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Resumos de Psicopatologia
Resumos de Psicopatologia
Um ano após o começo da perturbação, mais de metade dos indivíduos ainda não tinha
obtido qualquer tratamento.
A mediana do tempo de espera para o tratamento era de 4 anos nos casos de Depressão
Major e de 2 a 3 anos no caso da PP e da PAG.
Quase ¼ das mulheres e 1/10 dos homens da população geral referiram o uso de ansiolíticos
no ano anterior.
1/10 das mulheres e quase 4% dos homens da população geral usou antidepressivos nos 12
meses anteriores, quer por Perturbações Depressivas quer por Perturbações de Ansiedade.
MEDO:
Processo cognitivo.
O medo é ativado quando uma pessoa é exposta física ou psicologicamente a uma situação
que considera ameaçadora ou quando pensa ou fala dessa situação.
ANSIEDADE:
SINTOMAS:
SINTOMAS CARDIOPULMONARES:
• Palpitações.
• Taquicardia.
• Dispneia.
• Sensação de sufocamento.
• Dor no peito.
SINTOMAS GASTROINTESTINAIS:
• Sensação de peso.
• Dor.
• Náusea.
• Bolo isofágico (dificuldade em deglutir).
• Diarreia.
SINTOMAS URINÁRIOS:
• Micção frequente.
• Retenção urinária.
SINTOMAS NEUROLÓGICOS:
• Cefaleias.
• Vertigens.
• Tremores.
• Prestesias.
• Visão turva.
• Instabilidade na postura ereta e na marcha.
SINTOMAS GERAIS:
• FOGACHOS DE CALOR.
• SUDAÇÃO.
• SENSAÇÃO DE DESMAIO OU LIPOTIMIA.
Reação normal e adequada, quando é desencadeada por uma interpretação de um perigo real
e se dissipa após o perigo ter passado.
ANSIEDADE ENQUANTO MECANISMO DE RESPOSTA IMPLICADO NA SOBREVIVÊNCIA
HUMANA:
A ansiedade dar-nos-ia uma vantagem evolutiva que deve ter contribuído para a adaptação a
um meio hostil, preparando-nos para fugir ou nos defendermos de ameaças.
A ansiedade dar-nos-ia uma vantagem evolutiva que deve ter contribuído para a adaptação a
um meio hostil, preparando-nos para fugir ou nos defendermos de ameaças
ANSIEDADE:
Como alerta para a possibilidade de o indivíduo se ferir induzindo-o a parar qualquer atividade
"imprudente" ou a defender-se.
Resposta de luta-fuga: quando o indivíduo percebe que está a ser ameaçado, luta ou foge.
Mas esta mobilização rápida tem custos, pois perturba o funcionamento normal e, quando é
mantida por muito tempo, pode levar ao esgotamento das reservas de energia e
potencialmente resultar em problemas de saúde.
As ameaças com uma certa magnitude (níveis de stress críticos) perturbam a homeostase
normal.
ANSIEDADE:
As palavras “ansiedade” e “angústia”” derivam do termo grego “agkhô” (αγχθ), que significa
estrangular, sufocar, oprimir.
RESUMO:
PERTURBAÇÕES DE ANSIEDADE:
As Perturbações de Ansiedade diferem entre si nos tipos de objetos ou situações que induzem
medo, ansiedade ou comportamentos de evitamento, e na ideação cognitiva associada.
1. PERTURBAÇÃO DE PÂNICO.
2. AGORAFOBIA.
3. FOBIA ESPECÍFICA.
4. PERTURBAÇÃO DE ANSIEDADE SOCIAL (FOBIA SOCIAL).
5. PERTURBAÇÃO DE ANSIEDADE GENERALIZADA.
6. PERTURBAÇÃO DE ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO.
7. MUTISMO SELETIVO.
8. PERTURBAÇÃO DE ANSIEDADE INDUZIDA POR SUBSTÂNCIAS / MEDICAÇÃO.
9. PERTURBAÇÃO DE ANSIEDADE DEVIDA A OUTRAS CONDIÇÕES MÉDICAS.
10. OUTRA PERTURBAÇÃO DE ANSIEDADE ESPECIFICADA.
11. PERTURBAÇÃO DE ANSIEDADE NÃO ESPECIFICADA.
ATAQUES DE PÂNICO:
É um período discreto, no qual se inicia, de modo súbito, intensa apreensão, medo ou terror,
associados com sensações de catástrofe iminente.
• Falta de ar.
• Palpitações.
• Desconforto ou dor no peito.
• Sensações de sufoco.
• Medo de "enlouquecer" ou de perder o controlo.
1) PERTURBAÇÃO DE PÂNICO:
2) AGORAFOBIA:
O indivíduo receia estas situações porque tem pensamentos de que a fuga pode ser difícil e a
ajuda pode não estar disponível no caso de ter sintomas semelhantes ao pânico ou outros
sintomas incapacitantes ou embaraçosos.
Estas situações quase sempre causam medo ou ansiedade e frequentemente são evitadas e
requerem a presença de uma companhia.
3) FOBIA ESPECÍFICA:
Vários tipos:
• Animal.
• Ambiente natural.
• Sangue-Injeções.
• Ferimentos.
• Situacional.
• Outras situações.
Estas interações sociais incluem: encontrar-se com pessoas desconhecidas, situações nas quais
o indivíduo pode ser observado a comer ou beber, etc.
O indivíduo pensa que está a ser negativamente avaliado pelos outros, embaraçado,
humilhado, rejeitado ou ofendido.
CRÍTICAS AO DSM-5:
Embora pretenda ser ateórico, assenta demasiado no modelo biomédico, sendo saliente a
necessidade de se considerarem outros modelos, como modelos mais psicossociais e
contextuais.
Um dos pontos mais vulneráveis centra-se nas elevadas taxas de comorbilidade, o que de certa
forma acaba por se contrapor à aparente” arrumação” das categorias diagnósticas.
As classificações diagnósticas devem ser vistas como instrumentos provisórios que vão
sofrendo alterações.
Nos adultos, as comorbilidades comuns incluem FE, PSPT, PP, PAG, FS, Agorafobia, entre outras.
A maioria dos doentes com Agorafobia também tem outras perturbações mentais. Os
diagnósticos adicionais mais frequentes incluem outras Perturbações de Ansiedade,
Perturbações Depressivas, PSPT e Perturbação de Uso de Álcool.
Termo agorafobia: Usado pela primeira vez por Westphal (1871), para descrever um medo
específico de espaços grandes e abertos.
Os doentes com PP são os que procuram com mais frequência ajuda terapêutica.
Período discreto de medo ou desconforto intenso, durante o qual quatro (ou mais) dos
seguintes sintomas se desenvolvem abruptamente e atingem o seu pico dentro de 10
minutos (13):
ATAQUES DE PÂNICO ESPERADOS: São ataques para os quais existe um desencadeador óbvio.
