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Gilberto dos Santos Martins é professor do Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão. Gradua-
do em Licenciatura em Teatro na Universidade Federal do Maranhão, tendo como Trabalho de Conclusão de
Curso a montagem do texto "Esperando Godot" de Samuel Beckett, onde relatou em memorial as percepções
do processo criativo do personagem Vladimir. Mestre em Artes, subárea Artes Cênicas na Universidade Federal
de Uberlândia- MG, Campus Santa Mônica, com a pesquisa: O Centro de Artes Cênicas do Maranhão (CACEM):
Memórias, desafios e reflexões da formação do ator em São Luís (1 997-2007). Já participou de alguns grupos
de teatro como: Núcleo Atmosfera de Dança-Teatro (2005-201 3), Grupo Universitário de Teatro (GUT -2005-
2006) grupo de Extensão da Universidade Federal do Maranhão, Cena Aberta (2005) grupo de Pesquisa e Ex-
tensão da UFMA, Tapete, Criações cênicas (2007). Hoje atua e pesquisa no Núcleo de Pesquisas Teatrais Ras-
cunho na cidade de São Luís do Maranhão. gilsantins@gmail.com
PALAVRAS-CHAVE
Representação; Formação do ator; Ensino-aprendizado do ator.
ABSTRACT
This text proposes a discussion about the education of the actor in a drama school. Here, we
discuss the procedures adopted and not advisable in a period of learning techniques and
knowledge that will serve as a basis for the professional life of an apprentice art to interpret/re-
present. This paper is a fragment part of master's research, where the author discusses the
history and the methodological procedures in the Center for the Performing Arts of Maranhão.
Otherwise, in this paper, the focus was only in the dialectical training of the actor.
KEYWORDS 301
Representation; Actor training; Actor of the teaching- learning
1 . Introdução
O ator continua sendo aquele que propõe essa troca, que se dá ao
outro, que recebe e se oferece de novo, qualquer que seja sua men-
sagem. Ator-poeta, trovador falando ou cantando, veremos sem dúvi-
da por muito tempo ainda nas estradas esse eterno sonhador para
quem o prazer de atuar se confunde com o prazer de viver, para quem
o mal de viver se traduz pela dor que se canta e repartindo o que se
encanta. (ASLAN, 2005, p. 346)
Essa liberdade deve ser alcançada através do jogo, pela ação que o jogo
provoca, e não apenas pela introspecção. É desnecessário o investimento feito, ex-
clusivo, nas profundidades do ser, sobre seus problemas, e esse momento não de-
ve cair numa sessão terapêutica. O tornar-se ator não está ligado e restrito à 303
resolução de problemas da cena e pessoais, mas ao refletir em cena, na ação, co-
nhecendo-se durante o jogo para o jogo.
Mas vivemos numa sociedade que está em constante mudança, globaliza-
da, desenraizada em vários sentidos; como pensar perspectivas teatrais e formati-
vas para sociedades variadas? O modo de pensar a formação ator para o pensador
canadense reflete aquela sociedade, que, não raro, difere da brasileira, da africana e
da asiática. Além do mais estamos imersos numa enxurrada de tentáculos culturais
e artísticos que demandam formações diversificadas.
Comumente define-se como ator, aquele sujeito que diante do público todas
as noites representa seu papel; sempre os mesmos e sempre diferentes. Porém,
essa figura, na atualidade é requisitada para os mais diversos meios artísticos, que
não necessariamente, estão fixados dentro do edifício teatral, mas, nas ruas, na te-
levisão, no cinema, na publicidade.
Como resolver então essa demanda espacial, que exige também técnicas
próprias? As escolas de teatro devem formar os atores para todos os domínios ou
apenas para o teatro? O espaço da escola consegue suprir essa demanda, conse-
gue dar uma formação geral, capacitando o aluno-ator para as mais diversas pro-
postas?
Para o professor Doutor do Institut del Teatre de la Diputacío de Barcelona,
Pau Monterde Farnés, o teatro é a base para qualquer linguagem que o ator vem a
trabalhar, entretanto, ele não descarta a possibilidade de se oferecer formações
complementares para suprir algumas necessidade que surjam durante o trajeto do
ator.
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3 No original: La liberté est cet état de grâce qu´il faut rechercher pour l´acteur, la plus grand liberté dans la con-
trainte de la convention du jeu. Pour ce faire, souvent, le chemin est long car l´éleve doit apprendre à se désen-
combrer d´une foule de choses, à commencer par son idée du jeu et du théâtre qui souvent brouille le chemin
entre le jeu et lui-même. Il doit aussi se désencombrer de ses tics, de ses humeurs, de ses trucs pour laisser la
place à son être profond qu´il ignore et le professeur ignore également. (NADEAU, op. Cit., p. 64)
Considerações finais
Refletir questões voltadas ao ator são sempre muito relevantes. Como vi-
mos no texto, estamos numa sociedade que muda que reformula suas perspectivas
constantemente, assim, esse ator, que também é um ser social e embalado pelos
paradigmas e paradoxos também passa por mudanças. Como lidar com sua for-
mação também é um fator a ser repensado, pois o ator que formamos hoje pode
não ser o requerido pela sociedade e o teatro de amanhã. Portanto, essa discussão
acerca do processo formativo do intérprete é sempre muito salutar e necessária.
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6 Fundada por Coelho Neto em 1 908 e, posteriormente, modificado seu nome para Escola de Teatro Martins
Penna.
FREITAS. Paulo Luís. Tornar-se Ator: uma análise do ensino de interpretação no Brasil. Campinas, SP:
Editora da UNICAMP, 1 998.