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Data: ___/___/___ TEXTO 1 – 1º BIMESTRE

Professor: Anderson 8º ANO Turma: ____


Aluno: ________________________________________

A ÉTICA NO ESPORTE
Para falar de ética no esporte é necessário antes, que possamos trazer algumas
definições do que é ética. Outra confusão que as pessoas fazem é confundir ética
com moral, e definitivamente elas não são iguais.
Segundo Cortella (2008, pg. 105), “Ética é o que marca a nossa convivência. Seja
com as outras pessoas, seja com o mercado, seja com os indivíduos. Ética é
aquela perspectiva para olharmos para os nossos princípios e os nossos valores
para existirmos juntos. Quando o seu pai falava – nesta casa não se faz isso – o
que ele queria dizer com isso? Que neste convívio, neste lugar onde somos o que
somos, onde temos a nossa família, não se faz isso”.
De acordo com Souza (2009, pg. 5), “Ética é o que diferencia o que é bom ou Jose Arthur Fernandes Barros
mau, correto ou incorreto, justo ou injusto, e esses conceitos podem variar de
Mestre em Gestão do Esporte
pessoa para pessoa”.
(Professor Laureate Universities)
E a pergunta que Souza (2009, pg. 6) traz em seu livro, é muito esclarecedora
sobre se as atitudes tomadas são éticas ou não: “Eu posso divulgar para todos como foi que eu fiz
ou como foi que eu consegui? Se a resposta for não, provavelmente a atitude em questão não se
enquadra nos padrões éticos”
Quando trazemos as situações éticas para o esporte nos deparamos com a seguinte posição trazida por
Cashman (2007 in RUBIO at. al. 2007, pg. 9): “A Carta Olímpica declara que o esporte deveria ser
praticado de uma maneira ética: o objetivo do Olimpismo é dispor, em qualquer lugar, o esporte a serviço
do desenvolvimento harmonioso do homem”.
Com outra contribuição e desta vez mais próxima da prática, a Federação Paulista de Atletismo, na
década de 2000/10, publicou um manual de ética e comprometimento para os seus funcionários, mas
que traz também uma fala sobre os princípios de ética: “Espera-se uma conduta de honestidade, justiça,
respeito, cumprimento da lei e das regras frente a todos os clientes, intermediários e funcionários em
geral”.
Assim, podemos tirar algumas conclusões do que deveria ser um comportamento
ético no esporte, vamos colocar uma situação que já ouvimos falar chamada de
“fazer pressão”, melhor dizendo: “Montar uma estrutura pré-concebida em um
ginásio esportivo com diversos torcedores “raivosos”, ‘xingando’, pressionando,
ameaçando, muitas vezes cuspindo para conseguir uma vitória e classificar a
equipe”. O que poderíamos dizer de quem montou isso?
Outra que se tornou comum: “A torcida fala mal, os jogadores reclamam e alguns
até partem para a agressão. A vida dos árbitros de futebol ao redor do mundo não é
fácil. E no último domingo, o juiz que apitava a partida entre Pelita Bandung e Raya Persiwa, pela Liga
da Indonésia, precisou de atendimento médico após ter o nariz quebrado por um violento soco aplicado
por um jogador. ” Mas que bom que isso só acontece por lá, na Indonésia." 
Algumas imagens que podem ser muito discutíveis com relação à ética:

