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Freddy Nelson Guevara Peralta

Comparação de Métodos de Projeto para Muros de Solo


Reforçado com Geossintéticos
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521511/CA

Dissertação de Mestrado

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Engenharia Civil da PUC-Rio como
requisito parcial para obtenção do titulo de Mestre
em Engenharia Civil.

Orientadores: Alberto de Sampaio Ferraz Jardim Sayão


Leonardo de Bona Becker

Rio de Janeiro
Novembro de 2007
Freddy Nelson Guevara Peralta

Comparação de Métodos de Projeto para Muros de Solo


Reforçado com Geossintéticos

Dissertação apresentada como requisito parcial para


obtenção do grau de Mestre pelo Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Civil da PUC-Rio. Aprovada
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521511/CA

pela Comissão Examinadora abaixo assinada.

Alberto de Sampaio Ferraz Jardim Sayão


Orientador
PUC-Rio

Leonardo de Bona Becker


Co-Orientador
UFRJ

Sergio Augusto Barreto da Fontoura


PUC-Rio

Anna Laura Lopes da Silva Nunes


COPPE-UFRJ

Mauricio Ehrlich
COPPE-UFRJ

José Eugênio Leal


Coordenador Setorial do Centro Técnico Científico - PUC-Rio

Rio de Janeiro, 14 de novembro de 2007


Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total
ou parcial do trabalho sem autorização da universidade, do
autor e do orientador.

Freddy Nelson Guevara Peralta


Graduou-se em Engenharia Civil em 2001 pela Universidad
Nacional de Ingeniería (UNI-Peru). Trabalhou na área de
projetos, construção e supervisão de obras rodoviárias,
Ingressou em 2005 no curso de mestrado em Engenharia
Civil da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro,
na área de Geotecnia, desenvolvendo dissertação de
mestrado na linha de pesquisa experimental.

Ficha Catalográfica

Guevara, Freddy Nelson Peralta


PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521511/CA

Comparação de métodos de Projeto para Muros de Solos


Reforçado com Geossintéticos / Freddy Nelson Guevara Peralta;
Orientadores: Alberto de Sampaio Ferraz Jardim Sayão e
Leonardo de Bona Becker - Rio de Janeiro: PUC, Departamento
de Engenharia Civil, 2007.

v., 162 f.: il. ; 29,7 cm.

Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica


do Rio de Janeiro, Departamento de Engenharia Civil.

Incluí referências bibliográficas.

1. Engenharia civil – Teses. 2. Muros de solo Reforçado. 3.


Geossintéticos. 4. Forças de tração. 5. Monitoramento. 6 Análise
numérica. 7 Método de elementos finitos, I. Alberto de Sampaio
Ferraz Jardim Sayão. II. Leonardo de Bona Becker. III. Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro. Departamento de
Engenharia Civil. IV. Título.

CDD: 624
Agradecimentos

É difícil poder expressar todo meu agradecimento somente com palavras às


pessoas que me ajudaram e apoiaram no desenvolvimento desta pesquisa.

Agradeço à minha esposa Milagros, pelo carinho e compreensão com minhas


ausências junto a nosso filho Luis Enrique durante meus estudos de mestrado.

Agradeço aos meus queridos pais, Silvia e Urbano, pelo apoio, compreensão e
carinho durante todo este tempo.

Aos meus irmãos, Armando, Ivan, Ruben, Pilar e Arturo, pelo apoio e a confiança.
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À memória de meu irmão Luis que sempre está em minha mente e coração.

Aos meus sogros Victor e Victoria, pelo apoio e compreensão durante este tempo.

Ao Professor Alberto Sayão, pela orientação e amizade durante esta pesquisa.

Ao Professor Leonardo Becker, pela grande ajuda e incentivo no desenvolvimento


desta pesquisa.

Aos professores da PUC-Rio, obrigado pela aprendizagem.

Aos professores que participaram da comissão examinadora.

Aos meus amigos pelo apoio no desenvolvimento desta pesquisa.

À secretária de pós-graduação Rita de Cássia pela grande ajuda e amizade nestes


anos de mestrado.

Ao professor Zenon Aguilar (UNI – Peru) pelo apoio e incentivo em estudar o


mestrado.

Meus sinceros agradecimentos a todas aquelas pessoas não citadas, mas que de
alguma forma contribuíram para o sucesso deste trabalho.

À CAPES, ao CNPq e a PUC-Rio, pelo apoio financeiro, indispensável para a


realização deste trabalho.
Resumo

Freddy Nelson Guevara Peralta. Comparação de Métodos de Projeto para


Muros de Solo Reforçado com Geossintéticos. Rio de Janeiro, 2007. 162p.
Dissertação de Mestrado - Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Atualmente, muitos projetistas utilizam diferentes métodos para o projeto de


muros de solo reforçado com geossintéticos. Uma avaliação desses diversos
métodos pode ser realizada pela comparação com os resultados obtidos do
monitoramento de casos reais e suas respectivas retro-análises, sendo este o
objetivo desse trabalho. Na presente pesquisa, três casos reais bem documentados
de muros de solo reforçado (MSR) com geossintéticos, construídos no Brasil,
foram selecionados para análise. O monitoramento destas estruturas registra a
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força de tração em cada camada de reforço, ao final da construção. A magnitude


de força máxima de tração, medida nos reforços foi comparada com os resultados
previstos pelos diferentes métodos de projeto. Além disso, foram realizadas
simulações numéricas para avaliar o desenvolvimento de forças de tração nos
reforços e comparar os resultados medidos com os previstos pelas simulações.
Estas comparações indicam que, em dois dos três casos avaliados, os métodos
baseados em equilíbrio limite subestimaram os valores de força de tração,
principalmente nas camadas superiores. Isto vale para MSR compactados com
equipamentos de alta energia. O método analítico sob condições de trabalho,
proposto por Ehrlich e Mitchell (1994), prevê resultados superiores aos registrados
em campo, ou seja, a favor de segurança, para os três casos avaliados. A
simulação numérica consegue obter ordens de grandeza das forças de tração
máxima próxima aos resultados de campo. A formulação de Ehrlich e Mitchell
(1994) para o cálculo da tensão vertical induzida durante a compactação, em
conjunto com a modelagem por MEF, aponta resultados coerentes para os três
muros.

Palavras-chave
Muros de solo reforçado, Geossintéticos, Forças de tração, Análise numérica
de muro reforçado.
Abstract

Freddy Nelson Guevara Peralta. Comparison of design methods for


geosynthetics reinforced soil wall. Rio de Janeiro, 2007. 162p. M.Sc.
Dissertation - Civil Engineering Departament, Pontifical Catholic University
of Rio de Janeiro.

Currently, several different methods for designing geosynthetic reinforced


soil walls are available in the literature. An evaluation of these methods can be
carried on by a direct comparison with the observed response of instrumented
walls in the field. This comparison is the main objective of this research work.
Three case histories of geosynthetic reinforced soil wall, constructed in Brazil,
were selected for this research. The monitored response of these structures
registered the tension in each reinforcement layer during construction. The
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maximum values of reinforcement tension have been compared with the computed
values from different design methods. Moreover, predicted tension values from
numerical simulations were also compared to the measured values in each
reinforcement layer in the instrumented field walls. These comparisons indicate
that, in two of the three evaluated cases, the design methods based on limit
equilibrium underestimated the maximum tension. This was noted to be
particularly significant in the upper layers of reinforced walls compacted under
high energy levels. The analytical method based on work conditions proposed by
Ehrlich and Mitchell (1994) resulted in tension values higher than those registered
in the field instrumentation, for the three selected cases. Numerical simulations
predicted maximum tension in reinforcements with similar values than those from
the field instrumentation. The Ehrlich and Mitchell (1994) formulation for
predicting the vertical tension induced by compaction resulted coherent with
computed values from numerical finite element method for the three walls
evaluated herein.

Keywords
Reinforced soil wall, Geosynthetics, Reinforcement tension, Numerical
analysis of reinforced wall.
Sumário

1 Introdução 23
1.1. Considerações preliminares 23
1.2. Objetivos da pesquisa 24
1.3. Metodologia 24
1.4. Estrutura da tese 25

2 Revisão bibliográfica 26
2.1. Introdução 26
2.2. Geossintéticos e suas propriedades relevantes 27
2.2.1. Geossintéticos aplicados ao reforço de solos 30
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2.2.1.1. Geotêxteis 30
2.2.1.2. Geogrelhas 32
2.3. Estruturas de solo reforçado 34
2.3.1. Sistemas construtivos disponíveis 34
2.3.2. Estabilidade de muros reforçados 36
2.4. Métodos de projeto para análise de estabilidade interna de MSR 39
2.4.1. Métodos baseados nas condições de ruptura 40
2.4.1.1. Método de equilíbrio limite - Tieback 41
2.4.1.2. Métodos de Slope Stability 45
2.4.2. Métodos baseados nas condições de trabalho 51
2.4.2.1. Método de K-Stiffness 52
2.4.2.2. Método de Ehrlich e Mitchell (1994) 54
2.4.3. Análise numérica em solo reforçado 61
2.5. Força de tração nos reforços 64
2.5.1. Medições de forças de tração no reforço 65
2.5.2. Influência da característica do solo 66
2.5.3. Influência da rigidez do reforço 68
2.5.4. Influência da compactação do solo 69
2.5.5. Influência da rigidez da face 72
3 Análises de casos reais de muros de solo reforçados com
geossintéticos 75
3.1. Introdução 75
3.2. Comportamento de geogrelhas em muros de solo reforçado 77
3.2.1. Vista geral 77
3.2.2. Características dos materiais 78
3.2.3. Plano de instrumentação 79
3.2.4. Resultados da instrumentação do muro 83
3.2.4.1. Recalques da base das seções instrumentadas 83
3.2.4.2. Resultados dos deslocamentos dos reforços 83
3.3. Avaliação experimental de protótipos de solo reforçado com
geotêxtil 84
3.3.1. Descrição geral 84
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3.3.2. Características dos materiais 85


3.3.3. Instrumentação 85
3.3.4. Resultados da instrumentação 88
3.3.4.1. Deslocamento e deformações no reforço 88
3.3.4.2. Deslocamentos da face do muro 90
3.4. Muro de solo reforçado construído com solos finos tropicais 91
3.4.1. Vista geral 91
3.4.2. Características dos materiais 92
3.4.3. Plano de instrumentação 93
3.4.4. Resultados da instrumentação do muro 94
3.4.4.1. Forças de tração no reforço 94
3.5. Conclusões 95

4 Comparação dos métodos de projeto com resultados de campo 97


4.1. Introdução 97
4.2. Métodos de projeto adotados 97
4.2.1. Dados de entrada 98
4.3. Descrição dos casos reais avaliados 98
4.4. Condições de comparação 100
4.5. Aplicação dos métodos ao Muro 1 101
4.5.1. Dados de entrada 101
4.5.2. Métodos de equilíbrio limite 101
4.5.3. Métodos baseados nas condições de trabalho 106
4.6. Aplicação dos métodos ao Muro 2 108
4.6.1. Dados de entrada 108
4.6.2. Métodos de equilíbrio limite 109
4.6.3. Métodos baseados nas condições de trabalho 113
4.7. Aplicação dos métodos ao Muro 3 115
4.7.1. Dados de entrada 115
4.7.2. Métodos de equilíbrio limite 116
4.7.3. Métodos baseados nas condições de trabalho 120
4.8. Conclusões 122

5 Simulação numérica dos muros reforçados 124


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5.1. Introdução 124


5.2. Características gerais da simulação 124
5.2.1. Programa utilizado 124
5.2.2. Tipos de elementos finitos utilizados 125
5.2.3. Modelos e propriedades dos materiais 125
5.2.3.1. Modelo Elástico 125
5.2.3.2. Modelo Mohr – Coulomb 126
5.2.3.3. Modelo Hardening Soil 126
5.2.4. Elementos de reforço 130
5.3. Técnicas usadas para a simulação numérica 130
5.3.1. Geração do modelo 130
5.3.2. Condições de contorno 131
5.3.3. Efeitos de compactação 131
5.3.4. Sistema de face 131
5.3.5. Simulação da construção do muro 132
5.4. Resultados da simulação numérica 133
5.4.1. Dados de entrada 133
5.4.2. Resultados do Muro 1 135
5.4.3. Resultados do Muro 2 138
5.4.4. Resultados do Muro 3 140
5.5. Conclusões 142

6 Comparação dos métodos analíticos com as simulações numéricas 144


6.1. Introdução 144
6.2. Métodos de projeto 144
6.3. Aplicação dos métodos aos casos reais 145
6.3.1. Muro 1 145
6.3.2. Muro 2 146
6.3.3. Muro 3 148
6.4. Conclusões 150

7 Considerações finais 152


7.1. Conclusões 152
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7.2. Sugestões 154

Referências bibliográficas 155


Lista de figuras

Figura 2.1 – Geossintéticos comumente usados em obras geotécnicas: a)


geotêxteis, b) geogrelhas, c) geocompostos e d) geomembranas. 28
Figura 2.2 – Utilização de geossintéticos em obras geotécnicas. 31
Figura 2.3 – Geotêxteis tecidos (a e b) e não tecidos (c e d). 33
Figura 2.4 – Tipos de geogrelhas. (a) extrudada bidirecional, (b) extrudada
unidirecional, (c) soldada, (d) tecida, (e) soldada a laser. 33
Figura 2.5 – Classificação de muros e taludes reforçados de acordo à Norma
Europea PREN 14475. 35
Figura 2.8 – Modos de ruptura na análise de estabilidade externa (Bonaparte
et al.,1987). 38
Figura 2.9 – Mecanismo de interação: a) atrito; b) resistência passiva
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(Jewell, 1996). 38
Figura 2.10 – Modos de ruptura interna idealizados por Jones (1996). 38
Figura 2.11 – Definição da zona ative e resistente e mecanismo de
transferência de tensões (Lee, 2000). 39
Figura 2.12 – Procedimento de análise Tieback (Bonaparte et al. 1987). 42
Figura 2.13 – Distribuição da tensão lateral de solo considerada pelos
diferentes métodos de projeto Tieback (Claybourn e Wu,1993). 44
Figura 2.14 – Análise de estabilidade considerando que a tensão no reforço
não altera a resistência do solo (Bonaparte et al., 1987). 46
Figura 2.15 – Análise de estabilidade considerando que a tensão no reforço
incrementa a resistência do solo (Bonaparte et al., 1987). 46
Figura 2.16 – Ábaco para a determinação do coeficiente de força do método
de Schmertmann et al. (1987). 49
Figura 2.17 – Reorientação das forças de tração no reforço (Oliveira, 2000). 49
Figura 2.18 – Forças atuantes na cunha de ruptura e o polígono de forças
(Leshchinsky e Perry, 1989). 50
Figura 2.19 – Determinação da extensão da superfície de ruptura
(Leshchinsky e Perry, 1989). 50
Figura 2.20 – Ábaco para o cálculo do coeficiente de pressão de terra Kreq,
(Jewell, 1991). 51
Figura 2.21 – Cálculo de Dtmax com a profundidade normalizada para MSR
com geossintéticos (Allen e Bathurst., 2001a). 54
Figura 2.22 – Mecanismo de equilíbrio interno (Ehrlich e Mitchell., 1994). 55
Figura 2.23 – Trajetória de tensões do modelo (Ehrlich e Mitchell,1994). 56
Figura 2.24 – Ábacos para taludes de 90º e coesão nula (Dantas e Ehrlich,
2000). 60
Figura 2.25 – Lugar geométrico dos pontos de tração máxima (Dantas e
Ehrlich, 2000). 61
Figura 2.26 – Propriedades dos materiais envolvidas no desenvolvimento
dos modelos analíticos (adaptado de Lee, 2000). 62
Figura 2.27 – Efeito da rigidez do reforço (Adib, 1988). 65
Figura 2.29 – Ilustração esquemática sobre o estado de tensões e
deformações em um elemento hipotético de solo reforçado (Dantas, 2004). 69
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Figura 2.30 – Acréscimo de tensão no solo devido à operação de


compactação (Dantas, 2004). 70
Figura 2.31 – Influência da compactação do solo na tração atuante nos
reforços, para estruturas com face rígida e diferentes índices de rigidez
relativa (Loiola, 2001). 71
Figura 2.32 – Evolução de Tmax ao longo do reforço (Saramago, 2002). 72
Figura 2.33 – Diagrama ilustrativo para o caso em que
TTR > TA > (TR + TW , max ) (Tatsuoka, 1993). 73

Figura 3.2 – Detalhe da seção transversal típica da MSR com geogrelha


(Becker, 2006). 78
Figura 3.3 – Vista em planta das duas seções instrumentadas (Becker, 2006). 79
Figura 3.4 – Posicionamento dos tell-tales nas geogrelhas, com distâncias
referênciadas à face do muro (Becker, 2006). 80
Figura 3.5 – Disposição dos tell-tales na geogrelha e vista da estrutura de
suporte do equipamento de leitura na face do muro reforçado (Becker, 2006). 81
Figura 3.6 – Detalhes da caixa sueca (Becker, 2006). 81
Figura 3.7 – Marco topográfico instalado na face do muro, entre duas
camadas de sacaria (Becker 2006). 82
Figura 3.8 – Seção transversal instrumentada com tell-tales, marcos
superficiais e caixas suecas (Becker 2006). 82
Figura 3.9 – Recalques na base do muro de solo reforçado para a seção
E20+15 (Becker, 2006). 83
Figura 3.10 – Instrumentação do protótipo (Benjamin, 2006). 86
Figura 3.11 – Esquema de uma manta instrumentada com tell tales
(Benjamin, 2006). 87
Figura 3.12 – Sistema para acompanhar o deslocamento da face (Benjamin,
2006). 87
Figura 3.13 – Medição dos deslocamentos da face utilizando equipamentos
de topografia (Benjamin, 2006). 87
Figura 3.14 – Curvas de deformação para o protótipo 8 ao final da
construção (Benjamin 2006). 89
Figura 3.15 – Superfícies de força de tração máxima dos reforços para várias
idades (Benjamin, 2006). 90
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Figura 3.16 – Deslocamentos da face do protótipo 8 medidos diretamente


pelos tell- tales (Benjamin, 2006). 91
Figura 3.17 – Posicionamento dos instrumentos vista em corte (Riccio e
Ehrlich, 2007). 93
Figura 3.18 – Posicionamento dos instrumentos vista em planta da camada
numero 3 (Riccio e Ehrlich, 2007). 94
Figura 3.19 – Distribuição de carga ao longo dos reforços instrumentados, ao
final da construção (Riccio e Ehrlich, 2007). 95
Figura 4.1 – Valores de força de tração máxima medidos (campo) e previstos
(equilíbrio limite – tieback) – Muro 1. 103
Figura 4.2 – Muro 1 – Valores de máxima força de tração medidos (campo)
e previstos (equilíbrio limite – slope stability) – Muro 1. 105
Figura 4.3 – Valores de força de tração máxima medidos (campo) e previstos
(nas condições de trabalho) – Muro 1. 107
Figura 4.4 – Valores de força de tração máxima medidos (campo) e previstos
(equilíbrio limite – tieback) – Muro 2. 110
Figura 4.5 – Valores de máxima força de tração medidos (campo) e previstos
(equilíbrio limite – slope stability) – Muro 2. 112
Figura 4.6 – Análises de estabilidade de talude de muro 2 sob condições
estáticas sem reforço. (Slide 5.0). 113
Figura 4.7 – Valores de força de tração máxima medidos (campo) e previstos
(nas condições de trabalho) – Muro 2. 115
Figura 4.8 – Valores de força de tração máxima medidos (campo) e previstos
(equilíbrio limite – tieback) – Muro 3. 118
Figura 4.9 – Valores de máxima força de tração medidos (campo) e previstos
(equilíbrio limite – slope stability) – Muro 3. 120
Figura 4.10 – Muro 3 – Valores de força de tração máxima medidos (campo)
e previstos (nas condições de trabalho). 122
Figura 5.1 – Relação hiperbólica tensão – deformação para ensaios triaxiais
CU (Brinkgreve, 2004). 127
ref
Figura 5.2 – Determinação do valor de E oed em ensaios de adensamento
(Brinkgreve, 2004). 128
Figura 5.3 – Simulação por etapas do processo construtivo dos muros. 132
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Figura 5.4 – Detalhe da geometria do muro 1. 134


Figura 5.5 – Detalhe da geometria do muro 2 135
Figura 5.6 – Detalhes da geometria do muro 3. 135
Figura 5.7 – Detalhe da deformada ao final da construção de muro 1. 136
Figura 5.8 – Comparação entre as forças de tração previstas e medidas para o
muro 1. 137
Figura 5.9 – Detalhe da deformada de muro 2 ao final da construção 138
Figura 5.10 – Comparação entre as forças de tração previstas e medidas para
o muro 2. 139
Figura 5.11 – Detalhe da deformada do muro 3 ao final da construção. 140
Figura 5.12 – Comparação entre as forças de tração previstas e medidas para
o muro 3. 141
Figura 6.1 – Valores de máxima força de tração medidos (campo) e previstos
– Muro 1. 145
Figura 6.2 – Valores de máxima força de tração medidos (campo) e previstos
– Muro 2. 147
Figura 6.3 – Comparação entre os resultados medidos em campo e os
previstos – Muro 3. 149
Lista de tabelas

Tabela 2.1 – Vantagens e desvantagens dos principais polímeros. 27


Tabela 2.2 – Principais funções dos geossintéticos (Bueno, 2003). 29
Tabela 2.3 – Tipos de geossintéticos e suas principais funções (Bueno,
2003). 30
Tabela 2.4 - Métodos de análise tieback para o projeto de MSR com
geossintéticos. 42
Tabela 2.5 – Métodos de análise de equilíbrio limite - slope stability. 47
Tabela 2.6 – Características das análises numéricas citadas na literatura
(Becker, 2006). 64
Tabela 2.7 – Especificações de materiais de aterro para MSR com
geossintéticos (Elias et al., 2001). 67
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Tabela 3.1 – Resumo das características dos muros instrumentados. 76


Tabela 3.2 – Propriedades médias de solo empregado (Becker, 2006). 78
Tabela 3.3 – Propriedades das geogrelhas (Becker, 2006). 79
Tabela 3.4 – Instrumentos empregados no monitoramento do muro de solo
reforçado (Becker, 2006). 82
Tabela 3.5 – Forças de tração máxima medidas em campo para o muro 1. 84
Tabela 3.6 – Parâmetros de resistência ao cisalhamento (Benjamin, 2006). 85
Tabela 3.7 – Características dos geotêxteis (Benjamin, 2006). 85
Tabela 3.8 – Forcas de tração máxima medidas em campo para o muro 2. 90
Tabela 3.9 – Curvas granulométricas dos solos (Riccio e Ehrlich, 2007). 92
Tabela 3.10 – Resultados dos ensaios de caracterização (Riccio e Ehrlich,
2007). 92
Tabela 3.11 – Resultados dos ensaios triaxiais (Riccio e Ehrlich, 2007). 92
Tabela 3.12 – Propriedades nominais das geogrelhas (HUESKER, 1999). 92
Tabela 3.13 – Forças de tração máxima medidas em campo para o muro 3. 95
Tabela 4.1 – Resumo dos métodos de projeto para o dimensionamento de
MSR com geossintéticos adotados para análise. 98
Tabela 4.2 – Resumo dos MSR com geossintéticos. 99
Tabela 4.3 – Resumo dos dados de entrada para o muro 1. 101
Tabela 4.4 – Máximas forças de tração segundo os métodos de equilíbrio
limite (tieback) – Muro 1. 102
Tabela 4.5 – Valores de Tprevisto Tmedido para as três camadas de reforço

instrumentadas (tieback) – Muro 1. 102


Tabela 4.6 – Máximas forças de tração segundo os métodos de equilíbrio
limite (slope stability) – Muro 1. 104
Tabela 4.7 – Valores de Tprevisto Tmedido para as três camadas de reforço

instrumentadas (slope stability) – Muro 1. 105


Tabela 4.8 – Métodos baseados nas condições de trabalho.- Muro 1. 106
Tabela 4.9 – Valores de Tprevisto Tmedido para três camadas de reforço

instrumentadas (nas condições de trabalho) – Muro 1. 107


Tabela 4.10 – Resumo dos dados de entrada para o muro 2. 108
Tabela 4.11 – Máxima força de tração segundo os métodos de equilíbrio
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limite (tieback) – Muro 2. 109


Tabela 4.12 – Valores de Tprevisto Tmedido para as camadas de reforço

instrumentadas (tieback) – Muro 2. 109


Tabela 4.13 – Máximas forças de tração segundo os métodos de equilíbrio
limite (slope stability) – Muro2. 111
Tabela 4.14 – Valores de Tprevisto Tmedido para quatro camadas de reforço

instrumentadas (slope stability) – Muro 2. 112


Tabela 4.15 – Máximas forças de tração segundo os métodos baseados nas
condições de trabalho – Muro2. 114
Tabela 4.16 – Valores de Tprevisto Tmedido para quatro camadas de reforço

instrumentadas (nas condições de trabalho) – Muro 2. 114


Tabela 4.17 – Resumo dos dados de entrada para o muro 3. 116
Tabela 4.18 – Máximas forças de tração segundo os métodos de equilíbrio
limite (tieback) – Muro 3. 117
Tabela 4.19 – Valores de Tprevisto Tmedido para quatro camadas de reforço

instrumentadas (tieback) – Muro 3. 117


Tabela 4.20 – Máxima força de tração segundo os métodos de equilíbrio
limite (slope stability) – Muro 3. 119
Tabela 4.21 – Valores de Tprevisto Tmedido em quatro camadas de reforço

instrumentadas – Muro 3. 119


Tabela 4.22 – Máximas forças de tração segundo os métodos baseados nas
condições de trabalho – Muro 3. 121
Tabela 4.23 – Valores de Tprevisto Tmedido em quatro camadas de reforço

instrumentadas – Muro 3. 121


Tabela 5.1 – Parâmetros do modelo Hardening Soil. 129
Tabela 5.2 – Parâmetros de entrada para a simulação numérica do muro 1. 133
Tabela 5.3 – Parâmetros de entrada para a simulação numérica do muro 2. 133
Tabela 5.4 – Parâmetros de entrada para a simulação numérica do muro 3. 133
Tabela 5.5 – Parâmetros de entrada do reforço para os muros avaliados 134
Tabela 5.6 – Forças de tração máximas em diferentes camadas obtidas pelo
MEF para o muro 1. 136
Tabela 5.7 – Cálculo de Tprevisto Tmedido em três camadas de reforço
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instrumentadas – Muro 1. 136


Tabela 5.8 – Forças de tração máximas em diferentes camadas obtidas pelo
modelo numérico para o muro 2. 138
Tabela 5.9 – Cálculo de Tprevisto Tmedido em três camadas de reforço

instrumentadas – Muro 2. 139


Tabela 5.10 – Forças de tração máxima em diferentes camadas obtidos pelo
MEF para o muro 3. 140
Tabela 5.11 – Cálculo de Tprevisto Tmedido em três camadas de reforço

instrumentadas – Muro 3. 141


Tabela 6.1 – Métodos de projeto a confrontar nesta pesquisa. 144
Tabela 6.2 – Cálculo de Tprevisto Tmedido para três camadas de reforço

instrumentadas – Muro 1. 145


Tabela 6.3 – Cálculo de Tprevisto Tmedido para quatro camadas de reforço

instrumentadas – Muro 2. 147


Tabela 6.4 – Cálculo de Tprevisto Tmedido para quatro camadas de reforço

instrumentadas – Muro 3. 148


Lista de Símbolos

Romanos

a Constante adimensional em função da rigidez fornecido pelo método de


Allen et al. (2003)

Ar Área de seção transversal do reforço

c Coesão do solo

c' Coesão efetiva do solo

d Constante fornecido pelo método de Allen et al. (2003)

Dt max Fator de distribuição para estimar Tmax no método de Allen et al. (2003)
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e Excentricidade

E Módulo de Young

Er Módulo de elasticidade do reforço

E oed Rigidez tangente para deformações volumétricas

ref
E oed Rigidez tangente para uma tensão vertical de referência obtida em um
ensaio odométrico

Eur Rigidez secante para trajetórias de descarregamento e recarregamento

E urref Rigidez secante para trajetórias de descarregamento e recarregamento


para uma tensão de confinamento de referência

E50 Rigidez secante correspondente à metade da tensão desviadora de


ruptura

E 50ref Rigidez secante correspondente à metade da tensão desviadora de


ruptura para uma tensão de confinamento de referencia

H Altura do muro

J Módulo de deformabilidade de uma camada de reforço

J ave Módulo de deformabilidade médio de todas as camadas de reforço em


toda a seção do muro

K Coeficiente de empuxo no método de Schmertmann et al. (1987)


Ka Coeficiente de empuxo ativo

K aa Coeficiente de empuxo ativo equivalente

K abh Componente horizontal da pressão ativa de terra

K avh Componente vertical da pressão ativa de terra

K ar Coeficiente de empuxo traz do muro

Kc Coeficiente de empuxo de equilíbrio no carregamento

Ko Coeficiente de empuxo no repouso

K onc Coeficiente de empuxo no repouso para solos normalmente


consolidados

K req Constante de empuxo fornecido pelo método de Jewell (1991)


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Kr Coeficiente do empuxo de equilíbrio no descarregamento

K rE Coeficiente de empuxo no método de Elias et al. (2001)

K ∆2 Coeficiente de decréscimo do empuxo lateral para o descarregamento


sob condição K o

L Comprimento do rolo

Le Comprimento inserido na zona resistente

Lr Comprimento inserido na zona ativa

LR Comprimento do reforço

m Função de potência

M Módulo de deformabilidade do compósito

Nγ Fator de capacidade de carga

n Módulo exponente de Duncan et al (1980|)

Pa Pressão atmosférica

q Sobrecarga
− Tensão desviadora
q
Q Força vertical máxima de operação

Rf Parâmetro do modelo hiperbólico de Duncan et al. (1980)

S Altura de sobrecarga

S global Rigidez global dos reforços

Sh Espaçamento horizontal

Si Índice de rigidez relativa solo – reforço

S local Rigidez local do reforço

Sv Espaçamento vertical

tj Força de tração solicitante no reforço j

T Força horizontal total necessária à estabilização do talude reforçado.


