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GABARITO DAS

AUTOATIVIDADES

Estudos Transversais
LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE
MAPAS, GRÁFICOS E IMAGENS
Autor: Prof. Péricles Ewaldo Jader Pereira, Me
2019
ESTUDO TRANSVERSAL I

GABARITO COMENTADO DAS AUTOATIVIDADES ENADE

1) Alternativa correta: E

COMENTÁRIO: A questão envolve a interpretação de dois gêneros textuais,


uma notícia e uma charge, solicitando que o estudante relacione o texto escrito
e a ilustração. A análise das alternativas permite concluir que a única resposta
correta é a (E). A questão pode ser respondida com certa facilidade, visto que
a charge retrata, sem necessidade de muitas inferências, a consequência
negativa da falta de acesso à tecnologia mencionada na notícia. A figura do
jovem mendigando um mouse não deixa dúvidas de que há uma relação direta
entre exclusão digital e exclusão social. As demais alternativas não se aplicam.
O conhecimento da tecnologia digital no Brasil não está democratizado, tanto
é que o Governo Federal está preocupado com a exclusão social de cidadãos
que não têm acesso ao mundo digital (alternativa A incorreta). A notícia nada
diz sobre preparar quadros para o domínio da informática, apenas anuncia
que pretende promover a inclusão social (alternativa B incorreta). Da mesma
forma, não há nada no texto que leve à conclusão de que as comunidades
carentes nunca terão acesso ao mundo digital. A própria proposta de projetos
de inclusão digital mostra que o problema pode ser, sim, pelo menos minimizado
(alternativa D incorreta). Por fim, percebe-se que, embora nosso conhecimento
de mundo possa levantar a suspeita de que o apelo à inclusão digital atrai os
jovens para o mundo da computação, os textos não permitem essa inferência
(alternativa C incorreta).

Fonte: http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/Ebooks/Pdf/978-85-397-1000-3.pdf

2) Alternativa correta: A

COMENTÁRIO: A questão apresenta duas tiras, denominadas charges no


enunciado, e solicita, por meio de suas leituras, a identificação de dois problemas
da atualidade brasileira. A compreensão de tiras e charges envolve tanto a
linguagem verbal quanto a não verbal, ambas inter-relacionadas, constituindo o
sentido global do texto. Além disso, exige do leitor conhecimentos enciclopédicos,
ou conhecimentos de mundo, necessários para a construção de uma leitura
adequada. Segundo Marcuschi (2008), a compreensão é um processo, e não um
produto a ser extraído do texto. Cita alguns aspectos que atuam na compreensão
do texto, como um processo estratégico pelo qual o leitor dá prioridade a

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inferências pragmáticas e não focaliza as inferências lógicas unicamente, pois