Sintomas específicos da cultura (exemplo: tinido, dor na nuca, dor de cabeça, gritos ou choro
descontrolado) não devem ser contabilizados como um dos quatro sintomas requeridos.
ATAQUES DE PÂNICO:
Os ataques de pânico podem ocorrer no contexto de outra perturbação mental. Por exemplo:
• Perturbações de Ansiedade.
• Perturbações Depressivas.
• Perturbações Bipolares.
• Perturbações Alimentares.
• Perturbação Obsessivocompulsivo.
• Perturbações da Personalidade.
• Perturbações Psicóticas.
• Perturbações de Uso de Substâncias.
• Cardíaca.
• Respiratória.
• Vestibular.
• Gastrintestinal.
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A. Ataques de Pânico inesperados e recorrentes e Pelo menos um dos ataques foi seguido
por um mês (ou mais) de um (ou mais) do seguinte:
B. Os Ataques de Pânico não são provocados pelos efeitos fisiológicos diretos de uma
substância (exemplo: abuso de droga e medicação) ou um estado físico geral (exemplo:
hipertiroidismo).
C. Os Ataques de Pânico não são melhor explicados por outra perturbação mental.
1.1) PREVALÊNCIA:
O curso habitual, se a perturbação não for tratada, é crónico, mas com oscilações. Alguns
indivíduos podem ter surtos episódicos com anos de remissão entre eles, e outros podem ter
sintomatologia grave contínua. Apenas uma minoria dos indivíduos tem remissão completa
sem recaída subsequente no espaço de poucos anos.
Como nos adultos, a Pertubação de Pânico em adolescentes tende a ter um curso crónico e é
frequentemente comórbida com outras perturbações de ansiedade, perturbação depressiva
e perturbação bipolar.
1.3) PERTURBAÇÃO DE PÂNICO: COMORBILIDADE (SIMULTANEAMENTE):
1.5) PREVALÊNCIA:
Indivíduos do sexo feminino são afetados mais frequentemente do que os do masculino, numa
proporção de 2:1.
• O conteúdo do medo.
• O tipo de Ataques de Pânico.
• O número de situações evitadas.
• O grau de ansiedade contínua ou generalizada.
Os limites entre o pânico e uma ansiedade intensa continuam a não ser claros.
O critério quantitativo de ter pelo menos 4 dos 13 sintomas para o diagnóstico de Pertubação
de Pânico continua a ser arbitrário.
Alguns autores têm salientado que as bases para estabelecer os diagnósticos diferencias da
Pertubação de Pânico e da Pertubação de Ansiedade Generalizada são insatisfatórios.
Há quem afirme que os Ataques de Pânico são simplesmente um índice de gravidade de uma
perturbação de ansiedade.
Há autores que salientam que todos os Ataques de Pânico conduzem a um certo “evitamento”
e que pode ser difícil identificar o ponto em que este evitamento é suficiente para que uma
pessoa deixe de ter o diagnóstico de Pertubação de Pânico e passe a ter uma Pertubação de
Pânico e Agorafobia.
CAUSAS GENÉTICAS:
MODELOS BIOLÓGICOS:
MODELOS PSICOLÓGICOS:
• Psicanalíticos.
• Cognitivo-comportamentais: Uns que realçam mais o papel do condicionamento,
outros que são mais cognitivos.
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2) AGROFOBIA:
B. O indivíduo tem medo ou evita essas situações devido a pensamentos de que pode ser
difícil escapar ou de que o auxílio pode não estar disponível no caso de desenvolver sintomas
do tipo pânico ou outros sintomas incapacitantes ou constrangedores (p. ex., medo de cair nos
idosos; medo de incontinência).
H. Se outra condição médica (p. ex. doença inflamatória intestinal, doença de Parkinson) está
presente, o medo, ansiedade ou evitamento são claramente excessivo.
I. O medo, ansiedade ou evitamento não são melhor explicado pelos sintomas de outra
perturbação mental - por exemplo, os sintomas não estão restritos a fobia específica, tipo
situacional; não envolvem apenas situações sociais (como na perturbação de ansiedade social);
e não estão relacionados exclusivamente com obsessões (como na perturbação obsessivo-
compulsiva), perceção de defeitos ou falhas na aparência física (como na perturbação
dismórfica corporal) ou medo de separação (como na perturbação de ansiedade de separação).
2.1) PREVALÊNCIA:
Pessoas do sexo feminino têm uma probabilidade duas vezes maior do que as do masculino de
apresentar a perturbação.
A agorafobia pode ocorrer na infância, mas a incidência atinge o pico no fim da adolescência e
início da idade adulta.
As taxas de prevalência não parecem variar sistematicamente entre grupos culturais / raciais.
Em dois terços de todos os casos de agorafobia, o início ocorre antes dos 35 anos.
Existe um risco substancial de incidência no fim da adolescência e início da idade adulta, com
indicações para um segundo pico de incidência depois dos 40 anos.
O início na infância é raro. A idade média geral de início para agorafobia é 17 anos, embora a
idade de início sem ataques de pânico ou perturbação de pânico anterior seja de 25 a 29 anos.
O seu curso de longo prazo e sua evolução estão associados a um risco substancialmente
elevado de perturbação depressiva major secundária, distimia e perturbações de uso de
substâncias.
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A ANSIEDADE E AS PERTURBAÇÕES ANSIOSAS:
O medo é ativado quando uma pessoa é exposta física ou psicologicamente a uma situação que
considera ameaçadora ou quando pensa ou fala acerca dessa situação.
Componentes da Ansiedade:
Mas esta mobilização rápida tem custos, pois pode perturbar o funcionamento normal do
indivíduo.
A ansiedade corresponde a uma resposta evoluída que permitiu a adaptação a um meio hostil
e repleto de perigos, preparando-nos para reagir de modo automático face às ameaças
(exemplos: fugir ou lutar).
A resposta ansiosa é a reação adequada para lidar com uma situação de perigo real e tende a
dissipar-se quando o perigo cessa.
Num grau moderado a ansiedade pode servir para mobilizar o indivíduo em direção a
determinados fins adaptativos.
5) Existe uma continuidade entre ansiedade normal e patológica, sendo a diferença mais de
grau do que de tipo.
A atual edição do DSM é caracterizada por várias alterações, em relação ao capítulo das
Perturbações de Ansiedade:
• Perturbação Obsessivo-Compulsiva.
• Perturbação de Stress Pós-traumático.
• Perturbação de Stress Agudo.
Uma vez que os pacientes com perturbações de ansiedade tipicamente sobrestimam o perigo
das situações temidas ou evitadas.
Podem ser diferenciadas entre si através do tipo de objetos ou situações que induzem o medo,
o comportamento de ansiedade e o padrão cognitivo associado.
