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Do Espetáculo ao Espectador:

a Teatralidade e a Performatividade
no Palco e na Plateia
Investigações Conceituais em Teatralidade e Performatividade

Docente: Ana Bernstein

Aluna: Thatiana Vieira Maciel Cardozo Lösch


INTRODUÇÃO

“Esta coisa o fato de que o tempo da sua emoção como público não é o mesmo que
o tempo da emoção da peça é o que deixa alguém eternamente perturbado com uma
peça, porque não só há algo que se precisa saber que é o porquê de isso ser assim
mas também há algo que se precisa saber que é porque talvez isso não precise ser
assim.” - Peças, de Gertrude Stein (1874 – 1946).

•Problematiza a temporalidade emocional exercida em cena (no tempo da


ação), em relação à temporalidade emocional experimentada pelo público,
suscitando um descompasso nos sentimentos entre palco e plateia.

•Investiga e dá nova definição ao fenômeno teatral, trazendo novas reflexões


sobre dramaturgia e encenação.
OBJETIVO

Analisar, à luz do teatro contemporâneo e suas


demandas e percepções, a relação estabelecida entre
palco e plateia, elementos de cena (em especial, o ator)
e espectador, que realizam em conjunto a produção
espetacular.
ESTUDOS DA PERFORMANCE

• A partir da segunda metade do século XX.


• Conceitos e definições emprestados de outras áreas de conhecimento.
• Conceito instável e, com isso, também contestável, pela sua
multiplicidade de significados possíveis.
• Interseção entre teoria e prática, em contínuo processo de
transformação.
A PERFORMANCE E OS DRAMAS
• A performance como parte da vida cotidiana, das relações e interações sociais entre
indivíduos. Dramas sociais.
• A vida como sucessão de fases e ritos de passagem.
• Victor Turner: fases da vida em sociedade e a tragédia grega (começo, meio e fim).
• A performance não apenas como forma artística (performance art), mas também,
como “ferramenta teórica de conceituação do fenômeno teatral, conceito
popularizado por Richard Shechner” (FÉRAL, 2009, p. 197).
• Schechner ampliou os debates para além da instância artística, para alcançar toda e
qualquer forma de manifestação cultural. Desejo de um novo teatro.
• A palavra “performer, no sentido Scheneriano, evoca a noção de performatividade
(antes mesmo da de teatralidade)” (FÉRAL, 2009, p. 200).
• Noção de performatividade para John L. Austin: a linguagem sempre se estabelece em
relação ao contexto social específico, já que, em regra, implicará em convenções, o
que seria fundamental para o êxito ou fracasso (malogro) do performativo. As palavras
e os atos de fala sempre terão consequência e impacto, não podendo ser dissociadas do
mundo.
• Jacques Derrida tentará mostrar que esta questão da infelicidade, do malogro, está no
centro de qualquer performativo, “‘o valor de risco’, ‘o malogro’ tornam-se
constitutivos da performatividade e devem ser considerados como lei” (FÉRAL. 2009.
P. 203).
• O palco como celeiro de significâncias que se desenham a partir da execução de ações.

• O teatro performativo coloca em cena a descrição de eventos – formato mais adequado


ao “fazer” -, privilegiando o processo, reconfigurando a própria noção de teatralidade,
tradicionalmente mais associada ao drama, à estrutura narrativa, à ficção e à ilusão
cênica.
ELEMENTOS DA PERFORMANCE QUE INSCREVERAM
PERFORMATIVIDADE CÊNICA AOS ESPETÁCULOS
(FÉRAL):
 Transformação do ator em performer.
 Preferência pela descrição de eventos.
 Primazia da ação e da imagem cênicas.
 Maior atenção à receptividade do espectador.
 Três frentes verbais (que valorizam a ação em si): a do ser/estar (“to
behave”), a do fazer (“doing”) e o de mostrar o que faz (“showing doing”).
O ATOR E O ESPECTADOR
PERFORMERS
• No teatro performativo, os signos teatrais são desestabilizados pelas ações e corporificados pelo
ator.
• Tendo em vista o caráter descritivo do teatro performativo, as ações desenvolvidas pelo
ator/performer lançam códigos ao espectador que, segundo seus conhecimentos, experiências e
capacidades, decodificará a “mensagem”
• O ator/performer desconstrói sentidos unívocos e reconfigura signos, tornando-os instáveis,
ambíguos, fugidios ao espectador, que é forçado a deslocamentos e decodificações diversos, numa
ativa investigação semântica.
• Ator/performer e espectador/performer transitam num universo fluido e de riscos, mas ao
espectador é dada a possibilidade de não ser totalmente absorvido, mantendo um olhar distanciado.
Já ao ator/espectador, o teatro performativo exige um total engajamento (presença enérgica).
Categorias Teatrais:
• Richard Schechner –

 “texto do texto” (teatro ocidental tradicional): fornece ao espectador “uma ancoragem semântica que
frequentemente impõe um sentido à peça” (FÉRAL),
 “texto performativo” (performance text, indissociável da representação): favorece uma “desancoragem e o
aparecimento de uma zona de fruição mais profunda ou pelo menos mais personalizada” (FÉRAL, 2015, p.
255)

• - Eugenio Barba acrescenta:

 “texto espetacular” (reunião das duas divisões feitas por Schechner).

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