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Projetos Integradores I

Contábeis
UNIDADE II
Sumário

Patrimônio....................................................................................................................... 2
Equação Fundamental da Contabilidade: Ativo = Passivo...................................... 10
Equação do Patrimônio Líquido................................................................................... 10
Situação Positiva............................................................................................................................. 10
Situação Nula................................................................................................................................... 11
Situação Negativa........................................................................................................................... 11

Mecanismo de Débito e Crédito e Natureza das Contas........................................ 11


Conta de Natureza Devedora...................................................................................... 12
Contas de Natureza Credora....................................................................................... 13
Plano de Contas............................................................................................................. 16
Atos e Fatos Administrativos....................................................................................... 22
Continuidade................................................................................................................... 24
Pressuposto Regime da Competência....................................................................... 25
Regime de Caixa............................................................................................................ 29

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Para início de conversa

Olá, estudante! Seja bem-vindo(a) a nossa II unidade. Gostaria de contar mais uma vez com sua dedicação
nessa nova jornada de estudos.

Palavras do Professor

Caro(a) aluno(a), é gratificante colaborar para a construção do seu aprendizado através do nosso guia de
estudo. Desta forma, elaborei o material utilizando uma linguagem objetiva e clara trazendo informações
importantes que com certeza irão contribuir de forma positiva para seu aprendizado. Lembre-se que seu
comprometimento será primordial para que você possa alcançar seu sucesso, seja na vida profissional e/
ou pessoal! Neste guia de estudo trago para você o conceito de Patrimônio.

Preparado (a)? Vamos começar!

PATRIMÔNIO

Patrimônio é o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma pessoa ou de uma organização, ele é
propriedade desta pessoa ou organização e expresso em moeda. Se eu te perguntasse o que é um bem
para você? Talvez você me dissesse que é a pessoa que você gosta, que te faz companhia, enfim, seu
amor é seu maior bem, porque consideramos uma pessoa um “bem”? Creio que seja porque damos valor a
essa pessoa, gostamos de usufruir da sua companhia, etc. No entanto, uma pessoa em termos contábeis
não pode ser um bem, visto que só contabilizamos aquilo que é expresso em moeda e o bem que forma o
patrimônio é expresso em moeda.

Podemos então pensar num bem como aquilo que satisfaz necessidades. Uma TV é um bem porque vemos
programas de TV nela, conseguimos distração e passar o tempo. Uma cadeira, mesa, veículos, etc., todos
são bens, pois, proporcionam benefícios, entende? Os bens podem ser corpóreos (tangíveis), ou seja,
você pode pegar ou incorpóreo (intangível) aquilo que você não consegue pegar. Como exemplo de bem
corpóreo temos mesa, cadeiras, notebooks, cafeteira, veículos, etc. Os bens tangíveis podem ser bens
de troca que são as mercadorias e dinheiro, servem para trocar por outros bens. Bens de consumo são
os usados no dia a dia da empresa, como material de limpeza, material de expediente, etc. Como bem
intangível podemos citar como exemplo o direito autoral de um livro, direito de explorar uma mina, direito
de explorar uma linha de transporte público, etc.

Já que começamos a falar em direito, podemos definir direito como valores a receber de outras pessoas
tais como duplicadas a receber, aluguéis a receber, etc.

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Outro componente do Patrimônio são as obrigações que representam valores a pagar ou obrigações
a cumprir. Por exemplo, duplicatas a pagar, empréstimos a pagar, FGTS a Recolher, Fornecedores
(representa quem vendeu mercadorias a prazo para a empresa). Um exemplo de obrigações a cumprir
são os adiantamentos de clientes, quando um cliente adianta o pagamento de uma transação espera que
a transação seja realizada, por exemplo, você vai a uma loja e compra uma geladeira à vista, isto é um
adiantamento de clientes, quando a geladeira é entregue a você a empresa está cumprindo o compromisso
quando recebeu o valor da geladeira.

Dica

Você pode estar curioso sobre a conta FGTS a Recolher, porque eu não utilizei a conta FGTS a Pagar, em
geral, quando pagamos tributos estamos recolhendo tributos aos cofres públicos, por isso é próprio usar
a recolher, além disso, os encargos públicos não foram criados pelas operações da empresa e sim por
ato do governo, enfim, para mim, é mais lógico recolher aos cofres públicos, mas fique à vontade, um ou
outro está correto.

??? Você sabia?

Existe uma representação gráfica do patrimônio que é um T. Convencionou-se que do lado esquerdo do T
serão colocados os Bens e Direitos e que do lado direito são colocados as Obrigações com terceiros e as
Obrigações com os sócios/investidores representados pelo patrimônio líquido.

Outra forma de explicar esta convenção é que no lado esquerdo estão todas as aplicações de recursos da
organização e do lado direito teremos as origens de recursos.

Você vai entender direitinho. Vamos ver a representação gráfica:

PATRIMÔNIO
BENS + DIREITOS OBRIGAÇÕES

Entenda, é uma CONVENÇÃO e no lado esquerdo temos BENS e DIREITOS e no lado direito as OBRIGAÇÕES.

No lado esquerdo temos o ATIVO que por definição é o conjunto de bens e direitos e, como dito, no lado
direito o PASSIVO formado pelas obrigações com terceiros (pessoas estranhas à sociedade/organização)
e obrigações com os sócios representados pelo patrimônio líquido, já voltamos a falar sobre ele.

Então temos que:


PATRIMÔNIO
ATIVO PASSIVO
BENS + DIREITOS OBRIGAÇÕES
(B + D) (O)
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Você pensa que é mais desejável ter bens e direitos ou ter obrigações? Naturalmente, todo mundo quer
ter sempre mais bens e direitos por isso este lado é POSITIVO, por isso o Ativo tem saldo positivo. Já as
obrigações são restritivas e por este motivo tem saldo negativo.

Suponha que você está precisando de dinheiro e pede emprestado a um amigo, vamos chama-lo de Pedro.
Você entende que Pedro tem um crédito contigo? E que você tem uma obrigação com ele?

Se você fosse registrar esta operação na sua contabilidade seria assim:

No lado das obrigações Empréstimo a Pagar a Pedro e no lado dos bens e direito você teria a conta Caixa
representando o seu bem, pois, o dinheiro agora é seu.

Vamos ver como fica?

PATRIMÔNIO
ATIVO PASSIVO
CAIXA 100,00 Empréstimo a Pagar a Pedro 100,00

Então podes entender que este ATIVO, Conta Caixa, que representa o dinheiro que você recebeu, só existe
por conta do empréstimo no passivo?

Que o Ativo DEVE sua existência ao passivo e que o Passivo tem um CRÉDITO com o ativo?

É desta forma que eu percebo porque o ATIVO tem SALDO DEVEDOR e o PASSIVO tem SALDO
CREDOR.

Vamos colocar esta nova informação na equação patrimonial:

PATRIMÔNIO
ATIVO (saldo devedor) + PASSIVO (saldo credor) -
CAIXA 100,00 Empréstimo a Pagar a Pedro 100,00

Você consegue perceber que a cada movimento, teremos sempre uma ORIGEM DE RECURSO e uma
APLICAÇÃO DE RECURSO?