Incluem:
Medos Desenvolvimentais Normativos: Uma vez que nestas perturbações o medo tem de ser
caracterizado como excessivo ou como persistindo para além do período considerado como
adequado para determinado nível de desenvolvimento.
De Ansiedade ou Medos Transitórios: Uma vez que são persistentes (e.g., normalmente por
um período igual ou superior a 6 meses).
Nota: O tempo não deve ser considerado como um critério exclusivo mas antes como um guia,
o qual permite alguma flexibilidade.
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3) FOBIAS ESPECIFICAS:
A resposta de medo ou ansiedade deve ser invariavelmente desencadeada sempre (ou quase
sempre) que o indivíduo contacta com o estímulo fóbico.
Nota: Um indivíduo que só ocasionalmente sente ansiedade quando enfrenta uma situação ou
objeto específico (exemplo: experiencia altos níveis de ansiedade quando voa em apenas 1 em
cada 5 voos de avião) não deve receber o diagnóstico de fobia específica.
Em diferentes ocasiões.
• Exemplo: Seguir um percurso mais longo no trajeto diário para evitar pontes por medo
de alturas; evita entrar num quarto escuro, com medo de aranhas; evita aceitar um
emprego num local onde um estímulo fóbico é mais comum.
Pode levar o indivíduo a alterar de forma significativamente as suas rotinas ao longo do tempo.
Pode justificar que muitos destes pacientes não experienciem medo ou ansiedade no seu dia-
a-dia.
• Exemplo: A pessoa que tem medo de cobras a ponto de expressar um medo intenso na
presença de cobras não receberá o diagnóstico de Fobia Específica se viver numa área
onde não há cobras, se não restringir as suas atividades pelo medo de cobras e se não
se sentir perturbada por ter medo de cobras.
Os indivíduos com fobia específica reconhecem frequentemente que o seu medo é excessivo
ou irracional, mas tendem a sobre avaliar o perigo associado às situações temidas, assim a
avaliação da (des)proporcionalidade da resposta ansiosa em determinado contexto deve ser
feito pelo clínico.
B) O objeto ou a situação fóbica provoca quase sempre uma resposta ansiosa imediata.
Medos excessivos são muito comuns em crianças, mas são habitualmente transitórios e não
causam um prejuízo significativo, sendo portanto, considerados adequado ao
desenvolvimento. Nestes casos, um diagnóstico de fobia específica não pode ser realizado.
É importante avaliar:
• O grau de comprometimento.
• A duração do medo e do evitamento.
• Se o padrão de respostas é ou não típico do nível de desenvolvimento.
As crianças poderão expressar o seu medo e ansiedade por choro, ataques de raiva,
imobilidade ou comportamento de procura de uma figura de vinculação significativa.
Nestes casos devem ser atribuídos o diagnóstico de múltiplas fobias específicas, cada um
com um código específico. Por exemplo, se um indivíduo teme tempestades e andar de
avião, então seriam dados dois diagnósticos: fobia específica, ambiente natural, e fobia
específica, situacional.
3.9) PREVALÊNCIA:
• Nos USA, a prevalência na comunidade a 12 meses para fobia específica é entre 7 a 9%.
• As taxas de prevalência nos países europeus são muito semelhantes (exemplo: ≥ 6%).
• As taxas nos países asiáticos, africanos e latino-americanos são mais baixos (exemplo: 2
- 4%).
No sexo feminino a perturbação é mais frequente do que no sexo masculino (rácio 2:1).
Os estudos parecem demonstrar que as taxas de prevalência por género variam de acordo com
diferentes estímulos fóbicos (exemplo: as fobias a animais, ambiente natural e as fobias
específicas situacionais são predominantemente experimentado por mulheres, enquanto a
fobia de sangueinjeção-ferimentos é experienciado quase igualmente por ambos os sexos).
As fobias específicas situacionais tendem a ter uma idade mais avançada no início do ambiente
natural, animal, ou fobias específicas sangue-injeção-ferimentos;
3.12) EVOLUÇÃO:
É hoje claro que as fobias podem ser adquiridas através de diferentes modos de
aprendizagem:
• Condicionamento Clássico.
• Modelamento.
• Transmissão de Informação.
Muitos indivíduos com fobia específica não são capazes de recordar a razão específica para o
início de suas fobias.
A frequência com que medos de animais (cobras e aranhas) e de alturas surgem sem a
identificação de experiências traumáticas na sua origem apoiam as hipóteses evolucionárias de
uma predisposição biológica para respostas de medo a certos estímulos que primitivamente
constituíram uma ameaça para a espécie.
Nestes casos, as respostas de medo seriam iniciadas por mecanismos de análises automáticas
de estímulos que são sensíveis a estímulos aversivos biologicamente preparados, como cobras
ou faces iradas.
As fobias específicas que persistem até à idade adulta raramente têm remissão espontâneas
(aproximadamente 20% dos casos).
Agorofobia:
Pertubação de Pânico:
Pertubação Obsessivo-Compulsiva:
3.14) COMORBILIDADE:
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Os estudos mostram que a fobia social não é apenas um síndroma cultural embora fatores
culturais possam afetar a sua prevalência e variações na sua expressão clínica.
Não impede um funcionamento social adequado podendo mesmo em certos casos ter até um
efeito benéfico no desempenho social.
A ansiedade social ou avaliativa deve ser conceptualizada como uma dimensão com uma
variação de grau:
A ansiedade experimentada em situações sociais é tão elevada que interfere com o seu
funcionamento social.
O receio de ser avaliado negativamente, de parecer ridículo, desajeitado, tolo ou de não estar
à altura da situação e de ver o seu estatuto pessoal diminuído desperta graus tão elevados de
desconforto e medo, que a vida diária fica severamente limitada.
O evitamento na Fobia Social pode ser expresso claramente (exemplo: não ir a uma festa, ou
recusa em ir à escola) ou pode assumir formas subtis (exemplo: preparação exagerada de um
texto para um discurso, minimizar o contacto ocular, desviar a atenção para os outros).
4.4) COMPREENSÃO:
O núcleo da ansiedade social é o desejo forte de transmitir aos outros uma impressão
favorável / positiva de si e uma marcada insegurança acerca da sua capacidade de o
conseguir.
Quando confrontado com este tipo de situações sociais, o indivíduo com fobia social
experimenta a um medo intenso de fazer uma “triste figura” ou de se comportar de uma
forma humilhante que diminua o seu estatuto social ou autoestima.
O conteúdo do pensamento do indivíduo com fobia social, quando confrontado com uma
situação social é dominado por temas de fracasso, falta de competências necessárias para
originar uma impressão positiva, preocupações com a aparência e com a possibilidade de ser
avaliado negativamente.
A) Medo ou ansiedade intensa e persistente em uma ou mais situações sociais nas quais o
indivíduo está exposto a possível avaliação ou escrutínio dos outros. Os exemplos incluem
interações sociais (exemplos: manter uma conversa e encontrar pessoas desconhecidas), ser
observado (exemplos: a comer ou a beber), e de desempenho (exemplo: fazer um discurso).