Muito se fala sobre arquibancadas lotadas e possibilidades de aumento de arrecadação para melhorar a
sustentabilidade das equipes. Entendo que em primeiro lugar devamos partir de alguns compromissos
éticos. O que se passa dentro de campo não se deve progredir para as arquibancadas e o contrário
também é verdadeiro.
Em uma comparação rápida do esporte com a cultura, quando se vai ao teatro e a peça não está dentro
das expectativas podem ocorrer duas reações: simplesmente levantar e ir embora ou aguarda até o final
da peça e depois debater sobre os pontos de discordância com quem lhe fez companhia na peça. Isso é
moral e ético, porque se espera isso de você, mas e se um grupo de pessoas começasse a vaiar os
atores, ou a xingar?
Já no esporte as pessoas querem se manifestar naquele exato momento sobre a sua discordância com a
atitude de um jogador, a escalação do técnico do seu próprio time, e pior de tudo, xingar o árbitro por
uma falta que ele acha que não foi. Ora, todas essas manifestações já passaram a ser quase que
rotineiras no esporte brasileiro, mas que de uma forma ou de outra espantam outras pessoas que
poderiam frequentar as nossas arquibancadas.
Do atleta, o compromisso ético então deveria ser o mesmo de quando ele assina um contrato, seja ele
remunerado ou não, com uma equipe esportiva em qualquer modalidade, afinal ele está lá para praticar
esporte e isso por si só já deveria dizer-lhe que há a necessidade de ser ético e moral, para com ele
mesmo, com os colegas e com todos aqueles que ele serve como exemplo.
Modalidades esportivas com menor risco de contato são convidativas para a família. Uma competição de
natação, um jogo de voleibol, uma competição de ginástica artística, uma competição de atletismo, etc.
Até esportes de luta podem ser bem convidativos como o Judô ou o Taekwondo que mantêm conceitos
fortes de disciplina, ética e moral. Entre outras modalidades.
Se cada um dos participantes levasse em consideração os conceitos éticos gerais, saberiam que
algumas situações devem ser evitadas, mesmo que o atleta ou a sua torcida estejam extremamente
contrariados com o acontecimento. As dúvidas devem ser decididas em outra esfera.
A modalidade Rúgbi é um grande exemplo, de extremo contato entre os jogadores, a disciplina é
impecável e todos respeitam e acatam as orientações da arbitragem. Os lutadores de MMA, mesmo
sendo um esporte extremamente violento, obedecem aos árbitros ao sinal de pare e procuram manter
um conceito alto de “Fair Play” (Fair Play é uma expressão do inglês que significa modo leal de agir. O
conceito de Fair Play está vinculado à ética no meio esportivo, onde os praticantes devem procurar jogar
de maneira que não prejudiquem o adversário de forma proposital).
Constituir um espaço esportivo ético, não é só colocar os seus valores neste trabalho, já que pode ser
que eles não sejam suficientes, mas colocar aquilo que o grupo de pessoas que vivem desta modalidade
têm de melhor para contribuir.
Ao contrário do que algumas pessoas podem pensar, espaços éticos não são desprovidos de
competição. Assistir a um jogo de Futsal sem que haja um confronto verbal ou físico entre as duas
torcidas deveria ser uma regra, mas muitas vezes ela é quebrada por um grupo de pessoas que não
souberam agir com o comportamento ético esperado por todos.
Um técnico esportivo que sinaliza para os pais na arquibancada que o árbitro está errando demais contra
a sua equipe, passa que tipo de mensagem? Muito em breve pode haver um grupo de pais prontos para
entrar em confronto com esse árbitro, seja por ofensas pessoais, ou ameaçando e até agredindo-o.
São muitas as posturas éticas que devem ser discutidas entre os que têm o esporte como profissão ou
mesmo como lazer aos finais de semana. Algumas modalidades têm uma característica de muito contato
ou de algumas regras interpretativas que são difíceis de discutirem no calor da competição onde os seus
participantes devem ter um alto nível de controle. Se todos mantêm esta regra, aquele que se
descontrola acaba sendo retirado do espaço, sem que isso vá interromper o prazer de participar dos
demais.
Alguns casos só com uma legislação mais rigorosa poderão acabar com processos que na atualidade
não deveriam mais existir. Na Inglaterra o que deu jeito nos torcedores de futebol foi justamente a
Legislação e o devido cumprimento da mesma. Hoje se pode ver que nos jogos ingleses não há nem
alambrados separando o público do campo de jogo. Com isso todos ganharam, ainda mais porque houve
uma elevação dos investimentos no futebol inglês que trouxe mais e melhores jogadores do exterior.
Nós por aqui devemos agradecer a todos que constituem um ambiente ético de trabalho e de prática em
sua modalidade, já que o futuro dela dependerá deste comportamento. Que isso possa ser uma regra,
assim a família brasileira poderá escolher com tranquilidade em qual local esportivo vai poder passar
alguns momentos de lazer. Estaremos há um passo do esporte como entretenimento.
Só para não ficar com dúvidas, vamos à Cortella (2008, pg. 106 – 107) que define:
“A ética é um conjunto de princípios e valores que você usa para responder as três grandes perguntas da
vida humana: Quero? Devo? Posso? O que é moral? A prática da resposta.”
Nós vivemos muitas vezes dilemas éticos. Há coisas que eu quero, mas não devo. Há coisas que eu
devo, mas não posso. Há coisas que eu posso, mas não quero. Quando você tem paz de espírito?
Quando tem um pouco de felicidade? Quando aquilo que você quer é o que deve ou o que você pode.
Todas as vezes que aquilo que você quer não é aquilo que você deve; todas as vezes que aquilo que
você deve não é aquilo que você pode; todas as vezes que aquilo que você pode não é o que você quer,
você vive um conflito, que muitas vezes é um dilema. ”
Podemos entender então que ética e a moral são uma questão de valores e princípios de cada um dos
envolvidos, mas que devem estar em consonância com os demais no mesmo grupo de pessoas que
praticam a mesma modalidade esportiva. É algo a ser praticado e não apenas estudado e definido com
palavras em um livro ou artigo.

Bibliografia:CORTELLA, M.S. Qual é a tua obra? Inquietações propositivas sobre gestão, liderança e ética. Editora:
Vozes. Petrópolis, RJ, 2008.

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