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VOLUME 4

A ARTE QUE NOS TOCA __________ 2

NUM CLIQUE...
A MULTIPLICIDADE
DE OLHARES! ___________________ 14

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A ARTE QUE
NOS TOCA

A arte é percebida de diferentes formas pelas pessoas que a observam ou a escutam, de modo
que a apreciação estética é única para cada indivíduo. Quando assistimos a um espetáculo de tea-
tro, podemos ser tocados pelo riso, pela tristeza, por outras sensações ou este pode até mesmo des-
pertar em nós desejos e sonhos. Mas nem sempre compreendemos aquilo que sentimos quando
estamos diante de um objeto artístico.
Neste capítulo, discutiremos a função social que o teatro exerce em diferentes contextos. Em
seguida, trabalharemos com a música, que descreve imagens e sentimentos que podem ser des-
pertados quando alguém escuta uma composição. Mas, afinal, é possível provocar sensações no
público por meio de sons e frases musicais?

e s p aço de diálogo
Leia o texto a seguir, extraído da peça de teatro A exceção e a regra, de Bertolt Brecht (1898-1956), e con-
verse com sua turma.
©Shutterstock/360b

Estranhem o que não for estranho.


Tomem por inexplicável o habitual.
Sintam-se perplexos ante o cotidiano.

BRECHT, Bertolt. Teatro completo. 2. ed. São Paulo: Paz e


Terra, 1990. v. 4. p. 129.

Nesse texto, o autor sugere que devemos ter uma


atitude crítica em relação a tudo o que nos cerca, des-
confiando daquilo que parece natural e colocando in-
terrogações para as situações mais banais.
Por exemplo, por que motivo todos usam calça
jeans até em regiões quentes? Será que repetimos
ações, gostos ou formas de pensar de outras pessoas
ou impostos pela mídia, sem nem mesmo refletir sobre
o que estamos fazendo? Com base nessas reflexões e
na leitura do texto, estabeleça relações entre as frases Cena da peça Mãe coragem e seus filhos, de Bertold Brecht, em
Berlim, Alemanha, 2005
citadas por Brecht e as situações cotidianas. 1 Encaminhamento do tema da abertura do capítulo.

2
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e
O bj ƒ Conhecer a palavra e o corpo na representação teatral.
ƒ Estudar sobre o teatro épico.
ƒ Compreender a função social do teatro.
ƒ Conhecer a construção da cena teatral.
ƒ Estudar sobre a música programática.

A palavra e o corpo num só gesto


Quando, no dia a dia, estamos envolvidos em um diálogo, muitas vezes focamos nossa atenção
nas palavras que são ditas, sem percebermos os gestos que executamos. Mas, quando se trata de uma
encenação teatral, a palavra e o gesto se confundem, de modo que um é completado pelo outro.
Assim, o ator, no seu processo de composição dos personagens, busca a significação do gesto.
Para isso, cada ação realizada é intencional e amplamente trabalhada, exigindo que o ator saiba co-
municar os gestos com o corpo.

RO CESSOS riativos
1. Observe, na imagem ao lado, os gestos dos

©Terreira da Tribo Produções Artísticas Ltda/Alexandre Rodrigues


atores e crie um diálogo para eles.

Aquele que diz sim,


aquele que diz não, de
Bertolt Brecht, encenada
pela Oficina Popular de
Teatro da Restinga, 2009

2. Após a escrita do diálogo, experimente falar o seu texto para os demais colegas da sala, atribuindo a cada fala
diferentes intenções que você poderá demonstrar a partir da entonação vocal, da respiração e da pontuação.

2 Encaminhamento da atividade.

3
Relações entre a cena e o gênero teatral
Assim como em outras artes, o teatro explora determinadas temáticas
que, associadas à forma, vão compor a cena. produtor: no Brasil, é a pessoa que
cuida dos procedimentos para a realização
Existem várias maneiras de se estruturar uma cena. Elas variam de material do espetáculo, como os custos
acordo com os interesses e as necessidades dos envolvidos no processo, e toda a parte operacional da encenação
que são o ator, o produtor, o iluminador, o cenógrafo, o figurinista e o (contratação de pessoal artístico e técnico,
encenador. aquisição de material, etc.).
encenador: de acordo com Patrice Pavis
A cena é composta de acordo com a seleção de uma das diferen- (professor e estudioso do teatro), é a
tes formas (ou gêneros) teatrais ou da combinação de algumas dessas pessoa encarregada de montar uma peça,
formas, como: a comédia, a tragédia, o drama burguês, o melodrama, a assumindo a responsabilidade estética e
mímica, o teatro de revista, o teatro de rua, o teatro do absurdo, o kabuki, organizacional do espetáculo, escolhendo
entre outras. 3 Aprofundamento do conteúdo. os atores, interpretando o texto, utilizando
As formas (ou gêneros teatrais) apresentam características próprias, as responsabilidades cênicas à sua
disposição; é também chamado de
as quais determinam a composição de personagens, a construção da ce-
diretor.
nografia, a iluminação, o figurino e a sonoplastia, elementos que consti-
tuem um espetáculo de teatro.
A realidade ou a ficção são colocadas diante do espectador por meio da organização dos elementos da cena.
Por muito tempo, a cena teatral era apresentada ao público com o intuito de suscitar emoções e sentimen-
tos, provocando a identificação com o personagem e seu conflito. Pode-se dizer que o teatro clássico instiga as
emoções do público e conduz à ilusão, provocando a dúvida entre o que é arte e o que é vida real. Contudo, a
função do teatro não se limita apenas a iludir o espectador, mostrando-lhe somente as relações que os seres
humanos estabelecem entre si, mas também visa revelar os fatores que determinam essas relações.