Nota: Em crianças a ansiedade deve também ocorrer em contextos de interação com pares e
não apenas com adultos.
Indivíduos com Fobia Social do tipo de desempenho apresenta medos de desempenho que
causam prejuízo na sua vida profissional (exemplos: músicos, dançarinos, artistas e atletas) ou
em funções que exigem falar em público regular mas não temem situações sociais que não
impliquem desempenho.
Por exemplo, um indivíduo que tem medo de falar em público não deverá receber um
diagnóstico de Perturbação de Ansiedade Social, se essa atividade não faz parte da sua rotina
ou da sua rotina profissional, e se o indivíduo não se sente significativamente angustiado com
isso.
No entanto, se o indivíduo evita ou se sente prejudicado no trabalho que tem (ou que desejaria
ter) por causa de sintomas de ansiedade social então o Critério G deve ser atendido.
No entanto, quando há um impacto negativo significativo nas áreas social, ocupacional e outras
importantes de funcionar, e quando são cumpridos os critérios de diagnóstico desta
perturbação, então deve ser diagnosticado como Fobia Social.
Indivíduos com Perturbação de Ansiedade Social podem ter ataques de pânico, mas a
preocupação é sobre o medo da avaliação negativa, enquanto na Perturbação de Pânico a
preocupação é sobre as consequências do ataque de pânico em si mesmo.
Indivíduos com Perturbação Depressiva Major podem estar preocupados por serem avaliados
negativamente por outras pessoas, porque se sentem ruins ou não são dignos de ser amados.
O medo e o evitamento experimentado pelos indivíduos com Fobia Social têm com frequência
uma enorme repercussão negativa sobre diversos aspetos da sua qualidade de vida.
Os dados sugerem que a fobia social se desenvolve cedo na vida do indivíduo, frequentemente
antes ou durante a adolescência.
A idade média de início situa-se entre os 15 e 16 anos, mas pode haver variações culturais na
idade de início.
4.11) PREVALÊNCIA:
Os estudos de prevalência sugerem uma maior prevalência nas mulheres que nos homens
(com ratio entre 1,5 e 2,2).
Os indivíduos com Fobia Social têm mais probabilidade de serem solteiros, divorciados ou
separados.
A associação entre este diagnóstico e o estado civil de solteiro está de acordo com o que seria
de esperar em função das manifestações clínicas e dificuldades dos indivíduos com fobia social.
Muito dos medos sociais característicos da Fobia Social interferem severamente com
processos sociais ligados à oportunidade de conhecimento e estreitamento de relações
afetivas.
4.14) DISTRIBUIÇÃO EM FUNÇÃO DO ESTATUTO SOCIOECONÓMICO:
A associação entre um estatuto socioeconómico baixo e uma maior prevalência da fobia social
está de acordo com o que acontece em outras condições psiquiátricas.
4.15) ETIOLOGIA:
Os estudos sugerem taxas de pertubação de Ansiedade Social mais elavadas nos familiares
diretos de indíviduos com fobia social, comparativamente a familiares de outros grupos
clínicos ou controlos normais.
Embora uma predisposição genética para a ansiedade social não esteja clarificada, construtos
temperamentais relacionados parecem ter um componente hereditário:
A literatura sugere uma forte evidência para a relação entre determinadas PRÁTICAS
PARENTAIS e o desenvolvimento de Ansiedade Social dos filhos tais como:
Vários estudos têm demonstrado que altos níveis de ansiedade social na infância e
adolescência estão associados a negligência ou rejeição pelos pares, isolamento social e
consequente ausência de relações próximas.
Embora alguns medos sociais e de desempenho possam ter tido origem numa exposição a
acontecimentos traumáticos, num processo claro de condicionamento clássico, existe pouca
evidência de que experiências traumáticas tenham um papel dominate no desenvolvimento
da Ansiedade Social.
Característico dos indivíduos com fóbica social é acreditarem erroneamente que esses
sintomas são de grande visibilidade para os outros e que conduzem a avaliações negativas
pelos outros, sendo interpretados como um sinal de insegurança ou timidez.
O conteúdo do pensamento do indivíduo com fobia social, quando confrontado com uma
situação social é dominado por temas de fracasso, falta de competências necessárias para
originar uma impressão positiva, preocupações com a aparência e com a possibilidade de ser
avaliado negativamente.
Ao anteciparem uma situação social receada é frequente as pessoas com fobia social tentarem
antever em detalhe o que poderá acontecer nessas situações.
Quando iniciam esta antevisão ficam ansiosos e os seus pensamentos são dominados por
memórias dos seus fracassos em situações anteriores, imagens negativas de si mesmo na
situação e pensamentos automáticos de fracasso.
Quando o indivíduo se confronta com a situação entra nela já com níveis de ansiedade tão
elevados e num modo de processamento auto focado que o impede de identificar possíveis
sinais de aceitação tranquilizadores e o conduz a um funcionamento social pouco eficaz.
Como resultado, desenvolve-se uma intensa ansiedade antecipatória em relação a este tipo de
situações que pode levar ao seu evitamento sistemático.
Em consequência dos altos níveis de ansiedade e desconforto sentidos nas situações sociais
receadas, os indivíduos com fobia social tendem a organizar a sua vida de forma a evitarem
essas situações, o que frequentemente origina limitações severas na sua vida social,
profissional e afetiva.
4.16.5) AUTÓPSIA:
Se a ansiedade diminui habitualmente após terminar a situação social ,muitas pessoas com
fobia social descrevem um sentimento de vergonha e de humilhação que persiste por vezes
longo tempo após o fim da interação.
Embora o objetivo da autópsia seja uma tentativa de tranquilização acerca do seu receio de
terem sido avaliados negativamente, o seu resultado é o inverso e ela aumenta habitualmente
o sentimento de humilhação e inadequação social.
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Durante o curso da perturbação, o foco da preocupação pode mudar de uma preocupação para
outra.
O processo de preocupação está associado a uma motivação para prevenir ou evitar potenciais
perigos. Pode ser visto como uma estratégia de coping, que se torna no foco de problemas.
As preocupações diárias são muito menos prováveis de ser acompanhadas por sintomas físicos
(exemplos: inquietação, taquicardia ou sensação de mal-estar). Os indivíduos com Perturbação
de Ansiedade Generalizada relatam sofrimento subjetivo devido à preocupação constante e
prejuízo relacionado ao funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes de
sua vida.
• Tensão muscular.
• Náusea.
• Fadigabilidade.
• Excessiva preocupação.
• Dificuldades de sono.
• Taquicardia.
• Sudação excessiva.
• Tonturas.
• Entre outros.
5.4) PREVALÊNCIA:
A idade média de início (30 anos) é mais tardia do que para outras perturbações de ansiedade.
