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Projeto de pós-doutorado
Agosto, 2019
São Paulo, SP
Resumo
Adotando como conceitos-chave as noções de cinestesia e coreografia, pretende-se
investigar novas possibilidades estéticas e dialógicas no campo da criação em
videodança, analisando estratégias composicionais fundamentadas na
interdisciplinaridade entre os campos da dança, cinema e artes visuais. Buscando
defender um tipo de lógica particular, criada pelo próprio corpo que dança, apresenta-se a
hipótese de que a cinestesia – sexto sentido que eclode nas artes do século XX –
desempenha papel central nas composições coreográficas feitas para videodança. Através
de uma abordagem historiográfica, que compreende o surgimento e o desenvolvimento da
linguagem da videodança, seus artistas expoentes e sua crescente expansão na
contemporaneidade, objetiva-se pesquisar estratégias composicionais que possam
apontar para possíveis metodologias, modos de fazer e ensinar dentro dessa nova forma
de expressão artística. Serão analisadas obras que marcaram o contexto artístico
internacional e também nacional, visando identificar quais são as especificidades
composicionais que emergem da linguagem da videodança, considerando as múltiplas
possibilidades poéticas que surgem a partir da interação entre dança e tecnologia. O
aporte teórico-metodológico será construído a partir de determinados estudos de Susan
Foster, Alain Berthoz, Laurence Louppe, Katrina McPherson, Helena Katz e outros. A
pesquisa visa à escrita e publicação de artigos, desenvolvimento de material didático para
ensino de videodança, criação e apresentação de obras artísticas, organização de evento,
período de estudos no exterior, divulgação dos resultados em congressos nacionais e
internacionais e ensino de disciplina no PPGAC-ECA USP junto à supervisora do projeto.
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES
PPGAC – ECA USP
August, 2019.
São Paulo, SP.
Abstract
Adopting as key concepts the notions of kinesthesia and choreography, I intend to
investigate new aesthetic and dialogical possibilities in the field of videodance, analyzing
compositional strategies based on interdisciplinarity between dance, cinema and visual
arts. In order to defend a particular kind of logic created by the dancing body itself, I
present the hypothesis that kinesthesia plays a central role in choreographic compositions
made for videodance. Through a historiographic approach, which includes the emergence
and development of the medium of videodance, its exponents artists and its increasing
expansion in contemporaneity, I intend to identifiy compositional strategies that can point to
methodologies, concerning the creation process and also the teaching process within this
new form of artistic expression. I will analyze works that marked the international and
national artistic context, aiming to identify the compositional specificities that emerge from
the field of videodance, considering the multiple poetical possibilities that arise from the
interaction between dance and technology. I will also analyze some educational materials to
investigate how researchers and artists are dealing with videodance creation process within
a learning context. From the theoretical point of view, the research is dialoguing with
references from Susan Foster, Alain Berthoz, Laurence Louppe, Katrina McPherson, Helena
Katz, and others. The research aims at writing and publishing articles, developing a
videodance educational material, creating and presenting artistic works, event organization,
attending national and international conferences, studying abroad and teaching a
videodance course in PPGAC -ECA USP together with the project supervisor.
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Projeto de Pós-Doutorado Dra. Karina Campos de Almeida
PPGAC-ECA USP Profa. Dra. Sayonara Sousa Pereira
1. Introdução
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Projeto de Pós-Doutorado Dra. Karina Campos de Almeida
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2. Fundamentação teórica
2.1 Videodança
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Entr’Acte reúne diversos artistas comprometidos com o movimento Dada. Conforme descreve Argan, o
movimento Dada “surge quase simultaneamente em Zurique, a partir de um grupo de artistas e poetas (Arps,
Tzara, Ball), e nos Estados Unidos (depois da exposição de 1913, o Armory Show, aberto à arte de vanguarda),
com dois pintores europeus, Duchamp e Picabia, e um fotógrafo americano, Stieglitz, aos quais logo se somará
outro pintor americano, Man Ray. O movimento se alastra com rapidez; a ele aderirá o pintor alemão Max Ernst,
dele se aproximou Schwitters. São os anos da Primeira Guerra Mundial, cuja mera conflagração, mas positivo
porque o comportamento do mundo, que pretende ser lógico e é insensato, é um nonsense negativo e letal.
