O texto discute a relação entre arte, técnica e desenho ao longo da história. Afirma que a técnica e a arte se confundiam nos filósofos pré-socráticos, mas Platão distinguiu arte e técnica. No Renascimento, Leonardo da Vinci foi um artista e engenheiro que usou a criatividade em diferentes setores. O desenho passou a ser a linguagem da técnica e arte como interpretação da natureza e intenção humana.
O texto discute a relação entre arte, técnica e desenho ao longo da história. Afirma que a técnica e a arte se confundiam nos filósofos pré-socráticos, mas Platão distinguiu arte e técnica. No Renascimento, Leonardo da Vinci foi um artista e engenheiro que usou a criatividade em diferentes setores. O desenho passou a ser a linguagem da técnica e arte como interpretação da natureza e intenção humana.
O texto discute a relação entre arte, técnica e desenho ao longo da história. Afirma que a técnica e a arte se confundiam nos filósofos pré-socráticos, mas Platão distinguiu arte e técnica. No Renascimento, Leonardo da Vinci foi um artista e engenheiro que usou a criatividade em diferentes setores. O desenho passou a ser a linguagem da técnica e arte como interpretação da natureza e intenção humana.
O campo de ao do arquiteto, nas condies do mundo contemporneo, ampliase cada ve! mais" #o se trata de uma avaliao quantitativa $ mais casas, mais cidades, mais servios necess%rios" &eria a'irmar o ()vio" *eu ponto de vista + o da est+tica" , melhor dito, signi'icaria- as artes ganham, cada ve! mais, ra.!es novas na vida social" O campo especulativo das artes se amplia" &eu interesse pela universalidade dos o)/etos, alguns deles tradicionalmente a'astados das especulaes est+ticas, mostra o homem atrav+s da arte e0plorando e modi'icando o mundo '.sico e social com novos instrumentos" A curiosidade da arquitetura moderna no tem 'ronteiras" A arquitetura se reapro0ima da de'inio- scientia pluri)us eruditiones ornata" ,ntre as artes, a arquitetura teve quase sempre um lugar privilegiado na hist(ria que a salvou algumas ve!es de ser considerada atividade in1til" 2 sa)ido que 3lato distinguia as artes 1teis, que tomavam processos da nature!a por modelo e a ela se adaptavam para domin%la em proveito do pr(prio homem, e as in1teis $ 45omo a pintura e a m1sica4" ,ntretanto a arquitetura, quando se salvou de ser considerada in1til, enquanto ligada 6 construo, quantas ve!es passou por sup+r'lua" 7m dos maiores arquitetos da 8nglaterra vitoriana, ao pronunciarse em de'esa de sua arte, teve a in'elicidade de de'inila nos seguintes termos- 4A arquitetura, como distino da mera construo, + a decorao da construo4" 8n'elicidade porque a noo de 4decoro4 comeava, precisamente, a rece)er os primeiros golpes da cr.tica est+tica" ,ste modo de di!er no se permite ho/e, pois repetilo seria prova de ingenuidade, quando menos" *as o pior dos conceitos que esta de'inio cont+m aparece com 'req9:ncia em 'ormulaes pretendidamente racionalistas" #o se trata de atitude t.pica de estranhos, que 4persistem em olhar o arquiteto )asicamente como algu+m que aplica ornatos a estruturas4 $ como indignado se e0prime ;riggs< pois + encontr%vel, dis'arada na atividade de alguns arquitetos, qui% assustados com car%ter demi1rgico que a vida e0ige da ao dos que tra)alham no aper'eioamento da cultura" #o 'undo, a de'inio de =il)ert &cott, que escolhi para comear as consideraes que 'arei, tradu!, como 'acilmente se perce)e, o con'lito