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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES


CURSO EM LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

PATRICIA TABORDA DA ROSA

A DANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: SABERES E FAZERES DE


PROFESSORAS DE CRIANÇAS

PONTA GROSSA
2018
PATRICIA TABORDA DA ROSA

A DANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: SABERES E FAZERES DE


PROFESSORAS DE CRIANÇAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


como requisito final para aprovação no curso de
Pedagogia da Universidade Estadual de Ponta
Grossa - UEPG.
Orientador (a): Prof. Dr. Daiana Camargo

PONTA GROSSA
2018
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, o meu Pai, que esteve ao meu lado em


toda a minha vida. Ele me criou para um propósito e tem me sustentado dia após
dia, renovando minhas forças e gerando em mim esperança. Foi Ele minha
inspiração para a efetivação desse trabalho, e como sou grata ao meu Pai pela
realização desse grande sonho em minha vida. Se não fosse Ele eu não
conseguiria. Muito obrigada Deus, eu te amo com todas as minhas forças.
Agradeço os meus pais, que foram os meus grandes incentivadores durante
minha caminhada acadêmica, e que por muitas vezes abriram mão dos seus
desejos pessoais a fim de investirem em meus estudos, para que eu chegasse até
aqui. Muito obrigada por todo amor, carinho e dedicação que tiveram por mim. Se
hoje me tornei a mulher que sou, foi pelos ensinamentos que vocês me deram, e por
investirem em minha educação. Eu amo vocês.
Agradeço ao meu esposo Luan, que esteve comigo durante toda caminhada
acadêmica, sempre me incentivando e me ajudando a prosseguir. Obrigada por ser
meu amigo parceiro na construção deste trabalho, você foi sem dúvida aquele que
mais me deu apoio e ajuda nessa etapa, sendo o meu suporte nos dias mais difíceis.
Sou extremamente grata por ter você ao meu lado nesse momento. Eu te amo.
Agradeço a professora Daiana Camargo que foi orientadora deste trabalho,
desde do início sempre me incentivando, afirmando em palavras que eu era capaz.
Obrigada pela sua dedicação em compartilhar comigo seus ensinamentos, e por
aceitar caminhar ao meu lado na construção deste trabalho.
Fonte: Google Images

“Dança” e “criança” não rimam à toa. Rimam porque combinam. E


combinam por envolverem, de maneira pulsante, corpo e
movimento. Mas não apenas isso. Combinam por movimentarem a
vida. Dar aulas de dança para crianças significa mobilizar a vida e
a infância para causar movimentos. Dar aulas de dança para
criança significa mobilizar afetos para causar movimentos”
(Renata Sperrhake)
RESUMO

A dança é a umas das manifestações mais antigas de expressão natural do homem,


desde que nascemos, o nosso corpo vive em constante movimento. Antes mesmo
da criança nascer ela está em constante movimento, e depois que nasce, começa a
se desenvolver, a crescer, e novos movimentos vão surgindo. Neste sentido, a
presente pesquisa desenvolveu um estudo sobre as contribuições da dança no
desenvolvimento da criança pequena, bem como as possibilidades do trabalho com
a dança, tendo um olhar direcionado para se compreender o conhecimento que as
professoras de crianças pequenas têm sobre a dança na Educação Infantil, e como
acontece sua efetivação dentro da escola. Para tanto, a pesquisa teve como base
autores como Almeida (2016), Barreto (2004), Godoy (2011), Marques (2014), entre
outros. Quanto a metodologia, foi utilizado como instrumento de coleta de dados o
questionário online através do aplicativo Google Forms, essa escolha foi baseada
nos estudos de Torini (2016). A análise dos dados, foi realizada a partir do software
Iramuteq, que através do recurso “nuvem de palavras” representa graficamente as
palavras que aparecem com mais frequências nas respostas das participantes da
pesquisa. Os resultados desta pesquisa apontaram que as professoras da Educação
Infantil não reconhecem a dança como prática pedagógica, ou seja, não
compreendem o trabalho da dança na Educação Infantil e suas possibilidades, bem
como contribuições e efetivação no processo do desenvolvimento integral da
criança. Nessa perspectiva, é possível considerar que ainda há um longo caminho a
ser percorrido para que a dança seja compreendida em sua totalidade, de modo a
ser efetivada na escola seguindo as possibilidades apresentadas neste trabalho.

PALAVRAS – CHAVE: Dança; Prática Pedagógica; Educação Infantil.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 - Pintura Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí, Brasil.....................19


FIGURA 2 - Pintura Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí, Brasil.....................19
FIGURA 3 - Capa da BNCC.......................................................................................44
FIGURA 4 - Capa da DCN.........................................................................................44
FIGURA 6 - Vivência 6 do livro de Fernanda de Souza Almeida...............................50
FIGURA 7 - Idade das professoras............................................................................60
FIGURA 8 - Formação das professoras.....................................................................61
FIGURA 9 - Tempo de atuação das professoras na Educação Infantil.....................63
FIGURA 10 - Dados 1 do softwere Iramutec..............................................................65
FIGURA 11 - Dados 2 do softwere Iramutec..............................................................68
FIGURA 12 - Dados 3 do softwere Iramutec..............................................................72
FIGURA 13 - Planejamento por datas comemorativas..............................................74
LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - “dança-escola”......................................................................................34
QUADRO 2 - “dança-escola”......................................................................................34
QUADRO 3 - “dança – educação”..............................................................................35
QUADRO 4 - “dança – educação”..............................................................................35
QUADRO 5 - “dança; educação infantil”....................................................................36
LISTA DE SIGLAS

BNCC - Base Nacional Comum Curricular


CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de nível Superior
CMEIs - Centros Municipais de Educação Infantil
DCN - Diretrizes Curriculares Nacionais
IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciências e Tecnologia
MEC - Ministério da Educação
SCIELO - The Scientific Electronic Library Online
SME- Secretaria Municipal de Educação
LISTA DE ANEXOS

ANEXO 1 - Termo de participação em pesquisa científica


ANEXO 2 - Modelo do questionário para professoras dos CMEIs
ANEXO 3 - Modelo do questionário para professoras especialistas em dança
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.........................................................................................................13
CAPÍTULO I - A DANÇA E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A PRÁTICA
PEDAGÓGICA.........................................................................................................17
1.1 O QUE É DANÇA?.........................................................................................18
1.2 DANÇAR COM CRIANÇAS PEQUENAS: CORPO E LINGUAGEM............22
1.3 A DANÇA E A ESCOLA: RESISTÊNCIAS E POSSIBILIDADES.................27
1.4 A DANÇA NAS PESQUISAS EM EDUCAÇÃO.............................................32
CAPÍTULO II - A CRIANÇA E A DANÇA: CORPO E LINGUAGEM.....................38
2.1 A CRIANÇA E O MOVIMENTO COMO LINGUAGEM..................................39
2.2 A DANÇA NOS DOCUMENTOS NORTEADORES DA EDUCAÇÃO
INFANTIL.................................................................................................................42
2.3 BRINCAR, MOVER-SE, DANÇAR................................................................48
CAPÍTULO III - PARA SABER E COMPREENDER A DANÇA NA EDUCAÇÃO
INFANTIL.................................................................................................................53
3.1 CAMINHOS PERCORRIDOS NO ESTUDO.................................................54
3.2 OBTENÇÃO E ANÁLISE DE DADOS...........................................................55
3.3 O CAMPO DE PESQUISA.............................................................................58
3.4 AS PARTICIPANTES DA PESQUISA: PROFESSORAS DE CRIANÇAS. . .60
3.5 OS SABERES DAS PROFESSORAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL: O QUE
DIZEM DA DANÇA..................................................................................................64
3.6 AS PROFESSORAS E SEUS FAZERES: PRÁTICAS, POSSIBILIDADES E
INTENCIONALIDADES DA DANÇA NA ESCOLA..................................................71
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................78
REFERÊNCIAS.......................................................................................................81
ANEXOS..................................................................................................................85
13

INTRODUÇÃO

Como profissional da área Ballet infantil, percebi no decorrer das aulas o


envolvimento que minhas alunas têm com a dança e o gosto por dançar, e isso me
levou a refletir o quanto as crianças apreciam a prática de mover-se.
Por meio do estágio curricular do curso de Pedagogia, tive contato com a
Educação Infantil e partindo das observações realizadas, percebi que a dança é
trabalhada de forma muito restrita, de modo a fazer com que as crianças fiquem
limitadas ao movimento.
Pensando em minha vivência com a dança, essas observações me lançaram
inquietações pela busca de se compreender como a dança pode ser inserida na
escola, de uma forma que proporcione a criança pequena, contribuições no seu
desenvolvimento, bem como, buscar entender como a dança pode ser efetivada
dentro das escolas.
Desse modo percebi a importância de pesquisar mais a fundo a respeito de
como a dança pode contribuir para a organização corporal da criança, de modo a
influenciar diretamente em seu desenvolvimento cognitivo, motor e no processo de
ensino-aprendizagem, todavia, pesquisar se as professoras de crianças pequenas
possuem clareza sobre tal conhecimento.
No decorrer da graduação juntamente com minha vivência com a dança,
ficou claro que o corpo em movimento influência diretamente no desenvolvimento da
criança, não somente no que se refere ao desenvolvimento motor, mas sim no seu
desenvolvimento integral. Quando a criança tem contato com a dança desde seus
primeiros anos de vida, no decorrer do seu processo de alfabetização terá poucas
dificuldades motoras, e consequentemente apresentará maior sucesso na
aprendizagem.
Sendo assim, a presente pesquisa desenvolveu um estudo sobre as
contribuições da dança no desenvolvimento da criança pequena, bem como as
possibilidades do trabalho com a dança, tendo um olhar direcionado para se
compreender o conhecimento que as professoras de crianças pequenas têm sobre a
dança na Educação Infantil, e como acontece sua efetivação dentro da escola.
A pesquisa se desenvolveu percorrendo os seguintes objetivos:
compreender quais as contribuições que a dança proporciona para a criança;
14

perceber quais as possibilidades da dança na escola; verificar de que forma e em


que situações a dança está presente no cotidiano da Educação Infantil; identificar
como professoras de Educação Infantil compreendem a dança em sua prática
pedagógica; analisar o que dizem as professoras sobre a prática da dança na
Educação Infantil e verificar quais as relações estabelecidas entre a dança e a
organização /reconhecimento corporal da criança pequena.
Como referencial teórico para a pesquisa buscou-se amparo tanto nas
produções específicas da área de dança, quanto da educação física, da arte e da
Pedagogia. Vale destacar que no âmbito da Pedagogia ainda são poucos os escritos
que remetem a corpo e movimento, ainda mais na especificidade da dança.
O presente trabalho está organizado em três capítulos, sendo que no
primeiro, intitulado como “A dança e suas contribuições para a prática pedagógica”,
inicia apresentando uma breve descrição da trajetória histórica da dança, desde a
Pré-História, quando os homens das cavernas utilizavam a dança para se comunicar
e se expressar, e como foi o caminho que a dança percorreu até o momento em que
a dança adquiriu novas formas, ganhando ritmos e movimentos diferentes e
específicos.
O capítulo segue retratando a importância do dançar, uma vez que as
crianças vivem em constante movimento, e por meio deles conhecem a si mesmo,
conhecem o seu corpo em sua totalidade e em suas especificidades, percebendo
quais são os seus limites e suas habilidades, contudo, através dos movimentos
também conhecem e exploram tudo o que está em sua volta.
Em complemento com este estudo, autoras como Godoy (2011), Garanhani
(2015), Camargo (2010) e Strazzacapa (2002), afirmam que o modo como a dança
está presente nas escolas precisa ser repensado, uma vez que é encontrada de
forma solta, servindo apenas para o cumprimento de calendário, tais como datas
comemorativas quando acontece apresentações na escola, e por sua vez, atividades
com dança não apresentam cunho pedagógico. De tal modo, se desenvolveu uma
discussão sobre as resistências e as possibilidades dessa prática na escola,
buscando compreender onde está a lacuna para que o trabalho com a dança seja
efetivado na escola dentro das possibilidades que ela proporciona.
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De tal modo, se fez necessário realizar um levantamento de produções


teóricos-científicas desenvolvidas que abordam sobre a dança na Educação Infantil,
considerando que o corpo, o movimento e em especial a dança, são temas que se
distanciam da formação dos professores da educação básica e das pesquisas em
educação. A pesquisa foi realizada nos portais de periódicos e bancos de teses e
dissertações, sendo eles: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES), Banco de Teses e Dissertações do Instituto de Informação em
Ciências e Tecnologia (IBICT) e The Scientific Eletronic Library Online (Scielo),
considerando o período entre 2008 até os dias atuais. Os dados dos trabalhos
encontrados foram organizados em quadros, de acordo com a palavras chave, para
melhor compreensão.
No decorrer do segundo capítulo, o qual recebe o título “A criança e a dança:
corpo e linguagem”, apresenta-se a dança como corpo e linguagem, e para tal
discussão, este estudo baseou-se nos estágios do desenvolvimento da criança,
partindo dos escritos de Wallon, entretanto foi abordando neste trabalho os três
primeiros estágios, os quais abrangem a idade das crianças que estão na Educação
Infantil, uma vez que, esta pesquisa contemplará estas crianças como alvo. Tais
estágios retratam o movimento da criança de maneira bem específica, e são
denominados como: estágio impulsivo-emocional (0 a 1 ano); estágio sensório-motor
e projetivo (1 a 3 anos) e personalismo (3 a 6 anos).
Para tanto, o estudo apresenta a dança nos documentos norteadores da
Educação, sendo eles a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e as Diretrizes
Curriculares Nacionais (DCN), de modo a proporcionar entendimento de como a
dança está presente em tais documentos, para ter conhecimento se a dança adentra
aos conteúdos propostos para a Educação Infantil.
Por fim, após compreender a dança nos documentos norteadores, o estudo
aborda uma discussão sobre brincar, mover-se, dançar, de modo a apresentar o
trabalho com a dança a partir da ludicidade e corporeidade, envolvendo a música, as
brincadeiras e os movimentos neste processo.
O terceiro capítulo “Para saber e compreender a dança na educação
infantil”, foi apresentado as análises e discussões sobre os resultados obtidos na
pesquisa, buscando compreender como a dança é entendida por algumas
16

professoras que atuam como docentes na Educação Infantil, bem como, perceber
como se dá a efetivação do trabalho com a dança na escola. Os campos da
pesquisa e os sujeitos participantes foram caracterizados brevemente, a fim de se
compreender o percurso percorrido para a obtenção dos dados.
Quanto a metodologia, foi utilizado como instrumento de coleta de dados o
questionário online através do aplicativo Google Forms, essa escolha foi baseada
nos estudos de Torini (2016).
A análise dos dados, foi realizada a partir do software IRAMUTEQ (Interface
de R pour lês Analyses Multidimensionnelles de Textes ET de Questionnaires), que
através do recurso “nuvem de palavras” representa graficamente as palavras que
aparecem com mais frequências nas respostas das participantes da pesquisa,
dentre estas palavras, aparecerem “desenvolvimento motor”, “apresentações”,
“movimento”, entre outras.
Os dados obtidos foram organizados em duas categorias sendo, os saberes
e os fazeres, a fim de compreender o que as professoras tem por conhecimento
sobre a dança na Educação Infantil, bem como perceber como a dança acontece na
prática dentro das escolas. A análise dos dados em categorias teve respaldo nos
estudos de Campos (2004) e Silva (2009).
Para conclusão do trabalho, houve a necessidade de inserir autores que
pudessem fundamentar os dados obtidos fortalecendo a discussão sobre dança na
prática pedagógica.
Por fim, nas considerações finais são contempladas reflexões sobre o
caminho da pesquisa, os dados coletados e as indagações lançadas sobre a prática,
a formação, os fazeres e saberes que precisam sustentar a prática da dança com
crianças.
17