©Shutterstock/Kobby dagan

O kabuki é uma forma tradicional de teatro japonês, existe há


pelo menos quatro séculos e é considerado Patrimônio Imaterial
Cena de apresentação da forma teatral japonês kabuki da Humanidade pela UNESCO.
em Las Vegas, Estados Unidos, 2015

4 8º. ano – volume 4


P E S QUISA
Em grupos, realizem uma pesquisa sobre Bertolt Brecht, destacando suas influências e contribuições para o
teatro. Depois, anotem abaixo as informações e apresentem-nas para a turma.

4 Encaminhamento do conteúdo e informação complementar.

©Jennifer Glass
A crítica social, sobretudo da desigualdade de classes,
era uma característica marcante na obra de Brecht.

A atriz Bete Coelho em cena na peça Mãe coragem e


seus filhos, São Paulo, 2019

O teatro como espaço educativo


Para Brecht, o teatro deve ser um espaço de aprendizado, por isso a participação do público é fundamental.
Nesse sentido, suas peças são caracterizadas por narrativas temáticas de cunho social, político e educacional.
Esse autor acreditava em um teatro educativo, o qual instigasse o público a refletir sobre sua própria con-
dição na sociedade. Para Brecht, o ator cativa o público pela objetividade de seu discurso, e não pela empatia
emocional. O público deve ficar atento ao trabalho do ator sem perder a noção de que está assistindo a uma
peça de teatro. 5 Informação complementar.

arte 5
ROCESSOS riativos
1. Por meio de improvisações, represente diferentes papéis sociais (operário, professor, médico, banqueiro, etc.). Em seguida,
discuta com seus colegas sobre esses papéis desempenhados na vida real. Reflita sobre o que fizeram e registre abaixo sua
opinião a respeito dos motivos que levam as pessoas a se aproximarem umas das outras e a formarem grupos.
6 Encaminhamento da atividade.

2. Agora, leia os textos a seguir, de Bertolt Brecht.

O analfabeto político
O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do
remédio depende das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política.
Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de
todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio dos exploradores do povo.

Nada é impossível de mudar


Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois, em tempo de desor-
dem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada
deve parecer natural, nada deve parecer impossível de mudar.

Privatizado
Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar.
É da empresa privada o seu passo em frente, seu pão e seu salário.
E agora, não contente, querem privatizar o conhecimento, a sabedoria, o pensamento, que só à huma-
nidade pertence.

BRECHT, Bertolt. [Textos diversos]. In: CRUZ, Edwaldo. Redação oficial. Maceió: Edufal, 2008. p. 221.

ƒ Qual a sua opinião sobre o texto “O analfabeto político”, de Bertolt Brecht? Você concorda com o autor? Estabeleça
relações entre os textos e discuta com os colegas a atual situação social do país. 7 Sugestão de ampliação.

6 8º. ano – volume 4


Brecht: o épico em discussão
Brecht fez inúmeras contribuições para o teatro moderno e contemporâneo. As peças desse dramaturgo são
ainda hoje representadas no mundo todo, mas foi a teoria que propôs para a cena que revolucionou a forma
teatral.
O teatro de Brecht apresenta caráter didático. Para ele, a cena é um meio para reflexão social, não um lugar
de ilusões. O cunho narrativo presente em sua obra o torna diferente de outros autores de seu tempo.
O denominado “teatro épico” se caracteriza por estabelecer uma relação direta com o público, rompendo
com a quarta parede, ou seja, a linha imaginária que divide os atores da plateia. Isso significa que o teatro de
Brecht rompe com qualquer indício ilusório que possa perpassar a cena. Seus textos são narrados pelos próprios
atores, e o espectador é um observador ativo e reflexivo.
Assim, Brecht cria para o teatro o efeito por meio da narração associada à encenação, além de mecanismos
para despertar a visão crítica do público para as questões sociais que estão sendo reveladas na cena.
©Fotoarena/Alamy

©Shutterstock/Naumova ekaterina
O dramaturgo e poeta alemão Bertolt Brecht

Fachada da sede da companhia


Berliner Ensemble, na
Alemanha, 2019

Em parceria com sua esposa e atriz Helene Weigel, Brecht fundou a companhia de teatro Berliner Ensemble,
em janeiro de 1949, na cidade de Berlim. Em 1954, o grupo de Brecht passou a ter sede fixa no Theater am
©Shutterstock/W. phokin

Schiffbauerdamm, permanecendo assim até hoje. Embora não tenha escrito nenhuma peça exclusivamente
para a companhia, Brecht remontou as peças O círculo do giz caucasiano, Vida de Galileu, Mãe coragem e A
mãe. Atualmente, a Berliner Ensemble está entre as companhias de teatro mais renomadas no mundo.
8 Encaminhamento do conteúdo.

arte 7
e s p aço de diálogo
A cena apresentada a seguir foi retirada da peça Terror e miséria no Terceiro Reich, de Bertolt Brecht. O autor
se utiliza da tragicomédia para apresentar os horrores do regime nazista durante a Segunda Guerra Mundial.

Aí vêm dois padeiros: trazem um saco de farinha de milho. É para fazerem pão. Os pobres-diabos assam
com milho, farinha e leis o pão que o diabo amassou.
No pátio de um campo de concentração, os detentos marcham em círculo. Cada vez que passam pela
parte da frente do pátio, dois deles trocam palavras em voz baixa.
PRIMEIRO – Você é novo aqui, não é? É padeiro?
SEGUNDO – Sou. Você também é?
PRIMEIRO – Por que foi preso?
SEGUNDO – Cuidado! (Dão outra volta) } corte
SEGUNDO – Eu não botava farinha de milho no pão de trigo. E você? Está aqui há muito tempo?
PRIMEIRO – Há dois anos.
SEGUNDO – Está aqui por quê?... Cuidado! (Dão outra volta) } corte
PRIMEIRO – Estou preso porque botava farinha de milho no pão de trigo. Naquele tempo, dois anos
atrás, isso era crime de falsificação de produtos alimentícios.
SEGUNDO – Cuidado, aí! (Continuam a volta e saem) } corte
6 Encaminhamento da atividade.

