Você está na página 1de 106

(tradução livre)

- [os trechos entre colchetes] & as notas de rodapé não constam no original -

- ASCENSÃO -
Uma análise da arte de Ascensão como ensinada pelos Ishayas

MAHARISHI SADASHIVA ISHAM

---------------- x ---------------- x -------------------

VISÃO GLOBAL – A PERSPECTIVA CÓSMICA


Onde começa a tradição Ishaya? Os Ishayas são uma antiga Ordem de monges, que proclama
descender diretamente do Apóstolo João, seguidora de ordens diretas de Cristo para preservar
seus ensinamentos até o terceiro milênio. Eles afirmam que os ensinamentos originais de Jesus
não eram de modo algum um sistema de crenças, mas uma série mecânica de técnicas para
transformar a vida humana numa constante percepção e num constante conhecer da perfeição
divina dentro de cada coração.

Qual é a fonte e objetivo da vida humana? A mente no estado de vigília [mente no estado “ainda não
desperto” de consciência] é cheia de pensamentos que se contradizem. É a perfeição da vida para ser
encontrada apenas depois da morte? É o Céu algo de muito remoto, a ser alcançado como
resultado do viver uma vida de “bem”, ou é algo que está à mão, uma realidade que pode ser
alcançada no presente [aqui e agora]?

Há chance de que se viva uma vida ideal, Celestial, aqui neste mundo? Será que é possível viver
cada momento num caminhar Ascendente, em que cada pensamento, palavra ou ação estejam
cheios de bênção, amor e vida? Pode a vida individual tornar-se ideal? Pode ser completamente
curada da dor de perdas passadas e de crença defeituosa?

Logicamente, é impossível curar a vida individual, se o mundo não estiver curado. Ninguém está
isolado do resto da humanidade; somos tecidos conjuntamente numa malha de energia e sinergia
em que as vidas e ações de cada um se refletem nos demais. Se uma pessoa sofre, todas sofrerão
– pelo menos até certo ponto. Reconhecendo isso, os antigos formularam um ideal elevado, talvez
melhor enunciado como a promessa Boddhissattva do Budismo: “Eu não deixarei este mundo
enquanto todos não estiverem iluminados.” Que sublime compromisso nessas palavras! Quanto
amor! Mas, são tais palavras práticas?

Será que é mesmo possível curar a Terra? Se cada um no mundo precisa ser curado para que
nossa vida individual seja curada, como é que isso pode acontecer? Não seria esta uma tarefa
impossível para qualquer de nós? E, entretanto, se desejamos o impossível, será que o desejamos
sozinhos? Muitos dos maiores vultos de nossa história falaram de um Mundo Novo, de um tempo
em que todos os problemas da vida seriam solucionados ou Ascendidos [Elevados] – no qual toda a
humanidade estaria em busca do melhor e do mais elevado para todos. Visões elevadas? Claro,
mas, serão práticas? Podem ser alcançadas? Ou estavam tais visionários, nossos líderes espirituais,
assim falando apenas para nos inspirar a fazer sempre o melhor?

Será que ainda temos escolha? Talvez isso [curar toda a Terra] tenha sido possível antes de nossa era,
quando uns poucos poderiam focar-se em curar todo mundo, por meio de religião, misticismo ou
ciência – mas, hoje, tal não é mais possível. Mesmo um olhar superficial no estado do mundo
moderno [tão vasto e conflagrado] nos levará à conclusão de que não temos mais nenhuma chance.
Mas é preciso curar o mundo, de outro modo não sobreviveremos! Como uma espécie, criamos tal
desequilíbrio na Terra, que em poucos dias ou poucas horas podemos ser extintos. Há esperança
para nós? Temos aliados no processo de cura? As Leis da Natureza favorecem nossa cura ou nossa
eliminação? Olhemos a natureza do mundo e vejamos se temos, ou não, alguma esperança.

O mundo está sempre mudando. O Universo está em permanente estado de fluxo. Podem ocorrer
períodos de maior ou menor estabilidade, ou áreas onde mudanças pareçam leves ou raras, mas
estas são realidades temporárias. As mais sólidas montanhas são reduzidas a meras colinas; os
oceanos se elevam e depois viram terras áridas; até os continentes deslizam pela camada
derretida sob a crosta, como pedras de gelo numa tina aquecida no fogão. Um dia, até mesmo o
Sol morrerá; eventualmente, nossa galáxia desaparecerá.

Os dinossauros dominaram a Terra por muitos milhões de anos, bem mais do que a raça humana
atual parece ter existido; mas onde estão eles agora? Vida é mudança!

Nosso mundo está mudando cada vez mais rapidamente. Alguns tomam isso como evidência de
que este não é um mundo ideal – que não foi criado pela perfeição, e que não é mantido em
perfeição; e essa conclusão parece bastante sólida! Mas, será mesmo? Será que isso não equivale
a dizer que existe uma parcela do espaço e do tempo onde a Perfeição Infinita do Ascendente
[Deus] está ausente? Se isso for assim, então o Infinito não é Onipresente ou, até, que é
confrontado por um poder destrutivo quase Onipotente, que visa a solapar o objetivo da
Infinitude [Deus]. Ou, ainda, que talvez tudo seja mesmo aleatório, sem nenhuma ordem
subjacente; o pensamento de uma harmonia proveniente do Ascendente seria um mito criado por
gente esperançosa, mas de limitado senso comum.

Esse tipo de pensamento, contudo, nega tanto a lógica como a experiência – como ficará claro à
medida que avançarmos neste curto texto. Existe outra maneira de visualizar o mundo; existe
outro modo de encarar a vida.

Uma mudança pode aparentar ser construtiva ou destrutiva. Parecem existir duas grandes forças
naturais em ação no nosso Universo: evolução e decadência. Mas, num olhar mais atento, tudo
que se move para decadência tem um propósito, pois abre caminho para uma maior evolução. É
somente quando o botão é destruído, que a flor aparece; é quando a criança “morre”, que o
adulto “nasce”!

O trabalho combinado dessas duas forças, infinitamente opostas, é todo-poderoso no cosmos


relativo – e, por certo, brilhantemente sábio. Muitos o têm considerado independente e apartado
da mente, mas mesmo um exame superficial da magnífica complexidade de qualquer aspecto do
Universo faz com que essa avaliação pareça ingênua. Existem bilhões de galáxias, cada uma com
bilhões de estrelas; são cinqüenta trilhões de células em cada corpo humano, todas trabalhando

Página 2
em perfeita harmonia. Tal é a harmonia que permeia a Natureza; tal é o brilho! De nossa
perspectiva humana, as leis Naturais parecem todo-poderosas e de tudo cientes – não é assim?

Então, se forças Onipotentes e Oniscientes trabalham no Universo, por que tão frequentemente
elas afetam nossa vida de forma tão destrutiva? Somos, amiúde, esmagados por cargas opressivas
fora do nosso controle! Quantas vezes já não pensamos que, para os poderes superiores da
Natureza, parecemos tão importantes quanto insetos esmagados contra nosso pára-brisa? As
forças Universais não parecem ter muita preocupação com as frágeis vidas humanas em nosso
planeta – não é mesmo?

A aparência é um mágico maravilhoso, um ilusionista extraordinário – capaz de convencer


nossos corações e mentes das mentiras mais estranhas. Quantas vezes não escolhemos nossas
roupas, casas e trabalhos com base em padrões superficiais? E, da mesma forma, nossos amigos e
pares? E isso é ruim? Não necessariamente! Na ausência de um padrão absoluto [para um perfeito
balizamento da vida], sacrificar a integridade não faz tanta diferença. Se não soubermos do Sol,
escolher entre as estrelas aquela que nos vai guiar não é tão importante assim. Entretanto, isso
não significa que não acreditemos que seja importante, e que não estejamos dispostos a usar toda
nossa força para fazer prevalecer uma estrela de nossa escolha. Podemos até ir à guerra para
defender nossa preferência por Sirius – a mais brilhante! Podemos dizer que aqueles que se
recusarem a seguir Polaris – a mais estável – ficarão sujeitos ao inferno e à tortura Infinita;
podemos elaborar uma linda filosofia sobre o conforto oferecido por Orion – mas o que acontece
com essas crenças e filosofias, de que adiantam, quando o Sol se eleva nos céus?

O ponto crucial é que se aplicarmos nossos padrões de percepção sensorial para tentar entender
nossa posição e papel no Universo, ficaremos muito longe de aprender qualquer coisa de real
importância. O objetivo do crescimento interno é alinhar nosso entendimento com as Forças
Cósmicas e Universais – e não com o mundo grosseiramente material que percebemos com nossos
sentidos.

Inteligência Cósmica é o nome da Força que empurra nossa vida individual e nosso mundo em
direção à perfeição. É a Fonte da harmonia entre leis naturais que se opõem, e faz com que a vida
progrida – apesar das aparências na superfície. De acordo com os Ishayas, nossa única
responsabilidade aqui na Terra é nos assegurarmos de nunca trabalhar contra a Inteligência
Cósmica, seja consciente ou inconscientemente.