CAPÍTULO I

A DANÇA E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A PRÁTICA PEDAGÓGICA


18

1.1 O QUE É DANÇA?

Neste subtítulo será apresentada uma breve descrição sobre o histórico da


dança, considerando que aprender como surgiram os primeiros passos de dança, o
que ela representava e como foi o seu desenvolvimento até os dias de hoje, é de
extrema importância, para posteriormente compreender o quanto a dança é
importante no desenvolvimento infantil, e o quanto sua presença é importante no
âmbito escolar.
A dança é umas das manifestações mais antigas de expressão natural do
homem, desde que nascemos, o nosso corpo vive em constante movimento. Rengel
e Langendonck (2006, p.7), afirmam que “O ser humano começou a dançar há
muitos milênios. Antes de pronunciar as primeiras palavras, ele fazia gestos e sons
como forma de comunicar suas ideias e emoções”, assim, é possível compreender
que através dos movimentos, um recém-nascido pode comunicar o que está
sentindo, explorando seus pés, mãos, conhecendo seu corpo, sendo considerado
uma forma de expressão através da dança.
O dançar está presente na vida do ser humano desde a Pré-História, na
qual, os homens das cavernas utilizavam os movimentos como uma forma de
comunicação, e acreditavam que tais movimentos poderiam permitir uma conexão
com seus deuses e com a natureza, conforme Rengel e Langendonck, (2006, p.7),
“é assim que podemos entender o processo de desenvolvimento da dança que
auxiliou (e auxilia) o homem na expressão e no conhecimento da natureza e da
cultura, da divindade e das questões religiosas”, desde essa época, a dança
possibilitava uma comunicação e expressão religiosa e cultural.
Em algumas cavernas foram encontradas pinturas que os homens das
cavernas pintaram para retratar os momentos de dança que vivenciavam, as
pinturas representavam todos os tipos de movimentos e danças que eles faziam, é
possível perceber os movimentos leves e pesados, danças individuais e danças em
rodas, entre outros (FIGURA 1 e 2).
19

FIGURA 1: Pintura Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí, Brasil

FONTE: Livro-Pequena viagem no mundo da dança

FIGURA 2: Pintura Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí, Brasil

FONTE: Site-FotoNatural

De acordo com Rengel e Langendonck (2006), se eles estivessem


passando por uma grande tempestade com ventos fortes, por exemplo, através de
danças a tempestade passaria. A dança também fazia parte dos momentos de caça,
20

eles a utilizavam como uma forma de atrair os animais. Por meio da dança, os
homens expressavam todo o sentimento que estava em seu interior, “[...] as danças
dessas épocas eram a expressão do que o homem sentia em relação ao mundo”
(RENGEL; LANGENDONCK, 2006, p.9), a dança os permitia expor todo sentimento
de tristeza, alegria, expor ao mundo quais eram as suas necessidades, os
proporcionando uma sensação de liberdade.
Com o passar dos anos, as condições de vida do homem foram se
modificando, ele passou a cultivar o plantio para adquirir seu alimento e criar animais
para seu consumo, o homem não deixou a caça de lado, mas essa já não era sua
principal fonte de alimento.
Como a dança era algo mágico para eles, uma vez que, através dela eles
realizavam suas comunicações e expressavam tudo o que sentiam, a partir das
mudanças que ocorreram na vida do homem, houve a necessidade da criação de
novos movimentos, já que, os movimentos antigos já não eram suficientes para
expressar as novas condições de vida na qual se encontravam, os homens
precisaram usufruir de muita criatividade para recriar novas danças, desse modo
eles tinham movimentos de dança específicos para cada ocasião, danças com
movimentos alegres, levantando as mãos, batendo os pés, para celebrar a colheita,
movimentos em rodas expressavam a alegria que sentiam em qualquer momento,
porém, quando a dança era para representar a morte e a tristeza, os movimentos
eram brutos, pesados e lentos (RENGEL; LANGENDONCK, 2006).
A partir de então, a dança foi se tornando parte da vida do ser humano cada
vez mais afundo, com isso a dança precisou passar por diversas transformações, se
adaptando a cada período em que se encontrava. A dança esteve presente na vida
de outros povos no decorrer das transformações da sociedade, como por exemplo,
no Egito, em que os homens dançavam para descobrir o mundo a sua volta, por
meio dela eles expressavam tudo o que viam e sentiam, para o povo egípcio a
dança era um forte canal de comunicação com seus deuses.
Na China e na Índia, o forte da dança também era na comunicação com a
divindade, utilizavam máscaras e trajes coloridos quando dançavam para seus
deuses (CAVASIN, 2003). Já na Grécia, além de proporcionar a ligação com a
divindade, a dança era utilizada para o treinamento dos guerreiros, conforme
21

Cavasin (2003, p.3) “[...] os gregos utilizavam a dança para a educação dos
guerreiros como forma de preparação para as lutas. Afirmavam que os melhores
dançarinos se tornavam os melhores guerreiros”.
Assim, a dança acompanhou as grandes transformações que ocorreram na
sociedade com o passar dos anos, ela passou por muitas mudanças nos
movimentos, e nas intenções de como era praticada. É possível ter essa
compreensão a partir da ideia de Cavasin (2003, p.3):

“Por volta do século XIV, a dança começou a tomar novas formas e passou
a fazer parte da educação dos nobres. Surgiram, então, os estilos de dança
que se distinguiam entre nobres e camponeses pelas vestimentas e pelos
sapatos. Os nobres passavam por um ensino mais específico de
aperfeiçoamento, chamado de balé atualmente”.

A dança começou a integrar as festas que aconteciam nos castelos dos


nobres, se tornando a atração da noite. Com o passar dos anos, as festas ficaram
cada vez mais populares e cheio de riquezas, havendo espetáculos de danças, na
qual eram apresentadas danças leves e elegantes, que o chamaram de balé,
segundo Langendonck (2006), por volta de 1851, sucedeu o primeiro espetáculo de
“balé da corte”, o qual foi chamado de Le Ballet Comique de la Reine (O Balé
Cômico da Rainha), sua apresentação durou por volta de seis horas. Nessa época,
os espetáculos eram compostos exclusivamente pelo público masculino, porém, a
partir desse grande espetáculo do balé da corte, as mulheres começaram a fazer
parte da composição coreógrafa, formando o primeiro corpo de baile, que são
grupos de bailarinos que realizam movimentos iguais (LANGENDONCK, 2006).
No decurso dos anos, a dança foi além dos salões de festas, e passou a
fazer parte dos palcos dos teatros, o balé foi se estendendo, e exigindo mais
aperfeiçoamento de técnicas para a elaboração das danças. Conforme Cavasin
(2003, p.3) “a dança passou a um estilo modernista, e os professores necessitaram
de aperfeiçoamento especifico, além de suas competências educacionais”, agora a
dança precisava ser pensada, necessitando de muita criatividade e estudo para a
composição de novas coreografias.
Contudo, a dança se modernizava cada vez mais, e alguns coreógrafos
começaram a questionar o modo de como as coreografias das danças eram
22

realizadas, e fizeram uma grande revolução no mundo da dança. Desse modo surge
a dança contemporânea, que segundo Langendonck, afirma:

“A dança contemporânea não impõe modelos rígidos; os corpos dos artistas


não têm um padrão preestabelecido, bem como os tipos físicos. São gordos,
magros, altos, baixos e de diferentes etnias. A maioria desses trabalhos
incorpora novos movimentos e não mais os movimentos convencionais do
balé ou das técnicas de dança moderna”. (2006, p.18)

Neste momento, a dança toma uma nova forma, passa a ser mais livre, com
movimentos de expressão, de entrega da alma, aqui o ser humano começa a se
entregar mais a dança, e senti-la em seu interior, como um sentimento forte que
invade o seu coração. As pessoas começaram a entender que a dança era algo que
poderia contribuir na vida do ser humano, que ela proporcionaria momentos de
emoções, e a até mesmo de liberdade. Assim, a dança foi conquistando mais
pessoas, e alcançando muitos países, estando presente até os dias de hoje, e
atualmente ela garante ao ser humano muitos benefícios sejam físicos, emocionais
ou relacionais, principalmente as crianças, quando estas desde bem pequenas já
tem contato com ela.

1.2 DANÇAR COM CRIANÇAS PEQUENAS: CORPO E LINGUAGEM

Através da discussão anterior, pode-se perceber que a dança esteve


presente na vida do ser humano há muitos milênios, e acompanhou as diversas
mudanças que ocorreram na sociedade no decorrer desses anos, e com isso
proporcionou ao homem muitos benefícios. A dança favorece muitos benefícios
principalmente para as crianças pequenas, benefícios que consequentemente irão
refletir positivamente em sua vida adulta.
Segundo Godoy (2011), a criança vive em constante movimento, e utiliza
disto para conhecer tudo o que está em sua volta, e principalmente para ter o
conhecimento de si, do seu corpo. Por isso a dança se faz importante no
desenvolvimento da criança pequena, pois ela permite que a criança explore suas
habilidades e suas limitações, conhecendo o seu corpo como um todo, e também
suas especificidades.
23

Desse modo, o dançar precisa ser explorado com as crianças, pois através
da vivência de movimentos a criança começa a conhecer o seu corpo, e a nomear
as partes que o compõe. Almeida (2016, p.46) apresenta algumas sugestões de
como explorar tais movimentos com os pequenos:

Caminhar, rolar e engatinhar sobre superfícies diferentes, como colchão,


pano, plástico-bolha e pedras, por exemplo, estimulam o sentido tátil, bem
como as sensações relativas ao equilíbrio e à posição das partes do corpo,
uma vez que, para se deslocar em superfícies diversas, deve haver um
ajuste corporal. Essas vivências podem ser utilizadas nas proposições em
dança para estimular as sensibilidades corporais e a organização da ação.

É importante enfatizar que existem inúmeras possibilidades desse trabalho


com os pequenos, e que é extremamente importante que eles vivenciem momentos,
nos quais eles conheçam o seu corpo, explore suas sensações, estiquem e
alonguem seus braços e pernas, reconheçam quais são os seus limites, enfrentem
desafios, interajam com os colegas e se comuniquem através dos movimentos. A
dança é uma linguagem corporal que abre um caminho para o autoconhecimento e
conhecimento do mundo que os cerca. Essa linguagem, inclusive propicia a criança
conhecer o outro, estabelecendo relações com outras crianças, e com as pessoas
que estão em sua volta.
Conhecer e explorar o corpo são essenciais para que a dança envolva a
criança. O corpo é a fonte central dos movimentos, portanto, deve ser explorado nas
atividades com danças, como apontado acima, não é proveitoso trabalhar a dança
unicamente em plano alto, com as crianças somente em pé, porque dessa forma os
movimentos acabam ficando limitados, e é preciso expandir esses movimentos, para
que haja melhor aproveitamento desse momento com as crianças. De acordo com
Godoy (2011, p.24), “o corpo é uma figura tridimensional com muitas articulações
que servem como alavancas para o movimento. É plástico, e o movimento o
transporta desenhando formas no espaço em variadas direções”.
Com isso, se faz necessário dançar com a criança nos variados planos,
baixo, médio e alto, porque assim, os movimentos realizados nas variações dos
planos, permite uma leitura mais compreensiva da linguagem corporal que a criança
queira expressar, e essas variações contribuem para que a criança conheça o seu
corpo.
24

Junto com o trabalho de reconhecimento corporal, é necessário proporcionar


às crianças no espaço educativo, momentos nos quais, elas possam dançar a “sua
dança”, uma dança livre sem movimentos a serem seguidos, uma dança em que ela
possa girar, saltar, sentar, correr, pular, livremente, uma vez que, tais movimentos
permitem que elas expressem seus sentimentos, seus pensamentos e suas
vivências. “Então, resta possibilitar à criança dançar a sua dança e ao professor
favorecer que a criança dance” (GODOY, 2011, p.24). No entanto, a criança leva um
tempo até se sentir totalmente à vontade para dançar, não será logo na primeira
dança que ela dançará com facilidade, se expressando livremente, isso faz parte de
um processo, quanto mais contato a criança tem com a dança, mais habilidades e
gosto pela dança ela irá adquirir.
Para a criança pequena, dançar é uma possibilidade de expressar tudo o
que está presente em seus sentimentos, por meio da dança ela pode transpassar
sentimentos negativos e positivos, traumas, alegrias e situações presentes no seu
dia a dia. Como aponta Barreto (2004, p.76):

Dançar é expressar um querer constante, apaixonar-se e admirar-se diante


das essências das coisas, das pessoas e do mundo [...], pois dançar é
também interpretar, expressando uma forma muito própria de ver o mundo,
as pessoas e tudo o que está ao redor.

Se expressar, é extremamente importante para a criança, se expressando


ela libera todo sentimento que há dentro de si, e isto consequentemente faz um bem
excepcional para ela, estimulando-a a adquirir mais suavidade e equilíbrio em seu
desenvolvimento.
A dança, como destaca Almeida (2016), Barreto (2004) e Marques (2012),
também assegura benefícios para a saúde física, mental e emocional das crianças,
oferecendo capacidades positivas que lhe acompanharão por toda a vida. Ela está
relacionada aos conceitos da psicomotricidade, pois através dos movimentos as
crianças desenvolvem suas capacidades motoras, que consequentemente irão
refletir no seu desenvolvimento.
Barreto (2004, p.66), destaca seis sentidos e motivos que justificam a
importância da dança para a criança, sendo eles:
25

1. Proporcionar o autoconhecimento.
2. Estimular vivências da corporeidade na escola.
3. Proporcionar aos educandos relacionamentos estéticos com as outras
pessoas do mundo.
4. Incentivar a expressividade dos indivíduos.
5. Possibilitar a comunicação não verbal e os diálogos corporais, na escola.
6. Sensibilizar as pessoas, contribuindo para que elas tenham uma
educação estética, promovendo relações mais equilibradas e harmoniosas
diante do mundo, desenvolvendo a apreciação e a fruição da dança.

Assim, compreende-se que a dança contribui no desenvolvimento da


coordenação motora, que possibilita a criança pegar com destreza e facilidade um
lápis, por exemplo, aumenta a concentração, pois para dançar é preciso de
concentração, que consequentemente irá refletir em sala de aula e nas situações do
seu dia a dia, também facilita as noções de espaço e de localização, aumenta a
flexibilidade, resistência corporal, corrige e melhora a postura, estimula o
desenvolvimento intelectual, ajuda a expressão e memória, aumenta a autoestima,
ajuda a fazer amigos, melhora o equilíbrio e reflexos, e todos esses benefícios
refletirão no decorrer da vida da criança. A dança também contribui nas habilidades
motoras básicas, como, o equilíbrio, locomoção e manipulação.
Marques (2012, p.77), escreve que:

Na Educação Infantil, aprender a dominar o movimento quer dizer aprender


também a dominar aspectos da vida, das relações em sociedade que têm
absoluta relevância nos processos de crescimento e desenvolvimento das
crianças. Não podemos nos esquecer de que crianças pequenas estão –
estão e desejam estar – em movimento grande parte de seu tempo; não são
palavras, mas, sobretudo seus movimentos, que dão sentido a suas
atividades necessidades e desejos cotidianos de relações significativas.

