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CONTABILIDADE DAS

ORGANIZAÇÕES
AULA 2

Prof. André Júnior de Oliveira


CONVERSA INICIAL

Dando prosseguimento à nossa disciplina, nesta aula aprenderemos o


método das partidas dobradas, técnica aperfeiçoada pelo frei Luca Pacioli, que
consiste no entendimento de que para todo débito existe um crédito
correspondente. Dessa forma, temos o grupo do ativo, com natureza devedora
e o grupo do passivo, de natureza credora, e estamos claramente demonstrando
que a contabilidade é elaborada por meio do método das partidas dobradas.
No decorrer desta aula, falaremos ainda sobre como o lançamento é
efetuado, quais os elementos necessários para o registro dos atos e fatos
administrativos, utilizando o método das partidas dobradas. Assim, a
contabilidade vai tomando forma, por meio do balanço patrimonial e demais
relatórios administrativos da organização.

CONTEXTUALIZANDO

Sabendo que a contabilidade é a ciência que registra e controla o


patrimônio das empresas, é importante conhecer o meio pelo qual esse registro
e controle acontece.
O método das partidas dobradas consiste na figura do credor, aquele que
detém o direito de exigir algo, e do devedor, que tem a obrigação de pagar por
algo. De acordo com esse método, então, embora tenhamos duas figuras em
cada transação, existem muitas formas de débitos e créditos, importando
somente que o somatório total dos débitos seja igual ao dos créditos.
Em cada transação a ser registrada, devem ser observadas as
características relacionadas a ela, tais como: ao contabilizar determinado
documento, é preciso considerar a substância e a realidade econômica da
transação, e não somente o caráter documental da matéria em questão, ou seja,
é preciso se atentar aos fatos futuros que aquele registro poderá trazer à
contabilidade. Ao efetuar uma venda, o fato a ser analisado é além de uma
simples venda, e sim o lucro que tal venda proporcionará e como este lucro será
reinvestido na empresa; ou a forma como será distribuído entre sócios e
acionistas; ou o registro adequado de cada transação, observando o que ela
representará para a empresa.

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TEMA 1 – MÉTODO DAS PARTIDAS DOBRADAS

Embora tenhamos diversas maneiras diferentes de escrituração das


transações de uma empresa, denominadas atos e fatos administrativos, existem
dois métodos fundamentais: o método das partidas simples e o método das
partidas dobradas.
O método das partidas simples está em desuso na atualidade, diante das
deficiências apresentadas por ele e por ser incompleto. Por meio do método das
partidas simples, é possível registrar as operações realizadas com pessoas,
omitindo o registro de elementos do patrimônio e do resultado. Itens como
mercadorias, veículos, imóveis, contas de despesa e contas de receita são
controlados à parte, e apenas uma das operações, débito ou crédito, é
contabilizada.
No método das partidas dobradas, em cada lançamento, o valor total
lançado nas contas a débito deve ser sempre igual ao total dos valores lançados
na conta de crédito. Portanto, é considerado o método mais adequado para
registro das operações que envolvem o patrimônio das organizações. Foi
descrito pela primeira vez no ano de 1494, na Itália, pelo frade Luca Pacioli, no
livro intitulado Summa de arithmetica, geometria, proportioni et proportionatitá,
cuja tradução do título seria “Coleção de conhecimentos de aritmética, proporção
e proporcionalidade”.
De acordo com o método das partidas dobradas, não existe devedor sem
um credor correspondente, ou seja, para todo débito existe um crédito de igual
valor ou vice-versa. Caso aumente de um lado do balanço patrimonial, deve
automaticamente aumentar do outro lado, explicando mais uma vez o que vimos
na aula passada, quando discorremos acerca da equação patrimonial. O método
das partidas dobradas, então, representa a equação patrimonial, para a qual é
importante que a somatória dos débitos esteja em acordo com a somatória dos
créditos, isto é, as origens de recursos devem ser iguais às aplicações de
recursos.
Vejamos um exemplo: certa empresa adquiriu junto a determinado
fornecedor um lote de mercadorias no valor de R$ 10.000,00, o que pode ser
uma origem de recurso, ao passo que a estocagem de mercadorias se trata de
uma aplicação.

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Dessa forma, podemos afirmar que se a compra junto ao fornecedor for
efetuada a prazo, tal situação pode ser considerada uma origem de recursos,
visto que está se utilizando de recursos de terceiros, contudo, caso a compra
tenha sido efetuada à vista, a origem são os recursos mantidos no caixa.
As contas envolvidas serão as seguintes:

• Débito: estoque de mercadorias: R$ 10.000,00.


• Crédito: fornecedores: R$ 10.000,00.
O lançamento representa a origem e a aplicação de recursos, e conforme
visto, possuem os mesmos valores, sendo uma equação patrimonial.
O método das partidas dobradas consiste ainda na existência de
lançamentos de 1ª, 2ª, 3ª, enésimas fórmulas, uma vez que pode ter vários
débitos para vários créditos. Tudo depende da forma como se pretende lançar,
bastando observar que o valor dos créditos seja igual ao dos débitos.

Figura 1 – Luca Pacioli, difusor do método das partidas dobradas

Crédito: Sergei Afanasev/Shutterstock.