BRECHT, Bertold. Terror e miséria no Terceiro Reich. In: ______. Teatro completo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991. v. 5. p. 265-266.
©Fabio Fortes

Cena da peça Terror


e miséria do Terceiro
Reich, de Bertolt
Brecht, com direção
de Fabio Fortes,
2016
Observe, no texto, o momento em que há uma quebra no diálogo dos dois personagens, provocada por
pequenos intervalos de tempo entre o desfecho das falas. Discuta com seus colegas sobre esse efeito.
9 Encaminhamento da atividade.

8 8º. ano – volume 4


10 Encaminhamento da atividade.
FESTA DAS
ARTES

Está chegando o grande dia! Como estão os preparativos para o evento comunitário Festa das
Artes? A data está definida com a direção da escola? Vocês já combinaram com as outras turmas como
será o uso dos ambientes? É importante saber se haverá locais exclusivos para exposições e outros para
apresentações. A organização dos espaços será feita por temas? Os convidados poderão circular livre-
p ç ou haverá uma ordem sugerida
mente entre todas os espaços g p essa circulação?
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Conversem e decidam sobre Haverá convidados especiais? Algum


a organização do evento consi- artista participará dessa celebração? Vocês
derando a quantidade prevista pensaram em promover bate-papos? Artistas
de pessoas que estarão presentes mais experientes farão oficinas para a comu-
e a duração estimada tanto das nidade? Como serão organizados os momen-
visitas e das exposições quan- tos de troca desse encontro?
to das apresentações de teatro,
dança, música, performances e
tudo o mais que vocês tiverem
E a divulgação do evento Festa das Artes? Como
selecionado. Esse é o momento
está? Estão sendo feitos cartazes, banners, bilhetes,
para rever a quantidade de ele-
arquivos em áudio e vídeo? Essa é uma oportunida-
mentos separados para serem le-
de para estimular talentos criativos, uma vez que há
vados ao público. A tarefa agora
a necessidade de desenvolver convites interessantes
é identificar possíveis excessos de
para as peças publicitárias, que organizem imagens e
quantidade de obras ou, por ou-
textos de forma a chamar a atenção do público e insti-
tro lado, lacunas que devem ser
gá-los a comparecer ao evento. Os textos dos convites
preenchidas.
terão chamadas impactantes ou bem-humoradas? Por
fim, definam um calendário para realizar essa divul-
gação, de modo a atingir o público-alvo e estimulá-
-lo conhecer o que as turmas preparam até aqui! Boa
organização!

arte 9
A música descrevendo imagens: quadros de uma exposição
Quando estudamos o Romantismo na música, conhecemos o poema sinfônico. Trata-se de uma compo-
sição musical na qual se procura narrar uma história. Esse tipo de música, chamada de programática ou de
programa, pretende descrever cenas ou acontecimentos de forma instrumental. Vamos conhecer, agora, outro
exemplo de música programática.
Na segunda metade do século XIX, o russo Modest Mussorgsky escreveu uma obra com uma caracterís-
tica muito peculiar: em um primeiro momento, ele convida os ouvintes para um passeio musical em uma
exposição de cenas medievais. O cenário que procura descrever musicalmente é pouco convencional, pois se
trata das Catacumbas da cidade de Paris, as quais se tem acesso por meio de uma apertada escada em caracol
de 23 metros.
Passando por baixo de um portal de pedra, há uma mensagem não muito acolhedora: “Pare! Aqui é o im-
pério da morte!”. De qualquer forma, historicamente o local teve uma finalidade mais sanitária do que propria-
mente macabra. Nas galerias subterrâneas, muito abaixo dos túneis do metrô da capital francesa, os restos
mortais dos cemitérios da região central da cidade passaram a ser armazenados a partir do final do século XVIII.
Isso ocorreu para evitar a disseminação de doenças pela quantidade das ossadas ali presentes. Desde então, as
Catacumbas de Paris passaram a ser um ponto turístico bastante visitado na cidade.

©Wikimedia Commons/Viktor Hartmann


Ao longo do percurso, o visitante
pode caminhar por galerias tortuo-
sas, precisando curvar-se em alguns
pontos, pois o teto das passagens é
baixo, e pode contemplar a acomo-
dação dos ossos em pilhas, que pare-
cem verdadeiras esculturas.
Esse cenário sufocante e sombrio
foi a inspiração para a composição de
uma das partes da obra de Modest
Mussorgsky, intitulada Quadros de
uma exposição.
Mussorgsky fez essa obra depois
de visitar uma exposição em home-
nagem a Hartmann, que morreu pre-
maturamente, com apenas 39 anos
de idade. A obra criada pelo artista
retrata um relógio inspirado no for-
mato da casa da bruxa Baba Yaga,
personagem folclórica.

Quadros de uma exposição é


formada de diversos movimentos, por isso,
é denominada suíte. Esse termo deriva do
francês e significa “série” ou “sucessão”; ou
seja, um conjunto de partes, de pequenas
peças que formam uma obra musical maior.

