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Para citar esse documento:

CARVALHO, Erica Pessoa de; ARRAIS, Joubert de Albuquerque. A comunicação do


corpo artista no debate interseccional: um estudo de audiovisualidades com corpos
negros que dançam. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISADORES EM
DANÇA, 7, 2022, edição virtual. Anais eletrônicos [...]. Salvador: Associação
Nacional de Pesquisadores em Dança – Editora ANDA, 2022. p. 2262-2265.

www.portalanda.org.br

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A comunicação do corpo artista no debate interseccional:
um estudo de audiovisualidades com corpos negros que dançam

Erica Pessoa de Carvalho (UFCA)


Joubert de Albuquerque Arrais (UFCA / UFBA)

Comitê Temático: Dança, Gênero, Sexualidades e Interseccionalidades

1. Pesquisa e Plano de Trabalho

Esta pesquisa de iniciação científica estrutura-se a partir do plano de


trabalho “Interseccionalidades audiovisuais do corpo artista”, problematizando a
comunicação corpoaudiovisual (ARRAIS, 2017) no debate interseccional com
trabalhos de dança contemporânea, com entrevistas e curadoria de pessoas artistas
da dança, em articulação com a proposta de coimplicação crítica e crítica
coimplicada (ARRAIS, 2013, 2008), para investigar ações e discursos audiovisuais
como um tipo de comunicação da crítica de/a dança.
Nossa metodologia é de caráter interdisciplinar, com referências
relacionadas com a politização do corpo artista (RAQUEL, 2011), o fazer-dizer do
corpo que dança (SETENTA, 2008), interseccionalidade (AKOTIRENE, 2018), corpo,
gênero e sexualidades (LOURO, 2012); e jornalismo expandido (PINHEIRO; SALLES,
2016), convergindo para alguns textos jornalísticos opinativos de política (BRUM,
2021, 2018, 2017).
Para esta comunicação, que faz parte do segundo ano da pesquisa “A
comunicação do corpo artista no debate interseccional” (PIBIC/PRPI/UFCA),
propomos um estudo interseccional de dois trabalhos artísticos de dança enquanto
críticas dançadas, criados por bailarinos negros brasileiros: a performance solo O
samba do crioulo doido, de Luiz de Abreu (SP/BA); e o video- dança-performance
Espiral - O futuro pode estar a sua frente ou às suas costas, de Rui Moreira
(MG/SP/RS).
Na primeira obra, o audiovisual é o registro documental de apresentações
e remontagem; já na segunda obra, o audiovisual faz parte da concepção e criação.
Em ambas, analisamos questões sobre o processo de rompimento de uma lógica 2262
cultural ocidental e como tais obras colaboram para o rompimento do movimento
eurocêntrico e capitalista em conexão com suas ancestralidades.

2. Pergunta de pesquisa e outras relações entre dança e audiovisual

A partir dos estudos de Nogueira (2020), Akotirene (2018) e Greiner


(2005), formulamos a seguinte pergunta: o que instiga a subversão de um corpo
dançante no sistema de opressão em seu discurso audiovisual de movimento artístico,
coreográfico e ancestral?
Como possíveis respostas, defendemos que a interseccionalidade
presente nesse corpo que dança e incorporado como artista “corpo artista” é
resistência que atravessa esse sistema como enfrentamento de ocupação em
espaço que antes não seriam de pertencimento, mas, a persistência de mover esse
corpo com essa dança contemporânea utilizando os signos corporais de seu
movimento que transpassa o discurso de dança artística como entretenimento para
a luta racial, a partir de uma crítica presente em sua coreografia.
O corpo que se move dançando enfrenta os obstáculos de um corpo que
é demarcado por sua cor e o movimento “afeminado”, o machismo condiciona esse
corpo a se manter parado. A subversão desse corpo que insiste em dançar se
propõe a reexistir com a força de transformar esse meio social que distanciam esses
artistas que não fazem parte desse padrão social, político e socioeconômico.