hist(rico entre a t+cnica e a arte< mera construo versus decorao $ pronunciada na +poca em que o con'lito se apresentou so) 'ormas as mais agudas e irritantes $ a +poca da implantao da m%quina" #o esperem de mim tomar partido contra a m%quina ou contra a t+cnica" *uito ao contr%rio, /ulgo que 'rente a elas, os arquitetos e os artistas em geral viram ampliarse o seu repert(rio 'ormal assim como se ampliaram seus meios de reali!ar" Alinhome entre os que esto convictos de que a m%quina permite 6 arte uma 'uno renovada na sociedade" 2 esta, ali%s, a tese que pretendo e0perimentar aqui, aproveitando a oportunidade para tecer consideraes em torno do desenho, linguagem da arquitetura e da t+cnica" O 4desenho4 $ como palavra, segundo veremos, tra! consigo um conte1do semntico e0traordin%rio" ,ste conte1do equiparase a um espelho, donde se re'lete todo o lidar com a arte e a t+cnica no correr da hist(ria" 2 o m+todo da ling9.stica< do 4neohumanismo 'ilol(gico e pl%stico, que simplesmente se inicia, mas que pode vir a ser uma das 'ormas novas de re'le0o moderna so)re as atividades superiores da sociedade4" O conte1do semntico da palavra desenho desvenda o que ela cont+m de tra)alho humano acrisolado durante o nosso longo 'a!er hist(rico" O 'a!er hist(rico para o homem, como sa)eis, comporta dois aspectos" >e um lado, este 'a!er + dominar a nature!a, desco)rir os seus segredos, 'ruir de sua generosidade e interpretar as suas 'req9entes demonstraes de hostilidade" >ominar a nature!a 'oi e + criar uma t+cnica capa! de o)rig%la a do)rarse 6s nossas necessidades e dese/os" >e outro lado, 'a!er a hist(ria +, tam)+m, como se di! ho/e, um dom de amor" 2 'a!er as relaes entre os homens, a hist(ria como iniciativa humana" #este dualismo, provis(rio e did%tico, que nada tem de misterioso, + que encontra suas origens o con'lito entre a t+cnica e a arte" 7ma t+cnica para apropriao da nature!a e o uso desta t+cnica para a reali!ao do que a mente humana cria dentro de si mesma" 7m con'lito que no separa, mas une" #a hist(ria da luta que o homem vem travando com a nature!a, a t+cnica e a arte caminham /untas quando no se con'undem" O gra'ismo paleol.tico, a origem do desenho, nossa linguagem, certamente nasceu antes da linguagem oral" ?oi a linguagem de uma t+cnica humil.ssima e tam)+m a linguagem dos primeiros planos da nature!a humana rudimentar" #o pensamento mais primitivo h% traos do esp.rito cient.'ico" 3or muito tempo a t+cnica e a arte se con'undiram com m+todos" Os 'il(so'os de *ileto, a'irmamno 'ontes respons%veis, no distinguiam entre arte e t+cnica, ainda que tudo leve a crer que dessem maior :n'ase 6 t+cnica" @% registrado um a'orismo hipocr%tico que poderia con'irm%lo- 4onde h% amor 6 humanidade, h% amor 6 t+cnica4" 3or+m, creio que o a'orismo + pouca prova, porquanto at+ ho/e a medicina, sem grandes protestos, comparece dignamente, e quantas ve!es, como a 4arte de @ip(crates4" #ada convence que se trata de um a)uso de linguagem" A cirurgia tem suas 'acetas art.sticas" Aalve! esta a'irmao irrite o purismo dos que a consideram, 'alsamente + claro, a negao da pr(pria medicina" Os con'litos, como se v:, no se concentram em nosso m)ito de ao" O argumento mais s+rio, so)re a tentao pela t+cnica, caracter.sticas dos pr+socr%ticos, encontrase com 3lato que os comentou- $ 4,les pretendiam que a inteno ou arte nasceu depois4 $ acusou 3lato, que, como sa)emos, de'endeu a inutilidade da arte, 