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AÇÕES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

SETOR PRODUTIVO EMPRESARIAL


LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Ricardo Henrique Cottini (*)

Os problemas socioambientais oriundos da ação da sociedade, provocando


impactos negativos sobre os recursos naturais, desperta para a necessidade de se
trabalhar mudanças comportamentais, seja no individual consigo mesmo, no
coletivo, nos meios e setores da economia pelos quais ocorrem a exploração e
transformação de matérias-primas para produzir bens e produtos em geral, para a
sobrevivência humana.

Fala-se muito de educação ambiental no meio escolar, na casa onde moramos,


junto à família, nos espaços públicos, mas também é importante abordar o meio
empresarial, sobretudo nos empreendimentos de extração e transformação. No
setor extrativista, destaques para: o extrativismo, mineral, vegetal e animal
(mineração – rochas, calcáreo, ferro, ouro, bauxita dentre outros; petróleo; floresta;
criação de animais (bovinos, suínos, caprinos, avicultura, pesca). No setor de
transformação, destacam-se por exemplo: indústrias que transformam aço em
máquinas e ferramentas, a produção agroindustrial que transforma cana em açúcar,
produção de insumos agrícolas (adubos, defensivos), produtos para construção
civil (cimento), a fabricação de bens de consumo como automóveis e roupas (têxtil).
Estão nesse setor, empresas que possuem atividades de transformação física,
química e biológica de materiais, substâncias e componentes para obtenção de
novos produtos, cuja origem vem da produção agrícola, mineração, pesca, extração
florestal, criação de animais, dentre outros.

Todas essas atividades impactam o meio ambiente, e o grau de impacto vai


depender da forma, como são, planejadas, gerenciadas e monitoradas, as
atividades.

Mecanismos legais, como legislação específica para licenciamento de


empreendimentos, seja de âmbito federal, estadual ou mesmo municipal, procuram
dar orientações, diretrizes e regulamentar ações pelo poder público de forma a
garantir que o empreendimento dependendo do caso, evite ou minimize o máximo
possíveis impactos gerados pela atividade sobre o meio ambiente, incluindo o ser
humano, nesse processo.

_________________________________________________________________
(*) Ricardo Henrique Cottini – Analista e Educador Ambiental - DIRETORIA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E RELAÇÕES
INSTITUCIONAIS - SEMAD - MG. 2021.
Diante de legislação que condiciona o licenciamento, analisa e estuda os possíveis
impactos, dessas atividades, muitas empresas têm procurado encontrar
ferramentas, processos ou métodos, que possam diminuir os impactos de suas
atividades, atendendo condicionantes legais ou mesmo em muitos casos por livre
iniciativa, sem qualquer pressão legal, realizam ações de controle e monitoramento
ambiental.

Em Minas Gerais, análises de décadas, mostram hoje mudanças significativas,


ainda não ideais, mas com grandes avanços no meio empresarial, no sentido de
preocupar, com o meio ambiente, enxergando a natureza não como um empecilho,
mas como um diferencial e garantir a permanência e prosperidade de seu negócio,
moldando um novo perfil de empreendedores. As empresas vêm trabalhando no
sentido de reduzir os efeitos negativos advindos da forma como exercem as
atividades, diante de políticas públicas direcionadas para o tema, com colaboração
de entidades de classe que representam o setor e municípios. Alguns municípios
mineiros, de acordo convênios firmados com a Secretaria de Estado de Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – SEMAD, ou com a Deliberação
Normativa (DN) Copam nº 241, de 2021, a qual alterou a DN Copam nº 213, de
2017, são hoje aptos a determinados tipos de licenciamento e fiscalização
ambiental, 159 municípios, dentre eles: Belo Horizonte, Betim, Brumadinho,
Contagem, Juiz de Fora, Itajubá, Lagoa Santa, Montes Claros, Sabará, Uberaba,
Viçosa. Aliado a essa capilaridade do licenciamento, inúmeras medidas de
incentivo e orientação, com fiscalizações preventivas, abordagens educativas,
benefícios como a redução dos custos, selos verdes, certificações, premiações,
dentre outras, contribuem para essas mudanças de comportamentos e posturas do
meio empresarial, no qual se destaca o papel da educação ambiental, ganhando
legitimidade nos últimos anos para essa questão.