Sobre o termo partida dobrada, partida refere-se a um lançamento, e


dobrada refere-se ao fato de que é mais comum ocorrer em uma transação duas
entradas, uma entrada a débito e uma saída a crédito.
Para melhor entendimento deste assunto, vejamos um exemplo:
imaginemos que a empresa Bruno Ferraz Ltda. tenha um crédito na conta
clientes no valor de R$ 200,00, e um débito na conta movimento no valor de R$
205,00. Observa-se que os valores referentes a débito e crédito são diferentes,
sendo necessário que sejam iguais, pois não existe um crédito sem um débito.
Nesse caso, temos uma diferença de valor de R$ 5,00 que deve ser corrigida, e
esta diferença, após consulta ao financeiro da empresa, é referente ao
recebimento de juros por atraso. Assim, tem-se o seguinte lançamento:

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• Débito: banco conta movimento: R$ 205,00.
• Crédito: clientes (ativo): R$ 200,00.
• Receita com juros (resultado): R$ 5,00.
Para melhor entendimento dos conceitos de débito e crédito, observe o
seguinte quadro:

Quadro 1 – Memorização de débito e crédito

ATIVO PASSIVO
Bens e direitos Obrigações e patrimônio líquido
Débito Crédito Débito Crédito
(+) (-) (-) (+)
Entradas Saídas saídas entradas
Fonte: Oliveira, 2018.

Conforme observado no quadro, a natureza do ativo é devedora; dessa


forma, no registro das transações envolvendo bens ou direitos, toma-se por base
que os lançamentos que aumentarem o ativo devem ser debitados, e os que
representarem saídas de ativos devem ser creditados.
É importante salientar que todo aumento (débito) no grupo do ativo reflete
uma variação positiva neste grupo, assim como qualquer diminuição (crédito)
reflete uma variação negativa.
Consideradas as naturezas devedora e credora, o mesmo entendimento
do ativo se aplica às despesas, e o do passivo se aplica às receitas. Como as
despesas representam os gastos, caso queira registrá-las, devem ser lançadas
a débito. Já as receitas representam ganhos, devendo ser lançadas a crédito.
Pensemos no exemplo do pagamento de uma despesa com energia, por
meio de débito em conta corrente. A conta debitada seria despesa com energia
elétrica e a conta creditada, banco conta movimento. No caso de recebimento
de venda efetuada à vista por depósito bancário, a conta a ser debitada será
banco conta movimento e a conta a ser creditada, receita de vendas.
No lançamento de débito ou crédito, devemos nos atentar aos seguintes
passos: primeiramente, é necessária a identificação do título das contas a serem
movimentadas em cada operação, disponível por meio de consulta ao plano de
contas da empresa. Em seguida, deve-se verificar em qual grupo de contas,
também constante no plano de contas, as contas identificadas são classificadas.
Depois, saber se a variação foi negativa ou positiva, e, por fim, detectar qual das
contas representa aplicação ou origem de recursos.

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Vejamos o seguinte exemplo: no dia 20 de abril de 2018, pagou-se o saldo
de um fornecedor, com uma duplicada no valor de R$ 500,00, e este pagamento
foi efetuado por meio de transferência eletrônica de dados (TED). O primeiro
passo identifica as contas que movimentarão esta operação, neste caso,
fornecedores e bancos conta movimento. No segundo passo, é preciso saber a
qual grupo de contas pertencem as contas identificadas no primeiro passo,
sendo a primeira do passivo e a segunda do ativo. No terceiro passo, sabemos
que a variação das contas consistirá na diminuição tanto do passivo quanto do
ativo. No quarto passo, veremos que a conta fornecedores é conta de passivo,
portanto, origem de recursos, e o banco, conta de ativo, aplicação de recursos.
Vejamos os lançamentos advindos desse exemplo:

• Data: 20/04/2018.
• Débito: fornecedor (passivo).
• Crédito: banco conta movimento (ativo).
• Valor: R$ 500,00.
• Histórico: pagamento fornecedor X, referente nota fiscal y, conf.
transferência eletrônica de dados (TED) n/data.

Outro caso para exemplificarmos os conceitos abordados: a empresa


Yara Ltda., no final de fevereiro de 2015, em seu balanço patrimonial, tinha saldo
nas seguintes contas:

Quadro 2 – Balanço patrimonial: empresa Yara Ltda.

BALANÇO PATRIMONIAL – 02/2015 – YARA LTDA


Ativo Passivo
Circulante 6.250,00 Circulante 0,00
Clientes 6.250,00 Fornecedores 0,00
Não circulante 0,00
Estoque 0,00 Patrimônio líquido 6.250,00
Não circulante 0,00 Capital social 6.250,00
TOTAL DO ATIVO 6.250,00 TOTAL DO PASSIVO 6.250,00
Fonte: Oliveira, 2018.

No mês de março de 2015, incorreu nas seguintes situações:

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• No dia 10/03/2015 – adquiriu um empréstimo no valor de R$ 30.000,00,
no banco Baby S/A, para pagamento em 60 dias, considerando uma taxa
de juros de 4% no ato da concessão do empréstimo.

• No dia 29/03/2015 – a empresa recebeu, por meio de depósito, o valor de


R$ 6.500,00 referente ao pagamento de determinado cliente, vencido no
dia 01/03/2015. Dessa forma, o valor de R$ 6.250,00 refere-se ao saldo
do cliente e o restante de juros devido ao atraso do pagamento.

