência do material.

Figura 2.2 - Distribuição do EPS por segmento no mundo em 2000.


Fonte: (ABRAPEX, 2000).

No cenário nacional, o Brasil apresentou uma produção de EPS de


aproximadamente 40 mil toneladas em 2000, conforme divulgado pela ABRAPEX
(2000), distribuída em diversos municípios. De acordo com a Figura 2.3, o município
24

de São Paulo/SP foi o maior transformador apresentando 13.333 t/ano, seguido pelo
município de Joinville/SC, com 8.600 t/ano, que se destaca no Brasil como um dos
maiores pólos de transformação de EPS.
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Figura 2.3 - Transformação de EPS no Brasil em 2000, principais municípios.


Fonte: (ABRAPEX, 2000).

No ano de 2007, a produção de EPS no Brasil aumentou, foram produzidas 55 mil


toneladas de isopor e outras 2 mil toneladas foram importadas com equipamentos
eletrônicos e diferentes bens trazidos do exterior. Conforme dados da Plastivida, em
2008 foram produzidos no Brasil cerca de 62,9 mil toneladas de Poliestireno Expandido
(EPS) e aproximadamente 20 mil toneladas de Poliestireno Extrusado (XPS),
totalizando cerca de 82,9 mil toneladas de isopor. Desse total, estima-se que retornaram
ao processo produtivo com destino à reciclagem cerca de 7 mil toneladas, ou seja,
apenas 8,4% de tudo o que foi produzido.
25

2.1.3.
O EPS e seu Impacto ao Meio Ambiente

O descarte de EPS é um problema enfrentado por diversas cidades grandes bem


como as capitais, que já encontram muitos problemas com esse tipo de material, que
vem saturando os aterros sanitários. O isopor sozinho não polui nem contamina o solo,
mas como leva centenas de anos para se decompor, acaba ocupando muito espaço,
diminuindo a área útil dos lixões. Além disso, na natureza o isopor leva 150 anos para
ser degradado, conforme estimativas.
Algumas empresas por não terem onde descartar esse material acaba fazendo
verdadeiras atrocidades ao queimarem grandes quantidades, normalmente à noite, o que
agrava em muito o problema do aquecimento global, causador das constantes alterações
climáticas, bem como aumenta a poluição do ar. Conforme foi observado anteriormente,
no Brasil são fabricados toneladas de EPS por ano, segundo dados da ABRAPEX, isso
sem falar nas embalagens que vem com produtos tipo exportação. Grande parte deste
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produto vai direto para os lixões.


Além disso, se descartado indevidamente na água, pode ser ingerido por animais
aquáticos prejudicando muito sua saúde e todo ecossistemas que deles depende. Como
se pode observar, o baixo custo e a versatilidade dos produtos de EPS se tornam muito
mais caros na hora de dar uma destinação adequada a esses materiais após seu uso.
A leveza e baixa densidade, as principais características do EPS, também são
responsáveis por dificultar sua reciclagem. Como se constitui principalmente de ar,
quando derretido, seu volume cai para 10% do original. Somando isso à dificuldade de
transportar esse material por ocupar muito espaço, poucas empresas se interessam por
reciclar, ou mesmo, coletar o EPS (CBB RECICLA, 2013).
Quanto à classificação do EPS em relação ao tipo de resíduo sólido, a Associação
Brasileira de Normas Técnicas publicou, no dia 31 de maio de 2004, a versão atualizada
da norma NBR 10.004 (Classificação de Resíduos Sólidos). Esta norma técnica
brasileira classifica os resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio
ambiente e à saúde pública, para que possam ser gerenciados adequadamente. Os
resíduos sólidos podem apresentar periculosidades em função de suas características
físicas, químicas ou infecto-contagiosas. A NBR 10.004/04 classifica os resíduos
sólidos visando orientar sua disposição final e ao conhecimento em si de sua
periculosidade. Assim, os resíduos sólidos se classificam em classe 1 (perigosos) e
26

classe 2 (não perigosos). Os resíduos classe 2 dividem-se em classe 2A, que são os
reativos, e classe 2B, que são os não reativos. O processo de classificação tem como
base a origem dos resíduos e a sua constituição química. Quando não pode ser realizada
a classificação do resíduo através da identificação da origem e sua comparação com as
tabelas da referida norma, faz-se necessária a realização de análises químicas dos
extratos lixiviados e extrato solubilizado do resíduo, segundo as normas NBR 10.005 e
NBR 10.006, respectivamente. Os resíduos de EPS são classificados como classe 2B.
(Chagas, Berreta-Hurrado & Gouvêa, 2011).

2.2.
Solos Reforçados

De acordo com Casagrande (2005), “Entende-se por melhoria ou reforço de solos


a utilização de processos físicos e/ou químicos que visem o melhoramento das
propriedades mecânicas dos solos. Procura-se o aumento da resistência do solo tratado e
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a diminuição de sua compressibilidade e de sua permeabilidade. O termo melhoria de


solos está associado ao tratamento através de processos químicos, enquanto que o termo
reforço está associado à utilização de inclusões em aterros ou taludes”.
A técnica para reforçar o solo tem sido muito utilizada. Alguns dos materiais
usados para esse fim são fibras (PET, vidro, polipropileno), borracha moída,
geossintéticos, entre outros.
Gray e Ohashi (1983) desenvolveram um modelo teórico para estudar o
comportamento de uma areia reforçada com fibras. Os autores executaram ensaios de
cisalhamento direto com areia, nos estados fofo e denso, reforçada com fibras naturais,
sintéticas e metálicas. Com os resultados obtidos nos ensaios, eles concluíram que a
inclusão da fibra aumenta a resistência ao cisalhamento de pico e reduz a queda pós-
pico. Outra conclusão foi a existência de uma tensão de confinamento crítica onde,
abaixo desta, as fibras são arrancadas e, acima desta, as fibras são alongadas. As fibras
com módulo baixo comportaram-se como uma inclusão extensível, ou seja, não
romperam durante o ensaio. O aumento do comprimento das fibras resultou num
aumento da resistência, porém, esse aumento é verificado até certo limite, a partir do
qual, este efeito não é mais observado.
Shewbridge e Sitar (1989) avaliaram o mecanismo de desenvolvimento da zona
de cisalhamento de um solo granular reforçado com vários tipos de fibras. Ensaios em
27

equipamento de cisalhamento direto foram realizados, cujas dimensões eram maiores


que as convencionais. Para o solo reforçado, a zona de cisalhamento era mais larga e
aumentava com a concentração, rigidez e aderência entre o solo e o reforço. Após um
amplo programa experimental, os autores concluíram que o aumento da resistência é
função das propriedades da areia (graduação, tamanho e forma das partículas) e da fibra
(teor, relação l/d e módulo). A resistência diminui com o aumento do tamanho médio e
da esfericidade das partículas de areia, por outro lado, há um acréscimo da resistência
com o aumento do coeficiente de uniformidade da areia, do teor de fibras, do módulo
das fibras e da relação l/d. O modelo proposto pelos autores para prever o
comportamento do solo reforçado com fibras é baseado num modelo aplicado a
concreto reforçado com fibras. Em geral, há um razoável ajuste entre os valores
experimentais e os previstos pelo modelo. Entretanto, ainda há a necessidade de um
melhor refinamento do modelo, principalmente em relação à estimativa da espessura da
zona de cisalhamento.
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Montardo (2000) e Consoli (2002) apud Heineck (2002) investigaram os efeitos


da inclusão de fibras sintéticas de diferentes propriedades mecânicas, distribuídas
aleatoriamente, o comportamento de um solo arenoso, artificialmente cimentado e não-
cimentado e chegaram às seguintes conclusões: fibras relativamente rígidas (fibras de
vidro e PET) exercem efeito mais pronunciado na resistência de ruptura, ao passo que
fibras relativamente flexíveis (fibras de polipropileno) exercem efeito mais pronunciado
no modo de ruptura e no comportamento último; a inclusão de fibras de PET ou de
vidro aumentou, tanto a resistência à compressão, quanto à resistência a tração da matriz
cimentada, enquanto que as fibras de polipropileno não aumentam estas duas variáveis;
a inclusão de fibras de polipropileno no compósito cimentado alterou o comportamento
do material na ruptura, que era frágil, para dúctil, sendo que a inclusão de fibras de PET
e de vidro não modificaram o modo de ruptura; a inclusão de qualquer tipo de fibra
aumentou a capacidade de absorção de energia de deformação, de forma mais acentuada
para comprimentos de fibras maiores; a rigidez inicial não foi afetada pela inclusão das
fibras de PET e de vidro porém ela é drasticamente reduzida com a inclusão de fibras de
polipropileno.
Casagrande (2005) estudou o efeito da adição das fibras de polipropileno em solo
arenoso através da realização de ensaios triaxiais. Conclui-se desse estudo que a
inclusão das fibras de polipropileno ao solo proporcionou um crescimento constante da
resistência com o aumento das deformações distorcionais, acarretando em um aumento
28

das deformações volumétricas de contração para as tensões efetivas médias iniciais


altas, independentes da trajetória de tensões seguida pelo material.
Curcio (2008) avaliou o comportamento hidromecânico e mecânico de amostras
de solo compactado reforçado com fibras de PET reciclado. A inserção de fibras reduziu
a magnitude das fissuras de tração. Notou-se que o comportamento do material
compósito em relação à resistência à tração parece ser inicialmente controlado apenas
pela matriz de solo. À medida que crescem as deformações, o comportamento passa a
ser controlado pela matriz e pelas fibras. A adição de 1% de fibras, além de favorecer o
acréscimo da tensão de tração máxima do solo, retarda a abertura de fissuras e reduz a
magnitude das mesmas, sem alterar as propriedades desejáveis na compactação e sem
influenciar negativamente a condutividade hidráulica do solo quando utilizadas sob
tensão confinante.
Ghazavi (2004) realizou ensaio de cisalhamento direto para misturas com 0%,
10%, 15%, 20%, 50%, 70% e 100% de borracha em um solo arenoso. A borracha
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utilizada tinha tamanho médio de 4,0 mm. Em geral as melhorias na resistência ao


cisalhamento não foram significativas, contudo as resistências de pico das misturas
aconteceram para deslocamentos horizontais maiores que no caso da areia pura, sendo
que as curvas de tensão cisalhante x deslocamento horizontal não presentaram um pico
muito bem definido com relação à curva da areia pura. Nas envoltórias observa-se que
para as misturas que têm entre 10% e 20% de borracha o valor do ângulo de atrito
atingiu seus maiores valores.
Costa (2011) estudaram o comportamento de misturas compostas por solo
laterítico e tiras de borracha de tamanho médio de 1,40 mm. através de ensaios de
cisalhamento direto em amostras com 0%, 10%, 20%, 40% e 50% de borracha. As
envoltórias de resistência de todas as misturas apresentaram maiores valores de
resistência ao cisalhamento do que do solo puro. O máximo incremento aconteceu para
a mistura com um teor de borracha de 40%. O deslocamento horizontal onde acontece a
tensão cisalhante máxima das misturas é maior do que do solo puro. Estes
deslocamentos horizontais correspondentes à tensão cisalhante máxima aumentam com
o maior o teor de borracha da mistura.
Ramírez (2012) realizou ensaios triaxiais em misturas de argila-borracha e areia-
borracha. A partir dos ensaios, observou-se que os compósitos atingem sua resistência
de pico com deformações axiais maiores do que em relação ao solo puro. Este nível de
deformação axial aumentou para as misturas com maiores teores de borracha. A
29

resistência pós-pico dos compósitos diminuiu lentamente com a deformação,


fornecendo um comportamento dúctil durante o cisalhamento. Assim, notou-se que o
comportamento mecânico dos compósitos depende do teor de borracha inserido no solo.
Existe uma tendência de melhorar a resistência ao cisalhamento com o aumento do teor,
sendo que a partir de certo teor (teores distintos para diferentes tipos de solo) a inserção
de borracha é prejudicial em relação às propriedades do solo puro.
Outro material utilizado como reforço do solo é o geossintético. Segundo a NBR
12553/1991, geossintético é a denominação genérica de produtos poliméricos, podendo
ser sintéticos ou naturais, que são industrializados e desenvolvidos para utilização em
obras geotécnicas, que desempenham uma ou mais funções, entre as quais se destacam:
reforço, filtração, drenagem, proteção, separação, impermeabilização e controle de
erosão superficial. Há atualmente um grande número de geossintéticos desenvolvidos
para diversas aplicações, sendo estes classificados em geotêxteis, geomambranas,
geocompostos argilosos para barreira impermeável e para drenagem, georredes,
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geogrelhas, geocélulas e geomantas. Dentre estes, os mais utilizados para o reforço são
o geotêxtil tecido e não tecido, geocomposto para drenagem, geogrelha e geocélula.

