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Referências Técnicas para atuação de psicólogas(os) EM MEDIDAS


SOCIOEDUCATIVAS

NAPOLI, Cristiane; SILVA, Fábio; LEMOS, Flávia; et al. REFERÊNCIAS TÉCNICAS


PARA ATUAÇÃO DE PSICÓLOGAS (OS) NO ÂMBITO DAS MEDIDAS
SOCIOEDUCATIVAS. [s.l.]: Edição Revisada, 2021.

Introdução (páginas 15 a 18)

“Basicamente existem duas formas possíveis de produção das referências técnicas: a


primeira passa pela realização da investigação sobre a prática profissional (coleta
quantitativa on-line e coleta qualitativa em grupos e entrevistas realizadas pelos
CRPs)”. (pag.16)

“O Crepop foi criado pelo Sistema Conselhos de Psicologia em dezembro de 2005 e


iniciou suas atividades em janeiro de 2006.” (pag. 16)

“A primeira Referência Técnica para atuação em Medidas Socioeducativas (Unidades


de Internação) foi lançada pelo Crepop em 2010...” (pag.17)

“...o Grupo de Trabalho Atuação da Psicologia no Contexto das Medidas


Socioeducativas (vinculado à Apaf) também realizou apontamentos significativos para
as referências técnicas, sendo a mais importante a que dizia que o Crepop passasse
a tratar as medidas socioeducativas em um documento único.” (pag.18)

EIXO 1 – DIMENSÃO ÉTICOPOLÍTICA DA SOCIOEDUCAÇÃO DAS MEDIDAS


SOCIOEDUCATIVAS (páginas 19 a 41)
“Por conseguinte, pensar as dimensões ético-políticas dessa política exige uma
análise da complexidade estruturante das políticas públicas brasileiras, especialmente
no âmbito de atenção aos adolescentes.” (pag.19)

“A marca de sujeito criminoso vai se tornando um status social atribuído a certos


sujeitos selecionados pelo sistema penal (BARATTA, 2002, p. 11).” (pag.22)

“Essa atribuição do status de criminoso a determinados grupos vai perpassar a


atuação institucional do sistema socioeducativo, desde os atuantes do direito
(intérpretes e aplicadores, juízes e tribunais) às outras instituições interligadas, como
as de segurança pública e os responsáveis pela execução da medida socioeducativa.”
(pag.22)

“Por conseguinte, a definição de crimes, as construções normativas acerca dos


criminosos, as penalizações, a construção de estruturas físicas para as punições, as
ações das polícias, as intervenções médicas, os estudos científicos e a própria
distribuição da cidade envolvem a existência de um projeto político econômico de
estrutura colonial.” (pag.23)

“Era preciso lançar mão de estratégias para manter suas propriedades, seus postos
econômicos e políticos e, sobretudo, manter a população negra subordinada na
relação trabalhista (BATISTA, 2003; CFP, 2017; LISBOA, 2018). (pag.24)

“Além dos aspectos fenotípicos e hereditários, inúmeras teorias apontam a questão


cultural como causa dos comportamentos imorais e incivilizados, articulando a ideia
de uma personalidade violenta, imoral, primitiva e selvagem.” (pag.26)

“...os dados do Atlas da Violência (IPEA, 2019), que apontam que 75,5% das vítimas
de homicídio no Brasil são negras.” (pag. 28)

“Segundo Góes [...], outro processo que resulta dessa política histórica nacional de
exclusão da população negra é o aprisionamento massivo” (pag.28)
“Relações de poder e dinâmicas políticas que atravessam a história das políticas
públicas reverberam até hoje na baixa implementação da política de socioeducação
no Brasi” (pag.29)

“A linha do tempo das políticas sociais no Brasil desde o advento da República tornou
crescente o número de crianças e adolescentes, negros(as) e pobres, que vivem em
situação de rua e que compõem a massa marcada pelo viés de ameaça e perigo,
especialmente por parte da elite branca.” (pag.29)

“Houve um movimento histórico de recolhimento e institucionalização de crianças e


adolescentes das ruas para colocar em instituições fechadas, pautadas pelo discurso
da educação (RIZZINI; RIZZINI, 2004).” (pag. 31)

“Um avanço significativo do ECA refere-se à abordagem do ato infracional praticado


por adolescentes.” (pag.33)

“A perspectiva da socioeducação prevê a responsabilização pelo ato infracional, mas


integra à perspectiva de responsabilização penal o viés da educação, em virtude da
“condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento”
(BRASIL, 1990, Capítulo II, artigo 106).” (pag.35)

“Ressalta-se que a socioeducação não deve estar isolada pelas práticas cotidianas,
muros, grades e cadeados das unidades onde as medidas são executadas.” (pag.40)