Dançar pode permitir que a criança consiga interagir com mais segurança
nos diversos aspectos da vida cotidiana e nas relações em sociedade, isto é, ela
tende a se desenvolver com maior autonomia, independência e pode construir
significativos relacionamentos sociais. A dança é um importante meio para que a
criança tenha um desenvolvimento integral, e para que esse desenvolvimento
aconteça, é de extrema importância que o trabalho com o corpo e movimento seja
bem efetivado com as crianças, pois são a partir dos movimentos como linguagem
que elas passam a adquirir autonomia nos aspectos citados.
Os movimentos dão sentido a tudo o que a criança faz, a partir de sua
vivência na descoberta dos movimentos, ela começa a construir seus pensamentos,
26

dando significado a eles. De acordo com Garanhani (2012, p.66) “a criança utiliza a
movimentação do seu corpo como linguagem para compreender, expressar e
comunicar suas ideias, entendimentos, desejos, etc”, os movimentos falam o que a
criança quer comunicar no momento em que ela dança, eles também expressam o
que ela está vivenciando em seu dia a dia Garanhani (2012, p.66) afirma que,

Portanto, os movimentos do corpo tão importantes no desenvolvimento


físico-motor infantil, também, constituem uma linguagem que se constrói no
processo histórico-cultural no qual a criança se encontra .

Dessa forma, é possível compreender que o meio, no qual a criança está


inserida (família, escola, entre outros), é a base para que ela construa sua
identidade histórica através da descoberta de seus movimentos.
Barreto (2004, p.83), ressalta que “dançar é essencial à formação humana e
seu ensino na escola tem o potencial de contribuir para a construção de um
processo educacional mais harmonioso e equilibrado”. Sendo assim, a aplicação da
dança na escola é demasiadamente importante nos primeiros anos da vida escolar
da criança pequena, e as inúmeras contribuições em seu desenvolvimento, promove
futuramente, uma aprendizagem significativa e mais prazerosa.
Conforme Santos (2017, p.46) é preciso “incentivar um processo no qual
cada corpo com suas habilidades, dificuldades e características individuais, ao se
mover, pode inventar danças, as danças de cada um, criar então as danças que não
existem”, toda criança tem suas individualidades e especificidades, mas todas tem a
capacidade de movimentar-se e de criar sua linguagem corporal que se constitui
através dos movimentos.
Além de proporcionar benefícios para o desenvolvimento físico, o corpo em
movimento também favorece que a criança tenha grandes avanços em seu
desenvolvimento cognitivo, Almeida (2016, p.33) afirma que “[...] a construção da
linguagem é importante para os processos de cognição, principalmente na fase da
educação infantil, momento em que a criança está entrando em contato com o seu
entorno.” Em razão disso, a criança precisa estar em movimento, pois quando esta
se movimenta constrói sua identidade adquire sua própria linguagem corporal, na
qual irá expressar seus sentimentos, seus desejos, sua personalidade e suas
27

vivências, desenvolvendo-se com autonima para lidar com diversos aspectos da


vida.

1.3 A DANÇA E A ESCOLA: RESISTÊNCIAS E POSSIBILIDADES

A dança já nasce com o ser humano, antes mesmo da criança nascer ela
está em constante movimento, e depois que nasce, começa a se desenvolver, a
crescer, e novos movimentos vão surgindo. Porém, para que esses movimentos
sejam bem desenvolvidos, e para que a criança conheça e aprenda novos
movimentos, ela precisa ser incentivada, de acordo com Camargo (2010) “não basta
inserir o movimento desde a infância, é necessário que a prática pedagógica
impulsione o desenvolvimento da criança”, no entanto, o lugar apropriado para que
essa prática aconteça é a escola, na qual se encontram as crianças, muitas das
quais passam maior parte do tempo nela.
Para que a dança seja trabalhada com as crianças na escola de forma
efetiva, é preciso haver o entendimento por parte dos professores, de todos os
benefícios que a dança trás para o aluno, e entender que existem inúmeras
possibilidades do trabalho com a dança, e diversas maneiras de articula-la com os
conteúdos didáticos. Entretanto, muitos professores não tem essa compreensão, e
utilizam a dança com outras intencionalidades. Godoy (2011, p.21) diz que:

A construção do conhecimento em dança envolve mais do que simples


reprodução de movimentos predeterminados, em que se valorizam a
exatidão e a perfeição dos gestos, ela permite uma apropriação reflexiva,
consciente e transformadora do movimento.

Para isto, se faz necessário repensar como se dá as discussões de corpo,


movimento e dança nos cursos de licenciatura em Pedagogia, visto que é de
extrema importância que os futuros docentes tenham a compreensão da importância
do trabalho com o corpo na educação infantil, já que tal discussão acontece da
forma sucinta durante o curso, e muitas das vezes acabam não dando suporte aos
futuros professores, para efetivarem o ensino com a dança, uma vez que estes
acabam não compreendendo de maneira efetiva a importância do movimento, e por
isso não sabem como incluir esse trabalho em suas práticas. Sobre isto diz
Garanhani (2015, p.50):
28

A reflexão torna-se uma ação constituinte da atividade docente que pode


ser mobilizada por meio de diferentes estratégias de formação, as quais
podem fazer com que futuros professores reflitam criticamente sobre a sua
prática no sentido de avaliá-la, compreendê-la, modificá-la e ressignificá-la.

Assim como a Pedagogia, as atividades referentes à formação continuada,


também precisam ser pensadas em discussões que auxiliem os professores a
ampliarem seus olhares sobre suas práticas em sala de aula, e compreendam a
grande importância que o trabalho com o corpo e movimento tem no
desenvolvimento da criança pequena, visto que, muitos professores se aquietaram
em suas práticas por não terem esse conhecimento, e muitos, por estarem há anos
atuando como docente, se acostumaram com aquela prática rotineira e mecânica, e
não carregam consigo o ato de reflexão (GARANHANI 2015; CAMARGO 2010).
Infelizmente, nos dias de hoje encontram-se muitos professores que se
acomodaram em suas práticas, não buscam estar em constante aperfeiçoamento,
para levar conhecimentos novos para a sala de aula. Devido a isso, muitos
professores não sabem como trabalhar a dança com os pequenos e por essa razão,
sempre que esses professores vão dançar com as crianças, utilizam as mesmas
danças, por não terem conhecimento das possibilidades do trabalho com a dança,
usam músicas que já conhecem e que sabem cantar, por exemplo, “roda cutia”,
“atirei o pau no gato”, entre outras que são bem conhecidas. Mas afinal, qual é a
finalidade de propor somente esse tipo de dança para as crianças? Qual é a
intencionalidade? São coreografias e movimentos por vezes sem um objetivo que
venha proporcionar o desenvolvimento da criança.
Muitos professores não compreendem a importância da dança para o
desenvolvimento da criança, e limitam-se ao ensinar a dança, transmitindo aquilo
que é rotineiro, sem buscar novos tipos de dança, sem entender que a dança não
serve somente para “matar o tempo”, ou acalmar os alunos, mas que ela contribui
diretamente no desenvolvimento da criança como um todo.
Geralmente, nas escolas há somente um cumprimento de calendário, tais
como datas comemorativas, que não é negativo, porém, as apresentações de dança
nas respectivas datas não são trabalhadas afundo com as crianças, muitas vezes
não tem cunho pedagógico, são somente apresentações, na maioria das vezes para
29

agradar os pais, promover de certa forma a escola, e deixa de lado o dançar. Sobre
isso aponta Marques (1997, p.24):
De fora para dentro, regras posturais baseadas na anatomia padrão,
sequências de exercícios preparados para todas as turmas do mesmo
modo, repertórios rígidos e impostos (por exemplo, as festinhas de fim-de-
ano) podem estar nos desconectando de nossas próprias experiências e
impondo tanto ideais de corpo (em forma e postura) quanto de
comportamento em sociedade.

Nessas apresentações é “ensinado” as crianças apenas gestos, e não passa


disso. Gestos são movimentos limitados, que não permitem que a criança se
explore, use sua criatividade e conheça seu corpo, são movimentos simples que faz
com que as crianças reproduzam e se moldem a esse tipo de “dança”. “A formação
em dança ficou restrita àquela sequência da coreografia apresentada, que, em
alguns casos, privilegia apenas uma parte ou um lado do corpo” (STRAZZACAPA,
2002, p.83).
Uma das desculpas mais utilizadas dentro das escolas é a de que “não dá
tempo trabalhar com a dança”, devido ao fato de que muitos professores querem
vencer os conteúdos didáticos, e por não conhecerem as possibilidades do trabalho
com dança, acabam fazendo com que a criança tenha uma aprendizagem mecânica,
na qual a dança não está presente. Marques (1997, p.21) afirma que “propostas
com a dança que trabalhem seus aspectos criativos, portanto imprevisíveis e
indeterminados, ainda “assustam” aqueles que aprenderem e são regidos pela
didática tradicional”.
Apesar disso, os professores precisam ser mais flexíveis quando se trata da
aprendizagem das crianças, porque a escola é o lugar, que deve favorecer ao aluno
uma aprendizagem emancipatória e significativa, que marque positivamente o futuro
dessas crianças, uma vez que, estas estão vulneráveis a influências que estão
presentes na sociedade, e que poderão acarretar graves problemas na
aprendizagem e problemas comportamentais, que aparecerão no decorrer dos anos.
Uma das grandes e perigosas influências é a mídia.
Segundo Rengel (2008), a criança absorve tudo o que vê nas mídias, como
as danças, as músicas, as vestimentas e os comportamentos. Cabe ao professor
fazer os seguintes questionamentos: O que as crianças estão assistindo? O que
estão cantando? O que estão dançando?
30

Se um professor, por exemplo, atua como docente em uma comunidade, na


qual os alunos têm acesso à cultura limitado, e maior parte desses tem acesso a
músicas propostas pela cultura de massas, que nos dias de hoje em sua maioria
apresentam letras que retratam o machismo, atos sexuais, entre outros, quais são
as possibilidades que ele tem para trabalhar a dança com essas crianças? Deixa
tudo como está? Desiste desses alunos, pensando no fato de que são crianças
“perdidas”?
Professores que se encontram frente a esse tipo de situação, podem mudar
a história dessas crianças, apresentado a elas músicas e danças que tratem sobre
diferentes culturas, permitir que elas, pensem, reflitam, sejam questionadas, e
compreendam que há inúmeras possibilidades de dançar, e aprender a dançar, levar
as crianças a compreenderem que a partir da dança é possível ter contato com
diferentes culturas, e possibilitar que essas crianças se encontrem nesse universo.
Talvez a escola seja o único ambiente que possibilite essa oportunidade a essas
crianças.
Barreto afirma que:

“Enquanto o ensino da dança estiver atado a este olhar, que compreende o


todo como a soma das partes e busca no entendimento da parte a
compreensão do todo, reproduzindo este modelo mecânico e tradicional de
educação, ficaremos girando em torno de práticas tecnicistas e
espontâneístas, sem abrir os horizontes da dança a uma concepção de
dança-educação que permita ao indivíduo decidir, criticar, criar e expressar
o que sente e pensa, no mundo que vive”. (BARRETO, 2004, p.37).

Pensar no trabalho com a dança, é abrir um leque de possibilidades que


proporcionem as crianças uma aprendizagem significativa. É preciso que os
professores dos pequenos tenham essa consciência, e proporcionem atividades que
articulem com o movimento da dança. Uma dessas possibilidades é a
interdisciplinaridade, partindo de atividades realizadas com a dança. Nos dias de
hoje há uma grande variedade de músicas que podem ser utilizadas nesse trabalho,
músicas que retratam diversificados temas que auxiliam para que a
interdisciplinaridade aconteça.
Marques (2012), afirma que é possível desenvolver com as crianças a
relação da dança com outras áreas do conhecimento, partindo do conteúdo que o
31

professor vai discutir em sala de aula. A autora apresenta como exemplo “na área de
Ciências, que podemos explorar a próxima relação que as crianças têm com
animais” (2012, p.119), podendo assim, disponibilizar para as crianças uma música
diferente do que elas já conhecem, levá-las em um ambiente diferente da escola, e
pedir que elas, por exemplo, imitem uma cobra se locomovendo chão, , trabalhando
o plano baixo, perguntado a elas quais outros animais se locomovem em plano baixo
assim como a cobra, e assim segue, dançando com elas em variados planos, e
diferentes ritmos..
A interdisciplinaridade com atividades de dança pode ser pensada em todas
as áreas do conhecimento, como por exemplo, o professor pode instigar a parte
histórica das danças, possibilitando uma pesquisa no campo da História e Geografia,
também trabalhar a Matemática a partir dos movimentos com o corpo, desenhando
com movimentos números e formas geométricas. (CAVASIN, 2003).
Essas são possíveis formas de pensar em atividades com dança que
promova a interdisciplinaridade, porém os professores precisam sempre estar
estudando e buscando criatividade para a elaboração dessas atividades. De acordo
com Cavasin (2003, p.4) “é fundamental importância que haja um planejamento
profundo e consciente dos objetivos a serem alcançados”, dessa forma,
compreende-se que toda a atividade com dança precisa ser planejada e bem
elaborada, contendo intencionalidade pedagógica.

[...] as atividades lúdicas voltadas para a dança, possibilitam a (in)


corporação de novos conhecimentos ligados ao corpo e associados ao
desenvolvimento da criatividade, bem como da percepção das relações
corporais consigo, com os outros e com o meio. (ANDRADE, 2016, p.170)

O papel do professor é incentivar as crianças para a descoberta e não para


a repetição, é buscar compreender todos os benefícios que a dança proporciona ao
desenvolvimento da criança, e utilizá-la em suas práticas pedagógicas, propiciando
que a criança adquira novos conhecimentos da maneira que elas mais amam,
estando em constante movimento.
Em razão disso, é preciso permitir que as crianças corram, pulem, se
estiquem, se encolham, se descubram. E que os professores não utilizem a dança
unicamente como apresentação para as famílias, para “matar o tempo”, ou até
32

mesmo para aquietar os alunos, mas entendam a dança como uma experiência
única, que será lembrada positivamente pela criança.

1.4 A DANÇA NAS PESQUISAS EM EDUCAÇÃO

A definição do tema de pesquisa Dança na educação infantil nos lançou a


um desafio, considerando a especificidade delimitada pela pesquisadora, definida
como o campo da Pedagogia e as restritas publicações na área, considerando que o
corpo, o movimento e em especial a dança, são temas que se distanciam da
formação dos professores da educação básica e das pesquisas em educação.
Assim, com o objetivo de verificar as produções teóricos-científicas
desenvolvidas que abordam a temática Dança na Educação Infantil, foi realizada
uma pesquisa nos portais de periódicos e bancos de teses e dissertações, sendo
eles: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES),
Banco de teses e dissertações do Instituto de Informação em Ciências e Tecnologia
(IBICT) e The Scientific Eletronic Library Online (Scielo). Para a realização da busca,
foi considerado o período entre 2008 até os dias atuais.
A busca de trabalhos realizados sobre o objeto de pesquisa possibilita uma
reflexão sobre a quantidade de trabalhos desenvolvidos sobre o tema e uma análise
de como esses trabalhos foram conduzidos e efetivados. Morosini e Fernandes
(2014, p.155) apontam que:

Estado do conhecimento é a identificação, registro, categorização que


levem à reflexão e síntese sobre a produção cientifica de uma determinada
área, em um determinado grupo espaço de tempo, congregando periódicos,
teses, dissertações e livros sobre uma temática específica.