2.3.
Ensaios Experimentais com Uso de EPS

Abdelrahman (2013) estudaram o comportamento de amostras de areia misturadas


com perólas de EPS através de ensaios de compactação Proctor Normal. As curvas de
compactação obtidas são mostradas na Figura 2.4. A partir dessa figura, o autor
observou que com a adição de pérolas de EPS a densidade seca do material varia
consideravelmente, reduzindo com o aumento do teor de pérolas de EPS, porém a
umidade ótima nao apresentou o mesmo comportamento. Esse fato pode ser atribuido a
baixa densidade aparente e a baixa absorção de umidade por parte das pérolas de EPS
(Abdelrahman, 2013).
30

Figura 2.4 - Curvas de compactação das misturas de areia com diferentes teores de EPS na
densidade de EPS de 0,16 kN/mᶟ.
Fonte: (Abdelrahman, 2013).
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Abdelrahman (2009) a partir de um outro estudo, concluiu que o aumento da


densidade da pérola de EPS aumenta a densidade máxima seca do material para uma
mesma porcentagem de pérolas de EPS.
Nattatmadja (2009) estudou o comportamento das argilas expansivas com
índices de plasticidade (IP) variando de 22% a 53% misturados com pérolas de
poliestireno expandido (EPS) em laboratório. Um dos motivos para esse estudo foi o
fato de materiais de aterramento convencionais estarem se tornando mais escassos e
caros, surgindo assim uma pressão crescente para usar materiais reciclados para esse
fim. Apesar de sua abundância, solos expansivos são geralmente evitados uma vez que
podem causar danos estruturais significativos às estruturas, tais como muros de
contenção.

Para investigar o efeito da mistura de pérolas de EPS com argilas expansivas,


três solos expansivos foram fabricados no laboratório, misturando areia fina com
bentonita sódica em várias proporções. A bentonita pura rica em sódio disponível
comercialmente foi misturado em diversas proporções com areia, de modo a simular a
contração e a expansão características de solos expansivos. Com os teores de bentonita
selecionados (16, 24 e 32%), três diferentes argilas artificiais (denominado SB16, SB24
e SB32) foram produzidas. A Figura 2.5 mostra uma curva típica de expansão livre de
31

um teste com a mistura SB16 indicando que mesmo após duas semanas, as amostras
podem ainda inchar muito embora a uma taxa inferior.

Figura 2.5 - Curva de expansão livre do solo com Índice de Plasticidade de 38% e com
diferentes teores de EPS.
Fonte: Nattatmadja (2009).
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A Figura 2.6 mostra que a adição de EPS nas argilas artificiais pode reduzir a
contração volumétrica por até 50% dependendo a porcentagem da pérolas de EPS
presente.

Figura 2.6 - Efeito da adição de pérolas de EPS na contração volumétrica.


Fonte: Nattatmadja (2009).

Nattatmadja (2009) estudou também a capacidade de um aterro para drenar a


água, pois isso é um fator importante que afeta a estabilidade de um muro de contenção.
Um aterro permeável vai permitir que a água flua rapidamente, de modo a não aumentar
a magnitude da força horizontal que pode desestabilizar a parede. A variação de
32

condutividade hidráulica de SB24, com a adição de EPS é mostrado na Figura 2.7. É


visto que a condutividade hidráulica da composição do solo do EPS aumenta
ligeiramente com 0,3% , quando comparado com o solo de puro, mas com maior teor de
EPS um aumento significativo pode ser esperado.

Figura 2.7 - Efeito da adição de pérolas de EPS na condutividade hidráulica.


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Fonte: Nattatmadja (2009).

Dessa maneira, Nattatmadja (2009) concluiu que a adição de pérolas de EPS em


um solo funciona bem como uma substituição parcial do solo. Em argilas expansivas,
isto pode reduzir a magnitude da pressão de expansão e da expansão livre. Verificou-se
também que quanto maior a quantidade de pérolas de EPS no solo, menor é o potencial
de contração. Uma redução de cerca de 50 % na contracção volumétrica pode ser
esperada para um solo com um PI de 53 misturada com 0,9 % de pérolas de EPS , em
massa. Assim, mostrou ser possível fazer um uso benéfico dos produtos de EPS e da
argila expansiva, sendo um novo conceito que irá oferecer uma solução sustentável
tanto para a habitação quanto para as indústrias de produção de EPS.
3
Programa Experimental

O programa de ensaios estabelecidos nesta dissertação tem como principal


objetivo avaliar o efeito da adição de poliestireno expandido (EPS) nas propriedades
mecânicas de um solo coluvionar argiloso, de um solo arenoso e da bentonita.
As etapas do programa experimental proposto são detalhadamente descritas
neste capítulo, bem como a descrição dos materiais utilizados na pesquisa, os métodos
utilizados na preparação das amostras, detalhes de execução dos ensaios e equipamentos
utilizados nos ensaios de laboratório.
Os ensaios do programa experimental desta pesquisa foram realizados no
Laboratório de Geotecnia e Meio Ambiente da PUC-Rio.
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3.1.
Materiais utilizados na pesquisa

3.1.1.
Solo Argiloso

A argila utilizada neste trabalho é um solo maduro, coluvionar, argilo-arenoso,


não saturado (Soares, 2005 apud Ramirez, 2012). Este solo foi coletado no Campo
Experimental II, localizado no interior do campus da Pontifícia Universidade Católica
do Rio de Janeiro, conforme o esquema mostrado na Figura 3.1. O material foi retirado
de uma profundidade de 2 metros, a partir da superfície da encosta.
34
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Figura 3.1 - Localização do Campo Experimental II PUC-Rio (Soares, 2005).

Este solo coluvionar possui características de tonalidade vermelha amarelada,


textura micro-granular e com aspecto homogêneo, sendo constituído basicamente por
quartzo, granada alterada, argilominerais (essencialmente caulinita) e óxidos de ferro e
alumínio, como produto do intemperismo dos minerais primários da biotita gnaisse
(Soares, 2005 apud Ramirez, 2012). O solo coluvionar utilizado na pesquisa é
apresentado na Figura 3.2.
As características geotécnicas físicas deste material são apresentadas e analisadas
no item 4.1.
O material foi retirado manualmente e depositado em baldes cilíndricos de
plástico. Após a coleta, o solo foi levado para o laboratório e colocado na estufa a 60°C.
Depois de atingir uma umidade constante, foi colocado em sacolas de plástico lacradas e
guardado na câmara úmida.
Este tipo de solo já foi utilizado anteriormente em outras pesquisas desenvolvidas
na PUC-Rio (Sertã, 1986; Marinho, 1986; Lins, 1991; Daylac, 1994; Beneveli, 2002;
Soares, 2005). Sertã (1986) fez um estudo dos aspectos geológicos e geotécnicos do
solo coluvionar do Campo Experimental II, deixando um amplo conhecimento das suas
características.
35

Figura 3.2 - Solo coluvionar utilizado.

Segundo o perfil morfológico feito por Daylac (1994) apresentado na Figura 3.3,
o solo utilizado está situado na camada superior do perfil, conformada por colúvio. No
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lugar da coleta, se observou presença de alguns pedregulhos de quartzo. No processo de


preparação do solo para os ensaios (destorroamento), se retiraram as raízes presentes no
material.
36
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Figura 3.3 - Descrição morfológica do perfil do Campo Experimental II da PUC-Rio


(Daylac, 1994)

Sertã (1986) fez uma análise mineralógica do solo presente no Campo


Experimental II. A Tabela 3.1, elaborada por Daylac (1994), resume os resultados
obtidos por Sertã para amostras retiradas entre 3,00 m e 3,50 m de profundidade. A
presença imperante de certos minerais como a caulinita, a gibsita e a goetita, e o perfil
morfológico apresentado anteriormente sugerem que o solo tem um alto grau de
intemperismo.
37

Tabela 3.1 - Análise mineralógica (Sertã, 1986).

Quantidade /
Fração do solo Mineral
observações
grãos arestados
de coloração
Quartzo
Pedregulho transparente a
leitosos
Granada alterada alguns fragmentos
Quartzo grãos arestados
Granda muito correspondem a
alterada aproximadamente
Areia
Agregados 5% da amostra
Ferruginosos total
Magnetita pequenos traços
Quartzo presença
Silte Caulinita presença
Goetita presença
presença
Caulinita
Argila marcante
Goetita alguns traços
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Este solo coluvionar foi utilizado também por Szeliga (2011), Ramírez (2012),
Quispe (2013), entre outros, realizando-se ensaios de caracterização física no
Laboratório de Geotecnia e Meio Ambiente da PUC-Rio. Os resultados são
apresentados no item 4.1.1.

3.1.2.
Solo Arenoso

A areia utilizada neste estudo é proveniente de uma praia localizada na Barra da


Tijuca – RJ (Figura 3.4). É uma areia média, limpa e mal-graduada (Figura 3.5). Os
resultados da curva granulométrica e índices físicos são apresentados no item 4.1.2.
38

Figura 3.4 - Localização do ponto de coleta de areia na Barra da Tijuca – RJ.


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Figura 3.5 - Areia utilizada na pesquisa.

3.1.3.
Bentonita

A bentonita (Figura 3.6) utilizada nesta pesquisa foi adquirida comercialmente no


Rio de Janeiro. Segundo a NBR 6502 (ABNT, 1995), essa bentonita pode ser
classificada como uma argila. Os resultados da curva granulométrica e índices físicos
são apresentados no item 4.1.3.
39

Figura 3.6 - Bentonita utilizada na pesquisa.

3.1.4.
Poliestireno Expandido (EPS)
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As pérolas de EPS (Figura 3.7) utilizadas nesta pesquisa foram adquiridas


comercialmente no Rio de Janeiro. Na prática, essas pérolas podem ser provenientes do
trituramento de placas de isopor descartadas transformando-as em partículas menores. O
diâmetro médio das pérolas utilizadas nos ensaios é de, aproximadamente, 1 mm.

Figura 3.7 - Pérola de EPS utilizada na pesquisa.


40

3.1.5.
Água

A água utilizada na preparação dos corpos de prova para ensaios de compactação


(solo coluvionar), ensaio triaxial (solo coluvionar e arenoso) e ensaio de cisalhamento
direto (bentonita) foi proveniente da rede pública de abastecimento da cidade do Rio de
Janeiro. Nos ensaios de caracterização física foi utilizada água destilada.

3.1.6.
Mistura Solo-EPS

Para cada solo foram preparadas misturas com diferentes teores de EPS, com o
objetivo de determinar o teor ótimo para a inserção deste material como reforço. As
misturas utilizadas com o solo argiloso foram 0,25%, 0,50%, 0,75% e 1,0% de pérolas
de EPS, calculados em relação ao peso seco do solo. No caso do solo arenoso e da
bentonita foram preparadas duas misturas com 0,50% e 0,75% de pérolas de EPS, em
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relação ao peso seco do solo.


Esses teores foram determinados com o intuito de analisar a evolução ou
retrocesso da melhoria dos parâmetros de resistência de cada tipo de solo e misturas, a
fim de se estabelecer uma melhoria máxima com o maior volume de resíduo, já que, um
dos objetivos do uso deste material como reforço, é dar uma destinação ambientalmente
correta para a maior quantidade possível.
A quantidade de pérolas de EPS a ser usada em cada mistura foi calculada em
relação ao peso total do solo seco. O volume de água adicionado no solo argiloso foi
determinado em função da umidade ótima obtida nos ensaios de Compactação Proctor
Normal. No caso do solo arenoso e bentonita, as misturas foram preparadas com
umidade de, respectivamente, 10% e 170%. Essas porcentagens foram determinadas a
partir de ensaios de cisalhamento direto, onde esses valores se apresentaram similares
aos valores encontrados por Casagrande (2005).
41

Na Tabela 3.2 são apresentadas as siglas utilizadas para identificar cada tipo de
solo e as misturas.

Tabela 3.2 - Símbolos utilizados para os solos e misturas.