'a!endose a origem do pensamento dos que ho/e insistem em interpretar a civili!ao como 'ruto do la!er, e no do tra)alho humano" *as nem tudo se perde no %cido di%logo porquanto 3lato, ao igualar arte e inteno, levanta o v+u so)re o que mais tarde vir% a acontecer com nossa linguagem" ,la ser% desenho mas tam)+m des.gnio, inteno" 3ois a arte + o)ra do homem e no da nature!a" A 8dade *+dia considerou o corpo humano presa miser%vel do pecado" 3intouo esqu%lido e des'eito" 5onheceu a grande!a das catedrais g(ticas e uma t+cnica de so)reviv:ncia $ mas todos os valores que acrescentou 6 cultura humana 'oram decorr:ncia da negao da vida< da e0ist:ncia do 3ara.so, da su)estimao da t+cnica" As )oas intenes de Viollet Be >uc, como representante dos arquitetos, no grupo de pensadores inclinados 6 desco)erta de um racionalismo medieval, no se /usti'icaram" As tradies cient.'icas do mundo grecoromano guardaramnas os conventos, retiros est(icos de uma vida comunit%ria e primitiva, vida do no ter a)soluto, em proveito de um ser total na transcend:ncia" 3ierre de 5ham)iges, construtor ou arquiteto 'ranc:s do 'im desta etapa da hist(ria, num documento ho/e conhecido, que o encarregava de certo tra)alho de construo, concordava com empreend:lo- 4como especi'icado e mostrado no CretratoD4" 3ortrait da o)ra a 'a!er" O desenho como termo ainda lutava para aparecer $ uma semntica ne)ulosa 6 procura de uma palavra" ,m oposio 6 8dade *+dia, o Eenascimento rea)ilitou o humano" As noes so)re o homem surgiram de todas as 'ontes imagin%veis, desco)ertas pelos que pintavam e esculpiam, pois o humanismo cl%ssico e liter%rio herdado do mundo grecoromano tendia a considerar as artes como atividade manual, pr%tica, e o sa)er, 'ilho do (cio" 4O homem + considerado pelos antigos um mundo menor4 $ quei0ouse >a Vinci" A t+cnica e as artes cumpriram seu papel" #a verdade a t+cnica moderna tem sua origem no Eenascimento" Beonardo >a Vinci, talve! o maior de seus artistas, 'oi tam)+m engenheiro na acepo mesma da origem do termo" Arquiteto, pintor e escultor, enquanto construiu ou ideali!ou o)ras de hidr%ulica e de saneamento, pro/etou cidades e casas pr+'a)ricadas" Eeali!ou ou imaginou propostas t+cnicas de so)er)a envergadura, mas sou)e mostrar despre!o aos seus contemporneos que 4relegavam a pintura ao n.vel das tare'as mecnicas4" 3ara ele a criatividade, em todos os setores, tinha valor humano" &omente se e0primiam em categorias di'erentes" 8mportante era distinguilas para conhec:las e, conhecendose, valori!%las com propriedade" ,0emplo de compreenso so)re o mane/o da t+cnica e da arte, signi'ica, entretanto, mais o entrechoque de tend:ncias, que o produto de uma harmonia de princ.pio" #o houve harmonia no Eenascimento, como + sa)ido" #ele, os princ.pios da t+cnica moderna conviveram com as mais torpes supersties" O pr.ncipe consulta, para si, m+dicos< mas tam)+m astr(logos" ,stes o aconselham a atender certas in'lu:ncias das estrelas< e a a)sterse de outras" Os mitos, comodamente alo/ados nas largas )rechas do conhecimento cient.'ico, revelamse no pr(prio Beonardo" Eegistrou o canal lacrimal )aseado no conhecimento que adquiriu estudando a anatomia at+ a dissecao de cad%veres< mas conclui 4que as l%grimas v:m do corao para os olhos4" Fuando se erra em ci:ncia pode se acertar em poesia, como se v:" A ci:ncia m+dica desco)riu mais tarde a glndula que destruiu essa noo e tam)+m desco)riu que o corao + uma )om)a com o