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TA Resistência ao arrancamento no trecho da zona ativa

TR Resistência ao arrancamento no trecho da zona resistente

Tmax Força de tração máxima

Tmedido Força de tração medida em campo

T previsto Força de tração prevista pelo método de projeto

T projeto Força de tração de projeto no reforço

Treforço Força de tração no reforço

Trup Força de tração máxima na ruptura

TTR Resistência à tração do reforço

Tw Força de tração no reforço mobilizada pela conexão com a face

u Poropressão
y Altura de elevação a partir da base do muro

yj Altura de elevação do reforço j


z Profundidade abaixo do topo do muro

ze Profundidade do lugar geométrico dos pontos de tração máxima.

Gregos

α Coeficiente de descarregamento de Duncan e Seed (1986)

β Ângulo de talude no método de Jewell (1991)

εa Deformação axial

Φ local Fator de rigidez local

Φ fb Fator de inclinação da face

Φ fs Fator de rigidez da face


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φ Ângulo de atrito do solo

∆σ v Acréscimos de tensão vertical de pico induzida pela compactação

∆σ h Acréscimos de tensão horizontal de pico induzida pela compactação

∆σ h ,r Acréscimos de tensão horizontal residual induzida pela compactação

γ Peso específico do solo

γ rz Peso específico traz do muro

ϕ Inclinação da reta tangente à superfície de ruptura

κs Rigidez cortante

κn Rigidez normal

k Parâmetro adimensional do módulo de Young para carregamento

k ur Parâmetro adimensional do módulo de Young para descarregamento e


recarregamento

ν Coeficiente de Poisson

νo Coeficiente de Poisson durante o carregamento


ν un Coeficiente de Poisson durante o descarregamento

θ Inclinação da superfície de ruptura

σ ave Tensão horizontal média do solo

σh Tensão horizontal

σv Tensão vertical

'
σ ref Tensão de referencia para a rigidez

σz Tensão vertical no solo à profundidade z

σ zc,i Máxima tensão vertical induzida pela compactação

σ xp,i Tensão horizontal induzida pela compactação


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σ zc' Tensão horizontal de equilíbrio no carregamento

σ xr' Tensão horizontal de equilíbrio no descarregamento

ω Inclinação do talude no método de Ehrlich e Mitchell (1994)


ψ Ângulo de dilatância

ζ Ângulo de orientação do reforço sobre a superfície de ruptura


1
Introdução

1.1.
Considerações preliminares

Em diversos países, uma das principais atividades em obras de proteção de


encostas tem sido a construção de muros de solo reforçado (MSR). Os
geossintéticos têm desempenhado importante função de reforço de solo em muros
e taludes reforçados devido à facilidade de instalação, flexibilidade da estrutura
final, rapidez de construção e baixo custo, em comparação com outros tipos de
estruturas de contenção.
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Diversos métodos de projeto foram desenvolvidos para análise e


dimensionamento de MSR com geossintéticos. O cálculo da força de tração nos
reforços é um parâmetro importante em análises da estabilidade interna, não só
para evitar a ruptura do reforço, mas também para dimensionar o espaçamento do
reforço e o comprimento necessário para evitar o arrancamento.
A literatura reporta trabalhos sobre a instrumentação de MSR com
geossintéticos em escala real, relatando o desenvolvimento das forças de tração
nos reforços sob condições de serviço. Alguns autores comparam os resultados de
forças de tração máxima prevista pelos métodos de projeto com os resultados
medidos. Entretanto, estes muros foram construídos sob condições especiais
(compactação com baixa energia, fundação adequada, pouca largura) e que
normalmente não acontecem em estruturas reais.
Pode-se citar o MSR com geossintéticos avaliado por Rowe e Ho (1993),
com dados do Royal Military College of Canada (RMC) comparando a máxima
força de tração prevista com os valores medidos pela instrumentação em campo.
Allen e Bathurst (2002) mostraram que os métodos de projeto são conservadores,
com base na comparação com os resultados de medições de 16 muros
instrumentados.
No Brasil, foram construídos alguns muros em escala real, com o objetivo
de ter uma visão clara do comportamento e de se obter um banco de dados de
24

referência. Utilizando este banco de dados de muros instrumentados, é possível


comparar os resultados de forças de tração máxima previstas pelos métodos de
projeto com os valores medidos em campo, sob condições de serviço. Nesta
condição, as conclusões podem diferir daquelas obtidas para a condição de
ruptura, reportada por outros pesquisadores.

1.2.
Objetivos da pesquisa

Os objetivos da presente pesquisa são os seguintes:


• Avaliar o comportamento de campo de muros instrumentados
selecionados, em relação às forças de tração nos reforços,
desenvolvidas sob condições de serviço;
• Avaliar os métodos de projeto para a previsão da força de tração
desenvolvida nos reforços;
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• Avaliar a possibilidade de utilização de métodos numéricos para


simular o comportamento de MSR com geossintéticos construídos
em diferentes condições.

1.3.
Metodologia

Pode-se dividir o trabalho em cinco etapas para uma melhor compressão de


sua metodologia.
A primeira etapa consiste em selecionar muros de solos reforçados com
geossintéticos, reportados na literatura e que apresentam os seguintes dados:
• Dados de medição de deformação ou força de tração nos reforços;
• Geometria do muro (altura, comprimento, espaçamento);
• Parâmetros de resistência de solo (c’, φ’);
• Parâmetros de deformabilidade do solo (E,ν)
• Parâmetros de resistência e deformabilidade do reforço (Trup, J);
• Características dos equipamentos de compactação.
A segunda etapa consiste em o cálculo da máxima força de tração em cada
camada de reforço. Isto foi feito a partir dos dados de deformação medida nos
reforços ao final da construção.
25

A terceira etapa é aplicação dos métodos de projeto aos muros avaliados e


comparação com os resultados medidos em campo.
A quarta etapa é simular o comportamento dos MSR com geossintéticos
selecionados nesta pesquisa, utilizando um programa de elementos finitos Plaxis
(v8.2). Desta forma é possível avaliar a utilização de métodos numéricos no
cálculo de forças de tração. Os resultados de forças de tração máxima previstos
pelo método numérico foram comparados com os resultados medidos em campo.
A quinta etapa foi comparar os resultados previstos pela simulação numérica
e os métodos analíticos.

1.4.
Estrutura da tese

A tese está dividida em sete capítulos. No Capítulo 1, são apresentadas as


justificativas referentes ao presente trabalho, assim como seus objetivos e a
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estruturação da tese. O Capítulo 2 é destinado a uma revisão bibliográfica sobre os


fundamentos, com a discussão dos principais fatores que influenciam o
comportamento dos muros de solos reforçados com geossintéticos. No Capítulo 3
é apresentada uma descrição dos resultados de três muros instrumentados que
foram encontrados na literatura pesquisada. No Capítulo 4 são comparados os
resultados de campo com os valores de força de tração máxima nos reforços,
previstos pelos métodos de projeto mais utilizados. No Capítulo 5 são
apresentadas simulações numéricas dos três casos avaliados, usando um software
de elementos finitos. No Capítulo 6 confrontam-se os resultados obtidos pelos
métodos de projeto e as simulações numéricas com os resultados de campo. O
Capítulo 7 é destinado às principais conclusões desta tese e às sugestões para
pesquisas futuras.
2
Revisão bibliográfica

2.1.
Introdução

A idéia de associar elementos de reforço a obras civis sempre acompanhou a


história da humanidade. Estradas persas e romanas, zigurates e a Muralha da
China são alguns dos exemplos de sistemas de reforço, geralmente realizados com
materiais vegetais fibrosos.
No contexto moderno, as estruturas de contenção de solo reforçado
começaram a ser desenvolvidas durante a década de 1960. O sistema de “terra
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armada” inventado pelo arquiteto francês Henry Vidal em 1966, é um exemplo


deste tipo de estruturas, conforme Schlosser e Than (1974).
Segundo Jewell (1992), a construção do sistema de “terra armada” consistia
de tiras metálicas, solo granular e face de painéis. A técnica demonstrou ser
econômica e atraiu o interesse tanto comercial como acadêmico.
Aproveitando o conceito de solo reforçado e o rápido desenvolvimento da
indústria petroquímica, a indústria têxtil começou a produzir vários materiais
sintéticos de elevada resistência à tração, capazes de reforçar solos.
Segundo Elias et al. (2001), o uso de inclusões sintéticas em solos
reforçados foi iniciado em 1971 na Franca, e em 1974 nos Estados Unidos. Em
1981, foi construído o primeiro muro de solo reforçado com geogrelhas e, em
1983, seu uso disseminou-se nos Estados Unidos. Atualmente, a utilização de
inclusões de geossintéticos em taludes e muros de solo reforçado tem crescido
acentuadamente, principalmente por representar uma alternativa, em geral,
econômica e de fácil execução. Sua crescente utilização foi acompanhada pela
evolução de diferentes métodos de projeto para o dimensionamento de muros de
solo reforçado.
Neste capítulo serão discutidos conceitos relacionados ao comportamento de
muros de solo reforçado com geossintéticos, dando-se maior destaque aos
métodos de projeto e aos fatores que influenciam na magnitude da força de tração.
27

2.2.
Geossintéticos e suas propriedades relevantes

Segundo Koerner (1994), os geossintéticos são materiais confeccionados a


partir de polímeros, usados em combinação com solo, rocha ou outro material,
como parte integrante de um projeto, estrutura ou sistema geotécnico.
Entre os polímeros mais empregados estão o polietileno (PE), o
polipropileno (PP), o poliéster (PET) e a poliamida (PA). Na Tabela 2.1 são
apresentadas as vantagens e desvantagens dos principais polímeros utilizados na
fabricação dos geossintéticos.

Tabela 2.1 – Vantagens e desvantagens dos principais polímeros.


Polímero base Vantagens Desvantagens
Polipropileno Inatividade química em Baixo módulo elástico.
Polietileno soluções ácidas e básicas. Elevada deformação sob
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Baixo custo carga constante (fluência).


Poliéster Elevado módulo elástico. Perda das características
Baixa deformação sob carga mecânicas sob ação de
constante (fluência). soluções básicas.
Custo relativamente baixo.
Poliamida Elevado módulo elástico. Perda das características
Alta resistência à tração. mecânicas por permanência
prolongada em água.
Custo elevado.

A grande versatilidade destes produtos, associada ao desenvolvimento


tecnológico das últimas décadas, torna-os presentes e indispensáveis em
praticamente todas as obras geotécnicas. Segundo Viana (2007), alguns fatores
que contribuem para o crescimento da utilização destes materiais podem ser
destacados:
• Manufatura com controle de qualidade no ambiente de fábrica;
• Rapidez de instalação;
• Facilidade de substituição de materiais danificados;
28

• Substituição eficiente de materiais naturais (areia, argila, etc.) em


projetos geotécnicos;
• Uso exigido por lei em alguns casos;
• Custo competitivo em relação a outros tipos de soluções
convencionais.
Conforme definido pela NBR 12553/1999, os tipos de geossintéticos
disponíveis são: geotêxteis (tecidos e não tecidos), geogrelhas, geodrenos,
geomembranas, geomantas, geocélulas e geocompostos. A Figura 2.1 apresenta
alguns exemplos de geossintéticos comumente utilizados em obras geotécnicas.
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a) b)

c) d)

Figura 2.1 – Geossintéticos comumente usados em obras geotécnicas: a) geotêxteis, b)


geogrelhas, c) geocompostos e d) geomembranas.

Segundo Bueno (2003), cada um destes materiais possui uma função


específica e propriedades particulares, podendo ter diversas finalidades.
Os materiais geossintéticos possuem propriedades que estão intimamente
ligadas às suas respectivas funções. As principais propriedades dos geossintéticos
são:
• Propriedades Mecânicas
- Resistência à tração;
- Rigidez à tração;
- Comportamento à fluência.
29

• Propriedades hidráulicas
- Condutividade hidráulica;
- Transmissividade;
- Permissividade.

• Propriedades de Durabilidade
- Resistência à degradação química, biológica e oxidação;
- Resistência à abrasão.

• Propriedades de Interação
- Resistência de interface.

Bueno (2003) apresenta as principais funções exercidas pelos geossintéticos


em obras de engenharia civil e ambiental, segundo a Tabela 2.2.
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Os detalhes referentes a funções e propriedades de cada tipo de geossintético


podem ser encontrados em Koerner (1994).
Na Figura 2.2 podem-se observar alguns exemplos práticos de aplicação de
geossintéticos em diversos tipos de obras geotécnicas.

Tabela 2.2 – Principais funções dos geossintéticos (Bueno, 2003).


Função Ação de geossintético
Filtração Permite a passagem de fluidos com retenção do solo
Drenagem Permite a livre passagem de fluidos
Separação Evita a mistura de materiais diferentes
Reforço Aumenta a resistência do solo pela inclusão de elementos de
elevada resistência à tração
Impermeabilização Evita a passagem de fluidos

Encapsulação Encapsula ou envolve materiais como brita, concreto e areia


Proteção Redistribue as tensões e as deformações transmitidas ao
material
Barreira de solo Retém parcial ou totalmente as partículas de solo em
suspensão
Estabilização Restringe o movimento e evita a dispersão de partículas de
superficial solo sujeitas à erosão
Reforço de Retém a vegetação em áreas íngremes evitando erosão
vegetação superficial
Isolamento Isola o meio de ruído, calor e sol
30

A Tabela 2.3 apresenta de forma resumida as funções típicas dos principais


geossintéticos.

Tabela 2.3 – Tipos de geossintéticos e suas principais funções (Bueno, 2003).


Funções Geossintéticos
GT GG GM GN GP GA GCB GL
Filtração X
Drenagem X X X X
Separação X X X
Reforço X X X
Impermeabilização X X X
Encapsulação X X X
Proteção X
Barreira de solo X
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Estabilização
X
superficial
Reforço de
X X X X
vegetação
Isolamento X
GT: Geotêxteis, GG: Geogrelha, GM: Geomanta, GN: Geonet, GP:
Geotubo, GA: Geomembrana, GCB: Geocomposto bentonítico, GL: Geocélula

2.2.1.
Geossintéticos aplicados ao reforço de solos

Os principais tipos de geossintéticos aplicados como elementos de reforços


são os geotêxteis e as geogrelhas.

2.2.1.1.
Geotêxteis

Os geotêxteis são mantas têxteis permeáveis, tecidas ou não-tecidas,


utilizadas principalmente nas funções de filtração, proteção, reforço ou separação.
A Figura 2.3 mostra alguns geotêxteis. Os geotêxteis sintéticos são produzidos em
geral com poliéster ou polipropileno.
31

b) Reforço de aterros sobre solos moles

a) Estruturas de solo reforçado


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d) Canais
c) Filtro em barragens
Figura 2.2 – Utilização de geossintéticos em obras geotécnicas.

Existem dois tipos diferentes de geotêxteis, tecidos ou não tecidos,


classificados em função do arranjo estrutural de suas fibras (Figura 2.3). Os
tecidos são materiais oriundos do entrelaçamento de fios, monofilamentos ou
laminetes (fitas), segundo direções preferenciais denominadas trama (sentido
transversal) e urdume (sentido longitudinal).
Os geotêxteis não tecidos são formados por filamentos ou fibras distribuídas
aleatoriamente e unidos para formar uma estrutura plana. Essa união pode ser
realizada por entrelaçamento mecânico com agulhas (agulhado), por fusão parcial
(termoligado), com o uso de produtos químicos (resinado) ou por reforço
(reforçado).
32

Os geotêxteis não-tecidos apresentam permeabilidade no plano da manta,


podendo também ser empregados como elementos drenantes. Os geotêxteis
tecidos são basicamente utilizados para reforço.
Algumas das vantagens associadas aos geotêxteis como elementos de
reforço, são: (a) flexibilidade e facilidade de manuseio; (b) resistência a danos
mecânicos de instalação (em especial os não tecidos); (c) capacidade de dissipação
de pressões neutras geradas durante a compactação e, (d) baixo custo da
construção quando comparado com as estruturas de arrimo convencionais.
Entretanto, os geotêxteis apresentam algumas desvantagens que,
dependendo da aplicação ou do tamanho da estrutura, poderão inviabilizar a sua
aplicação, como por exemplo, os deslocamentos durante a construção que podem
comprometer o alinhamento da estrutura, e a baixa resistência à tração da manta,
quando comparada com outros elementos de reforço, como as geogrelhas.
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2.2.1.2.
Geogrelhas

As geogrelhas são estruturas planas em forma de grelhas, conforme ilustra a


Figura 2.4. Seu uso é exclusivamente para reforço, constituído por elementos
resistentes à tração (Vidal, 2002). Os dois principais tipos são:
• Unidirecional, quando apresenta elevada resistência à tração apenas
em uma direção;
• Bidirecional, quando apresenta elevada resistência à tração nas duas
direções principais (ortogonais).
As geogrelhas são geralmente compostas de polietileno de alta densidade
(PEAD) ou poliéster (PET), e se caracterizam pela baixa deformabilidade e
elevada resistência à tração.
Algumas das vantagens associadas a seu emprego com elementos de reforço,
são: (a) intertravamento com o solo; (b) simples conexão com blocos
segmentados; (c) baixas deformações e (d) maior resistência à tração quando
comparadas com os geotêxteis.
Poucas desvantagens limitam o uso desse material, como por exemplo, a
necessidade de utilizar algum sistema contra a erosão em conjunto com a
geogrelha em muros com face envelopada. Em geral, para muros de pequena
33

altura (menores que 4,0m), as geogrelhas apresentam um custo mais elevado do


que os muros construídos com geotêxtil (Abramento, 1998).

a) multifilamento b) monofilamento
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c) ajugado d) acalandrado

Figura 2.3 – Geotêxteis tecidos (a e b) e não tecidos (c e d).

Figura 2.4 – Tipos de geogrelhas. (a) extrudada bidirecional, (b) extrudada unidirecional,
(c) soldada, (d) tecida, (e) soldada a laser.
34

2.3.
Estruturas de solo reforçado

A técnica de solo reforçado por meio de geossintéticos está bem consolidada


no meio geotécnico. Segundo Lee (2000), a construção de muros reforçados com
geossintéticos tem se incrementado, principalmente por ser uma solução
econômica, flexível e de fácil construção. Além disso, podem-se obter taludes de
solo estáveis, em posição vertical, e com bom acabamento estético.
O conceito é baseado na idéia de que a presença de reforço no solo restringe
as deformações, gerando uma alta resistência ao conjunto. Esta restrição de
deformações é obtida graças ao desenvolvimento de esforços de tração no
elemento de reforço. Segundo Schlosser e Than (1974), o princípio é análogo ao
concreto reforçado, e consiste em associar as características mecânicas do solo
com as de um reforço resistente à tração. Desse modo, associando materiais
distintos com funções complementares, pode-se obter uma estrutura
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mecanicamente resistente e estável.

2.3.1.
Sistemas construtivos disponíveis

Vários sistemas de muros de solo reforçado com geossintéticos foram


desenvolvidos por diferentes empresas americanas. Na atualidade as patentes
destes sistemas expiraram e existem diversos sistemas e componentes que podem
ser adquiridos separadamente e reunidos em uma única estrutura pelo projetista ou
construtor (Elias et al., 2001).
As estruturas de contenção em solo reforçado geralmente consistem de
camadas de solo compactadas, entremeadas por camadas de reforço, com
espaçamentos pré-determinados. Resumidamente, podem-se diferenciar os vários
sistemas construtivos a partir de algumas características básicas.
• Inclinação da face – segundo Floss e Bräu (2004), as estruturas de
contenção podem ser classificadas como muros e taludes. Conforme é
apresentado na Figura 2.5, estruturas com taludes superiores a 1:4 (H:V)
são consideradas muros. As demais são consideradas como estruturas de
solo reforçado. Segundo outros autores, estruturas com face inclinada
35

acima de 70o são consideradas muros (Bonaparte et al., 1987; Jones 1996;
Elias et al., 2001).
• Tipo de face – segundo Tatsuoka (1993), a face de muros de solo reforçado
pode ser constituída de unidades rígidas (feitas de concreto) ou de
unidades deformáveis (feitas de tiras, grelhas de aço, ou de gabião), ou de
unidades fofas (feitas de telas de tecido auto-envelopadas). Vários autores
supõem que a face não contribui para a estabilidade da estrutura. Na Figura
2.6 são apresentados vários tipos de face.
• Espaçamento e comprimento dos reforços – o espaçamento vertical dos
reforços pode ser variável ou uniforme, bem como seu comprimento. Há
vários exemplos de todos estes casos na literatura. A Figura 2.7 apresenta
dois casos de muros construídos em West Virginia, EUA.
• Tipo de reforço – podem ser empregados diferentes tipos de geossintéticos,
como geotêxteis, geogrelhas ou uma combinação de ambos, assim como
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reforços metálicos.

Figura 2.5 – Classificação de muros e taludes reforçados de acordo à Norma Europea


PREN 14475.
36

ro
a t er
de
lo
So

a) auto-envelopamento b) Painel de concreto

c) Blocos de concreto d) Blocos celulares de concreto


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Figura 2.6 – Exemplos de muros com faces diferentes (Tatsuoka, 1993).

Figura 2.7 – MSR de face de concreto: (a) espaçamento variável (b) comprimento
variável (Allen et al., 2001.b).

2.3.2.
Estabilidade de muros reforçados

Um MSR é utilizado para estabilizar e conter o solo, quando a construção de


um talude reforçado for anti-econômica ou tecnicamente inviável. Para o projeto
de muros de solo reforçado deve-se garantir a estabilidade externa como a interna.
37

A verificação da estabilidade externa é avaliada assumindo que a massa de


solo atua como um corpo rígido. Os mecanismos de ruptura avaliados são
similares às estruturas convencionais, ou seja, verifica-se: a) deslizamento ao
longo da base de estrutura reforçada; b) tombamento em torno do pé da estrutura;
c) ruptura do solo de fundação; d) ruptura global por uma superfície envolvendo
todo o maciço reforçado. A Figura 2.8 apresenta os quatro mecanismos de ruptura
citados por Bonaparte et al. (1987).
Detalhes de análise de estabilidade externa não serão abordados nesta
pesquisa, mas podem ser encontradas em Das (2001).
Segundo Gomes e Palmeira (1994), na condição limite, a ruptura da zona
reforçada (instabilidade interna) ocorre por ruptura ou arrancamento dos reforços.
Portanto, um dos aspectos mais importantes no projeto de um solo reforçado é a
análise de sua estabilidade interna. Ela permite estimar a magnitude da força da
tração, espaçamento e comprimento dos elementos de reforço. Para isto é
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necessário conhecer os mecanismos transferência de tensões e os mecanismos de


ruptura.
O mecanismo de reforço funciona por transferência de tensões do solo para
o reforço. Segundo Mitchell e Villet (1987), a transferência de tensões entre solo e
o reforço envolve dois mecanismos básicos: atrito e resistência passiva. A
transferência de tensões por atrito depende do contato na área da superfície plana
do geossintético, da sua rugosidade, da tensão confinante e das condições de
interface. Este mecanismo é característico de todos os geossintéticos. A
transferência por resistência passiva ocorre devido a esforços de ancoragem do
reforço no maciço. Este mecanismo é característico de geogrelhas e depende da
tensão confinante e do tipo de solo que envolve o reforço. A Figura 2.9 apresenta
ambos mecanismos de interação.
Quanto os mecanismos de ruptura, Jones (1996) apresenta uma lista de seis
modos possíveis de ruptura interna. A Figura 2.10 apresenta esquematicamente
tais possíveis modos de ruptura.
Para análise de estabilidade interna, a massa de solo reforçado pode ser
dividida em duas zonas de comportamento:
1. zona ativa, que compreende a porção do talude que tende ao
escorregamento e é potencialmente instável;
2. zona resistente, que é a região na qual a massa de solo é estável.
38

Figura 2.8 – Modos de ruptura na análise de estabilidade externa (Bonaparte et al.,1987).


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Figura 2.9 – Mecanismo de interação: a) atrito; b) resistência passiva (Jewell, 1996).

Figura 2.10 – Modos de ruptura interna idealizados por Jones (1996).


39

Segundo Lee (2000), a separação entre as duas zonas é marcada pela


superfície potencial de ruptura. O reforço é posicionado de maneira que atravesse
a zona ativa e haja certa ancoragem na zona resistente. Na zona ativa, admite-se
que as tensões de cisalhamento atuando no reforço são direcionadas para fora do
talude, enquanto na zona resistente têm sentido oposto. Desenvolvem-se, então,
esforços de tração ao longo de reforço, devendo apresentar valor máximo de
forças de tração nas imediações da superfície potencial de ruptura. A Figura 2.11
apresenta esquematicamente as duas zonas da massa de solo reforçado.
Segundo Gomes e Palmeira (1994), estes mecanismos de interação
dependem da resistência à tração e da rigidez dos reforços, das tensões de
confinamento, do espaçamento entre as camadas de reforço, dos comprimentos de
ancoragem e das condições de carregamento atuais.
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Figura 2.11 – Definição da zona ative e resistente e mecanismo de transferência de


tensões (Lee, 2000).