Todavia, o nonsense, o acaso também podem ter uma coerência e um rigor próprios. Desfinalizada e
desvalorizada, a arte já não é senão um sinal de existência; significativo, porém, quando tudo em redor é
morte” (ARGAN, 1992: 353).
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Projeto de Pós-Doutorado Dra. Karina Campos de Almeida
PPGAC-ECA USP Profa. Dra. Sayonara Sousa Pereira
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Thierry De Mey (1956-), nascido em Bruxelas, Bélgica, é um compositor de música e realizador de cinema,
focado em filmes de dança. Figura emblemática da cena experimental desde os anos 80/90, é co-fundador
dos quartetos Maximalist! e Ictus. Escreveu para vários grupos musicais e colaborou com vários
coreógrafos e diretores de teatro.
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Anne Teresa De Keersmaeker (1960-), nascida em Mechelen, Bélgica, é bailarina, diretora e coreógrafa de
dança contemporânea. Figura expoente do campo da dança, é fundadora da companhia Rosas e uma das
fundadoras da escola PARTS (Performing Arts Research and Training Studios), localizada em Bruxelas,
Bélgica.
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Projeto de Pós-Doutorado Dra. Karina Campos de Almeida
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entre dança e cinema, entre coreografia e cinematografia. E, por essa razão, suas
videodanças serão analisadas nessa pesquisa.
2.2 Cinestesia
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Wim Vandekeybus (1963-), nascido em Herenthout, Bélgica, é bailarino, diretor, coreógrafo e cineasta.
Fundador da companhia de dança contemporânea Ultima Vez, localizada em Bruxelas, Bélgica. Artista
emblemático na intersecção entre diferentes linguagens artísticas, tais como teatro físico, dança e cinema.
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Lloyd Newson (1957-), nascido em Albury, Austrália, é um bailarino, diretor e coreógrafo de dança
contemporânea. Fundador da companhia DV8 Physical Theatre, Londres, Inglaterra, cujas obras são
referências no campo da dança contemporânea, teatro físico, cinema e videodança.
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Paulo Caldas (1968-), nascido em Rio de Janeiro, é bailarino, coreógrafo e diretor. Fundador da Staccato
Dança Contemporânea, Rio de Janeiro e um dos fundadores do Dança em Foco - Festival Internacional de
Vídeo & Dança, primeiro evento brasileiro dedicado exclusivamente à interface vídeo/dança - e professor
auxiliar do curso de graduação em dança da Universidade Federal do Ceará.
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2.3 Coreografia
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mestres de dança à pedidos de Luís XIV, foi apenas no século XX que o sentido de
coreografia foi ampliado, passando a ser associado à ideia de composição. A autora
aponta que no decorrer do século XIX, o termo coreografia caiu em desuso, tanto na língua
francesa como na inglesa e que, quando era utilizado em jornais ou críticas, referia-se
indiscriminadamente ao ato de dançar, de aprender a dançar ou de compor uma dança.
Foi apenas no final dos anos de 1920 e início de 1930, que o termo coreografia passou a
ser empregado de um novo modo, especialmente nos Estados Unidos, quando os jornais
de Nova York contrataram críticos especializados em dança. Nesse contexto, tais críticos
passaram a se referir ao coreógrafo como o autor da dança e à coreografia como a
apresentação encenada de movimento, resultante do processo criativo de composição em
dança (Cf.: FOSTER, 2009: 105-6). Em Nova York, nesse período dos anos de 1930, o
crítico John Martin contribuiu significativamente para a difusão da dança moderna,
tornando-se um dos maiores defensores dessa nova forma de expressão artística.