Você recebeu recurso de Pedro (origem) e colocou no caixa (aplicação).

Por isso em contabilidade se diz que não há débito sem crédito e que não há crédito sem débito.

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Assim, fica muito fácil entender que o lado do passivo é credor porque representam crédito de outras
pessoas com a empresa, você entende que quando alguém te empresta dinheiro, representa um crédito
dessa pessoa, representando ao mesmo tempo, uma obrigação sua de pagar a esta pessoa? E que também
isso representa a origem do recurso que você dispõe?

Dica

E atente para isto:

Toda aplicação de recurso é debitada e toda origem de recurso é creditada.

Isso é um mantra na contabilidade e você deve entender, compreender e introjetar isto dentro de você.

Antes de continuarmos quero que faça a atividade abaixo:

Praticando

Nesta atividade queremos entender como registrar as origens e aplicações de recursos, neste momento
não estou interessada que você utilize as contas corretamente, mas que entenda que debitam-se as
aplicações e creditam-se as origens de recursos.

É importante que você utilize qualquer recurso para memorizar isto, uma estudante escreveu esta
frase na assinatura do e-mail dela, outra escreveu DACO (Debitam-se as Aplicações e Creditam-se
as Origens de recursos). Crie a sua ou peça emprestado esta da colega.

Vamos à atividade, sabemos que PATRIMÔNIO é o conjunto de BENS, DIREITOS E OBRIGAÇÕES.

Quero que pense em situações do seu cotidiano em que haja variações patrimoniais, exemplo:

a) Compra de um hambúrguer com cartão de crédito.


b) Ida ao cinema e compra do ingresso em dinheiro.
c) Abastecimento de veículo pago em dinheiro.
d) Pegar um ônibus e pagar a passagem em dinheiro.
e) Compra de um notebook à vista e pago em dinheiro.
f) Compra de roupas a prazo com cartão de crédito.

Como seriam registradas estas operações na contabilidade?

Sabemos que se debitam as aplicações e creditam-se as origens de recursos.


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Vamos analisar e contabilizar cada uma destas situações:

Gostaria que você desse uma pausa na leitura, pegue lápis e papel e tente colocar as situações acima
num T, depois corrija seguindo a leitura.

a) Compra de um hambúrguer com cartão de crédito.

Aqui temos como origem de recurso o cartão de crédito, sem ele você não poderia aplicar o dinheiro no
hambúrguer.

PATRIMÔNIO
ATIVO (saldo devedor) + PASSIVO (saldo credor) -
Hambúrguer 35,00 Cartão de Crédito a Pagar 35,00

Registro na contabilidade:

D Hambúrguer 35,00
C Cartão de crédito a pagar 35,00

b) Ida ao cinema e compra do ingresso em dinheiro.

Aqui você aplicou seu recurso no direito de assistir ao filme, vamos registrar?

PATRIMÔNIO
ATIVO (saldo devedor) + PASSIVO (saldo credor) -
Ingresso Cinema 25,00 Caixa 25,00

Registro na contabilidade:

D Ingresso Cinema 25,00


C Caixa 25,00

c) Abastecimento de veículo pago em dinheiro.

Agora ficou fácil, diga aí... Recurso aplicado em Combustível, origem do recurso foi o Caixa.

PATRIMÔNIO
ATIVO (saldo devedor) + PASSIVO (saldo credor) -
Combustível 135,00 Caixa 135,00

Registro na contabilidade:

D Combustível 135,00
C Caixa 135,00

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d) Pegar um ônibus e pagar a passagem em dinheiro.

Aplicação de recurso na passagem (direito de andar de ônibus) origem do recurso conta caixa.

PATRIMÔNIO
ATIVO (saldo devedor) + PASSIVO (saldo credor) -
Transporte 6,00 Caixa 6,00

Registro na contabilidade:

D Transporte 6,00
C Caixa 6,00

e) Compra de um notebook à vista pago em dinheiro.

PATRIMÔNIO
ATIVO (saldo devedor) + PASSIVO (saldo credor) -
Notebook 3.500,00 Caixa 3.500,00

Registro na contabilidade:

D Notebook 3.500,00
C Caixa 3.500,00

f) Compra de roupas a prazo com cartão de crédito.

PATRIMÔNIO
ATIVO (saldo devedor) + PASSIVO (saldo credor) -
Roupas 150,00 Cartão de Crédito a Pagar 150,00

Registro na contabilidade:

D Roupas 150,00
C Cartão de Crédito a Pagar 150,00

Então você agora entende porque debitamos o caixa quando recebe dinheiro? Porque o caixa deve o
dinheiro a alguém, quando creditamos o caixa, é porque ele foi origem de recurso e tem crédito com
alguém.

Antes de continuar, quero ver se você entendeu a sistemática do débito e crédito direitinho, então vamos
a mais uma prática.

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Praticando


Caro(a) aluno(a), escolha um dia qualquer em sua vida e registre cinco situações de alteração do patrimônio
e faça o registro contábil. Utilize o formulário abaixo para o registro. É importante que você entenda
definitivamente como debitar e creditar as contas nos registros das operações contábeis.

Descrição do evento:

Exemplo: Comprei combustível e paguei em dinheiro

Aplicação de recurso: Origem de recurso Valor R$ 75,00

Combustível Meu bolso (caixa)


1. Descrição do evento: Abasteci meu carro.

Aplicação de recurso Origem de recurso Valor

2. Descrição do evento:

Aplicação de recurso Origem de recurso Valor

3. Descrição do evento:

Aplicação de recurso Origem de recurso Valor

4. Descrição do evento:

Aplicação de recurso Origem de recurso Valor

5. Descrição do evento:

Aplicação de recurso Origem de recurso Valor

Acho interessante que eu responda com minhas atividades também, segue atividades do meu dia, supondo
estas situações:

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Descrição do evento:

Exemplo: Comprei combustível e paguei em dinheiro

Aplicação de recurso: Origem de recurso Valor R$ 75,00

Combustível Meu bolso (caixa)


1. Descrição do evento: Abasteci meu carro.

Aplicação de recurso Origem de recurso Valor

Combustível e Lubrificantes Banco R$ 175,00


2. Descrição do evento: Fui ao supermercado e fiz feira.

Aplicação de recurso Origem de recurso Valor


Estoque Material de Consumo Caixa R$ 258,00
3. Descrição do evento: Paguei estacionamento.

Aplicação de recurso Origem de recurso Valor

Despesas de estacionamento Caixa R$ 10,00


4. Descrição do evento: Comprei material de escritório.

Aplicação de recurso Origem de recurso Valor

Estoque Material Escritório Caixa R$ 85,00


5. Descrição do evento: Recebi meu salário.

Aplicação de recurso Origem de recurso Valor

Banco A Receita de salário R$ 1.500,00-

Podemos voltar agora à equação Patrimonial, vimos que:

PATRIMÔNIO
ATIVO PASSIVO
BENS + DIREITOS OBRIGAÇÕES
(B + D) (O)

Esta representação gráfica é representada assim, matematicamente:

ATIVO = PASSIVO
BENS + DIREITO = OBRIGAÇÕES
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EQUAÇÃO FUNDAMENTAL DA CONTABILIDADE: ATIVO = PASSIVO

IMPORTANTE

No ativo temos os bens e direitos e no passivo as obrigações, em dois grandes grupos,


obrigações exigíveis (a empresa deve a terceiros) e obrigações não exigíveis, representa o
investimento dos sócios e chama-se patrimônio líquido.

