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INSTITUTO POLITÉCNICO MARÍTIMO E PESQUEIRO DE MOÇÂMEDES Nº54 – HÉLDER NETO

MATERIAL DE APOIO PARA 12 ª CLASSE

CURSO: MAQUINISTA NAVAL DISCIPLINA: REF & CLIMATIZAÇÃO

Extracto do livro: Ventilação e Climatização - ELABORADO E EDITADO: ACADEMIA


MARÍTIMA DE GDYNIA E NAVIMOR- POLÓNIA POR ORDEM DO MINISTÉRIO
DAS PESCAS DA REPÚBLICA DE ANGOLA – 2014 (Zenon Bonca, Krzysztof Kaiser)

DOCENTE: L. MUANDA SASSA

Moçâmedes, Abril de 2023


IPMPM-HÉLDER NETO/Moçâmedes Refrigeração & Climatização – 12ª Classe - M.Naval
Facilitador: L. Muanda Sassa muandasassa022gmail.com

Generalidades
Ventilação: é um sistema organizado de permuta do ar em um local que deve garantir
uma troca constante do ar entre o ambiente externo e o local.
A função da ventilação é garantir fornecimento do ar necessário para a respiração e
necessário para a realização de processos tecnológicos, bem como evacuação e diluição
de contaminações e evacuação do vapor de água. Em outras palavras, a função da
ventilação é garantir um estado e uma qualidade apropriados do ar, ou seja, temperatura,
pureza, velocidade de fluxo, independentemente das condições existentes no exterior.

A manutenção das condições requeridas dentro dos locais exige o conhecimento dos
parâmetros do ar externo e da sua variação no tempo e no espaço. Nos locais
ventilados, a pressão do ar em um local em relação com o ambiente pode ser inferior
(depressão: balanço da quantidade do ar fornecido em relação com o evacuado é
negativo), superior (pressão excessiva: balanço da quantidade do ar fornecido em
relação com o evacuado é positivo) ou de valores iguais.
A ventilação, em função da participação do espaço ventilado de um local em relação
com o volume, divide – se em: geral e local.
A função da ventilação local é prevenir directamente a contaminação do ar em um local
e pode ser realizada através de extractores locais, ventosas, exaustores, capelas e
cortinas de ar. A ventilação local serve para capturar contaminações já em origem da
sua formação e para eliminá-las para fora ou fornecê-las até ao aparelho de purificação
do ar. A ventilação local geralmente é mais eficaz e mais barata do que a ventilação
geral, pois a eliminação de contaminações dispersas em um local é mais difícil, e os
custos são maiores.

Classificação da Ventilação
A ventilação geral, que abrange todo o local e garante uma permuta uniforme do ar, é
realizada de duas formas, ou seja, como ventilação:

a) Natural em que o movimento do ar é provocado pelos factores naturais, tais


como vento, diferença de temperaturas;
b) Mecânica em que o movimento do ar é provocado pelo trabalho dos
ventiladores.

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Ventilação Natural
A ventilação natural opera aproveitando recursos naturais da energia acumulada na
natureza, ou seja, energia potencial e energia contida no movimento do ar externo. A
ventilação natural pode causar apenas uma relação da pressão em um local, a saber, a
depressão. Esta ventilação é realizada através de, entre outros: arejamento, ventilação
por gravidade, infiltração, aeração.
O arejamento é uma permuta do ar realizada ao abrir as janelas e as portas. O
arejamento pode ser uma actuação pensada ou acidental. Devido ao arejamento, muitas
vezes, produzem-se correntes de ar. Este tipo de ventilação, às vezes, é utilizado para
ventilar o porão - abertura intencionada de escotilhas.
A ventilação por gravidade consiste na permuta do ar realizada através dos condutos
de ventilação por gravidade (chaminés de ventilação, condutos de gravidade, vidros
de ventilação) sem a participação dos aparelhos mecânicos com propulsão eléctrica. Na
ventilação por gravidade, utilizam – se condutos de ventilação verticais ou sob o ângulo
máximo de 45°. Não deve ser utilizada a ventilação natural constituída por uma rede
ramificada dos condutos de ventilação. Em grande medida, este tipo de ventilação
depende dos factores atmosféricos. Basicamente, a sua capacidade depende da
temperatura entre o ar externo e o interno (a variação da temperatura causa variações da
densidade do ar), bem como do impacto do vento no estabelecimento. Se a temperatura
do ar no interior de um local é superior do que a temperatura no exterior, o ar interno
(sendo mais ligeiro) eleva-se e sai através dos orifícios nas divisórias. Em lugar deste ar,
através das fendas e dos orifícios na parte inferior do local, entra ar mais fresco
(externo). Se a temperatura no local é inferior do que a temperatura fora, o fluxo do ar é
inverso. A diferença de temperaturas das paredes opostas causada pela insolação
influencia também a permuta do ar em um local. Em caso do impacto do vento, importa
a sua velocidade, direcção, densidade do ar e índice aerodinâmico do estabelecimento
estreitamente relacionado com a sua geometria externa. Como resultado do vento que
actua no estabelecimento, produzem-se variações locais da pressão.
A infiltração é uma permuta automática do ar através das fugas existentes nas
divisórias (janelas, portas), produzida pela diferença da pressão entre o local e o seu
ambiente. A infiltração, em outras palavras, a ventilação por fendas é um fluxo do ar
não intencionado pelo projectista e descontrolado. A saída do ar desde o local através
das fendas é chamada exfiltração. Ditos fenómenos são causados pela diferença de

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temperaturas do ar e, portanto, pela sua densidade no local e fora do local, bem como
pela pressão excessiva produzida pela força do vento nas divisórias externas.
A aeração é uma permuta organizada do ar no local que se produz pela diferença das
pressões do ar interno e externo, causada pelo vento e diferença de temperaturas, sendo
executada através dos orifícios especialmente projectados nas divisórias dos locais.

Ventilação Mecânica
A ventilação mecânica é realizada através dos ventiladores que movimentam o ar,
sendo uma ventilação forçada. Contudo, contrariamente à ventilação natural, o processo
de permuta do ar em um local pode ser controlado e comandado. A ventilação mecânica
pode ser de sopro, extracção, sopro – extracção.
A ventilação de extracção: Consiste na eliminação mecânica do ar de um local de
modo organizado. Em um local, devido ao funcionamento dos ventiladores de
extracção, cria-se a depressão. O ar entra no local através das fugas e dos orifícios nas
divisórias. Este tipo de ventilação é conveniente para ventilar locais que exigem
pequena permuta do ar. Uma variedade da ventilação de extracção é chamada ventilação
de emergência.
A ventilação de sopro consiste na introdução do ar em um local de modo organizado.
Devido ao funcionamento dos ventiladores de sopro no local, cria-se a pressão
excessiva. O ar é conduzido para fora através das fugas e dos orifícios nas divisórias.
A ventilação de sopro-extracção é uma combinação da ventilação de sopro e a
ventilação de extracção, sendo possível assim uma organização inteira do fluxo do ar
através de um local.

Climatização
A climatização é uma forma de purificação do ar que destaca pela manutenção de uma
temperatura, humidade, permuta do ar (considerando a sua pureza) exigidas em um
local.
O objectivo da climatização é manter em um local determinados parâmetros e
condições exigidas por razões higiénicas e de bem- estar das pessoas (a chamada assim
climatização de conforto) ou requeridas pela tecnologia de produção (a chamada assim
climatização industrial).
A climatização divide-se em três grupos: climatização de conforto, climatização
industrial, climatização de locais limpos.

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Contrariamente à ventilação, cujos aparelhos possibilitam o fluxo forçado do ar, a sua


filtração e o aquecimento, a climatização possibilita, além disso, a manutenção da
temperatura e humidade a um nível determinado ao longo do funcionamento dos
aparelhos.
Contrariamente à climatização de estabelecimentos terrestres, a climatização de navios
inclui-se na climatização de estruturas especiais.
Na ventilação e climatização, em função do fluxo do ar, distinguimos sistemas de baixa
velocidade, média velocidade e alta velocidade ou, devido à relação de compressão do
ventilador, sistemas de baixa pressão, média pressão e alta pressão. A distribuição
do ar com a velocidade alta (pressão alta) é basicamente tal como nas instalações de
baixa velocidade, contudo, exige uma maior exactidão de execução. Normalmente, os
condutos instalados têm a secção circular.
Devido à composição do ar sujeito ao tratamento, os sistemas de ventilação e
climatização dividem-se em sistemas abertos - é tratado unicamente o ar externo e
sistemas de recirculação - antes do tratamento o ar, em proporções adequadas é
misturado o fluxo do ar externo com o fluxo do ar extraído.
Os sistemas de ventilação e climatização podem ser construídos como sistemas
monoconduto em que o ar é fornecido para locais através de um conduto ou biconduto
em que o ar de diferentes temperaturas é distribuído através de dois condutos (conduto
quente e conduto frio) e misturado em caixas directamente antes de ser introduzido para
um local.
A aplicação de aparelhos de climatização monoconduto é limitada aos locais com
requerimentos idênticos da qualidade do ar. Aparelhos de climatização biconduto não
oferecem a possibilidade de um ajuste simultâneo da temperatura e da humidade em
cada um dos locais ou em grupos de locais. A necessidade de conduzir dois condutos
separados de uma secção considerável é também outra desvantagem.

Sistemas de ventilação e climatização de navios


Os sistemas de ventilação e climatização de navios marítimos, em função do método e
local de preparação térmica do ar, podem ser divididos em:
a) Sistemas monoconduto centrais em que o ar está sujeito ao tratamento térmico
unicamente em uma central de climatização e depois é distribuído através de um
conduto para os locais. O sistema monoconduto central ou por zonas com tratamento
secundário do ar aplica-se à climatização de locais com iguais cargas térmicas e de

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humidade. Se um climatizador é concebido para suportar vários grupos de locais com


distintas cargas térmicas, então em cada local deve ser fornecido o ar de temperatura
diferente, mas da mesma humidade. Para isso são utilizados sistemas monoconduto por
zonas. Ditos sistemas são chamados sistemas monoconduto centrais com preparação
secundária do ar em que o ar está sujeito a um tratamento prévio na central de
climatização, em seguida é aquecido através de um aquecedor eléctrico ou aquecedor
por água, ou resfriado através de um radiador – estes aparelhos são instalados no
armário de climatização ou no conduto de sopro para o local.
Nos locais, são instalados ventiladores ou armários de mistura/distribuição que
cumprem o papel de reguladores da intensidade do fluxo do ar, de um silenciador
acústico e que servem para misturar o ar interno (secundário) com o ar soprado
(primário). A proporção de mistura do ar primário com o ar secundário normalmente é
de 1 ÷ 3 ou de 1 ÷ 4. Os sistemas com tratamento secundário do ar são principalmente
utilizados nos navios que navegam por zonas frias – o ar é aquecido em uma central de
climatização até à temperatura de 10 ÷ 15℃, e depois, em função das necessidades, é
ainda aquecido nos aquecedores;
b) Sistemas biconduto centrais em que o ar está sujeito ao tratamento em uma central
de climatização, onde, ao mesmo tempo, ocorre a distribuição do fluxo de ar em dois
condutos. Devido a esta distribuição e este tratamento térmico, em cada conduto, flui o
ar de distintos parâmetros. Através destes condutos, o ar é fornecido para os locais
dentro dos quais (com maior frequência, nos armários) se produz a mistura dos fluxos
em proporções adequadas para o utilizador.
Em função da zona de navegação, muitas vezes, é aplicada uma solução em que, através
de um conduto, flui o ar externo sem tratamento térmico, enquanto através de outro, o ar
aquecido ou resfriado.
As vantagens desta solução comparativamente com os sistemas monocondutos são:

 Possibilidade de um ajuste mais preciso dos parâmetros do ar;


 Possibilidade de uma variação rápida da temperatura do ar que entra no local;
 Ausência da necessidade de instalar aquecedores e radiadores secundários;

c) Sistemas locais, chamados também sistemas sem condutos em que são empregados
climatizadores individuais. Tais sistemas são utilizados, sobretudo, nos locais para os
quais não resulta económico o emprego das instalações de condutos ou existem
problemas técnicos que impossibilitam o emprego de sistemas de condutos.

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Infelizmente, os climatizadores, na maioria dos casos, possibilitam apenas o tratamento


térmico e de ventilação do ar, sem garantir uma ventilação apropriada. O fornecimento
do ar fresco para o local e a evacuação do ar gasto, neste caso, requerem o emprego de
uma ventilação independente natural ou mecânica.
Além dos sistemas de ventilação de arejamento, nos navios marítimos empregam-se
sistemas de ventilação de extracção. O ar gasto desde os locais de permanência humana
é removido até à passagem. O ar procedente das passagens é utilizado para a ventilação
posterior de locais menos importantes, tais como, por exemplo, locais sanitários, onde
estão instalados os armários de extracção unidos com a instalação de extracção através
da qual o ar gasto é removido para fora.