3. Considerações finais:

Nesta comunicação, como parte de uma pesquisa de iniciação científica,


as memórias desse corpo que se move dançando edificam, assim, uma base para
esse discurso corporal na dança. O corpo artista audiovisual tem uma movência de
resgate ancestral. A necessidade de ultrapassar barreiras imposta pelo capitalismo
no modo operante da sociedade se faz necessário em ter a presença de homens
negros e gays nesses espaços para visibilidade do trabalho enquanto artistas em
termos de representatividade para seus trabalhos artísticos.
Pois a representatividade do corpo artista audiovisual – quer seja como
obra audiovisual ou configuração artística entre linguagens – demarca um lugar de
fala e passamos a compreender trabalhos artísticos como interlocutores de
resistências e mundos possíveis. A subversão, que tensionamos e articulamos, 2263
possibilita outros acionamentos de forma estratégica do olhar/percepção para uma
criação engajada em manter o foco no que está sendo construído por essas pessoas
e questionar o colonialismo e a escravidão que a “branquitude” já fez por séculos,
retomando tantas ancestralidades no corpo e como dança em presenças
audiovisuais.

Referências

AKOTIRENE, C. O que é Interseccionalidade? São Paulo: letramento. 2018.

ARRAIS, J. A. Danças filmadas: coreografia e comunicação corpoaudiovisual. In:


ENCONTRO SOCINE, 21, João Pessoa, 2017. Anais[...], João Pessoa:
UniversidadeFederal da Paraíba, 2017.

ARRAIS, J. A. (org.) Dança com a crítica. Crítica de dança: contextos nordestinos.


Fortaleza: Expressão Gráfica, p. 398-405, 2013.

ARRAIS, J. A. Processos coevolutivos entre dança e crítica: de um contexto


cearense a uma crítica contemporânea de dança. 2008. Dissertação (Mestrado em
Dança). Programa de Pós-Graduação em Dança. Universidade Federal da Bahia.
Salvador, 2008.

BRUM, E. Quando o vírus nos trancou em casa, as telas nos deixaram sem casa.
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https://brasil.elpais.com/opiniao/2020-12-23/quando-o-virus-nos-trancou-em- casa-
as-telas-nos-deixaram-sem-casa.html. Acesso: 05 mai. 2022.

BRUM, E. “Fui morto na internet como se fosse um zumbi da série The Walking
Dead”. Jornal El País Brasil. Editoria Política. Entrevista Wagner Schwartz. Online,
2018.

BRUM, E. Como fabricar monstros para garantir o poder em 2018. Coluna, Editoria
de Política. Jornal El País Brasil. Online, 2017.

GREINER,C. O Corpo. Pistas para estudos interdisciplinares. São Paulo:


Annablume, 2005.

LOURO, G. L. Um corpo estranho. Ensaios sobre sexualidade e teoriaqueer.


Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2012.

NOGUEIRA, S. Intolerância Religiosa. São Paulo: Jandaíra. 2020.

PINHEIRO, A.; SALLES, C. A. Jornalismo Expandido: Práticas,Sujeitos e Relatos


Entrelaçados. São Paulo: Intermeios, 2016.

SETENTA, J. O fazer-dizer do corpo: dança e performatividade. Salvador: 2264


EDUFBA, 2007.
Erica Pessoa de Carvalho - autora / bolsista (UFCA)
E-mail: erica.pessoa@aluno.ufca.edu.br
Graduanda pelo bacharelado em Jornalismo da Universidade Federal do Cariri
(UFCA – campus Juazeiro do Norte), vinculado ao Instituto Interdisciplinar de
Sociedade, Cultura e Arte (IISCA). Integrante do grupo de pesquisa LIMBO –
Laboratório de Imagem e Estéticas Comunicacionais. Estudante bolsista
PIBIC/PRPI/UFCA (Bolsa CNPq). Fotógrafa independente.

Joubert de Albuquerque Arrais - coautor / orientador (UFCA / UFBA)


E-mail: joubert.arrais@ufca.edu.br
Doutor em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo (PUC-SP). Mestre em Dança pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Bacharel em Comunicação Social – Jornalismo (UFC). Professor da Universidade
Federal do Cariri (UFCA – Juazeiro do Norte). Professor permanente do Programa
de Pós-Graduação em Dança (PPGDanca/UFBA). www.enquantodancas.net

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