considera o texto como uma ação comunicativa; um processo interativo pelo
qual se reconhece a compreensão como uma negociação entre o texto e o leitor,
quer dizer, a compreensão não é unilateral – o texto, então, apresenta marcas
que orientam a negociação e, por conseguinte, a compreensão; e um processo
inferencial segundo o qual a produção de sentido não se realiza por extração de
informações resultantes da decodificação, mas mobiliza uma série complexa de
raciocínios tais como os anteriormente citados. Na primeira charge/tira, vemos
uma secretária entregando um comprovante de agendamento de consulta a um
homem, com data para dali a três meses. A resposta do paciente nos revela a
inutilidade daquela consulta, já que até lá seu problema de saúde poderia ter sido
solucionado. O último quadrinho mostra a secretária rasgando o agendamento,
pois, se até lá o paciente estaria curado, não haveria motivos para a uma consulta
médica. A compreensão desse texto envolve a ativação de conhecimento de
mundo quanto à dificuldade de atendimentos médicos para uma grande parcela da
população brasileira, sobretudo em hospitais públicos e postos de saúde. A atitude
da secretária, ao revelar descaso pelo paciente, representa a problemática do
atendimento médico imediato. A segunda charge/tira mostra a ligação do porteiro
de um prédio ao síndico, perguntando se este tinha marcado uma dedetização,
que foi confirmada. No último quadrinho, o porteiro, com os braços levantados
diante dos funcionários da empresa carregando seus equipamentos como se
fossem armas de fogo, revela que pensava tratar-se de outra coisa. Por raciocínio
inferencial, pela inter-relação entre o linguístico e o não verbal (desenho), chega-
se à conclusão de que a “outra coisa” referida pelo porteiro seria um assalto. Cada
alternativa é estruturada em duas partes, cada uma relacionada às charges/tiras
correspondentes. Quanto à charge/tira 1, eliminamos as alternativas (B), (C) e (D),
pois o texto não apresenta marcas que orientem a compreensão para crise na
assistência social, na educação básica, nem na providência social. A alternativa
(E) até poderia ser considerada, já que refere a hospitais. Quanto à charge/tira
2, não se encontram evidências no texto relacionadas a crises na habitação, na
comunicação, nem no desemprego. A alternativa (E), novamente, poderia ser
aceitável, pois menciona epidemias urbanas, tema presente no referido texto.
No entanto, ao compararmos as alternativas possíveis (A) e (E), mesmo que a
dúvida recaia entre crise na saúde e crise nos hospitais relacionadas à charge/tira
1, o tema crise devido a epidemias urbanas não é o tema relevante da charge/
tira 2, pois o último quadrinho mostra o porteiro em atitude de rendição a um
possível assalto, manifestando o medo constante da população face à frequência
de crimes nos centros urbanos. Assim, a escolha correta é a alternativa (A).

Fonte: http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/Ebooks/Pdf/978-85-397-1000-3.pdf

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3) Alternativa correta: B

COMENTÁRIO: Segundo Mikhail Bakhtin, é possível estabelecer um diálogo,


não só entre textos, mas também desses com outras obras artísticas, como a
música e a pintura. Desse modo, o verdadeiro diálogo de linguagens seria capaz
de trazer para narrativa diferentes pontos de vista sobre o mundo (BAKHTIN,
1990). E como todas as palavras são povoadas de intenções, a linguagem
literária torna-se plurilíngue e é nesse plurilinguismo, próprio do discurso
artístico, que encontraremos espaço para uma intertextualidade em que “o
texto aparece então como lugar de uma troca entre pedaços de enunciados
que redistribui ou permuta, construindo um texto novo a partir dos textos
anteriores” (SAMOYAULT, 2008, p. 18). São textos que não precisam ser feitos
apenas de palavras, mas também de cores que, por sua vez, podem ser vistas
na forma de imagens. Ao analisarmos a pintura de Alberto da Veiga Guignard
(1896-1962), observaremos um interesse em retratar paisagens que, na maioria
das vezes, representam cenários de Minas Gerais, estado onde viveu a partir da
década de 1940 até a morte, em 1962. Para o crítico de arte Teixeira Leite,
na obra de Guignard percebem-se traços da nova objetividade, – movimento
alemão que transpõe os limites do real, buscando impregná-lo de poesia (LEITE,
1988, p. 240). Na tela em análise, é possível notar alguns dos elementos que
foram uma constante na produção artística do pintor: a representação de uma
cidade formada por um casario de um estilo tipicamente colonial, construída à
beira de uma montanha, apresentando, em destaque, a imagem imponente de
uma igreja de duas torres. Portanto, tomando como partida a representação
da “cidade” retratada na pintura de Alberto da Veiga Guignard e analisando os
versos apresentados nas alternativas, pode-se dizer que:

1. as alternativas (A) e (C) remetem o leitor a cidades nas quais o elemento mais
significativo éa presença do mar. No caso da cidade de Gregório de Mattos
(Recife), há a menção ao oceano, assim como a uma areia “sáfia” e “lagadiça”. O
mesmo ocorre com a Belém do Pará dos versos de Manuel Bandeira, na qual se
pode entrever um “porto moderno”, em meio a uma paisagem equatorial. Ambas
as representações se afastam claramente da paisagem pintada por Guignard;
2. a alternativa (D) explora uma cidade (Bahia) feita de arranha-céus e de
um farol que na entrada de um porto seria tão impressionante que se
assemelharia ao “Cristo Redentor do Brasil”. Na pintura de Guignard, além
de inexistir um porto, não há um farol, mas uma imponente igreja.
3. a alternativa (E) canta uma cidade de cimento (Brasília) e, portanto,
desprovida dos elementos retratados na pintura de Guignard, que coloca
em evidência, além das montanhas, a vegetação em torno da cidade.