Organização da divisão do ar nos locais


Os métodos básicos para a organização da permuta de calor em um local diferenciam-se
entre si pela forma de distribuição dos elementos de arejamento e extracção. O fluxo do
ar em um local, devido a uma área de impacto muito maior, está determinado, em larga
medida, pelos fluxos de arejamento do que os de extracção (fig. 3.1.).
Um dos factores básicos que garantem um bom funcionamento da ventilação é uma
divisão adequada do ar num local. Um sistema de ventilação, que funciona
correctamente, deve fazer com que todo o volume do ar de ventilação participe na
diluição ou eliminação de impurezas do local. Além disso, a distribuição correcta do ar
no local previne a formação de camadas de ar com diferentes valores de temperatura.
Os orifícios de arejamento e extracção devem seleccionar-se e colocar-se a fim de
garantir uma boa permuta de ar em todo o local. Ao seleccionar o modo de distribuição
do ar no local, é necessário prestar atenção à localização das fontes de emissão de
contaminações que estão no local, para poder extrair ditas contaminações eficazmente
através da ventilação.
Ao projectar a distribuição do ar é preciso considerar, entre outros, interferências que
causam variações nos campos de velocidade e temperatura, p.ex., fontes de calor locais
que causam movimentos de convecção do ar. O fluxo do ar através do local deve
seleccionar-se assim que o ar fresco cobra a maior parte possível do local. Cada local
deve considerar-se individualmente.

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Principalmente, podem ser distinguidos os seguintes modos de circulação do ar através


do local, ou seja: de cima para baixo, de baixo para cima, de cima para cima, de baixo
para baixo e modo misto de fluxo (fig. 3.2.). A tabela 3.1. apresenta a característica e os
requisitos para o ar de ventilação que flui através do local em uma direcção
determinada.
A selecção do modo de fluxo do ar através do local depende de múltiplos factores,
dentre os quais os fundamentais são:

 Destino do local;
 Tipo de contaminações emitidas nele;
 Temperatura no local e temperatura requerida de arejamento;
 Zonas de permanência humana e distribuição dos aparelhos.

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Geralmente, existem duas formas básicas de apresentação do fluxo que elimina


impurezas do ar encontradas na ventilação de locais (Fig. 3.3.): fluxo misto e de
impulsão.

Na prática, o fluxo de ar pelo local normalmente é mais complexo, p.ex., fluxos de


indução.
A ventilação com fluxo misto, chamada também ventilação com fluxo impetuoso,
distribui as impurezas uniformemente em um local, e o fornecimento do ar puro causa a
sua diluição. É empregado, p.ex., nos navios ro-ro para a ventilação de porões. Devido
ao facto de que o ar é soprado com uma velocidade respectivamente alta que causa o seu
movimento em todo o local, produz-se a compensação da temperatura, humidade e
concentração de impurezas em todo o volume. Contudo, nas condições reais, aparecem
zonas com uma ventilação reduzida. Entre as vantagens da ventilação com fluxo misto
encontram-se:

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A estabilidade e a pequena susceptibilidade de fluxos de ar às perturbações, p.ex.,


procedentes das fontes de calor. Entre as suas desvantagens, podemos incluir a rápida
dispersão de impurezas procedentes das fontes locais de emissão em um local e
velocidades relativamente altas do fluxo de ar que podem causar a sensação de corrente.
A fim de reduzir a dispersão de impurezas procedentes das fontes locais de emissão em
todo o local, o fluxo de ar soprado não pode ser dirigido até à fonte de emissão,
devendo-se empregar extracções em tais locais. Geralmente, é preciso respeitar os
seguintes princípios:

 No caso de impurezas mais ligeiras do que o ar ou levantadas devido à


convecção, o fluxo de ar soprado é introduzido na parte superior do local;
 No caso de impurezas mais pesadas do que o ar, com uma carga térmica
pequena do local, o fluxo de ar soprado é introduzido na parte superior do local;
 As extracções devem cooperar com sopros extraindo o ar de locais em que se
produz a emissão de impurezas ou de locais onde, da forma natural, se
acumulam impurezas de ar, bem como de locais de emissão de grandes
quantidades de calor;
 O sopro de ar deve ser dirigido até às zonas com uma menor concentração de
impurezas, porém as extracções devem estar localizadas em zonas com uma
concentração maior de impurezas;
 Os fluxos principais do ar fresco são dirigidos em proximidades das zonas de
permanência humana para que as pessoas possam encontrar-se na zona de
influência indirecta, graças a fluxos de indução.

A ventilação de deslocamento funciona baseando-se no deslocamento de impurezas


pelo chamado pistão de ar. O ar é fornecido ao local com uma velocidade pequena de
forma que o grau da sua turbulência seja o menor possível. A direcção do fluxo pode
ser horizontal ou vertical. O fluxo de deslocamento, em certos casos, pode ser limitado
até a uma área de exigências elevadas, no que diz respeito à pureza do ar. Entre as
vantagens da ventilação de deslocamento encontram-se, entre outras: limitação de
mistura do ar contaminado com o ar puro, emprego de baixas velocidades de ar que
permitem manter o conforto térmico. Entre as suas desvantagens estão, entre outras:
necessidade de deixar um espaço livre nas proximidades directas da ventoinha,
susceptibilidade dos fluxos de ar a perturbações, necessidade de empregar ventoinhas de
grandes tamanhos. São exigidas aqui grandes multiplicidades de permutas de ar e a

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manutenção de parâmetros estáveis, tais como, p.ex., velocidade do fluxo de ar ou


distribuição da temperatura. A ventilação de deslocamento é empregada principalmente
nos locais, onde é requerida uma alta eficácia de eliminação de impurezas.
O fluxo de indução isotérmico contém áreas de diferentes velocidades. A velocidade
do fluxo axial/simétrico na área central, nas proximidades directas da ventoinha é
constante e a maiores distâncias, ou seja, na zona básica, muda na proporção inversa da
distância da ventoinha. A forma e o alcance do fluxo dependem do tipo de ventoinha e
da velocidade de saída do ar. Os orifícios circulares e quase quadrados formam o ar que
sai em fluxos axiais/simétricos, porém os orifícios com relação entre os lados 1:10 ou
com fendas, em fluxos chatos, ou seja, lineares. As ventoinhas de fendas podem
também formar o fluxo radial do ar.

Medições técnicas e a sua interpretação


As instalações de climatização e ventilação devem garantir a manutenção de
determinadas magnitudes físicas nos locais, tais como a temperatura e a humidade.
Além disso, devido à necessidade de assegurar um correto estado higiênico do ar, o que
é requerido por razões de saúde e de bem-estar das pessoas ou por razões tecnológicas, é
importante a permuta do ar em um local. Portanto, as medições dos parâmetros técnicos,
em um local e a quantidade do fluxo do ar, têm uma importância considerável.
Chama-se medição de uma magnitude física um conjunto de actuações com objectivo
de determinar o seu valor numérico em um sistema de unidades utilizado e por meio de
uma técnica de medição determinada. O valor numérico determinado como resultado da
medição, em relação com o valor real, tem certo erro ou desvio de medição. Este erro
resulta da imprecisão dos instrumentos utilizados ou da falta de precisão do observador.
O erro de medição é determinado como um erro absoluto e erro relativo. Os erros
podem ser sistemáticos ou acidentais. A repetição múltipla da medição, de certa forma,
dará um resultado mais aproximado aos valores reais da magnitude medida.
Entre as medições técnicas utilizadas na ventilação e climatização, são importantes as
seguintes: temperatura, ponto de orvalho, humidade, pressão, fluxo volumétrico do ar,
concentração das substâncias químicas contidas no ar, p.ex. dióxido de carbono, ruídos.
Para fazer uma medição, é preciso empregar um instrumento de medição apropriado e
manter uma técnica de medição correcta.
Junto com a evolução da técnica, uma grande parte de instrumentos de medição
pertence aos instrumentos electrónicos que permitem remeter os resultados da medição

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à distância, registar os dados de medição e, às vezes, também fazer uma medição


simultânea de várias magnitudes físicas. Apesar de que os instrumentos electrónicos
cumprem o papel dominante nos sistemas de ventilação e climatização actuais, vale a
pena conhecer os instrumentos de medição um pouco mais antigos, devido ao facto que
ainda podem ser encontrados durante a exploração de, p.ex., barcos.
Além de fazer a própria medição, é muito importante também saber interpretar os
resultados. Como já foi dito, a interpretação correta dos resultados das medições feitas
nas instalações de ventilação e climatização requer conhecimentos na matéria de
princípios básicos de exploração e de curso dos processos hidrotérmicos do ar.
A interpretação correcta dos resultados possibilita detectar as irregularidades no
trabalho da instalação antes de se produzir uma avaria grave. Graças a isso, as despesas
para eventuais reformas são menores e, portanto, as perdas também.
Abaixo, estão apresentados os exemplos da interpretação dos resultados:

 No local foi observado um aumento do nível da pressão acústica; possíveis


causas: varia dos mancais do ventilador ou do motor, avaria do amortecedor,
avaria das pás do ventilador;
 No local foi observado um aumento da concentração do dióxido de carbono;
possíveis causas: capacidade excessivamente pequena da instalação, ajuste
incorrecto da velocidade rotacional do ventilador, filtros contaminados, avaria
da instalação de sopro ou de extracção;
 No conduto de ventilação produziu-se um aumento brusco da humidade relativa
do ar; possíveis causas: avaria do sistema de humidificação, fuga do aquecedor
ou do radiador de água;
 Alta temperatura no conduto de ventilação; possível causa: avaria do cilindro da
válvula do aquecedor de água;
 Aumento da temperatura, humidade e concentração do dióxido de carbono nos
locais de permanência humana; possíveis causas: correia do ventilador quebrada
ou deslizante, avaria do inversor, válvulas borboletas fechadas, filtros muito
contaminados.

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Comando e ajustes
O funcionamento da instalação de climatização e ventilação, por meio de medidas
técnicas actualmente disponíveis, limita-se normalmente a um controlo periódico do seu
trabalho e a uma eventual correcção dos parâmetros. Apesar deste conforto, cada
utilizador deve ter conhecimentos básicos sobre os sistemas de controlo e ajuste.
Igualmente, para realizar correctamente o processo de ajuste é necessário um bom
conhecimento dos processos de tratamento hidrotérmico do ar.
A função do sistema de controlo é a realização devida do processo tecnológico, e o
próprio controlo é uma acção específica, em diferentes processos, realizada por meio de
sinais: analógicos, binários e digitais. Chama-se sinal qualquer valor físico através do
qual são transferidas as informações no processo de controlo. No objecto de controlo,
são distinguidos os seguintes tipos dos sinais: sinais de entrada (de controlo), sinais de
interferência, sinais de saída (respostas).
No controlo, distinguem-se: objecto de controlo e dispositivo de controlo. Uma
ligação adequada entre o objecto de controlo e o dispositivo de controlo a fim de
realizar uma função determinada é chamada sistema de controlo. Os sistemas de
controlo são divididos, p.ex., em:
a) Divisão devida às funções desempenhadas:

Sistemas de ajuste: regulação de temperatura e humidade, bem nos condutos


de ventilação, bem nos locais;
Sistemas de protecção: para proteger os aquecedores de água contra a
congelação, permutadores de calor contra a geada, motores e bombas contra a
sobrecarga e a assimetria de alimentação, bombas contra a ligação sem água;
Sistemas de optimização de: tempo de trabalho, capacidade, etc.;

b) Divisão devida ao tipo de sinais de controlo:

 Sistemas contínuos;
 Sistemas biestado (binários);
 Sistemas triestado;
 Sistemas multiestado;

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c) Divisão devida à estrutura do sistema:

 Sistemas de ajuste indirecto: é medido o valor auxiliar que, da forma indirecta,


influencia nos parâmetros do ar, p.ex. no caso da temperatura é a temperatura do
ar soprado;
 Sistemas de ajuste directo: são medidos e ajustados, da forma directa, os
parâmetros do ar em um local;
 Sistemas de ajuste misto (em cascata): são sistemas de ajuste directo e
indirecto;

d) Divisão devida ao número de actuadores:

 sistemas simples (um elemento);


 sistemas sequenciais (múltiplos elementos).

O sistema de controlo pode ser aberto ou fechado.


O sistema de controlo aberto é um sistema, onde no dispositivo de controlo não
influenciam os valores controlados no objecto, porém no sistema de controlo fechado
(ou sistema de ajuste automático) influenciam os valores controlados no objecto.
O ajuste é uma operação durante a qual um valor físico em questão é medido ao
corrente, é comparado com outro valor e, apesar das interferências externas, é mantido
ao nível constante, até que possível, ou nos limites determinados. Em outras palavras, o
ajuste consiste em influenciar no valor ajustado da forma a aproximá-lo ao valor
programado.
O sistema de ajuste cria-se pela ligação entre o objecto de ajuste e o regulador para
forma de um sistema fechado de circulação de sinais. Os sistemas de ajuste existem
como sistemas de ajuste manual ou automático, estes últimos actualmente são comuns.
Nos sistemas de ajuste automático, são distinguidos:

 Sistemas de ajuste de valor constante, nos quais o regulador tenta manter o valor
real da magnitude ajustada a nível do valor programado;
 Sistemas de ajuste seguido, nos quais o regulador garante o seguimento do valor
ajustado segundo as variações do valor programado.