Tendo por base os quatro passos para definição dos lançamentos de débito
ou crédito, quais lançamentos devem ser efetuados nas duas situações?

Primeiro passo: identificar as contas movimentadas nessas operações:

Situação 1:

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• Bancos conta movimento (onde o valor recebido do banco será
depositado – ativo).
• Empréstimo bancário (valor da dívida que ficará pendente – passivo).
• Despesas com juros (juros pagos referentes ao empréstimo bancário –
despesa).

Situação 2:

• Bancos conta movimento (onde o valor recebido do banco será


depositado – ativo).
• Clientes (valor registrado anteriormente em caso de vendas a prazo –
ativo).
• Receitas com juros (valor referente a juros recebidos do cliente, devido ao
atraso no pagamento – receita).

Segundo passo: identificar o grupo de contas em que tais contas são


classificadas:

Situação 1:

• Direitos – ativo (banco conta movimento).


• Obrigações – passivo (empréstimo bancário).
• Despesa – conta de resultado (despesa com juros).

Situação 2:

• Direitos – ativo (banco conta movimento e clientes).


• Receita – conta de resultado (receita com juros).

Terceiro passo: saber se a variação foi negativa ou positiva:

Situação 1:

• Débito: banco conta movimento - R$ 32.200,00 – variação positiva no


grupo do ativo.
• Débito: despesas com juros – R$ 2.800,00 – variação negativa no grupo
do patrimônio líquido – impactando em prejuízo para o período
considerando somente esta transação.
• Crédito: empréstimo bancário – R$ 35.000,00 – variação positiva no
grupo do passivo.

Situação 2:

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• Débito: banco conta movimento – R$ 6.500,00 – variação positiva no
grupo do ativo.
• Crédito: receitas com juros – R$ 250,00 – variação positiva no grupo do
patrimônio líquido – impactando em lucro para o período
considerando somente esta transação.
• Crédito: clientes – R$ 6.250,00 – variação negativa no grupo do ativo.

Quarto passo: detectar qual das contas envolvidas representam


aplicação ou origem de recursos:

Situação 1:

• Origem de recursos – Empréstimo bancário;


• Aplicação de recursos – Bancos conta movimento e despesas com juros.

Observação: a conta empréstimo bancário é considerada origem de


recursos, tendo em vista que o recurso fora adquirido/originado junto a uma
instituição bancária, ao passo que a conta bancos conta movimento foi a conta
do ativo que recepcionou o recurso ora adquirido, dessa forma a conta bancos
conta movimento é a aplicação do recurso da situação 01.

Situação 2:

• Origem de recursos – receita de juros.


• Aplicação de recursos – clientes, bancos conta movimento.

Observação: a conta receita de juros é considerada origem de recursos, pois


o recurso de juros adquirido/originado junto ao recebimento de um cliente em
atraso – ou seja, a origem – se deu mediante o atraso do cliente, da mesma
forma como aconteceu na situação 1: a conta bancos conta movimento foi a
conta do ativo que recepcionou o recurso advindo dos juros recebidos, sendo
uma aplicação do recurso da situação 2.
Para efeito de melhor visualização, vejamos os lançamentos diretamente no
balanço patrimonial e a demonstração de resultado do exercício:

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Quadro 3 – Balanço patrimonial: empresa Yara Ltda.

Saldo Saldo final


Ativo anterior Débito Crédito
Circulante 6.250,00 38.700,00 6.250,00 38.700,00
Bancos conta 38.700,00
movimento 0,00 38.700,00 0,00
Clientes 6.250,00 0,00 6.250,00 0,00
TOTAL DO ATIVO 6.250,00 38.700,00 6.250,00 38.700,00
Circulante
Passivo 0,00 0,00 35.000,00 35.000,00
Empréstimo bancário 0,00 0,00 35.000,00 35.000,00
Não circulante 0,00 0,00 0,00 0,00
Patrimônio líquido 6.250,00 2.550,00 0,00 3.700,00
Capital social 6.250,00 0,00 0,00 6.250,00
Prejuízo do período 0,00 2.550,00 0,00 (2.550,00)
TOTAL DO PASSIVO 6.250,00 2.550,00 0,00 38.700,00
Fonte: Oliveira, 2018.

Quadro 4 – Demonstração do resultado do exercício: empresa Yara Ltda.

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO - YARA LTDA


Receita de vendas 0,00
(-) ICMS sobre vendas 0,00
(=) receita bruta 0,00
(-) Custo sobre mercadorias vendidas 0,00
(=) Lucro bruto 0,00
(.) despesas 0,00
(=) Lucro operacional 0,00
(+) receita financeira 250,00
(-) Despesa financeira 2.800,00
(=) Lucro líquido (2.550,00)

Observamos por meio do balanço patrimonial da empresa Yara Ltda. que


os lançamentos foram efetuados com o método das partidas dobradas, utilizando
um crédito e dois débitos (situação 1) e dois créditos e um débito (situação 2).
As contas patrimoniais utilizadas foram classificadas no grupo do ativo e passivo,
e a conta patrimonial prejuízo do período constituiu saldo por meio do confronto
das duas contas de resultado envolvidas nas transações: despesas com juros
na situação 1 e receitas com juros na situação 2.
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TEMA 2 – ELEMENTOS INTRÍNSECOS DE UM LANÇAMENTO (DATA, CONTA
A DÉBITO, CONTA A CRÉDITO, HISTÓRICO E VALORES)