No entanto, ter conhecimento do que já foi produzido sobre o tema a ser


pesquisado, contribui diretamente para a nova pesquisa, já que o pesquisador entra
em contato com o que foi produzido, para dar início ao novo. Cabe ao pesquisador
buscar os trabalhos, coletar as informações necessárias e observar se o que tem
sobre seu tema é relevante e suficiente para suprir questionamentos e indagações
da problemática de sua pesquisa.
33

Em seu texto, Morosini e Fernandes apresentam falas de doutorandas e de


mestrandas referente à importância do pesquisador realizar o Estado do
Conhecimento em sua pesquisa, e uma das estudantes afirma em sua fala:

“O Estado do Conhecimento possibilita uma visão ampla e atual dos


movimentos da pesquisa ligados ao objeto da investigação que
pretendemos desenvolver, [...] permite-nos entrar em contato com os
movimentos atuais acerca do objeto de investigação, oferecendo-nos uma
noção abrangente do nível de interesse acadêmico e direcionado, com mais
exatidão, para itens a ser explorados”. MOROSINI e FERNANDES (2014,
p.155).

O Estado do Conhecimento permite ao pesquisador verificar como está o


nível de interesse acadêmico em relação ao seu objeto de pesquisa, e com isto é
possível estabelecer novas indagações, questionando os motivos pelos quais se
encontram muito ou poucos trabalhos sobre o respectivo tema. Sobre isso diz
Romanowski e Ens (2006, p.39), afirmando que as pesquisas do Estado do
Conhecimento podem:

Significar uma contribuição importante na constituição do campo


teórico de uma área de conhecimento, pois procuram identificar os aportes
significativos da construção da teoria e prática pedagógica, apontar as
restrições sobre o campo em que se move a pesquisa, as suas lacunas de
disseminação, identificar experiências inovadoras investigadas que apontem
alternativas de solução para problemas da prática e reconhecer as
contribuições da pesquisa na constituição de propostas na área focalizada.

É importante que o pesquisador leve em consideração na pesquisa do


Estado do Conhecimento, se as produções teóricas encontradas condizem com as
especificidades do seu objeto de estudo, Romanowski (2002), destaca que é de
extrema importância que o pesquisador efetue a leitura dos resumos dos trabalhos
encontrados para estabelecer essa análise, identificando o tipo de formação, tipo de
estudo e técnicas de pesquisa. Para isso se faz necessário pensar em palavras
chaves, que são descritores que auxiliam as buscas a serem realizadas.
(ROMANOWSKI, 2002).
Assim, a pesquisa deste trabalho iniciou-se com as palavras chaves “dança-
escola- educação infantil” e “dança-criança”, palavras as quais abrangem de
maneira bem específica o tema deste trabalho, contudo, não foi encontrado
nenhuma produção nos portais de periódicos e bancos de teses e dissertações
34

citados acima. Em razão disso, se fez necessária a inserção der outras palavras
para dar continuidade a busca das produções, porém, sem tirar o foco do tema do
objeto de estudo deste trabalho, mas agora abrangendo as especificidades.
Com isso foi utilizado as palavras chaves “dança-escola”; “dança-educação”
e alguns resultados foram obtidos nos portais de periódicos e bancos de teses e
dissertações, somente no portal da CAPES que nenhum resultado foi encontrado.
Posteriormente, foi utilizada para a pesquisa palavras-chave, da seguinte forma:
dança; educação infantil, e no site do IBICT foram encontrados trabalhos bem
significativos em relação ao tema que este trabalho abrange.
Estes resultados estão organizados nos Quadros (1, 2, 3, 4 e 5) a seguir,
levando em consideração o título do trabalho, autor, ano, palavras-chave e tipo de
publicação (artigo, tese, dissertação).

Titulo Palavras-chave Autor Ano Tipo

Rodas de Brincar: uma Corporeidade;


experiência com atividades Experiência;
lúdico-corporais junto aos
Estética.
professores-formadores das
Oficinas Pedagógicas do DF
Ludicidade; Cristina
2017 Dissertação
Oficinas Aparecida Leite
Pedagógicas;
Atividades lúdico-
corporais.

QUADRO 1: “dança-escola”
FONTE: IBICT

Titulo Palavras-chave Autor Ano Tipo

Dança na Educação Básica: Dança; Josiane


apropriações de práticas Escola; Franken
contemporâneas no ensino de Ensino; Corrêa;
2014 Artigo
dança Contemporaneidade; Vera Lúcia
Educação. Bertoni dos
Santos

QUADRO 2: “dança-escola”
FONTE: SCIELO
35

Titulo Palavras-chave Autor Ano Tipo

Dança na escola e a construção Dança. Ensino e


do co(por)letivo : respingos Aprendizagem; Josiane Gisela
sobre um processo educativo 2012 Dissertação
Educação Básica; Franken Corrêa
que dança (dançante que
educa?)
Perfil Docente.

QUADRO 3: “dança – educação”


FONTE: IBICT

Titulo Palavras-chave Autor Ano Tipo

Na dança e na educação: o Dança e Luciana


círculo como princípio educação; Esmeralda
Danças Ostetto
circulares;
2009 Artigo
Formação de
professores;
Círculo-
simbologia.

QUADRO 4: “dança – educação”


FONTE: SCIELO

Titulo Palavras-chave Autor Ano Tipo

Que dança é essa?: uma Dança na


proposta para a educação educação;
infantil Dança para
crianças;
Educação de Fernanda de
2013 Dissertação
crianças; Souza Almeida
Arte - Formação
de professores
Dance for
children.

Com-posições na educação Dança e Educação


infantil Infantil;
Rosângela
História da 2013 Dissertação
Mees
Dança;
Dança-Invenção.

Que dança faz dançar a Dança- Elaine Cristina 2009 Dissertação


criança? improvisação; Pereira Lima
Criança;
36

Educação Infantil.

Dança para criança: uma Dança;


proposta para o ensino de Educação; Carolina
dança voltada para a educação Educação Infantil; Romano de 2016 Tese
infantil Formação de Andrade
Professor.

Entrando na dança: reflexos de Formação


um curso de formação continuada de
continuada para professores de professores;
educação infantil Educação Fernanda
permanente; 2009 Dissertação
Sgarbi,
Educação de
crianças;
Dança.

QUADRO 5: “dança; educação infantil”


FONTE: IBICT

Na realização da busca, pode-se perceber que há trabalhos que são


significativos em relação ao tema, porém, há poucas produções que abrangem
sobre a Dança na Educação Infantil. Foram encontrados alguns trabalhos muitos
relevantes sobre o tema, trabalhos os quais apresentam as especificidades do
trabalho com a dança na Educação Infantil, no entanto, estas produções são de
anos anteriores, já que para a busca foi estabelecido o período do ano de 2008 a
2018, e com isso pode-se notar que atualmente o interesse acadêmico por
respectivo tema é pequeno, e este resultado nos impulsiona para dar início a novas
pesquisas com esse objeto de estudo, suprindo essa lacuna do conhecimento.
Foi possível perceber durante a pesquisa, que a maior parte das produções
relacionadas à dança são do campo da Educação Física com enfoque no trabalho
com a dança no Ensino Fundamental, outras realizadas por profissionais da
arte/dança e pouquíssimas produções são do campo da Pedagogia, inclusive
voltada para a Educação Infantil.
Desse modo a busca das produções teóricos-científicas contribuiu no
processo de pesquisa e escrita deste trabalho, visto que há uma grande
necessidade de que acadêmicos oriundos do curso de Licenciatura em Pedagogia
tenham um olhar mais atento a Educação Infantil, quanto mais ao processo de
ensino-aprendizagem através do trabalho com a dança.
37

Dentre os trabalhos listados, destacamos: Que dança é essa?: uma proposta


para a educação infantil; Que dança faz dançar a criança?; Dança para criança: uma
proposta para o ensino de dança voltada para a educação infantil e Entrando na
dança: reflexos de um curso de formação continuada para professores de educação
infantil. Tais pesquisas serão utilizadas enquanto aporte teórico para este estudo,
enlaçados aos demais referenciais, a fim de fortalecer as discussões que trazem o
corpo e movimento para a escola, para a criança da educação infantil, com ênfase
na dança.
38

CAPÍTULO II
A CRIANÇA E A DANÇA: CORPO E LINGUAGEM
39

2.1A CRIANÇA E O MOVIMENTO COMO LINGUAGEM

Com base nas discussões anteriores, pode-se compreender a importância


da criança mover-se, e perceber que o movimento tem total influência no
desenvolvimento não só motor, mas também no cognitivo da criança. Garanhani
(2005, p.90), diz que “a criança pequena necessita agir para compreender e
expressar significados presentes no contexto histórico cultural em que se encontra”,
ou seja, quando a criança se move, automaticamente seus pensamentos são
impulsionados a compreender o que ela esta vivenciando em seus movimentos, e
isso faz com que ela aprimore sua inteligência cognitiva.
Desse modo, a criança passa a depositar em seus movimentos suas
emoções. Quando a criança esta em movimento, seus pensamentos compreendem
o momento que ela está vivenciando e a auxilia perceber qual sentimento ela deve
colocar naquele movimento, isso depende da intenção a qual ela esta se
movimentando, se em uma dança espontânea ela se recorda de um episódio ruim
que aconteceu com ela, por exemplo, seus pensamentos terão essa compreensão, e
logo sua expressão facial e corporal irá traduzir essa vivência. (GARANHANI, 2005)
A partir dos estudos de Wallon, Galvão (1995, p.73) ressalta que “muitas
vezes, para tornar presente uma idéia, a criança precisa construir, por meio de seus
gestos e posturas, um cenário corporal”, com seus pensamentos, por meio da
imaginação, os movimentos da criança podem fazer um objeto ou uma vivência se
tornar presente, e nesse momento se inicia a organização do pensamento. Deste
modo, é possível compreender o movimento da criança como uma linguagem.
Garanhani (2005, p.90), afirma que:

Na pequena infância o corpo em movimento constitui a matriz básica, em


que se desenvolvem as significações do aprender, devido ao fato de que a
criança transforma em símbolo aquilo que pode experimentar corporalmente
e seu pensamento se constrói, primeiramente, sob a forma de ação.
40

Com isso, se faz necessário que desde bebê, a criança seja estimulada a
mover-se, porque o desenvolvimento do movimento como linguagem se da a partir
do nascimento da criança até sua fase adulta.
Segundo estudos fundamentados numa abordagem walloniana, tendo como
base os estudos de Galvão (1995), Garanhani (2005), e Almeida (2016), Wallon diz
em seus estudos que a criança passa por cinco estágios de desenvolvimento, e
nesses estágios o movimento é trabalhado de maneira específica, se desenvolvendo
no decorrer dos anos. Cada estágio que se inicia, é preparado pelo estágio anterior,
desse modo, o movimento precisa ser amplamente trabalhado, para que nos
estágios posteriores, o desenvolvimento aconteça de maneira gradativa.
Neste trabalho serão apresentados os três primeiros estágios, os quais
abrangem a idade das crianças que estão presentes na Educação Infantil, que são o
alvo desta pesquisa.
O primeiro é o estágio impulsivo-emocional (0 a 1 ano), aqui “as reações da
criança são essencialmente reflexos” (GARANHANI, 2005, p.84), ou seja, os
movimentos são realizados para atender suas necessidades, o bebê utiliza dos
movimentos para expressar seus desejos, emoções ou se algo não está bem, com
isso, no início deste estágio os movimentos acabam sendo involuntários, são
realizados de acordo com o momento de cada bebê, e no decorrer os movimentos
vão se aprimorando e ficando mais elaborados. O ponto forte deste estágio são as
emoções, sendo que elas dão todo embasamento para a realização dos
movimentos. “ Assim é o movimento corporal que dá sustentação para o
desenvolvimento da afetividade e o desenvolvimento das funções mentais”
(GARANHANI, 2005, p.85).
Depois a criança passa o estágio sensório-motor e projetivo (1 a 3 anos), no
qual “o interesse da criança se volta para a exploração sensório-motora do mundo
físico” (GALVÃO, 1995, p.44), nesse estágio o movimento se caracteriza pela
descoberta e ampliação de novos movimentos, engatinhar, agarrar, segurar, andar,
são alguns dos movimentos que elas passam a explorar. Nessa fase os movimentos
são realizados com intencionalidade, e começa a ter o auxílio da fala.
Já no terceiro estágio, que é o estágio do personalismo (3 a 6 anos), o
movimento contribui para o reconhecimento do eu-outro. “A consciência de si se dá
41

por meio das interações sociais”, aqui o trabalho do movimento deve ser efetivado
com o outro, o espaço físico e humano são as peças fundamentais para que isso
aconteça. O meio no qual a criança está inserida é grande influenciadora, pois é
nesse estágio que a criança começa a construir sua personalidade. (GARANHANI,
2005; GALVÃO, 1995)
É possível perceber que em cada estágio do desenvolvimento, o movimento
apresenta uma linguagem específica da idade, mas sempre articulando com que foi
desenvolvido no estágio anterior. O movimento quando bem explorado e bem
desenvolvido proporciona muitos benefícios para a criança. Sobre isso diz Galvão
(1995, p.73):

O desenvolvimento da dimensão cognitiva do movimento torna a criança


mais autônoma para agir sobre a realidade exterior. Diminui a dependência
do adulto, que antes intermediava a ação da criança sobre o mundo físico.

O processo do desenvolvimento dos movimentos tende a incentivara criança


a ser mais independente e a compreender o mundo que ela vive. Desse modo
Souza (2016) afirma que a criança constrói a sua história por meio da interação com
seus pares, ela apropria-se e reinventa o mundo, ela esta imersa no meio cultural, e
esse meio é um grande pontapé para que ela construa sua identidade. O meio no
qual a criança está inserida irá proporcionar essa construção no desenvolvimento da
criança. De acordo com Galvão (1995, p.72):

Na infância é ainda mais pronunciado o papel do movimento na percepção.


A criança reage corporalmente aos estímulos exteriores, adotando posturas
ou expressões, isto é, atitudes, de acordo com as sensações
experimentadas em cada situação.

A criança adota posturas e expressões de acordo com os estímulos que


recebe, com isso se faz necessário que os educadores que estarão presentes em
sua infância na escola, estimulem as crianças de tal maneira que elas tenham um
desenvolvimento eficaz, para que os movimentos dessas crianças transmitam
vivências e emoções. Quando a criança não recebe esses estímulos os seus
movimentos ficam reprimidos, e por vezes ela acaba não conseguindo se expressar,
se comunicar através do corpo, e consequentemente isso acarretará consequências
negativas em sua vida adulta.
42

Como educadores, é preciso pensar em que tipo de criança queremos


formar, e de que forma é possível contribuir com o desenvolvimento integral desta,
de acordo com Garanhani (2005, p.32) se tem duas opções: “educar corpos conchas
que eventualmente sabem dançar ou educar crianças que se aprimorem da dança
para fazer alguma diferença no corpo/mundo em que vivemos?” Capri (2015, p.288)
afirma que:

Pelo corpo é possível que o ser humano descubra e expresse alegrias,


tristezas, angústias, medos e outros tantos sentimentos; a dança faz parte
desse universo expressivo, possibilitando o contato com uma forma de
apreciação estética que envolve o corpo em movimento. Ao dançar, a
criança se expressa criativamente, aumentando suas possibilidades de
integração com o mundo.

Assim, é possível compreender que a dança integra o universo do


movimento, e com ela se tem inúmeras possibilidades de trabalhar em prol do
desenvolvimento integral da criança, além de que, ela proporciona vivências
divertidas e significativas. A dança permite que a criança conheça seu corpo, explore
suas habilidades, supere seus limites, permite que se expresse e libere sentimentos
e emoções (CAPRI, 2015). Desse modo, trabalho com a dança possibilita o
desenvolvimento do movimento como forma de comunicação.
A articulação de autores de diferentes áreas de conhecimento (Galvão e a
abordagem da psicologia amparada em Wallon, Souza e Capri com a formação em
dança e educação física, Garanhani e sua trajetória de pesquisa que se inicia na
educação física e adentra a educação, embasada em estudos da Psicologia e da
Sociologia da Infância) tratando do movimento/linguagem nos fortalecem a pensar o
papel da Pedagogia ao incorporar tais discussões e possibilitar práticas de
movimento, expressão, nas diversas linguagens nos espaços de formação inicial em
prol de um professor disponível corporalmente, criativo e brincante.