Demonstrando como encontrar o PATRIMÔNIO LÍQUIDO


ATIVO = PASSIVO
BENS + DIREITO = OBRIGAÇÕES + PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Mudando o lado dos termos da equação:


OBRIGAÇÕES + = BENS + DIREITO

LÍQUIDO

Queremos achar o valor do Patrimônio Líquido, então vamos isolar o Patrimônio Líquido e levar obrigações
para o lado direito da equação, trocando o sinal de + por - .
PATRIMÔNIO LÍQUIDO = BENS + DIREITO / OBRIGAÇÃO

EQUAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

O Patrimônio Líquido representa a riqueza líquida da empresa, representa o quanto sobraria aos sócios
em eventual liquidação (encerramento das atividades) da empresa. O Patrimônio Líquido pode apresentar
três situações: positiva, negativa ou nula.

Situação Positiva

O Patrimônio Líquido estará com situação positiva quando o ativo é maior que as obrigações (passivo),
também pode ser chamada de situação ativa ou situação superavitária.

Exemplo

Ativo maior que o passivo: situação: superavitária, positiva ou ativa.

ATIVO PASSIVO
Bens 1.000,00 Obrigações 800,00
Direitos 1.500,00 Patrimônio Líquido 1.700,00
Total 2.500,00 Total 2.500,00
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Nesta situação superavitária do exemplo, significa que os investidores têm direito a R$ 1.700,00. Que se
a empresa encerrasse suas atividades hoje, o ativo pagaria todos as suas obrigações e ainda sobraria R$
1.700,00 para os sócios.

Situação Nula

Situação líquida nula ocorre quando o ativo é igual ao passivo.

Exemplo

Ativo igual que o passivo: situação: nula

ATIVO PASSIVO
Bens 1.000,00 Obrigações 2.500,00
Direitos 1.500,00 Patrimônio Líquido 0,00
Total 2.500,00 Total 2.500,00

Na situação líquida nula, os bens e direitos da empresa consegue pagar todas as suas obrigações com
terceiros, mas não sobraria nada para os investidores/sócios.

Situação Negativa

Situação líquida deficitária ocorre quando o passivo é maior que o ativo, neste caso a situação líquida
pode ser chamada também de negativa ou passiva, conhecido ainda como passivo a descoberto.

Exemplo

Ativo menor que o passivo: situação: superavitária, positiva ou ativa.

ATIVO PASSIVO
Bens 1.000,00 Obrigações 3.000,00
Direitos 1.500,00 Passivo a descoberto -500,00
Total 2.500,00 Total 2.500,00

Neste caso, os bens e direito não conseguem pagar as obrigações com terceiros.

MECANISMO DE DÉBITO E CRÉDITO e NATUREZA DAS CONTAS

Vimos que em contabilidade debitam-se as aplicações de recursos e creditam-se as origens de recursos,


se você entender qual recurso está envolvido, você poderá fazer qualquer lançamento contábil.

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Lembra que vimos que o Ativo tem natureza devedora e que o passivo e patrimônio líquido tem natureza
credora? A natureza das contas está relacionada a sua “vocação” de ser origem de recursos ou as que
absorvem recursos.

As contas podem ser classificadas em Patrimoniais e Resultado.

Lembra da definição de Patrimônio? É o conjunto de BENS, DIREITOS e OBRIGAÇÕES, pois bem, as contas
que compõem o patrimônio são as contas patrimoniais e as contas que compõem o resultado são as
contas de resultado. Mas o que é resultado? Resultado é a confrontação das receitas com despesas e
custos, ou seja, é o LUCRO ou PREJUIZO obtido em determinado período. Como saber se uma empresa
teve lucro ou prejuízo? É só calcular o resultado através da fórmula: Lucro = Receitas – Despesas – Custos,
se o saldo for positivo a empresa teve lucro, se der negativo a empresa teve prejuízo. As contas que
compõem a receita, custos e despesas são as contas de resultado.

As contas têm natureza devedora ou natureza credora, conforme sua vocação de absorver recursos ou ser
origem de recursos. Se eu te perguntar de onde vem os recursos para uma empresa? Você naturalmente
dirá que dos sócios, de fornecedores, empréstimos bancários e das vendas (Receitas), todas as contas
que compõem este grupo tem natureza credora são as contas do Passivo, Patrimônio Líquido e Receitas.

CONTA DE NATUREZA DEVEDORA

Para onde vão os recursos que “entram” na empresa? Eles entram no ativo como Bens ou Direitos ou
aplicados em despesas ou custos, estas contas têm natureza devedora, pois absorvem recursos.

Dica

Pois bem, quero sua atenção agora! Todas às vezes que aumentar o valor (quantitativo) de uma conta
devedora, você vai debitar esta conta. E toda vez que diminuir uma conta de natureza devedora, você vai
creditar esta conta.

Por exemplo, suponha que a empresa comprou um notebook, se acaso ela não tinha nenhum notebook,
agora tem um, ou seja, aumentou o valor do notebook. Se ela tinha um ou dois, aumentou o valor de
notebooks com a compra desse, ou seja, aumentou o valor de notebook que é um bem, de natureza
devedora, então você vai DEBITAR a conta de notebook.

Então suponha agora que você pagou em dinheiro esta compra, a conta que representa dinheiro é a conta
Caixa, você retirou dinheiro do caixa para esta compra, logo seu dinheiro em caixa diminuiu, concorda?
Então você deve creditar o caixa. O lançamento fica assim:

D – Computadores (aumento do valor na conta pela entrada do notebook)


C – Caixa (pela diminuição do valor do caixa)

Histórico: Compra de notebook, marca tal, conforme nota fiscal 6584 do fornecedor Computador e
Periféricos Ltda., em 10/02/2013.
Valor: R$ 1.300,00
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CONTAS DE NATUREZA CREDORA

Já as contas de natureza credora são aquelas que geram ou trazem recursos para a empresa, por exemplo:
fornecedores, empréstimos, capital social, etc. Todas às vezes que entrar recursos na empresa, a conta
que originou esse recurso será creditada e quando diminuir o valor de uma conta dessa você vai debitar
essa conta.

Voltemos ao exemplo do notebook, vamos supor agora que você tenha comprado a prazo, tendo dado
R$ 300,00 de entrada e o restante a pagar. Já vimos que aumenta o valor da conta computadores (será
debitado) e que vai diminuir conta caixa, logo a conta caixa será creditada (por ter natureza devedora) e a
conta fornecedor, que tem natureza credora vai aumentar, logo ela será creditada.

