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que a direita via estava perdida. Cristo = “eu sou o caminho, a verdade, a
vida...” (João, 14:16)
Caminho → peregrinação, busca da
verdade e da consciência, do eu, corpo e
Nel mezzo del cammin di nostra vita espírito
Selva = irracionalidade, pecado
mi ritrovai per una selva oscura
modelos: Bíblia – Eneida
ché la diritta via era smarrita. escuridão x luz
“direita via estava perdida”
“me encontrei”
Nossa = eu + você
Sentidos literal → alegórico → moral
INFERNO CANTO I
“dizer” com consciência = narrar →
4 Ahi! quanto, dizer como era é coisa dura a dificuldade de descrever o que
excede a realidade terrena será
essa selva selvagem e áspera e forte tema constante
Medo que deve ser encarado,
que o medo no pensamento refigura! racionalizado, superado
A selva (estado de perdição da alma)
é quase tão assustadora quanto a
7 Tão amarga que pouco mais lhe é a morte; morte
“bem” = Virgílio → Razão,
mas para tratar do bem que ali achei, recuperação do intelecto antes
ofuscado
direi do mais que descobri por sorte. Virgílio, enviado pela providência
divina, simboliza “todo” o bem que
Dante conquistará com sua viagem
Direi mais, contarei tudo o que vi e
ouvi (como lhe ordena Beatriz)
INFERNO CANTO I
10 Não sei bem dizer como ali entrei, Sono = ofuscamento do
intelecto, irracionalidade
tão tolhido de sono me encontrava,
que a verdadeira via abandonei. Agostinho: “O sono da alma é
o esquecimento de Deus”
124 que o imperador que reina lá no céu “alma mais digna” do que
Virgílio será Beatriz, guia
não quer, porque para sua lei fui herege, de Dante no Paraíso.
que por mim se venha ao reino seu.
INFERNO CANTO I
127 Em toda parte impera e lá rege;
lá é a sua cidade e seu alto foro: Dante, aliviado, aceita
imediatamente o convite
oh feliz daquele que ele elege!” de Virgílio.
130 E eu a ele: “Poeta, eu te imploro,
por esse Deus que tu não conheceste, “então se moveu, e eu o
acompanhei” → é a
para fugir deste mal ou pior que ignoro Razão, que finalmente se
“move”.
133 que tu me leves lá onde tu disseste,
então a porta de são Pedro verei Dante começa a se
e aqueles que tão tristes descreveste.” “recuperar” do estado de
“sono” em que se
encontrava, começa a
136 Então se moveu, e eu o acompanhei. recuperar o uso da razão e,
portanto, da consciência.
Por quê Virgílio?
Para Dante três são os modelos máximos da Antiguidade:
• Aristóteles (filosofia)
• Virgílio (poesia)
• Ulisses (ação)
Representam os mais altos valores da antiguidade pagã, o maior desenvolvimento a
que o ser humano chegou, dentro do âmbito restrito dos limites da razão
desprovida da Revelação.
Seguidos como modelos, são guias seguros para trilhar o caminho que leva à
salvação – embora sejam, eles mesmos, excluídos desta, pela Verdade maior da
Teologia.
Então: por que Virgílio? Sobretudo porque Dante se propõe a fazer uma obra
poética e não doutrinal. Mas também por causa da fama de Virgílio como “poeta
filosófo”, intelectual em todas as áreas do saber. Porque Virgílio é o cantor do
Império Romano, instituição modelo, desejada por Deus para o governo da
humanidade. E ainda pela fama de “poeta profeta”, principalmente por causa da
Écloga IV, que anuncia o nascimento de uma criança que será o “Salvador”.