Material / Mistura Solo (%) Pérolas de EPS (%) Símbolo


Solo Argiloso 100 0 S100
Mistura 1 99,75 0,25 S99,75/EPS0,25
Mistura 2 99,50 0,50 S99,50/EPS0,50
Mistura 3 99,25 0,75 S99,25/EPS0,75
Mistura 4 99,00 1 S99/EPS1
Solo Arenoso 100 0 A100
Mistura 5 99,50 0,50 A99,50/EPS0,50
Mistura 6 99,25 0,75 A99,25/EPS0,75
Bentonita 100 0 B100
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Mistura 7 99,50 0,50 B99,50/EPS0,50


Mistura 8 99,25 0,75 B99,25/EPS0,75

3.2.
Métodos e Procedimentos de Ensaio

Neste item serão apresentados as metodologias e procedimentos utilizados para as


análises físicas e mecânicas do solo argiloso, arenoso e bentonita.
O objetivo deste programa experimental foi a caracterização de cada solo no
intuito de conhecer seu comportamento e posteriormente realizar os ensaios mecânicos
(ensaios de compactação proctor normal e ensaios triaxiais drenado, no caso do solo
argiloso, ensaios triaxiais drenados, no caso do solo arenoso e ensaios de cisalhamento
direto, no caso da bentonita) a fim de conhecer seus parâmetros de resistência e ter uma
idéia de como o poliestireno expandido pode atuar como estabilizante no solo.
42

Ensaios de Caracterização Física

Com a finalidade de determinar as propriedades índices das amostras de solo


argiloso proveniente do Campo Experimental II do campus da PUC-Rio, da bentonita e
do solo arenoso foram executados ensaios de caracterização física no Laboratório de
Geotecnia e Meio Ambiente da PUC-Rio. Os três materiais foram preparados segundo o
preconizado nas normas técnicas brasileiras (Associação Brasileira de Normas Técnicas
– ABNT). No caso do solo argiloso e bentonita, os ensaios realizados seguiram os
métodos indicados pelas seguintes normas:

 NBR 6457/1986 – Amostras de Solos – Preparação para ensaios de


compactação e caracterização;
 NBR 7181/1984 – Solo – Análise Granulométrica;
 NBR 6508/1984 – Solo – Determinação da densidade real dos grãos;
 NBR 6459/1984 – Solo – Determinação do Limite de Liquidez;
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 NBR 7180/1984 – Solo – Determinação do Limite de Plasticidade.

E no caso do solo arenoso, os ensaios realizados seguiram os procedimentos


indicados pelas seguintes normas:

 NBR 6457/1986 – Amostras de Solos – Preparação para ensaios de


compactação e caracterização;
 NBR 7181/1984 – Solo – Análise Granulométrica;
 NBR 6508/1984 – Solo – Determinação da densidade real dos grãos;
 NBR 12004/1990 – Solo – Determinação do índice de vazios máximos de
solos não coesivos;
 NBR 12051/1991 – Solo – Determinação do índice de vazios mínimos de
solos não coesivos.

No caso do EPS não foi feita a caracterização física, pois o EPS é considerado
inerte. Assim, foi feita a caracterização física apenas dos solos.
43

 Densidade Real dos Grãos

A densidade real dos grãos do solo argiloso e arenoso foi determinada utilizando o
material que passou na peneira #40 (0,425 mm), segundo a norma NBR 6508/1984 da
ABNT.
Do material passante da peneira #40 seco em estufa a 105 °C foi utilizado
aproximadamente 100 gramas de solo argiloso e 120 gramas de solo arenoso.
Posteriormente foram colocados 25 gramas, no caso do solo argiloso, e 30 gramas, no
caso do solo arenoso, em quatro picnômetros de 250 ml e se cobriu o material dentro
dos picnômetros com água destilada. Em seguida procedeu-se à extração do ar contido
entre as partículas, utilizando uma bomba de vácuo. Esse procedimento é realizado
durante 15 minutos, aproximadamente, que é o tempo que demora extrair todo o ar em
forma de bolhas. No passo seguinte os quatro picnômetros foram cheios com água
destilada e pesados.
Para determinar a densidade real dos grãos da bentonita a partir do método usado
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para os dois solos descritos anteriormente foi difícil, uma vez que este material
apresenta granulometria muito fina. Sendo assim, a água adicionada aos picnômetros
para a realização do ensaio não conseguia penetrar e molhar todo o solo contido nos
mesmos (25g). Em função disso, formava-se uma camada de solo seco aderida às
paredes no fundo dos picnômetros, além da formação de grumos do material. Além de
ser um material de granulometria fina, a bentonita sódica é altamente expansiva,
causando problemas como formação de camada de solo seco no fundo dos picnômetros,
formação de grumos, inchamento excessivo e perda de material durante a aplicação do
vácuo, o que tornou impraticável o ensaio com uma massa de solo de 25g. Várias
tentativas foram feitas e adotou-se para este trabalho o seguinte procedimento
complementar:
 Utilização de uma massa de solo de 10g;
 Adição e homogeneização do solo aos poucos dentro do picnômetro já tarado
com uma determinada quantidade de água. Dessa maneira foi possível molhar
todo o solo e evitou-se a formação da camada de solo seco aderida ao fundo do
picnômetro;
 Dispersão do material já dentro dos picnômetros, durante 30 minutos, através de
um aparelho de ultra-som para evitar a perda de material e conseguir uma
dispersão mais efetiva (Figura 3.8 a);
44

 Retirada do ar através da aplicação do vácuo com auxilio de uma bomba (Figura


3.8 b).

(a) (b)
Figura 3.8 - (a) Procedimento de dispersão em aparelho de ultra-som e (b) Bomba a vácuo.

 Limites de Atterberg

Os limites de Atterberg, limite de liquidez e limite de plasticidade do solo argiloso


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e da bentonita foram determinados utilizando-se o material passante na peneira #40


(0,425 mm), segundo as normas NBR 6459/1984 e NBR 7180/1984 da ABNT.

 Análise Granulométrica

Para a determinação da curva granulométrica do solo argiloso, peneirou-se 1000


gramas do material na peneira #40 (0,425 mm), seguindo a norma NBR 7181/1984 da
ABNT. O material retido na peneira foi lavado e posteriormente secado na estufa a 105
°C. Depois de 24 horas se realizou o peneiramento grosso com este material.
Do material passante na peneira #40, utilizou-se 50,39 gramas para a
sedimentação, sendo este misturado com 125 ml de uma solução de hexametafosfato de
sódio e deixado em repouso durante 24 horas.
Depois de realizada a sedimentação, todo o material foi lavado na peneira #200 e
o retido levado à estufa, para quando seco proceder com o peneiramento fino.
Para a determinação da curva granulométrica do solo arenoso, peneirou-se 1000
gramas do material na peneira #40 (0,425 mm), seguindo a norma NBR 7181/1984 da
ABNT.
O material retido na peneira foi lavado e posteriormente secado na estufa a 105
°C. Depois de 24 horas se realizou o peneiramento grosso com este material.
45

Para a determinação da curva granulométrica da bentonita, onde só tem a fase de


sedimentação, inicialmente o ensaio foi feito segundo os procedimentos da NBR
7181/1984. Porém, tal material apresentou alguns problemas, já mencionados
anteriormente na determinação da densidade real dos grãos. Assim, uma grande
quantidade de material ficava aderido às paredes do recipiente antes de ser iniciada a
sedimentação, causando perda de material. O hexametafosfato de sódio, utilizado como
defloculante, produziu um efeito contrário à sua ação dispersante natural. O material ao
invés de deflocular, floculou. Dessa maneira, foi adotado outro procedimento
utilizando-se 50 gramas de bentonita misturada com 125 ml de hexametafosfato de
sódio e mais 200 ml de água. Em seguida, essa mistura foi deixada em repouso durante
24 horas. Depois de realizada a sedimentação, todo o material foi lavado na peneira
#200 e nenhum material ficou retido na peneira.

 Índice de vazios mínimos e máximos


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Inicialmente, mediu-se a altura e diâmetro interno do molde, a fim de calcular o


volume interno do cilindro usado no ensaio, e pesou-se o cilindro vazio.
A determinação do índice de vazio máximo, segundo a NBR12004/1990, é feita
inicialmente homogeneizando uma amostra seca de areia. Com o auxílio de um funil,
colocou-se o solo no molde, tão fofo quanto possível, vertendo-o através do bico em
fluxo constante e mantendo o funil em posição vertical. Ajustou-se continuamente a
altura do bico, de modo que a queda livre do material seja da ordem de 1 cm ou apenas
o suficiente para assegurar um fluxo contínuo da partículas do solo, sem que o bico
entre em contato com o material já depositado. Moveu-se o funil segundo uma trajetória
espiralada, da borda para o centro do molde, de forma a resultar camadas com
espessuras uniformes. Encheu-se o molde até 1 a 2 cm acima do topo dele. O excesso de
solo acima do cilindro foi retirada com auxílio de uma régua de aço biselada e pesou-se
o conjunto.
A determinação do índice de vazio mínimo, de acordo com a NBR 12051/1991, é
realizada inicialmente também homogeneizando uma amostra seca de areia. Com
auxílio do funil, encheu-se o molde com a amostra de solo até 1 a 2 cm acima do topo
do molde e retirou-se o excesso. Em seguida, colocou-se o disco-base da sobrecarga
sobre a superfície da amostra de solo e girou-o levemente algumas vezes, de forma que
ele tenha ficado firme e uniformemente em contato com a superficie do material. Fixou-
46

se o molde à mesa vibratória e o tubo guia ao molde, tendo-se garantido previamente


que as paredes internas destes estavam alinhadas. Depois, assentou-se a sobrecarga
correspondente sobre o disco-base e o solo ficou sobre vibração por um minuto. Após a
vibração, o cilindro foi pesado.
Tanto para determinar o índice de vazio máximo, quanto para determinar o índice
de vazio mínimo, foram feitos três ensaios em cada, e retirado a média.

3.2.1
Ensaios de Caracterização Mecânica

Ensaios de Compactação Proctor Standard

Os ensaios de compactação foram realizados para o solo argiloso e misturas solo-


EPS, com o objetivo de determinar a umidade ótima de compactação (wótm) e o peso
específico aparente seco máximo (γdmáx) do solo e das misturas. Os ensaios foram
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realizados segundo as diretrizes da norma NBR 7182 da ABNT, utilizando-se a energia


de compactação Proctor Normal e com reuso de material.
Após secagem do solo em estufa a uma temperatura de 60°C, iniciou-se o
processo de destorroamento deste, passando-o posteriormente pela peneira #4,
adotando-se o procedimento descrito pela norma NBR 6457 (ABNT, 1986) - preparação
com secagem prévia até a umidade higroscópica. Em seguida, adicionou-se uma
determinada quantidade de água ao material, a fim de que este ficasse com cerca de 5%
de umidade abaixo da umidade ótima. Este valor pode ser estimado inicialmente através
do limite de plasticidade, cujo valor pode se aproximar ao da umidade ótima. Após
mistura do solo argiloso (puro e com as diversas porcentagens de EPS) com o volume
de água calculado, homogeneizou-se bem o material.

Com as misturas preparadas, colocou-se o material dentro do molde cilíndrico


pequeno (cilindro Proctor), de dimensões 10 cm x 12,7 cm (diâmetro x altura). Aplicou-
se 26 golpes com um soquete pequeno, de peso igual a 2,5 kg, o qual se deixa cair na
camada de solo a uma altura de 30,5 cm aproximadamente. As porções de solo
compactadas devem ocupar cerca de 1/3 da altura total do molde (compactação em três
camadas). A fim de se obter uma boa aderência entre as camadas compactadas,
escarificou-se bem cada uma delas antes de se compactar a camada sobrejacente. Em
geral, depois de completar as três camadas, atinge-se uma altura maior do que a do
47

molde, o que ocorre devido à utilização de um anel complementar, que garante a altura
total necessária. Este excesso é removido no final do ensaio, acertando-se o volume de
solo em relação à altura do molde.
Concluído o processo de compactação, o cilindro é pesado juntamente com o solo.
Com o peso total do corpo de prova e o volume do cilindro, é possível calcular seu peso
específico úmido. Através da retirada de três amostras do interior do corpo de prova (em
sua parte média), determina-se sua umidade média após secagem em estufa. Calcula-se,
então, o peso específico seco do material.
Terminado todo o procedimento, um novo corpo de prova é preparado com uma
quantidade maior de água, aumentando-se a umidade da mistura em aproximadamente
2%. Assim, realiza-se uma nova compactação e obtém-se dessa forma um novo par de
valores de umidade (w) e peso específico seco (d).
Com todos os pontos obtidos, plota-se um gráfico de peso específico seco versus
umidade, tendo-se então a curva de compactação. Os valores de wótm e dmáx obtidos
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correspondem ao ponto máximo das curvas e foram utilizados para moldagem dos
corpos de prova utilizados nos ensaios triaxiais CID. O procedimento completo foi
repetido cinco vezes para cada mistura, a fim de se obter cinco pares de valores, sendo
ao menos dois no ramo seco e dois no ramo úmido da curva de compactação.