2.4.
Métodos de projeto para análise de estabilidade interna de MSR

Segundo Worral (1995), as estruturas projetadas por Henry Vidal foram


baseadas em conceitos clássicos de Rankine e Coulomb. Ele assumiu uma
distribuição de pressão lateral de Rankine o qual permitiu calcular a pressão
horizontal abaixo do topo do muro. Logo, em cada camada a carga de tensão
dentro do reforço foi assumida como sendo o correspondente esforço lateral
imposto na área tributária. O comprimento do reforço devia ter não menos de 80%
40

da altura do muro, de tal jeito que o reforço atravesse a superfície potencial de


ruptura clássica de Coulomb.
Segundo Leshchinsky (1996), inicialmente as estruturas de solo reforçado
foram projetadas, mediante uma extrapolação direta de projetos geotécnicos
convencionais. Estes métodos produziam estruturas conservadoras, mas mesmo
assim econômicas em comparação com estruturas convencionais. Claramente, a
simplicidade dos métodos de projeto combinada com a produção de muros de solo
reforçado econômicos e seguros, aumentou seu uso.
Segundo Mitchell e Villet (1987), existem diferentes procedimentos de
análise. Alguns são baseados em condições de ruptura, outros usam análise sob
condições de trabalho.
A análise de equilíbrio limite é utilizada extensivamente para projetar muros
de solo reforçado em condições de ruptura. A análise em condições de trabalho é
baseada no comportamento tensão – deformação da massa de solo reforçado.
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Segundo Zornberg et al. (1998), os métodos de projeto para muros de solo


reforçado são baseados na suposição que a máxima força de tração nos reforços é
proporcional à pressão de sobrecarga medida a partir do topo do muro.
Segundo Boyd e Segrestin (1992), as forças de tração são estimadas por
métodos de cálculo imperfeitos, mas práticos.
Na atualidade, muitos métodos de projeto têm sendo desenvolvidos para
avaliar a estabilidade interna de MSR com geossintéticos. Saber quais dos
métodos é mais recomendável depende do projetista conhecer as vantagens e
limitações destas técnicas.
Este trabalho pretende apresentar uma revisão resumida dos métodos
disponíveis, apresentando conceitos e hipóteses necessários ao desenvolvimento e
compreensão da presente pesquisa.

2.4.1.
Métodos baseados nas condições de ruptura

Análises de equilíbrio limite são as mais utilizadas para o projeto de muros


de solo reforçado sob condições de ruptura. Provavelmente devido à facilidade do
seu emprego e a familiaridade dos projetistas com os conceitos básicos. Neste tipo
de análise diversas suposições são feitas:
41

• A superfície de ruptura é conhecida;


• O solo tem um comportamento rígido perfeitamente plástico;
• A resistência ao cisalhamento do solo é igualmente mobilizada em todos
os pontos ao longo da superfície de ruptura;
• A inclinação e distribuição dos reforços ao longo da superfície de ruptura
são conhecidas.
A análise de equilíbrio limite trata da estabilidade de uma estrutura em
situação de ruptura iminente. Dentro desta análise foram desenvolvidas duas
categorias. Na primeira categoria estão os métodos que satisfazem o equilíbrio de
forças (tieback) e, na segunda, os métodos que satisfazem equilíbrio de forças e
momentos (slope stability).

2.4.1.1.
Método de equilíbrio limite - Tieback
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Segundo Claybourn e Wu (1993), os métodos desta categoria usam análise


simples de equilíbrio de forças horizontais (equilíbrio local). A força horizontal
desestabilizadora, resultante da tensão lateral do solo, é equilibrada pela força
horizontal dada pelo reforço. A resistência ao cisalhamento do solo é considerada
mobilizada ao longo da superfície de ruptura.
O método de cunha Tieback supõe:
• Total mobilização da resistência ao cisalhamento do solo ao longo da
superfície de ruptura planar;
• Cunha ativa de Rankine;
• O movimento do muro ocorre pela rotação do muro em torno do pé,
conforme a Figura 2.12;
• Distribuição de pressão lateral, a qual é peculiar a cada método,
conforme a Tabela 2.4 e Figura 2.13.
A Figura 2.13 apresenta as distribuições de pressão lateral usadas pelos
vários métodos de análise Tieback. Estas distribuições foram baseadas em
observações ou em experiências de campo, conforme Claybourn e Wu (1993).
42

Figura 2.12 – Procedimento de análise Tieback (Bonaparte et al. 1987).


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Tabela 2.4 - Métodos de análise tieback para o projeto de MSR com geossintéticos.
Método Distribuição de pressão lateral Espaçamento
Steward et al., 1977 σ h = K oγz Variável

Broms, 1978 σ h = 0,65K a (1,5q + γH ) Constante

Murray, 1980 σ h = K aγz Variável

Collin, 1986 σ h = 2,36 H Variável


Geotêxtil: σ h = 15,7 z ; @z<0,2H
Geogrelha:
σ h = 3,14 H ; @ z>0,2H
Bonaparte et al. K a (γz + q ) Variável
σh =
1987  K (γ + 3q) 
1 −  ar rz ( z / LR ) 2 
 3(γ r z + q ) 
Elias et al., 2001 σ h = K rE γz Variável

O método de Steward et al. (1977), também conhecido como método do US


Forest Service, um dos primeiros métodos a serem desenvolvidos, considera uma
distribuição de pressão lateral de terra baseada na condição de repouso (Ko).
Broms (1978) selecionou uma distribuição de pressão de terra constante, só
dependente da altura do muro, do peso específico e da sobrecarga. O método de
43

Collin (1986) admite uma distribuição de pressão constante e linear/constante


(trapezoidal) para geotêxteis e geogrelhas, respectivamente. O método é empírico
e só depende da intensidade de sobrecarga e a altura do muro. O método de Collin
foi baseado em análise de elementos finitos utilizando dados de muros
instrumentados. O método de Bonaparte et al. (1987) usa uma distribuição não
linear baseada na distribuição ativa de Rankine e considera a componente vertical
do empuxo no retroaterro. O método simplificado da FHWA proposto por Elias et
al. (2001), toma em conta a rigidez do reforço e a profundidade para determinar o
coeficiente de pressão lateral de terra.
A estabilidade interna é verificada pelo método de equilíbrio local, em que
cada camada de reforço é analisada de forma independente. No cálculo da
estabilidade interna, duas condições têm que ser verificadas: a) ruptura do reforço
e b) arrancamento do reforço. A análise de estabilidade interna fornece como
resultados o espaçamento vertical e o comprimento das camadas de reforço.
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A tensão do reforço, a certa elevação do muro, é determinada calculando o


esforço horizontal à mesma profundidade, conforme a expressão:
Treforço ( z ) = σ h ( z ) ⋅ S v 2.1

Onde:
Treforço (z ) :Tensão no reforço na profundidade z;

σ h (z ) : Tensão horizontal na profundidade z;


S v : Espaçamento vertical do reforço.

O σ h na Equação 2.1 é determinado conforme a distribuição de pressão


lateral de terra.
A tensão no reforço é multiplicada por um fator de segurança para ser usada
como a tensão de projeto do reforço através de:
T projeto ( z ) = Treforço ( z ) ⋅ FS 2.2

Onde:
T projeto (z ) : Tensão de projeto no reforço a uma profundidade z;

FS: Fator de segurança.


44

σ h = K o γz σ h = 0,65K a (1,5q + γH )
(a) Steward et al. (b) Broms
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σ h (kPa) = 2,36 H (m) σ h (kPa) = 3,14 H (m)


(c) Collin (Geotêxteis) (d) Collin (Geogrelhas)
Legenda:
σ h = Pressão lateral de terra
H = Altura do muro
Kaγz γ = Peso unitário do solo
q = sobrecarga vertical
acima do topo do muro
K o = 1 − senφ
K a = tan 2 (45 o − φ / 2)
φ = ângulo de atrito do solo
z = profundidade abaixo do
topo do muro
K a (γ z + q )
σ h =
 Ka r ( γ r z + 3 q ) 
1−  (z L)2 
 3 (γ r z + q ) 
(e) Bonaparte et al.

Figura 2.13 – Distribuição da tensão lateral de solo considerada pelos diferentes métodos
de projeto Tieback (Claybourn e Wu,1993).
45

2.4.1.2.
Métodos de Slope Stability

Os métodos de Slope Stability utilizam suposições similares às usadas em


análises de estabilidade de taludes convencionais. Entretanto, os métodos são
modificados para incluir a força de tensão dentro da análise. Além disso, utilizam
várias suposições em relação à inclinação do reforço em relação à superfície de
ruptura.
Conforme Mitchell e Villet (1987), os métodos desta categoria são similares
aos usados para análise de estabilidade de taludes convencionais. As resistências
ao cisalhamento, à tração e arrancamento do reforço são consideradas quando o
mesmo é interceptado pela superfície potencial de ruptura.
Segundo Bonaparte et al. (1987), a tensão do reforço é incorporada em uma
análise de estabilidade de taludes de duas formas. A primeira considera a tensão
do reforço como uma força de tração em um diagrama de corpo livre, que não
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afeta a resistência do solo, mas contribui para o equilíbrio de forças e momentos,


conforme apresentado na Figura 2.14.
No segundo tipo de abordagem, considera-se que o reforço incrementa a
resistência do solo. A tensão do reforço é descomposta em vetores normal e
tangente à superfície de ruptura. O vetor tangente pode ser considerado como uma
pseudo coesão. O vetor normal aumenta a tensão normal, portanto, a resistência
cisalhante do solo. A Figura 2.15 apresenta este caso.
Em qualquer dos tipos de abordagem, a orientação do reforço sobre a
superfície de ruptura pode ser suposta como horizontal ou inclinada. Devido às
grandes deformações perto da superfície de ruptura, alguns dos métodos
consideram ambos casos.
Um resumo dos métodos de análise de equilíbrio limite (slope stability) está
descrito na Tabela 2.5.
Schmertman et al. (1987) desenvolveu um ábaco para muros de solo
reforçado com geogrelhas construídos sobre fundações competentes. Estes ábacos
podem ser utilizados no caso de reforço com geotêxteis.
Os ábacos foram desenvolvidos supondo-se a existência de uma superfície
de ruptura em forma de cunha bi – linear. Uma característica interessante do
método, é que a força de tração é decomposta em duas componentes, uma normal
46

e outra tangencial à superfície crítica. Segundo o ábaco da Figura 2.16, determina-


se o coeficiente K, a partir do ângulo do talude e do ângulo de atrito do solo.

T
ζ

ϕ
M T = T ⋅ [R cos(ϕ − ζ )]
0≤ζ ≤ϕ
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Figura 2.14 – Análise de estabilidade considerando que a tensão no reforço não altera a
resistência do solo (Bonaparte et al., 1987).

T
ζ
Tp
Tn

ϕ
M T' = T p R + Tn tan φ ' ⋅ R

[
M T' = RT cos(ϕ − ζ ) + sen(ϕ − ζ ) tan φ ' ]
[
M T' = M T 1 + tan(ϕ − ζ ) ⋅ tan φ ' ]
Figura 2.15 – Análise de estabilidade considerando que a tensão no reforço incrementa a
resistência do solo (Bonaparte et al., 1987).
47

Tabela 2.5 – Métodos de análise de equilíbrio limite - slope stability.

Método Superfície. Espaçamento. Parâmetros

Método c=0
Schmertmann Bi – linear Variável 15o ≤ φ ≤ 35o
(1987) u=0

Método c=0
Leshchinsky e Espiral logarítmica Constante 15o ≤ φ ≤ 45o
Boedeker (1989) u=0

Método de c=0
Leshchinsky e Linear Constante 20o ≤ φ ≤ 55o
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Perry (1989) u=0

c=0
Jewell (1991) Bi – linear Variável 15o ≤ φ ≤ 50o
u>0

O somatório das forças nas geogrelhas é definido pelos autores conforme


segue:
T = 0.5 ⋅ K ⋅ γ ⋅ H 2 2.3
Onde:
T : força horizontal total necessária à estabilização do talude reforçado;
K : coeficiente de empuxo do método;
H : altura da estrutura, podendo incluir uma altura equivalente de
sobrecarga igual a (q/γ).
A distribuição de tensões em cada reforço é proporcional à profundidade,
segundo Jewell et al. (1991).
O método proposto por Leshchinsky & Perry (1989) considera uma
superfície de ruptura planar que passa pelo pé do muro. O método leva em conta a
orientação do reforço, na superfície de ruptura, com a resistência à tração
48

mobilizada pelo deslocamento do maciço. Os autores observaram que o reforço


não permanece na direção horizontal ao longo do processo de interação, devido à
pouca rigidez do geossintético, mas sofre uma reorientação com inclinação (ζ),
mostrada na Figura 2.17
O método considera a tensão do reforço como uma força de tração em um
diagrama de corpo livre, com inclinação ζ. A Figura 2.18 apresenta as forças
atuantes no maciço, na iminência da ruptura.
O valor da resultante das forças de tração, obtido pelo equilíbrio estático é
dada pela seguinte equação:
n
 γ .H  sin (θ − φ )
∑t
j =1
j =
 2
+ q .H . cot agθ .
 cos(θ − ζ − φ )
2.4

Nesta equação são avaliados dois casos ζ = θ − φ e ζ = 0 . Isto define duas


condições extremas. Para cada uma destas condições é calculada a resultante de
forças de tração. Esta resultante é distribuída entre as várias camadas de reforço
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como uma função da densidade de reforço. A força solicitante em cada reforço é


definida pelas equações 2.5 e 2.6:

γ .( H − y j ) + q
t j = t1 . 2.5
γ .( H − y1 ) + q
[γ .(H − y1 ) + q].Σt j
t1 = 2.6
∑ [γ .(H − y ) + q ]
n
j =1 j

Onde y j : altura da base do muro até o nível do reforço considerado;

y1 : altura do primeiro reforço (normalmente y1=0);


t j : força de tração solicitante em cada reforço;

t1 : força de tração que solicita o primeiro reforço (dada pela Equação 2.12);

∑t j : resultante das forças de tração (obtida da Figura 2.18);

q : sobrecarga.
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Figura 2.16 – Ábaco para a determinação do coeficiente de força do método de


Schmertmann et al. (1987).

tj
Lr Le ζ
H

Sv
θ
y
Figura 2.17 – Reorientação das forças de tração no reforço (Oliveira, 2000).
50

qLc = qH cot gθ

Lc

(θ − φ )
Σt j
ζ
1 2
P= H cot θ
2
H R
Σt j

qL = qH cot gθ
φ N Σt j
T ζ
θ R

Figura 2.18 – Forças atuantes na cunha de ruptura e o polígono de forças (Leshchinsky


e Perry, 1989).
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A Figura 2.19 apresenta o ábaco utilizado para a obtenção do valor


 γ .H  
resultante das forças de tração ∑t j adimensionalizado por 
 2
+ q .H  .
 

Figura 2.19 – Determinação da extensão da superfície de ruptura (Leshchinsky e Perry,


1989).
Jewell (1991) desenvolveu um método para projetar taludes reforçados para
uma ampla faixa de materiais geossintéticos (geotêxteis e geogrelhas), podendo
ser também utilizadas para faces verticais. O método assume uma superfície de
51

ruptura em cunha bi – linear. A metodologia recomenda usar a resistência ao


cisalhamento em estado crítico como parâmetro de projeto. O método permite a
consideração de eventuais pressões neutras existentes no aterro com o uso do
parâmetro de coeficiente de pressão neutra ru admitido constante ao longo de toda
altura do maciço. Para a facilidade dos cálculos, o autor desenvolveu ábacos para
determinar a força de tração admissível dos reforços. Com o ábaco da Figura 2.20,
determina-se o coeficiente Kreq, a partir do ângulo de talude e o ângulo de atrito do
solo. A força de tração nos reforços é definida pelos autores conforme segue:
Td = K req ⋅ γ ⋅ H ⋅ Sv 2.7

Onde K req : coeficiente de pressão de terra para uma força de reforço

requerida, determinado através da Figura 2.20;


Td : força de tração do projeto.
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Figura 2.20 – Ábaco para o cálculo do coeficiente de pressão de terra Kreq, (Jewell,
1991).

2.4.2.
Métodos baseados nas condições de trabalho

Segundo Mitchell e Villet (1987), análises sob condições de trabalho são


baseadas no comportamento tensão – deformação da massa de solo reforçado e na
52

resposta de deformação interna da massa reforçada por tensões desenvolvidas


internamente.
Métodos semi – empíricos são usados para análise sob condições de
trabalho. No qual são baseadas em comportamento real de estruturas em tamanho
real. Desta forma são obtidas as suposições de projeto à cerca da magnitude e
distribuição das tensões internas. Um método recentemente publicado é o método
de K-Stiffness, descrito mais adiante.
Métodos teóricos analíticos também são usados para as análises sob
condições de trabalho. Estes métodos envolvem, necessariamente, as relações
constitutivas dos materiais: solo, reforço e em alguns procedimentos as
propriedades de interface solo – reforço. Os trabalhos de Adib (1988), Ehrlich e
Mitchell (1994), são exemplos desta metodologia. Nesta revisão será apresentado,
de maneira sucinta, o método de Ehrlich e Mitchell (1994).
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2.4.2.1.
Método de K-Stiffness

Allen et al. (2003) desenvolveram o método semi-empírico K-Stiffness. O


método foi calibrado através de dados de tensão e deformação no reforço de 16
muros instrumentados. Este novo método considera, direta ou indiretamente, a
rigidez de todas as componentes do muro relativa à rigidez do solo para estimar a
distribuição e magnitude de Tmax sob condições de serviço.
O cálculo da tensão máxima em cada camada de reforço é definido pela
equação.
0.24
 S global 
Tmax = 0.5 ⋅ S v ⋅ K 0 ⋅ γ ⋅ (H + S )Dt max Φ local ⋅ Φ fb ⋅ Φ fs ⋅ 0.27  2.8
 pa 
Onde:
Sv : espaçamento vertical;

K 0 : coeficiente de empuxo de repouso;


H : altura do muro;
S : altura de sobrecarga;
Dt max : fator de distribuição para estimar Tmax para cada camada de reforço
como uma função de sua profundidade abaixo do topo do muro relativo a Tmxmx.;
53

S global : rigidez global do reforço;

Φ local : fator de rigidez local;

Φ fb : fator de inclinação da face;

Φ fs : fator de rigidez da face;

pa : pressão atmosférica (igual a 101 kPa).

K 0 pode ser determinado pela Equação 2.9. Segundo Allen et al. (2003)
apesar da equação de Jacky ter sido proposta para areias normalmente adensadas,
ela também pode ser considerada para areias compactadas ou pré-adensadas, pois
o método inclui implicitamente o efeito da compactação.
K 0 = 1 − senφ ' 2.9

A rigidez global, S global , considera a rigidez de todo o muro, segundo a

Equação 2.10:
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J ave ∑ Ji
= = i =1
S global
( )
H
n
H
2.10

A rigidez local considera a rigidez e a densidade para cada capa e é dada


pela Equação 2.11.
J
Slocal = 2.11
Sv
O fator de rigidez local é definido por:
a
S 
Φ local =  local  2.12
S 
 global 
Onde:
a : coeficiente adimensional que é também função da rigidez. a=1 para MSR
com geossintéticos.
O fator de inclinação da face, Φ fb , considera a influência da inclinação da

face diminuindo as cargas nos reforços, e é calculado por:


d
K 
Φ fb =  abh  2.13
 K avh 
Onde:
K abh : componente horizontal da pressão ativa de terra;
54

K avh : componente vertical da pressão ativa de terra;


d : coeficiente constante adimensional. d=a para muros verticais.
O fator de rigidez da face, Φ fs , foi derivado de forma empírica para reduzir

as tensões nos reforços conforme foi observado em muros de face de blocos e


painéis de concreto pré moldados. Allen e Bathurst (2001.a) recomendaram os
seguintes valores:
• Φ fs =0,5 para muros de face de blocos e painéis de concreto;

• Φ fs =1,0 para outros tipos de face (por exemplo: face auto-envelopada ou

face de gavião).
O fator de distribuição de cargas de solo reforçado, Dt max , foi determinado
empiricamente e é apresentado na Figura 2.21.
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Figura 2.21 – Cálculo de Dtmax com a profundidade normalizada para MSR com
geossintéticos (Allen e Bathurst., 2001a).

2.4.2.2.
Método de Ehrlich e Mitchell (1994)

Ehrlich e Mitchell (1994) desenvolveram um método de análise baseado em


condições de trabalho, aplicável a taludes de face vertical.
55

O método apresenta equações analíticas fechadas que permitem a


determinação de Tmax, quaisquer que sejam os tipos de sistemas e de reforços, para
solos coesivos ou não. Segundo Ehrlich e Mitchell (1994), o método baseia-se na
compatibilidade de deformações no solo e no reforço, considerando a influência
da rigidez relativa solo-reforço e da energia de compactação. O modelo
constitutivo do reforço é linear elástico e supõe que não há deslizamento relativo
entre solo e reforço (aderência perfeita).
O método considera que cada reforço é responsável pelo equilíbrio
horizontal da camada correspondente na zona ativa, de espessura Sv e largura Sh,
onde Sv e Sh são os espaçamentos verticais e horizontais entre os reforços. Desta
forma, o equilíbrio interno de forças, segundo a Figura 2.22, é dado por:
Tmax − S h ⋅ S v ⋅ σ ave = 0 2.14
Onde:
Tmax = tração máxima do reforço
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σ ave = tensão horizontal media do solo, entre Zm e Zn, atuante no plano


vertical e normal ao reforço no ponto de tração máxima.

Figura 2.22 – Mecanismo de equilíbrio interno (Ehrlich e Mitchell., 1994).

Admite-se que o solo tem um comportamento elástico não linear, sendo


utilizada a versão modificada do modelo hiperbólico de Duncan et al. (1980). Este
método permite considerar a tensão induzida pela compactação.
Para o caminho de tensões da camada durante o processo construtivo,
Ehrlich e Mitchell (1994) adaptaram um procedimento simplificado baseado em
apenas um ciclo de carga e descarga, conforme é apresentado na Figura 2.23.
56

Figura 2.23 – Trajetória de tensões do modelo (Ehrlich e Mitchell,1994).

Segundo a Figura 2.23, o carregamento foi dividido em duas etapas: (1)


carregamento sem deformação lateral (segmento 1-2) e (2) carregamento com
deformação lateral sob tensão horizontal constante (segmento 2-3). Da mesma
forma, o descarregamento foi dividido em 2 etapas: (1) descarregamento sem
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deformação lateral (segmento 3-4) e (2) descarregamento com deformação lateral


(segmento 4-5) sob tensão horizontal constante até atingir o ponto correspondente
a σz.
Para o cálculo das tensões induzidas pela compactação, o método assume
que todas as camadas foram compactadas da mesma forma, a uma mesma carga
( σ zc ,i ). Para placas vibratórias σ zc ,i é calculada diretamente e é igual à tensão

vertical máxima capaz de atuar na base da placa, conforme a expressão:


Q
σ zc ,i = 2.15
A
Para rolos compactadores, a tensão σ zc,i é calculada indiretamente a partir

de σ xp,i , segundo as Equações 2.16 a 2.19:

σ xp ,i
σ zc ,i = 2.16
Ko
1/ 2
1 N 
σ xp ,i = ν o ⋅ (1 + K a ) ⋅  ⋅ γ ⋅ Q ⋅ γ  2.17
2 L 

 φ
Com K a = tan 2  45 −  2.18
 2
57

 φ   φ 
e N γ = tan 45 +  ⋅  tan 4  45 +  − 1 2.19
 2   2 
onde:
Ka = coeficiente de empuxo ativo de Rankine;
γ = peso especifico do solo;
Q e L = força vertical máxima de operação e comprimento do rolo,
respectivamente;
Nγ = fator de capacidade de carga, calculado pela teorias da cunha de
Rankine.
A tensão σ zc' é calculada a partir da comparação de tensão vertical induzida

( σ zc ,i ) com a tensão geostática ( σ z ):

σ z < σ zc ,i ⇒ σ zc' = σ z

σ z > σ zc ,i ⇒ σ zc' = σ zc ,i
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A máxima força de tração é obtida conforme a Equação 2.20:


Tmax = S v ⋅ S h ⋅ σ xr' = S v ⋅ S h ⋅ K r ⋅ σ z' 2.20
Onde:
σ z' = tensão vertical efetiva no solo no ponto de máxima tensão no
reforço, na interface solo-reforço.
Kr = coeficiente de empuxo residual correspondente ao final da
construção.
O valor de K r é obtido por meio de iterações, conforme a Equação 2.21:

1 σ z' 
⋅  =
n
( )
1 − ν un2 [( K r − K ∆ 2 ) − ( K c − K ∆ 2 ) ⋅ OCR ]
2.21
S i  Pa   ku 
  ⋅ ( K c OCR − K r ) K rn
 k 
Com:
E r Ar
Si = 2.22
k ⋅ Pa ⋅ S v ⋅ S h

σ zc'
OCR = 2.23
σ z'
Onde:
Si = índice de rigidez relativa solo-reforço;
58

k = módulo de Duncan et al. (1980) para o carregamento;


ku = módulo de Duncan et al. (1980) para o descarregamento;
n = módulo exponente de Duncan et al.(1980);
Pa = pressão atmosférica;

Er = módulo de elasticidade do reforço;


Ar = área de seção transversal do reforço;
OCR = razão de sobre adensamento.
O coeficiente de Poisson para o descarregamento a partir da condição de
repouso é dado por:
K ∆2
ν un = 2.24
(1 + K ∆ 2 )
K o (OCR − OCR α )
K ∆2 = 2.25
(OCR − 1)
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Em que:
K ∆2 = coeficiente de decréscimo do empuxo lateral para
descarregamento sob condição K o ;
α = coeficiente de descarregamento de Duncan e Seed (1986), igual a
α = 0,7 ⋅ senφ ' .
A determinação de K c realiza-se da de seguinte forma:
n
1  σ zc'  (1 − ν o2 ) ⋅ (1 − K aa ) 2 ⋅ ( K o − K c ) ⋅ K o
  = 2.26
Si  Pa  ( K c − K aa ) ⋅ ( K o − K aa ) ⋅ K cn

Ka
K aa = 2.27
  c'  
  + 1  
   σ zc' K c tan φ ' 
 
(1 − K a ) Rf
 + Ka 
   
   
 
Em que:
K aa = coeficiente de empuxo ativo equivalente;

c' = coesão efetiva;


Rf = parâmetro do modelo hiperbólico de Duncan et al., 1980.
59

Para o dimensionamento de estruturas de solo reforçado, os autores propõem


ábacos para a determinação da Tmax. Os ábacos foram elaborados para c ' =0 e
R f =0,80. Com o ábaco da Figura 2.24, determina-se o valor de T, para taludes

verticais com ângulo de atrito (φ), coesão (c’), espaçamento vertical (Sv) e
horizontal (Sh,) dos reforços, da tensão vertical devida ao peso próprio (σ’z) e da
tensão vertical máxima induzida durante o processo construtivo, incluindo
compactação induzida (σ’zc).
Dantas (1998) propõe um procedimento para o cálculo das tensões
geostáticas (σz). Segundo o autor, a tensão vertical deve ser tomada como o peso
de solo acima do lugar geométrico dos pontos de tração máxima, conforme a
Equação 2.28.
σ z = γ ⋅ zE 2.28
A Figura 2.25 apresenta o lugar geométrico dos pontos de máxima tração
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para um talude genérico com inclinação ω.