Lista Completa dos municípios aptos ao Licenciamento Ambiental, pode ser acessada
no link: http://meioambiente.mg.gov.br/component/content/article/13-informativo/3058-clique-
aqui-para-consultar-a-manifestacao-dos-municipios-com-competencia-originaria
A educação ambiental no meio empresarial, independentemente de ser ou não uma
condicionante legal, deve ser efetiva em promover, aquisição de conhecimentos e
informações, capazes de levar a mudanças de atitudes, novas habilidades para
preservação e melhoria da qualidade ambiental, seja no ambiente físico do
empreendimento, como também de toda sua área de abrangência territorial e na
abrangência da área de impactos direta que possa produzir, o que inclui espaços
públicos, urbanos e rurais.

O processo de sensibilização, conscientização e educação do público interno da


empresa, clientes e das pessoas que estão na Área de Abrangência de
Educação Ambiental – ABEA ou mesmo em toda Área de Influência Direta – AID,
relacionado com o impacto ambiental deve ser pautado por alguns princípios:

▪ Realização de um Diagnóstico Socioambiental Participativo - DSP, com


todos os envolvidos, de forma a entender a realidade local e coletar
informações de diversos assuntos pertinentes aos processos
relacionados com o tipo de empreendimento e os impactos que o mesmo
pode gerar no meio ambiente e na vida das pessoas envolvidas, sejam,
colaboradores, clientes e sociedade afetada;

▪ Planejamento de metas e ações possíveis e capazes de serem


monitoradas conforme necessidades, interesses e problemas gerados
ou possíveis de acontecer, detectados no DSP;

▪ Estabelecer indicadores para o monitoramento e prestação de contas


junto à sociedade e órgão ambiental quando se tratar de um
licenciamento obrigatório;
▪ Manter clareza e transparência para a sociedade sobre todos os
processos envolvidos nas ações;

▪ Atender a condicionantes legais e anseios da sociedade diretamente


afetada, garantindo a reputação da empresa, confiança e credibilidade,
local, regional ou mesmo internacionalmente, em casos de comércio
exterior com os produtos gerados;

▪ Continuidade de ações, que podem incluir: palestras, gincanas, sessões


de filmes ambientais, participação em fóruns, conselhos, redes,
comissões, coletivo educador, cujo foco seja a atividade econômica da
empresa e sua relação com o meio ambiente;

▪ Promover uma sensibilização e um envolvimento dos atores, de modo


que cada pessoa se sinta responsável por estes problemas e motivada
a cooperar para a redução dos danos, uma vez que mesmo atividades
rotineiras do dia a dia, como tomar banho, escovar os dentes, lavar o
carro, consumir alimentos, usar transportes para locomoção, podem
provocar impactos significativos no meio por onde circula e atua
diariamente;

▪ Desenvolver ações e criar indicadores que monitorem a questão de


conciliar a melhoria da qualidade de vida da população na área de
impacto, resguarde de possíveis danos, fazer valer o conceito de
desenvolvimento sustentável, produzindo bens, receitas, gerando
emprego e renda na região de abrangência, mas garantido segurança,
saúde, respeito a culturas e tradições, principalmente quando entre os
atores estão povos e comunidades tradicionais, que já ocupam áreas no
contexto, a décadas ou centenas de anos;

▪ No público interno da empresa, considera-se como alvo, tanto


colaboradores da ponta, como membros da estrutura organizacional
(presidência, diretorias, gerências, fornecedores, setor de logística,
pesquisa e inovação, marketing), pois cada um apresenta sua
importância no contexto, relacionado à riscos (tecnológicos, estruturais,
humanos), ecoeficiência e produção mais limpas, para minimizar
impactos ambientais;