Ensaios Triaxiais CID

Os ensaios triaxiais realizados neste trabalho são do tipo Consolidado


Isotropicamente Drenado (CID). Os ensaios foram executados no Laboratório de
Geotecnia e Meio Ambiente da PUC-Rio. Descreve-se a seguir os equipamentos
utilizados nestes ensaios, bem como as metodologias empregadas na preparação dos
corpos de prova, processo de saturação e cisalhamento.

 Equipamento utilizado

A prensa utilizada é da marca Wykeham-Ferrance, de velocidade de deslocamento


controlada, com capacidade de 10 toneladas (Figura 3.9). O ajuste das velocidades de
deslocamento do pistão é determinado mediante a seleção adequada de pares de
engrenagens e a respectiva marcha (Ramírez, 2012).
48

A câmara triaxial empregada é própria para corpos de prova com diâmetro de


1,5”. Essa câmara é feita de um material acrílico que suporta uma pressão confinante
máxima de 1000 kPa (Ramírez, 2012).
A célula de carga utilizada é do fabricante ELE International Ltd., com
capacidade máxima de 5000 kN e exatidão de 0,1 kN. Para a obtenção dos
deslocamentos foram utilizados LVDT´s da marca Wykwham Farrance, com cursos de
25 mm e resolução de precisão de 0,01 mm. O transdutor usado na medida das pressões
na câmara, no medidor de variação de volume e das poropressões são da marca
Schaevitz, com variações de ± 2,0 kPa e capacidade máxima de 1700 kPa (Ramírez,
2012).
As variações de volume são obtidas através de medidores de variação volumétrica
(MVV), fabricados na PUC-Rio, segundo o modelo do Imperial College (Figura 3.10).
A gravação dos dados, obtidos por intermédio dos transdutores, foi feita
utilizando o sistema de aquisição de dados composto pelo hardware QuantumX de oito
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canais da empresa alemã HBM e pelo software CatmanEasy (Ramirez, 2012) (Figura
3.11).
Com esses equipamentos mencionados foi possível realizar e monitorar, em
tempo real, todas as etapas do ensaio.
49

Figura 3.9 - Prensa triaxial da marca Wykeham-Ferrance


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Figura 3.10 - Medidor de Variação de Volume tipo Imperial College.

(a) (b)

Figura 3.11 - (a) Software CatmanEasy; (b) Sistema de aquisição de dados (Ramirez,
2012).
50

 Preparação dos corpos de prova do solo argiloso

Para a confecção dos corpos de prova do solo argiloso puro e das misturas solo-
EPS, inicialmente compactou-se um corpo cilíndrico na energia Proctor Normal,
utilizando a umidade ótima e peso específico seco máximo obtido para o solo e para
cada mistura (Figura 3.12).
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Figura 3.12 - Corpo cilíndrico compactado.

Obtido o material compactado, o corpo de prova foi moldado utilizando um


aparelho de fabricação própria do laboratório (Figura 3.13). De cada corpo compactado,
retiram-se três pequenos corpos-de-prova, sendo assim obtém-se as mesmas condições
para cada ensaio. As dimensões dos corpos de prova foram 7,82 cm de altura e 3,80 cm
de diâmetro.

Figura 3.13 - Corpo de prova após moldagem.


51

Conforme mencionado no item 3.1.4, o diâmetro das partículas ensaiadas


apresentaram diâmetro em média de 1 mm. Ensaios foram realizados com pérolas de
diâmetro de 3 mm porém não deu certo, devido a desintegração do corpo de prova
(Figura 3.14).
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Figura 3.14 - Corpo de prova com pérolas de 3mm de diâmetro.

 Preparação dos corpos de prova do solo arenoso

A confecção dos corpos de prova do solo arenoso puro e das misturas solo-EPS
foi feita por compactação diretamente num molde cilíndrico tripartido. Esta
compactação foi realizada manualmente em oito camadas. Para a areia pura e misturas,
a umidade e peso específico seco adotados foram de 10% e 1,63 g/cm3,
respectivamente. Estes valores correspondem a uma densidade relativa de 50% e índice
de vazios de 0,63. A Figura 3.15 ilustra as etapas da montagem dos corpos de prova.
52

Montagem do corpo de prova arenoso

3 - As juntas são
vedadas por uma fita
4 - Uma mangueira é
cinza. É vedado também
1 - A membrana é instalada para conectar
2 - O molde tripartido é dois dos três furos de
colocada na base onde o tripartido a bomba a
colocado sendo as três acesso ao interior do
os o-rings são fim de exercer sucção à
partes unidas por uma molde. Os o-rings são
inseridos para segura- membrana e colar esta
abraçadeira metálica. colocados na parte
la. contra as paredes do
superior do molde
tripartido.
tripartido e a membrana é
ajustada por cima.
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6 - Coloca-se o papel
5 - Um papel filtro é 7 - Todos os elementos
filtro, a pedra porosa e o
colocado sobre a pedra que são utilizados para
cap na parte superior 8 - A câmara triaxial é
porosa da base e o moldar o corpo de prova
do corpo de prova. Em colocada e ocorre o
material vai sendo é desmontado e a
seguida, ajusta-se a enchimento da câmara
adicionado aos poucos, membrana é acomodada
membrana ao redor do com água destilada .
compactando ao todo cobrindo os o-rings da
cap e esta é fixada
oito camadas. parte inferior.
através dos o-rings.

Figura 3.15 - Montagem do corpo de prova arenoso.

 Procedimento de saturação dos corpos de prova

As técnicas de saturação utilizadas para os corpos de prova de argila, de areia e


para suas respectivas misturas foram de saturação por percolação de água através da
amostra e por contrapressão. No caso da percolação, a diferença da contrapressão entre
o topo e a base do corpo de prova foi de 5 kPa, sendo que a água fluía da base para o
topo do corpo de prova. Na saturação por contrapressão, a pressão confinante aplicada
ao corpo de prova excedia a contrapressão em 10 kPa, onde o fluxo de água era
permitido pelo topo e base.
53

Para verificar se o grau de saturação era satisfatório, calculava-se o parâmetro B


de Skempton, sendo:

Equação 1

onde:
Δu: excesso de poropressão gerado,
Δσc: acréscimo de tensão confinante aplicado.

Para as amostras constituídas de argila foram considerados aceitáveis valores de B


maiores ou iguais a 0,95 enquanto que para os corpos de prova confeccionados com
areia os valores de parâmetro B aceitáveis foram maiores ou iguais a 0,87. Além de
medir o parâmetro B, era monitorada a quantidade de água que percolava através da
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amostra, considerando-se saturada quando se atingia um volume percolado de duas


vezes o volume de vazios do corpo de prova.

 Adensamento e Cálculo do t100


Atingida a saturação do corpo de prova, iniciava-se a fase de adensamento
isotrópico. O adensamento durava, em média, 24 horas. Nesse tempo, os dados da
variação de volume eram coletados.
Com estes dados se traçava o gráfico variação volumétrica (ml) x raiz do tempo
0,5
(min ). Segundo a recomendação de Head (1986), prolongava-se o trecho retilíneo
inicial até encontrar a prolongação horizontal do trecho final. Este último trecho
corresponde à estabilização das variações de volume. O ponto de interseção destas duas
linhas prolongadas fornecia a raiz de t100 (min0,5) no eixo das abscissas. Logo com o
valor de t100 (min) se calculava a velocidade de cisalhamento.
54

 Cálculo da velocidade de cisalhamento e etapa decisalhamento no


ensaio triaxial

Como os ensaios triaxiais foram drenados, a expressão utilizada proposta por


Head (1986) foi a seguinte:

Equação 2

onde:
ν: velocidade máxima de cisalhamento em mm/min,
L: altura do corpo de prova em mm,
εf: deformação axial estimada na ruptura em %,
tf: tempo mínimo de ruptura em minutos.
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O valor de tf para este tipo de ensaio triaxial (CID – sem drenagem radial) é de 8,5
vezes o valor de t100. Contudo, Head (1986) propõe um valor mínimo para tf de 120 min.
O objetivo de definir uma velocidade suficientemente lenta para a aplicação da
compressão axial é permitir a total drenagem da água do corpo de prova sem gerar
excesso de poropressão.
Todos os valores obtidos de tf para os corpos de prova de solo argiloso, de areia e
das misturas, foram menores que 120 minutos. Portanto, adotou-se tf = 120 minutos.
Assim, definiu-se que a ruptura ocorreria para uma deformação axial de 5% e dessa
maneira a velocidade máxima (ν) calculada foi a mesma para todos os ensaios (0,033
mm/min), sendo a velocidade adotada igual a 0,030 mm/min.
Com a velocidade de cisalhamento definida, o passo seguinte era a colocar um par
de engrenagens na prensa, que define a velocidade desejada. Para os cálculos foi
adotado 18% de deformação axial como deformação máxima no caso do solo argiloso e
17% no caso do solo arenoso.
Para os ensaios triaxiais, as variantes de tensão q (tensão de desvio) e p’ (tensão
efetiva média normal) foram calculados com as formulações de Lambe. Para os
parâmetros de resistência do solo utilizou-se os valores da envoltória de resistência (α’)
e da coesão (a’) obtida no espaço p’:q para calcular os parâmetros de resistência no
55

espaço Mohr Coulomb (φ’ – c’). As formulações de Lambe e os parâmetros que são
apresentados nos gráficos dos resultados definem-se como:

Equação 3

Equação 4

Equação 5

Equação 6

Onde: α’: inclinação da envoltória de resistência no espaço p’:q.


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a’: intercepto com o eixo q da envoltória de resistência no espaço p’:q.


φ’: inclinação da envoltória de resistência do espaço σ:τ (Mohr Coulomb).
c’: intercepto da envoltória de resistência do espaço σ:τ (Mohr Coulomb).

Ensaios de Cisalhamento Direto

Os ensaios de cisalhamento direto foram realizados com a bentonita e com as


misturas solo-EPS, com objetivo de determinar a resistência ao cisalhamento do solo.
Essa resistência é obtida através da obtenção dos parâmetros coesão (c) e ângulo de
atrito (ϕ).
Estes ensaios foram realizados segundo os métodos descritos pela norma ASTM
D 3080/2004. A seguir será descrito o método de preparação utilizado para a bentonita.
Para confecção dos corpos de prova da bentonita e misturas desta com os diversos
teores de pérolas de EPS, a compactação do material foi realizada diretamente na caixa
de cisalhamento e de forma manual.
As amostras de bentonita foram preparadas com 170% de umidade, que
corresponde a um índice de vazios de 4,93. Para garantir que o material ficasse com
todas as propriedades adequadas, calculou-se a quantidade certa de material seco que
deveria ser adicionado à caixa de cisalhamento, realizando-se em seguida a mistura com
56

a quantidade de água e posteriormente com as porcentagens de EPS definidas. Com o


auxílio de um gabarito, foi possível ajustar a altura adequada do material no
equipamento. A Figura 3.16 apresenta um corpo de prova solo-EPS moldado a partir do
procedimento explicado anteriormente.
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Figura 3.16 - Corpo de prova Bentonita-EPS.

Para realização do ensaio, o corpo de prova foi colocado na caixa de cisalhamento


metálica. A caixa é dividida horizontalmente em duas metades e a força normal é
aplicada a partir do topo da caixa de cisalhamento no corpo de prova. A força de
cisalhamento é aplicada movendo-se uma metade da caixa em relação à outra para
provocar a ruptura. As caixas superior e inferior são distanciadas de 5,0 mm antes de se
dar inicio à fase de cisalhamento do ensaio, para que possa haver o deslocamento
relativo entre elas. Acima e abaixo do corpo de prova são colocadas placas ranhuradas,
que fornecem atrito ao solo impedindo que este deslize quando aplicada a força
horizontal, papéis filtro, para impedir o carreamento de partículas, e pedras porosas,
para que a drenagem possa ocorrer livremente, estando o corpo de prova completo ou
parcialmente saturado. O ensaio de cisalhamento direto realizado ocorreu com o
controle da deformação, onde uma taxa constante de deslocamento cisalhante é aplicada
na metade superior da caixa por um motor que atua por meio de engrenagens a uma
velocidade determinada por um fator que vai de acordo com a carga aplicada
verticalmente. Essa velocidade é calculada através dos dados da fase inicial do ensaio,
chamada fase de adensamento, onde o corpo de prova é submetido somente à tensão
vertical, e mede-se a variação de altura com o tempo, até que esta se estabilize. Através
de um gráfico de deslocamento vertical versus raiz do tempo (t), obtém-se o valor de
57

t100, correspondente a 100% do adensamento, e calcula-se a velocidade a ser adotada na


fase de cisalhamento. O tempo de adensamento foi estipulado em 24 horas.
Na fase de cisalhamento, a ruptura sofrida pelo corpo de prova ocorre ao longo do
plano de divisão da caixa. O deslocamento horizontal da metade superior da caixa é
medido por um LVDT (Linear Variable Differential Transformer ) horizontal, que
funciona como um sensor para medição de deslocamento linear. As variações da altura
do corpo de prova, ou seja, as variações do volume do mesmo ao longo do ensaio são
obtidas através das leituras no LVDT vertical. O anel de carga mede a força horizontal
variável à qual o corpo de prova está sendo submetido.
Os ensaios foram repetidos em corpos de prova similares, para cada solo e
mistura. Adotou-se os valores de 50, 100 e 300 kPa para as tensões normais aplicadas.
Através do gráfico da Tensão Cisalhante Máxima, que indica o momento da ruptura,
versus Tensão Normal, pré-definida, determinam-se as envoltórias de ruptura e os
parâmetros de resistência ao cisalhamento do solo. A Figura 3.17 ilustra o equipamento
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de cisalhamento direto utilizado na presente pesquisa.