A posição do ponto B é determinada pelos comprimentos x e h da Figura
2.25, através de:

Para 45o ≤ ω ≤ 65o


0,75 ⋅ H x
x= e h= 2.29
tan ω 3
Para 65o < ω < 90o
0,80 ⋅ H x
x= e h= 2.30
tan ω 2
Para o caso de taludes verticais, ω=90o, deve ser utilizada a formulação
proposta por Ehrlich e Mitchell (1994), segundo a equação 2.31.
γ ⋅ z ⋅ LR
σz = 2.31
LR − 2 ⋅ e

Durante a construção, progressivamente, as tensões geostáticas σ’z, podem


ultrapassar a tensão vertical equivalente induzida pela compactação, σ’zc,i. Para
profundidades onde σ’z, ultrapassa σ’zc,i, a tensão vertical máxima induzida
durante o processo construtivo incluindo a compactação, σ’zc, é igual a σz. Para
profundidades menores, σ’zc é igual a σ’zc,i.
60

σz
σ zc
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Tmax ( Sv ⋅ S h ⋅ σ zc )
Figura 2.24 – Ábacos para taludes de 90º e coesão nula (Dantas e Ehrlich, 2000).
61

Figura 2.25 – Lugar geométrico dos pontos de tração máxima (Dantas e Ehrlich, 2000).

2.4.3.
Análise numérica em solo reforçado

Os métodos de projeto de MSR com geossintéticos são geralmente baseados


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em conceitos de equilíbrio limite, que só consideram a capacidade de reforço à


ruptura e arrancamento, mas não consideram deformações do solo, nem a
interação que ocorre entre os elementos de reforço sob condições de serviço. Com
a utilização de técnicas numéricas, estas limitações podem ser ultrapassadas,
possibilitando o análise da distribuição de tensões e deformações no maciço.
Segundo Abramento (1994), análises detalhadas do comportamento de
muros reforçados podem ser realizadas utilizando-se métodos que se baseiam em
elementos finitos. Neste caso, é possível modelar explicitamente as propriedades
constitutivas do solo, do reforço e da interface.
Lee (2000) cita que existem duas abordagens para analisar o comportamento
de solo reforçado: sistema discreto e material compósito. O primeiro tipo de
abordagem foi utilizado para a análise numérica de MSR com geossintéticos.
O modelo de elementos discretos considera elementos estruturais individuais
no solo reforçado e nas interfaces (Figura 2.26.a). Para desenvolver este tipo de
modelo numérico são necessárias as propriedades do solo, do reforço, da face, e
das interfaces entre diferentes materiais. Uma vantagem é determinar diretamente
as deformações e tensões na interface, no reforço, entre as camadas de reforço e na
massa de solo. Segundo Mitchell e Villet (1987), existem dois problemas
associados com este modelo. Neste tipo de abordagem os reforços descontínuos
(p.ex.tiras de aço) são modelados como elementos planares, devido à condição de
62

deformação plana. O método pode tornar-se anti – econômico ao analisar


estruturas complicadas, devido ao grande número de elementos que devem ser
usados.
O modelo de elementos compósitos considera o solo reforçado como um
material anisotrópico e homogêneo. A Figura 2.26.b apresenta as propriedades de
material compósito elástico ortotrópico exigidas por este tipo de modelo. A
desvantagem desta representação é o processo construtivo e a impossibilidade de
modelar os deslocamentos relativos entre o reforço e o solo e estudar as tensões no
reforço.
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Figura 2.26 – Propriedades dos materiais envolvidas no desenvolvimento dos modelos


analíticos (adaptado de Lee, 2000).
63

Becker (2006) realizou um resumo dos métodos numéricos utilizados pelos


diferentes autores citados na literatura, conforme apresentado na Tabela 2.6.
Segundo a Tabela 2.6, a maioria dos trabalhos empregou o método de elementos
finitos, modelo constitutivo hiperbólico e elementos de interface no contato solo-
reforço que permitem deslocamentos relativos entre os dois materiais. Houve
predominância de fundações flexíveis. Os efeitos de compactação foram
desprezados na maioria dos casos e foram utilizados diversos tipos de elementos.
Em todos os trabalhos foi considerada somente a rigidez axial dos reforços,
desprezando-se sua rigidez à flexão.
Azevedo et al. (1992) realizaram uma revisão bibliográfica do assunto,
analisando 26 trabalhos publicados entre os anos de 1976 e 1992. O modelo
constitutivo hiperbólico foi empregado em 65% dos casos pesquisados e os
reforços possuíam somente rigidez axial. Em 77% dos casos foram empregados
elementos de interface. Nos demais casos foram suposta aderência perfeita entre
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os dois materiais.
Segundo Chew et al. (1990), nas situações onde as exigências do projeto
ditam estruturas de muro com geometria ou carregamentos não padronizados e
fora da escala considerada pelos métodos de projeto empíricos, o comportamento
da deformação pode tornar-se relativamente mais importante. Nestes casos, o
MEF é uma ferramenta importante para prever o comportamento de projetos
atípicos. O modelo numérico pode ser avaliado a partir de dados de muros
instrumentados e monitorados. Uma aproximação racional envolve: interpretação
inicial dos resultados de instrumentação, validação do modelo numérico em
relação aos dados de campo e simulação numérica para novos aspectos de projeto.
64

Tabela 2.6 – Características das análises numéricas citadas na literatura (Becker, 2006).
Modelo Interface
Efeito de
Autores Constitutivo Elementos solo – Método Fundação
compactação
Do solo reforço

Bathursth et al. Diferenças


* * * * Rígida
2002 finitas

Pereira e
Triangulares de Elementos
Palmeira Hiperbólico Sim Não Deformável
15 nós finitos
(2005ª)

Pereira e
Triangulares de Elementos
Palmeira Hiperbólico Sim Não Deformável
15 nós finitos
(2005b)

Rowe e Ho Mohr – Coulomb Quadrangulares Elementos


Sim Não Rígida
(1998) elasto-plastico de 8 nós finitos
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Araújo e
Triangulares de 6 Elementos
Palmeira Hiperbólico Sim Sim Deformável
nós finitos
(2005)

Vicari e Duran Elástico não Quadrangulares Elementos


Sim Rígida
da Silva (2005) linear de 4 nós finitos

Loiola Elementos
Hiperbólico Quadrangulares Sim Deformável
(2001) finitos

Want et al. Elementos


* Triangulares Sim Não Deformável
(2002) finitos

Asaoka et al. Elementos


* * * * Deformável
(1994) finitos

*. não especificado.

2.5.
Força de tração nos reforços

Segundo Rowe e Ho (1993), a magnitude da força de tração nos reforços


depende da resistência ao cisalhamento mobilizada dentro do aterro, da
deformação horizontal do solo e da rigidez do sistema reforçado. A resistência ao
cisalhamento determina a força ativa requerida para o equilíbrio, a rigidez do
sistema determina a deformação e, portanto, a força no sistema necessária para o
equilíbrio.
65

2.5.1.
Medições de forças de tração no reforço

Geralmente, as forças de tração em MSR com geossintéticos são estimadas a


partir de dados de deformação e convertidos em forças, usando o módulo de
deformação (J) do material de reforço. Segundo Rowe e Ho (1993), para um
reforço extensível é difícil de interpretar a força de tensão no reforço baseada em
medições de deformação. Primeiro, porque a maioria dos reforços extensíveis é
sujeita à fluência. A magnitude da fluência depende da temperatura, carregamento,
tipo de polímero e método de fabricação. A deformação no reforço pode aumentar
com o tempo sob carregamento constante. Segundo Palmeira (1993), a rigidez de
um reforço extensível é dependente da tensão de confinamento (a rigidez é maior
se a tensão de confinamento for maior). Portanto, o mesmo reforço em diferentes
elevações apresenta diferentes características de tensão – deformação.
Segundo Jaber (1989), a máxima força de tração deduzida de medidas de
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deformação é menor que os valores previstos pela condição ativa Ka de Rankine


para as camadas mais baixas. Adib (1988) apresentou resultados observados por
Jaber (1989) onde mostrou que as forças no reforço perto do topo do muro foram
similares aos previstos pela condição de repouso Ko, conforme a Figura 2.27.
Altura acima da base do muro: h(m)

Figura 2.27 – Efeito da rigidez do reforço (Adib, 1988).


66

Segundo Guedes (2004), a compactação do solo pode resultar em


significativo acréscimo na tensão residual lateral, sendo tal tensão bem superior ao
valor teórico calculado para a condição Ko.
Conforme pesquisas desenvolvidas, a magnitude da força de tração em cada
camada de reforço é dependente da interação entre todas as componentes do muro
(solo, reforço, face e fundação), a distribuição dos reforços e do procedimento
construtivo. A seguir são discutidos os principais fatores que influenciam a tensão
nos reforços.

2.5.2.
Influência da característica do solo

O solo é o material que ocupa maior espaço dentro de um MSR com


geossintéticos Portanto, as propriedades do solo têm grande influência no
comportamento.
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Segundo diversos critérios tradicionais, os MSR com geossintéticos


deveriam ser executados com materiais granulares bem graduados, de elevado
ângulo de atrito, boa capacidade de drenagem, o que facilita a rápida dissipação de
excessos de poropressão no maciço.
As especificações de materiais de aterro para MSR com geossintéticos,
recomendadas pela FHWA (Federal Higway Administration) e conforme Elias et
al. (2001), são apresentadas na Tabela 2.7. Segundo os autores as limitações de
tamanho máximo de partículas em relação aos indicados na Tabela 2.7 são
necessárias para minimizar os danos mecânicos de instalação e construção.
Segundo a literatura pesquisada, os casos de MSR com geossintéticos
construídos no Brasil não atendem às especificações da FHWA. Trata-se de solos
residuais ou lateríticos, típicos de climas tropicais, com alto teor de finos. A pesar
disto, as estruturas se comportam satisfatoriamente. Ehrlich e Mitchell. (1994)
concluíram que o emprego destes solos pode resultar em estruturas econômicas,
com geometria, configuração e quantidade de reforços semelhantes aos maciços
de solos granulares, e com desempenho adequado.
Dantas (2004) apresentou curvas de compatibilidade solo-reforço conforme
a Figura 2.28, onde são avaliados a influência da rigidez, do ângulo de atrito e da
coesão do solo, no desenvolvimento das forças de tração nos reforços.
67

Tabela 2.7 – Especificações de materiais de aterro para MSR com geossintéticos (Elias
et al., 2001).
Percentagem passante

Tamanho de partícula Taludes abatidos


Paredes verticais
(peneira) (Inclinação inferior a
(até 70º de inclinação)
70º)

102 mm (4”) 100

20 mm 100

4,76 mm (No. 4) 100 - 20

0,425 mm (No. 40) 0 - 60 0 - 60

0,075 mm (No. 200) 0 - 15 0 - 50

Índice de Plasticidade (IP) <6 <20


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A Figura 2.28a apresenta a influência da rigidez do solo. As curvas S1 e S2


representam dois solos idênticos, mas com diferentes rigidezes (S2>S1). Observa-
se que um solo com rigidez elevada tende a reduzir as forcas de tração no reforço.
A Figura 2.28b apresenta a influência do ângulo de atrito do solo. As curvas
S1 e S2 representam dois solos idênticos, mas com diferentes ângulos de atrito
(S1>S2). Observa-se que em um solo com menor ângulo atrito, as forças de tração
no reforço são maiores.
A Figura 2.28c apresenta a influência da coesão do solo. As curvas S1 e S2
representam dois solos idênticos, mas com diferentes valores de coesão. O solo S2
apresenta coesão nula e observa-se que um solo com coesão tende a reduzir as
forças de tração nos reforços.
Dantas (2004) conclui que o equilíbrio de maciços reforçados sob condições
de serviço está relacionado com as deformações de seus materiais constituintes.
68

R1 R1
R2

R2

S2

S1

S2 S1

Deformação Específica Deformação Específica

R1

R2

S1

S2

Deformação Específica
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Figura 2.28 – Curvas de compatibilidade solo – reforço: (a) Influência da rigidez


do solo; (b) Influência do ângulo de atrito; e (c) Influência da coesão (adaptado de
Dantas, 2004).

2.5.3.
Influência da rigidez do reforço

O mecanismo de interação solo-reforço se dá pela transferência de tensões e


restrição das deformações laterais dentro do maciço. A Figura 2.29, na qual é
representado um elemento de massa de solo reforçado, ilustra o efeito da rigidez
do reforço. Dantas (2004) cita uma abordagem proposta por Jones (1985), onde
um elemento de solo é submetido a forças de compressão vertical (σv) de
intensidade conhecida, e tensão horizontal (σh), a qual deve ser determinada.
Sabe-se que a intensidade da tensão horizontal é função do deslocamento lateral
sofrido pelo solo, e duas situações limites podem acontecer:
• Estado de repouso (Ko), onde os deslocamentos horizontais são
nulos;
• Estado ativo (Ka), onde o solo se encontra na iminência de ruptura.
Em maciços reforçados com elementos de reforço perfeitamente rígidos ou
inextensíveis (ex. tiras de aço), os deslocamentos laterais são quase nulos,
69

prevalecendo a condição de repouso. Se forem empregados elementos de reforço


extensíveis (ex. geotêxteis) a massa irá se deslocar lateralmente com magnitude
suficiente, para estabelecer o estado ativo. Portanto, a rigidez do reforço é um
parâmetro importante para estabelecer o estado de tensões e deslocamento dentro
de um muro de solo reforçado sob condições de serviço.
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Figura 2.29 – Ilustração esquemática sobre o estado de tensões e deformações em um


elemento hipotético de solo reforçado (Dantas, 2004).

2.5.4.
Influência da compactação do solo

Segundo Caputo (1988), a compactação de um solo é um processo manual


ou mecânico que visa reduzir o volume de seus vazios e, assim, aumentar sua
resistência.
Segundo Duncan et al. (1991), quando o solo é compactado em camadas por
rolos ou placas vibratórias, as pressões de terra horizontal e vertical dentro da
massa de solo compactado se incrementam, alterando o estado de tensões na
massa de solo e as deformações que acontecem no período construtivo e após a
construção. A Figura 2.30 apresenta o acréscimo de tensões no solo devido à
operação de compactação.
Muitas pesquisas foram desenvolvidas para estudar o efeito da compactação
em muros de contenção tradicionais (Sowers et al.,1957; D’Appolonia et al.,1969;
Ingold, 1979; Duncan e Seed, 1986). Entretanto, tal fato não acontece para o caso
de muros reforçados, onde ainda não têm sido realizadas muitas pesquisas para se
70

melhor entender seu comportamento e a influência da compactação no


desenvolvimento de forças de tração.
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Figura 2.30 – Acréscimo de tensão no solo devido à operação de compactação (Dantas,


2004).

Loiola (2001) realizou análise numérica para estudar a influência da


compactação do solo. O estudo foi desenvolvido utilizando um programa de
elementos finitos para simular o comportamento de um muro de 5m de altura, com
um material de aterro sem coesão de face flexível e rígida, avaliando diferentes
tipos de reforço. Resultados desta pesquisa são apresentados na Figura 2.31, para
estruturas de face rígida com reforços de diferentes rigidezes, conforme o valor de
rigidez relativa Si. Segundo a Figura 2.31, a compactação do solo tende a induzir
maiores forças de tração nos reforços, em especial para reforços menos rígidos.
Saramago (2002) estudou a influência da compactação no comportamento
de muros de solo reforçado. O estudo foi realizado com a utilização de modelos
físicos de muros de solo reforçado, onde foram monitoradas as tensões
desenvolvidas ao longo do reforço e os deslocamentos horizontais internos e da
face do muro. O autor concluiu que a tensão vertical induzida pelo compactador
pode aumentar as forças de tração nos reforços e os deslocamentos horizontais do
solo, assim como diminuir os recalques após a construção do muro.
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Figura 2.31 – Influência da compactação do solo na tração atuante nos reforços, para
estruturas com face rígida e diferentes índices de rigidez relativa (Loiola, 2001).

Resultados da pesquisa de Saramago (2002) são apresentados na Figura


2.32. Segundo a figura, nota-se que o simples lançamento de camadas
sobrejacentes, ou mesmo compactação com placas vibratórias, não acarreta
grandes variações nas forças de tração ao longo dos reforços, em comparação aos
incrementos provocados pela compactação com soquete vibratório (sapo).
72

Figura 2.32 – Evolução de Tmax ao longo do reforço (Saramago, 2002).


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2.5.5.
Influência da rigidez da face

Tatsuoka (1993) apresentou uma análise geral dos efeitos da rigidez da face
sobre as cargas de tração em muros de solo reforçado. Ele sugere uma
classificação dos tipos de face de acordo com o grau de rigidez das mesmas: tipos
A e B, muito flexíveis (face de gabião, geossintético autoenvelopado), tipo C,
painéis de concreto articulado (incremental); tipo D, face de concreto pré-
fabricado contínua; e tipo E, estruturas de gravidade de concreto. A rigidez da face
foi definida em termos de rigidez local, axial, ao cisalhamento e à flexão, e a
massa total como uma estrutura de gravidade. O autor conclui que a deformação
da massa de solo reforçado tende a diminuir devido ao incremento do
confinamento do solo causado por uma face muito rígida, reduzindo as cargas de
tensão nos reforços. As cargas transmitidas pela face ao pé do muro podem
também contribuir para a estabilidade e em faces rígidas. Se a face de muro fosse
uma estrutura ampla se comportaria como uma estrutura de gravidade, e as tensões
no reforço poderiam reduzir-se a valores muito baixos.
Considerando a Figura 2.33, Tatsuoka (1993) mostra que a força de tração
máxima disponível no reforço (Tmax) é dada pela Equação 2.32:
73

Tmax = Mínimo ⋅ de{TTR , T A , TR + TW ,max } 2.32

Sendo:
TTR: resistência à tração do reforço;
TA : resistência ao arrancamento desenvolvido em la (trecho na zona resistente);
TR : resistência ao arrancamento desenvolvido em lr (trecho na zona ativa);
TW,max : máxima força de tração no reforço que pode ser mobilizada na conexão
com a face, correspondente ao máximo empuxo disponível integrado na parte da
face que cerca a camada de reforço considerada.
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Figura 2.33 – Diagrama ilustrativo para o caso em que TTR > TA > (TR + TW , max )
(Tatsuoka, 1993).

Rowe e Ho (1993) concluiriam que a rigidez da face e a fundação afetam a


rigidez global do sistema e influênciam na parcela de carga horizontal transmitida
pelo reforço e o pé. De fato, para faces rígidas (ex. face de concreto pré-fabricado
contínua) o equilíbrio de forças não pode ser satisfeito sem considerar as forças
transferidas do pé ao fundo da face com o pé restringido.
Bathurst (1993) investigou a influência da rigidez da face e a restrição do pé
para dois protótipos em escala real. Para estes muros, o autor afirma que 25% da
carga lateral total, no colapso, devido à sobrecarga foi, transferida para o pé do
muro.
Lee (2000) investigou a influência da rigidez da face sobre a distribuição de
forças de tração no reforço baseada em análise numérica, usando dois padrões de
face: (a) face flexível e (b) face rígida. O autor observou que a força de tração
máxima em um muro de face rígida foi 50% da força de tração desenvolvida em
muro de face flexível.
74

Tatsuoka et al. (1989), a partir de modelos em escala reduzida demonstraram


que, sob mesmas condições de carregamento, a magnitude das tensões verticais na
região próxima à base do muro de solo reforçado diminui com o aumento da
rigidez da face, sugerindo que tal rigidez promova algum efeito de estabilização.
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3
Análises de casos reais de muros de solo reforçados com
geossintéticos

3.1.
Introdução

Ainda existem muitas incertezas sobre o método de projeto mais compatível


com o comportamento real de uma MSR. Por exemplo, qual dos métodos permite
uma melhor estimativa das tensões requeridas no reforço, para desta forma poder
calcular o espaçamento entre eles e o comprimento necessário para evitar que
ocorra arrancamento. Com objetivo de avaliar isso, foram procurados casos de
muros reforçados reportados na literatura. Foram selecionados os casos que
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apresentaram informações a respeito de propriedades mecânicas e de


deformabilidade dos solos e dos reforços, geometria do muro, características dos
equipamentos de compactação e forças nos reforços. Os resultados da
instrumentação destes muros foram coletados para comparação com os métodos
de projeto descritos no capítulo anterior e com uma simulação numérica baseada
no programa de elementos finitos Plaxis. Os casos analisados nesta pesquisa são:
• Muro 1 - Comportamento de geogrelhas em muro de solo reforçado -
Becker (2006), no qual foram instrumentados duas seções de muro
reforçado com geogrelhas , para avaliação de deformações e recalques
durante a construção;
• Muro 2 - Avaliação experimental de protótipos de estruturas de contenção
em solo reforçado com geotêxtil – Benjamin (2006), no qual foram
instrumentados oito protótipos de MSR com geotêxteis não tecidos e
tecidos;
• Muro 3 – Comportamento de um muro de solo reforçado construído com
solos finos tropicais – Riccio e Ehrlich (2007), no qual foram monitoradas
tensões nos reforços em quatro diferentes camadas de uma MSR com
geogrelhas.
76

A Tabela 3.1 apresenta um resumo das características dos muros


instrumentados considerados nesta pesquisa.
Tabela 3.1 – Resumo das características dos muros instrumentados.
Muro Caso Características
Muro 1 Comportamento de geogrelhas Altura: 5m
em muro de solo reforçado. Inclinação da face: 1(H) : 5(V)
Becker, 2006. Espaçamento: Variável 0,4 a 0,6m
Tipo de reforço: geogrelhas de PVA
Resistência à tração: 55 e 35kN/m
Tipo de face: sacos de solo vegetal
Tipo de solo: Silto argiloso
Comprimento: 4,2m
Equipamento de Compactação: Sapo e
Rolo pata curta CA25.
Muro 2 Avaliação experimental de Altura: 4m
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protótipos de estruturas de Inclinação da face: 1(H) : 5(V)


contenção em solo reforçado Espaçamento: constante 0,4m
com geotêxteis. Reforço: Geotêxtil tecido PP
Benjamin, 2006 Resistência à tração: 13,94kN/m
Face: Envelopada
Tipo de solo: Areia media a grossa
Equipamento de Compactação: Placa
vibratória Wacker BPS 1135 W
Muro 3 Comportamento de um muro Altura: 4,2m
de solo reforçado construído Inclinação da face: vertical
com solos finos tropicais. Espaçamento: Variável 0,4 a 0,6m
Riccio e Ehrlich, 2007 Reforço: Geogrelha
Resistência à tração: 55 e 35kN/m
Face: Blocos pre-moldados de concreto
Tipo de solo: Argila arenosa amarela e
argila arenosa vermelha.
Equipamento de Compactação: Sapo e
Rolo Dynapac CA 250

Os casos analisados são descritos a seguir, com ênfase nos pontos de maior
interesse, como por exemplo, o tipo de solo, o geossintético utilizado e os
77

resultados obtidos pela instrumentação, como os deslocamentos da face e do


interior do maciço e a deformação dos reforços.
3.2.
Comportamento de geogrelhas em muros de solo reforçado

3.2.1.
Vista geral

Durante os anos 2001 e 2002, a empresa ALCOA Alumínio S.A., construiu


um lago artificial, para depositar os resíduos de bauxita resultantes do processo de
produção de alumínio, em sua fábrica de Poços de Caldas, MG. O depósito
consiste de um dique de solo compactado fechado, com uma capacidade de
armazenagem de aproximadamente 1,5x106 m3, com impermeabilização no fundo
e nos taludes internos. A Figura 3.1 apresenta uma seção transversal típica do
dique.
Para reduzir a área ocupada pelo talude externo do dique, e diminuir o
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volume de material de solo, foi construído um MSR com geogrelhas nos 5m


superiores do dique.
O muro tem uma altura de 5m com um comprimento 4,2m e foi construído
usando 9 camadas de geogrelhas colocadas com espaçamento vertical variável de
0,40m, 0,50m e 0,60m. A face do muro foi construída usando sacos de solo
vegetal e com uma inclinação de 78o. A compactação do aterro foi realizada
usando um rolo compressor vibratório pata curta CA-25 e o material próximo à
face (aproximadamente 0,5m) através de equipamento tipo “sapo”. A Figura 3.2
apresenta uma seção típica do MSR com geogrelhas.

Figura 3.1 – Seção transversal típica do dique. Becker, 2006.


78

Figura 3.2 – Detalhe da seção transversal típica da MSR com geogrelha (Becker, 2006).

3.2.2.
Características dos materiais

O material de aterro foi um solo argiloso local, extraído do fundo do lago e


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de duas jazidas ao lado da obra, compactado em camadas de 20cm, com um grau


de compactação mínimo de 95% do Proctor Normal (ASTM D698) e uma
Umidade Ótima de 30,4% . Os parâmetros de resistência do solo foram obtidos de
ensaios triaxiais (CD) e de cisalhamento de amostras inderformadas. Os resultados
desses ensaios estão apresentados na Tabela 3.2.
Os reforços empregados na construção foram geogrelhas de PVA Fortrac
35/20-20/30 MP (35) e Fortrac 55/25-20/30 MP (55A). A Tabela 3.3 apresenta as
características das geogrelhas dadas pelo fabricante, para ensaios de tração não
confinada em laboratório (DIN 10319).

Tabela 3.2 – Propriedades médias de solo empregado (Becker, 2006).


Propriedade Valor
Fração passante – peneira 40 (%) 84,9
Fração passante – peneira 200 (%) 74,2
Índice de plasticidade (%) 18
Umidade ótima (%) 30,4
Ângulo de atrito (o) 34,2
Intercepto coesivo (kPa) 10,0
Peso específico seco máximo (kN/m2) 18,3
79

Tabela 3.3 – Propriedades das geogrelhas (Becker, 2006).


Resistência à Alongamento
Rigidez
Geogrelha tração nominal nominal na
(kN/m)
(kN/m) ruptura (%)
35 (Fortrac35/20-20/30 MP) 35 759 5
55A (Fortrac 55/25-20/30 MP) 55 1210 5

3.2.3.
Plano de instrumentação

O programa de instrumentação foi projetado para acompanhar os


deslocamentos verticais e horizontais do muro e dos reforços. Sendo
instrumentadas duas seções, a primeira a E20+15 e segunda a E33+12. A Figura
3.3 apresenta a localização das duas seções.
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Figura 3.3 – Vista em planta das duas seções instrumentadas (Becker, 2006).