Desse modo, a alternativa correta é a letra (B), pois, nos versos de Murilo
Mendes, vê-se a cidade mineira de Ouro Preto, rodeada por montanhas,

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representando no fundo a Igreja de São Francisco de Assis, “igreja ilustre”,


considerada uma das obras primas do barroco brasileiro.

Fonte: http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/Ebooks/Pdf/978-85-397-1000-3.pdf

4) Alternativa correta: B

COMENTÁRIO: A questão de número 24 apresenta uma das ilustrações de uma


edição nacional de Dom Quixote, obra de Miguel de Cervantes, desenhada por
Candido Portinari, intitulada Série Dom Quixote, produzida entre 1956 e 1961.
A figura foi feita em 1956 e retrata o personagem Dom Quixote deitado inerte,
em primeiro plano, enquanto, em posição acima, os aldeões brigam entre si. Em
seguida, temos a indicação de leitura do poema “Antefinal noturno”, de Carlos
Drummond de Andrade, cuja intertextualidade já é evidenciada no enunciado
da questão, por se tratar de um dos poemas de uma série produzida por Drum-
mond justamente para os desenhos de Portinari. O poema direciona a voz do
eu-lírico à figura de Dom Quixote, chamado por um de seus possíveis nomes
de batismo, Alonso Quejana, e divide com o personagem a necessidade de um
possível alívio do “andante/ petrificado/ cavaleiro-andante”, apesar de todo o
esforço não valer nada, uma vez que “Vilões discutem e brigam de braço/ en-
quanto dormes”, e “Neutras estátuas de alimárias velam/ a areia escura de teu
sono/ despido de todo encantamento”. A questão solicita ao candidato que,
ao analisar as relações entre o desenho e o poema com a obra de Miguel de
Cervantes, encontre a afirmativa correta. As opções apresentam nas alterna-
tivas as seguintes afirmações: A opção A indica que a situação representada,
de herói que repousa, apresentaria, no poema e na figura, o realce do cansaço
do personagem. Essa opção é incorreta, pois os versos que indicam os vilões e
as neutras estátuas seguem atuando, sem se darem conta aparentemente do
repouso do personagem, que é ignorado por eles na cena. A opção C apresenta
um equívoco, pois se apoia na expressão “preveem”. Nem a ilustração nem o
poema preveem a situação de Dom Quixote, mas sim comprovam a realidade
cotidiana inversa ao idealismo do personagem. A opção D indica que poema e
desenho teriam interpretações diferentes da cena final de Dom Quixote. Pode-
mos perceber a relação na interpretação pela própria análise de seus conteúdos
e também pela intertextualidade que ambas possuem como representações
do texto-base de Cervantes. A opção E leva à compreensão de que a obra de
Cervantes seria um resgate aos valores medievais, o que é uma alternativa in-
correta, uma vez que a obra Dom Quixote inaugura o romance moderno, como
crítica aos romances de cavalaria, marco medieval. Assim, a alternativa correta
é a B, pois o que ocorre é, justamente, a realidade do cotidiano contrastada com

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o sacrifício inútil do personagem, mostrando que a idealização de Dom Quixote


torna-se impossível na realidade em que se insere.