Figura 3.17 - Prensa de cisalhamento direto.


4
Resultados e Análises

Neste capítulo são apresentados os resultados e as análises dos ensaios descritos


no capítulo 3 para as amostras dos três tipos de solo e misturas solo-EPS. Inicialmente
serão expostos e analisados os resultados realizados em argila e logo após, os ensaios
executados em areia e na bentonita, todos para a avaliação do comportamento mecânico
dos materiais citados reforçados e não reforçados com EPS. Esses ensaios têm o
objetivo de melhorar a compreensão do comportamento do material em estudo.

4.1.
Ensaios de Caracterização Física
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4.1.1.

Solo Argiloso

A caracterização física do solo argiloso utilizado no presente estudo foi obtida por
Ramírez (2012), que utilizou este em sua pesquisa.

Peso Específico (Gs)

O valor do Gs para o solo argiloso foi obtido através da média aritmética de


quatro determinações, sendo que a variação máxima foi de 1,1 %. O valor do Gs foi
2,72.

Análise Granulométrica

Na Figura 4.1 é apresentada a curva granulométrica obtida para o solo puro.


Segundo Ramírez (2012), o ensaio de análise granulométrica do solo argiloso forneceu
um comportamento comparável com o obtido em pesquisas precedentes. Assim, para
amostras situadas em profundidades parecidas as porcentagens de material passantes na
peneira #200 e retidas nesta, são similares.
59

Figura 4.1 - Distribuição granulométrica do solo argiloso (Ramírez, 2012).

Limites de Atterberg

A partir dos resultados obtidos no laboratório, tem-se que o Limite de Liquidez do


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solo argiloso é igual a 53% e o Limite de Plasticidade igual a 39%, resultando em um


Índice de Plasticidade (IP = LL – LP), igual a 14%. De acordo com o Sistema Unificado
de Classificação dos Solos (SUCS), o solo em estudo é classificado como CH,
correspondendo a uma argila arenosa de média plasticidade.

4.1.2.

Solo Arenoso

Índices Físicos

Este material caracteriza-se por ser uma areia média, limpa e mal-graduada.
Durante a caracterização do material não se observou a presença de matéria orgânica.
Os índices físicos do material são apresentados na Tabela 4.1.
60

Tabela 4.1 - Índices físicos do solo arenoso.

Índices Físicos Solo Arenoso


Densidade real dos grãos (Gs) 2,65
Coeficiente de uniformidade (Cu) 1,9
Coeficiente de curvatura (Cc) 1,0
Diâmetro efetivo (D10) 0,33 mm
Diâmetro médio (D50) 0,58 mm
Índice de vazios (emínimo) 0,51
Índice de vazios (emáximo) 0,74

Análise Granulométrica

Na Figura 4.2 é apresentada a curva granulométrica obtida para a areia. De acordo


com o Sistema Unificado de Classificação dos Solos (SUCS), as areias com menos de
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5% de finos, apresentando Cu < 6 e 1 < Cc < 3, como o material em questão, são


classificadas como SP. Dessa maneira, se trata então de uma areia mal-graduada.

Figura 4.2 - Curva granulométrica do solo arenoso.


61

4.1.3.

Bentonita

Peso Específico (Gs)

O valor do Gs para a bentonita foi obtido através da média aritmética de quatro


determinações, sendo que a variação máxima foi de 1,1 %. O valor do Gs encontrado foi
2,90.

Análise Granulométrica

A curva granulométrica da bentonita, obtida através de ensaios de sedimentação,


está apresentada na Figura 4.3.
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Figura 4.3 - Distribuição granulométrica da bentonita.

Limites de Atterberg

A partir dos resultados obtidos no laboratório, tem-se que o Limite de Liquidez da


bentonita é igual a 368,4% e o Limite de Plasticidade igual a 53,7%, resultando em um
Índice de Plasticidade igual a 314,7%.
62

4.2.
Ensaios de Caracterização Mecânica

4.2.1.
Solo Argiloso

Ensaios de Compactação Proctor Normal

Na Figura 4.4 é apresentada as curvas de compactação Proctor Normal obtidas


para o solo argiloso e misturas. A partir do gráfico, observa-se que a inserção das
pérolas de EPS diminui a massa específica seca máxima do material, e que este valor
decresce à medida que o teor de EPS aumenta. A umidade ótima possui o mesmo
comportamento.

1,70
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1,60
Massa Específica seca (g/cm3)

1,50

1,40

1,30

1,20

1,10

1,00
10 15 20 25 30 35
Umidade (%)
S100 S99,75/EPS0,25 S99,50/EPS0,50 S99,25/EPS0,75 S99/EPS1

Figura 4.4 - Curvas de compactação Proctor Normal do solo argiloso e misturas.

Na Tabela 4.2 é apresentado um resumo dos valores de umidade ótima e massa


específica seca máxima para o solo argiloso e misturas, determinados através da análise
do gráfico.
63

Tabela 4.2 - Resultados dos ensaios de compactação Proctor Normal para o solo
argiloso e misturas.

Massa Específica
Material/Mistura Umidade ótima (%) Seca Máxima
(g/cm3)
S100 26,2 1,58

S99,75/EPS0,25 26,0 1,49

S99,50/EPS0,50 26,0 1,47

S99,25/EPS0,75 24,5 1,44

S99/EPS1 24,5 1,40

O mesmo solo argiloso já foi estudado em outras pesquisas, por exemplo,


Beneveli (2002), na qual seu comportamento submetido ao ensaio de Compactação
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Proctor Normal apresentou resultado similar ao apresentado neste trabalho.

Ensaios Triaxiais CID

Os resultados dos ensaios triaxiais CID, em compressão axial, realizados em


amostras de solo argiloso e misturas solo-EPS serão apresentados nesse item. As
misturas possuíram teores de pérolas de EPS de 0,25% 0,50%, 0,75% e 1%, em relação
ao peso do solo seco, e as tensões efetivas que foram aplicadas em todos os casos são
50, 150 e 300 kPa.
As trajetórias, envoltórias de resistência e os parâmetros de resistência ao
cisalhamento, assim como uma análise da influência do teor de pérolas de EPS no
comportamento das amostras durante o cisalhamento, serão apresentadas nesse item.
64

 Comportamento Tensão Desviadora e Variação Volumétrica versus


Deformação Axial

Na Figura 4.5 estão apresentadas as curvas tensão desviadora (σv) e variação


volumétrica (εv) versus deformação axial (εa), correspondentes aos ensaios do tipo CID,
para a matriz de solo argiloso, nas tensões confinantes efetivas de 50, 150 e 300 kPa.

700
S100
600

500

400
σv (kPa)

300

200

100
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0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
εa (%)
50 kPa 150 kPa 300 kPa

2
S100
1

0
εv (%)

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
-1

-2

-3

-4
εa (%)
50 kPa 150 kPa 300 kPa

Figura 4.5 - Curvas da tensão desviadora e deformação volumétrica versus


deformação axial para o solo argiloso em ensaios triaxiais.
65

Na Figura 4.6 estão apresentadas as curvas tensão desviadora (σv) e variação


volumétrica (εv) versus deformação axial (εa), correspondentes aos ensaios do tipo CID,
para a mistura S99,75/EPS0,25 nas tensões confinantes efetivas de 50, 150 e 300 kPa.

700
S99,75/EPS0,25
600

500
σv (kPa)

400

300

200

100

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
εa (%)
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50 kPa 150 kPa 300 kPa

2
S99,75/EPS0,25
1

0
εv (%)

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
-1

-2

-3

-4
εa (%)
50 kPa 150 kPa 300 kPa

Figura 4.6 - Curvas da tensão desviadora e deformação volumétrica versus deformação


axial para a mistura S99,75/EPS0,25 em ensaios triaxiais.
66

Na Figura 4.7 estão apresentadas as curvas tensão desviadora (σv) e variação


volumétrica (εv) versus deformação axial (εa), correspondentes aos ensaios do tipo CID,
para a mistura S99,50/EPS0,50 nas tensões confinantes efetivas de 50, 150 e 300 kPa.

700
S99,50/EPS0,50
600

500
σv (kPa)

400

300

200

100

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
εa (%)
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50kPa 150 kPa 300 kPa

2
S99,50/EPS0,50
1

0
εv (%)

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
-1

-2

-3

-4
εa (%)
50kPa 150 kPa 300 kPa

Figura 4.7 - Curvas da tensão desviadora e deformação volumétrica versus deformação


axial para a mistura S99,50/EPS0,50 em ensaios triaxiais.
67

Na Figura 4.8 estão apresentadas as curvas tensão desviadora (σv) e variação


volumétrica (εv) versus deformação axial (εa), correspondentes aos ensaios do tipo CID,
para a mistura S99,25/EPS0,75 nas tensões confinantes efetivas de 50, 150 e 300 kPa.

700
S99,25/EPS0,75
600

500

400
σv (kPa)

300

200

100

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
εa (%)
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50 kPa 150 kPa 300 kPa

2
S99,25/EPS0,75
1

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
εv (%)

-1

-2

-3

-4
εa (%)
50 kPa 150 kPa 300 kPa

Figura 4.8 - Curvas da tensão desviadora e deformação volumétrica versus deformação


axial para a mistura S99,25/EPS0,75 em ensaios triaxiais.
68

Na Figura 4.9 estão apresentadas as curvas tensão desviadora (σv) e variação


volumétrica (εv) versus deformação axial (εa), correspondentes aos ensaios do tipo CID,
para a mistura S99/EPS1 nas tensões confinantes efetivas de 50, 150 e 300 kPa.

700
S99/EPS1
600

500
σv (kPa)

400

300

200

100

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
εa (%)
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50 kPa 150 kPa 300 kPa

2
S99/EPS1
1

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
εv (%)

-1

-2

-3

-4
εa (%)
50 kPa 150 kPa 300 kPa

Figura 4.9 - Curvas da tensão desviadora e deformação volumétrica versus deformação


axial para a mistura S99/EPS1 em ensaios triaxiais.
69

 Influência do Teor de Pérolas de EPS

Neste item são apresentadas as curvas de tensão desviadora e variação


volumétrica versus deformação axial do solo puro e das misturas, correspondentes aos
ensaios do tipo CID em compressão axial, nas tensões confinantes efetivas de 50, 150 e
300 kPa, sendo que agora é feita uma comparação em relação ao teor de pérolas de EPS.
Dessa maneira, serão apresentadas as curvas do solo puro com cada tipo de mistura.
Na Figura 4.10 estão apresentadas as curvas da tensão desviadora e variação
volumétrica versus deformação axial para as amostras de solo argiloso (S100) e mistura
S99,75/EPS0,25.