▪ A eficiência das ações ambientais, não depende apenas de um


excelente educador ambiental para se trabalhar os temas junto aos
atores, ou mesmo às condições de orçamento disponíveis e às
infraestruturas existentes. De nada adianta, tudo isso, se a empresa não
possuir um setor de planejamento e acompanhamento eficiente, atenta
a variantes seja do mercado, de intempéries climáticos, monitoramento
das atividades e estruturas físicas potencialmente de risco ambiental,
eventos adversos à saúde e fatores socioeconômicos. Exemplo nesse
sentido vale lembrar, da Pandemia de COVID-19, que pegou diversas
empresas de surpresa sem condições de atender as necessidades
impostas pela situação e foram alvo de grandes perdas e mesmo
falência em seus projetos, acarretando muitas, perdas para o meio
ambiente, devido a incapacidade de gerenciar riscos não previstos. A
medição da eficiência do processo educativo, inclui a mobilização social
para encontros, reuniões, capacitações, principalmente eventos de
massa, com maior número de pessoas e elaboração de planilhas para
facilitar esses acompanhamentos. Ter um Canal de comunicação aberto
com a comunidade é outra forma de manter tudo de maneira
transparente e clara, sendo receptivo a elogios e críticas, bem como
realizar devolutivas aos envolvidos sobre as intervenções realizadas,
principalmente na fase do Diagnóstico Socioambiental Participativo.

Proposição de ações no ambiente interno, terá um papel fundamental em


despertar cada colaborador para a busca de soluções concretas para os
problemas ambientais que ocorrem principalmente no seu cotidiano, no seu local
de trabalho, na execução de suas tarefas, conferindo ao colaborador poder de
atuação para a melhoria da qualidade ambiental sua e de seus colegas. Outro
entendimento, é quais impactos a empresa possa gerar, assim é essencial
trabalhar os fornecedores, clientes e pessoas dentro da área de interferência do
empreendimento, dando confiança, segurança e levando informações claras dos
processos. As mudanças de atitudes e cultura da organização é
corresponsabilidade de todos, independentemente dos níveis hierárquicos e
posição na sociedade.
O investimento na educação ambiental, para mudança de valores dentro da
empresa deve ser a primeira a acontecer no processo, servindo como um
espelho. Caso contrário, fica difícil confiabilidade e segurança pelos demais
atores (externos). Falhas no processo inicial, podem gerar discursos e
comentários do tipo: “A empresa não trabalha nem internamente certos
conceitos ambientais e quer que nós de fora, tenhamos determinadas condutas
e hábitos”. Esse risco, afeta diretamente a reputação da empresa, que
dependendo de sua capilaridade de comércio, pode gerar perdas e mesmo
dificultar o diálogo entre as partes envolvidas nos processos gerenciais com a
população.

Alguns monitoramentos comuns e que podem ser aliados à educação ambiental


para mudanças de hábitos e posturas na empresa e gerar exemplos para fora
dela:

1. Minimização de emissão de carbono pela empresa em seus processos,


promovendo a compensação com plantios de árvores, restaurando áreas
degradadas que necessitam de recuperação, dentro da área de
abrangência da educação ambiental – ABEA ou na área de influência direta
do empreendimento - AID;

2. Implantar programas de redução de resíduos como reduzir do uso de


papel e descartáveis. Incrementar o uso de softwares capazes de organizar
e gerenciar o armazenamento de documentos via meio digital;

3. Produção mais limpa. O ciclo completo do produto desde sua concepção


até as opções de descarte quando do seu uso final, incluindo a logística de
distribuição para os postos de venda.

4. Rotina do regime de trabalho. Criação de regimes híbridos (presencial x


home office), implantação de locais para descanso e atividades
antiestresse aos colaboradores. Contribui para menos pessoas circulando
nas ruas, redução do uso de meios transportes, menos combustível,
cuidado com a saúde mental e motivação dos colaboradores;

5. Evitar gastos com mudanças constantes de design dos espaços e


compras supérfluas de equipamentos, planeje obter o necessário e quando
for fazer, opte por materiais recicláveis;

6. Estimule o uso de transportes alternativos, carona solidária e coletivos


junto aos colaboradores;

7. Forme parcerias com fornecedores, que sigam a mesma linha de


pensamento da empresa, fidelizando clientes e criando uma identidade de
mercado voltada para sustentabilidade, agregando mais valor e
competitividade ao negócio;

8. Criar padrões de consumo mínimo de água e energia, com campanhas


de sensibilização e conscientização do uso racional;
9. Minimizar o desperdício de matérias-primas utilizadas nos processos,
dando utilidade a sobras em outros processos dentro da empresa ou em
ações sociais junto às comunidades adjacentes ao empreendimento;

10. Promover entre os colaboradores feiras de trocas dentro de uma


periodicidade estabelecida, trabalhando a questão do reaproveitamento, da
reciclagem, do repensar em consumir, das trocas, onde o que não serve
para mim, pode ser útil para outra pessoa.