Foram instrumentados deslocamentos de três das nove camadas de reforço


localizadas a 40, 190 e 370cm de altura. A instrumentação foi monitorada por
meio de tell-tales em diferentes localizações ao longo da geogrelha. Nas duas
camadas inferiores foram empregados seis tell-tales e, na camada superior, foram
empregados oito em cada geogrelha, segundo a Figura 3.4. Três caixas suecas
foram instalas nas duas seções da base do muro para medir os deslocamentos
verticais da base. Os deslocamentos verticais e horizontais da face do muro e de
80

sua crista foram monitorados por topografia, mediante a instalação de marcos


superficiais em cada seção, sendo três na altura dos tell-tales e dois intermediários.
Os levantamentos topográficos dos marcos foram realizados periodicamente
durante a construção do muro.
O tell-tale mostrado na Figura 3.5 consiste de um fio de aço, no qual um
extremo é ligado a geogrelha por uma presilha e outro extremo é levado para fora
do muro através de um tubo de PVC, o qual é tensionado por um peso de 6N preso
na extremidade. O movimento do tell-tale é medido sobre uma régua graduada, e
representa o deslocamento da geogrelha. A leitura inicial de referência é feita após
o lançamento da primeira camada de solo, sobre a geogrelha recém instrumentada.
A caixa sueca apresentada na Figura 3.6, consiste de uma caixa metálica
hermética enterrada em um ponto de interesse da massa de solo.
O marcos superficiais consistem de tubos de PVC de 50mm de diâmetro e
30cm de comprimento preenchidos com argamassa, contendo uma ponta metálica
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para as visadas. A Figura 3.7 apresenta o marco topográfico instalado na face do


muro.

Figura 3.4 – Posicionamento dos tell-tales nas geogrelhas, com distâncias referênciadas
à face do muro (Becker, 2006).
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521511/CA 81

Figura 3.5 – Disposição dos tell-tales na geogrelha e vista da estrutura de suporte do


equipamento de leitura na face do muro reforçado (Becker, 2006).

Figura 3.6 – Detalhes da caixa sueca (Becker, 2006).


82

Figura 3.7 – Marco topográfico instalado na face do muro, entre duas camadas de
sacaria (Becker 2006).
A Figura 3.8 apresenta uma seção instrumentada típica e a Tabela 3.4
apresenta um resumo dos instrumentos de medição.
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Figura 3.8 – Seção transversal instrumentada com tell-tales, marcos superficiais e caixas
suecas (Becker 2006).

Tabela 3.4 – Instrumentos empregados no monitoramento do muro de solo reforçado


(Becker, 2006).
Instrumento Localização Quant. por seção Quant. total
Tell-tale Geogrelha de h=40cm 6 40
Geogrelha de h=190cm 6
Geogrelha de h=370cm 8
Marcos Face do muro, em 5 10
topográficos cinco alturas diferentes.
Caixa sueca Abaixo da primeira 3 6
camada do muro
83

3.2.4.
Resultados da instrumentação do muro

Os resultados da instrumentação descritos neste item foram obtidos de


Becker (2006). Só serão apresentados os resultados da secção E20+15.

3.2.4.1.
Recalques da base das seções instrumentadas

Os recalques da base do muro foram medidos utilizando caixas suecas, em


três pontos A, B e C, a 186, 305 e 447cm afastados da face do muro,
respectivamente. Segundo os resultados apresentados na Figura 3.9, os recalques
ocorridos durante a construção foram da ordem de 45mm e não houve recalques
diferenciais.
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Figura 3.9 – Recalques na base do muro de solo reforçado para a seção E20+15
(Becker, 2006).

3.2.4.2.
Resultados dos deslocamentos dos reforços

Conforme a Tabela 3.5 as deformações em geral foram pequenos,


alcançando valores menores que 1% para os reforços instrumentados.
Adicionalmente foram calculadas as máximas forças de tração a partir dos dados
de deformação ao final da construção.
84

Tabela 3.5 – Forças de tração máxima medidas em campo para o muro 1.


Força de
Elevação Deformação Rigidez
Camada tração
(m) (%) (kN/m)
(kN/m)
3 0,40 0,69 1210 8,30
5 1,90 0,69 1210 8,30
8 3,70 0,68 759 5,1

3.3.
Avaliação experimental de protótipos de solo reforçado com
geotêxtil

Como parte da pesquisa desenvolvida por Benjamin (2006) foram


construídos e instrumentados oito protótipos de MSR utilizando geotêxteis tecidos
e não tecidos. Três diferentes tipos de solo foram utilizados. Para esta pesquisa foi
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escolhido o protótipo 8, isto é, Muro 2.


3.3.1.
Descrição geral

O protótipo foi construído utilizando a técnica de solo auto-envelopado, com


4m de altura e 3m de comprimento. Os protótipos foram construídos em pares (um
encostado no outro) e foram confinadas lateralmente com estruturas de madeira
denominadas módulos. Além disso, foram instaladas duas lonas plásticas com
graxa entre elas, de forma a reduzir o atrito entre o solo e a estrutura de madeira.
Para a construção do muro foram utilizadas 10 camadas de geotêxteis, com
um espaçamento vertical de 0,4m. A estrutura foi embutida 50cm na superfície do
terreno, para incrementar sua estabilidade. O sistema de envelopamento foi
desenvolvido com suportes metálicos em forma de cantoneira. A inclinação da
face é de 1(H):5(V). O aterro foi compactado em camadas de 20cm usando uma
placa vibratória de marca Wacker, modelo BPS 1135 W, com dimensões iguais a
520mm (largura) x 350mm (comprimento), massa igual a 62kg, freqüência
vibratória igual a 97 Hz e força centrífuga máxima igual a 11 kN.
85

3.3.2.
Características dos materiais

O solo utilizado na construção do protótipo 8, foi uma areia pura, quartoza,


classificada segundo a NBR 7181 como uma areia média a grossa e com uma
massa específica de sólidos de 2,67 g/cm3. Os parâmetros de resistência foram
obtidos de ensaios triaxiais (CD) e cisalhamento direto, usando a mesma
densidade e umidade da construção do muro. Os resultados são apresentados na
Tabela 3.6.
Foram utilizados na execução do muro geotêxteis tecidos fabricados a partir
de fibras de polipropileno Propex 10x50 PP. As características do geotêxtil são
apresentadas na Tabela 3.7.

Tabela 3.6 – Parâmetros de resistência ao cisalhamento (Benjamin, 2006).


Triaxial Cisalhamento direto
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2
Coesão 16 kN/m 15 kN/m2
Ângulo de atrito 33o 32o

Tabela 3.7 – Características dos geotêxteis (Benjamin, 2006).


Gramatura 204,4 g/m2
Espessura 1,26 mm
Ensaios de resistência à tração 13,94 kN/m
Deformação na ruptura 22,67%
Rigidez 61,49 kN/m

3.3.3.
Instrumentação

O muro foi instrumentado e monitorado (Figura 3.10) durante e após a


construção, medindo-se:
• Deslocamentos verticais do maciço de solo reforçado, usando
extensometros magnéticos;
• Deslocamentos horizontais dos reforços usando tell-tales;
• Deslocamentos da face do muro usando equipamentos topográficos.
86

Os tell-tales, consistem em fios inextensíveis de aço inoxidável de 0,35mm


de diâmetro, colocados no interior de mangueiras de nylon, com uma extremidade
livre e outra fixa em um ponto de leitura ao longo do comprimento do geotêxtil. A
extremidade livre é composta por pesos de 500g de aço trefilado, cobertos por
uma camada de tinta anti-oxidante. O registro dos deslocamentos foi feito com um
paquímetro digital calibrado com uma resolução de 1mm. A Figura 3.11 apresenta
um esquema da manta instrumentada e o dispositivo de medição.
Os deslocamentos da face foram acompanhados ao longo do tempo,
medindo-se a distância de pontos localizados no centro da cada camada, até um
parâmetro fixo, por meio de uma regra graduada com nível, em outros casos foram
realizadas por equipamentos topográficos. A Figura 3.12 e 3.13 apresenta os
esquemas e vistas do sistema utilizado para a medição.
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Figura 3.10 – Instrumentação do protótipo (Benjamin, 2006).


87

Figura 3.11 – Esquema de uma manta instrumentada com tell tales (Benjamin, 2006).
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Figura 3.12 – Sistema para acompanhar o deslocamento da face (Benjamin, 2006).

Figura 3.13 – Medição dos deslocamentos da face utilizando equipamentos de topografia


(Benjamin, 2006).
88

3.3.4.
Resultados da instrumentação

Neste item são apresentados os resultados de deslocamento dos reforços e da


face do protótipo 8 (muro 2). As deformações dos reforços foram calculadas a
partir da distância relativa entre dois pontos consecutivos de tell-tales,
encontrando um valor médio para cada segmento. Os deslocamentos da face e do
reforço foram medidos durante e após a construção.

3.3.4.1.
Deslocamento e deformações no reforço

Segundo Benjamin (2006), os resultados registrados pelos tell-tales, foram


muito pequenos, atingindo valores máximos iguais a 25mm para a camada
instalada a 2,8m de altura. Entretanto, as maiores deformações registradas nos
reforços para o protótipo 8, no fim da construção, foram iguais a 0,6% atingindo a
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valores próximos a 1% após 200 dias, aproximadamente. O cálculo das


deformações ao final da construção é apresentado na Figura 3.14. Adicionalmente
foram calculadas as máximas forças de tração a partir dos dados de deformação ao
final da construção conforme é apresentada na Tabela 3.8.
Também foram realizadas leituras no protótipo 8 até 519 dias após a
construção. Porém, as deformações permaneceram praticamente estabilizadas após
200 dias, atingindo 1,1% após esse período.
O protótipo 8, apresentou uma superfície de tensão máxima mas afastada da
face, apresentando um formato que se situa entre a linearidade e uma forma espiral
logarítmica, como pode ser visto pela Figura 3.15.
89

fim da construção
8 dias

deformação (%)
1,2 26 dias
48 dias
69 dias
0,8 144 dias
181 dias
226 dias
0,4 279 dias
393 dias
519 dias
0,0
3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0
distância da face (cm)

a) Elevação 3,6m

fim da construção
8 dias
deformação (%)

1,2 26 dias
48 dias
69 dias
0,8 144 dias
181 dias
226 dias
0,4 279 dias
393 dias
519 dias
0,0
3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0
distância da face (m)

b) Elevação 2,8m
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fim da construção
8 dias
deformação (%)

1,2 26 dias
48 dias
69 dias
0,8 144 dias
181 dias
226 dias
0,4 279 dias
393 dias
519 dias
0,0
3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0
distância da face (m)

c) Elevação 2,0m
1,2
fim da construção
1,0 8 dias
deformação (%)

26 dias
0,8 48 dias
69 dias
0,6 144 dias
181 dias
0,4 226 dias
279 dias
0,2 393 dias
519 dias
0,0
3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0
distância da face (m)

d) Elevação 1,20m
Figura 3.14 – Curvas de deformação para o protótipo 8 ao final da construção (Benjamin
2006).
90

Tabela 3.8 – Forcas de tração máxima medidas em campo para o muro 2.


Elevação Deformação Rigidez Força de tração
Camada
(m) (%) (kN/m) (kN/m)
9 3,60 0,50 63,5 0,31
7 2,80 0,42 63,5 0,26
5 2,00 0,31 63,5 0,19
3 1,20 0,58 63,5 0,35

4,0

3,2
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2,4

elevação (m)
1,6

0,8

0,0
4,0 3,2 2,4 1,6 0,8 0,0
distância da face (m)
Figura 3.15 – Superfícies de força de tração máxima dos reforços para várias idades
(Benjamin, 2006).

3.3.4.2.
Deslocamentos da face do muro

Os deslocamentos da face apresentados na Figura 3.16, foram medidos pelos


tell-tales, o valor máximo atingido foi de 11mm ao final da construção. Em geral
os maiores deslocamentos ocorreram a 2/3 da altura do muro durante tudo o tempo
de leituras.
91

4,0
fim da construção
3,6
8 dias
3,2
26 dias
2,8 48 dias

2,4 69 dias

elevação (m) 144 dias


2,0

1,6 181 dias

226 dias
1,2
279 dias
0,8
393 dias
0,4
519 dias
0,0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
deslocamento da face (mm)
Figura 3.16 – Deslocamentos da face do protótipo 8 medidos diretamente pelos tell- tales
(Benjamin, 2006).
3.4.
Muro de solo reforçado construído com solos finos tropicais
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Como parte da pesquisa desenvolvida por Riccio e Ehrlich (2007) foi


monitorado um MSR com geogrelha utilizando solos residuais finos, com o
objetivo de aprofundar o entendimento de comportamento mecânico nesse tipo de
obra.

3.4.1.
Vista geral

Como parte da ligação das rodovias Carvalho Pinto (SP-070) e Presidente


Dutra foi construído uma MSR de 100m de extensão e altura variável ao longo de
seu comprimento. Foi monitorada uma seção com 4,2m de altura. O
monitoramento foi efetuado por um período de dois meses, incluindo a fase
construtiva.
Para a construção do muro foram utilizadas 7 camadas de geogrelhas, com
um espaçamento vertical variável de 0,4 e 0,6m. A face desse muro foi composta
por blocos segmentados de concreto. O rolo compactador utilizado foi um
Dynapac CA 250 PD, operando em alta freqüência com carga estática equivalente
de 380 kN e largura de rolo de 2,10m.
92

3.4.2.
Características dos materiais

O muro foi construído com dois tipos de solo: uma argila arenosa amarela
(solo A) e uma argila arenosa vermelha (solo B). A argila arenosa vermelha foi
utilizada até a camada número cinco do aterro e argila arenosa amarela da sexta
camada em diante. Os parâmetros de resistência e os índices físicos dos solos em
questão são apresentados na Tabela 3.9, 3.10 e 3.11.

Tabela 3.9 – Curvas granulométricas dos solos (Riccio e Ehrlich, 2007).


Areia
Solo Argila Silte Pedregulho
Fina Média Grossa
A 40 10 21 20 7 2
B 41 11 15 20 11 2

Tabela 3.10 – Resultados dos ensaios de caracterização (Riccio e Ehrlich, 2007).


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Solo LL LP IP Gs
A 38,4 15,7 22,7 2,66
B 48,5 20,1 28,4 2,67

Tabela 3.11 – Resultados dos ensaios triaxiais (Riccio e Ehrlich, 2007).


Condição de
Solo φ’ (o) c’ (kPa)
contorno
Def. plana 48 26
A
Axi – simétrica 30 15
Def. plana 38 43
B
Axi – simétrica 28 35

Foram empregados na execução do muro geogrelhas de PVA Fortrac 55/30-


20 e Fortrac 35/20-20. A Tabela 3.12 apresenta as características das geogrelhas
dadas pelo fabricante.
Tabela 3.12 – Propriedades nominais das geogrelhas (HUESKER, 1999).
Resistência à Alongamento na
Geogrelha Rigidez (kN/m)
tração (kN/m) ruptura (%)
Fortrac 55/30-20 55 1100 5
Fortrac 35/20-20 35 700 12
93

3.4.3.
Plano de instrumentação

Segundo Riccio e Ehrlich (2007), o muro foi monitorado ao longo de um


período de dois meses, incluindo a fase construtiva. A instrumentação consiste de
células de carga para a medição de forças de tração nos reforços, células de
pressão total, placas magnéticas e sistemas para medição dos esforços na face. O
posicionamento dos instrumentos é apresentado nas Figuras 3.17 e 3.18.
As trações nos reforços foram medidas em quatro diferentes camadas (seção
principal, P), sendo que em um determinado nível foram monitoradas duas seções
(R2A e R2B, seção de redundância, R). Cada geogrelha foi instrumentada em
quatro pontos distintos ao longo de seu comprimento.
No total cinco células de pressão foram posicionadas na fundação com o
propósito de verificar a excentricidade de cargas induzidas pelo empuxo da zona
não reforçada nas tensões verticais na base do muro.
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Extensômetros mecânicos foram posicionados em dois diferentes níveis de


reforço, além de placas magnéticas para o controle de recalques dispostas ao longo
da altura do aterro, sendo as leituras efetuadas através dos tubos de inclinômetro.

Figura 3.17 – Posicionamento dos instrumentos vista em corte (Riccio e Ehrlich, 2007).
94

3.4.4.
Resultados da instrumentação do muro

Os resultados da instrumentação descritos neste item foram obtido de Riccio


e Ehrlich (2007) e só serão apresentados os resultados da forças de tração no
reforço e os deslocamentos da face.

3.4.4.1.
Forças de tração no reforço

Os resultados registrados pelas células de carga ao final da construção são


apresentados na Figura 3.19. Observa-se que as trações máximas não se situaram
próximas à face, mas na parte central do reforço, observando-se que no caso do
reforço R2A a máxima tração ficou localizada na parte final da geogrelha. Com
base na Figura 3.19 foram obtidas as máximas forças de tração ao final da
construção, apresentadas na Tabela 3.13.
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Figura 3.18 – Posicionamento dos instrumentos vista em planta da camada numero 3


(Riccio e Ehrlich, 2007).
95

Figura 3.19 – Distribuição de carga ao longo dos reforços instrumentados, ao final da


construção (Riccio e Ehrlich, 2007).
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Tabela 3.13 – Forças de tração máxima medidas em campo para o muro 3.

Elevação Rigidez do reforço Forças de tração


Reforço
(m) (kN/m) (kN/m)
R1 0,60 1100 6,36
R2 2,40 700 5,72
R3 3,00 700 4,68
R4 3,40 700 9,32

3.5.
Conclusões

Em dois dos três casos avaliados (muros 1 e 2), as forças de tração nos
reforços foram estimadas a partir de medições de deslocamentos convertidas em
deformações e, posteriormente, em carga utilizando o módulo de deformabilidade
do reforço. As deformações dos reforços foram calculadas a partir da distância
relativa entre dois pontos consecutivos de tell-tales, encontrando-se um valor
médio para cada segmento do reforço. Para o muro 3, os dados de força de tração
foram medidos diretamente por células de carga. Sabe-se que as principais fontes
de erro são:
96

1. Erro na determinação exata dos deslocamentos em pontos discretos


por tell tale, devido provavelmente à posição, calibração e não
redundância dos dados medidos pelos instrumentos;
2. Erro sistemático no cálculo da deformação, devido à forma de
cálculo adotada como um valor médio de dois pontos consecutivos;
3. Erro no módulo de deformabilidade do reforço, que depende do
tempo, confinamento do solo e danos de instalação de reforço.
Os muros selecionados nesta pesquisa diferenciam-se, pelo tipo de reforço,
tipo de face e método construtivo. Os muros 1 e 3 foram compactados com
equipamentos de alta energia (rolos compactadores). Entretanto, o muro 2 foi
compactado com equipamento de baixa energia (placa vibratória).
1
Muro 1

0,9 Muro 2
Muro 3

0,8
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0,7
Elevação Normalizada (z/H)

0,6

0,5

0,4

0,3

0,2

0,1

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Força de tração máxima (kN/m)

Figura 3.20 – Valores de máxima força de tração medidos em campo.


Segundo a Figura 3.25, observa-se que existe um incremento das forças de
tração nas camadas superiores, nos muros 2 e 3, talvez por efeito da compactação.
No caso do muro 2, a instrumentação registrou valores de forças de tração
menores que 1kN/m. Estes resultados serviram de base para ser confrontados com
os métodos de projeto.
A presente pesquisa, não pretende discutir os dados publicados pelos
autores. O objetivo é utilizar este banco de dados, para comparar com os
resultados de forças de tração nos reforços previstos pelos métodos de projeto
tanto analíticos e numéricos, freqüentemente utilizados pelos projetistas.
4
Comparação dos métodos de projeto com resultados de
campo

4.1.
Introdução

Para a análise de estabilidade interna de muros de solo reforçado (MSR)


com geossintéticos, a carga de tração no reforço é um valor importante para o
cálculo da resistência à tração, espaçamento e comprimento dos reforços.
No capítulo anterior, foram descritos os resultados da instrumentação sob
condições de serviço de três casos reais de MSR com geossintéticos bem
documentados. O objetivo desta pesquisa é comparar os resultados de campo com
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os valores de tração máxima nos reforços obtidos com os métodos de projeto mais
utilizados.

4.2.
Métodos de projeto adotados

Conforme foi explicado anteriormente, os métodos de projeto para análise


de estabilidade interna são divididos em duas categorias: métodos de equilíbrio
limite, baseados em condições de ruptura, e métodos analíticos baseados
condições de serviço. Por sua vez, o método de equilíbrio limite divide-se em dois
grupos, que podem ser denominados métodos tieback (ancoragem) e métodos
slope stability (estabilidade de taludes). Os métodos tieback podem ser
considerados como métodos de tensões que se baseiam em considerações de
tensões horizontais. Os métodos slope stability empregam aproximações comuns
às análises de estabilidade de taludes, com o equilíbrio de forças ao longo de uma
superfície de ruptura conhecida. Todos estes métodos foram apresentados no
Capítulo dois. Nesta pesquisa são reunidos os métodos, amplamente utilizados
pelos projetistas para o dimensionamento de MSR com geossintéticos (Tabela
4.1).
98

Tabela 4.1 – Resumo dos métodos de projeto para o dimensionamento de MSR com
geossintéticos adotados para análise.
Tipo de análise Método
Steward et al. (1977)
TieBack Broms (1978)
(equilíbrio de Murray (1980)
forças Collin (1986)
horizontais) Bonaparte (1987)
Equilíbrio Limite
Elias et al. (2001)
Slope Stability Schmertmann (1987)
(equilíbrio de Leshchinsky e Perry (1989)
forças e Leshchinsky e Boedeker (1989)
momentos) Jewell (1991)
Ehrlich e Mitchell (1994)
Condições de serviço
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Allen et al. (2003)

4.2.1.
Dados de entrada

Cada método de projeto requer diversos dados de entrada para poder


calcular a força de tração em cada reforço, sendo três os grupos de parâmetros
importantes:
a. Geometria: inclui a altura, espaçamento e comprimento dos reforços,
inclinação da face e sobrecargas do muro;
b. Propriedades do solo: incluem o material do aterro e o solo da retro-
terra;
c. Propriedades do reforço: incluem a resistência à tração e a resistência
da interface solo – reforço.

4.3.
Descrição dos casos reais avaliados

Para o desenvolvimento desta pesquisa, foram escolhidos três muros reais


descritos na literatura e apresentados detalhadamente no Capítulo 3. A Tabela 4.2
apresenta uma breve descrição destes três muros. O primeiro é um MSR com
99

geogrelhas com face de sacos de terra vegetal, compactado com um rolo


compactador Dynapac CA25, com largura de 2,10m e carga estática equivalente
de 160 kN. Detalhes deste muro são apresentados por Becker (2006).
O segundo caso é um muro instrumentado, reforçado com geotêxteis, com
face auto-envelopada e compactado com uma placa vibratória de marca Wacker,
modelo BPS 1135 W com largura de 0,35m e carga estática equivalente a 11 kN.
Detalhes deste muro são apresentados por Benjamin (2006) como parte de uma
pesquisa de oito protótipos de muros de solo reforçado com geotêxteis.
O último caso consiste de um MSR com geogrelhas de face vertical com
blocos de concreto. A compactação foi realizada com um rolo compactador
Dynapac CA 25, com largura de 2,10m e operando em alta freqüência com carga
estática equivalente de 380 kN. Detalhes de este muro são apresentados em Riccio
e Ehrlich (2007).
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Tabela 4.2 – Resumo dos MSR com geossintéticos.


Caso Autores Características de dimensionamento
Altura: 4,5m
Inclinação da face: 1(H) : 5(V)
Muro 1 Becker (2006). Reforço: Geogrelha
Espaçamento: Variável 0,4 a 0,6m
Comprimento: 4,2m
Altura: 4m
Inclinação da face: 1(H) : 5(V)
Muro 2 Benjamin (2006). Reforço: Geotêxtil
Espaçamento: 0,4m
Comprimento: 3m
Altura: 4,2m
Inclinação da face: Vertical
Muro 3 Riccio e Ehrlich (2007). Reforço: Geogrelha
Espaçamento: Variável 0,4 a 0,6m
Comprimento: 4m
100

4.4.Condições de comparação

Conforme indicado na revisão bibliográfica, as condições reais dos muros


reforçados são discordantes, pelo que são necessários alguns ajustes, conforme
indicado a seguir:
1. O método de Schmertmann et al. (1987) foi desenvolvido para
taludes inclinados até 80o e ângulos de atrito até 35o, sendo
necessário extrapolar para valores acima destes limites;
2. Nos métodos de Steward (1977), Collin (1986) e Murray (1980),
supõe-se que a camada de reforço mais baixa está no nível da
fundação, para os cálculos da máxima força de tração no reforço.
3. Nenhum dos métodos, à exceção do método de Ehrlich e Mitchell
(1994), considera a coesão no cálculo da força de tração. Portanto, o
valor da coesão foi desprezado para os demais cálculos;
4. Os métodos de Leshchinsky e Boedeker (1989) e Leshchinsky e
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Perry (1989) e Broms (1978) foram desenvolvidos para muros


reforçados com espaçamento vertical constante. Nestes casos,
considerou-se o espaçamento médio dos reforços;
5. Para os casos onde o solo de aterro varia considera-se um valor
constante para o ângulo de atrito, coesão e peso específico para os
cálculos;
6. Nenhum dos métodos de projeto, à exceção do método de Ehrlich e
Mitchell (1994), considera carga devido ao efeito da compactação;
7. O espaçamento vertical, para o calculo da área tributaria é dado pela
distância entre o centro de duas camadas adjacentes. Para a primeira
camada de reforço, o espaçamento vertical é a distância entre a base
do muro e o centro da primeira camada. Para a última camada de
reforço, o espaçamento vertical é a distância entre o topo do muro e
o centro da camada superior.
8. A maioria dos métodos foi desenvolvida para muros de face vertical,
à exceção dos métodos da FHWA (2001), Schmertmann (1987),
Leshchinky e Boedeker (1989) e Allen et al. (2003).
101

4.5.
Aplicação dos métodos ao Muro 1

4.5.1.
Dados de entrada

Na Tabela 4.3 são apresentados os dados necessários para o cálculo da força


de tração pelos diferentes métodos.

Tabela 4.3 – Resumo dos dados de entrada para o muro 1.


Parâmetro Característica Valor
Geometria Altura 4,5m
Espaçamento entre reforços Variável 0,4m a 0,6m
Inclinação da face 1(H):5(V)
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Comprimento do reforço 4,2m


Sobrecarga Não
Propriedades do Ângulo de atrito 34,2 o
solo Coesão 10,0 kN/m2
Peso específico 17,9 kN/m3
Reforço Geogrelhas de PVA 55 kN/m (Trup) e
35kN/m (Trup)
759 kN/m (Rigidez) e
1210 kN/m (Rigidez)

4.5.2.
Métodos de equilíbrio limite

Conforme citado anteriormente, os métodos de equilíbrio limite são


divididos em dois grupos: métodos “tieback” e métodos “slope stability”. A
Tabela 4.4 apresenta para o muro 1, as forças de tração máxima distribuídas em
diferentes camadas previstas pelos métodos de tieback. A Tabela 4.5 apresenta os
valores de Tprevisto Tmedido para três das nove camadas de reforço, localizadas a

0,40, 1,90 e 3,70m de elevação. A Figura 4.1 compara a máxima força de tração
102

prevista pelos métodos de projeto com os resultados medidos durante o


monitoramento.