Os lançamentos contábeis são registros dos fatos contábeis e provocam


mudanças na composição do patrimônio e da entidade. Os lançamentos são
efetuados de acordo com o método das partidas dobradas, em ordem
cronológica e com aspectos técnicos determinados pela legislação contábil.
Os lançamentos são feitos nas contas patrimoniais e nas de resultado.
Nas contas do grupo de ativo, em caso de aumento, os valores são lançados a
débito, uma vez que as contas de ativo são de natureza devedora, e, em caso
de diminuição, os lançamentos devem ser efetuados a crédito. Nas contas de
passivo, os lançamentos são efetuados a crédito, caso queiramos aumentar seu
saldo, e, se quisermos diminui-lo, devemos lançar os valores a débito – tendo
em vista que as contas de passivo e patrimônio líquido têm natureza credora,
salvo se as contas forem retificadoras. Nas contas relativas a receita e despesa,
o que deve ser levado em conta é seu reflexo no patrimônio líquido. As receitas
têm natureza credora, pois aumentam o PL; despesas têm natureza devedora,
pois o diminuem. Para melhor compreensão, observemos o quadro:

Quadro 5 – Efeitos do lançamento na contabilidade: natureza das contas

Conta Natureza Aumenta a Diminui a


Ativo (bens e direitos) Devedora Débito Crédito
Passivo (obrigações) Credora Crédito Débito
Patrimônio líquido Credora Crédito Débito
Receitas Credora Crédito Débito
Despesas e custos Devedora Débito Crédito
Contas retificadoras do ativo Credora Crédito Débito
Contas retificadoras do passivo Devedora Débito Crédito
Fonte: Oliveira, 2018.

As contas retificadoras têm natureza contrária ao grupo no qual estão


inseridas, dessa forma, ao invés de aumentarem o saldo do grupo, elas o
diminuem. Essas contas têm a finalidade de ajustar o saldo de uma conta
considerada principal, que demonstra o valor histórico dos bens classificados no
ativo imobilizado. Como exemplo disso podemos citar o caso da conta
depreciação acumulada de bens do ativo imobilizado, ou seja, a depreciação
refere-se ao desgaste natural do bem, e deve ser reconhecida pela contabilidade
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por meio de critérios estabelecidos pelas políticas empresariais, ou de acordo
com os normativos contábeis e pronunciamentos emitidos pelo comitê dos
pronunciamentos contábeis.
Para que possamos efetuar um lançamento, é preciso seguir etapas
semelhantes às do tópico anterior, ou seja, precisamos identificar as contas
envolvidas no fato; identificar a natureza destas contas e saber em quais grupos
estão classificadas; identificar a variação que tais fatos provocarão nas contas
envolvidas; e efetuar o respectivo lançamento utilizando o método das partidas
dobradas, tendo por base que o lançamento seguirá a lógica de sempre ter uma
origem de recurso e uma aplicação de recursos.
Lançamentos são elementos de uma técnica contábil chamada
escrituração, a primeira técnica utilizada pelo profissional contábil. Ela deve ser
feita imediata e corretamente, independentemente das causas, tomando por
base sempre o valor original da transação, o que implica controles financeiros e
fiscais das entidades. A escrituração tem duas funções: a função histórica e a
função monetária.

Figura 2 – Funções do lançamento

Função histórica Função monetária


Narra o fato contábil em Registro da expressão
ordem cronológica monetária dos fatos e
seu agrupamento
segundo a natureza de
cada grupo.

Fonte: Oliveira, 2018.

Os lançamentos contábeis são compostos por cinco elementos:

• local e data;
• conta devedora;
• conta credora;
• histórico;
• importância ou quantia (valor);
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O primeiro elemento abrange o local onde a empresa é estabelecida e a
data de ocorrência da transação, representando o dia, mês e ano do
acontecimento. Depois, a conta devedora, que é a conta debitada na transação,
sempre vindo em primeiro lugar. O terceiro elemento é a conta credora,
creditada. Em seguida, o histórico é a narração histórica do fato ocorrido, a qual
deve conter uma descrição resumida do fato, mas que seja explicativa e exprima
bem a operação, sendo precedida pelas seguintes abreviações: PG, em caso de
pagamento; REC, quando houver recebimento; e VR, quando não representar
nem pagamento e nem recebimento, sendo lançamentos de controle. Por fim, o
quinto elemento é a importância ou quantia, isto é, o valor das operações
expresso em unidades monetárias do país de estabelecimento das empresas.
Vejamos o seguinte exemplo: a empresa Vale dos Lírios Ltda.,
estabelecida na cidade de Ponte Nova – MG, no mês de abril de 2018, incorreu
nas seguintes situações:

1. Pagamento via caixa, da despesa de energia referente ao mês de abril,


no dia 15/04/2018 – no valor de R$ 250,00.
2. Recebimento por meio do caixa, de valor registrado na conta de clientes,
referente à venda efetuada no mês de março/2018 para o cliente Mar
Lucia Ltda. – por meio da duplicada 00123, no dia 16/04/2015 – no valor
de R$ 3.400,00.
3. Programação (provisão) da despesa de aluguel referente ao mês de abril,
no dia 30/04/2015 – no valor de R$ 1.800,00, a ser pago no dia
10/05/2018.