700

600

500
σv (kPa)

400
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300

200

100

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
εa (%)
S100 50 kPa S100 150 kPa S100 300 kPa
S99,75/EPS0,25 50 kPa S99,75/EPS0,25 150 kPa S99,75/EPS0,25 300 kPa

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
εv (%)

-1

-2

-3

-4
εa (%)
S100 50 kPa S100 150 kPa S100 300 kPa
S99,75/EPS0,25 50 kPa S99,75/EPS0,25 150 kPa S99,75/EPS0,25 300 kPa

Figura 4.10 - Curvas da tensão desviadora e deformação volumétrica versus deformação


axial das amostras S100 e S99,75/EPS0,25 em ensaios triaxiais.
70

Nota-se que para a tensão confinante de 50 kPa, o corpo de prova de solo puro
(S100) apresenta o comportamento semelhante ao da mistura S99,75/EPS0,25, porém o
solo puro possui maior resistência ao cisalhamento para deformações axiais similares.
O mesmo comportamento é observado para as tensões confinantes efetivas de 150
e 300 kPa, porém observa-se que à medida que a tensão confinante aumenta, a diferença
entre os valores das resistências do solo puro e da mistura fica maior. Assim, para a
mistura de S99,75/EPS0,25, conclui-se que tensões confinantes efetivas mais baixas
apresentam os valores de resistência mais próximo ao solo puro.
Com relação à variação de volume do corpo de prova de solo puro, na tensão de
50 kPa, nota-se uma compressão inicial seguida de uma expansão em 8 mm de
deformação axial, enquanto que no caso da mistura S99,75/EPS0,25, a expansão foi
retardada em relação ao solo puro. Para tensões maiores, observa-se que após a
compressão os corpos de prova tendem a uma estabilização. Na tensão de 150 kPa, os
corpos de prova S100 e S99,75/EPS0,25 apresentaram maior compressão, onde a
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estabilização do corpo de prova puro ficou similar ao do mesmo corpo de prova na


tensão de 300 kPa.
71

Na Figura 4.11 estão apresentadas as curvas da tensão desviadora e variação


volumétrica versus deformação axial para as amostras de solo argiloso (S100) e mistura
S99,50/EPS0,50.

700

600

500
σv (kPa)

400

300

200

100

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
εa (%)
S100 50 kPa S100 150 kPa S100 300 kPa
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S99,50/EPS0,50 50 kPa S99,50/EPS0,50 150 kPa S99,50/EPS0,50 300 kPa

0
εv (%)

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
-1

-2

-3
εa (%)
S100 50 kPa S100 150 kPa S100 300 kPa
S99,50/EPS0,50 50 kPa S99,50/EPS0,50 150 kPa S99,50/EPS0,50 300 kPa

Figura 4.11 - Curvas da tensão desviadora e deformação volumétrica versus deformação


axial das amostras S100 e S99,50/EPS0,50 em ensaios triaxiais.
72

Para a tensão confinante de 50 kPa, o corpo de prova de solo puro apresenta


valores de resistência ao cisalhamento ligeiramente maior do que a mistura
S99,50/EPS0,50 até a deformação axial de 6%. Após essa deformação, os valores da
tensão cisalhante para o dois materiais ficam iguais, onde na deformação axial de
aproximadamente 10%, a mistura S99,50/EPS0,50 apresenta o comportamento melhor
em relação à resistência.
Na tensão confinante de 150 kPa, para os mesmos valores de deformação axial, o
solo puro apresentou maior resistência ao cisalhamento. O mesmo comportamento é
observado para a tensão confinante de 300 kPa. Da mesma maneira que ocorreu na
mistura S99,75/EPS0,25 para as tensões de 150 e 300 kPa, quanto maior a tensão
confinante, maior é a diferença entre a resistência cisalhamento para a mesma
deformação axial dos materias, com valores maiores para o solo sem a adição das
pérolas de EPS. Além disso, para a mistura de S99,50/EPS0,50 na tensão confinante de
300 kPa, a resistência de pico da mistura ocorreu para uma deformação axial maior.
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Para a mistura S99,50/EPS0,50, em relação à variação volumétrica, foi observado


o mesmo comportamento do que na mistura S99,75/EPS0,25 uma vez que para a tensão
de 50 kPa se observa uma compressão inicial seguida de uma expansão. Essa expansão
foi retardada em relação ao solo puro, porém ocorreu anterior a mistura
S99,75/EPS0,25. Nas tensões de 150 kPa, os dois materiais apresentaram
comportamento bem similar, porém no caso da tensão de 300 kPa a mistura apresentou
uma menor compressão em relação ao solo puro.
Na Figura 4.12 estão apresentadas as curvas da tensão desviadora e variação
volumétrica versus deformação axial para as amostras de solo argiloso (S100) e mistura
S99,25/EPS0,75.
73

700

600

σv (kPa) 500

400

300

200

100

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
εa (%)
S100 50 kPa S100 150 kPa S100 300 kPa
S99,25/EPS0,75 50 kPa S99,25/EPS0,75 150 kPa S99,25/EPS0,75 300 kPa

2
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1121849/CA

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
εv (%)

-1

-2

-3

-4
εa (%)
S100 50 kPa S100 150 kPa S100 300 kPa
S99,25/EPS0,75 50 kPa S99,25/EPS0,75 150 kPa S99,25/EPS0,75 300 kPa

Figura 4.12 - Curvas da tensão desviadora e deformação volumétrica versus deformação


axial das amostras S100 e S99,25/EPS0,75 em ensaios triaxiais.

Para a mistura S99,25/EPS0,75, na tensão confinante de 50 kPa, o solo puro


apresenta melhor comportamento até a deformação axial de 11%. A partir dessa
deformação, os dois materiais apresentam o mesmo valor de tensão para uma mesma
deformação. Após a deformação de 14,5% a mistura apresenta valores mais elevados do
que o solo argiloso puro para a mesma deformação.
Na tensão confinante de 150 e 300 kPa, o solo puro apresenta melhor
comportamento em relação a mistura S99,25/EPS0,75 para as mesmas deformações
74

axiais, porém a resistência de pico da mistura ocorre para uma deformação axial maior.
Esse mesmo comportamento foi observado para a tensão confinante de 150 kPa.
Com relação à variação de volume dos corpos de prova, a mistura
S99,25/EPS0,75 apresenta comportamento similar ao das outras misturas citadas
anteriormente, porém nesse caso a mistura S99,25/EPS0,75 na tensão de 300 kPa
apresenta maior compressão, diferente do que ocorreu nos casos anteriores.
Na Figura 4.13 estão apresentadas as curvas da tensão desviadora e variação
volumétrica versus deformação axial para as amostras de solo argiloso (S100) e mistura
S99/EPS1.

700

600

500
σv (kPa)

400
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300

200

100

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
εa (%)
S100 50 kPa S100 150 kPa S100 300 kPa
S99/EPS1 50 kPa S99/EPS1 150 kPa S99/EPS1 300 kPa

0
εv (%)

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
-1

-2

-3
εa (%)
S100 50 kPa S100 150 kPa S100 300 kPa
S99/EPS1 50 kPa S99/EPS1 150 kPa S99/EPS1 300 kPa

Figura 4.13 - Curvas da tensão desviadora e deformação volumétrica versus deformação


axial das amostras S100 e S99/EPS1 em ensaios triaxiais.
75

Na tensão confinante de 50kPa, o solo puro apresentou melhor comportamento em


relação à resistência do que mistura S99/EPS1. Nas tensões confinantes de 150 e 300
kPa, observa-se que a resistência de pico para ambas as tensões na mistura S99/EPS1
ocorreu para deformações maiores do que para o solo puro e a resistência residual ficou
similar para os dois materiais.
No gráfico da deformação volumétrica versus deformação axial, observa-se que
com a adição de 1% de EPS na tensão de 50 kPa, a expansão é retardada em relação do
solo puro. Em tensões maiores, o corpo de prova comprime mais, sendo que o corpo de
prova puro apresentou maior compressão em relação a mistura para essas tensões.
A partir dos gráficos anteriores pode-se observar que a adição das pérolas de EPS
no solo argiloso coluvionar apresenta melhores resultados para baixas tensões de
confinamento. Para altas tensões de confinamento, apesar do resultado ter sido melhor
para o solo puro, existe um certo paralelismo nas curvas com EPS, as quais não
apresentam um pico e sim um aumento progressivo de resistência. Dessa maneira, para
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grandes deformações, as quais não foi possível alcançar nos ensaios triaxiais realizados,
pode ser que a resistência da mistura solo-EPS ultrapasse a do solo puro.

 Envoltórias e Parâmetros de Resistência ao Cisalhamento

Nas Figuras 4.14, 4.15, 4.16, 4.17 e 4.18 estão ilustradas, respectivamente, as
envoltórias e parâmetros de resistência ao cisalhamento do solo argiloso e das misturas
S99,75/EPS0,25, S99,50/EPS0,50, S99,25/EPS0,75 e S99/EPS1. Na Figura 4.19 é
apresentado um comparativo das envoltórias do solo puro e das quatro misturas. As
envoltórias estão plotadas no espaço p’:q.
76

400
S100
c = 25,0 kPa
300 ϕ = 29,1⁰
q (kPa)

200

100

0
0 100 200 300 400 500 600 700
p (kPa)
50 kPa 150 kPa 300 kPa

Figura 4.14 - Envoltória e parâmetros de resistência ao cisalhamento do solo argiloso


S100.
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400
S99,75/EPS0,25
c = 30,0 kPa
300 ϕ = 25,5⁰
q (kPa)

200

100

0
0 100 200 300 400 500 600 700
p (kPa)
50 kPa 150 kPa 300 kPa

Figura 4.15 - Envoltória e parâmetros de resistência ao cisalhamento da mistura


S99,75/EPS0,25.
77

400
S99,50/EPS0,50
c = 40,0 kPa
300 ϕ = 25,0⁰
q (kPa)

200

100

0
0 100 200 300 400 500 600 700
p (kPa)
50 kPa 150 kPa 300 kPa

Figura 4.16 - Envoltória e parâmetros de resistência ao cisalhamento da mistura


S99,50/EPS0,50.
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400
S99,25/EPS0,75
c = 35,0 kPa
300 ϕ = 26,6⁰
q (kPa)

200

100

0
0 100 200 300 400 500 600 700
p (kPa)
50 kPa 150 kPa 300 kPa

Figura 4.17 - Envoltória e parâmetros de resistência ao cisalhamento da mistura


S99,25/EPS0,75.
78

400
S99/EPS1
c = 20,0 kPa
ϕ = 29,9⁰
300
q (kPa)

200

100

0
0 100 200 300 400 500 600 700
p (kPa)
50 kPa 150 kPa 300 kPa

Figura 4.18 - Envoltória e parâmetros de resistência ao cisalhamento da mistura


S99/EPS1.
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Figura 4.19 - Envoltória e parâmetros de resistência ao cisalhamento do solo puro e das


misturas.
79

A Tabela 4.3 apresenta os parâmetros de resistência do solo argiloso e de cada


mistura solo-EPS no ponto correspondente a deformação axial de 18%.

Tabela 4.3 - Resumo do ângulo de atrito e coesão do solo argiloso e de cada mistura
solo-EPS.

Material/Mistura Coesão (kPa) Ângulo de atrito (°)

S100 25 29,1

S99,75/EPS0,25 30 25,5

S99,50/EPS0,50 40 25,0

S99,25/EPS0,75 35 26,6

S99/EPS1 20 29,9
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A partir dos resultados obtidos, observa-se que a inserção das pérolas de EPS ao
solo argiloso gera um aumento na coesão até uma porcentagem de 0,50% de EPS
enquanto que o valor do ângulo de atrito diminui até essa porcentagem. Em teores
maiores de pérolas de EPS, como nas misturas com 0,75% e 1%, nota-se que o valor da
coesão decresce, uma vez que o valor do ângulo de atrito aumenta.
Assim, pode-se concluir a partir da tabela 4.3 que a adição das pérolas de EPS ao
solo argiloso acarretou em melhora no comportamento do solo nas 4 misturas
realizadas, uma vez que um dos parâmetros de resistência sempre aumenta com a adição
do EPS

4.2.2.
Solo Arenoso

Ensaios Triaxiais CID

Neste item são apresentados os resultados dos ensaios triaxiais CID, em


compressão axial, executados em amostras do solo arenoso (A100) e misturas com
teores de pérolas de EPS de 0,50 e 0,75%, em relação ao peso do solo seco. As tensões
efetivas aplicadas foram de 50, 150 e 300 kPa, em todos os casos. As trajetórias,
envoltórias, parâmetros de resistência ao cisalhamento e uma análise da influência do
80

teor de pérolas de EPS no comportamento das amostras durante o cisalhamento são


apresentados neste item.

 Comportamento Tensão Desviadora e Variação Volumétrica versus


Deformação Axial

Na Figura 4.20 estão apresentadas as curvas da tensão desviadora e variação


volumétrica versus deformação axial, correspondentes aos ensaios do tipo CID, para a
matriz de solo arenoso, em compressão axial nas tensões confinantes efetivas de 50, 150
e 300 kPa.