Actualmente, a maioria dos reguladores empregados são os reguladores eléctricos com


elemento electrónico incorporado. A magnitude física a medir, p.ex., a temperatura ou a
humidade é transformada em um sinal eléctrico. Os reguladores trabalham segundo os
seguintes algoritmos de ajuste: proporcional P, proporcional-integrador PI,

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proporcional-integrador-diferenciador PID. Podem existir também em diversas


combinações.
Entre os elementos dos sistemas de ajuste automático, encontram-se: dispositivos de
medição, dispositivos de ajuste e programação, actuadores, medidores, sinalizadores,
registadores.
Nos sistemas de ajuste dos sistemas de climatização e ventilação, são empregados os
chamados sinais padrão, ou seja, sinais cujo carácter físico e o alcance de variações são
normalizados. Nos sistemas eléctricos, estes são principalmente: intensidade da corrente
contínua DC no alcance de variações de 0 ÷ 20 mA e 4 ÷ 20 mA, bem como a tensão
da corrente contínua no alcance de variações de 0 ÷ 10 V e 2 ÷ 10 V. Nos sistemas
pneumáticos, normalmente o sinal de controlo é a pressão no alcance de variações de 20
÷ 100 kPa.
Um factor importante nos sistemas de ajuste é a estabilidade. O sistema de ajuste é
chamado estável, se para o sinal de força com uma amplitude limitada, a amplitude de
resposta também for limitada ou, em outras palavras, o sistema é chamado estável, se
desequilibrado retornar ao mesmo estado que antes. No desenho 4.2, estão apresentados
os tipos da estabilidade do sistema.

As instalações actuais de climatização e ventilação estão munidas de múltiplos


elementos de automatização. O emprego de controladores permitiu automatizar os
processos inteiramente. Os controladores DDC (Direct Digital Control) são hoje quase
todos os controladores encontrados. Uma característica destes controladores é um
microprocessador (CPU). Os controladores, que administram cada uma das instalações,
muitas vezes se unem em uma rede, a partir da qual os sinais chegam à central com o
sistema informático de supervisão e, portanto, é possível um controlo centralizado de
objectos e um ajuste dos parâmetros.

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Entre as funções mais importantes do sistema informático de supervisão, encontram-se:

 Regulação dos parâmetros hidrotérmicos,


 Medição dos parâmetros e sinalização dos estados de trabalho,
 Detecção de avarias,
 Detecção de desvios dos valores programados,
 Ajuste remoto dos valores programados, optimização de trabalho do sistema.

Dentre os controladores empregados nas instalações de climatização e ventilação, o


papel dominante têm os controladores PLC. O controlador programável PLC
(Programmable Logic Controller) é um dispositivo universal da automatização feito na
técnica informática que serve para realizar os processos de controlo e ajuste. O PLC
deve estar seleccionado segundo o objecto a controlar, introduzindo na sua memória um
algoritmo exigido de funcionamento. O programa segundo o qual trabalha o controlador
é criado pelo programador. A possibilidade de programação autónoma dos
controladores é, sem dúvida, uma vantagem. Normalmente, os programas são criados
em forma de: lista de instruções (STL - Statement List), esquema LADDER (LAD -
Ladder) ou esquema funcional através dos blocos funcionais (FBD). Existem também
formas mistas, p.ex., que unem o esquema bloco com o LADDER. Além dos elementos
lógicos, são necessários também os elementos de medição e actuadores.
Do ponto de vista da segurança, os sistemas de controlo automático e ajuste, nos
sistemas de climatização e ventilação nos navios, devem destacar por uma simplicidade
grande e pela versatilidade. É necessário garantir peças de sobressalentes nos navios,
incluindo controladores munidos do software. Os sistemas de ajuste automático,
situações de emergência, não devem excluir a possibilidade de passar para o controlo
“manual”.

Elementos da instalação de ventilação e climatização


Os elementos, que constituem a instalação de ventilação, podem ser divididos em
elementos através dos quais é construída a ventilação mecânica e os elementos que
possibilitam a construção de uma ventilação natural.
Os elementos básicos da ventilação natural são condutos de extracção, fendas ou
orifícios de sopro e cabeças. Podem ser empregados também ventiladores de telhado
que, accionados pelo vento, aumentam a pressão negativa no conduto de ventilação. A

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ventilação natural, em comparação com a instalação de ventilação mecânica ou


climática, destaca por uma estrutura relativamente simples.

Descrição dos elementos básicos da ventilação e climatização: Condutos, borboletas,


difusores e escapes
Os condutos de ventilação servem para fornecer e escapar o ar até e de locais. Os
condutos, canais e perfis de ventilação nos navios basicamente são feitos em aço ou
material equivalente, p.ex., chapa de aço inox, alumínio. A secção transversal de tais
elementos pode ser circular ou rectangular.
São distinguidos os seguintes elementos dos condutos de ventilação:

 Condutos rectos (rígidos) chamados tubos rectos e condutos elásticos;


 Difusores e confusores cuja função é passar suavemente de secções com
diferentes superfícies (difusor – de uma secção pequena para uma maior,
confusor – inversamente), passar de uma secção circular para uma rectangular e
inversamente;
 Arcos e bases (uniões de dois semiarcos);
 Junções em T, junções em X que permitem distribuir os caudais do ar;
 Redutores que servem para compensar as perdas de pressão em cada nó da rede
de ventilação;
 Anteparas de transição que podem ser rectas ou de cotovelo, isoladas ou não.

Cada um dos elementos dos condutos de ventilação, normalmente, é conectado por


meio de aros. Os condutos, que formam a instalação de ventilação, são chamados,
respectivamente: conduto de sopro, conduto de extracção, conduto pelo lado de
aspiração do ventilador, conduto pelo lado de impulsão do ventilador, conduto
principal, derivações.
Por razões higiénicas, as instalações de ventilação devem estar munidas de orifícios de
inspecção e limpeza que servem para um controlo periódico do estado do isolamento e
para a sua limpeza.
As borboletas de ar são elementos que servem para regular o caudal do ar e para isolar
este caudal. Um papel semelhante é cumprido pelas comportas. As borboletas estão
feitas como persianas no sistema concorrente ou contracorrente.

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Podem ser controladas automaticamente ou reguladas manualmente. Para a regulação da


quantidade do ar através das derivações servem os flanges instalados entre os aros dos
condutos.
Nas instalações de ventilação são empregadas também as válvulas de ar: à prova de
gás e à prova de fogo, corta-fogos e de retorno.
Os difusores são saídas de ar instaladas e os escapes são entradas do ar instalados.
Podem ser de parede, chão e teto. Entre eles encontram-se, entre outros:

 Grelhas de ventilação que são elementos de ventilação mais comuns, a sua


estrutura não é complexa; as grelhas de sopro podem estar munidas de persianas
de direcção, porém as grelhas de extracção não necessariamente;
 Anemostatos, p.ex., com uma caixa de expansão que permite ajustar o sentido
do fluxo e o alcance do caudal do ar;
 Difusores de fenda, centrífugos, de disco, de expulsão, tetos perfurados e tetos
laminares;
 Bocas, p.ex., de longo alcance.

Nos navios, são empregadas também as caixas de sopro e caixas de extracção instaladas
em paredes ou tetos. Em função da forma seleccionada de distribuição do ar, estas são
feitas para sistemas mono ou biconduto. As caixas estão munidas de selectores de ajuste
de, entre outros, intensidade do fluxo e temperatura do ar, p.ex., caixas munidas de um
aquecedor eléctrico e de um radiador.
O alcance dos caudais do ar depende, entre outros, da sua forma geométrica de
difusores, velocidade de saída do ar, distribuição de difusores em um local, posição das
persianas móveis do difusor. Os difusores devem garantir um alto grau de indução do ar
do local. Portanto, é obtida uma redução rápida da velocidade do caudal do ar soprado.
Devido à obtenção de um efeito esperado de saída do ar, é exigido manter uma
quantidade adequada do ar fornecido para um difusor determinado.
Nas instalações de ventilação, como protecções contra a propagação de fogo e fumo,
são empregados os seguintes elementos, entre outros: portinholas contra incêndio,
portinholas de fumo, difusores e escapes que, ao mesmo tempo, desempenham o
papel de portinholas de isolamento.

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Ventiladores e elementos de propulsão


O ventilador, no que diz respeito ao seu funcionamento, pertence a um grupo de
máquinas de compressão que servem para impelir o ar e criar uma diferença de pressões
necessária para combater as resistências do fluxo do ar através da instalação de
ventilação. Tendo em consideração a direcção do fluxo do agente através do roto, os
ventiladores (Fig. 6.1.) são divididos em:
• Radiais ou centrífugos em que o fluxo do agente ocorre no plano perpendicular ou
quase perpendicular com o eixo do rotor. Os ventiladores deste tipo possibilitam o
transporte do ar de ventilação nas redes de ventilação extensas. Os ventiladores radiais,
devido à pressão gerada, são divididos em: de baixa pressão até 700 Pa, de média
pressão de 700 ÷ 3000 Pa, de alta pressão superior a 3000 Pa. As pás do ventilador
radial podem estar inclinadas para trás (nos ventiladores de altas capacidades), podem
ser rectas (pouco usadas) ou inclinadas para diante (rotor de tambor). Os ventiladores
radiais são, normalmente, montados nas armações munidas de elementos que amortizam
vibrações. Os ventiladores deste tipo nos navios são empregados na ventilação e
climatização de locais, para os quais são utilizadas amplas redes de condutos.

• Axiais ou de hélice em que o fluxo do agente é paralelo com o eixo do rotor. Os


ventiladores deste tipo, em função da execução, podem ser instalados nos condutos de
ventilação, nas terminações dos condutos de extracção ou directamente na parede. Os

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ventiladores axiais são empregados, onde é exigida a impulsão de grandes quantidades


do ar com pequena diferença de pressões. Pela fixação de pás especiais de direcção
antes ou atrás do rotor, uma parte da energia de turbulência pode ser transformada na
energia de pressão e, portanto, é reduzida a turbulência do ar e, por conseguinte, a perda
gerada devida ao atrito. Além disso, é possível também regular a intensidade do fluxo
do ar, por meio de volantes. Para atingir maiores pressões, são empregados os
ventiladores axiais contracorrentes. Nos navios, p.ex., na ventilação da casa de
máquinas ou do porão, os ventiladores axiais são empregados para eficácias muito
grandes e pequenos valores de compressão.

• Diagonais, é um tipo intermédio entre os ventiladores radiais e axiais.


As diferenças estruturais dos ventiladores da forma decisiva influenciam a sua
aplicação. No tubo de aspiração do ventilador, existe a pressão negativa em relação com
a pressão atmosférica, a pressão estática tem um valor negativo, e a pressão dinâmica,
um valor positivo, porém, pelo lado de impulsão do ventilador existe a pressão positiva
e as pressões estáticas e dinâmicas têm valores positivos (Fig. 6.2.).

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A pressão estática é uma pressão do ar que impacta as paredes internas do conduto. É


uma pressão indicada pelo instrumento de medição que se move no mesmo sentido e
com a mesma velocidade que o ar.
A pressão dinâmica é uma pressão necessária para acelerar o ar do estado de repouso
até à velocidade determinada. O ar é aspirado da atmosfera por meio do conduto de
aspiração e é impelido até à atmosfera através do conduto de impulsão.
O incremento do ventilador é uma pressão total gerada pelo ventilador.
Os valores, que caracterizam o trabalho dos ventiladores, são:

 Eficácia do ventilador (gasto do ventilador), ou seja, a quantidade do agente


impelido em unidade de tempo, determinada em forma de massa ou volume;
 Incremento estático do ventilador, ou seja, a diferença entre a pressão estática do
ar na saída do ventilador e a pressão estática na entrada do ventilador;
 Incremento dinâmico do ventilador, ou seja, a diferença entre a pressão dinâmica
do ar na saída do ventilador e a pressão dinâmica na entrada do ventilador;
 Incremento total do ventilador, ou seja, a soma do incremento estático e
dinâmico;
 Compressão do ventilador, ou seja, a relação entre a pressão estática absoluta no
plano da saída do ventilador e a pressão estática absoluta no plano da entrada do
ventilador;
 Potência do ventilador que significa a potência tomada pelo ventilador;
 Potência útil do ventilador, ou seja, o incremento da forma útil da energia do
agente transferido em uma unidade de tempo;
 Potência eléctrica tomada pelo motor que aciona o ventilador;
 Eficácia total do ventilador que significa o cociente da sua potência útil e a
potência do ventilador;
 Velocidade rotacional do ventilador, ou seja, o número de rotações do rotor do
ventilador em uma unidade de tempo;
 Nível de ruídos emitidos pelo ventilador (o aumento de rotações do ventilador
causa um aumento de ruídos).