2.2 A DANÇA NOS DOCUMENTOS NORTEADORES DA EDUCAÇÃO


INFANTIL

A dança precisa estar presente na Educação Infantil para efetivar suas


finalidades e objetivos discutidos anteriormente, e com isso se fez necessário uma
43

análise nos documentos norteadores da Educação Infantil para analisar se eles


propõem o trabalho com o corpo e movimento, e em específico sobre a dança, uma
vez que, esses documentos norteiam todo o trabalho com as crianças da Educação
Infantil, de modo que, os mesmos eixos e conteúdos sejam trabalhados em
diferentes escolas, independentemente da localidade.
Segundo Simão (2016, p.185):

“[...] as crianças, nesse momento de suas vidas, vivenciam o mundo,


constroem conhecimentos, expressam-se, interagem e manifestam desejos
e curiosidades de modo bastante peculiar. Essa concepção requer que as
ações educativas sejam intencionalmente planejadas e permanentemente
observadas, registradas e avaliadas; requer também que as ações
educativas considerem a integridade e indissociabilidade das dimensões
expressivo-motora, afetiva, cognitiva, linguística, ética, estética e
sociocultural das crianças”.

As atividades que envolvem o corpo e movimento precisam ser bem


planejadas pelos educadores, não podem ser atividades soltas, sem
intencionalidade pedagógica. Deste modo, é possível perceber a importância que os
documentos norteadores têm para a realização de tais atividades, uma vez que,
neles estão presentes eixos que devem ser trabalhados com os pequenos, inclusive
o que se refere ao corpo e movimento, dando todo o embasamento e suporte para
os educadores.
Os documentos norteadores, bem como a Base Nacional Comum Curricular
(BNCC), conforme ilustrado na Figura 3, e as Diretrizes Curriculares Nacionais
(DCN), ilustrada na Figura 4, são documentos que definem o conjunto de conteúdos
e processos de aprendizagem, essenciais que todos os alunos devem desenvolver
ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica. São eles os responsáveis
por orientar toda a organização, articulação, o desenvolvimento e a avaliação das
propostas pedagógicas de todas as redes de ensino brasileiras, com o intuito de
propor o princípio da equidade, com a educação básica para todos (BRASIL, 2017;
BRASIL 2013).
44

FIGURA 3: Capa da BNCC

FONTE: BNCC-2017

FIGURA 4: Capa da DCN


45

FONTE: DCN-2013

Na BNCC, a organização curricular da Educação Infantil estrutura os eixos


estruturantes em cinco campos de experiências, sendo eles: o eu, o outro e nós;
corpo gestos e movimentos; escuta, fala, pensamento e imaginação; traços sons,
cores e imagens; espaços, tempos, quantidades, relações e transformações.
(BRASIL, 2017). De acordo com Simão (2016, p. 196)

Os Campos de Experiência constituem-se como uma forma de organização


curricular que busca compreender que a educação e o cuidado das
crianças, desde bebês, devem estar centrados nas interações e nas
brincadeiras, das quais emergem as linguagens, as observações, os
questionamentos, as investigações e outras ações das crianças articuladas
com a proposições trazidas pelas professoras e professores. Cada um deles
oferece às crianças a oportunidade de estabelecer ações e relações com as
pessoas, tempos, objetos, situações e atribuir um sentido pessoal e social a
eles.

Os Campos de Experiência têm por objetivo proporcionar a criança uma


aprendizagem significativa, por meio das experiências que ela já possui consigo e
das experiências que ela ainda irá adquirir com as atividades. A partir dos Campos
de Experiência é possível pensar em atividades mais lúdicas e mais significativas
para as crianças, fazer com que o trabalho com o corpo e movimento tenha mais
significância, pois de fato é o que está proposto na BNCC.
No que se refere ao trabalho com o corpo a BNCC apresenta:

Corpo, gestos e movimentos – Com o corpo (por meio dos sentidos, gestos,
movimentos impulsivos ou intencionais, coordenados ou espontâneos), as
crianças, desde cedo, exploram o mundo, o espaço. Conteúdo em
discussão no CNE. Texto em revisão. E os objetos do seu entorno,
estabelecem relações, expressam-se, brincam e produzem conhecimentos
sobre si, sobre o outro, sobre o universo social e cultural, tornando-se,
progressivamente, conscientes dessa corporeidade. Por meio das diferentes
linguagens, como a música, a dança, o teatro, as brincadeiras de faz de
conta, elas se comunicam e se expressam no entrelaçamento entre corpo,
emoção e linguagem[...] (BRASIL, 2017).

Dessa forma, é possível compreender que o trabalho com a dança está


presente na BNCC, de modo que este trabalho venha a ser cada vez mais explorado
pelos professores.
46

No Campo de Experiência corpo, gestos e movimento são elencados alguns


objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, sendo referente a dança (BRASIL,
2017, p. 43):
 Movimentar as partes do corpo para exprimir corporalmente emoções,
necessidades e desejos.
 Criar com o corpo formas diversificadas de expressão de sentimentos,
sensações e emoções, tanto nas situações do cotidiano quanto em
brincadeiras, dança, teatro, música.
 Explorar formas de deslocamento no espaço (pular, saltar, dançar),
combinando movimentos e seguindo orientações.
 Criar movimentos, gestos, olhares e mímicas em brincadeiras, jogos e
atividades artísticas como dança, teatro e música.

Proporcionar experiências significativas para as crianças, permite que ela


passe por diversos desafios relacionados ao conhecer seu corpo, e com isso os
professores devem estar atentos as necessidades da criança que envolvem essas
experiências, procurando atividades que efetivem esse trabalho, sempre observando
que os documentos propõem para essa efetivação (SIMÃO, 2016).
Na DCN (Figura 5), a proposta curricular deve ter como eixo as interações e
brincadeiras, e essas propostas estão presentes neste documento, no Art. 9º:
47

FIGURA 5: Art. 9º da DNC

FONTE: DNC-2013

Observando os objetivos presentes nestes documentos norteadores, foi


possível compreender que a dança contempla todos os objetivos neles propostos,
atividades com dança possibilita que a criança conheça a si e o outro, interaja com
as demais crianças, desenvolva variados movimentos, e alcance os demais
objetivos propostos nos documentos.
Finco (2015, p.237) afirma que:

Tomar a criança como ponto de partida, compreender que, para ela,


conhecer o mundo envolve o afeto, o prazer e o desprazer, a fantasia, o
brincar e o movimento, a poesia, as ciências, as artes plásticas e
dramáticas, a linguagem a música e a matemática.
48

Esses documentos valorizam o trabalho com o movimento, eles propõem


uma pedagogia voltada para a criança como sujeito da aprendizagem, uma
pedagogia pensada para a criança, e isso é essencial para que os professores
repensem em suas práticas docentes, uma vez que, o trabalho com o corpo,
movimento e dança está proposto nos documentos como conteúdo a serem
efetivados em sala de aula.

2.3 BRINCAR, MOVER-SE, DANÇAR.

Para dançar, é preciso mover-se, e quanto mais espontâneo esse


movimento for, mais ele transmite uma linguagem que vem de dentro para fora,
expressando sentimentos, emoções, conhecimentos e experiências. Com isso, se
faz necessário possibilitar que a criança desde bem pequena possa explorar seus
movimentos através da dança, sem que essa dança seja de forma restritiva e
cansativa, é preciso pensar em possibilidades de um trabalho com a dança de uma
maneira diferenciada, levando para elas uma dança nova, diferente do que temos
presenciado e da qual temos ouvido falar ao nos inserirmos nas instituições
educativas de crianças, cujo enfoque recai sobre datas comemorativas e danças
distantes das possibilidades e interesses de crianças pequenas.
Deste modo, é importante proporcionar momentos de dança para as
crianças de maneira lúdica. Sobre isso diz Almeida (2016, p.61):

A adoção da ludicidade como um recurso pedagógico para mediar a dança


na educação infantil demonstra-se motivadora devido ao seu caráter
dinâmico, criativo e atraente. Esse universo de alegria e prazer do lúdico
envolve os jogos, brinquedos e brincadeiras.

Por meio da ludicidade o trabalho com a dança acontece de maneira mais


eficiente quando se pensa em alcançar e atrair o sujeito que dela participará, a
criança. Com a ludicidade a dança se torna mais atraente para a criança, adquirindo
um caráter dinâmico, fazendo com que as possibilidades do trabalho com a dança
sejam mais criativas e divertidas dentro das escolas.
Autores como Almeida (2016), Marques (2012) e Capri (2015), defendem
que as brincadeiras e os jogos auxiliam no trabalho com a dança, pois ambos
49

contribuem para a construção e para a ampliação do movimento. A partir das


brincadeiras a criança também adquire conhecimento sobre o seu corpo, as partes
que o compõe, sua postura, permitindo que elas tomem conhecimento sobre o
corpo, espaço e movimento. Assim como a dança, o brincar contribui para a tomada
de decisões, expressão de desejos, opiniões e sentimentos, a comunicação com
outro, e a aprendem sobre como funcionam as regras, e como devem se posicionar
diante delas (ALMEIDA, 2016).
Brincar e dançar, ambos possibilitam muitos benefícios para as crianças,
possuindo muitos objetivos em comum, e com isso, se faz possível vincular este
trabalho, pensando em atividades lúdicas. De acordo com Almeida (2016, p.65)
“brincar é criar vínculos e possibilita estabelecer relações. Ao propiciarmos situações
lúdicas, de jogo, estamos estimulando a constituição de vínculos e a educação de
pessoas sensíveis ao olhar e ao diálogo”.
A junção do brincar com a dança estimula a criança a gostar de participar de
tais atividades, porque para ela o dançar se torna um momento único e divertido, por
isso quando um professor planeja uma atividade com dança ele precisa pensar na
criança, porque essa criança precisa amar estar envolvida nessa atividade com a
dança. Marques (2012, p.35), destaca que:

É primordial pensarmos a dança na escola também como uma dança lúdica,


que brinca, que permite e incentiva relações – e não imposições. A
ludicidade nas propostas de dança permite que vínculos sejam recriados, ou
seja, que experiências sejam possibilitas, descobertas incentivadas,
recombinações realizadas.

As brincadeiras contribuem no trabalho com a dança, auxiliando no


desenvolvimento motor, como já descrito neste trabalho, a criança quer e deseja
estar em constante movimento, e com isso pensar em brincadeiras que possibilitem
a elas o movimento, contribuirá diretamente em seu desenvolvimento motor, além de
proporcionar a elas momentos lúdicos, os quais elas participarão de maneira
prazerosa, sem que sejam forçadas e obrigadas a estarem nesses momentos.
A criança aprende brincando, e através das brincadeiras há muitas
possibilidades de se trabalhar com a dança, Capri (2015, p.290) afirma que:
50

A ludicidade faz parte do universo infantil, e permitir o lúdico não


descaracteriza a dança. A criança brinca e aprende brincando. O trabalho
lúdico em propostas de dança na educação infantil possibilita novas
relações, e não imposições.

O trabalho com a dança precisa ser aberto a novas possibilidades, é preciso


que os professores deixem aquilo que é rotineiro e pensem em práticas inovadoras
no que se refere a dança na educação infantil, e para isso se faz necessário usufruir
da ludicidade, sendo que ela oferece um grande suporte para planejar atividades
diferenciadas, atividades nas quais a criança interaja com o seu eu, com o outro, se
movimente e tenha liberdade ao mover-se.
Almeida (2016) apresenta em seu texto muitas possibilidades do trabalho
com a dança por meio de brincadeiras, possibilidades inovadoras que nos faz
pensar em como articular esse trabalho. Uma das sugestões que ela traz em seu
texto é a brincadeira Vivo, morto ou enterrado:

FIGURA 6: Vivência 6 do livro de Fernanda de Souza Almeida

FONTE: Livro: Que dança é essa? Uma proposta para a Educação Infantil
51

Observando essa proposta de atividade é possível perceber que partindo de


brincadeiras simples e até mesmo mais antigas, se tem a possibilidade de inovar,
proporcionado as crianças vivências positivas e significativas.
Porém, é preciso que os professores estejam dispostos a buscarem por mais
criatividade, visto que hoje se tem diversos recursos que podem auxiliar neste
processo. Quanto mais os professores se dispuserem para estar estudando sobre a
importância e as possibilidades do trabalho com a dança, mais trabalhos eficientes,
lúdicos e significativos acontecerão nas escolas.
Além do trabalho com dança de maneira lúdica, se é muito importante que
os professores utilizem diferentes espaços da escola para a realização das
atividades, é preciso explorar os ambientes que há na escola, uma vez que esses
espaços favorecem a interação entre as crianças e com o professor (GARANHANI,
2015).
A música também é um grande aliado nesse processo. Botelho (S/D), afirma
que:
É a partir do movimento que podemos perceber as primeiras realizações
das crianças e a manifestação do desenvolvimento do sistema perceptivo-
sensório-motor. O movimento e a música caminham juntos e se completam
um com o outro. Dança sem música e ouvir música e não se movimentar é
quase que impossível, pois as ligações dos nervos auditivos estão
largamente espalhadas pelo nosso corpo e são mais longas que quaisquer
outros nervos.

A criança desde o ventre materno tem contanto com a música, ela tem
contato com tudo que sua mãe ouve durante a gestação. Para se movimentar se faz
necessário o acompanhamento de uma música, ela auxilia em todo o processo de
contribuições que a dança proporciona para a criança, no trabalho com ritmos, onde
a criança desenvolve movimentos rádios e lentos, leves e fortes, noção de tempo e
espaço, sentimentos e emoções, entre outros. A música e a dança, por sua vez
acabam sendo indissociáveis, é só colocar uma música para as crianças e esperar a
reação delas, que com certeza será o movimento.
Assim, compreende-se que são grandes as possibilidades para a efetivação
do trabalho com a dança na educação infantil, e nos faz perceber a importância que
esse trabalho tem para o desenvolvimento da criança pequena. Garanhani (2015,
p.188) ressalta que “que é por meio do movimento do seu corpo que a criança
pequena compreende os significados presentes no meio cultural em que ela está
52

inserida”, e com isso compreendemos o quanto relevante é o trabalho com o


movimento na educação infantil.
As crianças que estão presentes nos dias de hoje nas escolas, anseiam para
que os professores olhem para elas, olhem para o desejo que elas têm de serem
vistas como criança, elas estão desejando por brincar, mover-se e dançar.
53

CAPÍTULO III
PARA SABER E COMPREENDER A DANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
54

3.1 CAMINHOS PERCORRIDOS NO ESTUDO

Conforme descrito no decorrer deste trabalho, foi possível perceber que o


conhecimento sobre a importância da dança no desenvolvimento da criança
pequena, por sua vez é pouco compreendido pelos professores da educação infantil.
Na graduação de Licenciatura em Pedagogia, esse é um assunto que
precisa ser mais explorado, pois devido a tantos conteúdos a serem trabalhados
durante a graduação, superlotando as disciplinas, o conhecimento sobre as diversas
possibilidades do trabalho pedagógico a partir da dança em disciplinas que
contemplem a ludicidade e corporeidade, é discutido de forma sucinta, e isso resulta
na necessidade de uma busca maior para adquirir mais saberes sobre o assunto.
Assim, para obtermos maiores informações e conhecimentos sobre como é
trabalhada a dança nos CMEIs (Centro Municipal de Educação Infantil) do município
de Ponta Grossa, e para ampliar o conhecimento sobre o tema a pesquisa foi
realizada através de um estudo exploratório, pois segundo Triviños (1987, p. 109):

Os estudos exploratórios permitem ao investigador aumentar sua


experiência em torno de determinado problema. O pesquisador parte de
uma hipótese e afunda seu estudo nos limites de uma realidade especifica
buscando antecedentes, maiores conhecimentos para, em seguida, planejar
uma pesquisa descritiva.