Fonte: http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/Ebooks/Pdf/978-85-397-1000-3.pdf

5) Alternativa correta: E

COMENTÁRIO: A questão 5 propõe a interpretação da representação do espaço


e suas possibilidades de sentido em duas obras distintas. Esta questão confronta
um texto verbal – o mesmo fragmento do conto “A biblioteca de Babel” de Jorge
Luis Borges, com um texto não verbal, a litogravura Relativity, de 1953, obra do
artista plástico holandês Maurits Cornelis Escher. Como comentado na questão
anterior, o fragmento do conto de Borges apresenta a descrição de uma biblioteca
infinita que surge como uma alegoria do próprio universo. Na descrição feita pelo
autor argentino está presente a organização geométrica da biblioteca, composta
por “um número indefinido, e talvez infinito, de galerias hexagonais, com vastos
poços de ventilação no centro, cercados por balaustradas baixíssimas”, criando uma
construção impossível que explora os limites da racionalidade. O mesmo aspecto
está presente em Relativity de M. C. Escher, onde está representada uma estrutura
arquitetônica igualmente impossível. Na gravura vemos uma construção composta
por escadarias, portas e sacadas de planos que se entrecruzam, relativizando as
referências cardeais de forma que cria uma ilusão de ótica que coloca em suspenso
as leis da gravidade, explorando através do geometrismo os limites da razão, assim
como a biblioteca descrita por Borges. Por isso a alternativa correta é a letra E, que
aponta como elemento comum às duas obras a fantasia intelectual e a composição
geométrica. A letra A afirma que as duas obras rejeitam o irreal, o que está
incorreto em relação a ambas, que tratam de construções impossíveis, assim como
o engajamento político, que não aparece de forma explícita em nenhuma delas. A
letra B propõe como elemento comum a emotividade e a negação da simetria, no
entanto as duas representações tratam de construções que exploram os limites
da racionalidade, não da emotividade, e se baseiam na exaustão da simetria.
A alternativa C afirma o sentimento de natureza nas obras, algo que não está
presente em nenhum dos textos. A letra D, por sua vez, afirma a vida idealizada e o
sentimento provisório como elementos comuns, no entanto temos nas duas obras
uma espécie de pesadelo da razão que tende à eternidade, seja pela relativização
dos planos na gravura de Escher, seja pela totalidade da biblioteca de Borges.

Fonte: http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/Ebooks/Pdf/978-85-397-1000-3.pdf

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6) Alternativa correta: C

COMENTÁRIO: A questão baseia-se em dois textos – um gráfico e uma charge –


que abordam, de forma diversa, dois graves problemas enfrentados pela sociedade
brasileira: o crescimento do trabalho infantil nas grandes cidades e a violência
urbana, especialmente a praticada por menores de idade. Propõe, então, que
o estudante analise a existência – ou não – de uma relação lógica entre essas
realidades, avaliando, também, se as causas ou os motivos apresentados nas
alternativas são pertinentes. Nesse sentido, o raciocínio solicitado aproximase do
que se costuma cobrar em itens do tipo asserção-razão (Sim / Não... porque...). De
início, a simples leitura da charge é suficiente para que a relação positiva entre as
duas situações se estabeleça. Nela, o cenário miserável de uma favela brasileira
emoldura a imagem estereotipada de um menino assaltante/traficante que declara
ser esse o seu “primeiro emprego”, numa alusão direta à necessidade de os jovens,
em nosso País, desde cedo precisarem lutar pela própria sobrevivência, trocando a
escola e a infância por uma atividade (mal) remunerada. Assim, o menino favelado
que ingressa no mundo do crime parece contribuir, ainda que ironicamente, para o
aumento das estatísticas referentes ao ingresso precoce de crianças e adolescentes
no mundo do trabalho (ao primeiro emprego). Aceito esse raciocínio, ficam
eliminadas as alternativas A, B e E, por não contemplarem a relação entre os textos,
restando aos respondentes, então, escolher entre a C ou D. Ora, a relação entre
os fatos apresentados na alternativa D não resiste a uma análise lógica. Nenhum
brasileiro minimamente informado poderia aceitar a ideia de que o crescimento
do trabalho infantil provoca aumento no número de crianças envolvidas com o
crime organizado. Não há relação de causa-consequência entre trabalho infantil e
violência juvenil, não importa qual seja a ordem em que os fatos se apresentem,
motivo pelo qual a alternativa B também está incorreta. Já a alternativa C é a única
correlacionar as duas situações, ambas causadas, isso sim, por um contexto mais
amplo de miséria e déficit educacional, decorrente dos problemas socioeconômicos
e culturais vigentes no país. Por restringir a análise das alternativas a apenas
duas, sendo uma visivelmente absurda, o nível de dificuldade da questão não
parece condizente com o percentual de acertos (menos de 60%). Outro problema
de formulação refere-se ao que solicita o enunciado. Nele fica claro que o gráfico
(assim como a charge) deve ser “lido”; entretanto, não são fornecidas informações
suficientes sobre o que representa o eixo horizontal (Quais meses são aqueles?
De que ano?). A ausência de dados precisos reforça a impressão de que ambos os
textos foram subutilizados na elaboração da questão, já que servem apenas como
pretexto para contextualizar o problema proposto, cuja análise depende mais de
conhecimentos prévios dos estudantes do que das leituras solicitadas.