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Filtros, silenciadores e atenuadores de vibrações


Nas instalações de ventilação e climatização, o ar é purificado de impurezas antes de ser
introduzido em um local, porém nas instalações de extracção, antes de ser introduzido
na atmosfera. Os elementos, que servem para a purificação do ar, são os filtros (ou
dispositivos de eliminação da poeira pelo lado de extração, p.ex. dispositivos de
eliminação eletroestáticos). Os filtros pelo lado de sopro, chamados filtros prévios, são
instalados antes dos equipamentos a fim de proteger contra a contaminação.
Quando é necessário introduzir em um local, o ar de classe elevada de pureza, são
empregados os seguintes níveis de filtração. O segundo nível são filtros precisos, p.ex.,
de mangas, e o terceiro, são filtros absolutos (de suspensão).
Na filtração do ar, podem ser empregados também os filtros que possibilitam a retenção
das impurezas químicas, p.ex., filtros de carvão activado. Pelo lado de extracção da
instalação, podem ser empregados os níveis análogos de filtração, contudo,
normalmente é utilizada a filtração de um nível.
Como materiais filtrantes são utilizados, entre outros: TNT, tecidos de algodão/lã, fibras
de papel, aros cerâmicos, redes metálicas.
Cada filtro é caracterizado por uma queda inicial e final da pressão. A queda inicial
significa a queda da pressão no filtro puro, e a queda final, no filtro contaminado.
Exemplos das perdas de pressão:

Filtros prévios - perda inicial de 30 ÷ 50 Pa, perda final de 200 ÷ 250 Pa;
Filtros precisos - perda inicial de 30 ÷ 150 Pa, perda final de 300 ÷ 450 Pa;
Filtros HEPA, ULPA - perda inicial de 100 ÷ 250 Pa, perda final de 500 ÷
750 Pa.

Os ventiladores são a fonte principal de ruídos e vibrações nas instalações de ventilação


e climatização, portanto, é necessário utilizar medidas técnicas apropriadas para limitar
vibrações que causam ruídos do ar e do material. Tanto o movimento de elementos que
viram, bem como o fluxo de gás por impulsos são uma fonte de vibrações nos
ventiladores. Como consequência disso obtemos: tensões por fatiga e ruídos.
Os elementos sensíveis às vibrações são mancais. A instalação de ventilação é protegida
contra a transferência de vibrações de um ventilador em funcionamento, colocando, no
segmento entre o ventilador e o conduto, tubos elásticos, p.ex. de lona, policloreto de
vinilo ou filme de cloreto de vinilo polimerizado. Os ventiladores radiais são colocados

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em suportes em forma de armações de aço apoiadas em amortecedores de goma ou


mola.

Aquecedores e radiadores
Para aquecer o ar, são empregados os aquecedores: de água, de vapor ou eléctricos. Os
aquecedores para um agente de aquecimento estão construídos de tubos de cobre com
nervuras unidas com um colector de aço, porém, os aquecedores eléctricos formam
espirais feitos em arame resistente.
Os aquecedores eléctricos são empregados quando a demanda do calor não é alta ou
onde, do ponto de vista técnico ou económico, não está justificada a utilização do
aquecedor para o agente de aquecimento. O emprego do aquecedor eléctrico exige uma
atenção especial do utilizador no que diz respeito à segurança contra incêndios e contra
choques eléctricos.
Os aquecedores com agente de aquecimento em forma de água são geralmente
utilizados nos sistemas de climatização e ventilação, porém com menor frequência são
encontrados os aquecedores de vapor.
Apesar de que os radiadores de ar têm uma maior superfície de permuta de calor,
basicamente têm estruturas semelhantes com os aquecedores de água: feitas em tubos de
cobre ou latão, através dos quais flui o refrigerante e em placas de alumínio (lamelas)
lavadas pelo ar de ventilação que flui.
Nos radiadores de água, os colectores têm tubos para descarregar o ar e a água do
permutador. Os radiadores estão munidos de bandejas de gotejamento e um sistema de
evacuação de condensados. Basicamente, os radiadores dividem-se em dois tipos, ou
seja, radiadores:
• Com evaporação directa do refrigerante que são evaporadores do sistema de
arrefecimento caracterizados por uma temperatura constante da superfície da parte
metálica; a temperatura de evaporação do refrigerante nos radiadores de ar das
instalações de climatização normalmente é de 5℃;
• Com agente intermédio, normalmente alimentados com água gelada, que se
caracterizam por uma temperatura variável da superfície da parte metálica.
Devido à facilidade de regulação da eficácia de arrefecimento do radiador de lamela,
usa-se mais a água gelada. Contudo, a utilização da água gelada exige a aplicação de um
sistema centralizado de arrefecimento, normalmente é um sistema em bloco, chamado
water chiller, com depósitos de acumulação para a água gelada.

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Se a temperatura da superfície do radiador é menor do que o ponto de orvalho, então se


condensa o vapor de água bem em forma de gotas de água, bem em forma de geada
quando a temperatura da superfície do radiador é inferior a 0℃. Se a temperatura da
superfície do permutador é menor do que o ponto de congelação de água, existe um
risco de bloqueio total do fluxo do ar devido à gelada do radiador. Nos radiadores
alimentados com água gelada, não existe geada do radiador.
Além do processo de arrefecimento, os radiadores de membrana são empregados
também para secar o ar (chamado arrefecimento molhado) e então o radiador na central
de climatização é instalado entre dois aquecedores de ar.

Humidificadores
A função dos humidificadores é fornecer a humidade até ao ar no interior dos locais e,
por conseguinte, produz-se um aumento do conteúdo absoluto de água nele.
Os humidificadores utilizados nas instalações de climatização são divididos em
humidificadores de água e de vapor. Para humidificar por água, é preciso utilizar água
pura, sem sal e microrganismos patogénicos, p.ex., bactérias de tipo Legionella. Entre
os humidificadores de água encontram-se:
• humidificador com evaporação por difusão (de evaporação) no qual a humidificação
do ar consiste em evaporar a água, p.ex., de uma esteira molhada que cobre o tambor
rotativo;
• humidificador aspersor;
• humidificador de pulverização, no qual a humidificação consiste em pulverizar um
aerossol de água no ar por meio de bocas de pulverização distribuídas nas câmaras de
pulverização.
Entre os pulverizadores de água, encontram-se: pulverizadores de disco, de ultrassom,
com bocas de pulverização por meio do ar comprimido.
O humidificador de ultrassom funciona da forma vibrante com uma frequência de
ultrassom da membrana em que caem as gotas de água. O choque contra a membrana
causa a desfragmentação de gotas que evaporam no ar e assim o humidificam. Contudo,
as capacidades deste tipo de humidificador não são grandes. Ainda existem os
humidificadores híbridos nos quais, ao mesmo tempo, é utilizada a pulverização e a
evaporação por difusão. O humidificador típico de ar consta de um conjunto de bocas e
um separador de gotas. Nas câmaras de pulverização, a água que sai das bocas é
transformada em uma névoa densa através da qual flui o ar. O ar é humidificado, se a

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temperatura de água é superior ao ponto de orvalho do ar. O separador de gotas é


formado pelas persianas com uma forma que impossibilita o fluxo perpendicular do ar
através da sua estrutura.
As gotas não evaporadas são retidas nas persianas, de onde são dirigidas de novo para a
banheira de gotejamento, onde se encontra a cesta de aspiração com o filtro da bomba
destinado à alimentação das bocas. A água na banheira é completada da instalação de
água de alimentação e fornecida pela válvula com flutuador.
Os humidificadores de vapor possibilitam manter uma maior higiene. O vapor de água
para humidificar deve estar sem agentes químicos nem cheiro. Pode ser gerada da forma
central, p.ex., nas caldeiras, nos geradores centrais de vapor ou nos geradores
individuais de vapor (humidificador de eletrodo ou de resistência).
O humidificador de vapor deve estar munido de uma instalação para a evacuação do
condensado. Nas instalações de humidificação por vapor, são empregados os
separadores de gotas.

Fundamentos da técnica de arrefecimento e recuperação do calor na ventilação e


climatização
O processo de arrefecimento consiste em reduzir a temperatura do corpo abaixo da
temperatura ambiente. Pode ser realizado da forma natural ou artificial.
As substâncias de arrefecimento mais antigas e mais conhecidas são neve e gelo natural.
Infelizmente, a sua presença na natureza está limitada apenas às zonas determinadas da
Terra, daí surgiu a necessidade de criar o frio pelo indivíduo.
Um exemplo de aplicação do gelo nos navios (pesca) é o gelo utilizado para cobrir a
massa de peixes, o que faz que o produto arrefecido mantenha a sua durabilidade por
mais tempo. A forma mais óptima do gelo de arrefecimento é o gelo em escamas. As
escamas do gelo nos navios de pesca são geradas nos geradores a partir da água do mar
da forma contínua. Têm a espessura de 1,5 ÷ 2 mm e o tamanho de 30×50 mm, graças
a isso com toda a sua superfície aderem contra a massa a esfriar facilitando a recepção
rápida do calor.
Apesar de que o gelo é empregado para esfriar os peixes armazenados nos porões, não é
empregado na climatização e ventilação de locais. Neste caso, tornou-se necessária uma
geração técnica do frio que possibilita esfriar o ar de ventilação.
Nos navios, o arrefecimento do ar tem uma importância considerável em zonas de
navegação quentes. Isso está relacionado não somente com a garantia de um conforto

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adequado para a tripulação, mas serve também no caso de transporte dos produtos,
principalmente alimentos. A temperatura é um parâmetro climático básico que decide
sobre a mudança da qualidade de produtos. O arrefecimento do porão permite o
transporte, p.ex., de frutas pelas regiões quentes do mundo, sem afectar a qualidade da
carga e assim, a temperatura de armazenamento de certos produtos é: 12℃ para
bananas, 10℃ para limões verdes, 8℃ para laranjas.
Também importa lembrar que uma atmosfera excessivamente seca causa uma secagem
rápida da mercadoria, porém uma excessivamente húmida favorece o crescimento de
microrganismos. Uma parte das mercadorias a transportar exige a chamada assim
atmosfera controlada que, p.ex., regula a concentração do oxigênio e do dióxido de
carbono no porão ou no contentor. Devido ao facto de que certos produtos emitem
cheiros, normalmente é necessário armazená-los por separado.
O conceito de geração do frio, na sua natureza, é um conceito errado, pois no sentido
físico não existe o conceito de “frio”, contudo existe o conceito de calor, portanto, para
atingir o efeito de arrefecimento, é necessário evacuar o calor do meio a esfriar. Devido
ao facto de que a energia não pode desaparecer, a quantidade evacuada do ar deve ser
entregue para o ambiente. Portanto, o calor deve ser “bombeado” para um nível
energético maior e, de acordo com a segunda lei da termodinâmica, este processo nunca
ocorre automaticamente e exige um trabalho. Os dispositivos nos quais é realizado este
processo, em função do efeito esperado de operação, chamam-se: dispositivo de
arrefecimento, quando o efeito esperado é a evacuação do calor do meio com menor
temperatura, bomba de calor, quando o efeito esperado é a obtenção do calor com maior
temperatura ou quando ambas as quantidades do calor são um efeito total ou
parcialmente esperado.
Nos equipamentos de climatização, o funcionamento dos dispositivos de arrefecimento
é utilizado para esfriar o ar ou secá-lo. O emprego de uma bomba de calor possibilita
também a realização do processo de aquecimento do ar.

Equipamentos de arrefecimento: estrutura, operação, características externas


Na técnica, são utilizados os modos seguintes para a obtenção de temperaturas
reduzidas: arrefecimento termoeléctrico baseado nos dispositivos Peltier (efeito de
Seebeck, efeito de Peltier, efeito de Thomson), arrefecimento por expansão,
arrefecimento que utiliza a mudança do estado.

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Actualmente, um circuito de arrefecimento de compressão tem a maior importância na


técnica de arrefecimento, ventilação e climatização. Apesar de que as células
termoeléctricas têm vantagens indiscutíveis, entre as quais se encontram, entre outros,
falta do refrigerante, falta de desgaste mecânico dos subconjuntos, alta fiabilidade de
funcionamento, possibilidade de mudar o sentido de fluxo da corrente que possibilita
mudar o funcionamento da célula - passagem da função de arrefecimento para a função
de aquecimento, agora parece que as capacidades de arrefecimento e o preço das células
não convencem para a sua aplicação neste campo.
Entre os elementos básicos, que formam parte do equipamento de arrefecimento de
compressor, encontram-se: compressor, condensador, evaporador e borboleta. A
substância, que enche o equipamento de arrefecimento e recebe o calor do meio a
esfriar, é chamada refrigerante. Nos equipamentos de arrefecimento com compressores,
são utilizados fluídos de fácil ebulição. No arrefecimento, o nome deste agente, muitas
vezes, é precedido pela letra R (refrigerante), p.ex., R134a, R507 ou são empregados os
identificadores que assinalam a estrutura química da partícula do agente, p.ex. HFC, FC,
HC. O refrigerante, ao ser evaporado no evaporador, recebe o calor do ambiente e
entrega o calor no condensador. Contudo, para que o circuito de arrefecimento possa
funcionar, é necessário equipá-lo com um compressor e um elemento borboleta, p.ex.
tubo capilar, válvula de expansão. O fluido refrigerador, como portador da energia
térmica, está sujeito às seguintes transformações (Fig. 7.1.): (1-2) compressão adiabática
devido ao trabalho fornecido, (2-3) condensação isobárica combinada com a entrega do
calor para o ambiente exterior, (3-4) estrangulamento isentálpico, (4-1) evaporação
isobárica combinada com a recepção do calor do meio a esfriar. Todos os elementos
unidos por cabos formam um sistema de arrefecimento. Normalmente, o compressor é
accionado pelo motor eléctrico.