11. Relações de trabalho entre os colaboradores e destes com a população


do entorno do empreendimento, incluindo a AID e ABEA.

Seguem abaixo, na sequência, algumas ações de educação ambiental para


serem realizadas junto à população da área de abrangência de educação
ambiental - ABEA, delimitada pelo PEA, independentemente de ser um projeto
como condicionante do licenciamento pelo governo, ou algo espontâneo do
empreendedor, por entender a importância do tema:

1- Palestras educativas sobre temas pertinentes ao empreendimento e


seus impactos;

2- Oficinas e dias de campo, para capacitação em saber lidar com


problemas e buscar soluções;

3- Campanhas de conscientização e participação popular para população


urbana e rural, via associações, sindicatos, clubes de serviço, entidades
de classe;
4- Reuniões comunitárias para entrosamento entre empresa e população
alvo;

5- Elaboração de material educativo e peças para comunicação em redes


sociais, TV, rádio, jornais;

6- Oficinas para capacitar população sobre temas possíveis de geração de


renda, como o turismo local, artesanato, reciclagem, reaproveitamento,
cooperativas solidárias, economia circular, comércio local, gastronomia
regional;

7- Visitas de orientação aos produtores rurais e população da zona rural;

8- Mutirões de limpeza urbana, em cursos de água, nascentes, áreas


públicas de lazer;

9- Estudos e diagnósticos participativos, para tomadas de decisões


conjuntas e criação de base de dados para auxiliar ações futuras;

10- Eventos lúdicos – arte e cultura, com música, dança, festejos populares;

11- Envolvimento com ações em escolas. Colaboração e apoio para a


escola desenvolver ações pertinentes ao seu Projeto Pedagógico, por
meio da transversalidade e interdisciplinaridade, em acordo com
orientações do Currículo Base de Minas Gerais.

12- Seminários, workshops, encontros;

13- Eventos esportivos, jogos, gincanas, para socialização e envolvimento


entre os atores do processo;

14- Comemoração de Dia Ambiental (Água, Meio Ambiente, Árvores,


Animais, Planeta);

15- Criação de infraestrutura (Centro de EA e visitantes, trilhas


interpretativas na natureza, viveiro de mudas, horta, espaço para
seleção e triagem de resíduos sólidos, sistema de compostagem,
espaço para eventos ambientais.

Em Minas Gerais, os empreendimentos sujeitos ao licenciamento


ambiental, seguem as atribuições de acordo com as competências
estabelecidas no Decreto Estadual nº 47.042, de 6 de setembro de 2016,
pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável (SEMAD), por meio de suas unidades administrativas: as
Superintendências Regionais de Meio Ambiente (Suprams), distribuídas
por 10 regiões do Estado, e a Superintendência de Projetos Prioritários
(Suppri).

O Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), por meio de suas


Câmaras Técnicas (CTs), tem atribuição de deliberar sobre as licenças
ambientais, de acordo com o disposto no Decreto Estadual nº 46.953, de
23 de fevereiro de 2016.

A Deliberação Normativa (DN) Copam nº217, de 06 de dezembro de 2017,


que entrou em vigor em 06 de março de 2018, modernizou e racionalizou,
mantendo a qualidade técnica, os processos de licenciamento ambiental.
A norma estabelece critérios para classificação, segundo o porte e
potencial poluidor, bem como os critérios locacionais a serem utilizados
para definição das modalidades de licenciamento ambiental de
empreendimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais no
Estado de Minas Gerais e dá outras providências.

De acordo com a classificação do empreendimento, sua classe e o


potencial de impacto, é exigido o Programa de Educação Ambiental –
PEA:

▪ A Deliberação Normativa DN COPAM 238/2020, que alterou alguns itens


da DN 214/2018, estabelece as diretrizes e os procedimentos para
elaboração e execução do PEA nos processos de licenciamento
ambiental de empreendimentos causadores de significativo impacto
ambiental e/ou passíveis de apresentação de Estudo e Relatório de
Impacto Ambiental - EIA/Rima. Cria o conceito de Área de Abrangência
da Educação Ambiental - ABEA, como sendo a área do meio
socioeconômico que sofre os impactos diretos e negativos do
empreendimento.

▪ Orienta e padroniza a solicitação de dispensa total ou parcial do PEA por


meio da disponibilização de um modelo de formulário.