De acordo com Foster (2009), outro fato que marca a difusão e o emprego do termo
coreografia de uma nova maneira é quando, a partir de 1935, a Bennington College passa
a oferecer cursos específicos de composição de dança, análise musical, história e crítica
de dança. O corpo de professores da escola era formado por figuras ilustres da dança
moderna, como Martha Graham (1894-1991)9, Hanya Holm (1893-1992)10, Doris Humphrey
(1895-1958)11, Charles Weidman (1901-1975)12 e Louis Horst (1884-1964)13. Graham, Holm
e Humphrey ensinavam as suas próprias abordagens técnicas de dança moderna,
investindo em suas visões particulares e inovadoras de exploração do movimento.
Segundo Foster (2009), os professores da Bennington contribuíram para a difusão de um
entendimento da composição coreográfica como um processo que considerava uma
abordagem mais pessoal, em que o indivíduo tornava-se a origem do movimento e o corpo
o instrumento da expressão subjetiva (Cf.: FOSTER, 2009: 107-9).
A partir dos anos de 1930, os ensinamentos de Louis Horst e Doris Humphrey sobre
composição coreográfica tornaram-se uma grande influência no campo da dança
moderna. Horst, que era mentor, músico e companheiro de Graham, desenvolveu sua
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Martha Graham (1894-1991), bailarina, coreógrafa e professora estadunidense, figura que integra a
segunda geração de pioneiros da dança moderna norte-americana. Estudou com Ruth S. Denis e Ted
Shawn, bailarinos da primeira geração da dança moderna norte-americana. Fundou a Martha Graham
Dance Company, formando diversos bailarinos tais como Alvin Ailey (1931-1989), Twyla Tharp (1941-), Paul
Taylor (1930-2018), Merce Cunningham (1919-2009), dentre outros.
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Hanya Holm (1893-1992), nascida em Worms, Alemanha, bailarina, coreógrafa e professora, foi aluna de
Emile Jacques-Dalcroze (1865-1950) e Mary Wigman (1886-1973). Mudou-se para Nova York nos anos de
1930, fez parte do corpo docente da Bennington College, ao lado de Martha Graham, Charles Weidman e
Doris Humphrey.
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Doris Humphrey (1895-1958), bailarina, coreógrafa e professora estadunidense, figura que integra a
segunda geração de pioneiros da dança moderna norte-americana. Também estudou com Ruth S. Denis e
Ted Shawn, bailarinos da primeira geração da dança moderna norte-americana. Foi parceira de Charles
Weidman na criação da Humphrey-Weidman Company. Deixou um importante estudo na área de
composição de dança, The Art of Making Dances (1958). Influenciou diversos artistas, tais como José
Limon, que deu continuidade ao desenvolvimento dos ensinamentos de Humphrey junto à José Limón
Dance Company.
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Charles Weidman (1901-1975), bailarino, coreógrafo e professor estadunidense, faz parte dos pioneiros
da segunda geração da dança moderna norte-americana. Foi parceiro de Doris Humphrey na criação da
Humphrey-Weidman Company.
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Louis Horst (1884-1964), músico, compositor e professor estadunidense, foi parceiro de Martha Graham
como diretor musical e professor de composição em dança na Martha Graham School. Lecionou na área de
composição em instituições como Bennington College, Barnard College, Sarah Lawrence College, dentre
outras.
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Cavrell (2015) apresenta uma citação de Humphrey que demonstra como a dançarina
estava interessada em repensar a composição em dança, considerando o turbilhão de
mudanças sociais, políticas e históricas de sua época, questionando a missão dos artistas
perante à sociedade:
Me parece que aquela convulsão social do cataclisma do primeiro
mundo foi, mais do que qualquer outra coisa, responsável pela
emergência da teoria composicional. Os choques atingiram a vida
impensada dos bailarinos até o âmago, especialmente nos Estados
Unidos. Tudo foi re-avaliado à luz da violência e de terríveis rupturas,
e a dança não foi uma exceção... Nos Estados Unidos e na
Alemanha, bailarinos se perguntavam questões sérias. ‘Sobre o que
estou dançando?’; considerando o tipo de pessoa que sou e não o
mundo em que vivo, vale a pena? Mas se não, que outro tipo de
dança deve haver, e como ela deve ser organizada? (HUMPHREY
apud MEYERS, 2008: 17 in CAVRELL, 2015: 142).