Vamos ao lançamento:

D – Computadores
C – Caixa ...................... 300,00
C – Fornecedores.........1.000,00

Histórico: Compra de notebook, marca tal, conforme nota fiscal 6584 do fornecedor Computador e
Periféricos Ltda., em 10/02/2013. Sendo pago R$ 300,00 à vista em dinheiro e o restante a prazo.

Para Resumir

Você tem duas formas de identificar as contas que serão debitadas ou creditadas:

1. Debitam-se as aplicações de recursos e creditam-se as origens de recursos.


2. Usar a tabela abaixo:

Grupo Aumentar (+) Diminuir (-)


Ativo Debita Credita
Despesas Debita Credita
Custos Debita Credita
Passivo Debita Credita
Receitas Debita Credita

Compra de mercadorias a prazo por R$ 1.000,00, neste caso aumenta o ativo e aumenta o passivo:

D – Estoque Mercadorias 1.000,00 (aplicação de recurso)


C – Fornecedores .......... 1.000,00 (origem de recurso)

Entendeu? Espero que tenha ajudado.

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Praticando

Agora vamos praticar um pouco juntos, ok? Efetue os lançamentos contábeis dos eventos abaixo, a ideia
aqui é praticar o débito e crédito, pegue lápis e papel, e tente responder sozinho(a), depois confira as
respostas, não se incomode se houver pequenas discrepância, por exemplo, saída de dinheiro em banco
eu costumo utilizar o grupo Bancos conta movimento e você pode utilizar a conta Bancos. As operações
abaixo são aleatórias apenas para prática, ok?

1. Compra de mercadoria para o estoque da empresa pelo valor de $ 120,00, pagamento em cheque.
2. Pagamento de salários de fevereiro no valor de $ 1.500,00 dia 28/02.
3. Consumo de material de escritório que estava no estoque $ 25,00.
4. Recebimento de duplicatas a receber no valor de $ 450,00, recebido no caixa da empresa.
5. Compra de mercadorias a prazo, $ 4.500,00.
6. Pagamento de fretes, $ 125,00.
7. Compra de um terreno a prazo, com financiamento do Banco Conta Boa S/A, $ 10.500,00.
8. Compra de veículo, sendo 50% a vista e 50% a prazo, R$ 35.000,00.
9. Apropriação do aluguel a ser pago no mês seguinte, $ 2.500,00. Explicando, aqui o aluguel foi usufruído
no mês, mas será pago no mês seguinte, estamos fazendo uma provisão, reconhecendo que devemos este
aluguel, ou seja, aumento da despesa e aumento de uma conta a pagar.
10. Apropriação da energia elétrica a ser paga no mês seguinte, $ 350,00. Mesma explicação do
lançamento 9.
11. Compra de mercadorias para estoque da empresa, $ 5.500,00 a vista, pago com cheque. Fique atento(a),
neste caso a origem do recurso é o banco, ok?
12. Pagamento de duplicata a pagar no valor de $ 2.000,00, com juros de 10% pago com dinheiro.
13. Abertura de conta corrente depósito inicial, $ 8.000,00 em espécie.
14. Aplicação financeira em CDB, $ 5.000,00.
15. Pagamento honorários do contador, $ 700,00 com cheque.
16. Compra à vista de um computador, $ 2.500,00 pago em dinheiro.
17. Recebimento de R$ 20.000,00 proveniente de vendas à vista, dinheiro entrou direto no banco, em
conta corrente.
18. Concessão de um empréstimo a empregados, $ 500,00.
19. Apropriação do FGTS a recolher no mês seguinte, $ 297. Mesma coisa do item 09, é o reconhecimento
da despesa num mês, aumento da despesa e aumento de contas a pagar.
20. Apropriação INSS a recolher no mês seguinte, $ 973,00, mesma coisa do item 09, é o reconhecimento
da despesa num mês, aumento da despesa e aumento de contas a pagar.
21. Pagamento do FGTS do mês anterior, $ 250,00.
22. Pagamento do INSS mês anterior, 780,00.
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 RESPOSTA  
1) D - Estoque de mercadorias 120
  C - Bancos conta movimento 120
     
2) D - Salários e ordenados 1.500
  C - Bancos conta movimento 1.500
     
3) D - Despesas mat. consumo 25
  C - Estoque mat. consumo 25
     
4) D – Caixa 450
  C - Duplicatas a receber 450
     
5) D - Estoque de mercadorias 4.500
  C – Fornecedores 4.500
     
6) D - Fretes e carretos 125
  C – Caixa 125
     
7) D – Terrenos 10.500
  C - Financiamento a pagar 10.500
     
8) D – Veículos 35.000
  C - Caixa ou banco 17.500
  C - Financiamento a pagar 17.500
     
9) D - Despesa de aluguel 2.500
  C - Aluguel a pagar 2.500
     
10) D - Água, luz e telefone. 350
  C - Contas a pagar 350
     
11) D - Estoque de mercadorias 5.500
  C - Bancos conta movimento 5.500
     
12) D - Duplicatas a pagar 2.000
  D - Despesas com juros 200
  C – Caixa 2.200
     
13) D - Bancos conta movimento 8.000
  C – Caixa 8.000
     
14) D - Aplicação em CDB 5.000
  C - Bancos conta movimento 5.000
15
15) D - Despesas com honorários 700
  C - Bancos conta movimento 700
     
16) D - Computadores e periféricos 2.500
  C - Bancos conta movimento 2.500
     
17) D - Bancos conta movimento 20.000
  C - Receitas de vendas 20.000
     
18) D - Empréstimos concedidos 500
  C – Caixa 500
     
19) D – FGTS 297
  C - FGTS a recolher 297
     
20) D - Despesas INSS 973
  C - INSS a recolher 973
     
21) D - FGTS a recolher 250
  C - Bancos conta movimento 250
     
22) D - INSS a recolher 780
  C - Bancos conta movimento 780

Caríssimo(a) estudante, agora que você já fez o seu lançamento contábil praticando débito e credito,
podemos fazer um tour pelo Plano de Contas!

PLANO DE CONTAS

Palavras do Professor


Lembra que falamos que a contabilidade é uma ciência social aplicada, que analisa, contabiliza e sumariza
as variações patrimoniais? Então essa sumarização segue um plano de contas, que nada mais é que o
ordenamento lógico das contas, que vai servir para uniformizar os lançamentos contábeis. Em geral, cada
empresa tem seu plano de contas com suas características específicas, mas todas elas obedecem a regra
geral dos grupos e subgrupos, mudando apenas os nomes das contas, por exemplo, uma empresa pode
ter conta corrente no banco A, mas outra terá conta corrente no banco B, entende?

Vamos ver então os grupos e subgrupos do plano de contas e a seguir, vamos definir cada um deles, ok?
Cada conta tem um número que identificará a que grupo pertence.

Vimos que temos contas patrimoniais e contas de resultados, ok?

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Vamos aos grupos:
CONTAS PATRIMONIAIS
1. ATIVO 2. PASSIVO
CONTAS DE RESULTADO
3. DESPESAS 4. RECEITAS

Eu, particularmente, gosto de usar 3 para contas de resultado, 3.1 para receitas, 3.2 para custos, 3.3 para
despesas operacionais e 3.4 para despesas não operacionais, no entanto, observei que vários autores
utilizam o formato do quadro acima e vou utilizar para que você tenha facilidade de estudos junto aos
livros.