11 Sugestão de atividades.
Trabalho do artista e arquiteto russo Viktor Hartmann

10 8º. ano – volume 4


Em uma segunda cena, pretendendo mostrar um pouco do folclore do seu país, Mussorgsky musicou a
cena de uma lenda russa e a incluiu entre os “quadros” de sua exposição: a lenda da bruxa Baba Yaga. Segundo
a lenda, a feiticeira é uma típica bruxa de contos de fadas, com as costas curvadas, um enorme e pontudo nariz
e dentes afiados. Baba Yaga mora em uma cabana sustentada sobre pernas e pés de galinha, por isso, sua casa é
itinerante. Além disso, tem uma cerca feita de ossos dos humanos que a feiticeira devorou. Em uma das versões
da lenda, conta-se que Baba Yaga corre atrás das crianças malcomportadas e dos homens de má índole – afinal,
como muitos dos contos folclóricos, a lenda apresenta cunho moral. 12 Sugestão de atividades.
O último trecho se distancia, musical e tematicamente, dos dois primeiros por se tratar de uma cena de
balé. Esse trecho está presente na suíte de Mussorgsky, em que se encontram os “quadros” musicais sobre as
Catacumbas de Paris e a Cabana de Baba Yaga. Ainda assim, não é uma dança convencional, pois, na criação do
músico, quem baila são pintinhos ainda dentro de suas cascas. 13 Sugestão de atividades.
Observe, a seguir, imagens das Catacumbas de Paris. Que sensações estas imagens despertam em você?
Por quê? 14 Encaminhamento do conteúdo.

©Shutterstock/Bucchi francesco

©Shutterstock/Stas guk
As catacumbas estão localizadas
no 14.º arrondissement de Paris,
um tipo de parque isolado com
um percurso linear de
2 quilômetros no subsolo.

15 Sugestão de atividades.

As Catacumbas de Paris, fevereiro de 2013

arte 1 1
As imagens descritas pela música
Ao visitar uma exposição com obras de Hartmann, Mussorgsky decidiu escrever essa obra, intitulada Quadros
de uma exposição. Ainda assim, sua criatividade foi além da simples transformação das ilustrações em música,
uma vez que o compositor procurou descrever também o seu sentimento diante de cada figura ou persona-
gem a que se referia. Modest Mussorgsky é um dos mais importantes compositores russos do século XIX, sendo
considerado o mais nacionalista do “Grupo dos Cinco”, composto, além dele próprio, por Mily Balakirev, César
Cui, Alexander Borodin e Nikolai Rimsky-Korsakov. Esses compositores procuraram produzir música nacional
autêntica, isto é, distanciando-se das tradições eruditas italianas e austro-germânicas.

um pouquinho de brasil
O maestro e compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos tam-

©Wikimedia Commons/Hector Bottai


bém é considerado um dos grandes representantes mundiais
do poema sinfônico. Sua obra Uirapuru, composta em 1917, é a
primeira de várias obras-primas que se seguiram.
A lenda musicada por Villa-Lobos conta que o Uirapuru (con-
siderado sagrado pelos guaranis e outros povos) se transformou
num homem indígena que, por ser muito belo, passou a ser
disputado pelas mulheres. Enciumado, um rival o acertou mor-
talmente com uma flecha. O Uirapuru, então, voltou à forma de
pássaro e sumiu na selva, deixando para trás somente o canto
que foi diminuindo até desaparecer na noite da Amazônia. A ave Uirapuru

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Sinestesia é um termo formado

©Melissa McCracken
pelas palavras gregas para “união”
e “sensação”. Ela ocorre quando há
o encontro entre diferentes pla-
nos sensoriais, como o gosto com
o cheiro. Nas artes, isso é um estilo
ou figura de linguagem (como visto
nos poemas sinfônicos), mas existe
uma condição neurológica rara que
leva pessoas a, literalmente, enxer-
garem os sons.
A artista americana Melissa
McCracken é portadora de cromeste-
sia, que faz com que ela “ouça” cores.
Seu trabalho é focado na sua condi-
ção, e ela pinta telas retratando o que
enxerga quando ouve músicas. Pintura de Melissa McCracken inspirada pela música Karma Police, da banda Radiohead

12 8º. ano – volume 4


O que Aprendi

Reúnam-se em equipes e sigam as orientações a seguir.


a) Crie uma imagem (pintura, desenho, fotografia ou colagem) a ser descrita com música. Faça abaixo o esboço de um
desenho, que tenha ao menos um personagem envolvido. Depois, em grupo, decidam qual das imagens será escolhida
para inspirar a próxima etapa da proposta.

b) Com a imagem selecionada, façam uma pesquisa sonora e musical para descrever a imagem de forma original. Para
isso, utilizem recursos, como instrumentos musicais comuns ou objetos variados que produzam sons interessantes,
trechos de outras gravações, músicas de telefone celular, etc. Componham um trecho musical e registrem no espaço
abaixo a sequência da entrada de cada elemento na música, como se fosse uma partitura.

arte 1 3
NUM CLIQUE...
A MULTIPLICIDADE
DE OLHARES!

Neste capítulo, você vai entrar em contato com


a linguagem da fotografia. Conhecerá um pouco da
sua história, bem como a evolução dos instrumentos utiliza-
dos para fotografar, além de apreciar trabalhos de alguns artistas.
A ideia é analisar a imagem fotográfica como arte, que pode significar
a mistura entre o inédito e o convencional. Para compreender essa arte, o fotó-
grafo Henri Cartier-Bresson será estudado.
A intenção do capítulo é instigar o olhar para as diferentes possibilidades que essa lingua-
gem proporciona, levando a perceber a fotografia como o resultado de um trabalho de pesquisa
e do percurso criativo do artista que se utiliza de diferentes procedimentos para efetivá-la, e não
somente como um registro da realidade.

e s p aço de diálogo
ƒ A fotografia está presente em muitos lugares. Onde você costuma ver fotografias? Converse com sua
turma a respeito disso.
1 Encaminhamento do tema da abertura do capítulo.