que todos concordam" A poesia inclusive" Beonardo desenhou como t+cnico e desenhou como artista" 3rocurou uma composio onde nada 'osse ar)itr%rio" ,m seus quadros as 'iguras se inscrevem em 'ormas geom+tricas de'inidas" *aneira de apropriao do conhecimento cient.'ico para in'ormar a sensi)ilidade criadora" 3rocura de racionalidade" 5om ele e os demais artistas do Eenascimento o desenho se impGs" 3assou a ser linguagem da t+cnica e da arte $ como interpretao da nature!a, e como des.gnio humano, como inteno ou arte no sentido platGnico" >esenharam contra a insu'ici:ncia das 'erramentas dispon.veis, impacientes com a lentido do tra)alho manual" Banaram as )ases da t+cnica moderna" >esenharam, ainda, uma nova concepo do homem" ,m seus quadros ele aparece sadio e vigoroso, cheio de amor 6 vida" #o Eenascimento, o desenho ganha cidadania" , se de um lado + risco, traado, mediao para e0presso de um plano a reali!ar, linguagem de uma t+cnica construtiva, de outro lado + des.gnio, inteno, prop(sito, pro/eto humano no sentido de proposta do esp.rito" 7m esp.rito que cria o)/etos novos e os introdu! na vida real" O 4disegno4 do Eenascimento, donde se originou a palavra para todas as outras l.nguas ligadas ao latim, como era de esperar, tem os dois conte1dos entrelaados" 7m signi'icado e uma semntica, dinmicos, que agitam a palavra pelo con'lito que ela carreia consigo ao ser a e0presso de uma linguagem para a arte" ,m nossa l.ngua, a palavra aparece no 'im do s+culo HV8" >" Ioo 888, em carta r+gia dirigida aos patriotas )rasileiros que lutavam contra a invaso holandesa no Eeci'e, assim se e0prime, segundo Varnhagem- 43ara que ha/a 'oras )astantes no mar, com que impedir os desenhos do inimigo, tenho resoluto etc""4 3ortanto, desenho $ designa- inteno< planos inimigos" 7m s+culo mais tarde o padre ;luteau registra, no seu magn.'ico voca)ul%rio portugu:s e latino- 4>e!enhar- $ ou de!enha no pensamento" ?ormar huma id+ia, idear" ?ormam in animo designare" Fuais as igre/as que de!enhava no pensamento4" JVida de &" Havier de Bucena"K Eegistra tam)+m o signi'icado t+cnico" 4>esenhar no papel4" ?ormam in animo designatam lineis descri)eredelineare" 4Fue desenhasse a 'orti'icao4" A dinmica que este duplo conceito proporciona, ou se pre'erirem $ con'lito que a palavra carreia dentro de si mesma e que a meu ver + sumamente criador, encontrou no s+culo seguinte, na revoluo industrial dos meados do s+culo H8H, uma condio toda especial" O con'lito trans'ormouse em crise aguda $ e0primiuse atrav+s de duas pol:micas que at+ ho/e rever)eram no m)ito das artes" Achamonos de volta 6 de'inio in'eli! de &ir =il)ert &cott, num decappo inevit%vel" 5omo ela me irrita tam)+m, /ulgo prudente no repetila" A trans'ormao do con'lito discreto e criador em origem de uma pol:mica intermin%vel, no pode ser atri)u.da, espero que assim interpretem, 6 po)re palavra 4desenho4 encharcada de no)re conte1do semntico, ou se/a, muito tra)alho humano reali!ado so) duras condies, como s(e acontecer" A culpa ca)e melhor ao aparecimento da m%quina de um lado e ao pensamento romntico do outro $ advers%rios implac%veis, como veremos" A t+cnica moderna torna poss.veis todas as utopias $ di!ia h% pouco not%vel cientista de nossos dias" Arist(teles /% a previra em termos an%logos- 4os mestres no necessitaro a/udantes, nem os amos necessitaro escravos4" ,ntretanto, o romantismo trou0e para o terreno da est+tica uma tese pertur)adora" Aalve! 