Dica

O motivo de na prática eu utilizar o formato acima é que ao olhar o Balancete de Verificação, o saldo do
grupo 3 já me diz se houve lucro ou prejuízo no período. E ainda tenho o grupo 4 que seria apuração do
resultado.

Vamos abrir os subgrupos:

PLANO DE CONTAS

CONTAS PATRIMONIAIS
1. ATIVO 2. PASSIVO
1.1 ATIVO CIRCULANTE 2.1 PASSIVO CIRCULANTE
1.2 ATIVO NÃO CIRCULANTE 2.2 PASSIVO NÃO CIRCULANTE
1.2.1 ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 2.3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
1.2.2 INVESTIMENTOS
1.2.3 IMOBILIZADO
1.2.4 INTANGÍVEL

CONTAS DE RESULTADOS
3. CUSTOS E DESPESAS 4. RECEITAS
3.1 CUSTOS
3.1.1 CUSTOS DAS MERCADORIAS VENDIDAS 4.1 RECEITA DE VENDAS
3.2 DESPESAS OPERACIONAIS 4.2 RECEITAS FINANCEIRAS
3.2.1 DESPESAS DE VENDAS 4.3 OUTRAS RECEITAS
3.2.2 DESPESAS ADMINISTRATIVAS
3.2.3 DESPESAS FINANCEIRAS

CONTAS DE APURAÇÃO DE RESULTADOS


5. APURAÇÃO DE RESULTADO
5.1 RESULTADO OPERACIONAL
5.2 RESULTADO FINANCEIRO
5.3 OUTROS RESULTADOS
17
Muito bem, por enquanto vamos ficar apenas nos grupos e subgrupos do plano de contas, observou que
cada grupo, subgrupo tem um código? As contas também terão um código correspondente. Vamos ver o
que deve ser registrado em cada grupo ou subgrupo.

Acho que você pode dar uma paradinha na leitura e pesquisar na internet os vários tipos de planos de
contas e, assim, você terá uma visão geral. Portanto, não se preocupe, veremos grupo a grupo, ok?

Visite a Página

Você poderá pesquisar clicando aqui ou qualquer outro que você


ache interessante, é apenas para dar uma ideia geral.

Guarde essa ideia!

A partir deste ponto em nossos exemplos até o final da Unidade 2 e Unidade 3 vamos sempre considerar
os dados de uma empresa de comércio, ok?

Agora vamos ver o conteúdo de cada grupo de subgrupos que vimos acima.

Sabemos que no grupo do Ativo estarão os bens e direitos da empresa, o Ativo possui dois grandes grupos
Ativo Circulante, onde serão lançados e bens e direitos que serão consumidos ou transformados em
dinheiro até o término do exercício seguinte. Suponhamos que estejamos no ano 20X1 e que realizamos
uma venda para receber em 50 parcelas, então todas as parcelas que tiverem vencimento até dezembro
de 20X2 deverão ser lançados no Ativo Circulante, as demais parcelas que vencerão após dezembro de
20X2 serão lançadas no grupo Ativo Não Circulante, subgrupo Ativo Realizável a Longo Prazo.

O mesmo raciocínio vale para o Passivo Circulante, todas as contas a pagar até o término do exercício
seguinte ficam no passivo circulante, as que vencerem após o término do exercício seguinte irão para o
passivo não circulante.

O grupo do ativo não circulante é formado pelos seguintes subgrupos: realizável a longo prazo,
investimentos, imobilizado e intangível.

Como vimos acima, no Ativo Realizável a Longo Prazo teremos os valores a receber após o final do exercício
seguinte. Em investimentos são lançadas as contas de participação em outras sociedades, sejam compra
de quotas de capital ou títulos mobiliários.

No grupo Imobilizado são registrados os bens que permitem que a empresa funcione, são bens tangíveis
utilizados pela empresa no desenvolvimento de suas operações, por exemplo, imóveis, móveis e utensílios,
veículos, etc. No grupo Intangíveis são lançados os bens incorpóreos, em geral, marcas e patentes, direito
de explorar alguma coisa, por exemplo, direito de fornecer transporte público, etc.

18
É importante destacar que o grupo Imobilizado possui contas redutoras, que são contas que reduzem o
valor original do bem, são representados pelas depreciações, que representa o desgaste do bem pelo uso,
como também a exaustão no caso de exploração de minério ou ainda amortização no caso de contratos
de exploração.

Dicas

Tanto no Ativo Circulante, quanto no Passivo Circulante são registradas a operações de CURTO PRAZO.
As operações a receber ou a pagar após o final do exercício seguinte são consideradas de LONGO PRAZO,
são os registros no Ativo Não Circulante, Realizável a Longo Prazo e no Passivo Não Circulante.

Já falamos do Passivo Circulante que são as contas que representam exigibilidades que vencem até
o término do exercício seguinte, e o Passivo Não Circulante são as contas a pagar após o término do
exercício seguinte. O passivo Circulante e o Passivo Não Circulante somados representam o capital de
terceiros. Representa o quanto pessoas estranhas investiram na sociedade.

É também conhecido como PASSIVO EXIGÍVEL.

Grupo Patrimônio Líquido representa a riqueza líquida da empresa, é o valor contábil líquido da empresa.
Este grupo representa as obrigações da empresa com os sócios, conhecido também como capital próprio
ou PASSIVO NÃO EXIGÍVEL.

Vamos agora às contas de resultado, temos o grupo das contas de natureza devedora, que são as despesas
e os custos e, as contas de natureza credora, que são as receitas.

Os custos são gastos relacionados ao uso de bens e serviços na produção de outros bens e serviços,
assim como, o custo da mercadoria adquirida para revenda, no caso de mercadorias para revenda será
custo tudo que for gasto para pôr a mercadoria pronta para venda, ou seja, o próprio custo de aquisição
excluído dos tributos recuperáveis mais fretes e seguros pagos na aquisição. No caso de uma indústria
de confecção de roupas podemos citar o tecido utilizado, a mão de obra da costureira, linha, botões e
entre outros. Já as despesas operacionais são os gastos relacionados à administração da empresa e os
esforços para obter receitas.

É obvio que não esgotamos o assunto sobre plano de contas, espero que ao menos eu tenha despertado
em você o interesse pelo assunto e que agora tenhas uma visão geral de cada grupo.
Segue agora as contas, lembrando que este é um plano de contas simplificado e que cada organização
terá seu plano de contas específico.