A evolução na Terra se está acelerando a taxas sempre crescentes. A vibração do nosso mundo se
está elevando tão rapidamente agora, que existe o risco de muitos falharem em fazer a transição.
É nossa obrigação fazer o possível para que o maior número de indivíduos negocie, com sucesso,
essa mudança global de consciência. Isso não deve ser considerado um transtorno, mas um
movimento glorioso em direção à luz; cada passo nesse caminho é não apenas boa fortuna para
quem o der, mas também uma grande elevação na vida de bilhões neste mundo.

Nós temos pouco tempo – uma década ou duas para a maioria de nós -, antes que essa transição
se complete. É chegado o tempo para que todos os trabalhadores da paz, para os que querem
iluminar-se (ou já o são!), para os que têm boa vontade, para os líderes em todo o mundo – é
chegada a hora para superarmos as diferenças (na superfície) e nos unirmos em uma só voz de
entendimento e louvor à Fonte de tudo que É. O princípio-guia aqui é o seguinte: se estamos
semeando divisão, pregando destruição, procurando ou encontrando o mal no mundo (mesmo
que para eliminá-lo!), então somos parte do problema e não da cura!

Página 3
Pode ainda parecer possível, por tempo já limitado, se opor à grande transformação que
rapidamente se desenvolve no mundo. Mas isso é apenas aparência. E mesmo essa aparência vai
necessariamente mudar! Em breve – muito breve -, aqueles que se opõem à Inteligência Cósmica
não mais estarão nesta Terra. Os que se oporiam vão mudar – ou, simplesmente, vão deixar de
estar aqui. Este é o nosso futuro. E a boa notícia é que a iluminação interna de cada um ajuda a
mudar o destino de todos.

Vários, entre nós, já se lembraram que somos seres muiti-dimensionais. Mesmo vivendo na Terra
estamos abertos à Mente Universal. A Voz do Universo fala através de nós. O desejo de servir
nossos companheiros de caminhada é o resultado natural da nossa iluminação: nossa tarefa
perene é ajudar cada um a descobrir, internamente, a Mente Universal. Mas palavras são
limitadas, ferramentas finitas; nosso objetivo é o Ilimitado, o Infinito - um objetivo que subsiste
muito além da capacidade de descrição ou de comunicação da linguagem. Escrever, ler ou ouvir
palestras não expande a consciência; isso só acontece através de experiência pessoal e direta. Por
isso, este livro é curto; mas o convite é longo...

Segurança, paz, felicidade, saúde e amor esperam pelos que aprendem as técnicas de Ascensão
dos Ishayas. Você já pode ter reconhecido, no coração, que esta é uma oferta para você! Mas, um
pouco mais de tempo pode ser necessário (uma troca adicional de energia ou de conhecimento
entre nós), antes que sua mente consciente entenda a escolha do seu coração. Este pequeno livro
é para você. É projetado para ajudar sua mente racional a aprender o que seu coração já conhece
muito bem. Pegue o que quiser deste depósito, beba o quanto puder desta nascente e, então, se
não voltarmos a nos encontrar, siga seu caminho com as bênçãos desse conhecimento em seu
coração.

A urgência de ações, agora, para preenchermos nosso destino coletivo é o tema deste trabalho. O
mundo precisa urgentemente elevar-se para um estado de paz duradouro, ou muitos sofrerão e
morrerão desnecessariamente. Neste texto estão respondidos muitos dos mistérios fundamentais
da vida; isso é verdadeiro para qualquer um que quiser examiná-lo com a mente aberta e o
coração inocente. À medida que estes despertam para a Realidade mais interna de suas almas
maravilhosas, as tendências de vida de todos os seres da Terra mudarão irrevogavelmente.

Este é um conhecimento maravilhoso, um presente inestimável para ser compartilhado com o


mundo. Nós tentamos a comunicação com você por uma razão específica. Muitos vieram aqui
juntos conosco – para estar conosco! Se você está entre estes, agora é hora de vir à frente e
caminhar conosco na direção do nosso objetivo comum, para o bem de todos.

Tome tempo para pesquisar os Ishayas e aprender por você mesmo essas técnicas mecânicas para
transformar a vida. Crença não é necessária – tudo que é necessário é que você tenha uma mente
e coração abertos e que esteja disposto a dar uma chance a essas técnicas. Se você fizer isso, eu
prometo: sua vida vai desabrochar de um modo que você não julgava possível... ... ...

MSI
Dedicado ao Guru Purnimah, 1995

Página 4
I – RESOLVENDO PROBLEMAS DO MUNDO
Para mudar o mundo, mude-se

Tornar este mundo melhor deve ser o pensamento de cada ser humano. Nosso planeta enfrenta
inúmeros problemas, físicos e espirituais; as tentativas de nossos líderes para resolvê-los não
parecem totalmente patéticas nem totalmente meritórias. Eles fazem o melhor que podem;
mesmo as aparentes exceções a essa regra agem positivamente, à luz das definições de realidade
a que estão ligadas. Mas, mesmo corajosas como as nobres tentativas de salvar a Terra têm sido,
mesmo com o sucesso de umas poucas soluções em limitadas áreas de problemas, ainda assim, a
profundidade, extensão e intensidade das dificuldades confrontando o mundo só fez crescer ao
longo dos séculos – a ponto de a própria existência da biosfera e da humanidade correr perigo
hoje.

Foi desastroso para os cartagineses, quando os romanos liquidaram completamente Cartago; foi
certamente muito penoso para os judeus, quando Roma destruiu Jerusalém e tomou seus
habitantes como escravos; foi devastadora para os índios americanos a chegada dos europeus –
mas, hoje, parece que estamos decididos a destruir o mundo inteiro!

Foi trágico, quando o Saara engoliu os campos férteis da África, à conta da incompetência humana
– mas, hoje, perdemos um campo de futebol de mata atlântica por segundo; todo ano, uma área
do tamanho da Pensilvânia é queimada e convertida em pastagem, causando quase sempre a
perda definitiva de importantes plantas medicinais e cortando a garganta do maior organismo
gerador de oxigênio do mundo.

Todos já nos beneficiamos de aerosol, carro e ar condicionado, mas a camada de ozônio foi
duramente agredida. Parece que, brevemente, ficar exposto ao sol em qualquer horário do dia
pode ser mortal.

Foi maravilhoso quando nossos remédios miraculosos reduziram dramaticamente a morte de


crianças – mas temos, hoje, bem mais de trezentos milhões de pessoas meramente sobrevivendo,
sem níveis mínimos de nutrição. Trezentos milhões de semelhantes mal-nutridos ou passando
fome, justamente hoje! O que você comeu no jantar?

Qualquer iniciativa visando a resolver esses problemas, ou tantos outros que afetam a
humanidade, é certamente boa e deve ser encorajada. Mas não é suficiente agora – nem nunca
será – para resolver um de cada vez todos os problemas do homem, ou mesmo grupos
relacionados de problemas atacados em conjunto. Podemos relacionar a chuva ácida, a
diminuição da camada de ozônio, a ruína de nossos rios, lagos e mares com os excessos de nossa
tecnologia – mas nossas iniciativas deixam intocada a raiz de nossos problemas. E a razão é
simples: podemos tentar resolvê-los, mas as soluções vão sempre trazer mais problemas, já que
nunca podemos prever o resultado de quaisquer de nossas ações. Com nossa mente limitada, os
obstáculos vão continuar mudando e evoluindo, à semelhança de bactérias diante de novos
remédios. Uma série de novas e piores dificuldades vai continuar afetando nossas vidas, até que
mudemos o erro fundamental do nosso pensar *o erro é “pensar” que estamos “separados”!+.

Em frente a esta casa, onde escrevo, há um campo. Há um ano era uma pastagem, que mantinha
uma dúzia de cavalos. Hoje, trinta casas estão lá assentadas; outras quinze devem ficar prontas
nos próximos seis meses. Do ponto de vista do campo silencioso, isso deve assemelhar-se ao

Página 5
crescimento de um câncer. Para o campo, que utilidade têm as casas? Onde antes havia vida
orgânica em harmonia, hoje existem asfalto, concreto, caos e morte. Ainda assim, aqueles que
agora residem ali são muito gratos pela opção de moradia relativamente barata: para muitas
dessas famílias jovens, esta foi uma primeira possibilidade de escapar de um pequeno
apartamento para a grande aventura de tornarem-se proprietárias! E em cerca de trinta anos, a
antiga pastagem será uma vizinhança quieta, com carvalhos altos e outras árvores frondosas
sombreando as ruas.

Lembro-me de trepar num velho obstáculo de terra – duas vezes mais alto do que eu, e quatro
vezes mais largo do que era alto – numa colina perto da casa onde cresci, em Seattle. Era no meio
de quarenta acres de terra, que chamávamos de “o pântano”. Essa área não era particularmente
pantanosa, pelo menos não mais que outras em Seattle, mas chamá-la de “o pântano” dava-lhe
certo ar de mistério para nós, crianças. Quinze anos antes, existiam ali muito mais árvores. Cem
anos antes, era tal a profusão de árvores grossas e altas, que qualquer pessoa de nossa época que
fosse para lá transportada acharia que aquela era a mais maravilhosa reserva florestal do mundo!
Que tragédia, para os índios americanos [a mudança radical na paisagem]! Mas nossa pequena tragédia
[nós, crianças, muito tempo depois] não foi menos dolorosa quando “o pântano” foi coberto de asfalto e
virou estacionamento para um enorme Shopping Center. Apesar de tudo, a proximidade das
novas lojas foi encarada como uma dádiva de Deus por muitos adultos residentes naquela área!