1000
A100
900
800
700
σv (kPa)

600
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1121849/CA

500
400
300
200
100
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
εa (%)
50 kPa 150 kPa 300 kPa

5
A100
4

3
εv (%)

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
-1
εa (%)
50 kPa 150 kPa 300 kPa

Figura 4.20 - Curvas da tensão desviadora e deformação volumétrica versus deformação


axial para o solo arenoso em ensaios triaxiais.
81

Na Figura 4.21 estão apresentadas as curvas da tensão desviadora e variação


volumétrica versus deformação axial, correspondentes aos ensaios do tipo CID, para a
mistura A99,50/EPS050, em compressão axial nas tensões confinantes efetivas de 50,
150 e 300 kPa.

1000
A99,50/EPS0,50
900
800
700
600
σv (kPa)

500
400
300
200
100
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1121849/CA

εa (%)
50 kPa 150 kPa 300 kPa

3
A99,50/EPS0,50
2

2
εv (%)

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
-1
εa (%)
50 kPa 150 kPa 300 kPa

Figura 4.21 - Curvas da tensão desviadora e deformação volumétrica versus deformação


axial para a mistura A99,50/EPS0,50 em ensaios triaxiais.

Na Figura 4.22 estão apresentadas as curvas da tensão desviadora e variação


volumétrica versus deformação axial, correspondentes aos ensaios do tipo CID, para a
82

mistura A99,25/EPS0,75 em compressão axial nas tensões confinantes efetivas de 50,


150 e 300 kPa.

1000
900 A99,25/EPS0,75
800
700
σv (kPa)

600
500
400
300
200
100
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
εa (%)
50kPa 150 kPa 300 kPa
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1121849/CA

5
A99,25/EPS0,75
4

3
εv (%)

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
-1
εa (%)
50kPa 150 kPa 300 kPa

Figura 4,22 - Curvas da tensão desviadora e deformação volumétrica versus deformação


axial para a mistura A99,25/EPS0,75 em ensaios triaxiais.

 Influência do Teor de Pérolas de EPS

Na Figura 4.23 estão apresentadas as curvas da tensão desviadora e variação


volumétrica versus deformação axial, correspondentes aos ensaios do tipo CID em
compressão axial, para as amostras de solo arenoso A100 e mistura A99,50/EPS0,50,
nas tensões confinantes efetivas de 50, 150 e 300 kPa.
83

1000
900
800
700
600
σv (kPa)

500
400
300
200
100
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
εa (%)
A100 50kPa A100 150kPa A100 300kPa
A99,50/EPS0,50 50kPa A99,50/EPS0,50 150kPa A99,50/EPS0,50 300kPa
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3
εv(%)

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
-1
εa (%)
A100 50kPa A100 150kPa A100 300kPa
A99,50/EPS0,50 50kPa A99,50/EPS0,50 150kPa A99,50/EPS0,50 300kPa

Figura 4.23 - Curvas da tensão desviadora e deformação volumétrica versus deformação


axial das amostras A100 e A99,50/EPS0,50 em ensaios triaxiais.

Na tensão confinante de 50 kPa, o comportamento do solo puro fica similar ao da


mistura A99,50/EPS0,50 enquanto que na tensão confinante de 150 kPa a resistência de
pico dos dois matérias apresenta valores parecidos, porém a resistência residual da
mistura é maior. Já para tensões maiores, como no caso de 300 kPa, a areia pura
apresenta resistência de pico e residual maior do que para mistura A99,50/EPS0,50.
84

A partir do gráfico da deformação volumétrica versus deformação axial, nota-se


uma compressão inicial seguida de uma expansão para todas as amostras de solo. No
caso do solo arenoso, todas as amostras que estão isentas de pérolas de EPS expandiram
mais em relação à mistura A99,50/EPS0,50 para um mesma deformação axial.
Na Figura 4.24 estão apresentadas as curvas da tensão desviadora e variação
volumétrica versus deformação axial, correspondentes aos ensaios do tipo CID em
compressão axial, para as amostras de solo arenoso A100 e mistura A99,25/EPS0,75,
nas tensões confinantes efetivas de 50, 150 e 300 kPa.

1000
900
800
700
600
σv (kPa)

500
400
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300
200
100
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
εa (%)
A100 50kPa A100 150kPa A100 300kPa
A99,25/EPS0,75 50kPa A99,25/EPS0,75 150kPa A99,25/EPS0,75 300kPa

3
εv (%)

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
-1
εa (%)
A100 50kPa A100 150kPa A100 300kPa
A99,25/EPS0,75 50kPa A99,25/EPS0,75 150kPa A99,25/EPS0,75 300kPa

Figura 4.24 - Curvas da tensão desviadora e deformação volumétrica versus deformação


axial das amostras A100 e A99,25/EPS0,75 em ensaios triaxiais.
85

Para a tensão confinante de 50 kPa, o comportamento do solo puro é similar ao da


mistura A99,25/EPS0,75. Na tensão confinante de 150 kPa, a resistência de pico da
areia pura apresenta valor mais elevado em relação a mistura, porém a resistência
residual da mistura fica com valores similares. E para tensão de 300 kPa, o
comportamento da curva fica parecido com o da mistura A99,50/EPS0,50, uma vez que
a areia pura apresenta resistência de pico e residual maior do que na mistura.
Com relação à variação de volume dos corpos de prova para a mistura
A99,25/EPS0,75, o comportamento é similar ao da mistura A99,50/EPS0,50, uma vez
que o solo puro tende a expandir mais do que as duas misturas.
A partir dos ensaios, observa-se que para a adição de pérolas de EPS em solos
arenosos o comportamento é melhor para tensões intermediárias, aproximadamente 150
kPa. Assim, nota-se que cada material tem um comportamento particular, uma vez que
nos solos arenoso foi diferente do comportamento do solo argiloso, onde que ocorreu
melhoras para baixas tensões.
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 Envoltórias e Parâmetros de Resistência ao Cisalhamento

Nas Figuras 4.25, 4.26 e 4.27 estão ilustradas, respectivamente, as envoltórias e


parâmetros de resistência ao cisalhamento do solos arenoso e das misturas
A99,50/EPS0,50 e A99,25/EPS0,75. Na Figura 4.28 é apresentado um comparativo das
envoltórias do solo puro e das duas misturas. As envoltórias estão plotadas no espaço
p’:q.

600
A100
500 c = 0 kPa
φ = 37,9⁰
400
q (kPa)

300

200

100

0
0 100 200 300 400 500 600 700 800
p (kPa)
50 kPa 150 kPa 300 kPa
Figura 4.25 - Envoltória e parâmetros de resistência ao cisalhamento
do solo arenoso A100.
86

600
A99,50/EPS0,50
500 c = 14 kPa
φ =36,7⁰
400
q (kPa)

300

200

100

0
0 100 200 300 400 500 600 700 800
p (kPa)
50 kPa 150 kPa 300 kPa

Figura 4.26 - Envoltória e parâmetros de resistência ao cisalhamento


da mistura A99,50/EPS0,50.
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600
A99,25/EPS0,75
500 c = 17 kPa
φ =35,4⁰
400
q (kPa)

300

200

100

0
0 100 200 300 400 500 600 700 800
p (kPa)
50 kPa 150 kPa 300 kPa
Figura 4.27 - Envoltória e parâmetros de resistência ao cisalhamento
da mistura A99,25/EPS0,75.
87

Figura 4.28 - Envoltória e parâmetros de resistência ao cisalhamento do solo puro e das


misturas.
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A Tabela 4.4 apresenta os parâmetros de resistência do solo arenoso e de todas as


misturas solo-EPS no ponto correspondente a deformação axial de 17%.

Tabela 4.4 - Resumo ângulo de atrito e coesão do solo arenoso e de cada mistura solo-
EPS.

Material/Mistura Coesão (kPa) Ângulo de atrito (°)

A100 0 37,9

A99,50/EPS0,50 14 36,7

A99,25/EPS0,75 17 35,4

A partir dos resultados obtidos, nota-se que a inserção das pérolas de EPS ao solo
arenoso gera um aumento na coesão (aparente) nas misturas A99,50/EPS0,50 e
A99,25/EPS0,75 enquanto que o valor do ângulo de atrito diminui nessas duas misturas.
88

Desta maneira, é possível observar que o solo argiloso apresentou o


comportamentos similar ao solo arenoso, uma vez que quando a adição das pérolas de
EPS leva ao aumento da coesão, ocorre uma redução do ângulo de atrito e vice-versa.
No caso do solo argiloso, a adição de 0,50% de pérolas de EPS ocasionou a um
aumento na coesão e 15 kPa e levou a uma redução do ângulo de atito em 4,1° em
relação ao solo puro, enquanto que no solo arenoso a mesma porcentagem levou a um
aumento na coesão de 14 kPa e a uma redução no ângulo de atrito em 1,2°.
Com a adição de 0,75% de pérolas de EPS ao solo arenoso, este solo apresentou o
mesmo comportamento do que com a mistura de 0,50%, apresentando aumento da
coesão e redução do ângulo de atrito enquanto que no solo argiloso o comportamento
foi diferente, ocorrendo redução da coesão e aumento do ângulo de atrito. Esse mesmo
comportamento do solo argiloso para a mistura de 0,75% foi observada para a mistura
com 1% de pérolas de EPS.
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4.2.3.

Bentonita

Ensaio de Cisalhamento Direto

Os ensaios de cisalhamento direto foram realizados para o solo puro e em


misturas com 0,50 e 0,75% de pérolas de EPS, aplicando-se tensões verticais iguais a
50, 100 e 300 kPa, com o intuito de se determinar os parâmetros de resistência ao
cisalhamento do solo e misturas.
As trajetórias, envoltórias de resistência e os parâmetros de resistência ao
cisalhamento assim como uma análise da influência da tensão de confinamento e do teor
de pérolas de EPS no comportamento das amostras durante o cisalhamento serão
apresentadas nesse item.

 Comportamento da Tensão Cisalhante e Deslocamento Vertical


versus Deslocamento Horizontal

Na Figura 4.29 estão apresentadas as curvas da tensão desviadora e deslocamento


vertical versus deslocamento horizontal para a bentonita.
89

40
B100
35

Tensão Cisalhante (kPa)


30
25
20
15
10
5
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deslocamento Horizontal (mm)
50 kPa 100 kPa 300 kPa

1,5
B100
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1121849/CA

Deslocamento Vertical (mm)

0,5

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16

-0,5
Deslocamento Horizontal (mm)
50 kPa 100 kPa 300 kPa

Figura 4.29 - Curvas da tensão desviadora e deslocamento vertical versus deformação


axial para a bentonita em ensaio de cisalhamento direto.

Na Figura 4.30 estão apresentadas as curvas da tensão desviadora e deslocamento


vertical versus deslocamento horizontal para a mistura B99,50/EPS0,50.
90

40
B99,50/EPS0,50
35

Tensão Cisalhante (kPa)


30
25
20
15
10
5
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deslocamento horizontal (mm)

50 kPa 100 kPa 300 kPa

1,5
B99,50/EPS0,50
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1121849/CA

Deslocamento Vertical (mm)

0,5

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16

-0,5
Deslocamento horizontal (mm)
50 kPa 100 kPa 300 kPa

Figura 4.30 - Curvas da tensão desviadora e deslocamento vertical versus deformação axial
para a mistura B99,50/EPS0,50 em ensaio de cisalhamento direto.

Na Figura 4.31 estão apresentadas as curvas da tensão desviadora e deslocamento


vertical versus deslocamento horizontal para a mistura B99,25/EPS0,75.
91

40
B99,25/EPS0,75
35

Tensão Cisalhante (kPa)


30
25
20
15
10
5
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deslocamento horizontal (mm)
50 kPa 100 kPa 300 kPa

1,5
B99,25/EPS0,75
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1121849/CA

Deslocamento Vertical (mm)

0,5

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16

-0,5
Deslocamento horizontal (mm)

50 kPa 100 kPa 300 kPa

Figura 4.31 - Curvas da tensão desviadora e deslocamento vertical versus deformação axial
para a mistura B99,25/EPS0,75 em ensaio de cisalhamento direto.

 Influência do Teor de EPS

Na Figura 4.32 estão apresentadas as curvas da tensão cisalhante e deslocamento


vertical versus deslocamento horizontal obtidas a partir do ensaio de cisalhamento
direto para as amostras de bentonita B100 e mistura B99,50/EPS0,50, nas tensões de 50,
100 e 300 kPa.
92

40
35

Tensão Cisalhante (kPa)


30
25
20
15
10
5
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deslocamento horizontal (mm)
B100 50kPa B100 100kPa B100 300kPa
B99,50/EPS0,50 50 kPa B99,50/EPS0,50 100 kPa B99,50/EPS0,50 300 kPa

1,5
Deslocamento Vertical (mm)

1
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1121849/CA

0,5

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16

-0,5
Deslocamento horizontal (mm)
B100 50kPa B100 100kPa B100 300kPa
B0,50/EPS0,50 50 kPa B0,50/EPS0,50 100 kPa B0,50/EPS0,50 300 kPa

Figura 4.32 - Curvas da tensão cisalhante e deslocamento vertical versus deslocamento


horizontal das amostras B100 e B99,50/EPS0,50 em ensaios de cisalhamento direto.