'osse /usto em lugar de romantismo di!er $ as id+ias predominantes nos meados do s+culo H8H" @ouve outras correntes de pensamento que tam)+m tiveram sua parte na pol:mica" A oposio irredut.vel entre a arte e a ind1stria nascentes e0plicase pelo ide%rio dessas correntes, as quais acreditavam no car%ter inspirado da contemplao est+tica" , a'irmavam que se a m%quina su)stitui o homem no tra)alho, tam)+m o su)stitui na criao art.stica" A criao + humana, enquanto + criao do indiv.duo que a reali!a" O artista que 'a!, no mane/a a quantidade, por+m a qualidade" Ora, a m%quina + uma 'ora de reprodu!ir coisas id:nticas para 'ins mais imediatos e prim%rios" O homem, nestas condies, tornarse% n%u'rago num mar de o)/etos desprovidos de qualquer outro valor que o utilit%rio" A arte no + 1til, + contemplao, e assim por diante" #enhum des.gnio poder% ser imposto 6 'ora de produo quantitativa do novo mundo $ a m%quina" ,n'im, uma esp+cie de 4ludismo4 na est+tica" ;rasileiros tam)+m participaram da pol:mica" Ios+ de Alencar, em 'olhetim de certo /ornal carioca, onde pu)licava crGnicas de corrida de cavalo e opinies so)re o desempenho de atri!es estrangeiras que nos visitavam, protestou a)ertamente contra as m%quinas de costura Jcomo se v:, m%quinas di'erentes das inglesasK as quais, em sua opinio- 4matariam a poesia do tra)alho dom+stico4" ,m ,a de Fueiro!, o Iacinto de A cidade e as serras $ personagem modelado num paulista ilustre, a)andona entediado o con'orto agudo e semimecani!ado de 3aris, para voltar ao campo, 6 quinta, 6s alegrias do passado medieval portugu:s" ,a e Ios+ de Alencar so e0emplos muito meigos, comparados com os que passaremos a comentar" A principal 'igura do s+culo H8H contra a m%quina e as t+cnicas modernas de produo, 'oi sem d1vida Iohn EusLin" Arans'ormou a arte em religio" 5on'eriulhe um grau de su)lime to e0acer)ado que, 'rente ao monstro que o aterrava, criou um outro ser monstruoso, m.tico, o seu modelo de arte" A arte que para n(s + uma das 'ormas concretas e necess%rias da ao do homem na criao de uma nature!a propriamente humana, EusLin a trans'ormou num sentir eterno e imut%vel, de imo)ilidade total" A m%quina s( poderia manch%la" &( no artesanato, enquanto remanescente medieval, estaria a salvao" 3ortanto, o seu programa teria que ser $ resta)elecer o artesenato $ opor, 6 produo industrial 'ero! e quantitativa, a qualidade do tra)alho manual e individual" 2 claro que a m%quina continuou produ!indo" 5ometeu terr.veis desli!es est+ticos, sem d1vida- prensas constru.das com colunas de estilo cor.ntio em escala redu!ida< e quantas 'ormas piores a 'otogra'ia tem documentadas" O desenho, a nossa linguagem at+ ento, enriqueceuse" As naes que ingressavam na era da ind1stria moderna organi!aram e0posies de seus produtos" A ?rana, a 8nglaterra, e outros pa.ses europeus, para disputar mercados, trocaram e0peri:ncias e reconheceram desde logo indispens%vel melhorar, aper'eioar, reconsiderar a 'orma dos novos o)/etos" >a. o desenho industrial" 3ara no alongarme, dei0o de tecer consideraes, que at+ seriam oportunas, so)re o desenho industrial ingl:s e denominaes an%logas para esta modalidade de desenho que outros pa.ses adotaram" *ereceria um e0ame 6 parte" #esse e0ame o nosso pa.s teria representantes de importncia" ,sta ,scola, na pesquisa da @ist(ria de nossas artes, coleciona in'ormaes preciosas so)re 'iguras )rasileiras eminentes nas artes industriais, quase