Quando eu tinha nove anos, lembro-me de admirar, com minha família, uma casa antiga que ali
havia. Agora, a casa é apenas uma lembrança, substituída por uma rampa de acesso para a auto-
estrada. E tudo isso no seio de um campo de trigo, em Washington Oriental. Uma terrível perda,
certamente, mas aqueles que hoje usam a auto-estrada para chegar mais cedo em casa podem
muito bem discordar!

O que, exatamente, é um problema? Um grande mal visto de certa perspectiva pode ser uma
bênção, visto de outra. Mas, mesmo que encontremos problemas que todos admitam ser
problemas, não se segue que todos concordarão com as soluções. E se todos, em todos os lugares,
concordarem com os problemas e suas soluções, nada garante que tais soluções funcionem!
Mesmo se todos concordassem que o Sol orbita a Terra, nem o planeta nem a estrela mudariam
suas respectivas órbitas. A realidade não é democrática [é totalmente independente de nossas crenças!]!
Independentemente do quanto gostaríamos que todos acreditassem em nossos sonhos mais
queridos, isso não os faria reais para ninguém.

Não pense que eu estou propondo que é errado tentar resolver todo e qualquer problema. Tudo
que puder ser feito, certamente deve ser feito. O que estou dizendo é que nossas soluções nunca
deram certo porque, como espécie, nunca prestamos atenção ao problema fundamental que
causa todos os outros *nossa “decisão” de “estar separados”+. Como podemos transformar nossas
ações, de modo que elas sempre tenham efeitos positivos em nossa vida?

Até que essa condição fundamental seja atendida, não será possível resolver as múltiplas
dificuldades que cercam a condição humana. Como isso pode ser alcançado?

- UMA PESSOA IDEAL -


Se encararmos diversidade, vemos diversidade. Quando olhamos para fora, com nossos olhos [do
corpo], vemos um mundo extremamente variado e complexo. Mudar esse mundo externo,

Página 6
abordando uma dificuldade de cada vez, é difícil ou impossível. É por isso que as Corporações têm
sucesso: uma centena de indivíduos pode fazer muito mais do que um indivíduo apenas. Mesmo
que esse indivíduo seja mais talentoso e eficiente que cada um dos outros, é fisicamente
impossível, para uma pessoa, realizar cem tarefas de uma só vez.

Por isso, hierarquias são estruturadas; por isso, civilizações são criadas.

O empregado individual pode não ter nenhuma idéia – ou uma idéia limitada – de como sua parte
se encaixa no todo da empresa; ao cidadão privado pode faltar o entendimento do seu papel na
sociedade, mas nada disso inibe a efetividade do conjunto. Como é que uma organização
funciona adequadamente – seja ela uma vaca, uma empresa ou um país? A saúde da organização
é determinada pela saúde de seus membros individuais. Isso é uma Lei Universal, seja para
órgãos e suas células, seja para civilizações e seus cidadãos. Quem pode salvar um coração, se
suas células estão morrendo? Quem pode salvar um país, se seus cidadãos estão degenerando?

Isso tudo pode parecer muito simplista, demasiadamente óbvio – mas, ainda assim, muito difícil
de mudar! Você pode dizer: “Naturalmente seu ponto de vista é claro. Se temos que resolver os
problemas do mundo, temos que resolver os problemas do indivíduo. Não há nada de novo nisso!
Confúcio, na China antiga, já dizia mais ou menos a mesma coisa. ‘Quando o pai é pai e o filho é
filho, quando o irmão é irmão e a irmã é irmã, quando o marido é marido e a esposa é esposa –
então, a família está em ordem. Quando a família está em ordem, a aldeia está em ordem e a
nação está em ordem. Quando a nação está em ordem, o mundo está em ordem’. Tudo isso é
absolutamente óbvio! Se somos saudáveis de corpo, mente e espírito, então a sociedade será
saudável. Se eu não contribuir para os problemas do mundo, os problemas do mundo podem
acabar. Mas, o que você oferece é muito simplista! Mesmo se eu agir com perfeição, que garantia
tenho do comportamento do meu irmão Jorge? Ou do meu marido, João? Ou dos meus filhos? Ou
de Carlos, mais adiante em minha rua? Ou das grandes corporações? Ou dos bancos e financeiras?
Ou do complexo industrial-militar? Ou dos terroristas? Ou de quem quer que esteja na minha lista
de ‘mau’ neste momento? Eles ainda estarão desgraçando o mundo – tanto quanto antes. Que
valor, então, tem a sua proposta? É impossível aplicar globalmente essa forma de pensar”.

De fato, eu tenho que concordar com você! A idéia de mudar todos e cada um no planeta, para
torná-los pessoas ideais – que nada fazem para prejudicar a si mesmos ou ao mundo – é um
conceito que parece muito difícil de alcançar, pelo menos num prazo razoável de tempo. Até
mesmo identificar quais de nossas ações diárias podem ser prejudiciais, para nós ou para os
outros, é matéria de controvérsia ilimitada. No caixa de um supermercado, um funcionário nos
pergunta: “papel ou plástico”? Essa simples escolha torna ridículos os problemas de outras eras. O
que responder? Matar árvores [papel] ou usar um recurso não-renovável e não-biodegradável
[plástico]? Qual sua escolha? A escolha lhe interessa? E ao mundo? É necessário considerá-la? Ou
tudo isso é uma grande baboseira sem sentido?

A dificuldade enraizada no estado de vigília [com a consciência ainda não desperta] é que é impossível
saber qualquer coisa, com certeza. Nesse estado, não é possível agora – nem nunca será – saber
todos os efeitos de uma ação qualquer, mesmo das mais básicas. Então, por que não esquecer
tudo e viver uma vida de barganhas? Afinal, todo mundo sacrifica a integridade no altar das
conveniências! Por que ser diferente?

Foi isso [a impossibilidade de prever o resultado de nossas ações] que fez muitos dos nossos filósofos
concluírem que não existe um padrão Absoluto de moralidade ou de ação. E é esse dilema que

Página 7
leva muita gente a nada questionar, deixando para supostas “autoridades” a decisão sobre o que
fazer e em que acreditar. Sem um padrão Absoluto, tais líderes podem, ou não, ter algo a dizer
(mas, entre eles, muitos têm certa competência para convencer os outros a lhes darem ouvidos).

Pode parecer impossível mudar todos no mundo. Felizmente, esta não é uma responsabilidade
sua. Não é sua responsabilidade mudar seus conterrâneos, nem seus vizinhos, nem seus amigos
– nem mesmo sua família. Você só tem a responsabilidade de mudar uma pessoa em todo o
Universo! Você sabe quem é essa pessoa tão importante? Você sabe quem criou e mantém seu
Universo privado? A boa e terrível notícia é esta: VOCÊ! O único controlador de sua vida e de seu
destino é VOCÊ – ninguém mais, salvo VOCÊ. Você fez tudo exatamente como você quis. Talvez
suas escolhas tenham sido inconscientes, até hoje, talvez você não soubesse o suficiente. Mas,
esses dias acabaram! Agora você já sabe! E, como foi você quem fez tudo, você pode refazer
tudo, do jeito que você escolher.

Pode ser que existam pessoas trabalhando para mudar os outros, mas isso não é problema seu.
Você não tem que conhecer todo o plano; você não tem que entender a operação global do plano
[o plano é de Deus!]. Você nem mesmo precisa saber exatamente como sua parte se encaixa no todo.
Não é necessário! Tudo que você precisa fazer é viver perfeitamente sua parte – e seu mundo se
transforma. Isso é garantido; absolutamente garantido! Se houver luz em seu interior, as sombras
do mundo se vão embora.

Que missão impossível salvar o mundo! Que missão possível salvar você mesmo! Limpe seu
próprio coração, e o coração do mundo será limpo.

A percepção do Universo no estado de vigília [mente “ainda não desperta”] é completamente invertida,
de ponta-cabeça! No estado ainda não desperto, comumente pensamos que nosso efeito é maior
quando agimos externamente; achamos que nossa ação é mais forte que nossas palavras, e que
nossas palavras são mais fortes que nossos pensamentos. Por exemplo, não falamos do nosso
ressentimento, mas o guardamos internamente, apodrecendo, até que ele irrompe externamente
em ataques mais venenosos do que seriam originalmente – ou até que ele nos mate! Essa maneira
de viver é retrógrada, destrutiva, nada cura e tudo complica.

Os pensamentos de um humano podem mudar o mundo. Para ser curado, o mundo precisa de
uma Pessoa Ideal. A pessoa já nasceu, tem um nome e uma história pessoal – essa pessoa é
VOCÊ!

Geramos mais efeitos do que podemos imaginar. Com cada humor, cada pensamento, cada
palavra, cada gesto, nós mudamos nossa vida e nosso Universo.

Página 8
II – MUDANDO A VIDA
Uma viagem de mil milhas começa com um simples passo

Nossa visão e compreensão da condição humana são balizadas por nossa experiência. No estado
de vigília [consciência ainda não desperta], pensamos estar isolados uns dos outros no espaço e no
tempo; pensamos estar separados e sozinhos. Sendo esta nossa percepção (e crença!),
acreditamos ser difícil ou impossível influenciar decisivamente a maneira de pensar e o
comportamento dos outros. Nós acreditamos que só conseguiremos mudar os outros por meio de
grandes investimentos de tempo e energia – e o compromisso de fazê-lo.