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Alwin Nikolais (1910-1993), bailarino, coreógrafo, cenógrafo, compositor e diretor estadunidense, estudou
Bennington College com Hanya Holm, Martha Graham, Doris Humphrey, Charles Weidman, Louis Horst e
outros. É conhecido pelo seu trabalho multimídia que integra dança, luz, cenários, objetos cênicos,
projeções, explorando como a abstração pode se manifestar no corpo que dança.
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Paul Taylor (1930-2018), bailarino, coreógrafo e diretor estadunidense, estudou na Juilliard School e
dançou na Martha Graham Dance Company, com Doris Humphrey, Charles Weidman, Jose Limon, Jerome
Robbins e George Balanchine. Fundou a Paul Taylor Dance Company que tem em seu repertório mais de
140 obras.
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Merce Cunningham (1919-2009), bailarino, coreógrafo, professor e diretor estadunidense, estudou Belas
Artes na Cornish School e dança na Bennington College. Dançou na Martha Graham Dance Company, mas
seu interesse por novos modos de composição o aproxima de John Cage, parceiro de arte e vida. Fundou a
Merce Cunningham Dance Company, criou mais de 200 obras marcadas pelo experimentalismo,
envolvendo operações do acaso, tecnologia, novas mídias, relações entre diferentes formas de arte.
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Compreender a poética da dança como algo que emerge do encontro gerado pela
dupla presença dançarino-espectador, do próprio ato de dançar e do fazer, envolve,
também, o entendimento do corpo como corporeidade. Segundo Valerie Preston-Dunlop e
Ana Sanchez-Colberg (2010), a corporeidade abrange
A partir das referências aqui articuladas, é possível notar que o emprego do termo
coreografia na contemporaneidade envolve uma matriz de invenção, experimentação e
organização de movimentos e também o investimento numa poética que emerge da
própria corporeidade dançante. E, ainda, como vimos anteriormente, segundo Foster
(2011) a noção de coreografia tem, incorporada dentro dela, a noção de cinestesia. Essa
atualização do termo coreografia é fundamental para as experimentações criativas no
campo da videodança. A coreografia na videodança irá explorar de um modo intenso a
empatia cinestésica, a elaboração e invenção de movimentos que acontece tanto para o
dançarino como para o observador. Uma poética cinestésica que apresenta ao observador
novos modos de dançar, expandindo as potencialidades expressivas e poéticas sobre sua
própria corporeidade, convidando-o a olhar para novas formas de sensibilidade, novas
formas de ser e estar no mundo.
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3. Justificativa
Desde 2011, quando participei da residência artística “Narrative and poetics in the
process of devising dance for the screen” na The Place, London Contemporary Dance
School, tenho pesquisado o contexto interdisciplinar do surgimento e desenvolvimento da
linguagem da videodança. Tal residência artística fez parte da pesquisa de mestrado “A
composição como decomposição - um olhar sobre a criação em dança”, orientada pelo
Prof. Dr. Eusébio Lobo da Silva, com bolsa FAPESP, de 2010 a 2012, desenvolvida no
PPGADC da Unicamp. Quando estive em Londres, pude acessar e coletar referências
bibliográficas especializadas em videodança, além de entrar em contato com
pesquisadores e artistas renomados na área, o que contribuiu muito para que meu
processo de formação nessa linguagem fosse iniciado de forma estimulante. No doutorado,
no entanto, a pesquisa acerca da videodança não foi meu campo específico de estudo.