19
1. ATIVO 2. PASSIVO
1.1 ATIVO CIRCULANTE 2.1 PASSIVO CIRCULANTE

1.1.1 – Caixa 2.1.1 – Fornecedores

1.1.2 – Bancos conta movimento 2.1.2 – INSS a recolher

1.1.3 – Estoques de mercadorias 2.1.3 – Empréstimos a pagar

1.1.4 – Clientes 2.2 PASSIVO NÃO CIRCULANTE

1.2 ATIVO NÃO CIRCULANTE 2.2.1 – Parcelamento de INSS

1.2.1 – Realizável a longo prazo 2.2.2 – Financiamento a pagar

1.2.1.1 – Clientes 2.3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

1.2.2 – Investimentos 2.3.1 – Capital social integralizado

1.2.2.1 – Títulos mobiliários 2.3.1.1 – (-) Capital a integralizar

1.2.2.2 – Participações societárias 2.3.1.2 – Capital subscrito

1.2.3 – Imobilizado 2.3.2 – Reservas de capital

1.2.3.1 – Imóveis 2.3.3 – Reservas de lucros

1.2.3.2 – Veículos

1.2.3.2.1 – (-) Depreciação de veículos

1.2.3.3 – Móveis e utensílios

1.2.3.3.1 – (-) Depreciação de móveis e uten-


sílios

1.2.4 – Intangível

1.2.4.1 – Direito Autoral

1.2.4.2 – Direito de exploração de minério

20
3. CUSTOS E DESPESAS 4. RECEITAS

3.1 CUSTOS 4.1 RECEITA DE VENDAS

3.1.1 CUSTOS DAS MERCADORIAS VENDIDAS 4.1.1 – Receita bruta de vendas de


mercadorias
3.1.1.1 – Compras de mercadorias
4.1.2 – (-) Descontos incondicionais
3.1.1.2 – Fretes sobre compras
concedidos
3.2 DESPESAS OPERACIONAIS
4.1.3 – (-) ICMS sobre vendas
3.2.1 DESPESAS DE VENDAS
4.1.4 – (-) vendas canceladas
3.2.1.1 – Despesas com salários
4.2 RECEITAS FINANCEIRAS
3.2.1.2 – Encargos trabalhistas
4.2.1 – Juros recebidos
3.2.1.3 – Fretes sobre vendas
4.2.2 – Rendimentos sobre aplica-
3.2.2 DESPESAS ADMINISTRATIVAS ções financeiras

3.2.2.1 – Despesas com salários 4.3 OUTRAS RECEITAS

3.2.2.2 – Encargos trabalhistas 4.3.1 – Ganhos de capital na ven-


da do imobilizado
3.2.2.3 – Alugueis

3.2.3 DESPESAS FINANCEIRAS

3.2.3.1 – Juros passivos

3.2.3.1 – Descontos concedidos


5. APURAÇÃO DE RESULTADOS

5.1 RESULTADO OPERACIONAL

5.2 RESULTADO FINANCEIRO

5.3 OUTROS RESULTADOS

Praticando

Sabemos agora quais grupos e subgrupos compõem o plano de contas. Vamos praticar com o objetivo
de consolidar o aprendizado, pegue papel e caneta e classifique as contas abaixo se é ativo, passivo,
patrimônio líquido, se é receita, despesas ou custos. Considere uma empesa comercial.

Conta Grupo
1 Caixa
2 Clientes no curto prazo
3 Fornecedores
4 Estoque de mercadorias

21
5 Capital social
6 Veículos de uso
7 Financiamentos a pagar no longo prazo
8 Aplicações financeiras de curto prazo
9 Depreciação de veículos
10 INSS a recolher

RESPOSTAS:

1. Ativo Circulante
2. Ativo Circulante
3. Passivo Circulante
4. Ativo Circulante
5. Patrimônio Líquido
6. Ativo Imobilizado
7. Passivo Não Circulante
8. Ativo Circulante
9. Ativo Imobilizado
10. Passivo Circulante

ATOS E FATOS ADMINISTRATIVOS

Palavras do Professor

Prezado(a) estudante, preciso da sua ajuda para que juntos possamos pensar numa empresa em
funcionamento, muitas decisões são tomadas, algumas dessas decisões irão repercutir no patrimônio
e outras não. Vamos relembrar o que o patrimônio é o conjunto de bens, direitos e obrigações e que
o patrimônio é objeto da contabilidade, então cada vez que um gestor toma uma decisão que provoca
alterações no patrimônio, estamos diante de fatos administrativos que geram registros contábeis através
dos lançamentos contábeis.

Os atos administrativos em geral não impactam no patrimônio de forma direta, entenda, eles podem gerar
alterações patrimoniais no futuro em outro momento, mas não no momento em que se toma decisão.

Vamos aos exemplos de atos administrativos, podemos citar a decisão de admitir um empregado é um ato
administrativo, fazer um pedido de mercadorias, resolver adquirir uma sede própria. No entanto, podem
existir atos administrativos que precisam ser contabilizados, por exemplo, quando uma loja dá garantia
estendida de um produto, ela poderá ou não arcar com despesas de conserto do produto vendido, mas a
garantia estendida deve ser registrada na contabilidade e destacada nas notas explicativas.

22
Os fatos administrativos provocam alterações patrimoniais e devem ser registrados na contabilidade,
quando houver variações patrimoniais. Por exemplo, a aquisição de mercadorias provoca aumento nos
estoques, também provocará alteração na conta caixa se for paga à vista ou na conta fornecedores se for
comprada a prazo.

Existem três tipos de fatos administrativos:

• Fatos Permutativos
• Fatos Modificativos
• Fatos Mistos

Os fatos permutativos ocorrem quando há apenas mudança de conta ou grupo, mas sem alteração no
patrimônio líquido, ou seja, há permuta entre ativos ou passivos. Por exemplo, o recebimento do valor de
uma duplicata inicialmente registrada na conta clientes (ativo circulante) ou duplicatas a receber (ativo
circulante) o valor será transferido para conta caixa ou banco (ambos ativos circulantes). Outro exemplo
seria o pagamento de uma conta ao fornecedor com dinheiro do caixa, haverá uma diminuição do ativo e
do passivo também, mas sem alterar o patrimônio líquido. Por outro lado, compras de mercadorias a prazo
provocam aumento tanto no ativo quanto do passivo, sem alterar o patrimônio líquido.

Já os fatos modificativos como o próprio nome diz provocam alterações no patrimônio líquido, ou
seja, alteram a riqueza da empresa. Os fatos modificativos podem ser aumentativos ou diminutivos, os
fatos aumentativos aumentam o valor do patrimônio líquido, podemos citar a venda de mercadorias,
reconhecimento de receitas de aplicações financeira, como você pode perceber o patrimônio líquido
aumenta quando há ingresso de receitas. Basta dá uma olhada na equação do lucro, temos: Lucro =
Receita – Despesas – Custos e o lucro é uma das contas do Patrimônio Líquido, você se lembra? Por
outro lado, os fatos modificativos diminutivos, diminui o valor do patrimônio líquido. Dá uma espiada
de novo na equação do lucro, observou que despesas e custos diminuem o valor do lucro? Perfeito! Viu
como tudo tem uma explicação bem lógica? Vamos aos exemplos de fatos modificativos diminutivos, o
consumo de despesas ou ocorrência de custos, estas ocorrências sempre irão repercutir diminuindo o
patrimônio líquido. Então vamos especificar os exemplos para consolidar nosso aprendizado, o consumo
de matéria-prima na fabricação de produtos, o gasto com folha de pagamento no setor comercial, o
uso de energia elétrica, telefone ou internet. Entendeu? Ótimo! Caso tenha ficado ainda alguma dúvida,
releia o parágrafo e tente criar seus próprios exemplos. Você percebeu que os fatos modificativos sempre
envolvem pelo menos uma conta de resultado? Que tal me dizer agora quais são os grupos de contas de
resultado? São elas Receitas, despesas e custos!