▪ Prevê a dispensa de DSP para alguns tipos de público-alvo, como o


público flutuante.

▪ Prevê a possibilidade de executar o PEA previamente à aprovação do


órgão ambiental, sem prejuízo de eventuais adequações pelo órgão
ambiental.

▪ Estabelece prazos menores de revisão dos Programas (5 anos) durante


a operação do empreendimento.

▪ Estabelece procedimentos simplificados para realização de PEAs


conjuntos.

▪ Prevê a obrigatoriedade de realizar devolutivas.


▪ A Instrução de Serviço Sisema – nº 04/2018 de 20 de abril de 2021 –
Atualizada em função de alterações na DN 214 pela DN 238. Estabelece
procedimentos e diretrizes para análise, aprovação e acompanhamento
dos programas de educação ambiental – PEA, exigíveis nos processos
administrativos de licenciamento ambiental em Minas Gerais. Destaca-se
na metodologia, que o PEA deverá ser construído de forma participativa
com os diferentes grupos sociais pertencentes à área de abrangência da
educação ambiental - ABEA, sendo dois públicos, a saber:

• I - Público externo: direcionado às comunidades localizadas na ABEA da


atividade ou do empreendimento;
• II - Público Interno: direcionado aos trabalhadores próprios e de
empresas contratadas, que atuarão na atividade ou no empreendimento.

▪ Ambos os tipos de público devem ter um processo de educação ambiental


com metodologias de intervenção que atue na modalidade ENSINO-
APRENDIZAGEM e não apenas como um simples instrumento de
comunicação social. Ações de comunicação e responsabilidade social
poderão ser incluídas, porém, como COMPLEMENTARES às de
educação ambiental, que serão o alicerce dentro das metodologias de
intervenção. Para validade como ações de educação ambiental, estas
devem possuir um caráter de aquisição de novos conhecimentos,
habilidades, atitudes e comportamentos do público-alvo do PEA. No
processo de licenciamento, o PEA é uma obrigação legal a ser cumprida
pelo empreendedor, não sendo uma ação voluntária e de iniciativa do
empreendedor, devendo ser explícito ao público-alvo que a execução do
PEA é decorrente de uma exigência legal.

ETAPAS PRELIMINARES DE UM PROJETO EA – PEA:

✓ Percepção e Participação Ambiental;


✓ Mobilização;
✓ Diagnóstico Socioambiental Participativo – DSP;
✓Análise DSP para elaboração de projetos e devolutiva aos envolvidos;
✓ Execução dos projetos;
✓ Resultados e Avaliação.

O DSP - Diagnóstico Socioambiental Participativo, é um instrumento de


articulação e empoderamento que visa diagnosticar, sensibilizar, mobilizar,
compartilhar responsabilidades e motivar os grupos sociais impactados pelo
empreendimento, a fim de se construir uma visão coletiva da realidade local,
identificar as potencialidades, os problemas locais e as recomendações para sua
melhoria, considerando os impactos socioambientais do empreendimento,
resultando em uma base de dados que norteará e subsidiará a construção e
implementação do PEA. O DSP deverá incluir todos os públicos-alvo pertinentes
ao processo dentro da área de ação, sem exceção.
METODOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO CONFORME O PÚBLICO-ALVO - No
processo de mobilização, bem como nas fases de execução do Programa de
Educação Ambiental, com seus respectivos projetos, deve-se considerar os
meios e formas de comunicação nas metodologias de intervenção, conforme o
público-alvo, quanto a: LINGUAGENS (escrita e falada) deverão ser apropriadas,
à faixa etária e grau de instrução; NAS ESCOLAS, as atividades e os materiais
didáticos a serem utilizados, precisam ser alinhados às etapas e níveis de
ensino, de acordo com Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Planos
Nacional e Estadual de Educação e Currículo Referência de Minas Gerais. Cabe
portanto, entrosamentos preliminares junto aos estabelecimentos de ensino,
onde a Direção orientará o fluxo para as permissões necessárias.

A COMUNICAÇÃO E AS METODOLOGIAS PARA A SUSTENTABILIDADE


DEVEM SER:

INTERATIVAS, TRANSFORMADORAS, PARTICIPATIVAS, ABRANGENTES,


GLOBALIZADORAS, INTERDISCIPLINARES E TRANSVERSAIS. CONDIZENTES COM AS
INFORMAÇÕES DO DSP E DAS ATIVIDADES DO EMPREENDIMENTO PELAS QUAIS FOI
EXIGIDO O PEA NO LICENCIAMENTO.