Tabela 4.4 – Máximas forças de tração segundo os métodos de equilíbrio limite (tieback)
– Muro 1.
Máxima força de tração (kN/m)
Camada Elevação
Steward Broms Murray Collin Bonaparte FHWA
No (m)
(1977) (1978) (1980) (1986) (1987) (2001)
1 4.30 0,78 8,07 0,50 1,57 0,50 0,38
2 3.70 3,76 8,07 2,41 7,54 2,42 1,81
3 3.10 6,58 8,07 4,22 8,48 4,30 3,16
4 2.5 9,41 8,07 6,02 8,48 6,28 4,52
5 1.90 12,23 8,07 7,83 8,48 8,42 5,88
6 1.30 13,80 8,07 8,83 7,77 9,88 6,63
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7 0.80 13,05 8,07 8,36 6,36 9,74 6,27


8 0.40 12,86 8,07 8,23 5,65 9,97 6,18
9 0.00 7,05 8,07 4,52 2,83 5,72 3,39

Tabela 4.5 – Valores de Tprevisto Tmedido para as três camadas de reforço instrumentadas
(tieback) – Muro 1.
Elevação Tprevisto Tmedido

Steward Broms Murray Collin Bonaparte FHWA

(1977) (1978) (1980) (1986) (1987) (2001)

0,82H 0,74 1,58 0,47 1,48 0,47 0,35

0,42H 1,47 0,97 0,94 1,02 1,01 0,71

0,09H 1,55 0,97 0,99 0,68 1,20 0,74

Valor Médio 1,25 1,17 0,80 1,06 0,89 0,60


103

5
Campo
Método Steward (1977)
4,5
Método Broms (1978)

4 Método Murray (1980)


Método Collin (1986)

3,5 Método Bonaparte (1987)


Método Simplificado FHWA 2001
3
Elevação (m)

2,5

1,5 Ko

0,5
Ka
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Força de tração máxima (kN/m)

Figura 4.1 – Valores de força de tração máxima medidos (campo) e previstos (equilíbrio
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limite – tieback) – Muro 1.

Segundo a Tabela 4.5, observa-se que três dos seis métodos apresentam
valores médios de Tprevisto Tmedido >1.

Conforme a Figura 4.1 e a Tabela 4.5, os métodos de Steward (1977) e de


Bonaparte (1987) prevêem melhor os resultados para as camadas inferiores. Nas
camadas superiores prevalece o efeito da compactação e os métodos não levam em
conta tal efeito. Os métodos consideram que as tensões nos reforços estão
relacionadas com as tensões geostáticas. Steward (1977) considera a condição de
repouso Ko para o cálculo das tensões horizontais. Bonaparte (1987) considera a
condição ativa Ka para o cálculo da tensão horizontal, porém leva em conta a
tensão horizontal induzida pelo empuxo do retro-aterro.
Os métodos de Broms (1978) e de Collin (1986) prevêem os resultados,
acima dos registrados em campo para as camadas superiores , ou seja, a favor da
segurança. O método de Broms (1978) é independente da profundidade, mas
dependente da altura final e do peso específico para o cálculo do esforço
horizontal. O método de Collin (1986) só depende da altura do muro.
Os métodos de Murray (1980) e da FHWA (2001) apresentam valores de
Tprevisto Tmedido <1 em diferentes elevações, ou seja, mostraram-se contra a

segurança, neste caso do muro 1. Provavelmente, isto se deve ao fato que ambos
104

consideram a condição ativa para o cálculo das tensões horizontais. Alem disto, o
método do FHWA (2001) leva em conta a inclinação da face, reduzindo ainda
mais o valor de Ka.
Observando a Figura 4.1, percebe-se que os métodos de Steward e de
Murray não seguem perfeitamente as condições Ko e Ka, respectivamente. Ambos
se afastam Ko e Ka devido ao espaçamento variável.
Segundo Allen et al. (2003), todos os métodos citados deveriam
superestimar largamente as tensões no reforço. Neste caso não acontece o
previsto, provavelmente porque nenhum dos métodos considera o efeito da
compactação, além de desprezarem a coesão.
A Tabela 4.6 apresenta os resultados de forças de tração distribuídas em
diferentes camadas obtidas pelos métodos de equilíbrio limite – slope stability. A
Tabela 4.7 apresenta os valores de Tprevisto Tmedido em três das nove camadas de

reforço instrumentadas. Na Figura 4.2 comparam-se, os resultados previstos com


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os medidos durante o monitoramento.

Tabela 4.6 – Máximas forças de tração segundo os métodos de equilíbrio limite (slope
stability) – Muro 1.
Máxima força de tração (kN/m)
Leshchinky e Leshchinky e
Camada Elevação Boedeker Perry
Schmertmann Jewell
No (m) (1989) (1989)
(1987) (1991)
Reforço Reforço Reforço Reforço
Horiz. Inclin. Horiz. Inclin.
1 4,30 0,42 0,18 0,17 0,24 0,23 0,37
2 3,70 2,00 1,16 1,08 1,59 1,47 1,77
3 3,10 3,51 2,15 2,00 2,94 2,71 3,09
4 2,50 5,01 3,13 2,91 4,28 3,95 4,42
5 1,90 6,51 4,12 3,83 5,63 5,20 5,75
6 1,30 7,34 5,10 4,74 6,98 6,44 6,48
7 0,80 6,95 6,09 5,66 8,32 7,68 6,13
8 0,40 6,84 7,07 6,58 9,67 8,92 6,04
9 0,00 3,76 8,06 7,49 11,02 10,17 3,32
105

Tabela 4.7 – Valores de Tprevisto Tmedido para as três camadas de reforço instrumentadas
(slope stability) – Muro 1.

Tprevisto Tmedido

Leshchinky e Leshchinky e
Elevação Boedeker Perry
Schmertmann Jewell
Normalizada (1989) (1989)
(1987) (1991)
Reforço Reforço Reforço Reforço
Horiz. Inclin. Horiz. Inclin.
0,82H 0,39 0,23 0,21 0,31 0,29 0,35
0,42H 0,78 0,50 0,46 0,68 0,63 0,69
0,09H 0,82 0,85 0,79 1,17 1,07 0,73
Valor Médio 0,66 0,53 0,49 0,72 0,66 0,59
5
Campo
Método Jewell (1991) (apud Koerner 1994)
4,5
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Método Schmertmann (1987)


Leshchinsky e Boedeker Ref. Hor.
4 Leshchinsky e Boedeker Ref. Incl.
Leshchinsky e Perry Ref. Incl.
Leshchinsky e Perry Ref. Hor.
3,5

3
Elevação (m)

2,5

1,5

0,5
Ka

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Força de tração máxima (kN/m)

Figura 4.2 – Muro 1 – Valores de máxima força de tração medidos (campo) e previstos
(equilíbrio limite – slope stability) – Muro 1.

Cabe ressaltar que os métodos de Leshchinsky e Boedeker (1989) e


Leshchinsky e Perry (1989) consideram duas possibilidades para a orientação da
força de tração nos reforços: paralela ao reforço (horizontal) ou inclinada
(tangente à superfície de ruptura).
O método de Leshchinsky e Perry (1989) prevê melhor os resultados para as
camadas inferiores, provavelmente devido ao fato de ter sido desenvolvido para
muros de face vertical.
106

O método de Leshchinsky e Boedeker (1989) fornece resultados


Tprevisto Tmedido <1 em todas as camadas, provavelmente por ter sido desenvolvido

para muros de face inclinada e superfície de ruptura espiral logarítmica, sem


consideração do esforço de compactação.
Os métodos de Schmertmann (1987) e Jewell (1991) apresentam resultados
de Tprevisto Tmedido <1 em todas as camadas. Ambos admitem que a inclinação da

face causa uma redução no valor de Ka.


Similar aos métodos tieback, estes métodos deveriam superestimar as
tensões no reforço. Entretanto, isto não acontece, provavelmente devido ao fato de
que os métodos tipo slope stability desconsideram o efeito da compactação e a
coesão do solo. Neste caso do muro 1, a energia de compactação é muito elevada.

4.5.3.
Métodos baseados nas condições de trabalho
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Na Tabela 4.8 são apresentados os valores de forças de tração máxima


previstos pelos métodos. A Tabela 4.9 apresenta os valores de Tprevisto Tmedido em

três das nove camadas de reforço instrumentadas. Na Figura 4.3 os resultados


previstos são comparados com os resultados de campo observados durante o
monitoramento.
Tabela 4.8 – Métodos baseados nas condições de trabalho.- Muro 1.

Máxima força de tração (kN/m)


Camada
Elevação (m) Allen et al. Ehrlich e Mitchell
No
(2003) (1994)
1 4,30 1,05 7,78
2 3,70 2,22 10,34
3 3,10 3,30 10,94
4 2,50 5,25 12,24
5 1,90 5,25 12,90
6 1,30 5.25 12,58
7 0,80 4,79 10,99
8 0,40 2,92 10,57
9 0,00 1,05 5,68
107

Observando a Figura 4.3, o método de Ehrlich e Mitchell (1994) prevê


melhor os resultados, a favor da segurança, neste caso. A Tabela 4.9 apresenta
resultados de Tprevisto Tmedido >1 em todas as camadas.

Tabela 4.9 – Valores de Tprevisto Tmedido para três camadas de reforço instrumentadas
(nas condições de trabalho) – Muro 1.

Tprevisto Tmedido
Elevação Normalizada Allen et al. Ehrlich e Mitchell
(2003) (1994)
0,82H 0,44 2,03
0,42H 0,63 1,55
0,09H 0,35 1,27
Valor Médio 0,47 1,62
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Método Allen et al. (2003)

campo TT
4.00
Metodo Ehrlich e Mitchell
(1994)

3.00
Elevação (m)

2.00

1.00

0.00
0 2 4 6 8 10 12 14
Força de tração máxima (kN/m)

Figura 4.3 – Valores de força de tração máxima medidos (campo) e previstos (nas
condições de trabalho) – Muro 1.

O método de Allen et al. (2003) apresenta resultados de Tprevisto Tmedido <1 em

todas as camadas, ou seja, foram contra a segurança neste caso. Conforme mostra
a Figura 4.3, o formato da curva de campo é parecido com o da curva de Allen et
al. (2003). Isto pode ser devido ao fato de ter sido desenvolvido a partir de
medidas de tensão e deformação de muros monitorados em escala real, porém
compactados com equipamentos de baixa energia.
108

Segundo a Figura 4.3, as maiores tensões previstas pelo método de Ehrlich e


Mitchell (1994) situam-se nas camadas intermediárias, onde os reforços
apresentam maior rigidez e espaçamento.
Conforme o método de Ehrlich e Mitchell (1994), a tensão σ zc é a máxima
tensão vertical da história do solo, sendo definida partir da comparação da tensão
vertical induzida pela compactação ( σ zc ,i ) com a tensão geostática ( σ z ). Em todas

as camadas, a tensão vertical induzida pela compactação foi maior que a tensão
geostática, prevalecendo o efeito da compactação no comportamento tensão –
deformação. Isto deve-se à alta energia transmitida ao solo pelo equipamento de
compactação.

4.6.
Aplicação dos métodos ao Muro 2
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4.6.1.
Dados de entrada

Na Tabela 4.10 são apresentados os do muro 2 necessários para o cálculo da


força de tração pelos diferentes métodos.

Tabela 4.10 – Resumo dos dados de entrada para o muro 2.


Parâmetro Característica Valor
Geometria Altura 4,0m
Espaçamento entre reforços 0,4m constante
Inclinação da face 1(H):5(V)
Comprimento do reforço 3,0 m
Sobrecarga Não
Propriedades do Ângulo de atrito interno 32,0o
solo Coesão 16,0 kN/m2
Peso específico 18,0 kN/m3
Reforço Geotêxtil tecido 13,9 kN/m (Trup)
(Polipropileno) 61,5 kN/m (Rigidez)
109

4.6.2.
Métodos de equilíbrio limite

A Tabela 4.11 apresenta as forças de tração distribuídas em diferentes


camadas previstas pelos métodos tieback para o muro 2. A Tabela 4.12, apresenta
os valores de Tprevisto Tmedido para quatro das dez camadas de reforço, localizadas a

1,2, 2,0, 2,8 e 3,6m de elevação. A Figura 4.5 compara a máxima força de tração
prevista pelos métodos de projeto com os resultados medidos durante o
monitoramento.
Tabela 4.11 – Máxima força de tração segundo os métodos de equilíbrio limite (tieback) –
Muro 2.
Elevação
Camada Máxima força de tração (kN/m)
(m)
Steward Broms Murray Collin Bonaparte FHWA
Método
(1977) (1978) (1980) (1986) (1987) (2001)
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1 3,60 2,03 5,75 1,33 5,66 1,33 1,02


2 3,20 2,71 5,75 1,77 3,78 1,77 1,36
3 2,80 4,06 5,75 2,65 3,78 2,65 2,04
4 2,40 5,42 5,75 3,54 3,78 3,54 2,73
5 2,00 6,77 5,75 4,42 3,78 4,42 3,41
6 1,60 8,12 5,75 5,31 3,78 5,31 4,09
7 1,20 9,48 5,75 6,19 3,78 6,19 4,77
8 0,80 10,83 5,75 7,08 3,78 7,08 5,45
9 0,40 12,18 5,75 7,96 3,78 7,96 6,13
10 0,00 6,77 5,75 4,42 1,89 4,42 3,41
Tabela 4.12 – Valores de Tprevisto Tmedido para as camadas de reforço instrumentadas

(tieback) – Muro 2.
Elevação
Tprevisto Tmedido
Normalizada
Steward Broms Murray Collin Bonaparte FHWA
Método
(1977) (1978) (1980) (1986) (1987) (2001)
0,90H 6,55 18,55 4,29 18,26 4,29 3,29
0,75H 15,62 22,12 10,19 14,54 10,19 7,85
0,50H 35,63 30,26 23,26 19,89 23,26 17,95
0,30H 27,09 16,43 17,69 10,80 17,69 13,63
Valor Médio 21,22 21,84 13,86 15,87 13,86 10,68
110

Campo

3,5 Método Steward (1977)


Método Broms (1978)
Método Murray (1980)
3
Método Collin (1986)
Método Bonaparte (1987)
2,5
Método Simplificado FHWA 2001
Elevação (m)

1,5

0,5
Ko
Ka
0
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00
Força de tração máxima (kN/m)

Figura 4.4 – Valores de força de tração máxima medidos (campo) e previstos (equilíbrio
limite – tieback) – Muro 2.
Segundo a Tabela 4.12 observa-se que todos os métodos apresentam valores
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médios de Tprevisto Tmedido >1.

O método de Steward (1977) superestimou as forças de tração. Conforme a


Tabela 4.12, observa-se que para o reforço posicionado a 2,00m de elevação, o
valor previsto superou em 35 vezes os resultados medidos em campo. O método
de Steward (1977) considera a condição de repouso Ko para o cálculo da força de
tração.
Segundo a Tabela 4.12, os valores médios de Tprevisto Tmedido são menores

para o método simplificado da FHWA(2001) em comparação com outros


métodos. Além disto, o método considera a condição ativa (Ka) para o cálculo das
forças de tração e leva em conta a inclinação da face, reduzindo ainda mais o valor
de Ka (Figura 4.4).
Todos os métodos apresentam concordância um pouco melhor com os
resultados de campo, para z>0,75H, exceto Broms (1978) e Collin (1986) que são
empíricos. Por outro lado, apesar de superestimarem grosseiramente os valores de
Tprevisto Tmedido , Broms (1978) e Collin (1986) apresentam curvas de elevação vs.

forças de tração máxima com formato mais parecido com o de campo que os
outros métodos.
A Tabela 4.13 apresenta os resultados obtidos de forças de tração máxima
distribuídas em diferentes camadas pelos métodos de slope stability. A Tabela
111

4.14 apresenta os valores de Tprevisto Tmedido para quatro das dez camadas de

reforço. Na Figura 4.6 comparam-se os resultados previstos com os medidos


durante o monitoramento.
Cabe ressaltar que os métodos de Leshchinsky e Boedeker (1989) e
Leshchinsky e Perry (1989), consideram duas possibilidades para a orientação da
força de tração nos reforços: paralela ao reforço (horizontal) ou inclinada
(tangente à superfície de ruptura).

Tabela 4.13 – Máximas forças de tração segundo os métodos de equilíbrio limite (slope
stability) – Muro2.
Máxima força de tração (kN/m)
Leshchinky e Leshchinky e
Camada Elevação Boedeker Perry
Schmertmann Jewell
No (m) (1989) (1989)
(1987) (1991)
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Reforço. Reforço. Reforço. Reforço.


Horiz. Inclin. Horiz. Inclin.
1 3,60 1,14 0,63 0,59 0,80 0,73 0,99
2 3,20 1,52 1,27 1,18 1,60 1,47 1,32
3 2,80 2,28 1,90 1,77 2,40 2,20 1,98
4 2,40 3,03 2,53 2,36 3,20 2,93 2,64
5 2,00 3,79 3,17 2,95 4,01 3,67 3,30
6 1,60 4,55 3,80 3,54 4,81 4,40 3,96
7 1,20 5,31 4,44 4,13 5,61 5,13 4,62
8 0,80 6,07 5,07 4,72 6,41 5,86 5,28
9 0,40 6,83 5,70 5,31 7,21 6,60 5,93
10 0,00 3,60 6,34 5,90 8,01 7,33 3,13

Similar aos métodos tieback, os resultados obtidos pelos métodos slope


stability fornecem valores de Tprevisto Tmedido >1, superestimando os valores de

tração máxima.
Conforme a Figura 4.6 todos os métodos previram resultados abaixo da
linha de condição ativa Ka.
O método de Leshchinsky e Perry (1989) superestima aproximadamente
12,2 vezes os valores medidos em campo. O método em sua hipótese assume uma
superfície de ruptura linear de Rankine e não considera a inclinação da face do
muro.
112

Tabela 4.14 – Valores de Tprevisto Tmedido para quatro camadas de reforço instrumentadas
(slope stability) – Muro 2.

Tprevisto Tmedido

Leshchinky e Leshchinky e
Elevação Boedeker Perry
Schmertmann Jewell
Normalizada (1989) (1989)
(1987) (1991)
Reforço Reforço Reforço Reforço.
Horiz. Inclin. Horiz. Inclin.
0,90H 3,68 2,03 1,90 2,58 2,35 3,19
0,75H 8,77 7,31 6,81 9,23 8,46 7,62
0,50H 19,95 16,68 15,53 21,11 19,32 17,37
0,30H 15,17 12,69 11,68 16,03 14,66 13,20
Valor Médio 11,89 9,68 9,01 12,24 11,20 10,35

Campo
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Método Jewell (1991) (apud Koerner 1994)


3,5
Método Schmertmann (1987)
Leshchinsky e Boedeker Ref. Incl.
Leshchinsky e Boedeker Ref. Hor.
3
Leshchinsky e Perry Ref. Incl.
Leshchinsky e Perry Ref. Hor.

2,5
Elevação (m)

1,5

0,5
Ka

0
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 9,00

Força de tração máxima (kN/m)

Figura 4.5 – Valores de máxima força de tração medidos (campo) e previstos (equilíbrio
limite – slope stability) – Muro 2.
O método de Leshchinsky e Boedeker (1989) foi o que menos superestimou
os valores medidos em campo. Provavelmente, porque em sua hipótese ele assume
uma superfície espiral logarítmica e considera a inclinação da face do muro.
Em conclusão, os métodos de equilíbrio limite superestimam largamente as
tensões no reforço, neste caso do muro 2. As maiores deformações registradas
foram iguais a 0,60%. Provavelmente os reforços não foram carregados por três
razões:
113

• A primeira é que o muro é estável sem reforço, com um fator de


segurança (FS) de 1,50 conforme foi avaliado é apresentado na
Figura 4.7;
• Segundo é que o reforço apresenta uma rigidez muito baixa de 61,5
kN/m;
• Por último é que o muro foi compactado com um equipamento de
baixa energia, placa vibratória, com carga estática equivalente de 11
kN.
Portanto, a mobilização da resistência ao cisalhamento do solo basta para
garantir a estabilidade da estrutura. Como a rigidez dos reforços é muito baixa, as
deformações necessárias para mobilizar a resistência do solo (que são pequenas)
praticamente não provocam carga nos reforços.
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Figura 4.6 – Análises de estabilidade de talude de muro 2 sob condições estáticas sem
reforço. (Slide 5.0).

4.6.3.
Métodos baseados nas condições de trabalho

A Tabela 4.15 apresenta os resultados dos métodos baseados sob condições


de trabalho. A Tabela 4.16 apresenta os valores de Tprevisto Tmedido para quatro das

dez camadas de reforço. Na Figura 4.8 compara-se a máxima força de tração


114

prevista pelos métodos de projeto com os resultados medidos durante o


monitoramento.
Conforme a Figura 4.8 observa-se que o método de Allen et al. (2003)
superestimou os resultados medidos em campo, devido ao método não consideram
a coesão do solo. Segundo a Tabela 4.16, valores médios de Tprevisto Tmedido

indicam que o método de Allen et al (2003) superestimou em torno de seis vezes


os resultados medidos em campo.

Tabela 4.15 – Máximas forças de tração segundo os métodos baseados nas condições
de trabalho – Muro2.

Máxima força de tração (kN/m)


Elevação
Camada Allen et al. Ehrlich e Mitchell
(m)
(2003) (1994)

1 3,60 0,59 0,23


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2 3,20 1,39 0,25


3 2,80 1,89 0,28
4 2,40 1,89 0,30
5 2,00 1,89 0,37
6 1,60 1,89 0,51
7 1,20 1,89 0,74
8 0,80 1,89 1,07
9 0,40 1,14 1,55
10 0,00 0,76 --

Tabela 4.16 – Valores de Tprevisto Tmedido para quatro camadas de reforço instrumentadas
(nas condições de trabalho) – Muro 2.
Elevação Tprevisto Tmedido
Normalizada
Allen et al. Ehrlich e Mitchell
Método
(2003) (1994)
0,90H 1,90 0,31
0,75H 7,27 1,08
0,50H 9,05 1,95
0,30H 5,40 2,11
Valor Médio 6,13 1,47
115

4
Campo

Metodo de Allen et al. (2003)


3.5
Metodo Ehrlich e Mitchell (1994)

2.5
Elevação (m)

1.5

0.5

0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2
Força de tração máxima (kN/m)

Figura 4.7 – Valores de força de tração máxima medidos (campo) e previstos (nas
condições de trabalho) – Muro 2.
O método de Ehrlich e Mitchell (1994) toma em conta o efeito da coesão do
solo, mas foi desenvolvido para muros de face verticais. Entretanto, os resultados
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previstos têm ordens de grandeza similar aos registrados em campo.


O método de Allen et al. (2003) fornece resultados iguais para as camadas
intermediárias, pelo fato de que o método assume uma distribuição trapezoidal
para o cálculo de tensão horizontal.
Pode-se concluir que o método de Ehrlich e Mitchell (1994) previu
corretamente as forças de tração, a pesar da estrutura ser estável.

4.7.
Aplicação dos métodos ao Muro 3

4.7.1.
Dados de entrada

Na Tabela 4.17 são apresentados os dados deste muro necessários para o


cálculo da força de tração pelos diferentes métodos. Considerando que o material
de aterro teve dois solos diferentes, foram escolhidos valores de γ, c e φ para o
solo mais predominante.
116

Tabela 4.17 – Resumo dos dados de entrada para o muro 3.


Parâmetro Característica Valor
Geometria Altura 4,20m
Espaçamento entre reforços variável 0,4m a 0,6m
Inclinação da face Vertical
Comprimento do reforço 3m
Sobrecarga Não
Propriedades do Ângulo de atrito interno 30 o
solo Coesão 15,0 kN/m2
Peso específico 18,3 kN/m3
Reforço Geogrelha de PVA 55 kN/m (Trup) e
35kN/m (Trup)
700 kN/m (Rigidez) e
1100 kN/m (Rigidez
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4.7.2.
Métodos de equilíbrio limite

Conforme citado anteriormente, os métodos de equilíbrio limite são


divididos em dois grupos: métodos Tieback e métodos Slope Stability. A Tabela
4.18 apresenta, para o muro 3, as forças de tração máxima distribuídas em
diferentes camadas previstas pelos métodos de Tieback. A Tabela 4.19 apresenta
os valores de Tprevisto Tmedido para quatro das sete camadas de reforço, localizadas a

0,6, 2,4, 3,0 e 3,4m de elevação. Na Figura 4.8 compara-se a máxima força de
tração prevista pelos métodos de projeto Tieback com os resultados medidos
durante o monitoramento.
Conforme a Figura 4.8 observa-se que, em geral, para as camadas inferiores
(elevações menores que 2,5m), os resultados dos métodos foram superiores aos
medidos em campo.
Segundo a Figura 4.8, o método de Broms (1978) superestimou os valores
medidos em campo a favor da segurança. Conforme a Tabela 4.19, Broms (1978)
apresentou os maiores valores médios de Tprevisto Tmedido , em torno de 1,8 vezes os

valores medidos em campo. O método é independente da profundidade e só


depende da altura e do peso específico.
117

Tabela 4.18 – Máximas forças de tração segundo os métodos de equilíbrio limite


(tieback) – Muro 3.

Camada Elevação
Máxima força de tração (kN/m)
No (m)
Steward Broms Murray Collin Bonaparte FHWA
Método
(1977) (1978) (1980) (1986) (1987) (2001)
1 4,00 0,92 9,99 0,61 1,57 0,61 0,61
2 3,40 3,66 9,99 2,44 6,28 2,46 2,44
3 3,00 5,49 9,99 3,66 6,59 3,73 3,66
4 2,40 9,88 9,99 6,59 7,91 6,86 6,59
5 1,80 13,18 9,99 8,78 7,91 9,46 8,78
6 1,20 16,47 9,99 10,98 7,91 12,35 10,98
7 0,60 9,88 9,99 6,59 3.96 23,53 19,76
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Tabela 4.19 – Valores de Tprevisto Tmedido para quatro camadas de reforço instrumentadas
(tieback) – Muro 3.

Elevação
Tprevisto Tmedido
Normalizada
Steward Broms Murray Collin Bonaparte FHWA
Método
(1977) (1978) (1980) (1986) (1987) (2001)
0,81H 0,39 1,07 0,26 0,67 0,26 0,26
0,71H 1,17 2,13 0,78 1,41 0,80 0,78
0,57H 1,73 1,75 1,15 1,38 1,20 1,15
0,14H 1,55 2,36 1,04 0,62 3,70 3,11
Valor Médio 1,21 1,83 0,81 1,02 1,49 1,33
118

4,5
Campo
Método Steward (1977)
4
Método Broms (1978)
Método Murray (1980)

3,5 Método Collin (1986)


Método Bonaparte (1987)
Método Simplificado FHWA 2001
3
Elevação (m)

2,5

1,5

0,5
Ka Ko
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26
Força de tração máxima (kN/m)
Figura 4.8 – Valores de força de tração máxima medidos (campo) e previstos (equilíbrio
limite – tieback) – Muro 3.
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O método de Murray (1980) é o único que apresenta valores menores que os


medidos em campo para as camadas superiores, acima de 3,0m de elevação. Ele
considera a condição ativa para o cálculo das pressões horizontais.
Os métodos de Murray (1980), Bonaparte (1987) e FHWA (2001) supõem a
condição ativa Ka para o cálculo da tensão horizontal. O método de Murray (1980)
segue a linha Ka acima de 1,20m de elevação, abaixo disto, afasta-se devido a
redução do espaçamento. O método simplificado da FHWA (2001) fornece
resultados similares aos obtidos por Murray (1980), só diferindo na camada
inferior porque o método considera a camada de reforço mais baixa como o nível
de fundação. Para a camada mais baixa, os métodos de Bonaparte e FHWA se
afastam da condição Ka devido, ao espaçamento vertical ser maior para esta
camada, segundo as condições de comparação citadas no item 4.4.
A Tabela 4.20 apresenta os resultados de forças de tração máxima
distribuídas em diferentes camadas pelos métodos slope stability. A Tabela 4.21
apresenta os valores de Tprevisto Tmedido para quatro das dez camadas de reforço

localizadas a 0,6m, 2,4m, 3,0m e 3,4m de elevação. Na Figura 4.9 compara-se os


resultados previstos com os medidos durante o monitoramento
Cabe ressaltar que os métodos de Leshchinsky e Boedeker (1989) e
Leshchinsky e Perry (1989) consideram duas possibilidades para a orientação da
119

força de tração nos reforços: paralela ao reforço (horizontal) ou inclinada


(tangente à superfície de ruptura).