Os sintomas de preocupação e ansiedade excessivas podem ocorrer no início da vida, mas
manifestam-se como um temperamento ansioso.
C) A ansiedade e a preocupação estão associadas com TRÊS (OU MAIS) dos seguintes
sintomas (com pelo menos alguns sintomas presentes na maioria dos dias durante seis
meses):
F) A preocupação não melhor explicada por outra perturbação mental. Por exemplo:
Muitos sujeitos com Perturbação de Ansiedade Generalizada descrevem que se têm sentido
ansiosos toda a vida.
As taxas de remissão completa são muito baixas mas os sintomas tendem a a presentar
flutuações, remissões e recidivas ao longo da vida.
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• Que exista uma perturbação clara e significativa ao nível das atitudes e hábitos
alimentares e dos comportamentos para o controlo do peso.
• Que esta perturbação se reflita num disfuncionamento psicológico e/ou da saúde física
clinicamente significativo.
• Que esta perturbação não seja secundária a outra condição médica geral ou
psiquiátrica.
• Pica.
• Perturbações da Ruminação.
• Transtorno de Ingestão Alimentar Evitante.
• Anorexia Nervosa.
• Bulimia Nervosa.
• Transtorno da compulsão alimentar.
• Outros distúrbios alimentares ou alimentares especificados.
• Alimentação não eEspecificada ou Transtorno Alimentar.
1. Anorexia Nervosa.
2. Bulimia Nervosa.
3. Perturbação Ingestão Alimentar Compulsiva.
4. Perturbação Alimentar com outra especificação.
DIAGNÓSTICO:
Nota: O diagnóstico de Pica pode ser atribuído na presença de qualquer outra perturbação
alimentar.
A obesidade não está incluída no DSM-5 como uma perturbação mental. Contudo, existem
associações robustas entre a obesidade e um número de perturbações mentais (exemplos:
BED, Perturbações Depressivas e Perturbação Bipolar).
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1) ANOREXIA NERVOSA:
A) Restrição na ingestão alimentar que leva a um peso significativamente baixo para a idade,
sexo, etapa desenvolvimental, e saúde física. Em crianças e adolescentes, peso mais baixo do
que o minimamente expectável.
C) Distúrbio na forma como o peso ou forma corporal são experienciados, influência indevida
do peso ou forma corporal na autoavaliação, ou persistente incapacidade para reconhecer a
severidade do baixo peso atual.
O Índice de Massa Corporal (IMC) é uma medida útil para avaliar o peso tendo em conta a
altura.
Em adultos, um IMC de 18.5 kg / m² tem sido considerado pelos Centros para o Controlo e
Prevenção de Doenças (CDC) e pela Organização Mundial de Saúde (WHO) como o limite
inferior de peso normal.
Enquanto, um IMC inferior a 17.0 kg/m² é considerado pela WHO como um indicador de
magreza moderada ou severa.
Peso significativamente baixo é definido por um peso que é mais baixo do que o minimamente
normal ou, em crianças e adolescentes, mais baixo do que o minimamente expectável.
Indivíduos com esta perturbação exibem tipicamente medo intenso de ganhar peso ou de ficar
gordo.
Este medo intenso de ficar gordo não é habitualmente aliviado por perda de peso e pode até
aumentar mesmo quando o peso diminui.
Alguns indivíduos sentem-se globalmente com excesso de peso, outros percecionam-se magros
mas continuam preocupados que certas partes do corpo (particularmente o abdómen, nádegas
e coxas) sejam “demasiado gordas”.
Embora alguns indivíduos admitam ser magros, frequentemente não reconhecem as reais e
sérias implicações médicas e limitações psicossociais associadas ao seu estado de subnutrição.
Muitos dos doentes com Anorexia Nervosa podem preencher os critérios da Depressão Major,
mas muitas vezes estes sintomas representam sequelas do estado de inanição.
Embora na Depressão possa ocorrer uma grande perda de peso, os pacientes Anorexia Nervosa
diferenciam-se na vivência e significação da perda de peso.
Muitos dos doentes com Anorexia Nervosa podem preencher os critérios da Depressão Major,
mas muitas vezes estes sintomas representam sequelas do estado de inanição.
Embora na Depressão possa ocorrer uma grande perda de peso, os pacientes Anorexia Nervosa
diferenciam-se na vivência e significação da perda de peso.
Indivíduos com uma perturbação de evitamento podem exibir uma perda de peso significativa
ou deficiência nutricional, mas não têm medo de ganhar peso ou de ficar gordo, nem
apresentam alterações na forma como experienciam o seu peso e forma corporal.
A perda de peso severa pode ocorrer em algumas condições médicas (exemplos: doença
gastrointestinal, hipertiroidismo, malignidades ocultas, e síndrome da imunodeficiência
adquirida (Sida)).
Embora os indivíduos com estas condições não manifestem alterações na forma como o peso
ou forma corporal são experienciados, medo intenso de ganhar peso, nem comportamentos
persistentes que interferem com o aumento de peso.
No entanto, a perda de peso aguda associada a condições médicas pode ocasionalmente ser
seguida pelo início ou recorrência de anorexia nervosa, que pode ser mascarada por condições
médicas comorbidas.
Alguns indivíduos com anorexia nervosa não apresentam anomalias nos dados laboratoriais.
Alterações Físicas:
• Distúrbio do sono.
• Disfunções gastrointestinais.
• Fadiga.
• Hipersensibilidade ao som e à luz.
• Edema (retenção de água particularmente nos tornozelos).
• Hipotermia.
• Densidade mineral óssea baixa, com áreas específicas de osteopenia ou osteoporose.
• Parestesias.
• Diminuição do nível metabólico.
• Diminuição do interesse sexual.
• Pele seca.
• Perda de cabelo.
• Lanugo.
Alterações Cognitivas:
1.7) PREVALÊNCIA:
Pouco se conhece acerca da prevalência entre homens, considera-se que a distribuição por
sexo apresenta um rácio 10 /1 (mulheres / homens).
A APA adverte que os clínicos não devem excluir a anorexia nervosa do diagnóstico diferencial
tendo como base apenas uma idade mais avançada.
A morte é uma das consequências comuns das complicações médicas associadas à perturbação
em si e ao suicídio.
O risco de suicídio é alto na anorexia nervosa, com taxas de 12 por 100.000 por ano. Assim, a
avaliação compreensiva dos indivíduos com anorexia nervosa deve incluir avaliação da ideação
e comportamentos suicidas, assim como de outros fatores de risco incluindo o historial de
tentativa(s) de suicídio.
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Avaliação Clínica:
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2) BULIMIA NERVOSA:
A ingestão caótica que constitui a crise bulímica provoca uma acentuada culpa, vergonha,
sentimentos de ineficácia e desvalorização acompanhados por medo mórbido de engordar.