Esses lugares revelam que

©Fotoarena/Magnum/Henri Cartier-Bresson
as fotografias exercem dife-
rentes funções, dependendo
do contexto em que estão
inseridas. Em um álbum de fa-
mília, registram o nascimento
de alguém, uma festividade
ou outro momento especial;
na propaganda, divulgam um
objeto e aguçam a atenção do
consumidor para algum pro-
duto ou serviço, acentuando
o desejo em adquiri-los; no
museu, revelam a expressão
de um artista. Imagem poética de
crianças brincando na CARTIER-BRESSON, Henri. Sevilha, Andaluzia, Espanha. 1933. 1 fotografia
década de 1930, antes da (ampliação) em prata/gelatina.
Guerra Civil Espanhola.

14
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e
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ƒ Conhecer a fotografia.
ƒ Estudar sobre os elementos da linguagem fotográfica.
ƒ Compreender a fotografia na dança.

PESQUISA
Procure, em sua casa ou na casa de um familiar, registros fotográficos de gerações passadas – de seus
avós, pais ou outros parentes, e leve as fotos para a sala de aula. Siga as orientações do professor e
apresente-as aos seus colegas. 2 Encaminhamento da atividade.

A intenção da fotografia e os primeiros registros na história


Foi pelas mãos do francês Joseph Nicéphore Niépce que, em 1826, surgiu a fotografia. Ao unir
dois fenômenos, um físico e um químico, mesmo sem esse objetivo, ele teve como resultado a fo-
tografia. O fenômeno físico se refere à câmara escura, recurso descoberto por Aristóteles no século
IV a.C. e que já fora utilizado, inclusive, pelo artis-

©Wikimedia Commons/Louis Daguerre


ta Leonardo da Vinci.
©Wikimedia Commons/Joseph Nicéphore Niépce

DAGUERRE, Louis. Boulevard du Temple, Paris. 1838.


1 daguerreótipo, 15 cm × 18,5 cm. Museu Nacional da
Baviera, Munique, Alemanha.
NIÉPCE, Joseph N. Vista da janela em Le Gras. [1826-1827].
1 heliografia. Reiss Engelhorn, Mannheim, Alemanha. Pouco mais de dez anos após as primeiras descobertas de Niépce,
Daguerre conseguiu fixar de modo definitivo as imagens captadas
Essa é a fotografia mais antiga já preservada. na câmara escura.

Niépce utilizou uma placa de estanho coberta com betume e produziu uma câmara que exigia
cerca de oito horas de exposição à luz solar, invenção que batizou de heliografia. Morreu em 1839,
antes de vê-la aclamada.
Quem levou a fama durante muito tempo foi seu sócio Louis Jacques Mandé Daguerre, que, em
1835, substituiu a placa de estanho por uma de cobre coberta com prata polida. Ele denominou sua
máquina de daguerreótipo e o processo de daguerreotipia, para ter certeza de que a humanidade não
o esqueceria, como havia acontecido com Niépce.

ALENCAR, Valéria P. de. Fotografia – Como a técnica foi inventada. Disponível em: <https://educacao.uol.com.br/
disciplinas/artes/fotografia-1-como-a-tecnica-foi-inventada.htm?next=0002H93U2N>. Acesso em: 5 mar. 2020.

15
c uriosidade
Hercule Florence foi um inventor, naturalista e desenhista francês radicado no Brasil que também teve sucesso
ao utilizar a luz para capturar imagens. Há registros de que ele, além de ter inventado a fotografia em solo brasi-
leiro em 1833 (alguns anos antes de Daguerre), também cunhou o termo “fotografia”. Porém, como a França era
então o centro do mundo ocidental, Niépce e Daguerre é que acabaram consagrados.
Ao saber que o daguerreótipo foi declarado domínio público pelo governo francês – o que viria a popularizar a
fotografia –, Florence declarou o seguinte:
©W
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m
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A fotografia é a maravilha do século. Eu também já havia estabelecido

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os fundamentos, previsto esta arte em sua plenitude. Realizei-a antes do

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processo de Daguerre, mas trabalhei no exílio. Imprimi por meio do sol sete
anos antes de se falar em fotografia. Já tinha lhe dado esse nome, entretan-
to, a Daguerre todas as honras.

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MONTEIRO, Salvador; KAZ, Leonel (Org.). Expedição Langsdorff ao Brasil: 1821-1829 – io No
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Rugendas, Taunay, Florence. Rio de Janeiro: Alumbramento: Livroarte, 1998. p. 360. re b

Da câmara escura ao celular


O que é necessário para tirar uma fotografia? Será que só uma câmera basta? Para ter em mãos uma foto, é im-
prescindível o uso de alguns procedimentos, técnicas e instrumentos, que foram se modificando em cada época.
O princípio da câmara escura é o mesmo da câmera fotográfica. Nesse sentido, com o surgimento e aperfei-
çoamento do uso de lentes e diminuição de tamanho, chegamos à câmera no celular.
A fotografia, como expressão da arte, possibilita uma infinidade de leituras e interpretações, com base na
união de elementos próprios da linguagem fotográfica, de elementos da linguagem visual e do processo cria-
tivo do fotógrafo artista.
©Wikimedia Commons/Edal Anton Lefterov

©Shutterstock/Lipik stock media

Câmaras escuras para daguerreótipo, produzidas por Charles Chevalier, Smartphone com múltiplas funções
Museu de Artes e Ofícios, Paris

P E S Q UISA
Junte-se a dois colegas e pesquisem os equipamentos fotográficos mais importantes utilizados ao longo da
história da fotografia. Em seguida, organizem um painel cronológico. Discuta com a turma sobre as diferenças e
semelhanças das máquinas encontradas. 3 Encaminhamento da atividade.