todos pintores de talento consagrado, entre as quais, mesmo sem o per'eito conhecimento de sua o)ra, no posso dei0ar de mencionar ,liseu Visconti" @% outra 'igura )rasileira que terei de lem)rar inevitavelmente" 5on'esso que precisei munir me de coragem para mencion%la aqui, ho/e, to maravilhada tem ela sido ultimamente" #uma +poca de ecumenismo, quando as rea)ilitaes so a moda, no compreendo )em que imprud:ncia comete quem relem)ra Eui ;ar)osa" 2 )em poss.vel que a literatura ou as ci:ncias /ur.dicas no ;rasil, dese/am esquec:lo" #o sou in'ormado a esse respeito , assim como em tantos outros" *as para n(s, os desenhadores, + imprescind.vel conhecer as consideraes so)re o ensino do desenho que teceu /% em 1MMN, portanto na hora mesma em que a pol:mica que venho relatando se desenvolvia no mundo industriali!ado" Ee'irome ao parecer que Eui, como relator, apresentou so)re o ensino prim%rio no ;rasil" B%, creio que pela primeira ve! em nossa l.ngua, est% registrada e em mais de uma oportunidade a nova modalidade de desenho $ o desenho industrial" #o resta d1vida que Eui ;ar)osa no deu ao desenho industrial que comentou o mesmo signi'icado que ele tem ho/e" #em poderia ser di'erente" 5omo + ineg%vel que o ensino do desenho entre n(s, tem sido considerado ensino de disciplina sem importncia pr%tica alguma, tanto no curso prim%rio como nos cursos secund%rios, o estudo 'eito por Eui ;ar)osa ganha mais sali:ncia ainda, na hist(ria do desenho )rasileiro" 5reio que das consideraes que 'i! at+ agora /% + poss.vel concluir que o ide%rio nos tem impedido de en'rentar o ensino racional, cuidadoso e interessado do desenho, nas escolas )rasileiras" 3ara desenhar + preciso ter talento, ter imaginao, ter vocao" #ada mais 'also" >esenho + linguagem tam)+m e enquanto linguagem + acess.vel a todos" >emais, em cada homem h% o germe, quando nada, do criador que todos homens /untos constituem" , como /% tive oportunidade de sugerir antes, a arte e com ela uma de suas linguagens $ o desenho $ + tam)+m uma 'orma de conhecimento" O O O *as, voltemos aos romnticos e aos seus des.gnios" Os atritos com a m%quina do no s+culo H8H, tiveram outros polemistas al+m de EusLin" #o pretendo enumer%los, pois pouco se di'erenciam entre si nos v%rios pa.ses de suas origens" 8nteressanos sa)er agora, como o ide%rio romntico in'luiu na arquitetura at+ quase metade do s+culo HH, e so) certos aspectos, in'lui ainda ho/e" As marolas do s+culo H8H, ainda nos atingem e como veremos so mais ondas que marolas" O senhor BePis *um'ord, pensador contemporneo, autor de v%rias o)ras inegavelmente importantes, que versam a hist(ria da t+cnica e da m%quina, assim como das artes- Aechnics and 5ivili!ation, Ahe 5ulture o' 5ities, ;roPn >ecades e tantas outras, que os /ovens por certo ho de consultar com 'req9:ncia, merece muita ateno" O mesmo se d% com respeito ao sr" &ieg'ried =ideon, 'este/ado autor de duas o)ras igualmente not%veis $ &pace Aime Q Architecture e *echani!ation AaLes 5ommand" 3ara *um'ord a m%quina + um poder destacado, e0terior ao homem, que ameaa su)met:lo a suas leis" As m%quinas de >a Vinci, por certo 'altavam para su)stituir a morosidade do tra)alho manual que tanto o angustiava" *as aca)aram se trans'ormando em donas do homem, em suas senhoras" 5ongregaramse num universo oposto ao homem, que as criou" Ve/amos algumas palavras de *um'ord, denunciando os aspectos negativos da m%quina, dentro dos quais manipula