Essa crença resulta da experiência diária dos nossos sentidos. Mas, nossos sentidos nos enganam,
aqui e em todo lugar! A verdade é que podemos, sem maior esforço, mudar não apenas nós
mesmos, mas qualquer pessoa no planeta – passado, futuro ou presente. Se essa idéia parecer
estranha, é apenas porque estamos acostumados a nos encarar como seres lineares e finitos, com
habilidades e funções estritamente limitadas.

Se lembrarmos das grandes almas da nossa raça, achamos que seus atos externos representam
suas realizações. Mas, na verdade, suas realizações são as Realidades mais internas que elas
lograram desenvolver. Seus atos externos meramente constituem uma roupagem. O material da
confecção pode ser fino, a padronagem bonita, as cores perfeitas e claras – mas qualquer roupa é
sem valor, comparada ao corpo que a veste.

A raça evolui à medida que sua consciência coletiva evolui. As crenças da raça humana se
assemelham à “Curva de Bell” da matemática: o elemento condutor de toda a mudança começa
com um indivíduo apenas. No início, o fato de que uma mudança está em curso pode não ser
percebido por ninguém mais – mas, com o tempo, as mudanças se vão acelerando. Do primeiro
indivíduo, ela naturalmente se espalha para todos. Esse processo é automático; se o indivíduo
responsável por iniciar a mudança resolve engajar-se em ações para promovê-la, tudo bem! Isso,
contudo, não é necessário – configura apenas uma generosa redundância.

Nossos pensamentos não estão escondidos no fundo da gente. Comumente, pensamos que
estão; acreditamos (e esperamos!) que alguns de nossos pensamentos sejam privados - de certa
maneira, secretos. Isso é uma ilusão! Cada pensamento afeta todo mundo e todas as coisas – em
todo lugar e a todo momento! Em razão disso, é muito fácil mudar o mundo; nós precisamos
mudar apenas uma pessoa! Se me mudo, todos se beneficiam. E o maior presente que você pode
dar àqueles a quem ama é o exemplo de sua própria vida funcionando bem.

Mesmo que você não consiga aceitar integralmente este conceito – de que sua melhora ocasiona
a melhora de todos! -, ainda assim não pode restar dúvida de que você deve sempre desejar
melhorar sua vida, nem que seja apenas para seu próprio proveito. A verdade reconfortante é que
isso não é difícil. Quem quer que afirme o contrário deve estar falando a partir de sua própria
experiência – experiência tendo como premissa a crença (falsa!) de que uma mudança benéfica é
difícil. A realidade da condição humana é que a mudança benéfica é extremamente fácil, desde
que conduzida [guiada] com competência. Não existe problema algum – físico, mental, emocional
ou espiritual – que não possa ser resolvido sem maiores esforços. As técnicas de Ascensão dos
Ishayas foram projetadas para ajudar você nesse processo de cura, de dentro para fora.

Página 9
Comumente acreditamos que alguns problemas são maiores que os outros, que são mais difíceis
ou complexos. Mas todos os problemas são o mesmo, do ponto de vista da Inteligência Infinita1.
Eles só parecem diferentes na perspectiva de nossas mentes limitadas. Qualquer problema na vida
pode ser resolvido exatamente da mesma forma – e a solução pode ser encontrada sem esforço.
Não é difícil agora – nunca foi e nunca será – vivenciar um pouco mais da Inteligência Infinita.
Melhor, não é difícil agora – nunca foi e nunca será – vivenciar completamente e integralmente a
Inteligência Infinita.

O primeiro passo na direção desse objetivo [vivenciar completamente a Inteligência Infinita] é reconhecer
que ele é possível. Se não acreditarmos que algo é possível, de fato não será possível para nós!
Uma vez que captemos a possibilidade de sermos mais, o desejo de sermos mais se apossa de
nossas mentes.

O segundo passo é reconhecer onde estamos agora. A maioria de nós tem o costume de ignorar –
de negar – o que estamos experimentando aqui e agora. Provavelmente, isso decorre do fato de
que julgamos que nossas circunstâncias atuais não são aquelas que desejávamos [e merecíamos...].
Não consideramos nossas vidas, nosso ambiente ou as pessoas do nosso Universo como
adequadas – e usualmente temos uma lista de fatos para “comprovar” tal julgamento. “Maria é
muito gorda.” “João bebe muito!” “Paulo é cruel – e bate em mim.” “Eu preciso faturar mais, para
pagar minhas contas.” “Meu emprego é OK, mas eu não gosto muito do trabalho que faço.”
“Nossa vizinhança se está deteriorando.” “Estou doente!” etc.

A lista não tem fim! O julgamento de que alguma coisa (ou alguém) no nosso mundo é imperfeita
decorre da percepção de que nossa vida está longe de ser a ideal. Apesar das circunstâncias, para
seguir adiante a maioria de nós “faz o possível” ou “o melhor que podemos” do nosso mundo
imperfeito – apesar de não termos casado com a mulher que queríamos, apesar de não termos o
emprego que desejávamos, apesar de não ganharmos o suficiente, apesar de não morarmos onde
gostaríamos, apesar de não sermos felizes ou saudáveis...

Com freqüência, nossa reação a essa “insuficiência” é reprimir nossa insatisfação. Usualmente
fazemos isso para tornar mais fácil nossa vida (ou a vida de outro). Pensamos que concordar com a
opinião dos outros é melhor que cultivar a nossa.

Laura era uma mulher jovem e bonita; brilhante, inteligente e com talento para artes. Ela casou-se
com Samuel e tiveram dois filhos. Samuel era cabeça-dura e tinha opiniões muito firmes – e tolas
– a respeito de tudo. Isso resultava de ele sentir-se inferior aos outros e de achar que os outros se
aproveitariam dele se ele não os atacasse antes. Subordinada às opiniões sempre intensas de
Samuel, a inteligência de Laura se foi apagando. Ela começou a achar que uma “boa” esposa era
aquela que apoiava cegamente as opiniões do marido; e se foi tornando servil. Em qualquer
assunto, importante ou não, Laura sempre ecoava as opiniões de Samuel.

Com o tempo, o comportamento passivo de Laura tanto aborreceu Samuel, que ele a trocou por
outra mulher; esta o questionava e o obrigava a refletir. Laura ficou arrasada e profundamente
surpresa. Afinal, não tinha ela sempre feito o máximo para agradá-lo? Desesperada para ter outro
relacionamento – qualquer que fosse -, Laura finalmente encontrou outro homem, que até hoje a
trata tão mal quanto Samuel a tratava. Ela poderia ter usado a penosa perda de Samuel para
questionar saudavelmente o “porque” de suas dificuldades na vida, mas não o fez. Em vez disso,

1
Notar a equivalência: “Não existe ordem de dificuldades em Milagres”. Jesus Cristo, Um Curso em Milagres.

Página
10
seguiu no novo relacionamento com seu erro fundamental – servilidade! – e até hoje paga o
preço.

Na vida moderna, experiências como as de Laura são comuns e amedrontadoras. A relação pais-
filhos é outra versão comum do problema: como crianças, por muitos anos somos subservientes à
vontade dos nossos pais. Para nós, eles são deuses; se eles são indivíduos incompletos, nossos
deuses são insanos. Por conseqüência, quando entramos na idade adulta inconscientemente
escolhemos um tipo de vida diferente daquele que escolheríamos se, como crianças, tivéssemos
sido incentivados a desenvolver nossos talentos e tendências naturais. Tendemos a internalizar as
vozes e as crenças dos nossos opressores: mesmo quando os agentes externos da nossa
subserviência foram removidos por distância ou morte, ainda nos curvamos diante da imagem
deles, indecisos ou incapazes de sermos nós mesmos!

Para mudar, ajuda muito reconhecer exatamente “onde estamos agora”. Isso pode ser um
processo tranquilo - um simples reconhecimento intelectual. Para alguns, contudo, tantas
camadas de ilusão e confusão foram erguidas entre o que eles de fato são e o que eles acreditam
ser, que o processo pode tomar tempo – e paciência.

Aceitar não significa simplesmente trocar um sistema de crenças por outro. Um elemento comum
da “conversão religiosa” típica é que nossa vontade não é substituída pela de Deus – mas pela
interpretação de alguém, ou de um grupo, do que seria a vontade de Deus. Outra vez, esta é mais
uma versão do cenário “senhor-escravo”, tão comum nas relações abusivas marido & mulher ou
pais & filhos. Isso nunca conduz à liberdade ou ao crescimento individual. A subserviência mental
dos seguidores só é desejada por almas incompletas, que tentam controlar seus Universos para
proteger visões defeituosas e amedrontadoras da realidade. Um Mestre verdadeiro sempre vai
almejar que seus discípulos se tornem autosuficientes – capazes de absorver os conhecimentos do
Mestre de modo a torná-lo dispensável. Os Ensinamentos Verdadeiros, portanto, sempre apontam
para o coração do discípulo; o verdadeiro crescimento só ocorre de dentro para fora.