Situação 1 – lançamentos:

Local e data Ponte Nova – MG, 15/04/2018


Conta debitada Despesas com energia elétrica (resultado)
Conta creditada Caixa (ativo)
Histórico PG. despesas com energia elétrica, referente
ao mês 04/2015.
Valor R$ 250,00

Situação 2 – lançamentos:

Local e data Ponte Nova – MG, 16/04/2018


Conta debitada Caixa (ativo)
Conta creditada Clientes – Mar Lucia Ltda. (ativo)

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Histórico REC. Duplicata n. 00123; cliente: Mar Lucia
Ltda.
Valor R$ 3.400,00

Situação 3 – lançamentos:

Local e data Ponte Nova – MG, 30/04/2018


Conta debitada Despesas com aluguel (resultado)
Conta creditada Alugueis a pagar (passivo)
Histórico VR. despesas de aluguel ref. mês 04/2015 –
vencimento: 10/05/2018
Valor R$ 1.800,00

Os lançamentos efetuados demonstram a aplicação prática dos cinco


elementos indispensáveis nos lançamentos contábeis.

TEMA 3 – ATOS E FATOS ADMINISTRATIVOS (PERMUTATIVOS,


MODIFICATIVOS E MISTOS)

O patrimônio das empresas está em constante movimento, em função dos


acontecimentos a que estão sujeitas, de acordo com sua dinâmica. Tais
acontecimentos são divididos em dois grupos: fatos administrativos e atos
administrativos.
Atos administrativos são situações que acontecem nas empresas que não
provocam alterações em seu patrimônio. Por exemplo, a assinatura do contrato
de trabalho na admissão de um funcionário é um ato que em primeiro momento
não provoca variação do patrimônio da empresa.
Fatos administrativos, ou fatos contábeis, são acontecimentos que
provocam variações no patrimônio das empresas, podendo ou não variar seu
patrimônio líquido. São ocorrências que têm por efeito a alteração do patrimônio,
seja no aspecto qualitativo ou quantitativo, e se classificam em três grupos: fatos
contábeis permutativos (aspectos qualitativos ou compensativos), fatos
contábeis modificativos (aspectos quantitativos) e fatos contábeis mistos
(compostos, aspectos qualitativos e quantitativos).
Os fatos contábeis permutativos envolvem lançamentos de ativo e
passivo, não alterando o patrimônio das empresas, sendo somente uma
permuta, uma troca entre elementos do ativo e passivo, ou entre contas do PL,
que apenas altera a composição qualitativa dos elementos pertencentes ao

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patrimônio. Como exemplo, podemos citar a aquisição à vista de um móvel para
a empresa. Percebe-se neste lançamento que será debitada a conta móveis e
utensílios e creditada a conta caixa, ambas pertencentes ao ativo, não alterando
o patrimônio líquido.
Os fatos contábeis modificativos são aqueles que alteram a composição
do patrimônio da empresa. Quando o aumentam, são chamados de fatos
modificativos aumentativos, e quando o diminuem, são chamados de fatos
modificativos diminutivos. Os fatos contábeis modificativos aumentativos
envolvem uma conta patrimonial e uma conta de resultado, neste caso, fatos que
envolvam contas de receita (vendas, alugueis, rendimentos financeiros), que
aumentarão o saldo das contas representativas de lucros do patrimônio líquido.
Os fatos contábeis modificativos diminutivos envolvem uma conta patrimonial e
uma de resultado, neste caso, fatos que envolvam contas de despesa (com
vendas administrativas, financeiras), que diminuirão o saldo das contas
representativas de lucros do patrimônio líquido. Como exemplo de fato
modificativo aumentativo, podemos citar a contabilização do rendimento
financeiro de uma conta de aplicação, e, como exemplo de fato modificativo
diminutivo, despesas bancárias pagas para a manutenção da conta corrente.
Existem situações na empresa chamadas de fatos contábeis mistos,
quando acontecem fatos permutativos e modificativos ao mesmo tempo, sendo
uma troca de elementos patrimoniais com lucro ou prejuízo. Como exemplo de
fato misto, podemos citar o recebimento de uma duplicata com juros que envolve
a conta caixa ou bancos, quando são recebidos direitos anteriormente
registrados na conta de clientes. Contudo, os juros advindos deste recebimento
são contabilizados em conta de receita financeira. Os fatos contábeis mistos
também podem ser aumentativos ou diminutivos:

• São aumentativos quando envolvem duas ou mais contas patrimoniais e


uma ou mais contas para receita, como uma venda com lucro, por
exemplo, ou recebimento de duplicata em atraso com juros.
• São diminutivos quando envolvem duas ou mais contas patrimoniais e
uma ou mais conta de despesa; quando se tem caracterizado um prejuízo
advindo do lançamento de uma despesa ou perda. Como exemplo,
podemos citar o pagamento de uma duplicata em atraso com juros, ou
baixa de estoque devido à perda advinda da perecibilidade dos produtos.

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Quadro 6 – Fatos administrativos: método das partidas dobradas

Débito envolvendo Crédito envolvendo


Fato contábil
contas de: contas de:
Ativo Ativo

Passivo Passivo

Ativo Passivo Permutativo

Passivo Ativo

Patrimônio líquido Patrimônio Líquido

Ativo Patrimônio Líquido/Receita


Modificativo aumentativo
Passivo Patrimônio Líquido /Receita

Patrimônio líquido/despesa Ativo


Modificativo diminutivo
Patrimônio líquido/despesa Passivo

Ativo Passivo/Patrimônio líquido/Receita


Misto aumentativo
Ativo e passivo Ativo/Receita

Patrimônio líquido Patrimônio líquido/Passivo


Misto diminutivo
Ativo/Patrimônio
Ativo
líquido/Despesa

Fonte: Oliveira, 2018.