“Ter essa dimensão de rede, de interconectividade é fundamental para que se deixe


de lado a perspectiva individualizante que envolve o ato infracional, bem como o
cumprimento da pena e da ideia de responsabilização penal.” (pag.40)

“Essa perspectiva de convívio social que o termo socioeducação comporta, bem como
a ideia de que é necessário um contexto com condições possíveis para uma boa
convivência, nos desloca da ideia de que exista uma deficiência individual do(a)
adolescente nesse cumprimento que seja de caráter determinante e definitivo.”
(pag.41)
“as normativas de referência afirmam a perspectiva educacional, para além do viés
sancionatório de tais medidas, descrevendo que as ações socioeducativas devem ter
como objetivo geral exercer influência sobre a vida do adolescente, contribuindo para
a construção de sua identidade e favorecendo a elaboração de um projeto de vida,
tendo a função de possibilitar aos adolescentes atividades que lhes permitam
repensar a vida e criar um novo projeto com autonomia e singularidade.” (pag.41)

O Eixo 1, que trata da dimensão ético-política da socioeducação e das medidas


socioeducativas. O texto ressalta a complexidade das políticas públicas brasileiras
voltadas para o atendimento de adolescentes em conflito com a lei.

O Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase) é mencionado


como o conjunto de diretrizes que busca regulamentar a execução das medidas
socioeducativas, proporcionando um referencial comum para instituições
governamentais e não governamentais em todo o país.

Um ponto importante destacado é a atribuição do status de "criminoso" a


determinados grupos, sendo esse rótulo uma marca social imposta pelo sistema
penal. Essa visão vai influenciar a atuação das instituições do sistema socioeducativo,
incluindo atores do direito, instituições de segurança pública e os responsáveis pela
execução das medidas socioeducativas.

O texto também aponta que as construções normativas sobre crimes, a


penalização, a estrutura de punição, as ações policiais, as intervenções médicas e a
própria organização da cidade estão interligadas a um projeto político e econômico de
estrutura colonial. Esse projeto historicamente envolveu estratégias para manter a
população negra subordinada nas relações de trabalho.

Além disso, o texto menciona a importação e adaptação, a partir da Europa, de


diversas teorias racistas, eugenistas e higienistas, que influenciaram a concepção de
comportamentos imorais e incivilizados. A questão cultural também é apontada como
uma suposta causa de tais comportamentos.
EIXO 2 – PSICOLOGIA E ÁREA EM FOCO – Páginas 42 á 47

“A psicologia, enquanto saber, configura-se como o campo de conhecimento voltado


para o sujeito e sua relação consigo e com o mundo a sua volta.” (pag.42)

“Ressalta-se que tal perspectiva é o grande motor da entrada da Psicologia junto às


instituições e estabelecimentos prisionais e de privação de liberdade, posto que este
campo de saber passa a funcionar como técnica, ou seja, como ferramenta para
verificação da verdade sobre os sujeitos ditos criminosos” (pag.42)

“Nessa articulação entre Psicologia e Justiça, essa perspectiva de técnica de exame


e o conhecimento sobre o comportamento humano assumem a função primordial de
auxiliar a tomada de decisão dos representantes das leis, através da construção de
laudos, avaliações e diagnósticos (MIRANDA Júnior, 1998).” (pag.42)

“O olhar diagnóstico de riscos e perigos se volta para a ruptura com as normas e as


leis e vai ganhando um lugar da contabilidade, realizada pelos que se denominam
gestores dos fatores de risco.” (pag.43)

“Vale ressaltar como o punitivismo e o legalismo se alimentam cada vez mais pela
classificação biomédica e médico-psicológica de riscos e perigos, sustentada na
vertente funcionalista de defesa da sociedade (BATISTA, 2003).” (pag.43)

“De um modo geral, a atuação da Psicologia no sistema socioeducativo é marcada


incessantemente enquanto uma prática de verificação da verdade, na busca de
auxiliar a tomada de decisão dos juízes, sempre analisando os riscos do retorno ao
cometimento do ato.” (pag.44)

“Pensar essa noção de risco articulado à noção de adolescência é negar a existência


das normas sociais, é desviar dos modelos previstos para ser adolescente, na
atualidade, por exemplo, em especial, a de adolescentes, moradores das periferias
urbanas e filhos(as) de famílias organizadas em arranjos diversos do que é definido
como modelo funcional para uma perspectiva funcionalista de certa economia política
e dos processos de desenvolvimento humano.” (pag.46)

“Estas complexidades também sustentam os modos como se analisa a posição da


família em relação às condutas dos(as) adolescentes” (pag.46)