Como pesquisadora, senti a necessidade de verticalizar meus estudos acerca da
composição e suas relações interdisciplinares, verificando em que medida a dança vinha
atuando como catalisadora de diferentes noções composicionais ao longo do século XX.
Se, por um lado, a videodança não foi um aspecto central em minha pesquisa de
doutorado, por outro lado, estudei a fundo determinados artistas expoentes do cinema
experimental de vanguarda que, por sua vez, criaram os alicerces para que os pioneiros
da videodança edificassem posteriormente suas obras. A pesquisa “Entre-territórios: a
dança como catalisadora de diferentes noções de composição” foi orientada pelo Prof. Dr.
Matteo Bonfitto, com bolsa FAPESP/BEPE, de 2012 a 2016, com um semestre de doutorado
sanduíche na Barnard College Department of Dance, Columbia University, Nova York.
Paralelamente a pesquisa, dei continuidade aos meus estudos no campo da videodança,
colaborando e criando com outros artistas, produzindo obras e apresentando-as em
festivais especializados. Após o doutoramento, comecei a organizar o material bibliográfico
e videográfico que havia coletado em Londres, Nova York e também no Brasil sobre
videodança, vislumbrando o planejamento de um curso de longa duração, ou uma
pesquisa de pós-doutorado na área.
O curso de longa duração tornou-se concreto quando, de agosto a dezembro de 2017,
fui selecionada para ministrar uma disciplina inédita no Curso de Dança da UNICAMP,
atuando como Professora Especialista Visitante em Graduação. A disciplina configurou-se
como uma das ações do projeto18 “O corpo em foco: perspectivas interdisciplinares na
composição coreográfica e na videodança”, elaborado por mim sob coordenação geral da
Profa. Dra. Marisa Lambert, coordenadora do Curso de Dança da UNICAMP. Sob o título
de “Experimentações em videodança: narrativas e poéticas do corpo em movimento”, a
disciplina teve 50 alunos matriculados, os quais permaneceram até o final do curso. O
programa da disciplina teórico-prática foi elaborado por mim, considerando uma
metodologia guiada pelo estudo de bibliografia especializada, exibição e análise de
videodanças, exercícios de criação e elaboração de uma videodança de curta duração. A
18 Além da disciplina, foram realizadas uma Mostra de Videodança, uma mesa de discussão Dança e
Tecnologia, uma oficina aos alunos do PROFIS-UNICAMP e a organização de um acervo composto por
bibliografia especializada e videodanças.
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Como registro deste evento, foram criados um teaser de divulgação e uma matéria feita pela RTV – Unicamp,
composta por entrevistas e pela exibição das videodanças. O teaser pode ser conferido aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=NBHhyCQALPc&t=2s . A entrevista pode ser conferida aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=32KaBhrfZSU&list=LLIbv86TkZal7E9QWkatWBLA . O programa da RTV –
Unicamp com as videodanças criadas para a disciplina pode ser visto aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=TIvZnsMCtoM&t=2240s.
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Relatório final de atividades do projeto “O corpo em foco: perspectivas interdisciplinares na composição
coreográfica e na videodança Profa. Dra. Karina Almeida; Coordenação geral do projeto: Profa. Dra. Marisa
Lambert, Curso de Dança, Instituto de Artes. Edital 14 do programa “Professor Especialista Visitante em
Graduação” da Universidade Estadual de Campinas, 2017.