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No desenho 7.2, estão apresentadas as transformações termodinâmicas realizadas no


circuito de um estágio, no diagrama pressão - entalpia específica.
A função do compressor é aspirar o vapor do refrigerante de baixa pressão e baixa
temperatura e comprimi-lo até à alta pressão e, normalmente, alta temperatura.
Assumindo como critério a forma de evacuação do calor do ar a esfriar, são distinguidos
dois sistemas de arrefecimento, ou seja (Fig. 7.3.):
• Sistema directo que consiste em alimentar o radiador de membrana do ar com um
refrigerante, o que quer dizer que aqui o radiador é um evaporador.
Os sistemas directos normalmente são empregados em instalações pequenas e médias e
em aparelhos de ar condicionado individuais. A regulação da sua eficácia pode ser
gradual ou contínua.
As unidades de arrefecimento com um compressor normalmente são empregadas em
pequenas instalações com pequena eficácia de arrefecimento e pequena dinâmica de
variações da carga térmica e que trabalham com grandes quantidades do ar de
recirculação. A fim de reduzir o risco de avarias e quando existem altas oscilações na
carga térmica, do ponto de vista de exploração, mais favorável é uma solução com
múltiplos compressores.
Um exemplo do sistema direto são também os aparelhos de ar condicionado de canal em
que os evaporadores se encontram no conduto de ventilação ou na central de ventilação.

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No caso de fugas no evaporador, o refrigerante é liberado no ar de ventilação que flui


através da instalação e chega ao local a ventilar, o que é uma situação desfavorável e
pode causar riscos graves em função do refrigerante utilizado;
• Sistema indireto em que o refrigerante normalmente é a água gelada, previamente
esfriada no evaporador do equipamento de arrefecimento.
A água de arrefecimento é armazenada no depósito de água – depósito de acumulação.
Os custos de investimento e de exploração dos sistemas indirectos são maiores em
comparação com os sistemas directos, contudo, estes primeiros são mais fáceis de
regular e não exigem grandes quantidades de refrigerante, o que contribui à protecção
do meio ambiente e à segurança humana. Do ponto de vista energético, as desvantagens
deste sistema são: permuta dupla de calor que causa uma maior demanda da energia
e necessidade de fornecer a energia até à bomba de circulação. Em maiores sistemas de
arrefecimento intermédio, são empregados os blocos de sistemas para o arrefecimento
de água, os chamados water chillers.
A utilização de um sistema de arrefecimento determinado tem efeitos energéticos e
materiais determinados. Cada um destes sistemas tem vantagens e desvantagens a
considerar no momento de seleccionar o sistema. Entre as vantagens do sistema
indirecto, em comparação com o sistema directo, encontram-se:

 Menor quantidade do refrigerante;


 Eliminação de uma maior coluna líquida no sistema de compressores;
 Eliminação de grandes quedas de pressão no sistema de compressores;
 Maior segurança contra incêndios e menor presença de agentes de arrefecimento
nocivos e explosivos em salas de máquinas;
 No caso de fugas no sistema de compressores, o refrigerante não aparece no
sistema de ventilação de locais;
 Retorno fácil do óleo para o compressor devido à instalação compacta;
 Menores custos relacionados com a quantidade do agente suplementar e com a
necessidade de efectuar exames da hermeticidade;
 Preços baixos de salmouras, em comparação com os preços de agentes sintéticos
de arrefecimento;
 Distribuição fácil de água gelada para cada um dos radiadores nos sistemas de
climatização e ventilação;

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 Regulação fácil do fluxo do refrigerante através do radiador no sistema de


ventilação e climatização;
 Possibilidade de empregar reguladores de temperatura nos sistemas de água,
com menor sensibilidade e mais resistentes a interferências;
 Grande capacidade térmica de salmouras;
 No caso de utilizar um sistema com depósito de acumulação, menor
sensibilidade a mudanças bruscas na demanda do frio.

As desvantagens do sistema indirecto são, entre outras:

 Maior custo de investimento;


 Maior peso do equipamento de arrefecimento;
 Maior demanda de espaço na sala de máquinas;
 No caso de utilização de salmouras, aumenta o risco de corrosão de tubulações;
 No caso de falta de acumulação de água gelada de uma temperatura adequada e
quantidade suficiente, existem demoras nos processos de arrefecimento nos
sistemas de ventilação e climatização.

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Sistemas de ventilação e climatização nos navios


Nos navios, em função das necessidades e exigências relativas à segurança e ao conforto
da tripulação, e também devido à necessidade de garantir as condições adequadas de
transporte de mercadorias e de fornecer o ar na quantidade necessária para a realização
dos processos tecnológicos, são aplicadas diferentes soluções técnicas, começando pela
ventilação natural, através da ventilação mecânica, até a inteira climatização inclusive.
A seleção de uma solução correspondente depende, entre outros, do destino do local,
dos processos presentes nele, das impurezas emitidas e da região de navegação.
Apesar da diferença na execução da ventilação em distintos navios, é possível distinguir
os seguintes tipos da ventilação, segundo o seu destino: ventilação do porão, ventilação
das casas de máquinas, ventilação dos locais de permanência humana, ventilação da sala
de acumuladores, ventilação dos porões para contentores e veículos.

Ventilação dos porões (excesso da humidade e a sua eliminação)


O porão é uma parte do navio que serve para transportar a carga e, na maioria
dos casos, é um espaço fechado do que aberto. Em função do tipo de navio, os
porões têm estruturas diferentes, o que é causado pela optimização da carga e transporte
e pela prevenção contra o deslocamento da carga durante o cruzeiro.
Nos navios de carga, os porões têm a forma de um local grande munido de uma
ventilação, dividido entre os conveses e, às vezes, equipado com uma instalação de
arrefecimento.
Os graneleiros destacam por porões profundos, não divididos por divisórias horizontais.
Na construção naval, aos graneleiros estão incluídos os graneleiros secos e navios-
tanque, ou seja, navios destinados ao transporte de cargas a granel.
Um exemplo interessante de um graneleiro é o navio BIBO (Bulk In, Bags Out/Bulk
Out). É um tipo de navio destinado ao transporte de açúcar em pó. A sua característica é
a linha tecnológica inteira instalada nele e destinada para a embalagem da mercadoria,
portanto, o navio em um porto carrega o açúcar sem embalar, e para o porto destino
chega já com açúcar embalado em sacos.
Os porões dos navios frigoríficos são câmaras de arrefecimento que, normalmente,
servem para o transporte de alimentos. A fim de reduzir o fluxo do calor do ambiente
externo, as paredes do porão estão cobertas com um isolamento térmico. Em função do
tipo de mercadoria transportada, estão munidos de unidades de arrefecimento ou
sistemas de ventilação. Estes sistemas estão separados para cada câmara, porão ou

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entrecoberta, o que possibilita a manutenção de diferentes temperaturas para cada uma


das câmaras. A ventilação de tal porão ocorre por meio da ventilação, secagem do ar,
distribuição do ar frio nas câmaras de refrigeração com carga e aprovisionamento,
evacuação de vapores dos tanques.
Um navio frigorífico moderno tem porões refrigerados com paredes verticais paralelas
com a linha central do navio e bordas e fundos duplos. Entre as tarefas da ventilação do
porão, além do arrefecimento, encontram-se também a regeneração do ar efetuado com
o objectivo de manter a concentração de gases emitidos por cargas, tais como, p.ex.
bananas ou citrinos, debaixo do nível máximo e de regular a humidade do ar no porão.
O sistema de ventilação normalmente é formado por instalações munidas de
ventiladores axiais em bloco com radiadores que impelem o ar em toda a largura do
porão. O ar gasto é eliminado através dos condutos debaixo do teto. O ar, antes de ser
fornecido, pode ser adicionalmente secado.
A fim de manter a segurança nos navios em muitos países é requerido que cada casa de
máquinas de refrigeração esteja munida de uma instalação de extracção independente de
emergência para garantir um número de permutas de 30 h-1 no caso de equipamentos de
arrefecimento que trabalham com agentes refrigeradores dos grupos II e III (de
amoníaco e hidrocarbonetos) e de 20 h-1 , no caso de equipamentos de arrefecimento
que trabalham com agentes refrigeradores do grupo I, p.ex., R22.
Nas casas de máquinas de refrigeração e em outros locais, onde se encontram os
materiais que criam perigo para os passageiros e a tripulação, é exigida a utilização da
ventilação e a intensidade da permuta de calor depende do tipo e da quantidade da carga
acumulada. A ventilação deve ventilar todo o local de modo uniforme junto com a carga
e garantir uma distribuição uniforme da temperatura e da humidade no porão.
Entre as tarefas da ventilação geral no porão encontram-se:

 Evacuação do calor excessivo e da humidade, eventualmente de gases não


desejados que se formam no porão (as impurezas que se acumulam);
 Prevenção da “sudação” das bordas e da carga (prevenção da condensação da
humidade no interior da carga, na sua superfície e nas paredes do porão);
 Prevenção da congelação da carga transportada durante o cruzeiro pelas zonas
climáticas frias.

O objectivo da ventilação é, sobretudo, prevenir a deterioração da carga transportada. O


sistema de ventilação do porão cumpre ainda outras tarefas, tais como, p.ex. secagem do

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porão quando as operações de transbordo têm sido executadas durante as precipitações e


eliminação dos cheiros do porão. A fim de não permitir a condensação da humidade é
empregada a ventilação com o ar externo fresco ou a recirculação do ar com a sua
secagem antes de ser introduzido no porão. A recirculação do ar no porão consiste em
circular o ar no circuito fechado, sem contacto com o ambiente.
Nos porões dos navios, a condensação da humidade, chamada popularmente “sudação”,
pode existir na superfície das cargas ou na superfície das paredes do porão (Fig. 9.1.).
No primeiro caso, as gotas de água aparecem directamente na carga, porém no segundo
as gotas aparecem nos elementos em aço do porão, de onde podem cair na carga. Em
ambos os casos, produz-se uma humidificação não desejada da carga.

Esta situação ocorre quando o ar quente e húmido entra em contacto directo com uma
superfície fria e se esfriar debaixo do ponto de orvalho, então na superfície ocorre a
condenação da humidade do ar. Assim, podemos dizer que a condensação no porão se
produzirá na situação quando o ar húmido no porão estiver esfriado debaixo do ponto de
orvalho. A presença da condensação do vapor de água nas paredes do porão ou nas
superfícies da carga transportada depende de: temperatura ambiente (temperatura do
mar e das paredes do porão), tipo, humidade e temperatura da carga (materiais
higroscópicos, não higroscópicos, mercadorias húmidas, secas) e temperatura e
humidade do ar de ventilação fornecido.
A saudação das bordas do navio ocorre ao passar do clima quente e húmido para o clima
frio, porém a saudação da carga ocorre normalmente ao passar no sentido inverso.
Assim o microclima do porão depende, entre outros, de:

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 Temperatura e humidade da carga;


 Condições meteorológicas durante o carregamento;
 Temperatura da água de fora da borda;
 Tipo de embalagens utilizadas;
 Reacção biológica da carga;
 Radiação de calor polo convés;
 Absorção de calor pelo objeto;
 Penetração do calor de outras áreas do porão.