Para finalizarmos este assunto, não podemos confundir fatos contábeis e


atos administrativos. Um ato administrativo não produz de imediato qualquer
alteração no patrimônio e não deve ser registrado na contabilidade. Se
contabilizados, podemos afirmar que são operações extrapatrimoniais,
classificadas em contas de compensação. Ou seja, quando promovemos
determinado colaborador, trata-se de um ato administrativo; quando pagarmos o
salário desse colaborador, estamos executando um fato contábil, advindo da
alteração do patrimônio, referente à despesa de salários do colaborador.

TEMA 4 – REGIME DE COMPETÊNCIA CAIXA E MISTO

Regimes contábeis podem ser entendidos como o método de registro dos


lançamentos contábeis, sendo classificados em regime de competência ou
regime de caixa. O regime de competência é realizado no período de
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competência da receita ou despesa realizada, ou seja, caso uma empresa tenha
uma despesa no mês de junho para pagar apenas em outubro, o registro contábil
será efetuado em junho, visto que a ocorrência de tal despesa ocorreu neste
mês; dessa forma, esse é o mês de competência da despesa.
O regime da competência consiste no fato de que, independentemente da
data de recebimento ou pagamento de valores monetários envolvidos nas
operações das empresas, elas são registradas na data exata da transação
efetuada, não importando para a contabilidade quando os atos serão pagos ou
recebidos, mas sim quando foram realizados.
O regime de caixa considera o registro dos documentos na data em que
foram pagos ou recebidos, como se fossem uma gaveta onde fica guardado todo
o dinheiro da empresa. Caso entre algum valor, registra-se como entrada; caso
saia, registra-se como saída de caixa.
O regime da competência nos traz o entendimento de que as receitas e
despesas devem estar registradas nas demonstrações contábeis no momento
de sua ocorrência, o que está alinhado ao princípio contábil da competência. De
acordo esse princípio, as receitas e despesas devem ser inseridas nos
lançamentos no momento de seu acontecimento, independentemente do
momento de pagamento (despesas) ou recebimento (receita).
Como exemplo da aplicação dos regimes, pensemos na seguinte
situação: recebendo um salário de R$ 2.000,00, paga-se a fatura do cartão de
crédito no valor de R$ 1.500,00. Considerando que esta fatura contempla
compras de diversos meses, mas seu vencimento é dia 10 de outubro, o
pagamento pode ser considerado regime de caixa, e, caso contabilize pela data
de ocorrência dos fatos, seria o regime de competência. Tal situação é
vivenciada somente por pessoas físicas. Empresas, no entanto, devem
contabilizar a fatura de cartão de crédito considerando os documentos que
deram origem aos lançamentos, e não a fatura em si.
Contabilizar por meio do regime de competência é uma forma de controle,
visto que o orçamento empresarial estabelece o valor a ser gasto em cada
modalidade de despesa, e esta despesa não necessariamente será paga num
mesmo momento, assim como o pagamento das despesas. Por meio do regime
de competência, as empresas têm condições de apurar o seu real resultado
operacional, visto que as receitas e as despesas são registradas de acordo com
o período de sua ocorrência.

17
TEMA 5 – PRIMAZIA DA ESSÊNCIA SOBRE A FORMA

Valorizar a essência de tudo é algo em voga desde sempre, e em


contabilidade não poderia ser diferente. Entende-se por primazia da essência
sobre a forma a correta classificação ou inserção de dados quaisquer na
contabilidade, de forma que a essência será valorizada, em detrimento aos
aspectos legais. Isso não significa que a legislação não será observada, contudo,
ao nos depararmos com documentos como contratos, notas fiscais e duplicatas,
devemos considerar valores e transações reais mais próximos da realidade, de
forma a demonstrar a realidade econômica das empresas, com o objetivo de
facilitar sua gestão, e não apenas cumprir com requisitos legais.
No cenário brasileiro, essa primazia é algo relativamente novo, tendo em
vista que requer senso de julgamento mais crítico, mas é uma realidade bastante
arraigada na cultura dos contadores atuantes nos Estados Unidos e países da
Europa. A essência sobre a forma pode ser entendida como a essência
econômica sobre a forma jurídica, pregando que aquela prevalece sobre esta.
Como exemplo dessa primazia, podemos citar o caso da depreciação. No
Brasil, por muitos anos contabilizamos a depreciação com base na legislação do
imposto de renda, no respectivo RIR – Regulamento do Imposto de Renda
(1999), segundo o qual veículos têm vida útil determinada de cinco anos, com
taxa de depreciação de 20% ao ano. Se analisarmos a depreciação de veículos
sob o prisma da primazia da essência sobre a forma, podemos depreciar o
veículo em um período diferente do estabelecido na legislação, visto que ele
pode durar muito mais que cinco anos, a depender de sua manutenção. Assim,
estou fazendo com que a essência econômica do veículo prevaleça sobre a
forma jurídica, contida no RIR (1999).
Podemos afirmar que a prática contábil se encaixa mais nos padrões da
primazia da essência sobre a forma quando normas são elaboradas pelos
próprios contadores, não existindo interferência significativa do Estado. Nesse
sentido, o profissional contábil tem mais condições de fornecer informações reais
nas demonstrações contábeis, de forma a facilitar e agilizar o processo decisório
ou consultivo dos usuários desta informação.