16 8º. ano – volume 4


Os elementos da linguagem fotográfica
Certamente você já deve ter ouvido a expressão: “Esta foto ficou fora de foco!”. O que isso quer dizer? Isso
significa que, nesse caso, o resultado da foto parece com uma pintura borrada ou que as imagens aparecem
distorcidas. Por isso, o foco é um elemento bastante importante na linguagem fotográfica, pois ele se refere à
nitidez da imagem.
Assim como o foco, existem outros elementos importantes, os quais observaremos a seguir.

1. Plano É o enquadramento resultado da distância entre a câmera e o ob-


jeto a ser fotografado. Os planos variam e, em geral, são definidos
pelo equilíbrio dos elementos que compõem o quadro.
©Shutterstock/Erwin widmer

©Shutterstock/Rostislav ageev
Grande
G d plano
l gerall Os tipos de planos são: Plano gerall
Pl
grande plano geral (GPG),
plano geral (PG),
plano médio (PM),

©Shutterstock/Southtownboy studio
primeiro plano (PP) e
©Shutterstock/Annatamila

plano detalhe (PD).


©Shutterstock/Diego cervo

Plano médio
Plano detalhe
Ilustrações: ©Shutterstock/13ree.design

Primeiro plano

arte 1 7
2. Foco

©Shutterstock/Harry collins photography


Diz respeito à nitidez. Pode estar relacionado com o
diferencial, quando conseguimos diferenciar um elemento
da fotografia em relação aos demais, selecionando-o
como ponto de maior nitidez dentro do quadro; com o
desfoque, que é a falta de foco nos elementos principais;
e com a profundidade de campo, que é a diferença entre
os pontos próximos e distantes presentes num foco aceito
como nítido na fotografia.
A profundidade de campo varia com a abertura da lente e No foco diferencial, um elemento se destaca,
enquanto os demais ficam fora de foco.
com a distância entre a câmera e o objeto.

3. Movimento
Geralmente, o movimento se dá
pelo uso de efeitos técnicos e está
relacionado ao tempo de exposição
do objeto fotografado.
Ilustrações: ©Shutterstock/Voodoodot

O desfoque é utilizado, às
vezes, para transmitir a ideia de
movimento.
©Shutterstock/View apart

©Shutterstock/Topseller
4. Forma
Relaciona-se à
organização dos As linhas diagonais conferem
objetos no espaço. movimento e forma à imagem,
e a disposição dos elementos
revela a harmonia da
composição nessa fotografia de
São Francisco (EUA).
5. Ângulo
É criado pela posição da câmera.
©Shutterstock/Air images
©Shutterstock/Wavebreakmedia

Ângulos no mesmo plano do objeto


são muito utilizados em fotografias de
crianças.

Ângulos elevados ajudam a dar Ângulos baixos ajudam a


um caráter mais humano à cena. conferir força e poder ao objeto
fotografado.

©Shutterstock/Ruslana Iurchenko
18 8º. ano – volume 4
©Shutterstock/Cherylramalho
6. Cor
Refere-se a cada matiz observado na
imagem fotográfica.

As cores podem estabelecer


relações com as emoções e as
sensações.

7. Textura

Ilustrações: ©Shutterstock/13ree.design
©Shutterstock/Jantira namwong

É o resultado visual que


sugere a impressão de
substância e tato.

8. Equilíbrio
Interação
A textura das raízes da árvore fornece contrabalançada
contraste em relação à superfície da água. dos componentes
visuais.
9. Distorções
Efeitos provocados por
O tempo de exposição à luz pode
reações químicas ou ópticas. criar distorções nas imagens.

©Shutterstock/Bosko markovic

10. Perspectiva

©Shutterstock/Olga gavrilova
Ilusão tridimensional que provoca a
sensação de profundidade.

11. Composição
É como os elementos estão
dispostos na fotografia. A composição e o equilíbrio
dado pela perspectiva atraem
o olhar do observador.

12. Iluminação
Diz respeito à relação entre
luz e sombra.
Luzes e sombras são
©Shutterstock/Pamas

elementos fundamentais na
fotografia.

arte 1 9
Nas fotografias feitas por artistas, esses elementos são explorados e utilizados intencionalmente. A fotografia
artística tem uma proposta estética e por isso vai além do mero registro. O fotógrafo artista interpreta a realida-
de, não sendo um simples copiador de cenas. Para se captar um momento único, são necessárias sensibilidade
e criatividade, pois a fotografia recria o mundo exterior de acordo com noções estéticas. A fotografia de arte
difere bastante daquela comumente utilizada para registrar um momento, um objeto, ou da fotografia com fins
documentais. Alguns outros gêneros encontrados na fotografia estão listados a seguir.