O processo de aceitação vai a um nível muito mais fundo da personalidade, do que a maioria dos
indivíduos conscientemente jamais foi. Uma das maneiras mais eficientes de fazer isso é através
do processo de Ascensão Ishaya. Nas técnicas do processo de Ascensão, um pensamento
específico e altamente individualizado é criado pelo Mestre, trabalhando com o discípulo, como
um “veículo” para “viajar” internamente até a Fonte de todos os pensamentos, o Ascendente
[Deus].

Quando um indivíduo Ascende, torna-se desnecessário desfazer os pensamentos e crenças


anteriores; o poder do processo interno, altamente benéfico, é suficiente para remover todas as
falsas percepções anteriores e substituí-las pela experiência direta da beleza e perfeição
transcendentais do Ascendente interno. Quando a Realidade interna é alcançada, todas as
realidades externas automaticamente mudam.

Em outras palavras, não é necessário tentar reestruturar nossos hábitos, nossas crenças ou
qualquer aspecto de nossas mentes. Nem é necessário confrontarmos nossas supostas falhas e
deficiências. Uma vez iniciado, o processo de transformação interna e de reorganização é
totalmente automático. Não é necessário ensinar a uma folha a maneira de cair no chão; quando
se solta do talo, ela simplesmente cai. A força invencível da Lei Natural – gravidade! – leva a folha
para o chão, sem nenhum esforço! A Terra é muito maior que a folha; não é necessário que a folha
“tente” cair. Na verdade, esforço só seria necessário se a folha “tentasse” não cair! O mesmo

Página
11
acontece com a mente. A força invencível de atração do Ascendente [Deus] está sempre atuando
em nossa mente; para contrapô-la, impedindo que “caiamos” internamente no Ascendente, muito
esforço é necessário! É por isso que as mentes cansam tão facilmente; é por isso que os corpos
exigem tanto sono à noite. Sem um veículo natural, como é difícil mover-se! Mas se o carro já está
andando, e o tanque está cheio, basta uma pequena pressão no acelerador para que ele aumente
de velocidade. Sem o veículo apropriado, como é difícil “entrar” em nossa mente. Mas, com as
técnicas da Ascensão Ishaya, como é fácil!

Observe-se atentamente. Qual é sua resposta quando você pensa em mover-se mais
profundamente para o interior? É uma sensação de ansiedade, associada ao desejo de realmente
aprender o que está ali? Ou é medo, um terror cego dos dragões que podem estar esperando
internamente? Ambas são respostas comuns a essa questão. A primeira é uma experiência clara
do que ocorre quando “nos soltamos”, Ascendemos e crescemos para a vida. A segunda é a
experiência que ocorre quando tentamos impedir-nos de crescer.

Página
12
III – EMOÇÕES

- A RAIZ DO ESTRESSE -

Nossos corpos físicos vieram à existência da união de uma célula de esperma, produzida pelos
nossos pais, e de uma célula óvulo, criada pelas nossas mães. Isso fez os corpos, mas não o
habitante dos corpos! Vários sistemas de pensamento antigos concordam com estas palavras: a
alma inicia a vida humana [“entra” na vida humana] vinda da Sabedoria Onisciente. Se assim é, nada
há que seja desconhecido pelos guardiões da alma e pelo pré-infante acerca do período de vida
que se estará iniciando; não há nada desconhecido acerca dos pais, dos parentes e da sociedade
que aguarda aquela vida. A alma escolhe uma determinada vida, porque sabe que ela estará em
efetiva ressonância com seus desejos não preenchidos, e que vai supri-la com o que ela precisa
para chegar mais perto de uma completa realização [a alma vem para um treinamento!].

Dessa perspectiva, o primeiro problema que a maioria dos infantes enfrenta é que, por trás das
máscaras físicas do pai e da mãe, está a memória da Divina Mãe e do Divino Pai – as metades
masculina e feminina de Deus. Como crianças recém-retornadas, relacionamos nossos pais
biológicos com esses Seres desprovidos de erro: lá no fundo, no interior, sabemos muito bem o
que é e o que não é perfeição; sabemos que do mundo e dos nossos pais físicos só queremos amor
e apoio. Somos desapontados e frustrados quando nossos pais terrestres falham repetidamente
em corresponder ao nosso Ideal Eterno. Como resultado inevitável, passamos crescentemente a
duvidar dos nossos pais e do mundo deles. Como somos quase todos destituídos de uma
representação perfeita do Amor Divino na Terra, ficamos com um enorme vazio interno, que
clama por preenchimento.

Esse desapontamento inicial é uma das fundações mais sólidas para a ignorância – uma que
começa tão cedo e de forma tão sutil, que se torna muito difícil de erradicar. Muitos de nós,
encontrando apenas apoio marginal de nossos pais (e do ambiente) para nossas emoções,
aprendemos a reprimi-las. Uma criança típica não tem problema algum em expressar abertamente
seus sentimentos. Frequentemente essa liberdade não é aceita pelos adultos, em razão de suas
próprias inibições; assim, eles reagem condenando a criança ou com rejeição e punições - e as
crianças não encontram defesa contra isso! Se a abertura e franqueza delas levam a
consequências indesejáveis, nada há a fazer senão reprimir desejos e sentimentos. E essa tentativa
de autoproteção leva as crianças a “desligarem” a inocência e o estado expandido de consciência
[“awareness”]. Com o tempo, a criança se perde completamente em meio a seus mecanismos de
defesa, à medida que adota papéis aceitáveis pelo ambiente em que vive.

Se nos foi negado apoio aos desejos de criança, podemos nos voltar para a manipulação disfarçada
ou para a hostilidade como únicos meios viáveis para preencher nossos objetivos. As necessidades
não atendidas de nossa infância continuam a se manifestar em nossas relações como adultos: com
dificuldade para comunicar claramente nossos desejos, carregamos conosco as expectativas e
frustrações do passado. Pedimos algo de uma forma como se não esperássemos receber?
Recorremos à raiva e à manipulação para preencher nossos desejos? Ficamos emburrados,
enraivecidos ou cruéis, quando as coisas não vão do nosso jeito? Esperamos até que alguém se
torne próximo, para só então revelar nossa agenda secreta [nossa face verdadeira!]? Obviamente,

Página
13
estes não são meios adequados para alcançar nosso objetivo, mas são os mais comumente
empregados!

Muitos adultos se protegem firmemente de convivência íntima. A tentativa para suprir esse vácuo
emocional pode levar a padrões viciados ou compulsivos de comportamento (drogas, álcool,
fumo, excesso de comida, doenças, relacionamentos positivos ou negativos) ou, idealmente, ao
crescimento da consciência.

O sentido de autoestima de muitos adultos está faltando ou, de algum modo, danificado. Uma das
maneiras que usamos para manter uma miragem de autoestima é criticar os outros, antes que
eles possam atinar para o que há de errado conosco [atacamos antes!]; ou confiar aos outros a tarefa
de definirem nossas vidas - já que no estado ainda não desperto nossa autoestima é quase que
inteiramente determinada pela resposta do ambiente. Isso é como usar um band-aid numa úlcera
que apodrece; nunca leva a felicidade duradoura ou saúde. Barganhar [fazer concessões indevidas]
para sermos amados (ou para sermos dignos de amor) nunca nos tornou (nem tornará) mais
valiosos; adotado por muito tempo, tal comportamento há de gerar ressentimento e hostilidade.
Quanto mais negamos nossa individualidade, mais nosso poder se perde.

Outro exemplo de expressão inadequada de sentimentos é o que muitos consideram compaixão.


Se alguém está sofrendo ou infeliz, achamos que a compaixão nos deve juntar a ele – em sua dor
ou em sua miséria. Isso não é compaixão! Não é verdadeiramente amor ou cuidado: em vez de
termos uma pessoa no chão, em prantos, agora temos duas! Responder ao sofrimento de outra
pessoa, como se nosso fosse, não é empatia! É apenas uma expressão de nossa limitação de
espírito. Adotar, como nossos, sentimentos de outrem não é compaixão! Essa atitude não é o
portal de entrada para a “proximidade” e está destinada ao fracasso - pois este não é um caminho
para crescimento. A verdadeira compaixão significa elevar o nível de consciência do sofredor, pelo
reconhecimento de que o sofrimento está fora de lugar, que é um evento impossível no estado de
iluminação – e, a seguir, pelo compartilhar dessa visão. Isso não é feito de uma maneira
condescendente ou superior – mas com amor perfeito.

O bloqueio de sentimentos verdadeiros pode ser fundo e forte em muitos adultos. No estado
ainda não desperto, a mente egóica, controlada pelo hemisfério esquerdo, aprendeu a julgar os
sentimentos como desconfortáveis, algo a ser reprimido, controlado ou atentamente canalizado.
Entretanto, como a personalidade humana é muito flexível, o que é abafado numa área vem a se
manifestar em outra. Sentimentos não podem ser destruídos. Devem ser reconhecidos, expressos,
amorosamente recanalizados – ou serão reprimidos. Viver plenamente no presente significa que
nunca sentimentos são reprimidos ou desejos pervertidos; todos são aceitos, expressos e
preenchidos.

Liberar nossos sentimentos bloqueados ou enterrados é um dos aspectos mais importantes para
evoluir adiante do estado de vigília. A menos que os padrões destrutivos do comportamento e de
crenças absorvidos dos nossos pais (e do ambiente infantil) sejam dissolvidos, eles continuarão a
deformar todas as áreas do comportamento adulto.