Fonte: http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/Ebooks/Pdf/enade-formacao-geral.pdf

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7) Resposta correta: E

COMENTÁRIO: O nome "plástico" é uma designação genérica para um grupo


de polímeros sintéticos, oriundos do petróleo, que são moldáveis por meio
de processamento e aquecimento (Pinto-Coelho, 2009). O plástico possui
amplo espectro de aplicação em nosso cotidiano. Dada a sua praticidade e o
baixo custo em comparação com a madeira e os metais, o plástico tem sido
utilizado indiscriminadamente e em quantidades que comprometem a saúde
do meio ambiente devido ao longo tempo necessário para a degradação
desse material. Grande parte do plástico descartado inadequadamente
pelos consumidores acaba sendo depositada no ambiente aquático, o que
aumenta a poluição e pode servir de meio de transporte de espécies exóticas
invasoras (SANTOS, 2005). Segundo Moore (2008), enquanto a produção
mundial de resinas plásticas aumentou 25 vezes no período de 1960 a
2000, sua reciclagem permaneceu por volta de apenas 5%. Além da morte
de tartarugas e aves marinhas em decorrência da ingestão de lixo plástico
(MOORE, 2008), pesquisas têm demonstrado que, após a sua desintegração
em micropartículas, o plástico pode ser ingerido pelo zooplâncton e vir
a comprometer sua sobrevivência (COLLIGNON et al., 2012). A morte do
zooplâncton tem grande efeito negativo no resto da cadeia alimentar aquática,
da qual o homem extrai muitos recursos. As alternativas I e II estão erradas
ao mencionarem o cumprimento da meta de emissão zero, a reversão do
quadro de elevação das médias térmicas globais e a eliminação do emprego
de materiais ambientalmente mais adequados, como os oxibiodegradáveis e
os bioplásticos. O tipo de campanha à qual o texto se refere requer mudanças
de atitude da sociedade, tanto em relação ao padrão de consumo de plástico
pela população quanto em relação aos modos de produção pela indústria. Vale
ressaltar que uma sociedade cidadã, que usa o plástico de forma consciente
e seletiva, tem poder para promover mudanças no nível das empresas. As
alternativas III e IV abordam exatamente tais mudanças de atitude, por isso
estão corretas.

Fonte: http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/Ebooks/Pdf/enade-formacao-geral.pdf

8) Resposta correta: A

COMENTÁRIO: Os conteúdos trabalhados na questão se referem à implantação


do sistema econômico capitalista no mundo globalizado, que tem como
resultado a existência do binômio desenvolvimento/subdesenvolvimento. A
questão exige do candidato a capacidade de ler o mapa (competência lógico-
matemática) e a habilidade de, após ter decodificado as informações do
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planisfério, relacioná-las com a implantação, o desenvolvimento e a maturação