argumentos para as suas concluses de ordem est+tica" """ 4os e'eitos triviais da produo em massa com sua a)/eta depend:ncia de um grande mercado4 """ """ 4a )%r)ara indeciso dos editores modernos ante a pu)licao de poemas4 """ """ 4o anal'a)etismo decorrente do desenvolvimento e0cessivo da radiotele'onia e da televiso4 """ #otem )em- desenvolvimento e0cessivo" O desenho que d%""" 4'orma aerodinmica a sacarolhas ou a o)/etos de escrit(rio, ou trans'orma um radiador de autom(vel em )oca de tu)aro4""" >e toda uma s+rie de consideraes dessa ordem, que, sem d1vida, cada uma delas pode tra!er uma parte de verdade, sem contudo serem a verdade 'undamental $ conclui que no se deve quanti'icar o uso da m%quina mas quali'ic%lo" 5oncluso que + imposs.vel aceitar como )oa, em 'ace de suas consideraes anteriores so)re desenvolvimento e0cessivo" *elhorar a qualidade $ de acordo $ mas isto no implica necessariamente em diminuir a quantidade de produtos" *ais al+m declara *um'ord, con'irmando nossas o)/ees- 45olocome plenamente ao lado do autor de A/uda *1tua, 5ampos, ?%)ricas e O'icinas, que compreendeu que o avano da m%quina, como agente de uma vida verdadeiramente humana, signi'icava o uso de unidades em escalas pequenas, poss.veis pelo ulterior progresso da pr(pria t+cnica4" O que signi'ica, em termos )em menos herm+ticos, que cada um de n(s devia ter em casa um pequeno moinho para o trigo provavelmente colhido no 'undo de nosso pr(prio quintal" ,, para o autor, uma m%quina que pudesse ser controlada, da qual se pudesse pu0ar as orelhas quando no produ!isse de )oa qualidade ou produ!isse e0cessivamente" A imagem que me ocorre + a de 3rometeu arrependido de quanto 'ogo dera ao homem" 3ara o sr" *um'ord a est+tica + uma rota de 'uga, um re'1gio para o medo da m%quina" &ieg'ried =iedeon acompanha *um'ord" A m%quina se trans'orma num novo dramaturgo, um novo deus, que tem o poder de tudo decidir, enquanto ao homem que am)os consideram ao n.vel de um 'enGmeno natural, imut%vel, incapa! de modi'icarse, nada mais resta que se do)rar aos des.gnios da m%quina" >a. a volta a uma vida e0clusivamente )iol(gica, que chamam 4orgnica4" Volta 6 nature!a, ao a)andono )uc(lico, ao campo" Ora, + o)vio que a televiso e o r%dio so o oposto do anal'a)etismo" Fue se encaminham na direo de se trans'ormarem em t+cnicas de gigantescas possi)ilidades de criao art.sticas" &o mesmo novas artes, como o teatro e o cinema" ,m termos de in'ormao seus e'eitos so tam)+m o oposto dos e'eitos do anal'a)etismo" 3ara n(s, arquitetos, a televiso e o r%dio, que in'ormam com a velocidade da lu!, sugerem novos conceitos de espao" O espao como que se torna transparente e o homem u).quo" #ovas simetrias so poss.veis" ,nriquece o ca)edal de mat+ria para organi!ar novos desenhos e novos pro/etos" ,m lugar de uma m%quina todopoderosa que traa o nosso destino e determina os nossos des.gnios, que assume nossa linguagem e portanto desenha e pro/eta sem controle de nossa mente, o que se passa + o contr%rio" 2 melhor e mais per'eita a 'erramenta $ melhores nos sairo as o)ras" 7m desenvolvimento cada ve! maior e tanto melhor quanto e0cessivo" O pensamento de *um'ord orienta o 4desenho4 de grande n1mero de arquitetos e ur)anistas" #o se pode compreender a o)ra de ?" B" Rright, a ;roadacre 5itS, sem o conhecimento desse ide%rio" #em mesmo a de =ropius, muito em)ora eu no a'irme que, para estas duas grandes 'iguras da arquitetura do primeiro