O vómito tem como função eliminar o que foi ingerido e o potencial aumento de peso, sendo
uma tentativa de anulação da culpa.
O vómito e o jejum total nas horas seguintes que inicialmente eram percebidas pelo doente
como estratégias eficazes, tornam-se comportamentos repetitivos e ineficazes.
As contingências biológicas que derivam do ciclo de fome e ingestão caótica são os grandes
responsáveis pela manutenção do ciclo patológico ingestão compulsiva / purga.
• Ingerir, num período discreto de tempo (exemplo: num período de 2 horas), uma
quantidade de comida definitivamente superior ao que a maioria das pessoas
comeriam num período de tempo ou situação semelhantes.
• Sensação de perda de controlo enquanto se come durante o episódio (exemplo:
sensação de que não se consegue parar de comer ou de controlar o que e quanto se
come).
Os pacientes com Bulimia Nervosa estão geralmente dentro do intervalo normal de peso ou
apresentam excesso de peso (IMC > 18,5 kg / m2 e < 30 em adultos).
A indução do vómito é o método purgativo mais comum, utilizado por 80 a 90% das pessoas
com Bulimia Nervosa.
Os efeitos imediatos do vómito incluem alívio do desconforto físico e diminuição da ansiedade
e do medo de engordar.
As pessoas com Bulimia Nervosa podem usar uma variedade de métodos para induzirem
vómito, após o seu uso frequente conseguem fazê-lo facilmente.
2.7) PREVALÊNCIA:
A prevalência-ponto é maior entre adultos, já que o perturbação atinge seu pico no fim da
adolescência e início da idade adulta.
A perturbação é bem menos comum no sexo masculino do que no feminino, com uma
proporção feminino-masculino de aproximadamente 10:1.
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B) Os episódios de binge-eating estão associados a três (ou mais) dos seguintes critérios:
D) O binge-eating ocorre, em média, pelo menos uma vez por semana durante 3 meses.
A Perturbação de Ingestão Alimentar Compulsiva pode ocorrer em pessoas com peso normal,
com excesso de peso ou com obesidade.
3.4) PREVALÊNCIA:
A distribuição por sexo é bem menos assimétrica na Ingestão Alimentar Compulsiva do que na
Bulimia Nervosa.
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Esta categoria aplica-se a apresentações clínicas nas quais estão presentes sintomas
característicos de uma perturbação do comportamento alimentar que causam sofrimento
clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas
importantes da vida do indivíduo predominam, mas que não satisfazem todos os critérios para
qualquer perturbação na classe diagnóstica de Pertubação do Comportamento Alimentar.
Todos os critérios para anorexia nervosa são cumpridos, exceto o peso (embora tenha havido
uma perda de peso significativa, o peso encontrase dentro ou acima do intervalo normal).
Todos os critérios da pert. de ingestão compulsiva são cumpridos, mas o binge-eating ocorre,
em média, menos de 1X semana e/ou durante menos de 3 meses.
Episódios recorrentes de ingestão noturna, manifestados por comer após acordar ou pelo
consumo excessivo de comida após uma refeição noturna.
O night-eating não é melhor explicado por influências externas, como mudanças no ciclo
vigília-sono do individuo ou por normas sociais locais.
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MODELO TRANSDIAGNÓSTICO:
Instabilidade diagnóstica e nas alta taxa de migração entre os diferentes quadros clínicos de
Perturbações do Comportamento Alimentar.
EMOÇÃO:
Resposta a curto-prazo.
AFETO:
ESTADO DE HUMOR:
“Estado emocional que dura já há algum tempo, constituindo uma disposição (…) - reativa ou
endógena - para reagir aos acontecimentos com uma determinada espécie de emoção que dá
colorido à vida total do indivíduo”.
1.1) DEPRESSIVO:
Variação diurna? Ou seja, varia da manhã para a tarde? Humor deprimido matinal mais
comum na chamada depressão endógena.
Tríade cognitiva de Beck: visão negativa de si, dos outros / mundo; do futuro.
1.2) HUMOR DEPRESSIVO: SINTOMA DE BASE DAS PERTURBAÇÕES DEPRESSIVAS – MAS NÃO
SINÓNIMO, POIS:
Cerca de 10% das depressões: Humor deprimido ausente ou muito atenuado, ocorrendo
equivalentes depressivos (nomeadamente somáticos).
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Caracterizam-se pela presença de humor triste, irritável ou “vazio”, juntamente com alterações
somáticas e cognitivas, com um impacto significativo na capacidade de funcionamento.
Nota: As anteriores edições da DSM consideravam uma categoria designada por Perturbações
do Humor, que incluía, quer as perturbações depressivas, quer as perturbações bipolares e
relacionadas - categorias que agora aparecem separadas na DSM-V.
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• Corticosteroides.
• Citostáticos.
• Estrogénios.
• Progesterona.
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A) Estão presentes 5 (ou mais) dos seguintes sintomas durante o mesmo período de 2
semanas e representam uma alteração do funcionamento prévio: pelo menos um dos
sintomas é 1) humor depressivo ou 2) perda de prazer ou interesse:
1. Humor depressivo durante a maior parte do dia, quase todos os dias (triste, vazio,
hopless) ou observação feita por outros (exemplo: choroso). Em crianças e
adolescentes o humor pode ser irritável.
2. Diminuição clara do interesse ou prazer em todas, ou quase todas, as atividades
durante a maior parte do dia, quase todos os dias (por relato subjetivo ou descrição
dos outros).
3. Perda ou aumento do peso, diminuição ou aumento do apetite. Em crianças considerar
o não atingimento dos aumentos esperados de peso.
4. Insónia ou hipersónia quase todos os dias.
5. Agitação ou inibição psicomotora quase todos os dias (observável por outros).
6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias.
7. Sentimentos de desvalorização ou culpa excessiva ou inapropriada (que pode ser
delirante) quase todos os dias.
8. Diminuição da capacidade de pensamento ou concentração, ou indecisão, quase
todos os dias (por relato do próprio ou observação dos outros).
9. Pensamentos recorrentes acerca da morte (não somente acerca do medo de morrer),
ideação suicida recorrente sem um plano específico ou uma tentativa de suicídio, ou
com um plano específico para cometer suicídio.
C) Os sintomas não são causados pelo efeito fisiológico direto de uma substância (exemplos:
droga e medicação) nem por um estado físico geral (exemplo: hipotiroidismo).
D) Pelo menos um episódio depressivo major não é melhor explicado por outra perturbação.
E) Nunca houve um episódio maníaco ou hipomaníaco (esta exclusão não se aplica se estes
episódios são induzidos por substâncias ou atribuível aos efeitos fisiológicos de outra condição
médica).