A vida emocional é como um rio poderoso, que corre internamente em cada um de nós. Quando
tentamos represar um rio, a água já não flui livremente; tanto pode estagnar como buscar meios
para escapar. Assim como o rompimento de uma represa pode causar muita destruição, a
repressão de sentimentos transforma nossas emoções numa força destrutiva e ameaçadora.

Página
14
Devemos (a nós mesmos!) descobrir o que são, de fato, nossos sentimentos e desejos. É
indispensável parar com a manipulação de nós mesmos – ou dos outros – com a finalidade de
preencher nossas necessidades; somente uma expressão honesta e aberta nos pode permitir
canalizar positivamente o poder de nossas emoções. Em vez de apenas exigir, temos que aprender
a compartilhar nossos sentimentos verdadeiros; isso nos habilita a deixarmos de ser vítimas de
nossas próprias reações e defesas descontroladas. É necessário que aprendamos a ser nossos Pais
Cósmicos: com sabedoria e benevolência, podemos amorosamente reconhecer e sutilmente dirigir
nossos desejos, sem tentar represá-los e sem lutar contra eles. E isso não precisa ser difícil!

À medida que abrimos para a luz o estresse de nossos relacionamentos passados, começamos
naturalmente a reconhecer a fonte de nossos sentimentos, projeções e comportamentos. Um dos
primeiros resultados é o perdão verdadeiro às limitações de nossos pais! Culpá-los por serem
almas incompletas é perda de tempo, tanto quanto continuarmos presos a comportamentos
reativos. Claro que eles não foram ideais! Quem foi ideal, no mundo deles [Quem é ideal, no nosso?]?

- AMOR & MEDO -


Existem apenas duas raízes para todas as nossas emoções: amor e medo. Amor é o estado natural
da condição humana; medo é o mecanismo usado pelo ego para controlar e possuir o mundo. Os
dois sentimentos não podem coexistir! Quando o amor aumenta, o medo evapora; como ele
nunca foi real, simplesmente desaparece sob o Sol do amor perfeito. Quando o medo aumenta, o
amor se esconde e compra tempo, até que o indivíduo, de novo, se abra para a Verdade; ele não
pode ser destruído, mas, como os humanos são dotados de certos direitos (inclusive o livre-
arbítrio), se o ego insiste em ilusões o amor como que desaparece da mente, até que a
personalidade, outra vez, opte pela Realidade.

O ego deseja possuir tudo; isso nega a invencibilidade da entrega, serva do amor. O amor é
universal e dado livremente, ainda que o ego insista em governá-lo – em que ele se sujeite à sua
decisão de quando, como e onde se manifestar. Nisso, o ego vai falhar sempre, pois está lutando a
batalha errada! O amor não pode ser limitado nem existir em separação ou isolamento. Somente
pela renúncia ao desejo de manipular e controlar é que o ego se pode fundir ao Ser Universal de
Amor Infinito e Eterno.

Não é tentando forçar os sentimentos a mudar, que eles mudam! Emoções só evoluem quando
são aceitas exatamente como são. A chave para alcançar isso é parar de julgá-las. Apenas o ego
define o bom e o ruim. Esta é sua ferramenta primária de controle: se alguns desejos são bons e
outros não são, então a vida vai seguir dividida. Separando nossos sentimentos do sistema de
crenças do ego, podemos usar a poderosa energia deles para nosso crescimento pessoal.

Um conto Ishaya ilustra bem esse fato. Regularmente, enquanto meditavam, monges Ishayas
eram atacados por hordas de demônios. Quanto mais eles trabalhavam para se livrar dos
demônios, mais eles vinham – não parecia haver escapatória. Foi apenas quando eles pararam de
julgá-los como maus, que eles desapareceram – ou se transformaram em anjos celestiais. Era a
própria interpretação da realidade, pelos monges, que lhes trazia o problema. Esse
reconhecimento é uma etapa necessária da evolução!

À medida que a consciência cresce, aprendemos que qualquer coisa que nos venha é criação
nossa, de mais ninguém! À medida que vamos entendendo isso, paramos de gastar energia
Página
15
lutando, permitindo ressentimentos ou reprimindo aquilo que criamos; isso nos permite utilizar a
energia dos nossos desejos para crescer mais rapidamente.

- A SOMBRA -
Dentro do ser humano existe uma divisão geral de funções entre os hemisférios direito e esquerdo
do cérebro. O esquerdo é mais racional, lógico, matemático, científico. O direito é mais instintivo,
intuitivo, emocional, espacial, artístico, criativo; esse hemisfério, em geral, é mais desenvolvido na
fêmea da espécie. A perspectiva da mulher, portanto, é tipicamente mais abrangente que a do
homem – até porque ela é mais dedicada a alimentar e curar a vida. O que pode ser deprimido na
mulher é o hemisfério esquerdo – a habilidade específica, racional e lógica para focar-se no estado
de “alerta” [“to focus awareness”]; em casos extremos, isso leva a uma personalidade argumentativa,
baseada num pensar pouco razoável, mais voltado para opiniões que para fatos.

Nos homens, a típica dominância do hemisfério esquerdo os leva a tentar controlar [dominar] a
natureza. Num relacionamento, seu alto grau de dinamismo e agressividade faz deles o elemento
preferido para lidar com o mundo externo. Num casal ideal (iluminado), a mulher estará a cargo
do leme [direção] e o homem, dos remos [força]: na vida do casal, é tipicamente mais sábio para a
mulher ficar a cargo da direção geral. O que no homem pode estar reprimido é o hemisfério
direito – já que ele se sente desconfortável com as qualidades femininas de instinto e emoção.
Quando desenvolvido no homem, o hemisfério direito acentua a habilidade de criar, de sentir, de
amar, de experimentar a beleza. Na forma mais elevada de equilíbrio, o hemisfério direito torna-
se sua fonte de inspiração – seu guia interno para completa conscientização.

Nos relacionamentos, nossas porções reprimidas são tipicamente projetadas nos nossos parceiros.
Pode-se afirmar que existem quatro seres em cada relacionamento: os dois dos quais somos
conscientes, e outros dois, dos quais estamos inconscientes e que são projetados. No estado ideal,
essas funções reprimidas, projetadas para fora [para o outro], levam à completude que nos falta no
interior. Mas, quando esse processo é bloqueado por comportamentos danosos, a projeção leva a
uma série de relacionamentos destrutivos – porque não entendemos que sempre projetamos no
outro nossas próprias limitações e nosso estresse.

Quando nos pegamos culpando alguém, lá fora, por qualquer coisa, é porque falhamos em
entender que nossa sensação de depressão e de incompletude vem de dentro de nós mesmos. A
tentativa de culpar alguém do lado de fora sempre deriva da nossa falta de autoestima e de poder;
sentimo-nos desamparados e desvalorizados internamente, e projetamos isso para fora. Nenhum
relacionamento pode resistir ao poder destrutivo que resulta do não reconhecimento dessa
característica de projetarmos.

Quando éramos crianças, usualmente não encontrávamos saída para as demandas conflitantes
do nosso ambiente, salvo esconder [não revelar] aspectos de nós mesmos. Essa sombra interna
escondida e reprimida nunca amadureceu, mas contém numerosos fragmentos de nossa
personalidade, que há muito aguardam aprovação e reconhecimento conscientes. Entretanto,
como sempre julgamos intensamente o que a nossa sombra contém, é mais provável que
preferíssemos comer nossas unhas, que encarar tudo que escondemos no interior. Como uma
múmia na cripta, desejamos que tudo isso fique escondido e enterrado para sempre. Mas nossa
sombra contém coisas bonitas e de valor, que nunca foram desenvolvidas porque em nosso
ambiente nunca houve reconhecimento para elas. Se em nossa infância não houve suporte ou um
Página
16
exemplo vivo para nossas tendências naturais e capacidades latentes, automaticamente
reprimimos uma grande parte de nós mesmos – frequentemente, a melhor parte! É por isso, por
exemplo, que a percepção celestial é tão rara nos adultos; com as crianças é diferente: muitas
vêem os elementais, os anjos e devas – mas os adultos riem delas, se elas falam dessas visões.
Assim, com o tempo, a habilidade delas encolhe e desaparece.

Como a sombra representa partes reprimidas de nós mesmos, sua percepção mais comum é
justamente na projeção sobre os outros. Nos outros, tudo aquilo que invejamos ou odiamos são
porções de nós mesmos, que julgamos inadequadas para o nosso Universo.

A sombra não pode ser completamente reprimida ou removida à força. O único caminho para
resolvê-la [conquistá-la] é parar de julgar. A alma em evolução precisa eventualmente acolher os
desejos, necessidades e sentimentos recolhidos no interior. Até que isso aconteça, a maior parte
de nossa energia ficará presa a subpersonalidades conflitantes, que compõem nossa sombra
reprimida; até que isso aconteça, a vida segue em desequilíbrio, que pode ser severo. Encarar a
própria escuridão interior requer coragem e humildade. Um toque de fé também é útil: se
acreditarmos que podemos abrir nossas portas internas sem nos causar estrago, podemos
começar a reintegrar as personalidades de que havíamos desistido, e parar de projetar nossos
julgamentos e desejos sobre os outros.