TODAS AS FERRAMENTAS PARTICIPATIVAS, METODOLOGIAS E


RECURSOS PEDAGÓGICOS devem consolidar diferentes percepções e
construir um objetivo comum entre os públicos-alvo. Posterior à execução do
DSP, deverá incluir a realização de uma ou mais etapas DEVOLUTIVAS, com
exposição dos resultados obtidos pelas metodologias participativas junto ao seu
público-alvo, para discussão, definição de prioridades em relação aos temas, e
como serão trabalhados nos projetos que irão compor o PEA.

Para licenciamentos ambientais que sejam de porte federal, a orientação


sobre PEA está na Instrução Normativa Ibama nº 2, de 27/3/2012. Para
outros Estados, deve-se pesquisar a legislação ambiental a ele pertinente.

De acordo com a Lei nº 6.938/81 a competência para o licenciamento ambiental


é do órgão ambiental estadual, podendo o mesmo em determinados casos,
com legislação específica delegar aos municípios a competência conforme o
cumprimento de exigências, como ocorre em Minas Gerais. Nos casos de
impactos ambientais considerados significativos, de âmbito regional ou
nacional, a atribuição será do órgão federal. O Ibama é o órgão executor do
licenciamento ambiental de competência da União.

MAIORES DETALHES:

Licenciamento Federal:

http://www.ibama.gov.br/laf/sobre-o-licenciamento-ambiental-federal

http://www.ibama.gov.br/phocadownload/licenciamento/publicacoes/2019-
Ibama-Guia-para-Elaboracao-dos-Programas-de-EA-no-LAF-.pdf
https://www.gov.br/dnit/pt-br/download/sala-de-imprensa/marcas-e-manuais/in-
no-2-27-de-marco-de-2012-ibama.pdf

Licenciamento Minas Gerais:

http://www.meioambiente.mg.gov.br/regularizacao-ambiental

http://www.meioambiente.mg.gov.br/component/content/article/13-
informativo/3820-programa-de-educacao-ambiental-do-licenciamento-ambiental

http://www.meioambiente.mg.gov.br/padronizacao-de-procedimentos/-
instrucao-de-servico-sisema

Instrução de serviço para Programa de Educação Ambiental MG

http://www.meioambiente.mg.gov.br/images/stories/2021/NORMAS_PROCEDI
MENTOS/IS_04_2018_Atualiza%C3%A7%C3%A3o.pdf

Municípios aptos ao Licenciamento Ambiental MG

http://meioambiente.mg.gov.br/component/content/article/13-informativo/3058-
clique-aqui-para-consultar-a-manifestacao-dos-municipios-com-competencia-
originaria

________________________________________

DSP
DIAGNÓSTICO SOCIOAMBIENTAL PARTICIPATIVO
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Instrumento de articulação e empoderamento que visa diagnosticar, sensibilizar,


mobilizar, compartilhar responsabilidades e motivar os grupos sociais
impactados pelo empreendimento, a fim de se construir uma visão coletiva da
realidade local, identificar as potencialidades, os problemas locais e as
recomendações para sua melhoria, considerando os impactos socioambientais
do empreendimento, resultando em uma base de dados que norteará e
subsidiará a construção e implementação do PEA.
O QUE OBSERVAR E CONFERIR NO PEA PARA LICENCIAMENTOS
JUNTO AO ÓRGÃO GOVERNAMENTAL
PROCESSO DE SELEÇÃO DO PÚBLICO PARA REALIZAÇÃO DO DSP

Atenção nas etapas de sensibilização, mobilização e devolutivas, com um


relatório completo detalhado.
ALERTAS PARA APLICAÇÃO DO DSP E DEVOLUTIVAS

✓ As devolutivas devem ser com todos os grupos/atores envolvidos


internos e externos.

PEA NA PANDEMIA

OS PEAS JÁ APROVADOS PELO ÓRGÃO NA PANDEMIA DEVEM SEGUIR


A ORIENTAÇÃO:
_______________________________

ESTRUTURA DE UM PROJETO DE EDUCAÇÃO


AMBIENTAL - E.A.