Nota: Respostas a uma perda significativa (exemplo: luto), podem incluir sentimentos de
tristeza intensa, ruminação acerca da perda, insónia, perda de apetite e peso, como no critério
A, que podem parecer um episodio depressivo. Apesar destes sintomas se poderem
compreender ou poderem ser considerados apropriados à perda, deve ser cuidadosamente
considerada a possibilidade de existir a presença de um episodio depressivo major, para além
da resposta normal a uma perda significativa.
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F) Os critérios A e D estão presentes em pelo menos dois dos três contextos (ou seja, em
casa, em escolar, com pares) e são graves em pelo menos um destes.
G) O diagnóstico não deve ser feito pela primeira vez antes dos 6 anos de idade ou após os 18
anos de idade.
I) Nunca houve um período distinto com duração superior a 1 dia durante o qual os critérios
completos do sintoma, exceto a duração, para um maníaco ou hipomaníaco foram
cumpridos.
Nota: Este diagnóstico não pode coexistir com transtorno desafiador de oposição, transtorno
explosivo intermitente, ou transtorno bipolar, embora possa coexistem com outros, incluindo
transtorno depressivo maior, transtorno de déficit de atenção/hiperatividade, transtorno de
conduta e uso de substâncias subcutâneos. Indivíduos cujos sintomas preenchem os critérios
para ambos transtorno disruptivo de desregulação do humor e desafiador opositor transtorno
só deve ser dado o diagnóstico de humor perturbador transtorno de desregulação. Se um
indivíduo já experimentou um maníaco ou episódio hipomaníaco, o diagnóstico de
desregulação disruptiva do humor não deve ser atribuído.
K) Os sintomas não são atribuíveis aos efeitos fisiológicos de um ou outra condição médica
ou neurológica.
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3) DISTIMIA:
A) Humor deprimido na maior parte do dia, na maioria dos dias, indicado por relato
subjetivo ou por observação feita por outras pessoas, pelo período mínimo de dois anos.
Nota: Em crianças e adolescentes, o humor pode ser irritável, com duração mínima de um ano.
C) Durante o período de dois anos (um ano para crianças ou adolescentes) de perturbação, o
indivíduo jamais esteve sem os sintomas dos Critérios A e B por mais de dois meses.
Os critérios para uma perturbação depressiva major podem estar continuamente presentes por
dois anos.
Os sintomas não se devem aos efeitos fisiológicos de uma substância (exemplos: droga de
abuso e medicamento) ou a outra condição médica (exemplo: hipotireoidismo).
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Especificar-se:
Especificar-se:
Especificar se:
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A) Na maioria dos ciclos menstruais, pelo menos cinco sintomas devem estar presente na
última semana antes do início da menstruação, começar a melhorar dentro de alguns dias
após o início da menstruação e tornar-se mínimo ou ausente na semana pós-menstruação.
C) Um (ou mais) dos seguintes sintomas deve estar adicionalmente presente, para atingem
um total de cinco sintomas quando combinados com sintomas do Critério B acima:
Nota: Os sintomas nos Critérios A a C devem ter sido cumpridos para a maioria dos períodos
menstruais que ocorreram no ano anterior.
E) A perturbação não é meramente uma exacerbação dos sintomas de outra perturbação, tal
como perturbação depressiva major, perturbação do pânico, transtorno depressivo
persistente ou um transtorno de personalidade (embora possa concorrer com qualquer um
destes distúrbios).
F) O critério A deve ser confirmado por notações diárias prospetivas durante a pelo menos
dois ciclos sintomáticos.
G) Os sintomas não são atribuíveis aos efeitos fisiológicos de um (por exemplo, uma droga de
abuso, um medicamento, outro tratamento) ou outra condição médica (por exemplo,
hipertireoidismo).
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PREVALÊNCIA:
OMS, 2017:
Portugal:
CURSO:
Pode aparecer pela primeira vez em qualquer idade, mas a probabilidade de início aumenta
com a puberdade.
Nos Estados Unidos, a incidência parece atingir seu pico na década dos 20 anos.
FATORES DE RISCO:
Temperamentais:
Ambientais:
Genéticos e Fisiológicos:
• Os familiares de primeiro grau de indivíduos com PDM têm risco 2 a 4 vezes mais
elevado de desenvolver a doença que a população em geral.
• Os riscos relativos parecem ser mais altos para as formas de início precoce e
recorrente. O peso da hereditariedade é de aproximadamente 40%.
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DEPRESSÃO NO IDOSO:
• Os idosos podem ter quadros clinicos mais atípicos -a falsa crença dos profissionais, da
família e do idoso de que a tristeza e a depressão fazem parte do envelhecimento.
• A tendência dos idosos para exibir queixas somáticas constantes e a sua maior
dificuldade em exprimir sentimentos de tristeza.
A DEPRESSÃO GERIÁTRICA:
É frequentemente sub-diagnosticada.
ETIOLOGIA COMPLEXA:
Byrne (2002) refere que a ansiedade está associada às perturbações depressivas e às doenças
físicas.
O estudo de Xavier, Ferraz, Bertolucci, Poyares e Moriguchi (2001), com uma amostra de idosos
com mais de 80 anos, constatou que 10.6% dos idosos apresentavam sintomatologia ansiosa, e
que a mesma estava associada à sintomatologia depressiva.
Muitas das vezes, a depressão na terceira idade vem acompanhada de perdas cognitivas, sendo
nestes casos denominada de "pseudodemência depressiva" , o que dificulta o diagnóstico
diferencial entre depressão e demência.
Catastrofizam as suas dificuldades mnésicas e podem até ter resultados inferiores à média nos
testes de memória, mas isto acontece não por dificuldades mnésicas reais mas por pouca
motivação para o desempenho de tarefas.
Habitualmente apresentam maiores dificuldades na memória a longo prazo, o que poderá ser
confirmado através de uma avaliação de neuropsicologia, que escrutina as várias memórias.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL:
DEPRESSÃO:
DEMÊNCIA:
Num estudo de Wang, Cai, Qian e Peng (2014), com estudantes, verificou-se que niveis baixos
de apoio social aumentam a relação entre o stress e a sintomatologia depressiva.
Níveis elevados de apoio social podem permitir melhorar a auto-estima e autoeficácia para
lidar com as emoções negativas como a depressão (Lee, Dickson, & Holmbeck, 2014).
Relativamente às fontes de apoio que protegem da depressão, estas variam ao longo do ciclo
da vida.
Resultados de dois estudos longitudinais sugerem que uma relação pobre com o cônjuge
(Krause, Liang, & Yatomi, 1989) ou a permanência do cônjuge num lar (Sonnenberg, van
Tilburg, Vink, & Beekman, 2013) estão associadas à depressão em idosos do género masculino.
O apoio familiar pode mudar nos idosos, devido ao envelhecimento ou falecimento dos
familiares e a perda de capacidade de providenciar auxílio (Gariépy et al., 2016). O apoio dos
amigos é o mais consistente na proteção contra a depressão nos idosos, sendo considerado
adjuvante ao suporte familiar e conjugal.