Os porões termicamente não isolados são mais sensíveis às variações das condições
meteorológicas. Nos porões não isolados inferiores, um papel importante desempenha a
temperatura do mar, e nos debaixo do convés, a radiação solar e a temperatura do ar
externo.
Os navios modernos e rápidos estão especialmente sensíveis à condensação da
humidade no casco e na carga, o que está relacionado com mudanças bruscas da
temperatura e da humidade do ar e da água de fora da borda.
Os riscos climáticos no transporte marítimo e as suas perdas são um problema
importante na navegação, daí é necessário garantir condições adequadas para as cargas
transportadas, o que exige da tripulação do navio, que se ocupa de porões,
conhecimentos de cargas, climatização e ventilação.
Cada carga possui as suas características físicas, químicas, físico-químicas ou
biológicas individuais que exigem uma realização correta do processo de transporte que,
entre outros, se relacionam com a selecção de embalagens, manutenção da temperatura
apropriada, humidade do ar, ventilação. O maior grupo de cargas deterioráveis é
formado por cargas alimentícias e, sobretudo, cargas frescas. Entre os processos
bioquímicos mais importantes devem ser incluídos:
• Respiração acompanhada pela emissão do dióxido de carbono, água e certa
quantidade da energia térmica. As cargas que, para os processos de vida e para a
manutenção de boa qualidade, requerem uma quantidade determinada do oxigénio, não
devem estar fechadas por mais tempo nos locais sem fornecimento do ar fresco. Durante
o transporte e a manutenção é recomendável uma ventilação moderada e manutenção da
temperatura de 0℃. As cargas com conteúdo considerável de água livre resultante da
evaporação são caracterizadas por uma perda considerável do peso. Uma respiração
intensa da carga, p.ex. cereal, com a simultânea falta de ventilação causa o aumento da

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sua temperatura, escaldadura e putrefacção, levando às vezes à autoinflamação. A forma


mais eficaz para evitar tal situação é a ventilação com o ar refrigerado e seco;
• Transpiração, ou seja, o processo de perda de água por organismos vivos. A
manutenção de um conteúdo apropriado de água nos produtos pode exigir a
humidificação do ar;
• Maturação e sobrematuração. Ao ajustar a intensidade de respiração, podemos
acelerar ou demorar o processo de maturação. A demora do processo é obtida p.ex. por
reduzir a temperatura ou aumentar a concentração de dióxido de carbono no ambiente e,
em certos casos, por esfriar a carga antes do seu carregamento.
Devido à necessidade de ventilação, as cargas são divididas em:
• Higroscópicas, ou seja, as cargas que mudam o conteúdo da humidade em função dos
parâmetros do ar ao redor. Em outras palavras, a higroscopia significa a capacidade de
absorção (sorção) da humidade do ar e a sua entrega (dessorção) para o ar. Como
consequência das variações no conteúdo da humidade, muda o peso da carga
transportada. Estas cargas têm certo conteúdo de humidade que influencia o ar ao redor.
Entre as cargas higroscópicas, encontram-se todos os produtos agrícolas, tais como:
cereais, sementes oleaginosas, forragem, madeira e materiais de estiva. Certas frutas
ou legumes são transportados no estado fresco. Devido à produção de grandes
quantidades de calor durante os processos metabólicos que tem um impacto negativo na
carga, encontram-se nos porões refrigerados ou ventilados. Normalmente, as cargas
higroscópicas devem ser transportadas nas condições de humidade relativa do ar não
superior a 70% nem à humidade crítica que acelera os processos bioquímicos. A
secagem da carga ou a absorção da humidade por ele durará até atingir o estado do
equilíbrio higroscópico com o ar. No caso de encher o porão com cargas higroscópicas
soltas que ocupam o espaço de todo o porão, existe um risco de impacto da carga nas
paredes do porão devido à absorção da humidade por esta carga.
Pode existir também uma situação quando a ventilação do local resultar impossível (a
carga obtura as entradas e saídas do ar). Portanto, nos porões onde são transportadas as
cargas deste tipo deve ser mantido um espaço livre para a sua expansão causada pela
humidade ou temperatura;
• Não higroscópicas, são cargas que não possuem a humidade interna, bem não reagem
com a humidade contida no ar ao redor. Os exemplos deste tipo de cargas são: produtos
de aço, equipamentos, plásticos, vidro e porcelana.

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Além dos metais nobres, todos os metais e as suas ligas estão sujeitos à corrosão por
humidade. Como se fala na literatura , uma protecção segura contra a corrosão
normalmente exige a humidade do ar inferior a 30%, contudo, na prática, os resultados
satisfatórios são obtidos já com a humidade inferior a 60%.
Por via marítima, são transportados diferentes tipos de cargas. Em função destas
exigências da ventilação, são distinguidas as cargas: de ventilação inteira, apenas de
ventilação natural, de arrefecimento do ar, de secagem do ar, etc.
Com a ventilação do porão está relacionada uma série de problemas técnicos relativos,
entre outros, a garantir um isolamento térmico correto do porão, uma divisão do porão
segundo os grupos de cargas, uma qualidade adequada do ar e os seus parâmetros em
todo o espaço do porão, a realização de medições da temperatura e humidade do ar.
A indicação principal para iniciar a ventilação é comparar os pontos de orvalho para o
ar no exterior do navio e o ar no porão. Nos navios, quando não é possível realizar as
medições para determinar os pontos de orvalho, é aplicado o princípio de três graus que
diz: se a temperatura do ar externo for pelo menos em 3 K inferior à temperatura da
carga (medida durante o seu carregamento), a carga poderá ser ventilada até ao
momento quando os factores externos, tais como, p.ex., salpicos de ondas ou
precipitações, o permitirem. As vantagens deste método são:
simplicidade de utilização, medições neste método são fáceis com menor possibilidade
de erro do que no método de comparação dos pontos de orvalho, para determinar o
momento de começar a ventilação é exigida apenas a temperatura da carga durante o seu
carregamento e a medição da temperatura do ar externo, não é necessário entrar no
porão durante o cruzeiro.
Para a ventilação do porão são empregados os sistemas de ventilação natural (Fig. 9.2.),
mecânica ou de climatização. Devido às exigências da carga, pode ser utilizada:
ventilação natural, ventilação mecânica com arrefecimento, ventilação mecânica com
secagem, ventilação mecânica com aquecimento ou climatização.
A ventilação natural depende da direcção e velocidade do vento e, portanto, também da
posição das cabeças de ventilação no navio. Durante o mau tempo o seu funcionamento
está limitado. Basicamente, actualmente já não se constroem navios nos quais a
ventilação do porão se baseia unicamente nos factores naturais.

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Quando a ventilação natural resulta insuficiente, a fim de garantir a circulação do ar no


porão, é utilizada a ventilação mecânica. A vantagem da ventilação mecânica, em
comparação com a ventilação natural, é a independência da velocidade do navio e da
velocidade e direcção do vento. Além disso, a ventilação mecânica permite ventilar o
porão com um número considerável de permutas, distribuir o ar de modo uniforme em
todo o espaço do porão e cria a possibilidade de ligação e regulação do processo de
ventilação.
A ventilação mecânica pode ser efetuada pela combinação de ventiladores de extracção
e sistema natural ou pode ser totalmente mecanizada (Fig. 9.3.).

O emprego dos ventiladores de extracção em combinação com a ventilação natural


permite eliminar o ar do porão por meio de ventiladores, como resultado forma-se a
pressão negativa que, por sua vez, força o fluxo por outras chaminés de ventilação. Tal
sistema pode constar de vários ventiladores de extracção que trabalham alternadamente.
Uma das soluções da ventilação mecânica é a ventilação que aproveita ventiladores
reversíveis (Fig. 9.4.).

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Dentre os sistemas de ventilação mecânica, podemos distinguir sistemas abertos e


fechados. Um sistema aberto de ventilação está destinado, sobretudo, para transportar
cargas secas, sendo utilizado normalmente nos navios de carga.
Este tipo de ventilação possibilita ventilar o porão apenas com o ar fresco, sem
possibilidade de recirculação. Neste caso, são aplicadas as seguintes soluções:
sopro mecânico – extração natural ou sopro e extração mecânicos. É possível a
utilização de ventiladores de inversão que permitem trocar o sentido de fluxo do ar pelo
porão. Nesta solução, são empregados os ventiladores axiais. Os sistemas abertos são
projetados para o número de permutas do ar de 5 ÷ 10 por hora. No desenho 9.5, foi
apresentado um sistema de ventilação aberta longitudinal.

O sistema fechado de ventilação permite ventilar o porão bem com o ar fresco,


misturado, bem o ar procedente unicamente da recirculação. Graças a isso, é possível
uma ventilação contínua do porão, independentemente das condições externas. É

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especialmente importante durante um cruzeiro do clima frio para o clima quente,


durante o qual, devido à possibilidade de condensação da humidade na carga, a
ventilação com ar fresco é desligada. O ar de recirculação é aquecido por lados e
conveses quentes, acelerando assim o aquecimento da carga. A recirculação é
empregada também periodicamente para proteger as cargas, p.ex.:
• higroscópicas contra a secagem com humidades excessivamente baixas do ar externo;
• contra a deterioração ou destruição, p.ex. de frutas, legumes, ao desligar a ventilação
por ar externo do porão não isolado, como resultado da redução da temperatura do ar
externo;
• contra a deterioração ou destruição ao desligar a ventilação por ar externo, como
resultado de condições externas desfavoráveis, tais como: chuva, névoa, tempestade,
alta humidade do ar.
Os sistemas fechados são projectados normalmente para 10 ÷ 20 permutas de ar por
hora para um porão vazio, enquanto para os navios que transportam frutas e legumes, o
número de permutas de ar por hora é elevado, sendo de 15 ÷ 30.
Um sistema fechado típico de ventilação do porão está apresentado no desenho 9.6. Os
ventiladores de sopro e extracção encontram-se em um local comum e estão separados
com divisórias equipadas com placas de regulação e placas de acesso localizadas entre a
parte de sopro e extracção. O ar soprado é aspirado pelas persianas e distribuído ao
longo das bordas por meio de canais que se encontram debaixo do convés. Os orifícios
de sopro estão dirigidos para baixo e no porão, portanto, o ar soprado cria uma barreira
de isolamento entre a carga, os lados e os conveses, protegendo assim a carga contra a
humidificação quando o ponto de orvalho do ar externo se encontra acima da
temperatura da superfície da carga.
Em função das necessidades de carregamento, o porão pode ser ventilado com o ar
externo, de circulação ou misturado. Este sistema permite também um aquecimento
rápido da carga e, de certa forma, protege as bordas do navio contra a condensação da
humidade procedente da carga quando o casco está frio.
Independentemente da utilização do sistema aberto de ventilação do porão ou sistema
fechado, um papel importante na segurança contra incêndios no navio relaciona-se com
a possibilidade de desligar a ventilação do porão na ponte.
Importa aqui lembrar sobre a eventualidade de autoinflamação da mercadoria nas
determinadas condições.

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A quantidade de ar para os porões não isolados normalmente é determinada segundo as


experiências dos operadores de navios e, em função do destino, oscila entre 5 ÷ 30
permutas por hora. Normalmente, a base para determinar o número de permutas de ar no
porão não é uma análise do processo de permita de calor e humidade com o ambiente,
mas o número de permutas de ar às vezes é considerado um medidor de eficiência da
ventilação.
Nos sistemas de ventilação do porão, são empregadas também as soluções que
permitem secar o ar, reduzindo assim o risco de saudação da carga e das bordas do
navio. São aplicados aqui dois modos de secagem, a saber: condensação da humidade
do ar na superfície do radiador de membrana e secagem por meio de materiais
higroscópicos chamados sorbentes, p.ex. gel de sílica, alumínio ou cloreto de lítio. O
método de secagem do ar por meio da condensação do vapor de água é utilizado nos
navios munidos de equipamentos arrefecimento que operam nos porões refrigerados.
A ventilação dos porões refrigerados normalmente é realizada por ventiladores axiais
em blocos com os segmentos de radiadores lamelares.

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O número de permutas do ar depende do tipo de carga e pode ser de 30 ÷ 120 por


hora. A intensidade do fluxo do ar frio pelo porão normalmente é regulada, p.ex.,
por meio de ligação de um número correspondente dos ventiladores, comutação da
velocidade nos ventiladores de várias velocidades ou utilização de um conversor de
frequência. Além do arrefecimento do porão, o objectivo da ventilação é também
regenerar o ar e regular a humidade. A ventilação do porão permite manter a
concentração de gases emitidos por certas cargas, p.ex., citrinos ou bananas, debaixo do
nível admissível. O ar seco de ventilação pode ser aproveitado para secar o isolamento
térmico, melhorando assim as suas propriedades de isolamento.
As frutas normalmente são transportadas em porões refrigerados ou porões não isolados
e ventilador. São empregadas ali as seguintes localizações de radiadores: radiador no
circuito de recirculação, radiador no circuito do ar soprado.
Nos sistemas de ventilação nos navios, tanto nos sistemas naturais, como nos
mecânicos, é necessário empregar entradas e expulsores de ar com execução específica
que previnem a penetração de gotas da água do mar e de chuva nos locais (Fig. 9.7.).

Certas soluções do expulsor nos sistemas de ventilação natural baseiam-se no


funcionamento por injeção, onde o fluxo do vento intensifica a expulsão do ar do local.