Sem os mecanismos naturais de evolução através da Ascensão, esse processo pode ser doloroso:
para muitos de nós, é o choque de nos vermos como realmente somos (em vez de como
gostaríamos de ser ou como pensamos ser) que inicia nossa jornada rumo à iluminação. Mas, o
que quer que custe, esse reconhecimento é indispensável para forjar a verdadeira liberdade.
Assim, a única resposta apropriada não é se tenho ou não que começar esse processo, mas quão
urgentemente tenho que começá-lo! Uma viagem de mil milhas começa com um simples passo;
temos que fazê-la, ou nossa sombra vai continuar nos vergando e matando; e o tempo de começar
é AGORA!

Felizmente, através da prática da Ascensão todas as áreas reprimidas da personalidade são


expostas à Luz Infinita do conhecimento perfeito, harmoniosa e graciosamente, sem maior
esforço. Isso transforma o que poderia ser um processo lento e difícil numa descoberta excitante,
de alegria crescente.

Página
17
IV – IGNORÂNCIA
Aquilo em que você põe sua atenção cresce

O estado de vigília [na fase ainda não desperta da consciência] é chamado de ignorância – porque nesse
estado a Realidade Onipresente do Ascendente Infinito não é experimentada, mas ignorada. É
também conhecido como “identificação”: a mente é capturada pela interpretação de experiências
passadas, e não se libera para experimentar a liberdade da vida tal como ela se apresenta no
momento presente. É capturada pela “identificação” com os contornos: só o nível mais primário
dos objetos é percebido; o Ascendente Ilimitado passa despercebido. No estado ainda não
desperto não existe consciência do Ascendente Ilimitado – ou, na melhor hipótese, só um traço
muito tênue. Dessa forma, a vida é tomada pela identificação com desejos, pensamentos e posses;
isso é como perder um milhão para ganhar um centavo.

O estado de vigília [na fase ainda não desperta da consciência] é caótico, incoerente: é fragmentado entre
pensamentos produzidos pelo hemisfério esquerdo, racional, e aqueles criados pelas emoções
verdadeiras e falsas de amor e de medo, respectivamente. Silêncio e clareza são ocorrências
raras: a mente está sempre ativa, correndo de um fluxo de pensamentos para outro - de
determinados arrependimentos, preocupações, dificuldades e desejos, para outros. O estado
ainda não desperto é como um pequeno barco num mar revolto, a lidar com cerca de 50.000
pensamentos por dia, num fluir praticamente fora de controle.

Como retornamos para nossa herança de Infinita Consciência? Como alcançamos silêncio
permanente no interior? Como adquiririmos liberdade verdadeira?

Para escapar da ignorância são necessários: (1) a humildade de reconhecer que no estado ainda
não desperto de consciência muitas das nossas mais prezadas crenças (talvez todas!) não são
verdadeiras; (2) o desejo de mudar; (3) a coragem para desafiar e apagar as crenças que já não
nos servem; (4) rendição à Vontade Cósmica; e (5) disciplina... ... ... ...

Também necessária é (6) consistência – ou a inteligência para fazer uma escolha e a ela aderir
(sem procurar seu oposto). Em outras palavras, a Natureza tenta apoiar todos os desejos
humanos, mas quando tais desejos são mutuamente conflitantes, o que pode Ela fazer? Ela
sempre fará uma escolha consistente - e só então se podem fundir as forças da lei natural para
criar sucesso.

A abundância em qualquer área de interesse humano é sempre o resultado de: (7) compromisso
unidirecional! Simplesmente não funciona dizer: “vou mudar, assim que as condições exteriores
permitirem”. O Universo pode descartar essa proposição do ego – e, certamente, vai
desconsiderá-la. O que funciona, mesmo, é dizer: “vou mudar agora, hoje! À medida que caminho
em direção ao meu objetivo, presumo que os meios necessários se manifestarão para mim.” E
certamente eles se manifestarão, pois em vez de resistir ao fluxo da vida, a individualidade agora
se alinhou à Vontade Cósmica.

Meu professor dizia: “os meios necessários se ajuntam ao redor da sattva.” “Sattva” significa
pureza e clareza. Dessa forma, (8) pureza de vida e (9) clareza de intenção trazem realização, tão
inevitavelmente quanto nuvens carregadas trazem chuva.

Página
18
Tentar alcançar a iluminação sem as qualidades acima alinhadas equivale a uma tentativa de
extrair manteiga de água pura. Simplesmente, não é possível! Mas, com a Ascensão, a sabedoria
requerida para seguir o caminho da iluminação se desenvolve naturalmente, com base no
encantamento progressivo da experiência. A vida individual começa a mudar rapidamente, à
medida que decresce o estresse no sistema nervoso; todas as condições para crescimento são
alcançadas. Todos os requisitos para crescimento são alcançados, quando as várias partes de
nossa personalidade começam a cooperar conosco. Esse processo é natural, não requer esforço
especial - e resulta numa dramática transformação de todas as áreas do interesse humano.

- MORTE DO EGO -
Quando nascemos, nossa necessidade primária é nos relacionarmos com o mundo externo. Nossa
necessidade de apoio físico e emocional significa que precisamos dirigir “para fora” nossos
sentidos (para longe do silêncio interno e da plena consciência!), para dentro do campo da
multiplicidade. Para fazer isso, organizamos nossa consciência numa estrutura ilusória, que
mantém artificialmente nossa separação do Ser Ascendente interior. Essa estrutura [ilusória] é
conhecida como EGO. Isso foi projetado como um estágio de desenvolvimento necessário, mas
temporário, não para ser “tudo” ou “o fim de tudo” da evolução humana. A dominância do ego
não é para continuar após a puberdade...

É nosso apego ao ego que nos mantém presos ao mundo da ilusão, naquilo que em Sanskrito é
conhecido como “sansara”. Literalmente, “sansara” significa sucessão perpétua ou ciclo eterno:
subimos para cair, sempre e de novo, até que o ciclo interminável é Ascendido. Como a estrutura
do ego é ilusão, no nível mais profundo todos desejam ultrapassar [Ascender] tal criação artificial. A
ilusão tem que ser abandonada; o ego deve morrer.

Se não for entendido corretamente, esse processo de expansão adiante dos confins do ego pode
ser muito doloroso. Sem haver recebido o conhecimento criticamente necessário para tal
empreitada, nesse ponto muitos desistem da busca por iluminação.

Em casos extremos, um intenso sentimento de vazio, à medida que se vai abandonando os


padrões antigos de comportamento, pode levar ao desejo de morrer. Esses impulsos suicidas são
sinais do nosso Eu mais elevado, à conta de que as antigas atitudes que permanecem no nosso
caminho devem acabar. Dominar esse processo pode ser um ato da mais pura coragem! Sem
Ascensão, renunciar à vida do eu inferior, orientada pelos sentidos, pode ser aterrador para o ego;
do seu ponto de vista (do ego - a estrutura ilusória de limitação criada pela mente), o nascimento
subseqüente para a iluminação é impossível e inconcebível.

Uma segunda distorção para o crescimento da consciência pode ocorrer nas doenças com risco
para a vida. Esse desafio pode ainda ser mais sutil que um desejo aberto de autodestruição – mas
a causa é a mesma. As forças espirituais internas são poderosas; como deuses míticos de culturas
antigas, podem parecer temperamentais ou caprichosas. Se ignoradas ou desonradas, podem
tentar nos destruir; naturalmente, o propósito delas não é nos matar, mas quebrar nosso vício
com visões limitadas do mundo. Através do portal escuro da morte, entramos em estados mentais
idênticos àqueles que descobrimos internamente durante a Ascensão. As doenças debilitantes
podem ter o mesmo efeito: como uma Fênix ressurgida das cinzas, uma personalidade
inteiramente nova emerge da morte dolorosa do “velho”.
Página
19
A experiência xamânica antiga ecoa esse tema: é só quando o iniciado aceita a comunicação do
mundo interno, que o espírito torturador o faz retornar à vida e à saúde, e um novo papel se inicia
na vida do xamã. Todo o propósito desse evento é dissolver as fronteiras rígidas do pensar com o
ego. Felizes aqueles que podem alcançar isso pela via da Ascensão, sem ter que morrer ou
experimentar doenças capazes de causar a morte.

O que é necessário para nosso crescimento é a entrega a um poder superior. Somente pela
morte do velho sistema de pensamento do ego, é que o renascimento pode ocorrer. Tornar-se
imortal por meio do morrer é o tema de muitos mitos antigos. Por baixo do caos do estado ainda
não desperto da mente está o perfeito silêncio e a beleza da bênção infinita do Ascendente.
Quando o ego é eliminado, a iluminação se acerca automaticamente. Isso é a transfiguração do
ego.

Isso foi tentado simbolicamente nos ritos de iniciação da morte de várias culturas antigas – e em
algumas culturas aborígenes atuais. No Egito, por exemplo, o padre noviço era instruído a
permanecer no sarcófago, até que seu ego morresse. Ocasionalmente, esse processo matava o
próprio aspirante, mas, quando tal não ocorria, o padre retornava dos portais da morte com
conhecimento verdadeiro do Ascendente.

No Ocidente, o exemplo da paixão de Cristo é uma representação perfeita da necessidade da


morte do ego, como porta de acesso ao Ascendente. ... ... ... ... O eu pessoal é crucificado para dar
lugar à Realidade transcendental do Filho de Deus.