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TROCANDO IDEIAS

A estrutura jurídica dos países é determinada por regimes legais, pois o


sistema legal faz parte dessa estrutura. Temos dois sistemas legais ao redor do
mundo: Code Law e Common Law. O sistema Code Law é baseado no direito
romano, sendo um regime conhecido por sua visão legalista, na qual tudo deve
ser previsto em lei. Common Law é um sistema de origem inglesa e tem como
predominância um direito baseado em usos e costumes, ou seja, é um direito
consuetudinário, que não passa por um processo de criação de leis, e sim
soluções específicas para cada caso ou situação (Niyhama, 2006).
O regime Code Law foi estabelecido durante o apogeu do Império
Romano e deu origem a um sistema jurídico muito complexo, individualista e com
alta formalidade. Tal regime é adotado em países como Japão, França e
Alemanha, onde as regras são bastante detalhadas, para que sejam aplicadas.
O regime Common Law é um sistema ou família do direito que se desenvolveu
por meio de decisões de tribunais, e não mediante atos legislativos ou
executivos. Países como Inglaterra, Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova
Zelândia estão inseridos no sistema Common Law.
Com base nisso, sabemos que na contabilidade existem regras, normas
e princípios, e que os sistemas legais norteiam sua aplicação. No sistema Code
Law, as normas contábeis tendem a ser editadas pelo governo, e a profissão
contábil se torna mais executora e menos atuante. Diferentemente, no sistema
Common Law, uma vez que a profissão contábil é autorregulamentada, torna-se
responsável pela edição de normas contábeis e outros elementos pertinentes à
profissão.
Acesse o Ambiente Virtual da Aprendizagem (AVA) e utilize o fórum para
discutir com seus colegas acerca dos regimes adotados pelos países do mundo.
Aproveite e responda às seguintes perguntas: qual tipo de regime é adotado no
Brasil? Qual regime influencia na adoção da primazia da essência sobre a
forma? Na profissão contábil, quais as vantagens de um regime com grande
interferência do Estado na legislação contábil?

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NA PRÁTICA

A empresa Pensamento Ltda., estabelecida na cidade de Toledo – PR, foi


constituída no dia 2 de janeiro de 2017.
No mês de janeiro de 2017, incorreu nas seguintes situações:

a) Integralização do capital social no valor de R$ 100.000,00 no dia


02/01/2017, em espécie.
b) No dia 03/01/2017, adquiriu a prazo mercadorias (Nota fiscal 0123 –
Fornecedor Pois é S/A) no valor de R$ 75.000,00, sem considerarmos
impostos.
c) No dia 04/01/2017, vendeu 50% das mercadorias adquiridas à vista, pelo
valor de R$ 50.000,00 (NF 0415 – Cliente: Roda Roda Ltda.).
d) No dia 05/01/2017, pagou despesa de aluguel referente ao mês de
janeiro/2017, no valor de R$ 2.000,00.
e) No dia 30/01/2017, fez provisão da despesa de energia elétrica referente
ao mês de janeiro, no valor de R$ 200,00, com vencimento em
15/02/2017.

1. Tendo por base os quatro passos para definição acerca dos lançamentos
de débito ou crédito, faça os lançamentos das situações abordadas.
2. Classifique em cada lançamento se ele se caracteriza como ato ou fato
contábil, e, caso seja fato, se permutativo, modificativo aumentativo,
modificativo diminutivo, misto diminutivo e misto aumentativo.
3. Apure o resultado da empresa Sentimento Ltda., com base no regime de
competência e regime de caixa, e, ao final, aponte o valor do PL diante do
regime de caixa e o PL diante do regime de competência.

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Solução

1. Solução A:

Local e data Toledo - PR. 02/01/2017


Conta debitada Caixa (ativo)
Conta creditada Capital social (ativo)
Histórico VR. Integralização de capital social referente à
constituição da empresa nesta data
Valor R$ 100.000,00

Situação B:

Local e data Toledo - PR. 03/01/2017

Conta creditada Fornecedores – Pois é S/A (passivo)


Histórico VR. Aquisição de mercadorias por meio da NF
0123, Fornecedores: Pois é S/A
Valor R$ 75.000,00

Situação C:

Local e data Toledo – PR, 04/01/2017


Conta debitada Caixa (ativo)
Conta creditada Receita de vendas (resultado)
Histórico REC. Venda de mercadorias – NF 0415 –
Cliente: Roda Roda Ltda.
Valor R$ 50.000,00
Local e data Toledo – PR, 04/01/2017
Conta debitada Custo de mercadorias vendidas (resultado)
Conta creditada Estoques (ativo)
Histórico Vr. Baixa do estoque referente à venda de
mercadorias – NF 0415 – Cliente: Roda Roda
Ltda.
Valor R$ 37.500,00

Situação D:

Local e data Toledo – PR, 05/01/2017


Conta debitada Despesas com aluguel (resultado)
Conta creditada Caixa (ativo)