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Ventilação dos navios porta-contentores e navios de tipo ro–ro


Os navios porta-contentores são navios que servem para transportar mercadorias em
contentores. Os contentores dominam nas cadeias de transporte marítimas e, desde
dezenas de anos, são uma unidade básica de carga no transporte marítimo. As cargas
transportadas em contentores exigem a protecção contra os impactos climáticos durante
o transporte. Devido às suas dimensões
e propriedades construtivas, exigem meios de transporte adequados para garantir
um carregamento e descarregamento rápidos e um transporte seguro.
Os porões nos navios porta-contentores, em função dos tipos dos contentores,
podem estar munidos, p.ex., de conexões de arrefecimento, ventilação. Os recipientes
normalmente são colocados em porões não isolados, e para manter a mercadoria em um
estado não pior, muitas vezes resulta necessário utilizar a ventilação mecânica com um
tratamento hidrotérmico correspondente ou uma climatização inteira. Para isso,
normalmente são empregados os sistemas fechados de ventilação com recirculação,
aquecimento ou arrefecimento do ar. O transporte das cargas higroscópicas nos
contentores exige adicionalmente a utilização de equipamentos para secar o ar.
Um número considerável de navios porta-contentores actuais permite o transporte de
contentores no convés. Um dos tipos de contentores utilizados no transporte marítimo
são contentores ventilados empregados, sobretudo, para o transporte de mercadorias
como café que exigem a manutenção das condições apropriadas de humidade. Em
função das necessidades, são empregados também outros tipos de contentores, p.ex.
isolados, refrigerados. Os contentores refrigerados são transportados em porões
destinados a este fim. Actualmente, são utilizados dois sistemas de arrefecimento de
cargas nos contentores, a saber:
• Arrefecimento centralizado no sistema de fecho que consiste em que o contentor está
munido de uma unidade de arrefecimento desenganchado antes de carregar o recipiente
no navio. No navio cada contentor da pilha é enganchado, por meio de acoplamentos
flexíveis apertados pneumaticamente, unidos com o sistema de ar refrigerado de
circulação e com o sistema de condutos de ar de regeneração. A alimentação com o
agente refrigerador ocorre da casa de máquinas central de arrefecimento, e o circuito de
ar de regeneração é um sistema independente;
• Arrefecimento de cada recipiente por meio de uma unidade de arrefecimento de
compressores conectada a cada contentor. Os condensadores da instalação de
arrefecimento podem ser refrigerados com água ou ar. No caso de utilizar os

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condensadores refrigerados com ar, é preciso prever uma permuta mais intensa do ar no
porão com estes contentores. Para regenerar o ar nos contentores, é utilizado o ar
fornecido por meio de tubos flexíveis.
Os contentores de arrefecimento são feitos no sistema térmico cuja função é isolar um
meio interno de um contentor das condições externas e reduzir a penetração de calor no
seu interior.
Os contentores podem ser esfriados ou aquecidos a partir da fonte de alimentação
própria ou alheia. Os contentores podem ser feitos também como cisternas. Depois de
colocar os contentores, normalmente é utilizado um sistema de módulos ou painéis para
a sua conexão, o que permita também a manutenção de condições adequadas em todos
os contentores conectados. O ar de refrigeração ou regeneração é fornecido por meio de
canais horizontais ou verticais que, em função da sua realização, possibilitam operar
simultaneamente de vários até mais de dez contentores. As oscilações da temperatura no
contentor isotérmico não devem exceder ±1℃ e o contentor deve estar munido de
drenagem. A estrutura de um contentor ventilado deve permitir a abertura e o
fechamento dos orifícios de ventilação desde o exterior.
Na navegação marítima existem estruturas de navios parcial ou totalmente adaptadas ao
transporte de contentores. Entre eles, encontram-se navios porta-contentores, nos quais
o carregamento é realizado verticalmente (lo-lo, ou seja, Lift on - Lift off), semi-navios
porta-contentores, navios ro-ro, para os quais uma parte considerável das cargas são
contentores.
Segundo o “Código marítimo internacional de mercadorias perigosas”, o navio ro-ro é
um barco com um ou mais conveses fechados ou abertos, normalmente não divididos e
ao longo do navio, no qual as mercadorias embalagens ou soltas podem ser carregados
na posição vertical em carruagens ferroviárias, carros, veículos (também cisternas),
reboques de rodas, contentores, paletes desmontáveis ou portáteis, tanques ou outras
unidades de estiva, ou em outros recipientes. Em outras palavras, os navios de tipo ro-ro
(Roll On - Roll Off) são navios de carga, de passageiros e carga ou chatos que servem
para transportar cargas em rodas, veículos ou carruagens ferroviárias. Entre os tipos
básicos dos navios de tipo ro-ro encontram-se: Con - Ro, Ro - Lo, Sto - Ro, Ro - Pax.
Um problema importante de ventilação dos navios deste tipo não é a protecção da carga
contra os impactos climáticos, mas a garantia de uma quantidade adequada do ar fresco
para as pessoas que trabalham aí. Os sistemas de ventilação em muitos navios deste tipo
funcionam sempre aproveitando o método de diluição de impurezas.

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Nas diretrizes relativas à ventilação dos navios ro-ro, muitas vezes, é requerido que os
locais fechados ro-ro, os locais fechados de veículos e os locais da categoria especial
estejam munidos de uma instalação de ventilação mecânica para garantir o número de
permutas de calor não inferior a:
-1
• 10 h - nos locais da categoria especial nos navios de passageiros, locais fechados
ro-ro e locais de veículos outros que da categoria especial nos navios que transportam
mais de 36 passageiros;
-1
• 6 h - nos locais fechados ro-ro, entre outros, nos locais de veículos outros que da
categoria especial nos navios que transportam menos de 36 passageiros e nos navios de
carga.
Na literatura, normalmente fala-se sobre a necessidade de garantir um número mínimo
-1
de permutas de ar ao nível de 10 h . Os requerimentos relativos ao número de
permutas de ar podem ser aumentados devido, p.ex., a uma emissão considerável de
gases de escape durante o carregamento e descarregamento de veículos. Durante o
carregamento e descarregamento produz-se um aumento brusco de concentração de
gases de escape, vapores do combustível, fuligem e hidrocarbonetos aromáticos,
portanto, nestes períodos é necessário aumentar a eficácia da ventilação. A redução da
concentração destas impurezas por meio da utilização de ventilação mecânica reduz o
risco de intoxicações entre os passageiros e a tripulação, bem como previne a
autoinflamação de pares do combustível e substâncias inflamáveis do combustível não
queimado. Na prática, são empregados três tipos dos sistemas de ventilação dos porões
nos navios de tipo ro-ro (Fig. 9.8.):

 Longitudinal, no que o sopro do ar é realizado desde a popa até à proa do porão,


e a extracção é localizada na metade do comprimento do navio;
 Transversal, no que o sopro se encontra em uma borda e a extracção em outra;
 Misto, ou seja, transversal-longitudinal, no que os sopros se encontram na proa e
popa, e as extracções nas bordas.

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O sistema transversal considera-se um sistema de ventilação mais útil, porém o sistema


longitudinal, devido ao caminho longo de fluxo do ar, pode causar a formação de zonas
mortas. O sistema misto, devido a um sistema de ventilação extenso, é o sistema mais
caro.
As zonas mortas nos porões dos navios ro-ro são eliminadas, empregando ventiladores
de sopro (p.ex. de caudal) e de extracção bem localizados.
A ventilação destes espaços é semelhante com a ventilação de túneis rodoviários ou
garagens fechadas de múltiplos locais de estacionamento.

Ventilação e climatização dos locais de permanência humana em um navio


Tendo em consideração a peculiaridade de trabalhos da tripulação em um navio, é
importante criar tais condições para o descanso que garantam o conforto para ela.
Portanto, nos navios atuais, cada vez mais, é utilizada a climatização de locais. No que
diz respeito à ventilação, é recomendável que a diferença de temperatura do ar fornecido
no local de permanência humana e temperatura no local não exceda 4 K, enquanto os
locais sanitários e cozinhas estejam munidos de ventilação de extração. Do ponto de
vista das condições do conforto, normalmente encontramos os seguintes valores dos
parâmetros do ar na zona de permanência humana:

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 Para as temporadas de verão: velocidade do fluxo do ar no local 0,1 ÷0,5 m/s,


humidade relativa 30 ÷ 60%, temperatura do ar 22 ÷ 25℃;
 Para as temporadas de inverno: velocidade do fluxo do ar no local 0,1 ÷0,3 m/s,
humidade relativa 40 ÷ 70%, temperatura do ar 20 ÷ 22℃.

A composição química do ar deve aproximar-se à composição do ar atmosférico. O ar


não pode conter substâncias tóxicas nem explosivas, nem cheiros desagradáveis.
O sistema de ventilação deve permitir a manutenção do ar de uma qualidade adequada e
garantir o seu movimento em cada condição meteorológica e climática.
Na literatura, muitas vezes, é recomendado que os navios, que navegam na zona tropical
ou no Golfo Pérsico, estejam munidos, pelo menos, de uma ventilação mecânica com
arrefecimento e, às vezes, de ventiladores eléctricos autónomos instalados directamente
nos locais. Nas regiões de presença de mosquitos, a ventilação deve estar munida de
medidas que impossibilitam a penetração de insectos no interior dos locais. Uma
medida preventiva podem ser filtros específicos ou malhas nos orifícios de ventilação de
sopro e extracção.
Para os navios que navegam fora da zona tropical é recomendável munir de uma
instalação mecânica ou climatização, porém para as zonas climáticas polares e
moderadas é necessário utilizar a ventilação e o aquecimento, p.ex., ventilação
mecânica munida de aquecedores.
Os locais sanitários, secadores, dormitórios e salas de jantar devem ser ventilados
devidamente. Os locais para pendurar roupa molhada devem estar munidos de
ventilação mecânica.
No caso de hospitais nos navios, é necessário utilizar uma ventilação e climatização
adequadas com objectivo de garantir as devidas condições higiénico-sanitárias, pureza
do ar e conforto dos pacientes e do pessoal.
A ventilação mecânica do conforto pode ser utilizada também como ventilação contra
incêndios desde que seja projectada para cumprir as duas funções.
É uma solução que abrange soluções técnicas específicas, materiais à prova de fogo,
quantidade do ar fornecido e fluxo adequado por os locais e as zonas.
A ventilação contra incêndios no caso de uma situação de emergência deve
impossibilitar a aparição do fumo nas vias de evacuação. É recomendável a presença da
pressão positiva nos corredores em relação com as cabinas no navio.

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Para isso, é empregado o fluxo de ar através do corredor na direcção oposta à direcção


de evacuação.
Os sistemas de ventilação e climatização dos locais de permanência humana nos navios
podem ser feitos como monoconduto ou biconduto (Fig. 9.9.).

Para a ventilação ou climatização dos locais comuns de permanência humana e de


cabinas, tanto da tripulação como dos passageiros são empregadas as instalações de
sopro-extracção, munidas de ventiladores de compressão considerável, devido a grandes
resistências. Abaixo se citam os números de permuta de ar para tais locais segundo:
• 6 ÷ 10 h -1 para as cabinas;
• 10 ÷ 20 h -1 para as salas de jantar e salas de estar;
• 20 ÷ 40 h -1 para os locais sanitários e cozinhas.
No desenho 9.10., foi apresentada uma solução da climatização central de alta
velocidade monoconduto. Nesta solução, o ar é preparado na central de climatização e

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logo, por um conduto, é distribuído nos locais. No bloco de mistura, o ar de recirculação


e o ar externo são misturados em proporções adequadas.

O ar é impelido com muita velocidade através dos condutos de ventilação de pequenos


ou médios diâmetros para os locais. Ao final de cada conduto encontra-se uma caixa de
sopro ou um difusor instalado. Na caixa de sopro, a pressão do ar é reduzida, e a
quantidade do ar soprado pode ser ajustada pelo utilizador do local.
O sistema está munido de um sistema automático de ajuste da temperatura do ar.
Os sistemas monoconduto Hi - Press podem estar munidos de caixas indutivas com um
aquecedor do ar instalado (Fig. 9.11.).

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O ar do local, que flui através da caixa, antes de ser misturado com o ar fornecido,
é aquecido. Esta solução é aplicada nas regiões de navegação moderadas e frias.
Os sistemas biconduto são aplicados na climatização de locais nos navios da região
ilimitada de navegação. O ar de diferentes temperaturas é fornecido por dois condutos
nas caixas de sopro em cada local (Fig. 9.12.).
As caixas de sopro podem ser do tipo indutivo. A vantagem de tal sistema é manter uma
quantidade quase constante do ar fresco fornecido, mantendo, ao mesmo tempo, os
parâmetros óptimos no local climatizado. O sistema biconduto é o melhor exemplo do
aproveitamento racional do transporte acelerado do ar na técnica de climatização. Os
sistemas biconduto são muito utilizados nos grandes navios de passageiros, devido a um
número enorme de cabinas com diferente carga térmica e com diversas exigências
quanto ao conforto dos passageiros. Em certas zonas climáticas é necessário, p.ex., um
aquecimento simultâneo de cabinas externas com um arrefecimento de cabinas internas.
Nestas situações, estes sistemas são os mais apropriados por ser muito flexíveis e por
permitir o ajuste manual ou automático dos parâmetros do ar em cada local.

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O sistema bicanal de alta velocidade tem muitas vantagens, p.ex., permite regular
individualmente a temperatura em um local, pelas dimensões pequenas dos condutos
economiza o espaço necessário para a sua instalação, a central de climatização e o
equipamento de arrefecimento estão localizados em um local.

Na climatização de locais de permanência humana, são utilizados também aparelhos de


ar condicionado individuais ou de zona. Podem ser empregados, onde não há sistemas
centrais de climatização e ventilação. Normalmente, tais aparelhos de ar condicionado
operam em um local, mas também podem ser aplicadas as soluções que permitem a
operação em vários locais.
As vantagens dos aparelhos de ar condicionado são: não exigem a utilização de tubos
aéreos, são fáceis de montar, possibilitam mudar os parâmetros do ar para o utilizador,
têm dimensões relativamente pequenas. Infelizmente, com os aparelhos de ar
condicionado não é possível fornecer o ar fresco, o que é indubitavelmente importante
nos locais onde são emitidas impurezas.