Tabela 4.20 – Máxima força de tração segundo os métodos de equilíbrio limite (slope
stability) – Muro 3.
Máxima força de tração (kN/m)
Leshchinky e Leshchinky e
Boedeker Perry
Camada Elevação Schmertmann Jewell
(1989) (1989)
(1987) (1991)
Reforço Reforço Reforço Reforço
Horiz. Inclin. Horiz. Horiz.
1 4,00 0,54 0,86 0,75 0,86 0,71 0,60
2 3,40 2,16 3,42 3,04 3,38 2,87 2,42
3 3,00 3,24 5,13 4,57 5,07 4,30 3,62
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4 2,40 5,83 7,70 6,85 7,61 6,46 6,52


5 1,80 7,77 10,27 9,13 10,15 8,61 8,70
6 1,20 9,72 12,84 11,41 12,68 10,76 10,87
7 0,60 17,49 15,40 13,70 15,22 12,91 19,57

Tabela 4.21 – Valores de Tprevisto Tmedido em quatro camadas de reforço instrumentadas


– Muro 3.

Tprevisto Tmedido

Leshchinky e Leshchinky e
Elevação Boedeker Perry
Schmertmann Jewell
Normalizada (1989) (1989)
(1987) (1991)
Reforço Reforço Reforço Reforço
Horiz. Inclin. Horiz. Inclin.
0,81H 0,23 0,37 0,33 0,36 0,31 0,20
0,72H 0,69 1,09 0,97 1,07 0,91 0,77
0,57H 1,02 1,35 1,20 1,33 1,13 1,14
0,15H 1,83 2,42 2,15 2,39 2,03 2,05
Valor Médio 0,94 1,31 1,16 1,29 1,10 1,06
120

4,5
Campo
Método Jewell (1991) (apud Koerner 1994)
4 Método Schmertmann (1987)
Leshchinsky e Boedeker Ref. Incl.
Leshchinsky e Boedeker Ref. Hor.
3,5 Leshchinsky e Perry Ref. Incl.
Leshchinsky e Perry Ref. Hor.

3
Elevação (m)

2,5

1,5

0,5
Ka
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Força de tração máxima (kN/m)
Figura 4.9 – Valores de máxima força de tração medidos (campo) e previstos (equilíbrio
limite – slope stability) – Muro 3.

Conforme a Figura 4.9 observa-se que, em geral, para as camadas inferiores


PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521511/CA

(elevações menores a 3,00m) os resultados dos métodos foram superiores aos


medidos em campo.
Segundo a Tabela 4.21 valores médios de Tprevisto Tmedido foram maiores para

os métodos de Leshchinsky e Boedeker (1989) e Leshchinsky e Perry (1989).


Ambos assumem diferentes hipóteses, mas os resultados são similares pelo fato
que avaliam um muro de face vertical. Os valores calculados estão em torno de
1,25 vezes os medidos em campo.
Segundo a Figura 4.9, nas camadas superiores (acima de 3,00m) os métodos
subestimam os resultados de campo. Provavelmente, os resultados de campo
registrados nas camadas superiores foram maiores devido ao efeito de
compactação, cuja energia é muito elevada neste caso do muro 3.
Cabe ressaltar que, no caso do muro 3, os dois tipos de métodos de
equilíbrio limite apresentaram resultados próximos dos medidos, ao contrário do
afirmado por Allen et al. (2003), conforme as Tabelas 4.20 e 4.21.

4.7.3.
Métodos baseados nas condições de trabalho

Na Tabela 4.22 são apresentados os valores de força de tração máxima


distribuídas em diferentes camadas previstos pelos métodos baseados sob
121

condições de serviço. A Tabela 4.23 apresenta os valores de Tprevisto Tmedido para

quatro das dez camadas de reforço localizadas a 0,6, 2,4, 3,0 e 3,4m de elevação.
Na Figura 4.10 compara-se a máxima força de tração prevista pelos métodos de
projeto com os resultados medidos durante o monitoramento.
Segundo a Figura 4.11, o método de Ehrlich e Mitchell (1994) estimou
valores acima dos resultados de campo, ou seja a favor da segurança neste caso.
Conforme a Tabela 4.23, o método de Ehrlich e Mitchell (1994) superestimou em
torno de 2,1 vezes os resultados de campo. Neste caso, o método estimou em todas
as camadas que a máxima tensão vertical é dada pela compactação (134,64
kN/m2). Segundo a Figura 4.11, as maiores forças de tração previstas pelo método
situam-se nas camadas onde são maiores a rigidez e espaçamento do reforço.
Tabela 4.22 – Máximas forças de tração segundo os métodos baseados nas condições
de trabalho – Muro 3.
Forças de tração máxima (kN/m)
Elevação
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Camada Allen et al. Ehrlich e Mitchell


(m)
(2003) (1994)

1 4,00 0,54 10,28

2 3,40 1,18 10,91

3 3,00 1,60 11,24

4 2,40 1,65 13,70

5 1,80 2,60 15,19

6 1,20 2,60 15,76

7 0,60 2,01 16,37

Tabela 4.23 – Valores de Tprevisto Tmedido em quatro camadas de reforço instrumentadas


– Muro 3.
Elevação Tprevisto Tmedido
Normalizada
Allen et al. Ehrlich e Mitchell
Método
(2003) (1994)
0,81H 0,13 1,17
0,72H 0,34 2,38
0,57H 0,29 2,40
0,15H 0,32 2,57
Valor Médio 0,27 2,13
122

4.50
Método Allen et al.(2003)

4.00 campo

Metodo Ehrlich e Mitchell


3.50 (1994)

3.00
Elevação (m)

2.50

2.00

1.50

1.00

0.50

0.00
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Força de tração máxima (kN/m)

Figura 4.10 – Muro 3 – Valores de força de tração máxima medidos (campo) e previstos
(nas condições de trabalho).
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Conforme a Tabela 4.24, o método de Allen et al. (2003) subestimou em


torno de 0,27 vezes os resultados medidos em campo, neste caso. Provavelmente
devido ao fato de que o método não considerar o efeito da compactação.

4.8.
Conclusões

Com base nos resultados medidos em campo e nos resultados previstos pelos
métodos de projeto dos muros avaliados, algumas conclusões podem ser
ressaltadas.
As maiores forças de tração registrados para os muros 1 e 3 foram de 8kN/m
a 9kN/m, provavelmente devido a duas razões:
• Os muros 1 e 3 utilizam como reforço geogrelhas de alta rigidez. No
caso do muro 1, utiliza-se reforços com rigidez de 759kN/m e
1210kN/m. No muro 3 utiliza-se reforços com rigidez de 700kN/m e
1100kN/m.
• Os muros 1 e 3 foram compactados com equipamentos de alta
energia (rolo compactador), com carga estática equivalente de 160kN
e 380 kN, respectivamente.
123

Nem sempre os métodos de equilíbrio limite superestimaram os valores de


força de tração registrados em campo. Para as camadas superiores, os métodos de
equilíbrio limite subestimam os valores medidos em campo, possivelmente por
desprezarem o efeito da compactação.
Em relação aos métodos baseados em condições de trabalho, o método de
Ehrlich e Mitchell (1994) fornece resultados acima dos medidos em campo, ou
seja, a favor da segurança. Não acontece o mesmo para o método de Allen et al.
(2003), o qual subestima as tensões no reforço em todas as camadas.
No caso do muro 2, as máximas forças de tração medidas em campo foram
menores que 0,40kN/m, provavelmente os reforços não foram carregados por três
razões:
• O muro é estável sem reforço, com um fator de segurança (FS) de
1,50. Os parâmetros de resistência do solo são: c=16kN/m2 e φ= 32º;
• O reforço apresenta uma rigidez muito baixa de 61,5 kN/m;
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• O muro foi compactado com um equipamento de baixa energia, com


carga estática equivalente de 11 kN.
Entretanto, os métodos de equilíbrio limite superestimam largamente os
valores de força de tração registrados em campo. No caso de métodos baseados
sob condições de trabalho, o método de Allen et al. (2003) superestimou os
valores de força de tração registrados em campo. Porém, o método de Ehrlich e
Mitchell (1994) forneceu resultados mais próximos aos registrados em campo.
Segundo Allen et al. (2003), os métodos de projeto baseados em
considerações de equilíbrio limite demonstraram ser excessivamente
conservadores. No entanto, em dois dos casos avaliados não foi confirmada esta
conclusão.
O método de Ehrlich e Mitchell (1994) fornece melhores resultados em
todos os casos avaliados.
O resultado de campo sugere que a magnitude da força de tração nos
reforços depende da resistência ao cisalhamento mobilizada dentro do aterro,
rigidez do sistema reforçado e o método de construção (compactação).
5
Simulação numérica dos muros reforçados

5.1.
Introdução

A apresentação do trabalho, até aqui, esteve voltada para a definição e


aplicação dos métodos analíticos mais comumente usados pelos projetistas para o
dimensionamento de MSR com geossintéticos.
Neste capítulo, o software Plaxis baseado em métodos de elementos finitos,
foi utilizado para verificar o dimensionamento de muros de solo reforçado com
geossintéticos. Este programa foi selecionado nesta pesquisa devido à sua
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capacidade de modelar problemas geotécnicos, principalmente relacionados a


problemas de estabilidade.
O objetivo deste capítulo é verificar se a utilização de um software de
elementos finitos permite obter previsões adequadas das forças de tração nos
reforços.

5.2.
Características gerais da simulação

5.2.1.
Programa utilizado

Para realizar a simulação do comportamento do muro de solo reforçado


nesta pesquisa foi utilizada a versão 8.2 do programa Plaxis. O software é um
programa de elementos finitos desenvolvido na Delft University of Technology
(Holanda), orientado a resolver problemas geotécnicos em situações de
deformação plana e axissimétrica. Neste item apresenta-se um resumo das
características do programa.
125

5.2.2.
Tipos de elementos finitos utilizados

A malha de elementos finitos utilizada nesta pesquisa é composta de


elementos tipo “soil” (usados para modelar o solo) e “geogrid” (usados para
modelar os reforços). A quantidade de elementos é maior nas zonas onde se
esperam maiores deformações , ou seja, na massa de solo reforçado. Além disso,
estes elementos podem ser ativados (por exemplo, para simular o lançamento da
camada) ou desativados (por exemplo, para simular o descarregamento).
O software utiliza elementos triangulares de 6 nós que proporcionam uma
interpolação de segunda ordem para os deslocamentos. A matriz de rigidez de
elementos é calculada mediante uma integração numérica usando 3 pontos de
Gauss. A cada elemento atribui-se um modelo constitutivo além dos parâmetros
que o define.
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5.2.3.
Modelos e propriedades dos materiais

Nesta pesquisa foram utilizados três tipos de modelos constitutivos para os


elementos: elástico, Mohr-Coulomb e Hardening Soil (HS). Este último consiste
em um modelo hiperbólico (não linear).
Três tipos de materiais foram considerados: solo, reforço e blocos de
concreto. Descreve-se, a seguir, os parâmetros que definem os três modelos
utilizados.

5.2.3.1.
Modelo Elástico

Trata-se do modelo elástico linear. Elementos de material elástico foram


usados para representar os blocos de concreto da face do muro 3. Os parâmetros
de entrada para definir este modelo são: peso específico (γ), módulo de
elasticidade (E) e coeficiente de Poisson (ν).
126

5.2.3.2.
Modelo Mohr – Coulomb

Trata-se de um modelo elastoplástico sem endurecimento e com elasticidade


linear. Elementos Mohr – Coulomb foram usados nesta pesquisa, principalmente
para modelar o comportamento do solo de fundação do muro 2. Os parâmetros de
entrada para definir este modelo são: peso específico (γ), módulo de elasticidade
(E), coeficiente de Poisson (ν), ângulo de atrito (φ), coesão (c) e ângulo de
dilatância (ψ).

5.2.3.3.
Modelo Hardening Soil

O comportamento não linear do solo de aterro reforçado foi modelado


usando o modelo “Hardening Soil” (HS) disponível no Plaxis v 8.2. Este modelo
possui a capacidade de representar tanto o endurecimento volumétrico, quanto o
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ganho de resistência durante o cisalhamento baseados no comportamento tensão –


deformação com forma hiperbólica. O modelo HS adota uma função de potência
para representar a dependência da rigidez em relação à tensão confinante.
Também considera o comportamento descarregamento/recarregamento elástico,
de acordo com o critério de ruptura de Mohr-Coulomb, e pode considerar uma
resistência por cisalhamento, como valor de resistência à tração. Pesquisas
desenvolvidas por Duncan et al. (1980) provêem uma base para estabelecer
parâmetros de tensão–deformação.
Quando uma amostra de solo é solicitada por uma tensão desviadora, o solo
apresenta um decréscimo de rigidez e simultaneamente desenvolve deformações
plásticas irreversíveis. No caso de um ensaio triaxial drenado, a relação observada
entre a deformação axial e a tensão desviadora pode ser bastante aproximada a
uma hipérbole. Esta relação foi formulada em primeiro lugar por Kondner (1963)
e usada posteriormente no modelo de Duncan & Chang (1970).
O princípio básico para a formulação do modelo HS é a relação hiperbólica

entre a deformação axial εa e a tensão desviadora q . A Figura 5.1 ilustra este
aspecto. Nos ensaios triaxiais consolidados não drenados (CU) esta relação pode
ser descrita pela Equação 5.1:
127


1 q − −
εa = ⋅ para q < q f 5.1
2 E50 1 − q− / q−
a

q
_
qa Assíntota
_
qf Linha de ruptura

Figura 5.1 – Relação hiperbólica tensão – deformação para ensaios triaxiais CU


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(Brinkgreve, 2004).

Na equação anterior q a é o valor assintótico de resistência e E50 o módulo

de deformabilidade correspondente a 50% da tensão desviadora de ruptura q r . A

expressão para determinar a tensão desviadora de ruptura q r é derivada do
− −
critério de ruptura Mohr-Coulomb, enquanto q a é uma fração de q r , conforme as
equações seguintes:
6senφ '
( )

q f = p + c ' cot anφ ' 5.2
3 − senφ '

− qf
qa = 5.3
Rf
− −
Quando q = q f , o critério de ruptura é satisfeito e ocorre a plasticidade

perfeita, conforme o critério de Mohr-Coulomb.


O valor de E50 é dependente da tensão de confinamento σ 3' expresso por:
m
 σ 3' + c ' cot anφ ' 
E50 = E ref   5.4
50  σ ' + c ' cot anφ ' 
 ref 
A dependência potencial da rigidez com a tensão é uma característica básica
do modelo HS. Além disso, para descrever a rigidez do solo de forma mais precisa
128

que o modelo Mohr-Coulomb, o modelo HS toma em conta a rigidez que o solo


apresenta nas trajetórias de descarregamento e re-carregamento mediante o
módulo elástico Eur, conforme a equação 5.5.
m
 σ 3' + c ' cot anφ ' 
Eur = E ref   5.5
ur  σ ' + c cot anφ ' 
 ref 
As componentes elásticas das deformações axiais εa e radiais εr, podem ser
calculadas segundo as Equações 5.6 e 5.7:

q
ε =
e
a 5.6
Eur

q
ε = ν ur
e
r 5.7
Eur

Onde νur é o coeficiente de Poisson para o descarregamento/


recarregamento.
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ref
Figura 5.2 – Determinação do valor de E oed em ensaios de adensamento (Brinkgreve,

2004).
A mesma dependência potencial se apresenta de novo para obter a rigidez
em relação a compressões unidimensionais mediante o módulo edométrico Eoed,
expresso por:
m
 ' ' 
ref  σ 1 + c cot anφ 
'
E oed = E oed 5.8
 σ ' + c cot anφ ' 
 ref 
Na Equação 5.8, utiliza-se a componente de tensão σ 1' ao invés de σ 3' , pois

em um ensaio de adensamento a tensão σ 1' é conhecida. O valor de parâmetro


129

ref
E oed é obtido pela inclinação da curva σ 1' − ε a para a tensão σ ref
'
, conforme a

Figura 5.2.
Brinkgreve (2004) apresentam valores típicos de Eur e E oed em função de

E50 conforme as expressões:

Eur ≈ 3E50 5.9

E oed ≈ E50 5.10


Porém, em solos muito rígidos ou muito moles, as Equações 5.9 e 5.10
podem-se apresentar significativamente imprecisas.
Tal como os demais modelos de plasticidade, o modelo HS apresenta uma
relação entre a deformação plástica, a deformação volumétrica ∂ε pp e a

deformação plástica de cisalhamento ∂ε qp , denominada lei de escoamento. Esta

relação considera um ângulo de dilatância ψ que é determinado por:


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senφ m − senφ cs
senψ = 5.11
1 − senφ m senφ cs
O ultimo parâmetro requerido pelo modelo HS é o coeficiente de pressão
lateral de terra para solos normalmente consolidados K onc . O qual pode ser
considerado aproximadamente igual a 0,5.
Resumindo, o modelo HS requer um total de 11 parâmetros, os quais são
apresentados na Tabela 5.1.
Tabela 5.1 – Parâmetros do modelo Hardening Soil.
Resistência c Coesão kPa
φ Ângulo do atrito efetivo [o]
ψ Ângulo de dilatância [o]
Deformabilidade E50ref Rigidez secante em ensaios triaxiais kPa
ref
E oed Rigidez tangente em ensaios edométricos kPa
m Função de potência --
Avançados E urref Rigidez em descarregamento/recarregamento kPa

ν ur Coeficiente de Poisson em descarregamento/ --


recarregamento
σ ref
' Tensão de referência para a rigidez kPa
K onc Coeficiente de pressão lateral de terra --
Rf − − --
Razão entre q f e q a a
130

5.2.4.
Elementos de reforço

A interação entre o solo e o reforço (geogrelha ou geotêxtil) é modelada por


meio de elementos de interface. Estes permitem a especificação de atrito do muro
comparado com o atrito do solo. As geogrelhas foram modeladas usando
elementos de “geogrid”, os quais possuem somente um grau de liberdade (axial)
em cada nó, e nenhuma capacidade para sustentar forças de compressão.

5.3.
Técnicas usadas para a simulação numérica

Nesta seção são resumidas as técnicas consideradas na simulação numérica


de muros de solo reforçado sob condições de trabalho: (a) geração do modelo, (b)
condições de contorno, (c) efeitos de compactação, (d) simulação do sistema de
face.
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5.3.1.
Geração do modelo

Cinco diferentes elementos foram considerados para simular os materiais


componentes de um MSR com geossintéticos: elementos de material elásticos,
elementos de material Mohr – Coulomb, elementos de material Hardening Soil,
elementos de reforço e elementos de interface.
Elementos do tipo elástico foram usados para representar o material de face
(blocos de concreto) com alta rigidez e comportamento tensão – deformação linear
sob condições de trabalho.
Elementos do tipo Mohr - Coulomb foram usados para representar o solo de
fundação.
Elementos do tipo Hardening Soil foram usados para representar o solo de
aterro reforçado.
Elementos tipo “geogrid” foram usados para representar o material
geossintético de reforço.
Elementos de interface foram usados para descrever a interação na interface
entre diferentes materiais, como: solo – reforço, solo – face e reforço – face.
131

5.3.2.
Condições de contorno

As condições de contorno do modelo numérico variam segundo o caso


avaliado. Quando não é simulado o solo de fundação, as condições de contorno na
base do muro são fixas. Por outro lado, quando o solo de fundação é simulado, as
condições de contorno para os deslocamentos na base são livres verticalmente e
restringidas horizontalmente. Na base do solo de fundação é imposta uma
condição de contorno fixa.

5.3.3.
Efeitos de compactação

A compactação foi simulada por meio da aplicação de carregamentos


estáticos equivalentes, distribuídos ao longo das áreas de passagem dos
equipamentos de compactação (rolo, placa vibratória e sapo). Dependendo do
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equipamento, foi calculada a tensão atuante em cada camada compactada, segundo


a formulação de Ehrlich e Mitchell (1994).

5.3.4.
Sistema de face

Dois sistemas de face foram simulados nesta pesquisa:


1. Face autoenvelopada com geotêxtil. Onde o reforço envolve a
camada e é novamente introduzido no solo. Nenhum tipo de
elemento é utilizado para representar a face autoenvelopada.
2. Face de blocos modulares. Blocos de concreto são utilizados como
elementos de face estrutural. Os reforços de geossintéticos são
inseridos e fixados entre os blocos por pinos de aço ou apenas pelo
atrito com os blocos e o material de prenchimento dos mesmos
(brita).
Neste caso, foram utilizados elementos elásticos para simular os blocos e
elementos de interface nos contatos solo – bloco e bloco – reforço.
132

5.3.5.
Simulação da construção do muro

A construção dos muros de solo reforçado com geossintéticos pode ser


modelada como segue:
• Lançamento da primeira camada,
• Carregamento da compactação à primeira camada,
• Descarregamento, equivalente à remoção do equipamento,
• Lançamento da segunda camada, e repetir o mesmo procedimento
até que se complete o muro.
A Figura 5.3 apresenta as quatro etapas utilizadas pela simulação
numérica.
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Camada 1

Camada 1

Camada 1

Camada 2

Camada 1

Figura 5.3 – Simulação por etapas do processo construtivo dos muros.


133

5.4.
Resultados da simulação numérica

5.4.1.
Dados de entrada

Nas Tabelas 5.2 a 5.4, são apresentados os parâmetros de entrada dos muros
1, 2 e 3, necessários para as respectivas simulações numéricas.
Tabela 5.2 – Parâmetros de entrada para a simulação numérica do muro 1.
Material c E 50ref ref
E oed E urref Pref
φ( )
o
ψ( )
o
m Rf
(kPa) (kPa) (kPa) (kPa) kPa
Aterro 10 34,2 2,7 9,5E+03 9,5E+03 2,85E+04 0,50 100 0,98
Face de
10 34,2 2,7 9,5E+04 9,5E+04 2,85E+05 0,50 100 0,98
sacarias
Nota: Para todos os materiais do muro 1: γ =17,9 kN/m3 e ν = 0,20
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Tabela 5.3 – Parâmetros de entrada para a simulação numérica do muro 2.


Material E 50ref ref
E oed E urref Pref
c (kPa) φ( ) o
ψ( ) o
m Rf
(kPa) (kPa) (kPa) kPa
Aterro 15 32,0 10 5,0E+04 5,0E+04 1,5E+05 0,50 100 0,65

Material E
c (kPa) φ(o) ψ(o)
(kPa)
Fundação 15 32,0 10,0 5,0E+04
Nota: Para todos os materiais do muro 2: γ =18,0 kN/m3 e ν = 0,20

Tabela 5.4 – Parâmetros de entrada para a simulação numérica do muro 3.


Material E 50ref ref
E oed E urref Pref
c (kPa) φ( ) o
ψ( ) o
m Rf
(kPa) (kPa) (kPa) kPa
Aterro 15 30,0 2 6,0E+03 6,0E+03 1,8E+04 0,50 100 0,70

Material E (kPa) ν
Face de blocos 1,25 E+6 0,20
Nota: Para todos os materiais do muro 3: γ =18,3 kN/m3 e ν = 0,20
134

Na Tabela 5.5 são apresentados os dados dos reforços para os muros 1, 2 e


3, necessários para a simulação numérica.

Tabela 5.5 – Parâmetros de entrada do reforço para os muros avaliados


Parâmetros Muro 1 Muro 2 Muro 3
Rigidez axial por unidade de 759 kN/m 700 kN/m
61,5 kN/m
deformação, EA 1210 kN/m 1100 kN/m
37,2 kN/m 35,0 kN/m
Força de tração máxima, F 13,94 kN/m
59,6 kN/m 55,0 kN/m

A geometria dos muros 1, 2 e 3 são apresentadas nas Figuras 5.4 ao 5.6.


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Figura 5.4 – Detalhe da geometria do muro 1.


135

Figura 5.5 – Detalhe da geometria do muro 2


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Figura 5.6 – Detalhes da geometria do muro 3.

5.4.2.
Resultados do Muro 1

Foram realizadas simulações numéricas para obter as forças de tração


geradas no reforço e permitir a comparação com os resultados de campo. O
programa permite avaliar o desenvolvimento das forças de tração nos reforços sob
condições de serviço até o final da construção do muro. A Figura 5.7 apresenta a
deformada da malha ao final da construção, exagerada cinco vezes. A Tabela 5.6
apresenta os resultados de forças de tração máxima obtidos a partir da simulação
numérica em diferentes camadas. A Tabela 5.7 apresenta os valores de
Tprevisto Tmedido para três das nove camadas de reforço localizadas a 0,4, 1,9 e 3,7m.
136

A Figura 5.8 compara as forças de tração máxima do reforço com os valores


obtidos pelo monitoramento.

Figura 5.7 – Detalhe da deformada ao final da construção de muro 1.

Tabela 5.6 – Forças de tração máximas em diferentes camadas obtidas pelo MEF para o
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muro 1.
Método Máxima força de tração (kN/m)
Elevação 0,40m 0,80m 1,30m 1,90m 2,50m 3,10m 3,70m 4,30m
MEF 10,30 14,13 14,37 14,17 14,67 10,02 7,90 1,96

Tabela 5.7 – Cálculo de Tprevisto Tmedido em três camadas de reforço instrumentadas –


Muro 1.