A literatura refere que elevada perceção de apoio social dos amigos está associada
significativamente com menor sintomatologia depressiva nos idosos (Okun & Keith, 1998).
Amostra de 655 idosos (com 60 ou mais anos) da população geral (57.4% mulheres).
IMPLICAÇÕES:
É importante aumentar o apoio social, através da criação de novas redes sociais de apoio, e
melhorar as interacções já existentes com os elementos da rede sociais em que o idoso está
inserido.
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PENSAMENTOS INTRUSIVOS:
RESENHA HISTÓRICA:
OBSESSÕES:
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CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO:
A) Obsessões ou compulsões ou ambas: Obsessões definidas por (1), (2), (3) e (4):
Nota: Crianças pequenas podem não ser capazes de enunciar os objetivos desses
comportamentos ou atos mentais.
B) As obsessões ou compulsões tomam tempo (exemplo:., tomam mais de uma hora por dia)
ou causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social,
profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
D) A perturbação não é mais bem explicada pelos sintomas de outra perturbação mental.
Exemplos:
Preocupação por ter uma doença grave como na perturbação de ansiedade de doença.
Especificar:
CID – 10:
Necessária a presença de obsessões ou compulsões durante a maior parte dos dias por um
período mínimo de 2 semanas.
• Sexuais.
• Necessidade de Simetria e Exatidão.
• Religiosos.
• Sujidade ou Contaminação.
• Somáticos.
• De coleção/ poupança.
• Agressivos.
• Dúvidas repetidas.
• Lavagem.
• Limpeza.
• Verificação.
• Contagens.
Apesar de existirem obsessivos puros (sem compulsões, Por exemplo, com obsessões de
conteúdo agressivo, sexual, religioso – Baer, 1994 ). Eles são raros (provavelmente apresentam
rituais encobertos e comportamentos de procura de tranquilização, comportamentos de
evitamento), a maioria dos doentes apresenta obsessões e compulsões.
Assim que a obsessão ocorre, desencadeada por uma grande variedade de estímulos, é
acompanhada por sentimentos de desconforto ou ansiedade e pela necessidade urgente de
neutralizar a obsessão (ou as suas consequências).
Se o doente cessar estes comportamentos, descobrirá que aquilo que teme pode não ocorrer
de facto.
PREVALÊNCIA:
Prevalência de 12 meses nos Estados Unidos é de 1,2%, com uma prevalência similar
internacionalmente (1,1 a 1,8%).
O sexo feminino é afetado em uma taxa um pouco mais alta do que o masculino na idade
adulta.
Nos Estados Unidos, a idade média de início é 19,5 anos, e 25% dos casos iniciam-se até os 14
anos de idade.
Indivíduos do sexo masculino têm idade mais precoce do que os do sexo feminino: cerca de
25% dos homens têm a perturbação antes dos 10 anos.
Evolução crónica com aumentos e diminuições dos sintomas, estando os aumentos dos
sintomas relacionados com períodos de stress.
5% têm uma evolução episódica com sintomas mínimos ou sem sintomas entre os episódios.
PADRÃO FAMILIAR:
A taxa do POC nos familiares biológicos em primeiro grau de sujeitos com Perturbação
obsessivo-compulsiva é mais elevada que a taxa da população em geral.
CONTEXTO CULTURAL:
Nos últimos anos verificou-se um aumento das obsessões e compulsões relacionadas com o
vírus da VIH / SIDA e com o coronavírus SARS-CoV-2 (desde 2020, com o eclodir da pandemia
CIVD-19).
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL:
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MOTIVO DA CONSULTA:
1) Sintomatologia Obsessivo-Compulsiva:
• Obsessões sobre precisar que as coisas estejam "mesmo bem" e sobre simetria,
nomeadamente com a letra, contanto que, muitas vezes, nas aulas, demora muito
tempo a tirar apontamentos a fazer a letra de forma "perfeita”.
• Verifica várias vezes se não comete erros e relê e reescreve as coisas.
• Reporta que, se iniciar um ritual antes de estudar, sente necessidade de o finalizar, não
o conseguindo interromper, o que leva a ritualizações consecutivas.
• Compulsões: Contagem, ordenação e organização e afirma ter necessidade de tocar
em objetos simétricos.
• Grau de interferência grave e ocupam-lhe até 8 horas diárias.
DIAGNÓSTICO – DSM-V:
Estes estão relacionados com diversas temáticas, tal como medo de ser contaminada, bem
como incerteza relativamente ao estado de limpeza dos, obsessões sexuais e religiosas, de
simetria, e de dano, temendo que se não realizar determinadas ações (rituais), algo de mal
aconteça.
A doente evita determinados locais e tenta neutralizar as obsessões através de ações que
possam prevenir / evitar que as suas obsessões, ou que algo danoso aconteça a alguém
(Critério A – (1).
Estas compulsões reduzem a ansiedade e sofrimento gerado pelas obsessões (Critério A – (2)).
A doente afirma que estes comportamentos surgem constantemente durante o dia, todos os
dias, tendo dificuldade em identificar o número total de horas que ritualiza, já que considera
que “pode ser durante 2 minutos, mas depois estar horas a ruminar”, afirmando ainda ruminar
acerca de locais onde tocou há 5 anos.
Os sintomas não se devem aos efeitos fisiológicos de uma substância ou condição médica e
não são melhor explicados por uma outra perturbação mental (Critérios C e D).
Verifica-se a existência de um insight bom ou razoável, uma vez que a doente, quando não
está perante uma situação evocadora de obsessões, consegue reconhecer que as suas crenças
provavelmente não são verdadeiras.
Existe uma grande instabilidade nas suas relações interpessoais, uma vez que esta afirma que,
quando é convidada para algo, nunca quer ir, no entanto, arrepende-se quando não vai, ou, se
for, afirma que “depois já não quero ir embora”. Relata que os seus amigos são "os únicos
minimamente estáveis", no entanto, fica semanas sem lhes responder às mensagens. Reporta
também que "vivo a vida agarrada à minha mãe” e que não vive sem ela, no entanto, é
também com quem mais se chateia e discute.
Estes acessos de raiva prejudicam o seu funcionamento familiar e social (Critério A6).
Os episódios de raiva intensa são frequentemente inapropriados, ocorrendo num vasto nível
de áreas, nomeadamente a nível familiar, a nível social, uma vez que esta raiva é despoletada
por estímulos mínimos quando se encontra em público e a nível escolar (Critério A8).
Poderão estar presentes sintomas dissociativos graves, face à sua afirmação de que, nas aulas,
tem a sensação de que "acordei e tenho medo de estar ali, tudo fica amplificado, até o som, é
como se estivesse nua, não sei que mal me podia acontecer” (Critério A9, possivelmente
cumprido).
Conta também já ter pensado em suicídio, ainda que não pense concretizar (Critério A5).