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A utilização dos aparelhos de ar condicionado tipo split, nos quais o compressor se


encontra em uma unidade exterior, reduz a carga acústica relacionada com o seu
funcionamento. Tais aparelhos de ar condicionado podem ser fixos ou portáteis.

Ventilação das casas de máquinas


Fornecer uma quantidade suficiente de ar é o objectivo principal da ventilação de uma
casa de máquinas para que o fornecimento do ar nos compartimentos de máquinas seja
suficiente para garantir:
• Segurança e conforto da tripulação - além de garantir as condições climáticas
adequadas, a ventilação dos compartimentos de máquinas deve permitir a eliminação de
impurezas nocivas e perigosas do ar, incluindo, entre outros, vapores do combustível,
poeiras, gases mais pesados do que o ar;
• Trabalho dos equipamentos de casa de máquinas e das caldeiras, quando ditos
equipamentos trabalham com toda potência, independentemente das condições
meteorológicas, tempestade incluída. O ar fornecido é necessário para manter os
processos de combustão nos motores de combustão interna (menos nas caldeiras). Os
orifícios de entrada dos canais (conditos), que fornecem o ar nos compartimentos de
máquinas, devem estar feitos e situados da forma que possibilite a sua utilização em
todas as condições meteorológicas presentes no mar.
A instalação de uma casa de máquinas e compartimentos de máquinas deve estar
projetada de modo que: não se permita o excesso das concentrações maiores admissíveis
do ar e da temperatura, se garanta um número adequado de permutas de ar no local para
eliminar a formação de zonas mortas. Tal como em outros locais do navio, na casa de
máquinas (Fig. 9.13.), a instalação de ventilação deve permitir o fluxo do ar através de
todo o local, prevenindo a formação de zonas do ar parado. O sopro e a extracção do ar
devem estar localizados e seleccionados para excluir a presença de zonas mortas no
local ventilado.
Em um sistema de distribuição do ar bem projectado na casa de máquinas, o sopro
parcialmente compensará o impacto de altas temperaturas, porém a instalação de
extração possibilitará a eliminação de impurezas. O sopro do ar deve dirigir-se a zonas
com a menor contaminação do ar, porém a extracção do ar deve realizar-se de locais
com a maior concentração.

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Influenciam na distribuição correta do ar os seguintes factores, entre outros:

 Tipo e características construtivas dos orifícios de sopro, a sua distribuição e a


velocidade de saída do ar destes orifícios;
 Diferença de temperaturas entre o ar soprado e o ar no local;
 Posição e forma de orifícios de extracção;
 Formação espacial do local, o seu equipamento e destino;
 Distribuição dos equipamentos tecnológicos no local que causam um movimento
independente do ar.

A eliminação do ar no caso da ventilação geral e climatização deve realizar-se:

Da área superior do local no caso de emissão de grandes quantidades do calor e


impurezas mais ligeiras do que o ar;
Da área inferior do local no caso de emissão de impurezas mais pesadas do que o ar,
quando a carga térmica for relativamente pequena;
Da área inferior e superior do local no caso de emissão de impurezas mais pesadas do
que o ar, quando a carga térmica for grande;

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Da área superior e inferior do local no caso de emissão simultânea de impurezas mais


pesadas e mais ligeiras do que o ar.

Nas áreas de alta concentração de impurezas, é recomendada a utilização de extractores


pontuais. Se a ventilação utilizada é natural, todos os orifícios de ventilação devem
encontrar-se nos pontos mais altos do local (orifícios de ventilação debaixo do teto).
Nos sistemas de sopro, quando o ar soprado for mais quente do que o ar no local, este
terá a tendência de se elevar, e no caso contrário, será dirigido até ao chão. Com o sopro
superior do ar quente, este se acumula debaixo do teto para posteriormente ser impelido
para baixo por outras quantidades do ar que chegam.
Desta forma, é ventilado exactamente todo o local. No caso de um sopro inferior, o ar
quente eleva-se formando caudais. O fornecimento baixo do ar frio faz que este seja
acumulado perto do chão e logo, devido às seguintes quantidades do ar frio que chegam
começa elevar-se. O sopro do ar frio por cima faz que o ar fornecido caia, formando
caudais estreitos e podendo ser a causa de sensação de corrente.
Nos sistemas de ventilação, são conhecidos quatro casos principais dos sistemas de
circulação do ar no local determinados pelas direcções do fluxo, ou seja:

 Cima-baixo;
 Baixo-cima;
 Cima-cima;
 Baixo-baixo.

No caso de fluxo do ar baixo-cima, para atingir as condições exigidas na área de


trabalho, é necessário garantir: velocidade do ar que sai dos orifícios de sopro não
localizados perto dos locais de permanência humana de 0,5 ÷ 0,75 m/s, não exceder
3 K de diferença da temperatura entre o ar na área de permanência humana e o ar
soprado, estrutura de ventoinhas que possibilite a saída do ar em caudais pequenos.
Além dos sistemas básicos de fluxo do ar através do local, são empregados também
sistemas mistos, utilizados no caso de aquecimento de locais por ar, nos objectos altos
ou separados com rampas de trabalho, entre os quais se encontram p.ex. casas de
máquinas.
Por razões de saúde e bem-estar das pessoas, a temperatura máxima nos locais
climatizados na zona tropical não deve exceder 30℃. Isto serve também para locais de
permanência dos operários na casa de máquinas. Infelizmente, nas regiões de
navegação, onde a temperatura externa excede 30℃, esta recomendação é difícil de ser

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cumprida. Os projectistas, lembrando que, devido a altas temperaturas, é reduzida a


concentração da tripulação, a produtividade e as condições de uso de máquinas e
equipamentos tornam-se piores, começaram pesquisar soluções que permitissem atingir
condições térmicas adequadas nas casas de máquinas. A fim de eliminar este problema,
começaram utilizar, nas casas de máquinas, pequenos locais separados e climatizados
chamados centrais de manuseio e controlo.
Em uma central de manuseio e controlo, estão instalados os equipamentos sensíveis a
altas temperaturas. A central de manuseio e controlo é também um local de permanência
de um mecânico de serviço de quarto. Podem ser climatizadas também as oficinas da
casa de máquinas.
Infelizmente, nas zonas tropicais, a utilização da climatização em toda a casa de
máquinas exigiria uma demanda enorme de um ar de ventilação esfriado e uma potência
grande dos equipamentos de arrefecimento, portanto, a climatização é empregada nas
zonas determinadas. Estas zonas podem estar limitadas, p.ex., por utilizar uma carpa em
plástico para a qual, por maior de um tubo elástico, é fornecido o ar de ventilação frio.
Para os locais remanescentes da casa de máquinas, normalmente é suficiente uma
ventilação eficaz que deve garantir uma quantidade adequada do ar para os motores de
accionamento principal e auxiliar.
Na literatura, é recomendável que os locais da casa de máquinas sejam suficientemente
ventilados, e a temperatura nos postos de manuseio e nos locais de operação de
caldeiras não exceda 45℃.
A temperatura dos locais ventilados depende da temperatura e da quantidade do ar
soprado e da emissão interna de calor nos locais. Assumindo a maior temperatura do ar
externo de 35℃ e a temperatura na casa de máquinas de 45℃, obtemos uma diferença
admissível de temperaturas ao nível de 10 K. A quantidade do ar fornecido na casa de
máquinas é superior à quantidade do ar necessário nos processos de combustão de
combustíveis nos motores principais, auxiliares e nas caldeiras. Como demostra a
prática, a quantidade do ar calculada para a evacuação dos ganhos de calor deve ser
aumentada em ca. de 60 ÷ 70%, sendo que em função do tipo e tamanho do navio, o
número de permutas de ar por uma hora oscila dentre 25 ÷ 50.
A temperatura do ar nos compartimentos de máquinas impacta não somente na
tripulação, mas também nos equipamentos instalados. Quanto maior for, tanto mais
rápido ocorrerá o gasto dos elementos das máquinas e dos equipamentos.

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Além do impacto da temperatura, nos alimentos e equipamentos nas casas de máquinas


influenciam também a pureza do ar fornecido e a sua humidade. Estes factores, de modo
considerável, respondem pela rapidez de progresso dos processos corrosivos, desgaste
dos elementos, deterioração das propriedades dos isolamentos eléctricos.
O sistema de ventilação da casa de máquinas consta de uma parte de sopro e de
extracção. A quantidade do ar fornecido no local é muito maior do que o ar eliminado, o
que está relacionado com o gasto do ar por motores principais e auxiliares. Devido ao
facto que para a ventilação da casa de máquinas são utilizadas instalações munidas de
ventiladores radiais de alta eficácia e capacidade de vencimento de resistências da
instalação de sopro, porém pelo lado de extracção são empregados os ventiladores
axiais.
Tendo em consideração as reflexões teóricas encontradas na literatura e a experiência
das empresas que se ocupam da climatização e ventilação nos navios, podemos dizer
que:
• O ar destinado à combustão deve ser fornecido pelo caminho mais curto aos
equipamentos para não se aquecer;
• o ar soprado deve chegar a todos os locais da casa de máquinas e é recomendado o
fornecimento de 20 ÷ 30% do ar soprado por abaixo da plataforma de grelhas,
impossibilitando a presença de zonas mortas;
• a fim de reduzir a diferença de temperaturas o ar deve ser distribuído de modo
uniforme em toda a casa de máquinas;
• o aumento da quantidade do ar soprado influencia na redução da temperatura na casa
de máquinas;
• os orifícios de saída do ar da casa de máquinas devem ser suficientemente grandes
para prevenir a formação da pressão positiva nela;
• nas áreas de alta temperatura e alta emissão de impurezas deve ser instalado um
sistema independente de ventilação de extracção.

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A fim de garantir uma boa ventilação na casa de máquinas, às vezes são empregadas
soluções combinadas nas quais, em configurações separadas, são utilizados os sistemas
de ventilação de motores e de ventilação do conforto.
O objetivo do primeiro destes sistemas é fornecer uma quantidade adequada do ar
necessária para os processos de combustão, o objectivo do segundo é garantir o conforto
para a tripulação da casa de máquinas.
No desenho 9.15., foi mostrado o sistema de ventilação de fluxo da casa de máquinas
com a recirculação, na qual uma parte do ar extraído é reutilizada para a ventilação da
casa de máquinas. É uma solução útil, especialmente nas condições de inverno – o ar
soprado no local já está inicialmente aquecido. Por esta solução reduz-se a esfriamento
da casa de máquinas e previne-se uma eventual congelação de tubulações.
Importa lembrar que a utilização unicamente do ar de recirculação causa um aumento
brusco de impurezas no local ventilado, portanto, na prática são utilizadas as protecções

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que impossibilitam tais situações. Uma das vantagens mais importantes desta solução é
a possibilidade de manter a diferença de temperaturas quase ao mesmo nível
(∆t ≈ 15 K) entre a temperatura do ar no local e a temperatura no exterior. Neste
sistema, é recomendada a utilização de ventiladores centrífugos que possibilitam atingir
velocidades ca. de 20 m/s nos condutos. O ar é fornecido para o motor através de uma
derivação do conduto principal de ventilação.

Nas soluções apresentadas no desenho 9.16., o sopro do ar é efectuado da cima, por


meio de bocas orientáveis. No caso (b), uma parte do ar da casa de máquinas é evacuada
pelo chão, portanto é possível eliminar impurezas mais pesadas do que o ar.

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Ventilação da sala de acumuladores


A ventilação das salas de acumuladores deve permitir uma eliminação eficaz de gases
emitidos durante o carregamento. O gasto do ar neste caso depende, entre outros, do
número de células da bateria de acumuladores, da corrente de carregamento. A
ventilação mecânica é feita como a ventilação de extracção e deve estar protegida ou
feita em materiais resistências aos vapores do electrólito.
A instalação de ventilação deve garantir a eliminação do ar da parte superior dos locais
ventilados, o que está relacionado com a emissão de substâncias mais ligeiras do que o
ar, tais como, p.ex. hidrogénio. O hidrogénio é uma substância explosiva. Os condutos
de ventilação utilizados devem ser à prova de gás, resistentes ao electrólito e aos
vapores gasosos, não devem ser empregados ali os acessórios de retenção de chamas.
Os orifícios de extracção no local devem estar localizados directamente acima dos
acumuladores, e os orifícios de saída devem encontrar-se nos locais onde os gases
emitidos não causam riscos de incêndio. Os ventiladores utilizados devem ser
antideflagrantes, na execução antiexplosiva.
É recomendável que os motores dos ventiladores não se encontrem directamente no
caudal do ar que flui da sala de acumuladores.
Em função das soluções aplicadas no navio, a ventilação pode ser realizada para os
locais inteiros (salas de acumuladores) ou as caixas de acumuladores.

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