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Aula teórica: 04
Tema 3. Interpolação Polinomial
- Fórmula de Lagrange
. .
Objectivos
No fim desta aula, os estudantes devem ser capazes de:
• Interpolar funções tabeladas e analíticas, usando a fórmula de interpolação polinomial de
Lagrange;
• Utilizar os polinómios interpoladores de Lagrange para determinar valores aproximados de
funções;
• Estimar o erro de interpolação polinomial de funções analíticas.
. .
3. Interpolação Polinomial
3.1. Introdução
Uma das soluções para os problemas de aproximação de funções consiste em determinar uma
expressão analítica mais simples que substitua o carácter implícito ou a representação analítica
e complexa da função original.
Os critérios de ajuste e de interpolação não são os únicos utilizados para aproximar funções.
Por exemplo, é frequente a utilização de séries de Taylor6 , Maclaurin7 e Fourier8 para a apro-
ximação de funções na vizinhança de um ponto nodal.
Ora bem, a interpolação polinomial tem como base matemática o teorema de Weierstrass9 :
Teorema 1 (Weierstrass).
Toda função f (x) continua num intervalo fechado [a; b] pode ser aproximada nesse intervalo,
tanto quanto se quer, por um polinómio, isto é,
∀ε > 0, ∃p(x) : |f (x) − p(x)| < ε, onde x ∈ [a; b], f (x) e p(x) são função aproximada e
polinómio de aproximação, respectivamente.
1
Joseph Louis de Lagrange (1736–1813) — matemático francês
2
Isaac Newton (1643–1727) — físico, astrónomo e matemático inglês
3
James Gregory (1638 – 1675) — matemático escocês
4
Charles Hermite (1822 – 1901) — matemático francês
5
O termo inglês spline significa longas tiras de madeira, usadas antigamente para interpolar pontos de
estructuras de navios e aviões.
6
Brook Taylor (1685–1731) — matemático inglês
7
Colin Maclaurin (1698–1746) — matemático escocês
8
Jean Baptist Joseph Fourier (1768–1830) — matemático francês
9
Karl Theodor Wilhelm Weierstrass (1815–1897) — matemático alemão
3
Sejam dados n + 1 pontos (x0 , y0 ), (x1 , y1 ), ..., (xn , yn ), sendo xi , i = 0, 1, ..., n, distintos
tais que yi = f (xi ) e x ∈ [x0 , xn ]. O problema de interpolação polinomial consiste em construir
um polinómio Pn (x), de grau não superior a n, tal que,
Pn (xi ) = yi , i = 0, 1, ..., n.
A formulação mais simples da solução deste problema consiste em expressar o polinómio inter-
polador na seguinte forma:
∑n
Pn (x) = c0 x0 + c1 x1 + c2 x2 + ... + cn xn = i=0 ci x
i
(1)
1 x0 x20 · · · xn0 c0 y0
1 x1 x21 · · · xn1 c1 y1
.. .. .. . . . · .. = .. (3)
. . . . .. . .
1 xn x2n · · · xnn cn yn
O sistema tem solução única, pois o determinante da matriz principal, denominado deter-
minante de Vandermonde10 , é não nulo, devido a que todos os xi são distintos.
x −1 1 2
f 1 −1 5
Resolução
Procuremos um polinómio da forma:
P2 (x) = c0 + c1 x1 + c2 x2
sistema:
c0 − c1 + c2 = 1 c0 = − 73 7 7
c0 + c1 + c2 = −1 ⇐⇒ c1 = −1 =⇒ P2 (x) = x2 − x −
3 3
c0 + 2c1 + 4c2 = 5 c2 = 37
As técnicas de interpolação polinomial comummente utilizadas, e que não fazem uso do deter-
minante de Vandermonde, são as fórmulas de Lagrange, de Newton e de Gregory - Newton.