Compreende-se assim que o estudo exploratório é realizado em uma área


na o qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado, sendo o primeiro
passo para obter mais informações sobre como a dança é vista pelas professoras da
Educação Infantil, nos CMEIS.
De acordo com Triviños (1987, p. 109) a pesquisa exploratória possibilita
“um momento em que o pesquisador planeja um estudo exploratório para encontrar
os elementos necessários que lhe permitam o contato com os resultados que
deseja”, permitindo que o pesquisador tenha contato com os resultados almejados
durante o desenvolvimento desta pesquisa. Desse modo, a pesquisa exploratória
possibilita o encontro e o contato com tais resultados almejados pelo pesquisador.
Para alcançar bons resultado na pesquisa, e clareza na compreensão da
mesma, fez-se necessário uma busca por bons suportes teóricos, realizando assim
estudos bibliográficos, buscando autores que sejam especialistas e referências nos
estudos sobre a importância da dança na educação infantil, segundo Gil (2008), o
55

estudo bibliográfico é desenvolvido com base em material já elaborado, constituído


principalmente de livros e artigos científicos, trazendo grande suporte para a
descrição teórica de uma pesquisa, portanto, para se compreender a prática, é
preciso ter conhecimento das teorias que são específicas da área sobre qual o tema
irá ser pesquisado.
A escolha da pesquisa se constitui pela abordagem qualitativa, na qual o
pesquisador tem objetivo alcançar uma interpretação da realidade, visando
compreender não apenas os resultados de sua pesquisa, mas o encaminhamento
do processo como um todo. Para Triviños (1987, p. 129):

Esta característica é muito importante na individualização como atividade


científica da pesquisa qualitativa, especialmente em relação à investigação
quantitativa, de cunho positivista, preocupada só em atingir as aparências
dos fenômenos sociais, o que se apresentava à observação e/ou
experimentação.

Na pesquisa qualitativa, os sujeitos participantes da pesquisa têm mais


liberdade para mencionar suas opiniões sobre o objeto da pesquisa, de modo que as
respostas acabam sendo descritivas, o que não é ruim, uma vez que o propósito da
pesquisa qualitativa é analisar minuciosamente todo o processo, e compreender a
posição dos pesquisados frente ao tema proposto (TRIVIÑOS, 1987).
Triviños (1987) relata que o aparecimento da pesquisa qualitativa se deu
devido à percepção que os pesquisadores tiveram de que as informações das
pesquisas estavam ficando muito restritas por serem apenas quantificadas, e
perceberam que elas precisavam ser interpretadas de forma mais ampla.
Desse modo, a pesquisa qualitativa é o meio para compreender as
respostas das professoras de maneira ampla, de modo a compreender suas
posições referentes ao trabalho da dança com as crianças pequenas, e
compreensões que elas apresentam sobre sua importância para o desenvolvimento
da criança pequena.

3.2 OBTENÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

Para efetivar a obtenção de dados, foi realizada uma entrevista com


professoras que atuam como docentes em dois CMEIs no município de Ponta
56

Grossa, a entrevista auxiliou para obter informações do conhecimento que elas


possuem sobre a importância da dança para a criança da Educação Infantil.
Conforme Lakatos e Marconi (2003, p.200):

“A entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas


obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma
conversação de natureza profissional. É um procedimento utilizado na
investigação social, para a coleta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou
no tratamento de um problema social”.

Desse modo, a entrevista possibilitou a obtenção de dados importantes,


registrando o que as professoras compreendem sobre a importância da dança no
desenvolvimento da criança pequena.
O uso da entrevista se dá de diferentes formas dentro da pesquisa
qualitativa, as respostas podem ser obtidas através de atos não verbais (reações e
comportamentos), atos verbais escritos (cartas, documentos, questionários) e atos
verbais orais (conversas informais, entrevistas estruturadas e semiestruturadas)
(LIMA, 2016).
Desse modo, optou-se pela realização da entrevista por meio de
questionário, uma vez que, seria a melhor forma de realizar a pesquisa devido a
rotina dos CMEIs, e também pela liberdade que as professoras teriam em responder
as perguntas sem se sentirem pressionadas, mas poderem responder
tranquilamente. De acordo com Lakatos e Marconi (2003, p.201), “questionário é um
instrumento de coleta de dados, construído por uma série ordenada de perguntas,
que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador”.
O questionário foi formulado com perguntas abertas, as quais permitem que
os sujeitos participantes da pesquisa respondam livremente, colocando seu ponto de
vista e suas opiniões usando linguagem própria, possibilitando respostas mais
profundas e precisas. (LAKATOS; MARCONI, 2003)
Segundo Lima (2016) os questionários precisam de máxima estruturação, as
perguntas já são determinadas (sem improvisação), e podem ser aplicados
pessoalmente, autoadministrados, por telefone ou de forma virtual (online).
Para a aplicação, foi escolhido o questionário on-line, o qual:
57

Trata-se, em termos gerais, de um tipo específico de pesquisa de


questionário enviado/recebido e preenchido pelos respondentes por meio da
internet. Assim como um questionário em papel recebido pelo correio, o
questionário on-line deve ser respondido e, de alguma forma, reenviado
pelo respondente ao pesquisador, com a diferença de que tudo isso é feito
eletronicamente. (TORINI, 2016, p.55)

O questionário on-line possibilita que respondente responda as questões em


qualquer lugar, conforme a disponibilidade que se tenha, no que diz respeito a essa
pesquisa, as professoras puderam responder tanto na escola quanto em casa, isso
ocorreu a partir da escolha de cada uma, a única necessidade é que se faz
necessário o acesso à internet.
A elaboração do questionário se deu através do aplicativo Google Forms,
segundo Torini (2016, p.57) “trata-se da plataforma mais popular para a construção
de formulários e questionários on-line. [...] o serviço é totalmente gratuito e não tem
limites de questionários aplicados”. As professoras que participaram da pesquisa
tiveram acesso ao link do Google Forms para responder o questionário, o qual se
iniciava com perguntas de apresentação e posteriormente perguntas referentes ao
tema sobre a dança.
Para a análise dos dados, foi utilizado o software IRAMUTEQ (Interface de R
pour lês Analyses Multidimensionnelles de Textes ET de Questionnaires), o qual é
um programa informático que disponibiliza diferentes tipos de análise de dados
textuais. Segundo os autores Kami et al (2016, p.4) ao citarem Camargo e Justo
(2013), o IRAMUTEQ:

Permite diferentes processamentos e análises estatísticas de textos


produzidos. [...] O IRAMUTEQ possibilita cinco tipos de análises: estatísticas
textuais clássicas; pesquisa de especialidades de grupos; classificação
hierárquica descendente; análises de similitude e nuvem de palavras.

Nessa pesquisa optou-se pela escolha da análise a partir do Iramutec por


meio do recurso “nuvem de palavras”, a qual apresenta graficamente as palavras
que aparecem com mais frequências nas respostas dos sujeitos participantes da
pesquisa.
Os dados obtidos foram organizados em duas categorias a partir das
características das perguntas: Saberes e Fazeres. Saberes, a fim de analisar o que
as professoras compreendem sobre a importância da dança no trabalho com as
58

crianças pequenas, bem como sua contribuição no desenvolvimento desta. Fazeres,


a fim de perceber o que elas fazem com a dança, de que forma elas a
envolvem/desenvolvem em sua prática.
A organização da análise dos dados em categorias faz parte desse
processo, e precisa ser pensada e estruturada de acordo com o objeto de pesquisa.

[...]podemos caracterizar as categorias como grandes enunciados que


abarcam um número variável de temas, segundo seu grau de intimidade ou
proximidade, e que possam através de sua análise, exprimirem significados
e elaborações importantes que atendam aos objetivos de estudo e criem
novos conhecimentos, proporcionando uma visão diferenciada sobre os
temas propostos (CAMPOS, 2004, p.614).

A categorização auxilia no processo de compreensão dos dados obtidos na


pesquisa, de modo a desvendar o conhecimento que as participantes da pesquisa
têm sobre o assunto. Desse modo a categorização permite que o pesquisador possa
constituir uma análise minuciosa sobre tais questões.
Conforme Oliveira [et al] (2003, p.9):

Esta etapa é muito importante, pois a qualidade de uma análise de conteúdo


possui uma dependência como o seu sistema de categorias. A
categorização gera classes que reúnem um grupo de elementos da unidade
de registro. As classes são compiladas a partir da correspondência entre a
significação, a lógica do senso comum e a orientação teórica do
pesquisador.

Após delimitadas as categorias, foi possível efetivar a análise dos dados


obtidos através da pesquisa de forma significativa, de modo a alcançar os objetivos
almejados durante este processo.

3.3 O CAMPO DE PESQUISA

No decorrer deste trabalho foi possível compreender a importância que a


dança tem no processo de ensino e aprendizagem e no desenvolvimento motor da
criança, visto que ela proporciona muitos benefícios à criança pequena quando esta
tem contato com a dança frequentemente, e um dos espaços mais importantes que
podem possibilitar esse contato da criança com a dança é a escola.
59

Para dar continuidade no encaminhamento da pesquisa, se fez necessário o


contato com os Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs), os quais são
responsáveis pelo atendimento de crianças com faixa etária de 0 a 5 anos. A
escolha dessa faixa etária se deu pelo motivo de que é entre esse período que
acontece o desenvolvimento motor da criança, e se inicia o processo do
desenvolvimento cognitivo desta.

Na pequena infância o corpo em movimento constitui a matriz básica, em


que se desenvolvem as significações do aprender, devido ao fato de que a
criança transforma em símbolo aquilo que pode experimentar corporalmente
e seu pensamento se constrói, primeiramente, sob a forma de ação.
(GARANHANI, 2015, P.90)

Diante disso, foi preciso ir à busca de CMEIs no município de Ponta Grossa,


para conhecer como de dá o trabalho da dança pelas professoras que neles atuam.
Desse modo, foram escolhidas duas instituições localizadas na região urbana da
cidade para a aplicação dos questionários com as professoras. Para a liberação da
pesquisa em tais CMEIs, foi necessário realizar uma solicitação junto à Secretaria
Municipal de Educação, via protocolo do projeto desta pesquisa. Fez-se necessário
também a realização de um termo de consentimento livre e esclarecido para as
professoras conforme anexo (1), a fim de preservar a identidade delas e seguir os
princípios éticos de uma pesquisa.
A escolha dos CMEIs ocorreu pelo fato de que eles têm sido referenciais do
trabalho com as crianças, proporcionando as elas trabalhos lúdicos e significativos,
assim analisar a compreensão das professoras que atuam nesses espaços
educativos trará grande significado para esta pesquisa, pela razão de perceber se
mesmo em meio ao trabalho lúdico a dança está presente. A preferência da escolha
dos CMEIs para realização do estudo teve como critério a realização de práticas
diferenciadas nestas instituições, a realização de estágio e atividades de PIBID 1 que
nos fornecem dados positivos sobre a equipe de trabalho e as ações desenvolvidas.

1
O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) é um programa que oferece
bolsas de iniciação à docência aos alunos de cursos presenciais que se dediquem ao estágio nas
escolas públicas e que, quando graduados, se comprometam com o exercício do magistério na rede
pública. (http://portal.mec.gov.br/pibid)
60

3.4 AS PARTICIPANTES DA PESQUISA: PROFESSORAS DE CRIANÇAS

Os sujeitos participantes dessa pesquisa foram 13 (treze) professoras


atuantes como docentes nos CMEIs escolhidos, bem como 2 (duas) profissionais na
área da dança infantil que atuam com crianças pequenas em diferentes espaços a
fim de analisar o que elas compreendem sobre a importância da dança no
desenvolvimento da criança pequena e como percebem a dança na escola, a partir
de sua formação especializada, para que se possa ter uma comparação das
respostas e um diálogo entre as diferentes profissionais.
A nomenclatura utilizada para definir os sujeitos da pesquisa foi definida
como “Professora” seguido de letras de A a M para os profissionais da Educação
Infantil e “Especialista” A e B para as professoras de dança, tendo em vista as
questões éticas de pesquisa, preservando a identidade dos participantes deste
estudo.
Quanto às professoras dos CMEIs se tem como perfil (Figura 7):

FIGURA 7: Idade das professoras

FONTE: Formulário da pesquisa

Quanto à idade das professoras foi possível identificar que elas possuem
idades diferentes e que apenas duas tem a mesma idade (29 anos), as demais
seguem uma linha entre 23 anos a 47 anos. Percebe-se que há uma grande
diferença entre a idade da professora mais nova para a professora mais velha.
61

Sobre a idade das Especialistas, a Especialista A possui 29 anos e a


Especialista B possui 39 anos (FIGURA 8).

FIGURA 8: Formação das professoras

FONTE: formulário da pesquisa

Referente à formação das professoras que participaram desta pesquisa, é


relevante perceber que 3 (três) professoras (23,1%) tem somente Magistério –
formação de docentes, 3 (três) professoras (23, 1%) tem Magistério – formação de
docentes + Pedagogia, 5 (cinco) professoras (38,5%) tem somente Pedagogia e 3
(três) professoras têm (23, 1%) Magistério – formação de docentes + Pedagogia +
Especialização. Dentre 13 professoras apenas 3 (três) tem sua formação somente
em Magistério, as demais possuem formação em Pedagogia.
A Especialista A tem sua formação em Educação Física Licenciatura, com
especialização em Educação Especial e Inclusiva, e em Dança educacional. Já a
Especialista B tem sua formação em Educação Física e em Dança, tendo como
especialização Mestrado em Educação.
No questionário havia uma questão que se tratava sobre a formação das
professoras, a qual era: Em sua formação, você teve aulas que proporcionaram
reflexões e práticas sobre a importância da dança para o desenvolvimento da
62

criança? Nessa questão as professoras A, B, C, D, J e K deram como resposta


“Não”, porém teve três respostas2 que exigiu minuciosa observação:

De maneira superficial, mas sim.


(PROFESSORA G)

Algumas aulas
(PROFESSORA L)

Só aulas teóricas.
(PROFESSORA M)

A partir dessas respostas compreende-se que há uma lacuna na graduação


do curso de Pedagogia, visto que seria no decorrer da graduação um valioso
momento para trabalhar com os acadêmicos sobre a importância do trabalho com o
corpo e movimento, em especifico sobre a dança, desvelando as contribuições que
dança proporciona para a criança pequena e suas possíveis práticas na escola.
Entretanto, obtivemos duas respostas que chamaram a atenção:

Muito pouco. Porém busco estudar sobre assuntos relacionados ao


desenvolvimento infantil e percebo a importância da dança para o
desenvolvimento das crianças, desta forma sempre estou inovando e
aprimorando minha pratica pedagógica e as crianças retribuem de forma
muito positiva e demonstram grande interesse por atividades musicais.
(PROFESSORA I)

Em minha formação tive a disciplina de ritmo e dança. Infelizmente a


disciplina não foi totalmente bem aproveitada porque teve falta de
professores na universidade. O pouco que tivemos foi voltado à composição
coreográfica e algumas brincadeiras corporais. Faltou muito a questão de
discussão sobre dança na escola entre tantos outros saberes relacionados a
ela. Mas sempre procurei formações paralelas à universidade.
(ESPECIALISTA A)

Percebe-se que a lacuna sobre o conhecimento da importância da dança no


desenvolvimento integral da criança pequena, está presente também na graduação
de Educação Física Licenciatura que oferece uma disciplina voltada para a dança. A
consequência disso acaba sendo quando estes professores se encontram na prática
e não sabem como utilizar a dança para o desenvolvimento, aprendizagem e bem-
estar das crianças, e não compreendem as possibilidades do trabalho tal eixo.