Foto amadora: é toda e qualquer foto que registra nosso cotidiano, sem ter a intenção de venda ou comércio
da imagem. Porém, algumas fotos amadoras podem se tornar jornalísticas, devido aos chamados “flagras de
imagens”. Isso ocorre com frequência atualmente, já que existem muitos recursos que ajudam a captar ima-
gens, como celulares, câmeras portáteis, etc.
Foto jornalística: tem a intenção de registrar fatos políticos, eventos importantes, solenidades, celebridades,
tragédias, etc. Muitas imagens de fotojornalistas chamam a atenção para acontecimentos importantes e para
problemas vividos pela humanidade e enfrentados pela natureza. No fotojornalismo, a foto deve “falar por si
mesma”, revelando a miséria, a fome, a violência, a poluição dos rios, o desmatamento e as queimadas, por
exemplo. As fotos jornalísticas causam impacto, pois não apenas registram um acontecimento, como denun-
ciam um universo de ações inerentes àquele fato.
Foto comercial: objetiva evidenciar as características de determinado produto para que, ao ser exposto, mos-
tre com veracidade os seus detalhes.
Foto publicitária: tem por objetivo induzir o espectador à compra de determinado produto ou serviço. Nem
sempre as fotos publicitárias evidenciam o real, pois têm por objetivo nutrir a “necessidade” de adquirir um
produto, levando as pessoas a comprá-lo.
Foto científica: evidencia características de estudos feitos por cientistas, biólogos, estudiosos das mais va-
riadas áreas do conhecimento. As fotos desse gênero ilustram textos de reportagens de divulgação científica.
Fotografia de natureza: as fotografias de natureza tiveram início com a encomenda de editoras, governos, his-
toriadores e sociedades científicas e geográficas, sendo os fotógrafos itinerantes responsáveis por satisfazer à
curiosidade do público em relação às terras estrangeiras ou desconhecidas, aos animais e às paisagens de difícil
AB_EF2_ART84_LA_F003
acesso, entre outros temas. O lançamento da tecnologia Kodak, na década de 1880, que prometia à população
facilidades para realizar as próprias fotos (bastava apertar o botão, que a empresa fazia o resto), assim como o
grande comércio de cartões-postais, também no final do século XIX, serviram para expandir amplamente esse
gênero. Atualmente, existem revistas especializadas em natureza que estão entre as principais divulgadoras
desse gênero de fotografia.

de olho na
tecnologia
©Wikimedia Commons/EHT Collaboration

Quarta-feira, 10 de abril de 2019. Foi neste dia que, pela pri-


meira vez, o mundo pôde ver com seus próprios olhos algo que,
até então, era considerado invisível. “Nós tiramos a primeira
foto de um buraco negro”, comemora Sheperd Doeleman,
cientista que coordenou a complexa empreitada, em um co-
municado. “Isso é um feito científico extraordinário, alcançado
por um time de mais de 200 pesquisadores”, afirma o diretor
do projeto que, de certa maneira, pode ser considerado a maior
“câmera fotográfica” já concebida.

20 8º. ano – volume 4


O EHT (sigla em inglês para Telescópio do Horizonte de Eventos) é uma rede que conecta oito po-
tentes radiotelescópios espalhados pelo planeta, trabalhando em conjunto com um objetivo: fotografar a
sombra de buracos negros. Esses objetos monstruosos não emitem luz [...]. Mas é possível enxergá-lo no
meio do anel de matéria brilhante que gira em torno desse “ralo” cósmico. [...]
Com sua resolução extremamente potente, o EHT deu conta do recado. Se ele fosse uma pessoa
sentada em um café em Paris, seria capaz de ler um jornal do outro lado do Atlântico, em Nova York. [...]

OLIVEIRA, A. J. Cientistas divulgam primeira imagem de um buraco negro. Disponível em: <https://super.abril.com.br/ciencia/nasa-
divulga-primeira-imagem-de-um-buraco-negro/>. Acesso em: 28 jan. 2020.

ROCE SSOS riativos


4 Encaminhamento da atividade. ©Fotoarena/Album
Analise a imagem e responda às questões a
seguir.
1. Que elementos da linguagem fotográfica é
possível identificar nessa fotografia? Cite-os
nas linhas a seguir.
Sugestão de resposta: Planos, foco, iluminação,

equilíbrio. Os elementos em destaque são o foco e

o movimento, pois a imagem não é totalmente

nítida, a figura do homem está desfocada, o que

sugere movimento.

2. Em qual dos gêneros fotográficos estudados


anteriormente essa foto se enquadra? Justifi-
que sua resposta.
5 Encaminhamento da atividade.

CARTIER-BRESSON, Henri. Atrás da Estação Saint-Lazare, Paris. 1932.


1 impressão em prata coloidal. Acervo particular.

arte 21
3. Faça uma janela em papel e escolha um objeto ou uma paisagem. Experimente exercitar o olhar para o enquadramento da
imagem escolhida. Depois de escolher o enquadramento, tire fotos e cole-as no espaço abaixo.
6 Encaminhamento da atividade.

22 8º. ano – volume 4


Henri Cartier-Bresson
O francês Henri Cartier-Bresson (1908-2004) é um dos fotógrafos mais importantes do século XX, que des-
bravou a área da fotojornalismo e a fotografia artística. Quando era criança, ganhou de presente uma máquina
fotográfica, que o inspirou a desenvolver sua arte. Mas, antes de se tornar fotógrafo, Bresson foi pintor.
O artista estudou com mestres surrealistas e cubistas. Depois da Segunda Guerra Mundial, passou a se des-
tacar como fotógrafo e criou a agência Magnum, que ficou bastante conhecida.
No material de apoio, há outros fotógrafos que, assim como Bresson, exploraram a linguagem fotográfica
a partir de um olhar artístico sobre a realidade.

©Getty Images/Gamma-Rapho/Robert Doisneau

O fotógrafo Henri Cartier-Bresson


©Fotoarena/Alamy

Registro na cidade de Hyères, França, 1932

arte 23
um pouquinho de brasil
A fotografia em O Grande Circo Místico

©Tom Lisboa, 2002


A fotografia não é apenas o registro de ima-
gens reais daquilo que o nosso olho percebe, mas
também o registro daquilo que o artista deseja re-
presentar. Um exemplo disso é o trabalho de Tom
Lisboa, que realizou mais de 3 mil fotos da remon-
tagem do espetáculo O Grande Circo Místico,
em 2002, da companhia de dança do Balé Teatro
Guaíra.
O artista capturou alguns movimentos dos dan-
çarinos e fez mais de um registro da mesma cena,
de diferentes ângulos e enquadramentos, explo-
rando, dessa forma, as cores do figurino, o cenário,
o contraste de luz. Desse modo, ele possibilitou ao
espectador ampliar o olhar sobre o movimento,
sobre a dança, sobre a fotografia e sobre a arte.