“Segundo Fonseca (2005), a ideia de disfunção e desestrutura tão comumente


associadas às classificações negativas atribuídas às famílias pobres, das periferias
urbanas, vem historicamente sendo utilizada para referendar o encaminhamento
massivo de adolescentes das periferias urbanas para as medidas socioeducativas,
em especial as de privação da liberdade.” (pag.47)

“Mais do que reduzir-se a uma ferramenta para o Judiciário, tais análises devem partir
de uma prática que deve ser coletiva, articulando também outros profissionais na
intenção de produzir um plano de atendimento individual e institucional que possibilite
uma ação interdisciplinar e intersetorial no ato socioeducativo, que deve priorizar o
sistema de garantia de direitos.”(pag.47)
O Eixo 2, que aborda a relação entre a Psicologia e a área em foco, relacionada
ao sistema socioeducativo e às medidas de privação de liberdade. A Psicologia é
descrita como um campo de conhecimento voltado para o sujeito e sua interação com
o mundo ao seu redor.

Destaca-se que a Psicologia tem sido aplicada como uma técnica para avaliar
a verdade sobre os sujeitos considerados criminosos, especialmente em instituições
prisionais e de privação de liberdade. Ela desempenha um papel relevante ao auxiliar
a tomada de decisão dos representantes da justiça, fornecendo laudos, avaliações e
diagnósticos.

O olhar diagnóstico de riscos e perigos é enfatizado, com a busca por identificar


rupturas com normas e leis, sendo esta perspectiva impulsionada por classificações
biomédicas e médico-psicológicas. A atuação da Psicologia no sistema socioeducativo
é descrita como uma prática de verificação da verdade, visando analisar os riscos de
reincidência.

A noção de risco associada à adolescência é discutida, com ênfase na negação


das normas sociais e dos modelos previstos para os adolescentes, especialmente os
de famílias das periferias urbanas, implicando uma perspectiva funcionalista sobre
economia política e desenvolvimento humano.

A posição da família em relação ao comportamento dos adolescentes é


mencionada, e a ideia de disfunção e desestruturação é apontada como um fator que
tem levado ao encaminhamento massivo de adolescentes das periferias urbanas para
medidas socioeducativas, como a privação da liberdade.

Destaca-se a importância de considerar as análises como uma prática coletiva,


envolvendo outros profissionais, para produzir um plano de atendimento individual e
institucional que priorize a ação interdisciplinar e intersetorial, visando garantir os
direitos dos jovens em medidas socioeducativas.
EIXO 3 – ATUAÇÃO DA PSICOLOGIA NOS SERVIÇOS ESPECÍFICOS Páginas –
48 á 72
As questões e os limites a serem enfrentados pelo exercício da profissão na
socioeducação indicam exatamente a complexidade do trabalho nessa política pública
e a relevância do reconhecimento de nossa capacidade de agir com o acúmulo de
produções teórico- -metodológicas da Psicologia.” (pag.48)

“Nesta atitude dialógica, a escuta é potencializada como modo de ampliar os pontos


de vista e a compreensão a respeito do(a) adolescente e das concepções teórico-
metodológicas a respeito de como desenvolver o trabalho socioeducativo.” (pag.47)
“A proteção integral do(a) adolescente envolve um conjunto de ações em que a
atuação da Psicologia se dá, necessariamente, com outras áreas de conhecimento e
atuação, bem como com uma rede de serviços.” (pag.50)

“. A Psicologia é convocada a um intenso exercício ético implicado com sua


atualização teórica e metodológica para promover ações tanto com adolescentes
como com suas famílias ou responsáveis e com as equipes com as quais trabalha,
seja no mesmo serviço, seja nos demais equipamentos e serviços que compõem a
rede por onde o(a) adolescente deverá transitar para desenvolver seu plano individual
de atendimento e garantir o exercício de seus direitos” (pag.51)

“O programa de atendimento socioeducativo diz respeito ao estabelecimento que fará


a gestão da execução da medida socioeducativa, sendo formulado conforme o tipo de
medida (internação, internação provisória, semiliberdade; liberdade assistida;
prestação de serviço à comunidade).” ( pag.53)

“O PIA exige um plano intersetorial de atendimento para acompanhar o trabalho, as


dificuldades e as potencialidades das práticas interdisciplinares e em rede” (pag.56)

“É fundamental ressaltar também como o trabalho da Psicologia em alguns


estabelecimentos é marcado pelo que Coimbra e Nascimento (2007) definem como
sobreimplicação, ou seja, um cotidiano de sobretrabalho, de uma rotina automatizada,
com a fragilização dos espaços coletivos e de análise.” (pag.57)

“Na unidade de internação provisória, é comum que a atuação da Psicologia seja


direcionada à elaboração de pareceres vinculados à definição da medida
socioeducativa...” (pag.60)
“A inclusão do(a) adolescente em prestação de serviços coloca para a equipe
profissional, e também para a(o) psicóloga(o), os desafios da preparação, do
acompanhamento e da avaliação permanente dessa inclusão no sentido da medida
obter sua finalidade: demonstrar para o(a) adolescente alternativas de inserção em
sua coletividade” (pag.71)

O Eixo 3 aborda a atuação da Psicologia nos serviços específicos relacionados


à socioeducação, compreendendo as dificuldades e desafios dessa prática
profissional. O texto destaca a complexidade do trabalho na política pública da
socioeducação e a importância do reconhecimento da capacidade de agir da
Psicologia, baseando-se nas produções teórico-metodológicas da área.

