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As equações aplicadas para engrenagem de dente reto são utilizadas, apenas acrescentando alterações porque o dente
acompanha uma trajetória helicoidal. Isto é realizado com a utilização do plano normal e transversal.
Desvantagens:
- possui fabricação mais difícil;
- não pode ser usada para engrenagens de cambio;
- transmite esforços axiais.
Se uma folha de papel for cortada com uma aresta inclinada e enrolada sobre um cilindro (figura 141), esta extremidade
inclinada se transforma em uma hélice. Se a seguir a folha é desenrolada, cada ponto desta extremidade gera uma curva
evolvente. A superfície desenvolvida por todos os pontos da extremidade do papel é chamada helicóide de evolvente ou
helicóide regrada
Nas engrenagens cilíndricas de dentes retos, o contato entre os dentes inicia-se por uma reta que tem a extensão de toda a
largura dos dentes, paralela ao eixo de rotação e praticamente um par de dentes de cada vez.
Já nas engrenagens helicoidais, o contato inicia num ponto, que se transforma em que se estende diagonalmente sobre
o flanco do dente. Esta linha de contato é inclinada com relação ao eixo de rotação. Isto permite o contato simultâneo de
vários dentes durante a transmissão.
É este engrenamento gradual dos dentes, e a transferência gradual da carga de um dente para outro, que possibilita às
engrenagens helicoidais transmitirem cargas em alta velocidade periférica (figura 142).
8.4.2 Passos
Numa engrenagem helicoidal podem ser definidos três tipos de passo:
Pn = passo normal
Pt = passo transversal
Pa = passo axial
Seccionando o dente da altura do círculo primitivo (figura 143), tem-se:
Pn Pt
Pn = πm n Pt = = πmt Pa =
cos β tgβ
onde mn é o módulo da ferramenta de corte
A figura 144 mostra a relação entre os passos normal e transversal (passo circunferencial). Também está representada a
engrenagem em perspectiva e vista para a visualização
Uma hélice pode ser obtida pelo enrolamento de um triângulo sobre a superfície de um cilindro. Assim a figura 145
apresenta a forma e os dados de uma hélice. O ângulo de hélice β é definido por:
πd
tg β =
ph
Ph
Ph
β
Ød π db
πd
ROTAÇÃO
EIXO DE
Figura 145 – Hélice cilíndrica.
tg βb db
= = cos αt tgβb = tgβ . cosαt
tg β d
Ødb
βb β
Ph
Ph
Ød πdb
πd
ROTAÇÃO
EIXO DE
A figura 147 apresenta o desenvolvimento de uma hélice e a sua relação com uma engrenagem helicoidal.
β Ph
πD
β
Ph da hélice.
Figura 147 – Passo
Pt = Passo primitivo (aparente) ou transversal: é o passo no plano transversal sobre a superfície cilíndrica primitiva
Pn = Passo primitivo (real) ou normal: é o passo no plano normal ao dente sobre a superfície cilíndrica primitiva
Pbt = (Passo de base aparente) ou de base transversal: é o passo no plano transversal sobre a superfície de base
Pbn = Passo (de base real) ou de base normal: é o passo no plano normal ao dente sobre a superfície cilíndrica de base
As relações entre os ângulos de pressão podem ser deduzidas da representação da cremalheira da figura 148.
BC EF
tgαt = tgαn = AC = DF EF = BC cos β
AC DF
8.4.7 Módulo
Há o módulo normal mn e o módulo transversal mt.
mn
Pn = Pt cos β mn = mt cos β mt =
cos β
αn
mn z
Diâmetro Primitivo: d = mt z =
cos β
Diâmetro externo : d a = d + 2 mn
2 2 2 2
ra1 − rb1 + ra 2 − rb 2 − asenαt
εα =
Pbt
a2 r r2 r
re = b=r a= re = =
b cos β r cos β cos β
d v 2 re 2r 2r 1 2r z
Zv = = Zv = = =z Zv =
mv mn cos β.mt cos β
2
m t cos3 β mt cos3 β
8.10 Interferência
O número mínimo de dentes de uma engrenagem helicoidal para que ela engrene sem interferência com uma cremalheira
(figura 151) pode ser determinada de maneira semelhante às engrenagens de dentes retos.
PE ha ha mn
senαt = PE = rsenαt senαt = = =
r PE rsenαt rsenαt
mn mt z mt cos β 2 cos β
r= = z min =
sen αt
2
2 sen2 αt sen2αt
rb
αt
αt
E
ha
A cremalheira é o caso limite. Se uma engrenagem engrenar sem interferência com uma cremalheira ela engrenará sem
interferência com qualquer engrenagem com número de dentes maior que ela.
Para e interferência entre duas engrenagens, seguindo a mesma dedução que foi realizada para engrenagem de dentes
retos tem-se:
1
( z1senαt) 2 − 2 cos2 β
z2 = 2
2 cos β − z1sen 2αt
Fa= Força axial: causará empuxo axial nos mancais e flexão nos eixos
O valor das forças atuantes em cada mancal pode ser assim expresso:
P LI = P 2
IU + ( P IR − P Ia ) 2 PLII = P 2 IIU + ( PIIR ± PIIa ) 2 onde (+) para a figura 1 e (-) para a figura 2.