Os fatos mistos são aqueles em que há permuta de valores entre contas do ativo ou passivo e que
envolvem também contas de resultado, provocando não só um aumento ou diminuição do patrimônio, mas
também aumento ou diminuição do patrimônio líquido. E tal qual os fatos modificativos, os fatos mistos
podem ser diminutivos ou aumentativos. As premissas dos fatos mistos aumentativos são as mesmas dos
fatos modificativos aumentativos, ou seja, envolve uma ou mais contas do ativo e/ou passivo e uma ou
mais contas de receitas, as receitas aumentam o lucro, lembra? Os fatos mistos diminutivos, envolvem
também uma ou mais contas do ativo e/ou passivo e uma ou mais contas de resultados, porém, neste
caso, são contas de despesas e custos.

23
Palavras do Professor

Caro(a) estudante, estamos quase prontos para começar a contabilizar fatos administrativos de uma
organização. Porém, é necessário lermos a Norma Brasileira de Contabilidade Técnica Geral (NBC TG)
ESTRUTURA CONCEITUAL – Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações
Contábeis, esta norma é importante e ela dá o norteamento necessário para as demais normas, lembrando
que esta norma norteia apresentação de demonstrações contábeis para fins gerais, não atendendo
nenhuma especificidade de usuário, ela é utilizada para contabilização de fatos contábeis como propósito
de ajudar usuários externos a tomar decisões.

Guarde essa ideia!

Dentre os vários tópicos abordados nesta norma, há dois que quero conversar um pouco contigo sobre este
assunto específico, eles são superimportantes e vai te acompanhar para o resto da sua vida profissional,
portanto, é importante que você entenda claramente estes PRESSUPOSTOS BÁSICOS: CONTINUIDADE e
REGIME DE COMPETENCIA.

CONTINUIDADE

Vamos iniciar nosso papo sobre a CONTINUIDADE, pois bem, a contabilidade parte do pressuposto de que quando
uma empresa é aberta, a princípio, espera ter continuidade de suas atividades, com algumas exceções as empresas
são abertas para serem perenes, passar de geração a geração. Vamos entender isto.

Vamos supor que você vai fazer uma viagem, quero que você observe as três imagens abaixo, vamos supor que
seu carro seja um carro popular, minha pergunta é a seguinte, o planejamento desta viagem seria o mesmo para
qualquer dessas estradas? Sairia no mesmo horário? Levaria a mesma quantidade de malas? Levaria a mesma
quantidade de pessoas? Suponho que você tomaria precauções se fosse seguir viagem pela estrada esburacada
ou a de barro, diferente se a estrada for asfaltada, verdade? Assim também age o pressuposto da CONTINUIDADE,
se a empresa demonstra que vai tudo bem, que não há indícios que haverá descontinuidade das atividades, o
contador vai continuar aplicando as regras gerais na contabilização dos fatos administrativos, mas se a empresa
der indícios que vai fechar suas atividades, que há indícios sérios e concretos que poderá haver descontinuidade
das atividades, o contador em obediência ao PRESSUPOSTO DA CONTINUIDADE tomará ações que preservem a
tomada de decisões pelos usuários da contabilidade.

Fonte: google.com.br / Link: LINK

24
Fonte: google.com.br / Link: LINK

Fonte: google.com.br / Link: LINK

Como assim? Haverá descontinuidade? Quando posso entender que haverá descontinuidade? Quando a
empresa começar a pagar títulos em atraso? Quando o faturamento diminuir?

Nenhum dos fatores acima isoladamente determinam descontinuidade, mas vamos supor que a empresa
seja uma prestadora de serviços e que preste serviços a um único cliente, que tinha valores a receber
significativos deste cliente, que este cliente fecha as portas subitamente, certamente este é um forte
indício de descontinuidade, então o contador tem obrigação de levar isso em conta na hora de contabilizar.
A descontinuidade é caracterizada por um sério risco do negócio não continuar.

Exemplo

Vamos supor que empresa acima realize uma compra a prazo para pagamento em cinquenta parcelas,
pela regra geral, parte das obrigações iria para o passivo circulante e parte para o passivo não circulante,
mas em razão do indício de descontinuidade, o contador lançará tudo no curto prazo, ou seja, no passivo
circulante e ainda divulgará essa política, como também a possibilidade de descontinuidade nas notas
explicativas, em obediência ao que determina a NBC TG Estrutura Conceitual. Entendeu agora sobre o
Pressuposto da Continuidade?

PRESSUPOSTO REGIME DA COMPETÊNCIA

O Regime da Competência é um importante pressuposto a ser obedecido, não atender ao regime de


competência pode levar uma empresa à falência, visto que alterará fortemente o resultado da empresa.

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O Regime da Competência é bem simples de entender, diz que os fatos administrativos devem ser
contabilizados quando ocorrem, independentemente do pagamento ou do recebimento. Isso é um mantra,
para os contabilistas.

??? Você sabia?

Mantra (do sânscrito Man, mente e Tra, controle ou proteção, significando “instrumento para conduzir a
mente”) é uma sílaba ou poema religioso, normalmente em sânscrito. Dizer que o Regime da Competência
é um mantra contábil, significa que ele controla e conduz a informação que você está produzindo. Nunca
o deixe de lado.

Vamos voltar ao Regime de Competência, você deve reconhecer os fatos administrativos quando ocorre,
independentemente de pagamento ou recebimento, este pressuposto está fortemente ligado à apuração
de resultado, você deve confrontar as despesas e custos com as receitas geradas em determinado período,
como assim? Calma... Vamos pormenorizar.

Neste momento, quero que você leia um trecho da NBC TG Estrutura Conceitual, que daqui por diante vou
chamar de NBC TG EC, ok? Você vai lembrar? Combinado!?

NBC TG EC, item 22:

A fim de atingir seus objetivos, demonstrações contábeis são preparadas conforme o regime
contábil de competência. Segundo esse regime, os efeitos das transações e outros eventos
são reconhecidos quando ocorrem (e não quando caixa ou outros recursos financeiros são
recebidos ou pagos) e são lançados nos registros contábeis e reportados nas demonstrações
contábeis dos períodos a que se referem. As demonstrações contábeis preparadas pelo
regime de competência informam aos usuários não somente sobre transações passadas
envolvendo o pagamento e recebimento de caixa ou outros recursos financeiros, mas
também sobre obrigações de pagamento no futuro e sobre recursos que serão recebidos no
futuro. Dessa forma, apresentam informações sobre transações passadas e outros eventos
que sejam as mais úteis aos usuários na tomada de decisões econômicas. O regime de
competência pressupõe a confrontação entre receitas e despesas que é destacada nos itens
95 e 96.