O diálogo é enfatizado como uma atitude fundamental, potencializando a


escuta como meio de ampliar os pontos de vista e a compreensão a respeito dos
adolescentes e das concepções teórico-metodológicas para o trabalho
socioeducativo.

A atuação da Psicologia na proteção integral do adolescente é mencionada


como um trabalho em conjunto com outras áreas de conhecimento e atuação, bem
como com uma rede de serviços. Isso exige um intenso exercício ético, atualização
teórica e metodológica para promover ações tanto com os adolescentes como com
suas famílias e com as equipes de trabalho.

O programa de atendimento socioeducativo é vinculado ao estabelecimento


que gerencia a execução das medidas socioeducativas, sendo formulado de acordo
com o tipo de medida aplicada. O Plano Individual de Atendimento (PIA) é destacado
como uma ferramenta que requer um planejamento intersetorial para acompanhar as
práticas interdisciplinares e em rede.

Em alguns estabelecimentos, o trabalho da Psicologia é descrito como


sobrecarregado, com uma rotina automatizada e espaços coletivos e de análise
fragilizados, o que é definido como "sobreimplicação". Em unidades de internação
provisória, a atuação da Psicologia geralmente envolve a elaboração de pareceres
vinculados à definição da medida socioeducativa.

Quando o adolescente é inserido em prestação de serviços, a equipe


profissional, incluindo a(o) psicóloga(o), enfrenta desafios relacionados à preparação,
acompanhamento e avaliação contínua dessa inclusão, visando demonstrar
alternativas de inserção do adolescente em sua coletividade.

O Eixo 3 enfoca a atuação da Psicologia nos serviços específicos de


socioeducação, abordando aspectos como diálogo, proteção integral do adolescente,
o programa de atendimento socioeducativo, o Plano Individual de Atendimento (PIA)
e os desafios enfrentados no cotidiano das práticas profissionais.
EIXO 4 – GESTÃO DO TRABALHO NA ÁREA EM FOCO Páginas 73 á 76

“Segundo as Regras de Beijing, o “jovem infrator é aquele a quem se tenha imputado


o cometimento de uma infração ou que seja considerado culpado do cometimento de
uma infração”, onde o termo infração é entendido como o “comportamento (ação ou
omissão) penalizado com a lei”, de acordo com o sistema jurídico de cada nação.”
(pag.73)

“Esse cenário é importante para compreendermos tanto as noções de


heterogeneidade de campos quanto o princípio da incompletude institucional, que
dialogam entre si e são basilares para o funcionamento do sistema socioeducativo e
para o trabalho da(o) psicóloga(o) em seu interior.” (pag.74)

“Ao articular-se aos CREAS, o sistema socioeducativo ganha acesso a toda a rede de
proteção, potencializando o uso de inúmeros programas para o(a) adolescente e para
toda a sua família” (pag.75)

O Eixo 4 aborda a gestão do trabalho na área da socioeducação, com ênfase


em conceitos como jovem infrator, heterogeneidade de campos e princípio da
incompletude institucional, além da articulação do sistema socioeducativo com os
Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS).

O texto menciona que, de acordo com as Regras de Beijing, o jovem infrator é


aquele que é acusado ou considerado culpado por cometer uma infração, sendo a
infração entendida como um comportamento penalizado pela lei, conforme o sistema
jurídico de cada nação.

É ressaltado que esse cenário é importante para compreender as noções de


heterogeneidade de campos e o princípio da incompletude institucional, que estão
interligados e são fundamentais para o funcionamento do sistema socioeducativo e
para a atuação da(o) psicóloga(o) dentro dele.

A articulação do sistema socioeducativo com os CREAS é enfatizada como


uma estratégia relevante, pois permite o acesso a toda a rede de proteção social,
potencializando o uso de diversos programas voltados tanto para o adolescente como
para sua família.

O Eixo 4 discute a gestão do trabalho na área da socioeducação, trazendo


conceitos-chave e destacando a importância da integração do sistema socioeducativo
com os CREAS para uma atuação mais efetiva na proteção e promoção dos direitos
dos jovens em conflito com a lei e suas famílias.

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