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Histórico VR. Despesas de aluguel ref. Mês 04/2015 –
vencimento: 10/05/2018
Valor R$ 2.000,00

Situação E:

Local e data Toledo – PR, 30/01/2017


Conta debitada Despesas com energia (resultado)
Conta creditada Contas a pagar – energia (passivo)
Histórico VR. Despesas de energia ref. mês 01/2017 –
vencimento: 17/02/2018
Valor R$ 200,00

2. Situação A – fato contábil – modificativo aumentativo, tendo em vista que


aumentou ativo e aumentou PL.
Situação B – fato contábil – permutativo, tendo em vista que aumentou
ativo e passivo, sem interferir no valor do PL.
Situação C – fato contábil – misto aumentativo, misto diminuitivo,
tendo em vista que no ato da venda aumentou ativo (caixa) e aumentou
PL (receita de vendas). No segundo momento, diminuiu o PL (ICMS sobre
vendas) e aumentou o PL (ICMS a pagar), e, ao final, diminuiu o PL (custo
sobre vendas de mercadorias) e reduziu o ativo (estoques).
Situação D – fato contábil – modificativo diminuitivo, tendo em vista
que diminuiu ativo e diminuiu PL.
Situação E – fato contábil – modificativo diminuitivo, tendo em vista
que aumentou passivo e diminuiu PL.

3. Apuração regime de caixa:

Situação Data Entrada/saída no caixa Saldo atualizado do caixa


A 02/01/2017 R$ 100.000,00 R$ 100.000,00
B 03/01/2017 0,00 R$ 100.000,00
C 04/01/2017 R$ 50.000,00 R$ 150.000,00
D 05/01/2017 R$ 2.000,00 R$ 148.000,00
E 30/01/2017 0,00 R$ 148.000,00

Apuração regime de competência:

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO


Receita de vendas 50.000,00

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(-) ICMS sobre vendas 0,00
(=) Receita bruta 50.000,00
(-) Custo sobre mercadorias vendidas 37.500,00
(=) Lucro bruto 12.500,00
(-) Despesas 2.200,00
Aluguel 2.000,00
Energia elétrica 200,00
(=) Lucro líquido 10.300,00

ATIVO
Saldo anterior Débito Crédito Saldo atual
Circulante 0,00 225.000,00 39.500,00 185.500,00

Estoque - 75.000,00 37.500,00 37.500,00

TOTAL DO ATIVO 0.000,00 225.000,00 39.500,00 185.500,00


PASSIVO
Contas a pagar – 200,00
energia 0,00 0,00 200,00
Fornecedores 0,00 0,00 75.000,00 75.000,00
Não circulante 0,00 0,00 0,00 0,00
Patrimônio líquido 0,00 0,00 100.000,00 110.300,00
Capital social 0,00 0,00 100.000,00 100.000,00
Lucro do período 0,00 0,00 10.300,00 10.300,00
TOTAL DO PASSIVO 0,00 0,00 186500,00 185.500,00

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FINALIZANDO

Nesta aula, vimos que o método das partidas é uma técnica de


escrituração que consiste no entendimento de que os lançamentos de valores
nas contas a débito devem ser sempre iguais ao total dos valores lançados nas
contas de crédito, sendo considerado o método mais adequado para registro das
operações que envolvem o patrimônio das organizações.
Regime contábil pode ser entendido como o método de registro dos
lançamentos contábeis, sendo classificado em regime de competência e regime
de caixa. O regime de competência é realizado no período de competência da
receita ou despesa realizada, ou seja, caso uma empresa tenha feito uma
despesa no mês de junho para pagar apenas em outubro, o registro contábil será
efetuado em junho, sendo esse o mês de competência da despesa.
A primazia essência sobre a forma tende a ser menos executada em
países cujo regime legal é o Code Law, estabelecido durante o apogeu do
Império Romano e que deu origem a um sistema jurídico muito complexo,
individualista e com alta formalidade. Nos países com regime Common Law, a
situação é diferente, visto que tal sistema se desenvolveu por meio de decisões
de tribunais, em que as normas não estão escritas, e sim sancionadas por
costumes ou jurisprudência. Nestes países, a prática contábil se torna mais de
acordo com a primazia da essência sobre a forma, pois as normas são
elaboradas pelos próprios contadores, sem grande interferência do Estado,
tendo melhores condições de gerar informações próximas da realidade.

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REFERÊNCIAS

ALMEIDA, M. C. Contabilidade intermediária. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

FEA/USP. Contabilidade Introdutória. 10.ed. São Paulo: Atlas, 2006.

FRANCO, H. Contabilidade geral. 23. ed. São Paulo: Atlas, 1996.

GASPARINI, C. O novo perfil de uma das profissões das profissões mais


estáveis do Brasil. Exame, 2017. Disponível em:
<https://exame.abril.com.br/carreira/o-novo-perfil-de-uma-das-profissoes-mais-
estaveis-do-brasil/>. Acesso em: 18 jul. 2019.

IUDÍCIBUS, S de; MARION, J. C. Contabilidade comercial. 9. ed. São Paulo:


Atlas, 2010.

IUDÍCIBUS, S. de. Teoria da contabilidade. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

MARION, J. C. Contabilidade básica. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

______. Contabilidade empresarial. 15. ed. São Paulo: Atlas. 2009.

NIYAMA, J. K. Contabilidade internacional. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

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