PROJETO E PROGRAMA

Um PROJETO representa um esforço único, temporário, para criar um produto,


serviço ou resultado exclusivo. Elaborar um projeto é buscar solução para os
problemas e atendimento às necessidades e interesses de algum grupo social.
Um PROGRAMA contém uma diversidade de projetos coordenados e alinhados,
gerando um pacote de trabalho, de forma articulada e dinâmica, visando
objetivos comuns.

NA ELABORAÇÃO DO PROJETO É NECESSÁRIO TER EM MENTE AS


QUESTÕES:

O QUE? POR QUÊ? ONDE? QUANDO? COMO? CUSTO.


AÇÃO!
Tais questionamentos são importantes para estabelecer, quais são os objetivos,
que meios serão buscados para atingi-los, quais recursos serão necessários,
onde serão obtidos, duração da ação e como serão avaliados os resultados.
ROTEIRO DE UM PROJETO

1. NOME DO PROJETO COM IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA.

2. LOCAL DE ABRANGÊNCIA E PERÍODO QUE VAI SER


DESENVOLVIDO.

3. INTRODUÇÃO: Descreve resumidamente a ação que ser realizada.

4. JUSTIFICATIVA: Justifica a execução de determinada ação para a


eficácia do PEA.

5. PÚBLICO-ALVO: Apresenta o público a ser beneficiado.

6. OBJETIVO GERAL: Demonstra, em sentido amplo, a ação que conduzirá


o projeto.

7. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: Apresentam de maneira detalhada as


ações que se pretende alcançar, estabelecendo estreita relação com o
objetivo geral.

8. METODOLOGIA: Indica os métodos, etapas, instrumentos e recursos a


serem utilizados para concretização do projeto a ser desenvolvido. Deve
ser clara, direta e transdisciplinar.

9. METAS: Expressa de maneira quantitativa e qualitativa os objetivos


propostos, relacionando o prazo e esforços empregados para alcançá-los.

10. INDICADORES: Bases para medir e avaliar, o progresso, a efetividade e


os resultados das ações propostas. Cada projeto deve estabelecer seus
próprios indicadores quantitativos e/ou qualitativos desde que os mesmos
sejam relacionados aos objetivos e metas. O indicador mostra uma
situação antes, como está agora com o projeto e o depois, num futuro
próximo a ser definido na metodologia.
11. CRONOGRAMA: Mostra a visualização das etapas do projeto
(planejamento, implantação, execução e avaliação) frente ao tempo
investido para a concretização destas.

12. AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO: Acompanha e analisa de forma


crítica, as informações geradas através dos indicadores com a finalidade
de subsidiar a tomada de decisão para a continuidade ou reformulação do
projeto.

13. Profissional(ais) Responsável(eis): Identifica o profissional ou equipe


responsável pela elaboração. Para PEA no licenciamento, o profissional
deverá possuir experiência em educação não formal e/ou formação com
disciplinas na área de meio ambiente ou de pedagogia e, quando houver
mais de um profissional envolvido, experiência em coordenação de
equipes.

14. Referências bibliográficas: Apresentar as referências consultadas,


bibliografias, sites, artigos e demais fontes de pesquisa.

15. Anexos: mapas, fotografias, dentre outros documentos que possam


enriquecer o projeto.

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RESUMINDO... A ESSÊNCIA DO PROCESSO EDUCATIVO...

ESTÁ NA FORMA DE COMUNICAR, QUE TRANSFORME O SER HUMANO E NÃO, QUE O


DOMESTIQUE. QUE OS PROGRAMAS E SEUS PROJETOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
NÃO SEJAM APENAS PAPÉIS DE OBRIGAÇÃO LEGAL, MAS QUE POSSAM TER O
VERDADEIRO SENTIDO NO PROCESSO DE EDUCAR PARA TRANSFORMAR
REALIDADES, COM CONHECIMENTO TÉCNICO, O SABER E A CULTURA DOS ATORES
ENVOLVIDOS.

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NÃO DEVE SER TRATADA COMO UM PROGRAMA QUE


CAUSA ENTRAVE, MAS COMO ALGO QUE VAI SOMAR PARA A EMPRESA NA SUA
REPUTAÇÃO, SUA IMPORTÂNCIA DEVE ESTAR NO MESMO NÍVEL DOS DEMAIS
ESTUDOS AMBIENTAIS EXIGIDOS.

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