do sistema capitalista em nosso planeta. A resposta correta é a letra A, porque
a presença de áreas de luminosidade noturna visíveis na imagem de satélite –
tais como o nordeste dos EUA, o noroeste europeu, o leste da China e o Japão
– indica a localização dos centros de decisão que comandam a atual ordem
mundial. As áreas com luminosidade menos intensa correspondem às regiões
pouco desenvolvidas da Terra. Não se pode deixar de referir algumas "ilhas
de luminosidade" na região da Cidade do México, do Sudeste do Brasil, de
Buenos Aires e também da República da África do Sul. Milton Santos (1978)
comenta que “a mundialização é perversa". Observa-se “uma concentração e
centralização da economia e do poder político, cultura de massa, cientificização
da burocracia, centralização agravada pelas decisões da informação, tudo isso
forma a base de um acirramento de desigualdades entre os países e entre
classes sociais" (SANTOS, 1978, p. 17). A pista para a escolha da resposta certa
está na raiz da questão e na análise do planisfério. A afirmativa A estabelece
uma relação correta entre a observação do mapa, as áreas de luminosidade
noturna mais intensa e os centros de decisão do Planeta. As outras opções,
a B, por exemplo, propõem uma divisão do Planeta entre dois hemisférios, o
Leste e o Oeste, o que não é possível nesse caso, pois tanto no Leste como no
Oeste existem áreas de luminosidade intensa. Na opção C, a análise do mapa
e a leitura da afirmativa não permitem inferir que se pode dobrar o consumo
de energia mantendo o padrão atual. Na realidade, se isso fosse possível, seria
um desastre, pois o consumo dos países de decisão é muitas vezes maior do
que o de um país africano, por exemplo. Hoje os EUA consomem, mais ou
menos, 25% do petróleo produzido no mundo para atender as necessidades
de pouco mais de 300 milhões de habitantes; se todos os países atingissem
consumo semelhante – não precisaria dobrar –, a situação seria insustentável.
Quanto às alternativas D e E, elas carecem de fundamento teórico para sua
implementação. Na alternativa D, os fluxos de informações, de pessoas, de
mercadorias e de capitais concentram-se nas áreas de maior luminosidade
e não estão saturados. E, na alternativa E, embora existam iniciativas para
utilizar formas de energia limpa e não poluente, a energia eólica, na Alemanha,
por exemplo, ainda não foi capaz de substituir as formas de produção de
energia tradicionais (minerais fósseis, hidroeletricidade e átomo). Os assuntos
apresentados na questão fazem parte da bagagem de um profissional de
nível superior de qualquer área do conhecimento. Conhecer as sociedades,
suas diferenças, e buscar alternativas para resolver problemas ambientais e
sociais deveria ser compromisso de todos.

Fonte: http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/Ebooks/Pdf/enade-formacao-geral.pdf

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9) Alternativa Correta: A

COMENTÁRIO:A questão 9 fala da formação de uma sociedade leitora,


mais especificamente da sociedade brasileira e das políticas públicas para
formação de leitores no Brasil. A alternativa a ser assinalada na questão
é a de letra A, já que a desaceleração da distribuição de livros didáticos
para os estudantes das escolas públicas, pelo MEC, não contribuiria para a
formação de leitores, pois não há como negar, nesse processo, a importância
do acesso e da interação com a linguagem escrita, especialmente em obras
literárias. Por isso mesmo é tão preocupante um percentual que aponta para
a existência de livrarias em apenas 11% dos municípios brasileiros, e de 33%
de sujeitos que dominam a leitura e a escrita. Ressalte-se que, por ser a
única alternativa a apresentar uma ação negativa, a resposta torna-se quase
óbvia, o que explicaria o elevado percentual de acertos, em prejuízo ao poder
discriminatório desta questão para avaliar a formação geral dos estudantes.
As demais alternativas – B, C, D e E – apontam ações políticopedagógicas
positivas para a ampliação das competências de leitura e escrita da população
brasileira. Conforme o demonstrado no Gráfico I, o sistema educacional
brasileiro apresenta índices que indicam desafios ainda não superados com
relação ao domínio da linguagem escrita. O fato de sermos uma nação de
poucos leitores pode ser comprovado através de dados obtidos em diferentes
fontes: Censo IBGE 2010, Mapa do Analfabetismo no Brasil, Índice Nacional
de Alfabetismo Funcional 2011. Cabe lembrar que o Brasil aprovou o Plano
Nacional de Leitura e do Livro somente em 2007. Sabemos que a formação
de uma nação leitora é um processo a ser construído de forma continuada e
sistemática, o que só pode ocorrer com políticas públicas voltadas para esse
fim. Desnecessário seria enfatizar quão urgentes são tais iniciativas e como
a escola representa um espaço privilegiado para desencadear/fomentar uma
cultura voltada para a leitura, sobretudo desenvolvendo nos alunos o gosto e
a vontade de ler. Antes mesmo de aprender a ler, os alunos podem – e devem –
aprender a gostar de ler, considerando que o prazer no ato de ler costuma ser
um início bastante promissor para a formação leitora na escola.

