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Na Escritura
Não há indicação direta do sinal da cruz na Escritura. Embora a mesma não seja a única
fonte de fé e de práticas piedosas na comunidade cristã, a Bíblia menciona a cruz de
maneira elevada como instrumento de salvação.
Na realidade, o TAU, última letra do alfabeto hebraico, tinha então a forma exata de uma
cruz. Os primeiros cristãos viram nesta “visão” a prefiguração da cruz e do sinal da cruz.
Fazer este sinal na testa das pessoas era uma marca que simbolizava sua salvação. Não é
significado que, muito antes do nascimento de Nosso Senhor, Sua cruz tenha sido
“interpretada” e apresentada indireta? Os primeiros cristãos sempre consideravam o sinal
ou a marca da cruz como uma bênção.
Em Ap 7,3 encontramos escrito: “Não danifique a terra, o mar e as árvores, até que
tenhamos marcado a fronte dos servos de nosso Deus”.
Aqui, o autor do livro da Revelação, em seu estilo apocalíptico, faz alusão ao texto de Ez
9,4, com a forma de uma cruz.
Poderia o “selo” ser diferente da “marca do Filho do Homem (Mt 24,30)”, que é a cruz?
Tertuliano (século II da nossa era) escreve: “Quando saímos de casa, quando voltamos,
quando comemos, quando acendemos nossos candelabros, fazemos em nossas testas o
sinal da cruz”.
São Cirilo de Jerusalém (313-386), em seu sermão 13,36, escreve: “Façamos corajosamente o
sinal da cruz. Façamo-lo sobre tudo”.
Aparentemente, o sinal da cruz foi primeiro feito com dois dedos, depois com três. No
Oeste era feito com todos os cinco dedos. Dois Dedos: símbolo da unidade plena da
natureza humana e divina em Cristo Jesus. Três Dedos: a Santíssima Trindade, Pai e Filho
e Espírito Santo. Cinco Dedos: as cinco chagas de Cristo.
O Crucifixo
Baseados nos ensinamentos da Bíblia e nas explicações correlatas que os Concílios nos
dão, analisaremos as representações polêmicas da Cruz e do Crucifixo:
Os seres humanos são compostos de corpos e de almas. O Corpo tem também um papel a
desempenhar na religião e no culto. Nossos sentidos, especialmente o da visão, precisam
ser sensibilizados. Na verdade, cada IDEIA (do grego idein=ver) tem suas origens nos
sentidos: vem de algo visto ou ouvido, tocado ou provado. Por isso necessitamos de
quadros e imagens para nossa devoção. Por outro lado, sempre imaginamos uma imagem
ou uma pessoa que não conhecemos. As crianças e os analfabetos precisam ver imagens
para entender o ensinamento da Palavra de Deus que não podem ainda ler.
Por isso não há nada de errado na representação do crucifixo ou da Cruz, porque nenhum
dos dois é um ídolo que “adoramos (Ex 20,5). Agora, se alguém considerasse o “crucifixo”
como uma “imagem” proibida, também teria que cancelar a “cruz” pela mesma razão.
Podemos dizer o seguinte: Nas Escrituras, o Crucifixo, e não a cruz nua, está prefigurado.
Valos ler em Nm 21,8 : “Iahweh respondeu a Moisés: Faze para ti uma serpente ardente e
mete-a sobre um poste. Todo o que for mordido por uma serpente e olhava para a
serpente de bronze, conservava a vida”. Em Jo 3, 14, o próprio Jesus nos dá a explicação
daquela construção estranha. “Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim
também deve ser levantado o Filho do Homem para que todo homem que nele crê tenha a
vida eterna (Jo 12, 32)”. Portanto, nossa serpente “serpente de bronze” é Cristo, e o poste é
a cruz. Devemos, olhar para o principal; devemos olhar para o crucifixo e não para a cruz
nua, já que na realidade, quando Jesus deixa a cruz não há mais diferença entre a sua e as
cruzes dos ladrões crucificados do seu lado.
Por isso, o Papa São Gregório I, morto em 1604, escrevia a Sereno, bispo de Marcélia: “Tu
não devias quebrar o que foi colocado nas Igrejas, não para ser adorado, mas
simplesmente para ser venerado. Uma coisa é adorar uma imagem e outra é aprender,
mediante essa imagem, a quem se dirige tuas preces. O que a Escritura é para aqueles que
sabem ler, a imagem o é para os ignorantes, e mediante essas imagens aprendem o
caminho a seguir”.
Santa Tereza de Ávila, morta em 1582, ao ensinar as vias da oração às suas religiosas,
dizia: “Eis um meio que vos poderá ajudar: cuidai de ter uma imagem ou uma pintura de
Nosso Senhor que esteja de acordo com o vosso gosto. Não vos contenteis com fazê-la
sobre o vosso coração sem jamais olhar, mas servi-vos da mesma maneira para os
entreterdes muitas vezes com Ele (Caminho da Perfeição)”.
Bibliografia
Fé e Escritura – Frei Ya' cub H. Saadeh
Frei Peter H. Madros
Apostila do Curso de Fé e Doutrina – Ano III – Lopes