Tprevisto Tmedido
Método
0,09H 0,42H 0,82H Média
MEF 1,25 1,71 1,55 1,50
137

4 MEF

campo

3
Elevação (m)

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Força de traçao máxima (kN/m)

Figura 5.8 – Comparação entre as forças de tração previstas e medidas para o muro 1.
Conforme a Figura 5.8, o formato da curva de campo é parecido com a
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curva do MEF. As simulações numéricas previram resultados maiores que os


medidos em campo, a favor da segurança, em todas as camadas.
Conforme as Tabelas 5.6 e 5.7, o MEF superestimou os valores de forças de
tração máxima, a favor da segurança. Observe-se que valores de Tprevisto Tmedido

foram maiores que um em todas as camadas. A média dos valores de forças de


tração máxima pelo MEF foram 1,5 vezes os valores medidos em campo.
Conforme a Figura 5.8 o formato da curva do MEF é parecido com uma
distribuição trapezoidal. Provavelmente devido ao fato de considerar uma face
mais rígida que o solo de aterro e assumir uma condição de contorno fixa na
fundação. A redução da força de tração na camada mais baixa é devido ao fato de
considerar uma fundação fixa. Nas camadas intermediárias, foram utilizados os
mesmos tipos de reforço. Os resultados previstos nestas camadas são similares e é
onde se esperariam as maiores forças de tração, em um muro com um padrão de
deformação de “embarrigamento” da face.
Segundo os resultados de MEF, a porcentagem da resistência à tração do
reforço mobilizado foi em torno de 25% da tensão de ruptura, principalmente
devido ao carregamento utilizado para simular a carga devido à compactação.
Conforme descrito anteriormente, o carregamento foi obtido utilizando a
formulação proposta por Ehrlich e Mitchell (1994).
138

5.4.3.
Resultados do Muro 2

Similar ao caso anterior, foram realizadas simulações numéricas para obter


as forças de tração geradas nos reforços do muro 2, que permitiram a comparação
com os resultados de campo. A Figura 5.9 apresenta a deformada da malha,
exagerada vinte vezes, ao final da construção. Na Tabela 5.8 são apresentados os
resultados de forças de tração máxima obtidos do Plaxis. Com os dados
registrados em campo foram calculados os valores de Tprevisto Tmedido para quatro

das dez camadas de reforço localizadas a 1,2, 2,0, 2,8 e 3,6m. Estes resultados são
apresentados na Tabela 5.9. A Figura 5.10 compara os resultados previstos pela
simulação numérica com os medidos durante o monitoramento.
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Figura 5.9 – Detalhe da deformada de muro 2 ao final da construção

Tabela 5.8 – Forças de tração máximas em diferentes camadas obtidas pelo modelo
numérico para o muro 2.
Método Máxima força de tração (kN/m)
Elevação 0,80m 1,20m 1,60m 2,00m 2,40m 2,80m 3,20m 3,60m
MEF 0,47 0,36 0,28 0,23 0,19 0,14 0,09 0,06
139

Tabela 5.9 – Cálculo de Tprevisto Tmedido em três camadas de reforço instrumentadas –


Muro 2.

Tprevisto Tmedido
Método
0,30H 0,50H 0,70H 0,90H Média

MEF 1,03 1,21 0,54 0,19 0,74

3,5 Campo

MEF

2,5
Elevação (m)

1,5
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0,5

0
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45 0,50
Força de tração máxima (kN/m)

Figura 5.10 – Comparação entre as forças de tração previstas e medidas para o muro 2.

Conforme a Figura 5.10 o formato da curva de campo não é parecido com a


curva do MEF.
Conforme as Tabelas 5.8 e 5.9, o MEF, neste caso, subestimou os valores de
forças de tração máxima, contra segurança. Observa-se que valores de
Tprevisto Tmedido foram menores que um nas camadas superiores. Nas camadas

superiores (acima de 2,3m) a simulação numérica se afasta dos valores de campo.


Nas camadas inferiores, os valores previstos pelo MEF foram semelhantes aos
registrados em campo. A média dos valores de forças de tração máxima pelo MEF
foi 0,74 vezes os valores medidos em campo.
Segundo a Figura 5.10 o formato da curva obtida pela simulação numérica é
parecido com uma distribuição linear. Provavelmente devido ao fato de não
considerar nenhum tipo de face e assumir o material de solo de fundação
semelhante ao aterro. Em todas as camadas foram utilizados os mesmos tipos de
reforço.
140

Segundo os resultados de MEF, a porcentagem da resistência à tração do


reforço mobilizado foi em torno de 2% da tensão de ruptura. Em geral os reforços
não deformam muito, similar ao registrado em campo.
Os resultados previstos pela simulação numérica estão em razoável
concordância com os resultados obtidos em campo para as camadas inferiores.
Nesta simulação também foi utilizando a formulação proposta por Ehrlich e
Mitchell (1994) para determinar o carregamento por compactação.

5.4.4.
Resultados do Muro 3

Similar aos casos anteriores, foram realizadas simulações numéricas para


obter as forças de tração geradas nos reforços do muro 3, para comparar com os
resultados de campo. A Figura 5.11 apresenta a deformada da malha, exagerada
cinco vezes, ao final da construção. Na Tabela 5.10 apresenta os resultados de
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forças de tração máxima obtidos do Plaxis. A Tabela 5.11 mostra os resultados de


Tprevisto Tmedido para quatro das sete camadas de reforço localizadas a 0,6, 2,4, 3,0m

e 3,4m. A Figura 5.12 compara os resultados previstos pela simulação numérica


com os medidos durante o monitoramento.

Figura 5.11 – Detalhe da deformada do muro 3 ao final da construção.

Conforme a Figura 5.11, o muro 3 não “embarrigou”, mas apresentou


deslocamentos de face máximos no topo e decrescentes com a profundidade.
Segundo Riccio e Ehrlich (2007), os deslocamentos horizontais no topo foram
superiores aos observados na base, em concordância ao previsto pela simulação.
Tabela 5.10 – Forças de tração máxima em diferentes camadas obtidos pelo MEF para o
muro 3.
141

Método Máxima força de tração (kN/m)


Elevação 0,60m 1,20m 1,80m 2,40m 3,00m 3,40m 4,00m
MEF 4,60 9,20 14,40 12,10 11,60 9,10 4,30

Tabela 5.11 – Cálculo de Tprevisto Tmedido em três camadas de reforço instrumentadas –


Muro 3.

Método Tprevisto Tmedido

Elevação 0,15H 0,57H 0,71H 0,81H Média

MEF 0,72 2,12 2,46 0,98 1,57

4.5

4 MEF (Plaxis)

3.5
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Campo

3
Elevação (m)

2.5

1.5

0.5

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Força de tração máxima (kN/m)
Figura 5.12 – Comparação entre as forças de tração previstas e medidas para o muro 3.

As simulações numéricas previram resultados de forças de tração maiores


que os medidos em campo (a favor da segurança) em todas as camadas, à exceção
da camada mais baixa.
Conforme as Tabelas 5.10 e 5.11, o MEF superestimou os valores de forças
de tração máxima, a favor da segurança. Observa-se que valores de Tprevisto Tmedido

foram maiores quase em todas as camadas. Nas camadas intermediárias os valores


previstos pelo MEF (1,5 a 3,0m de elevação) não variam muito, mas esta
tendência não pode ser comparada com o medido em campo, pelo fato de que só
142

se tem duas medições nestas alturas. A média dos valores de forças de tração
máxima pelo MEF foi 1,57 vezes os valores medidos em campo.
Conforme a Figura 5.12, o formato da curva de MEF é parecido com uma
distribuição trapezoidal, devido provavelmente ao fato de considerar uma face de
blocos de concreto e assumir uma condição de contorno fixa na fundação. A
redução da força de tração na camada mais baixa é devido ao fato de considerar
uma fundação rígida. Nas camadas intermediárias, foram utilizados dois tipos de
reforço. Nestas camadas se localiza a maior força de tração e os resultados
previstos mudam quando variam de tipo de reforço.

5.5.
Conclusões

Conforme os resultados registrados em campo e os obtidos pela simulação


numérica, conclui-se:
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Em geral o modelo numérico consegue obter ordens de grandezas de forças


de tração máxima parecidas aos resultados de campo. A formulação proposta por
Elhrich e Mitchell (1994) para o cálculo da tensão vertical induzida durante a
compactação em conjunto com a modelagem por MEF fornece resultados
coerentes para os três muros. Cabe ressaltar que os muros 1 e 3 sofreram grande
esforço de compactação (Rolo compactador) ao contrário do muro 2 (placa
vibratória).
Os muros 1 e 3 avaliados nesta pesquisa, apresentam alguns características
importantes:
• Os muros utilizam como reforço geogrelhas de alta rigidez. No caso
do muro 1 utiliza-se reforços com rigidez de 759kN/m e 1210kN/m.
O muro 3 utiliza reforço de 700kN/m e 1100kN/m.
• Os muros foram compactados com equipamentos de alta energia
(rolo compactador), com carga estática equivalente de 160kN e 380
kN respectivamente.
• Os muros possuem diferentes tipos de face. No caso do muro 1
utiliza-se sacos de terra. No muro 3 utiliza-se blocos de concreto.
143

Conforme os resultados de campo, as maiores forças de tração registradas


em todas as camadas para os muros 1 e 3 foram iguais 8,3kN/m e 9,1kN/m,
respectivamente.
Conforme os resultados obtidos pelo modelo numérico, observa-se que a
simulação superestima levemente os resultados medidos em campo, ou seja, foram
a favor da segurança, nestes casos.
O muro 2 é uma estrutura estável mesmo sem reforço, pelo fato de possuir
um solo competente (c’=16kN/m2 e φ’=32º), reforço de baixa rigidez (61kN/m) e
compactação com equipamento de baixa energia. É por isso que o reforço não se
deforma muito. Conforme os resultados obtidos pelo modelo numérico, observa-se
que o modelo consegue simular o mesmo comportamento no desenvolvimento de
forças de tração nos reforços. Apesar de que, em algumas camadas de reforço, a
magnitude da máxima forca de tração prevista seja menor que os resultados
registrados em campo, a ordens de grandeza é similar.
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6
Comparação dos métodos analíticos com as simulações
numéricas

6.1.
Introdução

Conforme os capítulos anteriores, foram confrontados os resultados


previstos pelos diferentes métodos de projeto com os medidos para três muros
instrumentados, bem documentados. O objetivo deste capítulo é mostrar quais dos
métodos (analítico ou numérico) prevêem melhor os resultados para o cálculo de
forças de tração máxima em muros de solo reforçado (MSR) com geossintéticos.
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6.2.
Métodos de projeto

Segundo a revisão bibliográfica, os métodos de projeto para análise de


estabilidade interna são divididos em duas categorias: métodos de equilíbrio limite
baseados em condições de ruptura e os métodos baseados em condições de
trabalho. Devido à quantidade de métodos descritos anteriormente, e para facilitar
uma melhor comparação, oito dos métodos disponíveis foram escolhidos para
comparação nesta pesquisa e são apresentados na Tabela 6.1.

Tabela 6.1 – Métodos de projeto a confrontar nesta pesquisa.


Tipo de análise Método
Métodos analíticos Equilíbrio limite Steward et al (1977)
Collin (1986)
Bonaparte (1987)
FHWA Simplificado (2001)
Condições de trabalho Ehrlich e Mitchell (1994)
Allen et al. (2003)
Métodos Numéricos Elementos finitos Software Plaxis V8.2
145

6.3.
Aplicação dos métodos aos casos reais

6.3.1.
Muro 1

A Tabela 6.2 apresenta os valores de Tprevisto Tmedido para três das nove

camadas de reforço localizadas a 0,40, 1,90 e 3,70m de elevação. A Figura 6.1


compara a máxima força de tração (Tmáx) prevista pelos métodos de projeto com
os resultados medidos durante o monitoramento.

Tabela 6.2 – Cálculo de Tprevisto Tmedido para três camadas de reforço instrumentadas –
Muro 1.

Tprevisto Tmedido
Camada Elevação
No Steward Collin Bonaparte FHWA Ehrlich Allen
MEF
(1977) (1986) (1987) (2001) (1994) (2003)
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7 0,82H 0,74 1,48 0,47 0,35 2,03 0,44 1,55


4 0,42H 1,47 1,02 1,01 0,71 1,55 0,63 1,71
2 0,09H 1,55 0,68 1,20 0,74 1,27 0,35 1,25
Media 1,25 1,06 0,89 0,60 1,62 0,47 1,50

5
Steward et al. (1977)
Collin (1986)
4,5
Bonaparte (1987)
FHWA (2001)
4 Ehrlich e Mitchell (1994)
Allen et al.(2003)
3,5 MEF
Campo

3
Elevação (m)

2,5

1,5 Ko

0,5
Ka
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Força de tração máxima (kN/m)

Figura 6.1 – Valores de máxima força de tração medidos (campo) e previstos – Muro 1.
146

Segundo a Figura 6.1, observa-se que a camada de reforço instrumentada,


posicionada perto do topo do muro, encontra-se acima da linha Ko, provavelmente
devido ao efeito da compactação.
Conforme a Figura 6.1, observa-se que o método simplificado da FWHA
(2001) e o método de Allen et al. (2003), ambos auspiciados pela FHWA,
subestimaram em todas as camadas os valores de força de tração máxima.
Segundo a Tabela 6.2, os valores médios de Tprevisto Tmedido nestes métodos

alcançam valores em torno de 0,60 e 0,47, respectivamente.


Os métodos de Steward (1977) e Bonaparte (1987) utilizam as condições Ko
e Ka, respectivamente, para o cálculo das tensões horizontais. Os resultados
previstos por estes métodos superestimaram os valores de força de tração máxima
para as camadas mais inferiores (abaixo de 2,0m). Entretanto, nas camadas
superiores os métodos subestimaram os valores de força de tração, conforme a
Tabela 6.2.
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O método de Collin (1986) prevê melhor os resultados para as camadas


superiores (acima de 1,90m), apesar de ser puramente empírico. Para as camadas
mais baixas o método subestimou a força de tração, conforme a Tabela 6.2.
Conforme a Figura 6.1, observa-se que o método de Ehrlich e Mitchell
(1994) superestimou os valores de força de tração máxima para todas as camadas.
O método de Ehrlich e Mitchell (1994) previu melhores resultados para as
camadas inferiores. Nota-se uma tendência do método de superestimar Tmáx de
forma crescente com a altura do muro, conforme a Tabela 6.2.
O MEF superestimou os valores de força de tração máxima para todas as
camadas. O MEF prevê melhor os resultados para as camadas superiores e
inferiores.
Os métodos de Ehrlich e Mitchell (1994), Allen et al. (2003) e o MEF
parecem ter o mesmo formato (trapezoidal), provavelmente porque tomam em
conta a rigidez dos reforços, conforme a Figura 6.1.

6.3.2.
Muro 2

Similar ao caso anterior, são apresentadas na Tabela 6.3 os valores de


Tprevisto Tmedido para quatro das dez camadas de reforço localizadas a 1,2, 2,0, 2,8 e
147

3,6m de elevação. A Figura 6.2 compara a máxima força de tração prevista pelos
métodos de projeto com os resultados medidos durante o monitoramento.

Tabela 6.3 – Cálculo de Tprevisto Tmedido para quatro camadas de reforço instrumentadas –
Muro 2.

Tprevisto Tmedido
Camada Elevação
Steward Collin Bonaparte FHWA Ehrlich Allen
No MEF
(1977) (1986) (1987) (2001) (1994) (2003)
8 0,90H 6,55 18,26 4,29 3,29 0,31 1,90 0,19
6 0,75H 15,62 14,54 10,19 7,85 1,08 7,27 0,54
4 0,50H 35,63 19,89 23,26 17,95 1,95 9,05 1,21
2 0,30H 27,09 10,80 17,69 13,63 2,11 5,4 1,03
Media 21,22 15,87 13,86 10,68 1,47 6,13 0,74
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4
Steward et al. (1977)
Collin (1986)
3,5 Bonaparte (1987)
FHWA (2001)
Ehrlich e Mitchell (1994)
3 Allen et al.(2003)
MEF
Campo
2,5
Elevação (m)

1,5

0,5 Ko

Ka
0
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00
Força de tração máxima (kN/m)

Figura 6.2 – Valores de máxima força de tração medidos (campo) e previstos – Muro 2.

Segundo a Figura 6.2, observa-se que os resultados registrados em campo


encontram-se abaixo da linha Ka. Cabe ressaltar que, os reforços do muro 2 não
foram carregados, devido à estrutura ser estável mesmo sem reforços, além dos
reforços terem baixa rigidez (61kN/m) e terem sido usados equipamentos de
148

compactação de baixa energia (placa vibratória) com carga estática equivalente


11kN.
Na Figura 6.2, observa-se que os métodos de equilíbrio limite e o método de
Allen et al. (2003), superestimaram grosseiramente os valores de força de tração
máxima. Estes métodos não consideram o efeito da coesão em seus cálculos.
Os resultados previstos pelos métodos de Ehrlich e Mitchell (1994) e pelo
MEF fornecem resultados próximos aos medidos em campo, conforme a Figura
6.2. O método de Ehrlich e Mitchell (1994) apresenta valores médios de
Tprevisto Tmedido em torno de 1,50. Este método foi desenvolvido para muros de face

vertical, e considera o efeito da coesão em seus cálculos. O MEF prevê resultados


menores que os registrados em campo, em torno de 0,75, conforme a Tabela 6.3.
Conforme a Figura 6.2, o método de Ehrlich e Mitchell (1994) e MEF
apresentam formatos parecidos. O modelo numérico simula razoavelmente bem o
desenvolvimento das forças de tração nos reforços.
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6.3.3.
Muro 3

Similar aos casos anteriores, a Tabela 6.4 apresenta os valores de


Tprevisto Tmedido para quatro das sete camadas de reforço localizadas a 0,6, 2,4, 3,0 e

3,4m de elevação. A Figura 6.3 compara a máxima força de tração prevista pelos
métodos de projeto com os resultados medidos durante o monitoramento.

Tabela 6.4 – Cálculo de Tprevisto Tmedido para quatro camadas de reforço instrumentadas –
Muro 3.

Tprevisto Tmedido
Camada Elevação
Steward Collin Bonaparte FHWA Ehrlich Allen
No MEF
(1977) (1986) (1987) (2001) (1994) (2003)
6 0,81H 0,39 0,67 0,26 0,26 1,17 0,17 0,98
5 0,71H 1,17 1,41 0,80 0,78 2,38 0,45 2,46
4 0,57H 1,73 1,38 1,20 1,15 2,40 0,39 2,12
1 0,14H 1,55 0,62 3,70 3,11 2,57 0,18 0,72
Média 1,21 1,02 1,49 1,33 2,13 0,30 1,57
149

4,5
Steward et al. (1977)
Collin (1986)
4 Bonaparte (1987)
FHWA (2001)
3,5 Ehrlich e Mitchell (1994)
Allen et al.(2003)
MEF
3 Campo
Elevação (m)

2,5

1,5

0,5
Ka Ko
0
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00
Força de tração máxima (kN/m)

Figura 6.3 – Comparação entre os resultados medidos em campo e os previstos – Muro


3.
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Segundo a Figura 6.3 observa-se que as camadas de reforço instrumentadas,


posicionadas no topo do muro, encontram-se acima da linha Ko, provavelmente
devido ao efeito da compactação, fato que também ocorreu no muro 1.
Na mesma figura pode-se a observar que o método de Allen et al. (2003)
subestimou os valores de forças de tração máxima em todas as camadas.
Conforme a Tabela 6.4, a razão de Tprevisto Tmedido para este método alcança um

valor médio de 0,30.


O método de Collin (1986) fornece melhores resultados para as camadas
intermediárias, conforme a Figura 6.3. Entretanto, nas camadas superiores (acima
de 3,0 m), o método subestimou os valores medidos de Tprevisto Tmedido em torno de

0,67.
Os métodos simplificados da FHWA (2001) e o método de Bonaparte
(1987) apresentam valores parecidos, por ser um muro de face vertical. Ambos
métodos fornecem resultados acima dos medidos em campo para as camadas
intermediárias. Entretanto, os métodos fornecem valores elevados de forças de
tração para a camada mais baixa devido ao espaçamento vertical maior. Enquanto
para as camadas superiores (acima de 2,5m) os dois métodos subestimaram os
valores de forças de tração e para as camadas superiores ambos métodos alcançam
valores de Tprevisto Tmedido em torno de 0,25 (Tabela 6.4).
150

O método de Steward (1977) baseado em condições de repouso Ko, fornece


valores de forças de tração maiores para as camadas inferiores, em relação a
medições de campo, enquanto nas camadas superiores o método subestimou os
valores de força de tração alcançando valores de Tprevisto Tmedido em torno a 0,40.

Os métodos de Ehrlich & Mitchell (1994) e MEF superestimaram valores de


forças de tração em quase todas as camadas conforme a Figura 6.3. Segundo a
Tabela 6.4, o método de Ehrlich e Mitchell (1994) superestimou os valores de
força de tração alcançando valores de Tprevisto Tmedido em torno de 2,10. Enquanto o

MEF alcança valores de Tprevisto Tmedido em torno de 1,60.

Para este muro, nenhum dos métodos avaliados apresentou curvas com
formato parecido com os pontos de campo, conforme a Figura 6.3.

6.4.
Conclusões
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Com base nos resultados previstos pelos diferentes métodos de projeto e os


resultados medidos em campo, conclui-se:
• Conforme os resultados de campo, observa-se que no caso de
compactação pesada, a máxima força de tração mobilizada nas
camadas superiores, indica valores superiores aos previstos na
condição de repouso Ko.
• Segundo Allen et al. (2003), os métodos de projeto baseados em
considerações de equilíbrio limite são excessivamente
conservadores. No entanto, em dois dos casos avaliados não foi
confirmada esta conclusão.
• Os métodos de Steward (1977) e Bonaparte (1984) baseados em
condições de Ko e Ka, respectivamente, prevêem melhor os
resultados para as camadas inferiores. Para as camadas superiores os
métodos subestimaram os valores de forças de tração, pois não
tomam em conta o efeito da compactação. Estes métodos são simples
e fácil de executar, porém não consideram alguns parâmetros que
afetam o desenvolvimento de forças de tração nos reforços.
• O método de Allen et al. (2003) subestimou os valores de forças de
tração em dois dos três casos avaliados (muro 1 e 3). Provavelmente
151

por que o método não toma em conta o efeito da compactação do


solo. Entretanto, o método superestimou os valores de forças de
tração para o muro 2, pois foi desenvolvido para aterros sem coesão.
• O método de Ehrlich e Mitchell (1994) prevê resultados acima dos
registrados em campo, ou seja, a favor da segurança, para os 3 casos
avaliados. O método considera o efeito da compactação e a coesão
do solo, mas não considera o efeito da rigidez da face e inclinação do
muro. O método precisa de seis parâmetros (c’, φ’, Jref, κ, κum, n).
• Em geral, o modelo numérico consegue obter ordens de grandeza de
forças de tração semelhantes às verificadas em campo. A formulação
proposta por Ehrlich e Mitchell (1994) para o cálculo da tensão
vertical induzida durante a compactação, em conjunto com a
modelagem por MEF, fornece resultados coerentes para os três
muros. Cabe ressaltar que, em alguns dos muros avaliados, a
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magnitude da máxima força de tração prevista foi menor que os


resultados registrados em campo. O modelo HS usado para a análise
pelo MEF precisa de parâmetros de resistência (c’ φ’ e ψ) além de
parâmetros de rigidez ( E50ref , E oed
ref ref
, E oed e m). A dificuldade de obter
estes parâmetros pode ser suprida pelas tabelas desenvolvidas por
Duncan et al. (1980), para fins de anteprojeto. O MEF consegue
obter melhores resultados para os muros 1 e 3, enquanto para o muro
2, a simulação feita subestimou os valores registrados em campo. Em
geral, o modelo numérico permite obter forças de tração máxima
próximas aos resultados de campo, mesmo no caso do muro 2. A
formulação proposta por Ehrlich e Mitchell (1994) para o cálculo da
tensão vertical induzida durante a compactação em conjunto com a
modelagem por MEF obtém resultados coerentes para os três muros.
7
Considerações finais

Nesta pesquisa foram comparados, os resultados de campo de três muros de


solo reforçado com geossintéticos com os resultados previstos pelos diferentes
métodos de projeto. Adicionalmente foram simulados os muros avaliados,
utilizando um programa de elementos finitos.
As conclusões mais importantes das analises estão apresentadas ao final de
cada capitulo. Este capítulo apresenta os resultados mais importantes fornecidos
por esta pesquisa. Além disso, serão apresentadas sugestões para futuras
pesquisas.
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7.1.
Conclusões

Com base nos resultados previstos pelos diferentes métodos de projeto, a


simulação numérica e os resultados medidos em campo, conclui-se:
1. Conforme os resultados de campo, observa-se que no caso de
compactação pesada, a máxima força de tração mobilizada nas
camadas superiores, indica valores superiores aos previstos na
condição de repouso Ko.
2. Para os muros construídos com compactadores pesados (muros 1 e
3), os resultados de campo evidenciam a influência da compactação
sobre a solicitação nos reforços. A máxima força de tração
mobilizada nos reforços das camadas superiores foram superiores
aos previstos na condição de repouso Ko, por efeito da compactação.
3. Os resultados experimentais para o muro 2 evidenciam a influência
da coesão do solo sobre a solicitação nos reforços. A coesão tende a
reduzir as solicitações de carga nos reforços. Corroborando os
resultados de Ehrlich e Mitchell (1994), onde muros com elementos
mais flexíveis apresentam maior redução.
153

4. Ao contrário do afirmado por Allen e Bathurst (2002), no caso dos


muros 1 e 3, os métodos baseados em equilíbrio limite não
superestimaram grosseiramente as forças de tração nos reforços. No
caso do muro 2, entretanto, os métodos baseados em equilíbrio limite
superestimaram as forças de tração, levando a valores elevados, em
uma estrutura estável mesmo sem reforços.
5. O método de elementos finito é uma ferramenta que oferece grande
flexibilidade para simular geometrias complexas, histórico
construtivo, etc.
6. O método de Allen et al. (2003) subestimou os valores de forças de
tração em dois dos três casos avaliados (muro 1 e 3). Provavelmente
por que o método não toma em conta o efeito da compactação do
solo. Entretanto, o método superestimou os valores de forças de
tração para o muro 2, pois foi desenvolvido para aterros sem coesão.
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7. O método de Ehrlich e Mitchell (1994) prevê resultados acima dos


registrados em campo, ou seja, a favor da segurança, para os casos
avaliados. O método considera o efeito da compactação e a coesão
do solo, mas não considera o efeito da rigidez da face e inclinação do
muro. O método precisa de seis parâmetros (c’, φ’, Jref, κ, κum, n).
8. Em geral, o modelo numérico consegue obter ordens de grandeza de
forças de tração semelhantes às verificadas em campo. A formulação
proposta por Ehrlich e Mitchell (1994) para o cálculo da tensão
vertical induzida durante a compactação, em conjunto com a
modelagem por MEF fornece resultados coerentes para os três
muros. Cabe ressaltar que, em alguns dos muros avaliados, a
magnitude da máxima força de tração prevista, foi menor que os
resultados registrados em campo. O modelo HS usado para o análise
MEF precisa de parâmetros de resistência (c’ φ’ e ψ), além de
parâmetros de rigidez ( E50ref , E oed
ref ref
, E oed e m). O MEF consegue obter
melhores resultados para os muros 1 e 3, enquanto para o muro 2, a
simulação realizada subestimou os valores registrados em campo.
Em geral, o modelo numérico permite obter forças de tração máxima
próximas aos resultados de campo, mesmo no caso do muro 2. A
154

formulação proposta por Ehrlich e Mitchell (1994) para o cálculo da


tensão vertical induzida durante a compactação em conjunto com a
modelagem por MEF obtém resultados coerentes para os três muros

7.2.
Sugestões

Para as pesquisas futuras que visarem dar continuação aos estudos


desenvolvidos neste trabalho, com relação a muros de solo reforçado com
geossintéticos, são sugeridos os seguintes aspectos:
1. A partir do banco de dados de muros instrumentados em Brasil, realizar
simulações numéricas para poder realizar analises paramétricas, sobre a
influência das componentes do muro (face, solo, reforço, fundação)
sobre o desenvolvimento das forcas de tração nos reforços.
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2. Desenvolver métodos de projeto baseados em condições de serviço, que


tomem em conta o efeito do solo, reforço, face e fundação no cálculo de
forças de tração.
3. Comparar os deslocamentos da face, medidos em campo, com os
previstos pelos métodos de projeto e as simulações numéricas.
4. Utilizar equipamentos de instrumentação que registrem as tensões
internas do aterro reforçado, para analisar a distribuição das tensões
horizontais.
5. Analisar casos de muros de solos finos tropicais reforçados e
compactados com equipamentos de baixa energia.
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