Fonte: http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/Ebooks/Pdf/enade-formacao-geral.pdf

10) Alternativa correta: E

COMENTÁRIO: Esta questão inicia com um mapa que representa "as áreas
populacionais sem acesso ao saneamento básico" (do ponto de vista da
linguagem, melhor seria "a" em lugar de "ao", já que "saneamento básico"
está sendo utilizado genericamente). Na sequência, são apresentadas cinco
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afirmativas, quatro das quais tratam de "saneamento básico", e a última,


de condições de infraestrutura, PIB per capita, saúde e educação. Embora
seja evidente que saneamento se inclui entre condições de infraestrutura,
esta última afirmativa não apresenta relação com o mapa nem com as
demais afirmativas. A questão exige do candidato a capacidade de ler o
mapa (competência lógico-matemática), para julgar as afirmativas III e IV,
e a habilidade de, após ter decodificado as informações do planisfério,
julgar o que está sendo afirmado. A análise das outras afirmativas (I, II e V)
prescinde do mapa. Estão corretas as afirmativas IV e V. Com a observação do
planisfério, é possível verificar que os países desenvolvidos possuem maior
acesso ao saneamento básico, conforme o afirmado em IV. De fato, os países
ricos, com grande renda per capita e maior expectativa de vida, oferecem às
suas populações boas condições de infraestrutura básica. A afirmativa V trata
do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), criado pela ONU para avaliar e
ranquear os países do planeta em relação a variáveis como PIB per capita, saúde
e educação, fatores diretamente relacionados às condições de infraestrutura
básica. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida resumida
do progresso em longo prazo em três dimensões básicas do desenvolvimento
humano: renda, educação e saúde. O objetivo da criação do IDH foi o de oferecer
um contraponto a outro indicador muito utilizado, o Produto Interno Bruto (PIB)
per capita, que considera apenas a dimensão econômica do desenvolvimento.
Criado por Mahbub ul Haq com a colaboração do economista indiano Amartya
Sen, ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1998, o IDH pretende ser
uma medida geral e sintética que, apesar de ampliar a perspectiva sobre o
desenvolvimento humano, não abrange nem esgota todos os aspectos de
desenvolvimento (Disponível em: . Acesso em: 26 set. 2013). A afirmativa I
não está correta, porque a globalização, na sua fase atual, é um processo de
aceleração do capitalismo, num ritmo muito intenso, e "tem o mundo inteiro
como cenário – em mutação acelerada e constante" (BRUM, 2012, p. 66). Por
outro lado, a segunda parte da afirmativa, o “progresso social independe dos
avanços econômicos" é uma informação incorreta, pois o progresso social dos
países depende, sim, dos avanços econômicos. A afirmativa II estabelece uma
relação entre crescimento da ocupação humana e acesso a saneamento básico.
Essa relação não está correta, porque, de uma forma geral, a ocupação humana
não é acompanhada da instalação de infraestrutura, a não ser que se trate de
áreas que foram planejadas antes de serem ocupadas. Finalmente, de acordo
com a afirmativa III, Brasil, Rússia, Índia e China, países ditos emergentes,
apresentam percentuais de acesso ao saneamento básico inferiores à média
mundial. Entretanto, a observação do mapa permite verificar que no Brasil
e na Rússia foram registrados percentuais de saneamento básico superiores
à média mundial, enquanto que na Índia e na China esses percentuais são
inferiores a essa média. Assim, a afirmativa não está correta.

Fonte: http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/Ebooks/Pdf/enade-formacao-geral.pdf
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