2
Optou-se em manter os dados do questionário tal como está escrito pelas participantes da pesquisa
63

Entretanto essas respostas mostram que devido à dança ser trabalhada de


forma muito sucinta nos cursos de formação de professores, ainda há professores
que refletem sobre sua prática e buscam por formações que possam auxiliá-los no
trabalhado lúdico com a dança, voltada para a aprendizagem da criança pequena.
Desse modo, é muito importante que a reflexão acompanhe a ação dos professores
que estão frente às crianças, uma vez que ela mobiliza este docente a buscar novas
estratégias de trabalho com os pequenos, refletindo sobre sua prática no sentido de
avaliá-la, compreendê-la, modificá-la e ressignificá-la. (GARANHANI, 2015).
No que se refere ao tempo de atuação das professoras na Educação Infantil,
percebe-se que a maioria atuam há bastante tempo nesta área, visto que a
professora que tem menos tempo está atuando há 2 anos e 6 meses e a que tem
mais tempo atua há 16 anos. De modo geral todas as professoras possuem um
tempo significativo de trabalho com crianças pequenas (Figura 9).

FIGURA 9: Tempo de atuação das professoras na Educação Infantil

FONTE: Formulário da pesquisa

De acordo com Garcia (2010), os profissionais docentes constroem sua


identidade profissional desde o início de sua formação inicial, e no decorrer dos anos
ela se consolida, sendo sujeita a mudanças conforme suas vivências e experiências,
essa identidade não surge automaticamente, ela se constrói e se modela, é um
processo evolutivo. Sendo assim, o tempo de atuação nas intuições de ensino
interfere na construção da identidade profissional do docente, fazendo com que este
profissional construa suas concepções e métodos de ensino.
64

A diferença entre a idade das professoras que participaram desta pesquisa


acaba por sua vez interferindo no modo que elas trabalham com seus alunos.
Professoras com mais tempo de atuação docente, consequentemente possuem
mais experiências do trabalho com crianças pequenas, porém precisam ser flexíveis
a possíveis mudanças em seu trabalho devido ao perfil das crianças que adentram
nas escolas no decorrer dos anos, buscando sempre se atualizar com formações
continuadas. Já professoras iniciantes, possuem menos experiência como docente,
sendo necessária a busca por formações que auxiliarão no processo da construção
da sua identidade, para que possa assimilar a teoria com a prática, efetivando assim
um trabalho significativo para as crianças pequenas.

A identidade profissional é um processo evolutivo de interpretação e


reinterpretação de experiências, uma noção que se corresponde com a ideia
de que o desenvolvimento do professorado nunca se detém e que se
entende como uma aprendizagem ao longo da vida. Partindo desse ponto
de vista, a formação da identidade profissional não é a resposta à pergunta
“quem sou (neste momento)?”, mas sim a resposta à pergunta “o que quero
chegar a ser?” (GARCIA, 2010, p.10)

Independentemente do tempo de atuação que uma professora possui, é de


extrema importância que esta esteja em constante reflexão sobre sua prática em
sala de aula, de modo a permitir que seu aluno seja o sujeito central no processo de
aprendizagem, oferecendo-lhe inclusive atividades lúdicas, para que este aluno se
desenvolva em todos os aspectos. A pergunta que deve ser feita diariamente é “o
que eu quero chegar a ser?”, pensando em quais marcas se quer deixar em seus
alunos.

3.5 OS SABERES DAS PROFESSORAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL: O QUE


DIZEM DA DANÇA

Compreender o conhecimento que as professoras participantes dessa


pesquisa possuem sobre a importância da dança no desenvolvimento da criança
pequena é de extrema importância no processo de análise dos dados obtidos. Os
saberes dizem respeito ao conhecimento teórico que tais professoras contêm
referente ao tema da pesquisa, que foram adquiridos durante a formação inicial e
65

formação continuada. Silva (2009, p.40), aponta que Tardif desvenda em um de


seus livros a:

Importância de se compreender como os saberes professorais são


constituídos e mobilizados cotidianamente para desempenhar as tarefas
subjacentes à ação professoral no ambiente escolar. Em tal perspectiva, o
olhar sistematizado reconhece a complexidade da epistemologia da prática
docente à luz do sujeito que a constrói.

O conhecimento dos saberes que as professoras têm sobre o tema desta


pesquisa, ampara na compreensão das ações realizadas no ambiente escolar que
foram percebidas através de suas respostas.
Ao indagar sobre a importância da dança na prática pedagógica com
crianças é possível perceber que algumas professoras possuem um conhecimento
sobre a dança de maneira muito superficial, elas compreendem que a dança
contribui no desenvolvimento psicomotor, porém sem um conceito maior de
expressão, uma fundamentação de sua resposta.
Por meio do software Iramutec foi possível obter os seguintes dados,
conforme representado na Figura 10:

FIGURA 10: A importância da dança na prática pedagógica

FONTE: Software Iramutec


A nuvem de palavras apresenta a organização dos termos de acordo com a
recorrência das mesmas nas respostas das participantes da pesquisa, de modo que
66

as palavras são classificadas pelo tamanho/intensidade de cor. Desse modo pode-


se perceber que as palavras que mais apareceram nas respostas foram:
desenvolver, criança e dança. Sobretudo, observando a nuvem de palavras como
um todo, é possível detectar a dança compreendida como contribuição apenas para
o desenvolvimento motor, percebe-se assim uma lacuna no conhecimento sobre as
contribuições da dança para a criança pequena, limitando a uma função, o
desenvolvimento.
Considera-se que a dança contribui diretamente com o desenvolvimento
motor da criança, porém não fica restrita somente a essa especificidade, a partir da
dança é possível explorar diversos aspectos para o desenvolvimento desta, como a
dança como elemento da cultura, como arte, prazer, a dança na
interdisciplinaridade, a dança para reconhecimento corporal, dentre outras
possibilidades.
No intuito de dar visibilidade aos saberes das professoras de educação
infantil sobre a dança e a relação destacada com o desenvolvimento motor,
aprofundando as discussões sobre os dados apontados pelo software Iramutec,
apresenta-se a seguir falas obtidas no questionário.

A dança e atividades musicais possibilitam que a criança desenvolva


inúmeras habilidades alem de noções de lateralidade e espaço, também faz
com que a criança amplie os conhecimentos sobre o próprio corpo. É uma
forma de expressão muito valiosa que deve estar presente diariamente na
Educação Infantil. (PROFESSORA H)

A dança desenvolve toda a coordenação motora. (PROFESSORA K)

Entretanto, com já descrito no decorrer deste trabalho, o trabalho com a


dança não deve ser limitado somente ao desenvolvimento motor, como já
mencionado, a dança contribui no desenvolvimento da criança como um todo, “por
ser a dança movimento, expressão, comunicação, linguagem humana básica e
própria de nossa cultura, é essencial a inclusão dessa arte na Educação Infantil em
busca da formação integral das crianças” (VARGAS, 2014, p.235).
Em contrapartida, uma das professoras diz que:

A dança na prática pedagógica favorece o reconhecimento das


possibilidades corporais da criança, também favorece o desenvolvimento da
coordenação motora ampla, exploração de posturas corporais, ampliação do
67

controle sobre o corpo e seus movimentos, a criança por meio da dança


expressa suas emoções e criatividade (PROFESSORA M)

Apesar de se encontrar referências a elementos psicomotores, a resposta da


professora M mostrou um conhecimento mais amplo sobre a importância da dança,
e as contribuições que ela possibilita para a criança pequena. Além da sua
contribuição no desenvolvimento motor, ela cita que através da dança a criança
pode expressar suas emoções e criatividade, e ter essa consciência já é um grande
passo para desenvolver um trabalho pedagógico significativo através da dança, e
também um ponto de partida para buscar adquirir mais saberes sobre a dança nas
práticas pedagógicas e suas contribuições.
As especialistas ao serem questionadas sobre a dança e a relação desta
prática com a aprendizagem, responderam:

Sim, muito importante. (ESPECIALISTA A)

Considero fundamental, deveria ser uma disciplina específica na escola.


(ESPECIALISTA B)

A partir das respostas, as especialistas demonstram considerada


importância da dança no processo de ensino-aprendizagem das crianças desde bem
pequenas. E se pensar uma disciplina específica de dança, ou de se ter momentos
oportunos nas práticas dentro das escolas é muito importante, de modo a não se
trabalhar a dança sucintamente, de forma rápida e solta.
Seguindo a análise das respostas, no questionamento referente a relação
entre a dança e aprendizagem e as formas de integração entre elas, o software
Iramuteq apresentou os seguintes dados (Figura 11):

FIGURA 11: Dança e aprendizagem


68

FONTE: Software Iramutec

Neste momento, é interessante perceber que a dança continua sendo


reconhecida como contribuição para o desenvolvimento motor da criança. Ao
observar a nuvem de palavras percebe-se que a palavra “sim” foi a que mais esteve
nas respostas, isso indica que as professoras entendem que há relação entre a
dança e a aprendizagem, porém quando se pensa na forma de integração entre
elas, o que acaba sendo mencionado pelas professoras na maioria das vezes é a
utilização da dança para o desenvolvimento motor.
No entanto dentre as palavras mais citadas, a “música” está presente. A
música é uma grande aliada quando se trata de dança, sendo que ela possibilita um
trabalho a partir da dança de modo a proporcionar para a criança momentos de
grandes aprendizagens significativas, sendo quase impossível dançar sem a
utilização da música. Porém, nas respostas das professoras a música e a dança
foram relacionadas com o processo de memorização:

Sim. A musica é algo facil de memorizar e muito mais gostoso pode ser
utilizada como instrumento de fixação do que esta sendo ensinado.
(PROFESSORA C)

Sim, através da dança a criança irá aprender brincando, tornando o seu


aprendizado prazeroso. A criança irá associar o movimento com o rítmo da
música, desenvolverá a criatividade ao pensar nos gestos e relacionar o
tempo da música e os movimentos, desenvolve também a atenção, a
memorização. (PROFESSORA G)
69

Recorremos aos escritos deste trabalho, cujos autores Barreto (2004),


Marques (2012), Godoy (2011), entre outros, ressaltam que a dança não deve ser
utilizada apenas como mera memorização de passos que já foram criados pelas
professoras e transmitidos às crianças, de modo a fazer com que as crianças sigam
apenas um padrão imposto. A criança precisa ser motivada a criar os seus passos,
construindo a sua identidade na dança.
A memorização não é algo negativo quando usada de maneira correta, a
partir da inserção da dança nas ações na escola, uma das possibilidades do trabalho
é a dança na interdisciplinaridade com conteúdos que estão presentes no currículo
de acordo com cada faixa etária, desse modo à dança auxilia na compreensão dos
conteúdos, assim as crianças por sua vez, acabam memorizando de forma
prazerosa, sem que sejam forçadas a fazerem isso.
Outro ponto mencionado nas respostas das professoras foi a contribuição da
dança no processo da construção da imagem corporal.

Sim. Quando a criança dança ao mesmo tempo que desenvolve a


coordenaçao motora, conhece o corpo, desenvolve a lateralidade, estimula
a imaginação e entra em contato com o mundo da arte, além de poder
expressar-se e interagir com os colegas facilitando a interação entre as
crianças. Esses são alguns dos beneficios da dança na aprendizagem das
crianças. (PROFESSORA H)

Sim. Quem dança tem mais facilidade de construir a imagem corporal.


(PROFESSORA K)

As professoras H e K reconhecem a importância da dança na construção da


imagem corporal da criança, na qual ela explora o seu corpo e movimentos que ele é
capaz de realizar. Ter esse conhecimento é essencial para que se possa dar início
ao egresso da dança nas práticas pedagógicas.
De acordo com Marques (2014, p.75):

[...] As crianças que tem oportunidade expandir seus corpos, de correr, pular
são bem diferentes daquelas que só ficam sentadinhas fazendo lição na
mesinha. As primeiras, em geral, são crianças que percebem seu entorno
de forma mais ampla, mais profunda e mais apurada e, portanto,
estabelecem relações com os outros de maneira, provavelmente, mais
significativa.
70

A dança possibilita que a criança construa sua imagem corporal,


conhecendo seu corpo como um todo, bem como suas especificidades, logo, esta
criança também poderá reconhecer e compreender o meio o qual ela está inserida
com mais maturidade e criticidade. Deste modo, é muito importante que a criança
tenha contato com a dança desde bem pequena, porém essa dança deve ser
realizada com intencionalidade pedagógica, tendo como objetivo proporcionar para
as crianças o reconhecimento de si, do outro, do meio, para além de coreografias
prontas e apresentações escolares.
Ao entrevistar as profissionais especialistas em dança, quando indagadas
sobre qual a importância da dança para a organização e o reconhecimento corporal
da criança, elas apresentaram as seguintes respostas:

A dança é de grande importância para a criança. Assim como qualquer


outra atividade ligada ao movimento. Antes de querer trabalhar qualquer
outra atividade/conhecimento/conteúdo, a criança precisa se dar conta do
que ela é quanto corpo. Se reconhecer corporalmente e espacialmente. Ter
a consciência de que ela habita um corpo que pode mudar constantemente
dentro de um espaço que também muda constantemente. Com a música
associada ao movimento é possível fazer com que a criança dance
naturalmente, explorando seu corpo, se (re)conhecendo através de
atividades rítmicas e corporais de forma lúdica, sem intenções técnicas ou
artísticas. A dança além de proporcionar o reconhecimento de si faz com
que a criança reconheça o outro. (ESPECIALISTA A)

A dança proporciona vocabulário motor amplo, domínio de movimento,


expressão corporal, musicalidade. (ESPECIALISTA B)

Ao analisar tais respostas percebe-se a grande contribuição da dança para o


reconhecimento corporal da criança, que desde bem pequena está em constante
movimento, de modo que cada movimento se faz como grande descoberta para esta
criança, oferecendo a oportunidade de conhecer o seu corpo como um todo bem
como suas potencialidades e limitações. Segundo Souza (2016, p.46):

O movimento é inerente à criança e, ao longo do processo de


desenvolvimento, seus gestos vão se tornando coesos e precisos. Mexer,
apalpar, pegar, procurar, cair, levantar, pular e correr são ações decisivas
para a criança se conhecer, identificar suas possibilidades, limitações,
sensações e preferências, apropriando-se do corpo e das ações. É por meio
do movimento que os pequenos conhecem o mundo que os cerca.
Por meio dos movimentos a criança constrói e identifica sua capacidade
corporal e reconhece o meio no qual ela está inserida. É de fundamental importância
71

que professoras que trabalham com crianças pequenas tenham essa compreensão
sobre as práticas de dança, corpo e movimento, passando a refletir e a perceber que
a dança vai muito além do que está posta na atualidade dentro das escolas
vinculadas ao ensino de, ou a comemorações e/ou festivais.

3.6 AS PROFESSORAS E SEUS FAZERES: PRÁTICAS, POSSIBILIDADES E


INTENCIONALIDADES DA DANÇA NA ESCOLA

Após analisar os saberes que as professoras participantes dessa pesquisa


possuem sobre a dança na Educação Infantil, é extremamente importante
compreender como esses saberes são efetivados na prática. De acordo com Silva
(2009, p.25).

Com o passar do tempo, os professores vão incorporando certas


habilidades sobre seu saber-fazer e saber-ser, ou seja, é com a própria
experiência que o aluno de outrora, o qual possuía apenas saberes teóricos,
aprende a ser professor.