26
Eu grifei, sublinhei também para destacar informações importantes para você, futuro contador. Deixa eu
trazer algumas situações para que você entenda melhor.

Observe este morango:

Fonte: http://sereduc.com/VScfKR

Bonito, vermelho, suculento... Você acha que ele surgiu do nada? Óbvio que não! Vamos pensar juntos, o
que foi necessário para que ele chegue à mesa do consumidor?

Alguém preparou a terra, plantou, cuidou, fez a colheita, embalou e transportou para o supermercado,
claro que estou simplificando, mas é mais ou menos isso, ok? Concorda?

Então o regime da competência diz mais ou menos assim: para obter receita a empresa incorreu em alguns
gastos, despesas e custos e estes devem ser reconhecidos (contabilizados) em confrontação com a receita
que eles ajudaram a gerar, entendeu? Acredite, caro(a) estudante, a não obediência deste pressuposto já
causou muito fechamento de empresas. Alguns gestores simplesmente “esquecem” de considerar custos
incorridos, mas não pagos. Quer um exemplo? Ao contratar empregado a cada mês a empresa “deve”
ao empregado 1/12 de férias e mais 1/3 desse valor, além de previdência e FGTS incidente sobre estes
valores. Como a empresa não paga mensalmente, ela “esquece” de colocar tal valor em sua planilha de
custos, a mesma coisa acontece com a depreciação, que é o desgaste natural de ativo imobilizado, pelo
uso. Portanto, fica o alerta, além da obrigação legal de obedecer ao regime de competência, ele ajuda o
empresário/investidor a ter uma visão real da lucratividade ou não de seu negócio.

Acho importante destacar que os termos despesas incorridas, despesas geradas, despesas devidas ou
despesas ocorridas significa que a despesa ocorreu, mas que pode não ter sido paga. Então, quando a
empresa utiliza energia elétrica em março, mas só paga a conta em abril, a despesa incorreu em março e
deve entrar na apuração de março.

Receita realizada, receita gerada, receita ganha e receita incorrida significa que a receita foi realizada, mas
não necessariamente recebida. Então se uma mercadoria é vendida em fevereiro, mas seu recebimento
só ocorrerá em março, a receita deve ser reconhecida em fevereiro. O mesmo vale para recebimento
antecipado de receitas, se a empresa recebe adiantamento de cliente, mas só entregará o produto ou

27
serviço no mês seguinte, esta receita entrará no resultado do mês seguinte e não do mês recebido.

Praticando

1) Suponha as situações descritas, ocorridas em dezembro 2016, a seguir responda ao que se pede.
a) Recebeu R$ 50.000,00 de receitas que serão realizadas em 2017.
b) Vendeu mercadorias no valor de R$ 20.000,00 que serão recebidas em 2017.
c) Pagou R$ 1.000,00 pela compra de material de limpeza que será utilizado em 2017.
d) Pagou R$ 12.000,00 por serviços utilizados em novembro 2016.
e) Vendeu mercadorias à vista no valor de R$ 20.000,00.
f) O custo das mercadorias vendidas em dezembro 2017 foi de R$ 15.000,00.
g) Utilizou prestação de serviços de limpeza no valor de R$ 3.000,00, mas só pagará em janeiro/2017.

Baseado nestas informações e considerando o regime de competência, a empresa apresentou resultado


de:

a) Lucro de R$ 72.000,00
b) Lucro de R$ 59.000,00
c) Lucro de R$ 22.000,00
d) Lucro de R$ 9.000,00

RESPOSTA: Letra C

Pelo regime de competência a receita de foi R$ 40.000,00 (20.000,00 + 20.000,00); as despesas incorridas
em dezembro foram R$ 3.000,00 e custo foi de R$ 15.000,00.

2) (CFC, 2017.2) Uma Sociedade Empresária apresentou, em 31.12.2016, as seguintes informações de


grupos de contas em valores líquidos, após a apuração e distribuição de resultados:

Ativo Imobilizado R$3.250.000,00


Bancos Conta Movimento R$375.000,00
Clientes R$3.000.000,00
Contas a Pagar R$2.750.000,00
Créditos Fiscais e Tributários R$37.500,00
Empréstimos Bancários R$2.500.000,00
Estoques R$2.125.000,00
Reserva de Lucros R$25.000,00
Reservas de Capital R$500.000,00

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Sabe-se que a relação de saldos não está completa e que o saldo da conta Capital Social não foi informado.

Considerando-se apenas as informações apresentadas, os valores do Patrimônio Líquido e do Capital


Social são, respectivamente:

a) R$3.537.500,00 e R$3.012.500,00.
b) R$3.537.500,00 e R$3.512.500,00.
c) R$3.500.000,00 e R$3.475.000,00.
d) R$3.500.000,00 e R$2.975.000,00.

Prezado(a) aluno(a), esta questão nada mais é do que as que fizemos de situação líquida.

1) Então inicialmente temos que determinar quem é ativo e quem é passivo.

Ativo Valor Passivo Valor


Ativo imobilizado 3.250.000,00 Contas a pagar 2.750.000,00
Banco 375.000,00 Empréstimos 2.500.000,00
Clientes 3.000.000,00 Total cap. terceiros 5.250.000,00
Créditos fiscais (aqui repre- 37.500,00 Patrimônio líquido 3.537.500
senta direito)
Estoques 2.125.000,00 Capital 3.012.500
Reserva lucros 25000,00
Reserva capital 500.000,00
Totais 8.787.500,00 8.787.500,00

2) Sabemos que PL = Ativo – Capital terceiros ou Passivo exigível, então PL será PL = 8.787.500 –
5.250.000,00 = 3.537.500

3) Agora é só diminuir do PL os valores das reservas para acharmos o valor do capital. Capital = 3.537.500
– 525.000,00 = 3.012.500,00

RESPOSTA LETRA A

REGIME DE CAIXA

O regime de caixa não é utilizado para fazer a contabilização, visto que pelas Normas Brasileiras de
Contabilidade deve ser adotado o regime de competência.

A apuração pelo regime de caixa considera as receitas recebidas e despesas e custos efetivamente pagos.
Este regime é inadequado para se ter uma boa visão do negócio, no entanto, muitas vezes a empresa não
dispõe de contador nem de recursos financeiros para ter um sistema contábil, então os empresários
utilizam este regime.

Na minha opinião este regime pode ser adequado apenas para os MEI- Microempreendedores Individuais,

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único tipo de organização com CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, dispensado de ter escrita
contábil.

O regime de caixa pode apresentar grandes distorções que podem trazer grandes prejuízos à empresa que
o adota.

Palavras do Professor

Prezado(a) estudante, chegamos ao final da nossa II unidade, espero que você tenha compreendido todo o
conteúdo explanado. Caso tenha permanecido alguma dúvida, refaça a leitura do guia de estudo. Lembre-
se que você deverá sempre está atualizado. Faça novas pesquisas que venham enriquecer a construção
do seu conhecimento. Acesse o AVA e responda a atividade avaliativa!

Bons estudos e até a próxima unidade!

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