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Prezados Senhores,
Somos uma organização que atua em prol da proteção dos direitos civis de populações
marginalizadas e gostaríamos de solicitar seus serviços para lidar com uma questão. Em uma
das comunidades em que atuamos, temos a seguinte situação:
A incorporadora Grande Irmão é proprietária de um complexo habitacional na região e aluga
unidades para famílias de baixa renda. Ocorre que, no dia 11 de agosto de 2021, a incorporadora
optou por instalar um sistema de reconhecimento facial para o ingresso dos moradores no
edifício, que não possui porteiro, argumentando que isso traria uma maior segurança a todos.
No entanto, com o passar do tempo, moradores passaram a receber notificações da
incorporadora, acompanhadas de fotos identificando-os, quando eventualmente desrespeitavam
qualquer regra do condomínio, como circular com animais domésticos no playground, colocar lixo
fora do lugar, e até passaram a denunciar aos pais casais menores de idade por estarem
namorando nos corredores ou fumando…
No dia 20 de outubro, a incorporadora enviou um termo de consentimento para os residentes,
para a coleta, armazenamento e transferência do banco de dados de reconhecimento facial para
as autoridades públicas, como condição para continuarem residindo no edifício. Dessa forma, a
incorporadora poderia garantir maior segurança dos moradores e identificar quaisquer invasores.
Na última semana, um jovem negro, residente do complexo, foi preso por tráfico de drogas na
entrada de seu bloco e desconfiamos que a polícia o tenha identificado por meio do banco de
dados. Sabemos que a polícia está trazendo ferramentas e técnicas do combate ao terrorismo
para o combate ao crime local. Eles enviam as imagens e outros dados para um sistema de
reconhecimento facial próprio que os compara com suspeitos e criminosos
Diante disso, gostaríamos de solicitar que seu escritório elaborasse uma notificação extrajudicial
contra a Incorporadora Grande Irmão endereçando as seguintes questões:
1. É lícito o mecanismo de reconhecimento facial instalado?
2. É lícita a exigência de que os moradores celebrem o referido termo de consentimento como
condição para continuarem residindo no Condomínio?
3. A disponibilização dos dados coletados à polícia está de acordo com a LGPD?
4. Qual a confiabilidade do sistema de reconhecimento facial e se ele está sujeito a erros de
identificação e como esses erros podem violar direitos fundamentais dos moradores;
5. Quais procedimentos a Incorporadora deveria realizar ou deixar de realizar para estar
plenamente adequada à LGPD e demais legislações aplicáveis.
Solicitamos uma minuta desta notificação extrajudicial entre 29.05 e 08.06, para nossa análise,
enviada para este endereço eletrônico. Gostaríamos também que fizessem uma apresentação
para a Associação em data a ser agendada
Cordialmente,
Winston Smith
Instituto Orwell
Nota dos professores: Consultem as instruções da A3 para conferirem a formatação e outras
informações acerca do Produto 2.