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4. Hipóteses
Buscando defender um tipo de lógica particular, criada pelo próprio corpo que dança,
apresenta-se nessa pesquisa a hipótese de que a cinestesia desempenha papel central
nas composições coreográficas feitas para videodança. Nesse sentido, cinestesia e
coreografia serão adotados como conceitos-chave para investigar novas possibilidades
estéticas e dialógicas no campo da criação em videodança, analisando estratégias
composicionais fundamentadas na interdisciplinaridade entre os campos da dança,
cinema e artes visuais. Tendo em vista as articulações tecidas até aqui, as perguntas
norteadoras dessa pesquisa são: Como criar uma dramaturgia do movimento tendo o
sentido cinestésico como principal guia para a relação entre corpo e câmera? Como
explorar a continuidade da coreografia e a relação entre corpo e espaço-tempo a partir de
pressupostos composicionais específicos da videodança? Quais os conceitos que
emergem quando investigam-se narrativas guiadas por uma lógica do corpo na
videodança? Quais são as metodologias de ensino possíveis dentro do campo da
videodança? Como as especificidades conceituais, estéticas e metodológicas que
emergem da criação em videodança podem contribuir com a criação em dança
contemporânea? Como a poética da videodança, guiada pela cinestesia, pode contribuir
com novas formas de registro de obras cênicas?
5. Metodologia
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Materiais
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Cada eixo temático foi desenvolvido visando traçar um panorama histórico e artístico do
surgimento da videodança, especificando os principais conceitos que emergem dessa
forma de criação. E, o estudo de tais conceitos através de exercícios práticos específicos,
visa uma produção de conhecimento que entrelace teoria e prática e, sobretudo, aponte
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para possíveis metodologias, modos de fazer e ensinar dentro dessa nova forma de
expressão artística.
Visando aprofundar a pesquisa aqui desenvolvida, pretendo realizar um período de
estudos no exterior, na The Place – London Contemporary Dance School, Londres, que em
2018 inaugurou o primeiro curso no mundo de Mestrado em Videodança (MA Studies in
Screendance). Esse período de estudos no exterior será planejado em parceria com a
referida instituição e dependerá de aprovação de fontes de financiamento.
Durante esses dois anos de pesquisa de pós-doutorado proponho lecionar, junto à
supervisora deste projeto, disciplinas no PPGAC-ECA USP. A atividade docente será
também uma oportunidade de aprofundamento dos estudos propostos neste projeto, tanto
no campo teórico como no prático. A disseminação dos resultados da pesquisa será feita
através de participação em congressos nacionais e internacionais, além da publicação de
artigos em revistas especializadas e criação e apresentação de obras artísticas.
6. Objetivos
Objetivo geral:
Objetivos específicos:
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7. Plano de trabalho
8. Cronograma
ATIVIDADE/ MÊS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
- Pesquisa de natureza X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X
teórica através de leitura
bibliográfica, considerando
os eixos temáticos da
pesquisa;
- Análise de determinadas X X X X X X X X X X X X X X X X
obras do cinema de vanguarda
e de videodança, identificando
suas contribuições para a
relação dialógica entre Corpo
e Câmera, considerando os
eixos temáticos da pesquisa;
- Elaboração de artigo sobre os X X X
materiais teóricos e
audiovisuais pesquisados;
- Pesquisa de estratégias X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X
composicionais, possíveis
metodologias, modos de fazer
e ensinar dentro do campo da
videodança, considerando os
eixos temáticos da pesquisa;
- Experimentações práticas em X X X X
parceria com um grupo de
pesquisa, explorando os
conceitos emergentes dos
estudos teóricos;
- Elaboração de artigo sobre as X X X
estratégias composicionais e
metodologias no campo da
videodança, articulado com
materiais provenientes das
experimentações práticas.
- Organização de evento X X X
científico;
- Oferecimento de disciplinas X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X
de pós-graduação, junto
à supervisora do projeto, no
PPGAC-ECA USP;
- Participação em congressos X X X
nacionais e internacionais;*
- Período de pesquisas em X X X X
outros estados e no
exterior **
- Elaboração de artigo final X X X
sobre a pesquisa;
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* A depender de quando
se iniciar a pesquisa e de
fontes de financiamento
(número pode variar)
**A depender de quando
se iniciar a pesquisa, de
fontes de financiamento e
dos contatos que serão
feitos
9. Considerações finais
Este projeto visa desenvolver uma pesquisa teórico-prática sobre novas possibilidades
estéticas e dialógicas no campo da criação em videodança, adotando como conceitos-
chave as noções de cinestesia e coreografia, analisando estratégias composicionais
fundamentadas na interdisciplinaridade entre os campos da dança, cinema e artes visuais.