O Grande Circo
Místico é uma obra
de autoria dos músicos
Edu Lobo e Chico
Buarque, baseada num A obra O Grande Circo Místico
reuniu balé, ópera, circo, teatro,
poema de Jorge de música e poesia.
Lima. Originalmente
apresentada em 1983,
para o balé Teatro
Guaíra, de Curitiba (PR),
ela combina música,
balé, teatro, poesia
e circo, além de
apresentar figurino e
cenário específicos. A
obra conta a história
do amor entre um
aristocrata e uma
acrobata, que tem como
resultado a criação do
Grande Circo Knieps, na
Áustria.
©Tom Lisboa, 2002

Registro do espetáculo
O Grande Circo Místico,
fotografado por Tom
Lisboa, 2002

24 8º. ano – volume 4


A t i vidades
Com base nas fotos apresentadas na página 24 e na foto abaixo, do fotógrafo Tom Lisboa, responda às questões propostas.
©Tom Lisboa, 2002

Fotografia de Tom
Lisboa para O Grande
Circo Místico. Uma
das características da
montagem de 2002
foram as acrobacias e
performances aéreas.

1. Ao observar as imagens, você consegue imaginar a continuidade dos movimentos? Quais seriam esses movimentos?
Pessoal.

2. Descreva os principais elementos que compõem o espetáculo, observados em cada uma das fotografias.
Sugestão de resposta: Iluminação, cenário, figurino.

3. Junte-se a um colega, escolha uma das fotografias, reproduza o movimento e crie uma continuidade para ele. Fotografem e
explorem os elementos da fotografia vistos até aqui. Vocês podem exibir as fotos em um mural na sala e também no evento
Festa das Artes.

FESTA DAS 7 Encaminhamento da atividade.


ARTES
Chegou o momento de confraternização em torno das linguagens artísticas. Você, seus colegas e as outras
turmas do Ensino Fundamental – Anos Finais vão apresentar, para os familiares, amigos e para toda a comunida-
de escolar, o resultado do trabalho em Arte realizado ao longo do ano letivo. Criações em teatro, dança, música
e artes visuais foram analisadas, selecionadas, ensaiadas e preparadas para serem mostradas.
Artistas locais foram convidados a participar e espaços de troca e debate organizados. Foi realizada uma bela
divulgação para engajar a comunidade no evento Festa das Artes. Agora é hora de aproveitar, apreciar esse
momento, fruir e vivenciar esse encontro em torno das linguagens artísticas.

arte 25
O que Aprendi
8 Encaminhamento da atividade.
Tomando como base os conhecimentos adquiridos neste capítulo, junte-se a um grupo de colegas para
realizar uma série de fotografias com base em uma única temática (moda, natureza, retrato, esporte, lazer, pai-
sagem, cidade, entre outros).
1. Primeiramente, realizem estudos sobre o tema escolhido, aplicando os elementos da linguagem fotográfica
para criar a série.
2. Ao escolherem o tema de interesse, pensem sobre o que ele significa e o que querem mostrar.
3. Com uma câmera fotográfica, olhem ao seu redor e escolham o que, entre tudo o que observaram, significa
algo especial ou compõe uma história que vale a pena contar.
4. Observem a luz, as sombras, as cores e o melhor enquadramento. Usem o zoom para aproximar ou tornar
mais distante o que quiserem fotografar.
5. Pratiquem as dicas que receberam tirando muitas fotos. Cada integrante do grupo deverá escolher uma de
que mais gostou. Depois disso, imprimam as fotos escolhidas.
6. Em seguida, tragam para a escola as fotos produzidas pelo grupo e apresentem-nas aos demais colegas.
Expliquem os motivos da escolha do objeto de interesse, que história quiseram contar e que cuidados to-
maram ao fazer a foto (luz, enquadramento, sol, sombras, distanciamento, foco, cores, fundo, etc.).
7. Realizem uma mostra virtual ou impressa (se preferirem, incluam outras fotos para a mostra).

©Shu
tters
tock/
Bang
koke
r

26 8º. ano – volume 4


a l i o
e ri a po arte
at de
m

Capítulo 8 – página 23
As imagens a seguir são do fotógrafo Sebastião Salgado. Conheça um pouco do seu trabalho e escreva no
espaço para anotações o que descobrir sobre a vida e a obra dele.

©Sebastião Salgado
©Sebastião Salgado

8º. ano – volume 4 1


2
a l i o
e ri a po arte
at de
m
O fotógrafo Robert Doisneau também produziu fotografias icônicas. Pesquise sobre esse artista e escreva no
espaço para anotações o que descobrir sobre a vida e a obra dele.

©Getty Images/Gamma-Rapho/Robert Doisneau

©Getty Images/Gamma-Rapho/Robert Doisneau


©Getty Images/Gamma-Rapho/Robert Doisneau

8º. ano – volume 4 3


4
a l i o
e ri a po arte
at de
m
Lewis Hine eternizou pessoas e cenas através da fotografia. Conheça sobre seu trabalho e registre no verso
desta página o que descobrir sobre a vida e a obra dele.

©Wikimedia Commons/Ford Motor Company Collection, Gift of Ford Motor Company and John C. Waddell, 1987
©Wikimedia Commons/Patrons’ Permanent Fund

8º. ano – volume 4 5


6

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