Sejam dados n + 1 pontos (x0 , y0 ), (x1 , y1 ), ..., (xn , yn ), sendo xi , i = 0, 1, ..., n, distintos
tais que yi = f (xi ) e x ∈ [x0 , xn ]. Pretende-se construir um polinómio Ln (x), de grau não
superior a n, tal que
Considerando que o polinómio Ln (x) é de grau não superior a n, então pode ser escrito como
combinação linear dos polinómios Pi (x), isto é,
5
∑
n
Ln (x) = c0 P0 (x) + c1 P1 (x) + c2 P2 (x) + ... + cn Pn (x) = ci Pi (x) (6)
i=0
[ ]
1
En (x) ≤ · |(x − x0 )(x − x1 )(x − x2 )...(x − xn )| · max |f (n+1)
(ξ)| (9)
(n + 1)! x0 ≤ξ≤xn
onde, f (x) e suas derivadas são continuas em [a; b] que contém os pontos nodais.
6
x −1 1 2
f 1 −1 5
Resolução
a) Determinemos os polinómios li (x), i = 0, 1, 2
(x − x1 )(x − x2 ) (x − 1)(x − 2) 1
l0 (x) = = = (x2 − 3x + 2)
(x0 − x1 )(x0 − x2 ) (−1 − 1)(−1 − 2) 6
(x − x0 )(x − x2 ) (x + 1)(x − 2) 1
l1 (x) = = = − (x2 − x − 2)
(x1 − x0 )(x1 − x2 ) (1 + 1)(1 − 2) 2
(x − x0 )(x − x1 ) (x + 1)(x − 1) 1
l2 (x) = = = (x2 − 1)
(x2 − x0 )(x2 − x1 ) (2 + 1)(2 − 1) 3
∑2
Usando a fórmula L2 (x) = li (x) · yi = l0 (x)y0 + l1 (x)y1 + l2 (x)y2 temos:
i=0
1 1 1
L2 (x) = (x2 − 3x + 2) · 1 − (x2 − x − 2) · (−1) + (x2 − 1) · 5 =
6 2 3
x + 3x + 10x − 3x − 3x + 2 − 6 − 10
2 2 2
14x − 6x − 14
2
7 7
= =⇒ f (x) ≈ Pn (x) = x2 − x −
6 6 3 3
7 2 7 7
b) f (0) ≈ L2 (0) = ·0 −0− =− ;
3 3 3
7 7 63 − 18 − 28 17
f (1.5) ≈ L2 (1.5) = · (1.5)2 − 1.5 − = = .
3 3 12 12
c) Observemos que f (3) (x) = 24x =⇒ max |f (3) (ξ)| = max |24ξ| = 48
−1≤ξ≤2 −1≤ξ≤2
1
E2 (0) ≤ · |(0 + 1)(0 − 1)(0 − 2)| · 48 = 16
3!
1
E2 (1.5) ≤ · |(1, 5 + 1)(1, 5 − 1)(1, 5 − 2)| · 48 = 8 · (2, 5) · 0, 5 · 0, 5 = 5
3!
Por outro lado, temos os seguintes valores exactos dos erros de aproximação:
5 7
Eexacto (0) = |f (0) − L2 (0)| = + = 4 < 16
3 3
7
37 17 105
Eexecto (1.5) = |f (1.5) − L2 (1.5)| = − − = = 2, 1875 < 5
48 12 48
Observação
O erro absoluto de interpolação é directamente proporcional ao produto das distâncias entre o
valor interpolado e os pontos nodais. Portanto, os pontos escolhidos para construir o polinómio
interpolador devem ser os mais próximos do ponto a ser interpolado.
Nota
A fórmula de Lagrange pode não ser a representação mais conveniente do polinómio interpola-
dor, pois requer um maior número de operações aritméticas. Ademais, a introdução de outros
pontos nodais requer a realização de todas as operações aritméticas anteriormente efectuadas
para a determinação do polinómio interpolador.