p(sguerra, 'osse *um'ord o in'ormante" ;e)eram de 'ontes an%logas, as 'ontes do s+culo H8H" Be 5or)usier, quando se 'e! propagandista da grande cidade, de um ur)anismo mecanicista, de uma t+cnica todopoderosa, capa! de resolver so!inha todas as questes, inclusive as questes sociais, viveu o mesmo dilema" Os que conhecem a sua o)ra, no negam o amor que dedicou aos s.m)olos humanistas usados pela arquitetura em sua longa e no)re hist(ria" *as tam)+m no desconhecero o pudor com que os avaliava, o medo de mane/%los, como se se arriscasse a concesses comprometedoras" #o di!er de 3ierre ?rancastel, seu compatriota, Be 5or)usier, 4no 'undo, s( aceita o passo so) uma campnula de vidro com uma etiqueta apropriada4" &ua teoria do la!er + a maldio do tra)alho, salienta o autor citado" A arte, o la!er, so re'1gios contra o tra)alho" ,is o mito do pecado original" A apreciao que Be 5or)usier 'e! da m%quina e do avano t+cnico no o a'asta muito de *um'ord ou =iedeon" Be 5or)usier tam)+m divini!ou a m%quina- a grande cidade 'oi o seu s.m)olo da m%quina" Aceitoua tam)+m como um poder e0terior ao homem" >i'erenciouse dos outros grandes arquitetos somente porque se colocou na posio de agente desse novo mito, representante autorit%rio da m%quina" >a m%quina de morar 6 unidade de ha)ilitao de *arselha, a id+ia norteadora + sempre a mesma- a m%quina todopoderosa traando os des.gnios humanos e o arquiteto cumprindoos< pondo em ordem< como se uma cidade 'osse uma '%)rica onde tudo acontece como conseq9:ncia de uma disciplina apropriada" Assim + a carta de Atenas, em particular quando de'ine com certa po)re!a de esp.rito as 'unes da cidade" O O O O con'lito entre a t+cnica e a arte prevalece ainda ho/e" ,le desaparecer% na medida em que a arte 'or reconhecida como linguagem dos des.gnios do homem" A consci:ncia humana, com seu lado sens.vel e seu lado racional, no tem sido convenientemente interpretada como um inteiro, mas como a soma de duas metades" Aos artistas, principalmente, compete conhecer esta dicotomia para ultrapass%la" 5om certe!a, a semntica da palavra desenho tende a enriquecer nessa direo" &entimos /% as primeiras mudanas" O desenho no + a 1nica linguagem para o artista" , as linguagens so 'ormas de comunicao ligadas estreitamente ao que e0primem" >a Vinci di!ia- 4os olhos so a /anela da alma4" #ossa linguagem + essencialmente visual, de comunicao visual" A arte no + um s.m)olo, como supem os 'il(so'os da 'rustrao" Os s.m)olos so 'rases, ou se quiserem, so versos que compem o poema" 3ara os arquitetos da atualidade, + importante que se e0primam com s.m)olos novos" Os novos s.m)olos so irmos das novas t+cnicas, e 'ilhos dos velhos s.m)olos" O O O 5omo se viu, ningu+m desenha pelo desenho" 3ara construir igre/as h% que t:las na mente, em pro/eto" 3arodiando ;luteau, agradame interpelarvos, particularmente aos mais /ovens, os que ingressam ho/e em nossa ,scola- que catedrais tendes no pensamentoT Aqui aprendeis a constru.las duas ve!es- aprendeis da nova t+cnica e a/udareis na criao de novos s.m)olos" 7ma s.ntese que s( ela + criao" A 4o)ra do homem com sua longa vida hist(rica + uma o)ra de arte4" O O O &o)re qualidade" &o)re quantidade" Fue diga o poeta >os maiores de nossa l.ngua- 4Fuanto 'aas, supremamente 'a!e" *ais vale, se a mem(ria + Fuanto temos" Bem)rar muito que pouco" , se o muito no pouco te + poss.vel *ais ampla li)erdade de lem)rana Ae tornar% teu dono"4 J?ernando 3essoaK