Desde a formação inicial, o professor adquire conhecimentos teóricos que


servem como suporte para sua ação quando adentra a escola. O professor utiliza o
seu saber para construir sua prática, se pouco eles sabem sobre a importância no
desenvolvimento da criança pequena, pouco ele a usará para efetivar um objetivo
pedagógico. É possível perceber então a necessidade dos professores buscarem
por formações continuada que possam auxiliá-los a compreender a importância da
dança, para que estes professores possam possibilitar experiências significativas
para a criança pequena.
Para a compreensão de como se desenvolve a dança na instituição
educativa, lançou-se questionamentos as possibilidades de dança com os
pequenos. A partir das respostas das professoras que participaram da pesquisa, o
software Iramutec apresentou os seguintes resultados (Figura 12):

FIGURA 12: Possibilidades da dança com crianças


72

FONTE: Software Iramutec

Ao observar a nuvem de palavras nota-se que, quando se trata das


possibilidades da dança na prática, ela acaba sendo efetivada em brincadeiras e nas
apresentações comemorativas. Diante disso, percebeu-se o uso da dança de
maneira superficial, com finalidades sem fim intencional pedagógico, como por
exemplo, para preenchimentos do tempo, gestos isolados para apresentações
festivas.

Dentro da nossa rotina a dança é presente e possível em todos os


momentos do dia. (PROFESSORA D)

Diversas, cantigas de roda e que tudo que envolva gestos e movimento.


(PROFESSORA E)

Desse modo, é possível perceber a utilização da dança sem finalidade


pedagógica, apenas como uma ferramenta para passar o tempo com as crianças,
sendo utilizadas apenas com gestos, restringindo os movimentos.
A dança vai além de um mero gesto ensaiado, de movimentos
predeterminados, que engessa a criança, fazendo com ela seja apenas reprodutora
de algo que é posto a ela, pelo contrário, a dança precisa ser reflexiva, consciente e
73

transformadora, permitindo que a criança crie, se expresse e se desenvolva


integralmente. (GODOY, 2011, p.21)
As danças de roda também precisam ser realizadas para um fim
pedagógico, sendo que há inúmeras possibilidades de dançar em roda envolvendo a
aprendizagem da criança como um todo.
Segundo Ostetto (2009, p.179) “O que aconteceria se os educadores
entrassem na roda, assumindo o girar de mãos dadas, entregando-se à busca e ao
mistério do círculo dançante? Articulando dança e educação [...]”, é muito importante
que os professores vivenciem momentos nos quais eles possam experimentar
sensações ao participarem de uma dança, porque quando se tem essa experiência,
logo este professor irá proporcionar essas experiências aos seus alunos. Diante
disso, se percebe a necessidade proporcionar momentos assim para os professores,
tanto em sua formação inicial, quanto em formações continuadas.
Observando as demais respostas percebeu-se que algumas professoras
compreendem a efetivação da dança na educação infantil em apresentações
culturais, tais como datas comemorativas.

Nas brincadeiras, apresentações culturais nas instituições, nos projetos


internos, nas mobilizações das aulas e nos momentos para dançar
livremente que também é um momento de observar a criança, pois ela
estará se expressando, através da linguagem corporal aquilo que muitas
vezes não expressa verbalmente. (PROFESSORA G)

São várias desde uma coreografia ensaiada para uma apresentação como
durante uma brincadeira cantada onde as crianças produzem movimentos.
No cotidiano da Educação Infantil a musica e a dança estão presentes o
tempo todo através da contaçao e dramatização de historias cantadas,
brincadeiras de roda, sequencia de ritmo, imitaçao de movimentos,
exercicios fisicos com musica, rotinas diarias etc. (PROFESSORA H)

Trabalhar com as datas comemorativas na escola vem sendo tema de


discussão no que tange ao currículo na educação infantil. Muitas práticas se
reduzem a um acúmulo de datas comemorativas, sem enlaçar os temas aos
saberes, a cultura e as necessidades da criança (Figura 13).
74

FIGURA 13: Planejamento por datas comemorativas

FONTE: Francesco Tonucci

Muitos planejamentos acabam sendo voltados para as datas comemorativas,


e isso faz com que o trabalho com as crianças fique engessado, as restringindo-as
de adquirirem conhecimentos que venham acarretar em sua aprendizagem de forma
significa. As atividades planejadas para o cumprimento do trabalho com tais datas
fazem com que o campo de conhecimento das crianças não seja ampliado.
(OSTETTO, 2012)
É possível perceber que este trabalho é realizado de forma solta, não
levando sentido para a criança, algo que venha acrescentar em sua aprendizagem.
Sobre isto diz Ostetto (20.12, p.182):

A marca do trabalho com as datas comemorativas é a fragmentação dos


conhecimentos, pois em determinada semana os professores trabalham o
início da primavera, na outra já entram com o Dia da Criança, tudo isso
trabalhado superficialmente e de forma descontextualizada. Na mesma
75

direção, podemos perceber a elaboração ou proposição de “trabalhinhos”


“lembrancinhas”, dancinhas, teatros geralmente destituídos de reflexão, por
parte do educador, que em momento algum para pensar no significado
disso tudo para as crianças, se está sendo “gratificante”, enriquecedor para
elas. O educador acaba sendo um repetidor, pois todos os anos a mesma
experiência se repete, uma vez que as datas se repetem. Talvez uma
atividade aqui outra lá, um ou outro trabalhinho seja renovado, mas o pano
de fundo é o mesmo. Em relação às implicações pedagógicas, essa
perspectiva torna-se tediosa na medida em que é cumprida ano a ano, o
que não amplia o repertório cultural da criança. Massifica e empobrece o
conhecimento, além de menosprezar a capacidade da criança de ir além
daquele conhecimento fragmentado e infantilizado.

Diante disso, percebe-se que de modo geral, a dança nas datas


comemorativas é realizada com as crianças de maneira superficial dentro das
escolas, e tem se tornado algo repetitivo a cada ano que passa, tornando-se assim
algo sem nenhum significado para elas, e como consequência, encontram-se muitas
crianças que são traumatizadas na dança, e não sentem vontade de ter contato com
ela por não vivenciarem momentos de prazer e descobertas dançando.
Em contraponto, nas mesmas respostas (professora G e professora H), é
possível perceber que mesmo de modo superficial, acabam reconhecendo o valor da
dança no desenvolvimento da criança pequena, compreendendo a dança como
linguagem, na qual a criança se comunica, se expressa e constrói sua identidade, a
dança como prática artística que envolve a dramatização, ritmo e brincadeiras, até a
construção coreográfica mais complexa.
Após a análise das respostas, foi possível identificar um dado de uma das
professoras que se contradiz, no questionamento que indagava sobre as reflexões e
práticas sobre a importância da dança para o desenvolvimento da criança na
formação inicial das professoras, já mencionada acima, a professora I respondeu:

Muito pouco. Porém busco estudar sobre assuntos relacionados ao


desenvolvimento infantil e percebo a importância da dança para o
desenvolvimento das crianças, desta forma sempre estou inovando e
aprimorando minha pratica pedagógica e as crianças retribuem de forma
muito positiva e demonstram grande interesse por atividades musicais.
(PROFESSORA I)

A resposta mostra a preocupação dessa professora a buscar formações que


possam auxiliá-la em suas ações com as crianças da educação infantil, porém,
76

quando questionada sobre as possibilidades de dança com os pequenos, a mesma


professora apresentou a seguinte resposta:

Todis os duas brincando e na sexta tem aula de musica e dança.


(PROFESSORA I)

É possível perceber que há uma contradição nas respostas da professora I,


ao não dar elementos de sua prática, ela reconhece as possibilidades, mas não
descreve as formas para a efetivação desse trabalho.
Quando questionadas se percebem a prática da dança presente na escola e
suas formas de efetivação, também houve uma contradição nas respostas:

Sim, a dança está presente como um dos conteúdos do currículo da


Educação Física onde é trabalhado seus aspectos básicos através das
atividades rítmicas e expressivas, brinquedos cantados, brincadeiras
rítmicas e musicais, danças circulares e danças folclóricas e populares
brasileiras. Também a dança é abordada em momentos artísticos através
produções coreográficas para apresentações. (ESPECIALISTA A)

Não. Somente como ensaios de festa junina ou dias das mães.


(ESPECIALISTA B)

A especialista A diz que compreende a dança presente nas práticas


escolares, bem como sua efetivação de forma bem ampla e diversificada. Já a
especialista B, afirma em sua fala que não percebe a dança nas práticas escolares
sem se desvincular das apresentações em festividades. Essa contradição mostra
que há muito o que se compreender e aprender sobre a dança na Educação Infantil,
que há formas de se inserir a dança na escola, porém falta conhecimento, interesse
e até mesmo investimento para que as professoras que atuam com crianças
pequenas compreendam a importância que a dança tem no desenvolvimento da
criança pequena, e as possibilidades do trabalho
Compreende-se assim que mesmo de forma sucinta ou fragmentada as
professoras conhecem a importância da dança para o desenvolvimento da criança,
entretanto, não há conhecimento de como inseri-la na prática pedagógica. A
ausência ou fragilidade do conhecimento e das práticas sobre dança, corpo e
movimento tende a persistir na instituição educativa seja por falta de interesse em
77

buscar conhecer sobre o tema ou até mesmo por esse tema não estar tão presente
em espaços de formação continuada.
78

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao delinear o caminho para a realização deste estudo, o ponto de partida foi


o questionamento: Como a dança pode contribuir para a organização e o
reconhecimento corporal da criança pequena?
A partir dos estudos do referencial teórico delimitado para a pesquisa, foi
possível compreender tal contribuição, porém as indagações e reflexões sobre a
prática com a dança na escola levou o olhar desta pesquisa a outras possibilidades,
afinando o olhar para a dança como elemento de cultura, como capacidade
expressiva e lúdica e como uma grande oportunidade para se efetivar um
planejamento partindo da interdisciplinaridade.
Nesse processo foi possível perceber o quanto a dança está diretamente
ligada ao desenvolvimento da criança, e que a sua contribuição não está restrita
somente ao desenvolvimento motor, pelo contrário, a dança proporciona também
desenvolvimento cognitivo, pessoal e cultural.
A dança possibilita para a criança momentos prazerosos e significativos,
pois, que criança que não gosta de se mover? Porém é preciso pensar em práticas
que envolvam a dança de modo que ela venha enlaçar as crianças, promovendo
esse prazer, gerando nelas o gosto por dançar e se mover.
Um trabalho mais direcionado com dança é muito importante, entretanto
proporcionar para as crianças momentos nos quais elas possam dançar livremente,
é de grande significância, sendo que nesse momento ela transmite uma linguagem
que vem de dentro para fora, expressando tudo o que está em seu interior, como
sentimentos, emoções, conhecimentos e experiências.
Quando a criança dança, ela conhece seu corpo, explora seus limites e suas
habilidades, interage com o seu “eu” e com o “outro”, inclusive tem contanto com
músicas que lhes possibilitam acesso ao conhecimento de diversificadas culturas,
agregando em sua aprendizagem.
Desse modo, se faz necessário repensar a efetivação do trabalho com a
dança na Educação Infantil, em razão de que um grande ponto observado durante a
realização deste trabalho, a partir dos estudos dos materiais teóricos, bem como no
processo de obtenção dos dados, gerando uma grande inquietação, foi perceber que
79

a maioria das professoras que trabalham com as crianças pequenas, não


compreendem tamanha possibilidade do trabalho com a dança, e que ela é grande
aliada no processo de aprendizagem e desenvolvimento da criança.
O olhar para a dança na escola está atado a apresentações festivas, a um
momento para acalmar o aluno ou até mesmo para passar o tempo durante a rotina
escolar. As danças na sua maioria já são impostas para as crianças, gestos prontos
e criados pelas professoras, de modo a não proporcionar um momento prazeroso
para as crianças, causando até mesmo traumas em algumas delas, e isso faz com
elas percam o gosto por dançar.
Neste caso, pode-se perceber que a falta da vivência por parte das
professoras é um dos motivos pelos quais elas não priorizem a busca de saber mais
sobre as possibilidades do trabalho com a dança, e compreender importância que
ela tem no processo de ensino-aprendizagem.
Quando se tem uma experiência com a dança, de vivenciar momentos em
que se possa dançar livremente, de sentir, de se expressar, se tem o entendimento
do quanto a dança é algo prazeroso, e por consequência, quem teve uma vivência
positiva com a dança, logo irá desejar que mais pessoas tenham as mesmas
experiências. Por isso muitas professoras não entendem o porquê da dança ser tão
importante dentro escola, por não terem vivenciado momentos com a dança,
acabam não compreendendo as possibilidades de agregar a dança no processo de
aprendizagem da criança.
É importante ressaltar que um dos momentos oportunos para que as
professoras tenham essas vivências é durante sua formação inicial, porém o que se
percebe é uma grande lacuna na graduação, a dança é pouco trabalhada em sua
teoria, quem dirá em sua prática. A falta desse trabalho durante a graduação, faz
com que a maioria das professoras se acomodem em suas práticas em sala de aula,
e quando estas adentram ao meio escolar, tendem a repetir o modo sucinto e restrito
de como a dança tem sido trabalhada pela maioria das professoras.
Nessa perspectiva, é possível considerar que ainda há um longo caminho a
se percorrer para que a dança seja compreendida em sua totalidade, de modo a ser
efetivada na escola seguindo as possibilidades apresentadas neste trabalho. É
preciso haver um despertar para mudanças nas graduações que formam
80

professores de crianças, pensando em uma grade curricular que priorize discussões


que entendam a criança como principal sujeito da aprendizagem, e que essa criança
necessita aprender de forma lúdica. Se faz muito importante também que as
formações continuadas abranjam esse tema, para despertar um novo olhar para as
professoras que já atuam como docentes com crianças pequenas, promovendo
assim, momentos nos quais as professoras vivenciem experiências com a dança e
compreendam sua importância quando inserida na escola.
A criança está e deseja estar em movimento, ela não pode ser reprimida. É
preciso possibilitar que a dança a envolva e a cative-a, que a dança a conduza a se
mover conforme o ritmo que bate forte em seu coração.
81

REFERÊNCIAS

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Paulo, 2016.

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BOTELLO, Iguaraciara da Silva Zeferino. A dança e a música como elementos


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85

ANEXOS
86

Pesquisa TCC - Dança - Patricia Taborda


87

Cara professora, este estudo compõe meu TCC no Curso de Pedagogia - UEPG
Sua contribuição muito importante neste processo de pesquisa.

Abraços
Patricia

Nome completo

Idade

Tempo de atuação na educação infantil

Formação

Outra licenciatura? Qual?

Curso de especialização? Qual

Qual a importância da dança na prática pedagógica com crianças?

Quais são as possibilidades de dança com os pequenos?

Em sua formação, você teve aulas que proporcionaram reflexões e práticas


sobre a importância da dança para o desenvolvimento da criança?

Existe relação entre dança e aprendizagem? De que forma?

Dança - Pesquisa TCC - Patricia Taborda

Cara professora, este estudo compõe meu TCC no Curso de Pedagogia - UEPG
Sua contribuição é muito importante neste processo de pesquisa.

Abraços
Patricia

Nome completo
88

Idade

Formação

Curso de especialização? Qual

Você percebe a prática da dança presente na escola? De que forma?

Qual a sua compreensão sobre a importância da dança para a organização e o


reconhecimento corporal da criança?

Em sua formação, você teve aulas que proporcionaram entendimento sobre a


importância da dança para o desenvolvimento da criança?

Você considera a dança como um elemento importante para a aprendizagem?

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