Sendo os valores das componentes tangenciais, radiais e axiais nos mancais I e II são:
PU .lII Pa .r o P R.lII
P IU = P Ia = P IR =
l l l
Exercícios
Exercício 1: Dada uma transmissão por engrenagens helicoidais, determinar: a) d1; d2; a; αε; ph; zv; mt; αt; b) Determinar o
torque de entrada; c) Determinar as forças sobre as engrenagens e sobre os eixos.
Dados: z1 = 20; hélice direita; Z2 = 60; hélice esquerda; mn = 3; β = 25°; α = 20°
ACOPLAMENTO
A B
LIMITADOR DE TORQUE
Motor C D M = 40 Nm
N = 5 kW
n = 1750 rpm
giro para a esquerda
Exercício 2: Calcular o módulo normal, o diâmetro primitivo e o ângulo de inclinação da hélice de uma engrenagem
helicoidal, sabendo que o diâmetro externo d e1 = 206,54 mm, tem z1 = 56. Já o d e2 = 125,26 mm e a distância entre centros é de
160,40 mm.
Exercício 3: Calcular a altura total do dente de uma engrenagem helicoidal de módulo normal 2,75 mm e ângulo de pressão
de 20°. Ângulo de hélice de 25°.
Exercício 4: Uma engrenagem cilíndrica helicoidal te 85 dentes, ângulo de pressão normal de 20°, ângulo de inclinação de
hélice de 30°. Esta engrenagem deverá ser acoplada a um pinhão que transmite 5 kW a 1150 rpm. O número de dentes do
pinhão é o mínimo necessário para que não haja interferência. O módulo da fresa é de 5 mm. Determine as dimensões destas
engrenagens e os esforços sobre os dentes e um esquema destas forças.
Exercício5: Uma máquina necessita de uma potência de 7,8 kW a uma velocidade de 210 rpm. Proponha um redutor
constituído por engrenagens helicoidais que serão acopladas entre a máquina e o motor. Considerar que cada par de
engrenagem tem um rendimento de 99%. O motor a ser acoplado possui uma rotação de 1200 rpm. Determinar a potência do
motor a ser acoplado.
Engenharia Mecânica - UPF - Prof. Nilson L. Maziero 121
Mecânica Aplicada I 2008/1
Exercício 6: Dimensionar a transmissão para um cabeçote de furação, com engrenagens helicoidais, obedecendo as
dimensões indicadas no desenho e as informações.
Dados: m = 1,5 mm; β = 20°; α = 20°. Determinar a) a potência de acionamento; b) número de dentes das engrenagens; c)
forças e torques nos eixos e engrenagens; d) dados geométricos principais para definir as engrenagens.
A A
B B
300 rpm
4 Nm
giro horário
CORTE BB
Estas engrenagens são utilizadas em transmissão de movimento em que as linhas de centro dos eixos não são paralelos
ou concorrentes. São essencialmente engrenagens coroa-parafuso sem recobrimento, porque a peça básica tem forma
cilíndrica.
O contato entre os dentes destas engrenagens se dá de forma puntual, que se transforma em contato por linha com o
desgaste das engrenagens. Por esta razão, as cargas transmitidas são bastante leves.
Como o contato entre os dentes é puntual, a precisão de montagem é baixa, permitindo que a distância entre centros e o
ângulo entre eixos possa ser ligeiramente alterado sem modificar as condições de contato.
Normalmente os ângulos de hélice nestas condições possuem o mesmo sentido. Observar que para o cálculo, deve-se
utilizar o módulo normal (mn).
O processo de fabricação é semelhante para as engrenagens helicoidas montadas normalmente.
Como os diâmetros primitivos não diretamente proporcionais ao número de dentes, estes não podem ser utilizados para
calcular a relação de transmissão. Nestas condições utiliza-se o número de dentes.
A velocidade de deslizamento entre os dentes é mínima quando o ângulo de hélice é igual para ambas engrenagens. Se
forem diferentes, a engrenagem de maior ângulo de hélice deve ser utilizada como engrenagem motora, para hélices de
mesmo sentido.
Como os dentes tem contato puntual, deve-se procurar um grau de recobrimento maior ou igual a 2. Por esta razão, estas
engrenagens possuem normalmente ângulos de pressão pequenos e dentes bastante altos.
Para haver o engrenamento é necessário que os módulos normais (mn) das duas engrenagens sejam iguais. Os ângulos
de hélice podem ou não ser iguais e as engrenagens podem ter hélices de mesmo sentido ou não.
Sendo γ o ângulo entre eixos e β1 e β2 os ângulos de hélice das engrenagens, tem-se:
Pnz
Diâmetro primitivo d = d
π cos β
w1 n1 d 2 cos β 2
Relação de transmissão i= = =
w2 n2 d 1 cos β1