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O SIMBOLISMO DA CRUZ

Cruz – do latim cruce – significa antigo instrumento de suplício, constituído por


dois madeiros, um atravessando no outro, em que se amarravam ou pregavam
os condenados à morte. Segundo Rizzardo da Caminno a Cruz é formada por
dois ângulos retos, encontrando-se com os seus vértices. Os gregos a
apresentam na forma de uma sua letra, a “tau”, e tem o formato de um “T”
maiúsculo. A palavra cruz no grego = (stauros, verbo stauroõ) que significa
primariamente um poste reto ou uma trave, e secundariamente um poste usado
como instrumento de castigo e execução. Para o chinês, a cruz indica ainda a
idéia de universalidade e plenitude: inteiro, perfeito, completo, extremo, largo,
infinito e perfeição, expressa o superlativo: extremamente bonito, mil
maravilhas, eternidade sempre. Os hebreus, à semelhança dos chineses,
carregavam esse sinal com toda a força do símbolo: vizinhança, amizade,
simpatia, totalidade, fartura e perfeição. No alfabeto hebreu a Cruz (TAU) é a
última letra.

Para o hebreu significa também: termo, chegada, meta final, assinatura. A


CRUZ (TAU) é usada para representar o N° 400, isto é, a superabundância. O
número 4 é a expressão dos quatro cantos da terra, da universalidade, da
riqueza. O 400 é o superlativo de um superlativo, a fartura infinita. É bom saber
que no Antigo Testamento não se usava este método para executar pessoas,
mas era usado, como execução, o apedrejamento. Os cadáveres eram
pendurados numa árvore, como advertência (Deuteronômio 21-22-23; Js
10.26). Tal corpo era considerado maldito (o que explica Epístola aos Gálatas
3.13) e tinha que ser removido e sepultado antes do cair da noite (cf. Jo 19.
31). Essa prática explica a referência neotestamentária á cruz de Cristo como
uma “árvore”, (no grego xylos, At 5.30; 10.39; 13.29; I Pe 2.24) um símbolo de
humilhação. Os escritores contemporâneos descrevem a crucificação como a
mais dolorosa de todas as formas de morrer.

Para os cristãos representa a paixão e a morte de Cristo. No Cristianismo, é o


símbolo da redenção universal, da reconciliação e da PAZ (Ef. 2, 14-17 e CL.1,
19-20). É a vitória da vida. Um Homem-DEUS (Jesus) esteve ali de BRAÇOS
ABERTOS, num gesto de reconciliação e confraternização.

O interesse dos escritores do Novo Testamento na cruz, não é nem


arqueológico, nem histórico, mas antes Cristológico.

Teologicamente, o vocábulo cruz era usado como descrição sumária do


Evangelho da salvação, de que Jesus “morreu pelos nossos pecados”. Assim é
que a pregação do Evangelho é a “palavra da cruz” a “pregação de Cristo
crucificado” (I Co 1.17 e segs). A palavra cruz é reconciliação (II Co 5. 19), foi
por meio dela que houve reconciliação entre Deus e o ser humano, sendo essa
reconciliação pessoal e cósmica.

No Novo Testamento, a cruz é símbolo de vergonha e humilhação, bem como


da sabedoria da Glória de Deus reveladas por meio dela. Roma empregava a
cruz não só como instrumento de tortura e execução, mas também como
pelourinho vergonhoso, reservado para os mais vis. Para os judeus era
maldição.

Segundo John Stott “….A cruz nos assegura que esse Deus é a realidade
dentro, por trás e além do universo”.

Segundo Jorge Adoum, a cruz não significa morte e sim triunfo sobre a matéria.
Sua ponta voltada para cima, corresponde a imagem de Deus, refletindo a
Verdade, sabedoria e amor, já a parte inferior apontada para baixo,
corresponde a imagem das trevas.

Se dividirmos a circunferência que simboliza o mapa com uma linha na


horizontal que liga a superfície da terra ao horizonte longínquo, e outra na
vertical – que toca o alto do céu e atravessa todo o planeta Terra, formamos
uma cruz, a cruz cardeal. Esta cruz sempre foi considerada de suma
importância para a Astrologia. Define que somos filhos tanto do Céu como da
Terra. Nossos pés estão firmemente ligados a terra, nossa cabeça liga-se ao
céu e dele recebe a energia necessária ao nosso desenvolvimento como seres
humanos. O que se procura é o desenvolvimento de nosso Espírito, filho do
céu, ao mesmo tempo que a harmonização de nosso corpo, filho da terra, com
as energias que vêm do céu (eixo vertical) e com as energias dos cinco
elementos da terra. (eixo horizontal. Da Astrologia podemos extrair o mesmo
ensinamento: o braço horizontal da cruz cardeal nos remete aos signos de
Áries (o desenvolvimento do eu) e Libra (o encontro com o outro, com a
natureza, com o que não sou eu). O braço vertical nos remete aos signos de
Câncer (as raízes, a família, o coletivo) e Capricórnio (o ponto mais alto do
mapa, evocando a lenta subida do homem até os níveis mais elevados de
espiritualidade).

É pela cruz que se sai do material e chega-se ao imaterial, do concreto chega-


se ao abstrato; do mundo inferior chega-se ao superior, do plano das formas
chega-se aos planos do sem forma; do domínio da força inferior chega-se ao
dominium da Força Superior. Seu modelo básico traz sempre a intersecção de
dois eixos opostos, um vertical e outro horizontal, que representam lados
diferentes como o Sol e a Lua, o masculino e o feminino e a vida e a morte, por
exemplo.

De acordo com o estudioso Juan Eduardo Cirlot, ao situar-se no centro místico


do cosmos, a cruz assume o papel de ponte através da qual a alma pode
chegar a Deus. Dessa maneira, ela liga o mundo celestial ao terreno através da
experiência da crucificação, onde as vivencias opostas encontram um ponto de
intersecção e atingem a iluminação.

Na sua acepção mística, a Cruz não tem significado sectário, pois representa a
espiritualidade e a consciência Cósmica. É o símbolo da imortalidade, da fé, da
santidade e da perfeição.

Existe também a Rosa-Cruz, uma cruz em cuja inserção central apresenta uma
rosa. Na maçonaria são usadas como símbolo a Cruz Latina e a Cruz
patriarcal, essa como símbolo do Grau 33 do R∴E∴A∴A∴.
Na matemática, a cruz assumiu desde os babilônios, o sentido de
MULTIPLICAÇÃO e SOMA, os membros da Rosa Cruz costumam explicar seu
significado interpretando-a como o corpo de um homem, que com os braços
abertos saúda o Sol e com a rosa em seu peito permite que a luz ajude seu
espírito a desenvolver-se e florescer. Quando colocada no centro da cruz a
rosa representa um ponto de unidade.

A cruz é signo sagrado e venerado desde os tempos imemoriais da


Humanidade, pois o seu fogo produz a salvação. O frio das noites invernais
produzia sofrimentos, as trevas produziam temor e o Sol radiante e triunfal
dissipava tudo, trazendo luz, calor, vida e amor como o fogo nascido da Cruz.

Que o Gr∴ Arq∴ do Univ∴ nos ilumine, guie e nos proteja.

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