Os conceitos de videodança, coreografia e cinestesia serão abordados a partir de revisão
bibliográfica, articulada com uma pesquisa historiográfica do surgimento da videodança e
seu cruzamento com o cinema experimental, compreendendo a análise de determinadas
obras que marcaram o contexto nacional e internacional dessa expressão artística. A
pesquisa histórica acerca do surgimento da videodança e as experimentações práticas
serão realizadas a partir de dez eixos temáticos que irão guiar os estudos a serem
realizados. A fundamentação da pesquisa será teórico-prática, desenvolvida através do
cruzamento de referências apresentadas por teóricos como Susan Foster (2009; 2011),
Alain Berthoz (2000), Laurence Louppe (2012), Katrina McPherson (2006), Helena Katz
(2005), Valerie Preston-Dunlop (2010) e Ana Sanchez-Colberg (2010) e por artistas como
René Clair (1898-1981), Sergei Eisenstein (1898-1948) e Maya Deren (1917-1961), Merce
Cunningham (1919-2009), Thierry De Mey (1956-), Anne Teresa de Keersmaeker (1960-),
Paulo Caldas (1968-), dentre outros.
Considerando a atual e crescente demanda no campo profissional de conhecimentos
relacionados à videodança e tendo em vista de que se trata de uma área ainda pouco
abordada nos currículos dos cursos de graduação em Dança, Artes Cênicas ou Cinema,
por carência de professor especializado, essa pesquisa de pós-doutorado visa contribuir
com a produção e difusão de conhecimento específicos na área, investigando propostas
metodológicas de ensino e estratégias de criação relacionados a essa nova forma de
expressão artística.
10. Bibliografia
ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna. Trad. de Denise Bottmann e Federico Carotti – São
Paulo: Companhia das Letras, 1992.
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BONITO, Eduardo; CALDAS, Paulo; LEVY, Regina (orgs). Dança e Tecnologia. Dança
em foco, v.1. Rio de Janeiro: Instituto Telemar, 2006.
BOURDIEU, Pierre. O senso prático. Trad. de Maria Ferreira; revisão de tradução, Odaci
Luiz Coradini. E. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.
CALDAS, Paulo. “Poéticas do movimento: interfaces”. In: CALDAS, P. (Org.) et al. Dança
em foco: ensaios contemporâneos de videodança. Rio de Janeiro: Aeroplano,
2012. p. 239-253.
CAVRELL, Holly Elizabeth. Dando Corpo à História. Curitiba: Editora Prismas, 2015.
KATZ, Helena. Um, Dois, Três. A dança é o pensamento do corpo. Helena Katz.
Belo Horizonte, 2005.
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MITOMA, Judy; ZIMMER, Elizabeth; STIEBER, Dale Ann. Envisioning dance – on film
and video. New York. Routledge: New York, 2002.
SPANGHERO, Maria. A dança dos encéfalos acesos. São Paulo: Itaú Cultural, 2003.
REASON, Matthew and REYNOLDS, Dee. “Kinesthesia, Empathy, and Related Pleasures:
An Inquiry into Audience Experiences of Watching Dance”. In Dance Research Journal,
Vol. 42, No 2 (Winter 2010), pp. 49-75.
REES, A. L.; A History of Experimental Film and Video: From the Canonical
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2010.
SITNEY, Adams P.; Visionary film: the American avant-garde, 1943-2000, Oxford
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VISCHER, Robert; MALLGRAVE, Harry Francis e IKONOMOU, Eleftherios. “On the Optical
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Problems in German Aesthetics, 1873-1893. Santa Monica, Calif.: Getty Center for the
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23