Na tensão de 50 kPa, o solo puro e a mistura B99,50/EPS0,50 apresentam o


mesmo valor da resistência de pico. Após esse valor, a tensão cisalhante para o solo
puro se apresenta maior, porém na resistência residual, os dois materiais passam a
possuir o mesmo valor. Na tensão de 100 kPa, a resistência de pico da mistura
B99,50/EPS0,50 é maior, porém na resistência residual os valores ficam similares. E na
tensão de 300 kPa, os valores da resistência de pico dos dois materiais são iguais, porém
no caso da mistura esse valor ocorre a um deslocamento horizontal maior,
aproximadamente 3% enquanto o solo puro ocorrem em 1,5%. Nota-se dos gráficos,
93

que para uma mesma deformação a mistura bentonia-EPS atingiu uma tensão cisalhante
maior do que a bentonita pura.
No gráfico do deslocamento vertical versus deslocamento horizontal, nota-se uma
compressão inicial seguida de uma expansão que tende a se estabilizar em todos os
corpos de prova, com exceção da mistura B99,50/EPS0,50, na tensão de 300 kPa. Além
disso, nota-se que nos corpos de prova com a presença de EPS, nas tensões de 150 e 300
kPa, expandem mais, mostrando a influência do EPS na bentonita.
Na Figura 4.33 estão apresentadas as curvas da tensão cisalhante e deslocamento
vertical versus deslocamento horizontal obtidas a partir do ensaio de cisalhamento
direto para as amostras de bentonita B100 e mistura B99,25/EPS0,75, nas tensões de 50,
100 e 300 kPa.

40
35
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1121849/CA

Tensão Cisalhante (kPa)

30
25
20
15
10
5
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deslocamento horizontal (mm)
B100 50kPa B100 100kPa B100 300kPa
B99,25/EPS0,75 50 kPa B99,25/EPS0,75 100 kPa B99,25/EPS0,75 300 kPa
94

1,5

Deslocamento Vertical (mm)


1

0,5

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16

-0,5
Deslocamento horizontal (mm)
B100 50kPa B100 100kPa B100 300kPa
B99,25/EPS0,75 50 kPa B99,25/EPS0,75 100 kPa B99,25/EPS0,75 300 kPa

Figura 4.33 - Curvas da tensão cisalhante e deslocamento vertical versus deslocamento


horizontal das amostras B100 e B99,25/EPS0,75 em ensaios de cisalhamento direto.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1121849/CA

Na tensão de 50 kPa, o solo puro e a mistura B99,50/EPS0,50 apresentam o


mesmo valor da resistência de pico. Após esse valor, a tensão cisalhante para o solo
puro se apresentar maior, porém na resistência residual, os dois materiais passam a
possuir o mesmo valor. Na tensão de 100 kPa, a resistência de pico da mistura
B99,50/EPS0,50 é maior, porém na resistência residual os valores ficam similares. E na
tensão de 300 kPa, os valores da resistência de pico dos dois materiais são similares,
porém no caso da mistura esse valor ocorre a um deslocamento horizontal maior,
aproximadamente 3% enquanto o solo puro ocorrem em 1,5%.
O gráfico do deslocamento vertical versus deslocamento horizontal da mistura
B99,25/EPS0,75 apresentou o mesmo comportamento da mistura B99,25/EPS0,75, uma
vez que a inserção de EPS na bentonita levou a uma maior expansão dos corpos de
prova a tensões maiores.
Através dos resultados, observa-se que a adição das pérolas de EPS na bentonita
está apresentando melhores resultados para altas tensões de confinamento, a partir de
100 kPa já apresentou melhora, o mesmo comportamento foi visto para tensões de 300
kPa.
95

 Envoltórias e Parâmetros de Resistência ao Cisalhamento

Nas Figuras 4.34, 4.35 e 4.36 estão ilustradas, respectivamente, as envoltórias e


parâmetros de resistência máxima e residual da bentonita e das misturas
B99,50/EPS0,50 e B99,25/EPS0,75.

40
B100
35 c=16,4 kPa
Tensão Cisalhante (kPa)

30 φ=3,03°
25
20
15
10 B100
c=12,4 kPa
5
φ=0,55°
0
0 50 100 150 200 250 300 350
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1121849/CA

Tensão Normal (kPa)


Resistência Máxima Resistência Residual

Figura 4.34 - Envoltória de resistência da bentonita.

40
B99,50/EPS0,50
35
c=17,7 kPa
30 φ=2,80°
Tensão Cisalhante (kPa)

25
20
15
10 B99,50/EPS0,50
5 c=11,9 kPa
φ=0,95°
0
0 50 100 150 200 250 300 350
Tensão Normal (kPa)
Resistência Máxima Resistência Residual

Figura 4.35 - Envoltória de resistência da mistura B99,50/EPS0,50.


96

40
B99,25/EPS0,75
35
c=16,7 kPa
φ=3,38°

Tensão Cisalhante (kPa)


30
25
20
15
10 B99,25/EPS0,75
c=9,01 kPa
5
φ=2,55°
0
0 50 100 150 200 250 300 350
Tensão Normal (kPa)
Resistência Máxima Resistência Residual

Figura 4.36 - Envoltória de resistência da mistura B99,25/EPS0,75.

A Tabela 4.5 apresenta os parâmetros de resistência máxima e residual do


PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1121849/CA

bentonita e de todas as misturas solo-EPS no ponto correspondente ao deslocamento


horizontal de 15mm.
97

Tabela 4.5 - Resumo ângulo de atrito e coesão da bentonita e de cada mistura solo-EPS.

Resistência Máxima Resistência Residual


Material/Mistura
Coesão Ângulo de Coesão Ângulo de
(kPa) atrito (°) (kPa) atrito (°)

B100 16,4 3,03 12,4 0,55

B99,50/EPS0,50 17,7 2,80 11,9 0,95

B99,25/EPS0,75 16,7 3,38 9,01 2,55

A partir dos resultados obtidos, observa-se que a adição das pérolas de EPS à
bentonita, em relação a resistência máxima, gera um aumento na coesão da mistura
B99,50/EPS0,50 e uma redução no ângulo de atrito em relação a bentonita pura,
enquanto que na mistura B99,25/EPS0,75 tanto a coesão quanto o ângulo de atrito
aumentam em relação aos valores da bentonita isenta de material.
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No caso da resistência residual, nota-se que à medida que o teor de pérola de


EPS aumenta o valor da coesão diminui e o ângulo de atrito aumenta. Isso enfatiza que
as pérolas de EPS mudam o comportamento mecânico do material em termos de
influência de resistência de pico e pós-pico.
5
Considerações Finais

5.1.
Conclusões

A partir dos resultados apresentados e das análises realizadas foi possível chegar
às conclusões abordadas neste capítulo final.
A adição de pérolas de EPS aos três tipos de solo, coluvionar argiloso, arenoso e
bentonita, mostraram o comportamento distinto de cada solo à inserção do EPS. Assim,
o desenvolvimento de um novo material geotécnico com a utilização deste resíduo tem
seu início nesta pesquisa, já que foi observada uma melhoria das propriedades
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mecânicas deste novo material.


A seguir estão apresentadas as principais conclusões relacionadas à adição de EPS
aos solos utilizados neste trabalho:
 Os parâmetros de compactação das misturas solo argiloso-EPS são
influenciados pelo teor de pérola de EPS. O peso específico seco e a
umidade ótima decrescem para maiores teores de EPS;
 O comportamento mecânico dos compósitos depende do teor de pérolas de
EPS inserido no solo. Ao adicionar pérolas de EPS ao solo, existe uma
tendência de sempre aumentar um dos parâmetros de resistência, enquanto
o outro diminui. Assim, pode-se concluir que quando a coesão aumenta, o
ângulo de atrito diminui, e vice-versa;
 O teor de pérolas de EPS e a tensão de confinamento influenciam o
comportamento mecânico dos compósitos, sendo que não se tem uma
tendência de comportamento bem definida ao analisar cada fator
independentemente;
 Para os compósitos de solo argiloso, a inserção de pérolas de EPS é mais
efetiva para tensões de confinamento baixa, de aproximadamente 50 kPa.
Isso indica que a mistura solo argiloso- EPS pode ser usada em obras
superficais com baixas tensões, fundações superficiais, aterros sobre solos
moles, camadas superiores de taludes. Para altas tensões de confinamento,
99

apesar do resultado para o solo puro ter sido melhor, existe um certo
paralelismo nas curvas com EPS, que não apresentam pico, e sim um
aumento progressivo de resistência. Assim, como o equipamento triaxial
atingiu somente 17% de deformação, não ficou evidente o comportamento
da mistura solo-EPS para grandes deformações, então há possibilidade da
resistência da mistura ultrapassar a do solo puro;
 Para os compósitos de solo arenoso, a inserção de pérolas de EPS é mais
efetiva para tensões de confinamento de aproximadamente 150kPa;
 Para os compósitos de bentonita, a inserção de pérolas de EPS é mais
efetiva para tensões de confinamento elevadas, a partir de 100 kPa já se
observa melhora. Essa melhora continua sendo observada para tensões de
300 kPa;
 Em relação à resistência máxima dos ensaios de cisalhamento direto com a
bentonita, a adição das pérolas de EPS gerou um aumento na coesão da
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mistura B99,50/EPS0,50 e uma redução no ângulo de atrito em relação à


bentonita pura, enquanto que na mistura B99,25/EPS0,75 tanto a coesão
quanto o ângulo de atrito aumentam em relação aos valores da bentonita
isenta de material;
 No caso da resistência residual nos ensaios com a bentonita, nota-se que à
medida que o teor de pérola de EPS aumenta o valor da coesão diminui e o
ângulo de atrito aumenta, enfatizando que as pérolas de EPS mudam o
comportamento mecânico do material em termos de influência de
resistência de pico e pós-pico;
 O comportamento observado para cada tipo de solo pode estar
relacionado com a umidade, diâmetro dos grãos, entre outros fatores,
podendo o material estar trabalhando de um lado como reforço e de outro
como estabilizante;
 Nesse trabalho, foi possível concluir que os compósitos possuem
características de resistência que poderiam cumprir as exigências de
determinadas obras geotécnicas. O fato de materiais de aterramento
convencionais estarem se tornando mais escassos e caros, uma solução
viável é o uso de pérolas de EPS adicionada ao solo.
100

5.2

Sugestões para pesquisas futuras

A seguir são citadas algumas sugestões para ampliar o conhecimento e prosseguir


com os estudos sobre o reforço de solos com a inserção de pérolas de EPS

 Realizar ensaios de permeabilidade nas misturas solo-EPS e nos solos


puros, a fim de conhecer a influência da presença de pérolas de EPS na
condutividade hidráulica;
 Realizar tanto ensaios triaxiais convencionais de compressão, bem como
triaxiais de extensão em misturas solo-EPS, para verificação de diversos
tipos de comportamento;
 Realizar ensaios “ring shear” para conhecer o comportamento (resistência
residual) dos compósitos e dos solos submetidos a grandes deformações;
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 Desenvolver modelos de previsão de comportamento resistência-


deformação, sendo este de muita importância para a simulação numérica
de obras geotécnicas;
 Realizar ensaios triaxiais com tensões menores, como 20 kPa, em solo
argiloso coluvionar, para saber o comportamento em tensões inferiores as
que foram ensaiadas nesse trabalho. Uma vez que nesse trabalho foi visto
que para esse solo os resultados se apresentaram melhores para baixas
tensões de confinamento;
 Realizar ensaios de cisalhamento direto na bentonita com tensões
elevadas, acima de 300 kPa, a fim de saber o comportamento em tensões
superiores as que foram ensaiadas nesse trabalho. Assim, dára para
concluir se a resistência do solo continuará aumentando com o aumento da
tensão confinante;
 Realizar ensaios em solo-EPS em verdadeira grandeza (ensaios de placa,
por exemplo) para a avalização do recalque;
 Realizar ensaios com diferentes diâmetros de grãos e umidade, a fim de
concluir qual parâmetro influência no comportamento observado para cada
solo perante aos tipos de carregamento.
6
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