Até que essa fundamental transfiguração ocorra, continuamos identificados com o ego, à medida
que ele reprime partes de nossa personalidade em favor de crenças segmentadas. Quando
começamos a crescer em iluminação, essas partes reprimidas começam a clamar por
reconhecimento e aceitação; isso pode conduzir a intenso conflito interno. Forças que se opõem
em nossas vidas crescem em energia e poder, até que a morte do mundo parece iminente.
Manifestamos, em nossas vidas individuais, a antiga batalha mítica entre dois exércitos quase
igualmente Onipotentes, enfrentando-se um ao outro em busca do controle da Terra.

E, ainda assim, é precisamente pela reconciliação de valores internos antagônicos [forças que se
opõem], que o desenvolvimento pleno da consciência pode ocorrer. O amor universal é necessário
para que manifestemos a natureza “toda-includente” do Ser Divino interior: amor em direção às
porções escondidas de nós mesmos, até então negadas, naturalmente se traduz em amor por
todos e por cada coisa do mundo. Esse amor incondicional e aceitação são o oposto do julgamento
– julgamento sempre fundado na projeção de um ego ancorado em medo.

A Ascensão definitiva é quando reconhecemos que todas as condições limitadas do nosso


sistema de crenças devem ser entregues ao poder Onisciente e Onipotente do Ascendente. Isso
resulta numa transformação radical de nossa existência anterior, estruturada com base no ego; o
eu pequeno e limitado sobe para o Universal. A morte [de Jesus] e a Ascensão do Cristo servem
então de modelo para o aspirante à iluminação. O temporal e o pessoal são ascendidos, quando
sobrevém a Universalidade; o ego se funde ao Ser Universal.

Esta é a essência da renúncia – renúncia não é viver a vida como monges ou freiras! Renúncia
verdadeira significa que toda e qualquer crença no ego foi descartada – não que neguemos certos
desejos ou padrões de comportamento. É uma interpretação errônea do caminho para a

Página
20
iluminação, imaginar-se que ele só é apropriado aos reclusos. Isso decorre de entendimento
limitado ou incorreto de líderes tão iluminados quanto Cristo, Shankara e Buda.

Os Budistas Mahayana, por exemplo, definem os três requisitos para evolução [para superar o estado
ainda não desperto]: (1) experiência clara do Ascendente; (2) compaixão; e (3) renúncia.
Originalmente, isso preconizava renúncia à identidade com o ego [identidade com pensamentos
egoicos]; com o tempo, a interpretação original foi mudando, e se veio a pensar que era necessária
uma vida de monge ou freira, uma vida reclusa. Mas a verdadeira renúncia é o resultado natural
da experiência clara do Ascendente, nada tendo a ver com padrões externos de vida (e assim
também com a compaixão)! Esta é a natureza três-em-um do Ascendente: a mente, o coração e o
corpo ascendem juntos para plenitude. O que sabe, o que é sabido e o processo de saber, todos
crescem simultaneamente em perfeição.

À medida que a mudança se acelera em razão de Ascensão repetida regularmente, a viagem se


pode tornar mais suave ou mais difícil. O que causa a diferença? A experiência habitual da
Realidade ocasionada pela Ascensão mexe com todas as nossas crenças acerca da vida. Os velhos
hábitos e vícios vêm à superfície para reavaliação. Qualquer área da vida em que a integridade
tenha sido negligenciada [comprometida] vem a foco, permitindo-nos escolher, de novo, se
queremos continuar com velhos padrões de comportamento ou se adotamos novos - com base
nas mudanças em curso na nossa experiência de vida.

Na Ascensão não existem “faça” e “não faça” – nenhum dos dois é necessário ou desejável. Em
meio a uma experiência continuada da Verdade, tudo que não serve é natural e inevitavelmente
descartado. Mesmo sendo assim, há uma zona de transição. Estamos dispostos a abraçar as
mudanças da Evolução? Ou resistimos e tentamos nos agarrar ao passado? Essa última
alternativa sempre resulta em dor; é o mesmo que tentar vestir um terno três vezes menor que o
nosso número... Machuca!

O rio da vida nos empurra decididamente para frente. Se resistirmos e tentarmos nos agarrar às
margens, seremos feridos e cortados. Se nos entregarmos ao fluxo, contudo, vamos à frente para
um ousado futuro de aventuras e descobertas. É realmente uma escolha simples – uma que pode
ser adotada a qualquer tempo. Independentemente de quão forte seja a tendência para nos
agarrarmos a coisas ou crenças [passadas], nada pode resistir por muito tempo ao poder altamente
benéfico da Ascensão praticada corretamente.

Vida é alegria! O propósito da vida humana é expandir o amor. O amor cura: não existe
enfermidade de corpo, mente, coração ou alma que possa resistir ao amor incondicional. Um
coração que ama está em alegria a cada momento. Nada pode resistir a seu poder de crescimento.
Os problemas da vida acontecem quando tentamos resistir às lições do amor. Se tentarmos nos
segurar ao passado, sofremos e a vida se torna mais complexa. Se aprendermos a “largar” e a
confiar em cada momento, em cada situação da vida, voaremos para frente, em asas de águia,
para o coração de Deus – que é pura bênção e amor infinito.

Como podemos administrar a transição? Estando dispostos a “largar” tudo! Tudo que for real vai
perdurar, mas o apego irá embora. É o apego que “segura” e causa dor. Liberdade do apego é
alegria, e conduz ao mais rápido e confortável crescimento. O apego conduz ao inferno!

Será que isso significa que posses e relacionamentos de alguma forma são ruins? De modo algum!
A família real, no palácio, pode ser iluminada; o eremita, em sua caverna, pode ser muito mais

Página
21
ignorante. Não são as posses, em si mesmas, que escravizam ou causam problemas e dor – mas o
apego a elas! Para ser livre, então, esteja disposto a desistir de tudo, se isso lhe for requerido.
Assim, sua vida se pode tornar um instrumento significativo para a evolução. Mas, se você tentar
agarrar-se às coisas, você perderá aquilo que busca preservar - vai sofrer no processo, e morrer no
fim.

Na condição da mente ainda não desperta, é precisamente a tendência a agarrar-se a tudo que
causa tanto estrago no mundo. Libere-se de tudo, torne-se parte da solução e deixe de ser parte
do problema. Onde estiver seu tesouro, aí também estará seu coração. Se você guardar seu
tesouro onde as traças comem e a ferrugem consome, no fim você vai chorar pelos seus ídolos
perdidos – pois, um a um, eles serão tirados de você! Um dia, você vai retornar à Vida como veio a
este mundo: despido de corpo, mas trilhando nuvens de glória, por meio da sua alma. Assim,
escolha hoje a Beleza e a Verdade e o Reino dos Céus - não em algum dia distante do futuro, mas
hoje, aqui e agora - e observe como rapidamente sua vida se transforma em magia, em maravilha,
em amor e em alegria.

Leve essas palavras simples ao coração e eu lhe prometo: você dançará com os Ishayas, na Vida
Imortal, aqui mesmo na Terra. Ou nos negue, e fuja! Nenhuma diferença faz para nós – mas, que
enorme diferença para você! Tantos rios fluíram antes para o Oceano Ilimitado! O oceano não
precisa de nenhum deles – mas a todos aceita, sem bajular nenhum. O estado dele [oceano] nunca
muda; mas, que diferença para o rio! Seus limites estreitos desaparecem; o rio aprende: “eu sou o
oceano”, sou Infinito, Ilimitado, Eterno! E nada disso é reconhecido como um conceito árido,
intelectual, mas como a Verdade vibrante e vivida daquilo que é!

Unam-se conosco, crianças da Luz e da Verdade e da Alegria, e em uma geração transformaremos


esta Terra num Paraíso, de volta ao Jardim do Éden. E descobrimos que a Árvore do Conhecimento
do Bem e do Mal naturalmente se transforma na Árvore da Vida Imortal. As dificuldades do estado
não desperto serão universalmente substituídas pela Cognição Direta da Consciência Perfeita – em
que cada pensamento é baseado num estado de Alerta Infinito. Estamos no limiar de uma nova
era, uma era profetizada em todo o mundo, por milhares de anos. A Nova Jerusalém está à mão
– as vinte e sete técnicas de Ascensão são a chave-mestra para destravar todos os limites das
escolhas e experiências dolorosas do passado, revelando a Alegria Ilimitada da vida, como ela é.

- A MENTE -
A vida é uma aventura ousada – ou não é nada
Helen Keller

A função da mente é estar consciente dos nossos pensamentos e do ambiente. Mente não é o
mesmo que consciência *“awareness”+ – antes, é a máquina operada pela consciência *“awareness”+. A
antiga crença de que a consciência [“awareness”] é um produto do corpo físico é uma superstição
materialista que está caindo rapidamente em desuso na comunidade médico-científica. A
tentativa de entender a consciência [“awareness”] como resultado de processos químicos e elétricos
nos neurônios e no tecido nervoso sempre foi ruinosa – pois a fonte da consciência não é a
estrutura física de nossos corpos. A consciência é primária; o corpo e o cérebro físico são
secundários. Os doze bilhões de células do sistema nervoso central criam a estrutura física do
maior computador de todos os tempos, mas elas – de si mesmas – não estão conscientes *“aware”+

Página
22
de nada, não mais que os fios e circuitos de um computador (de si mesmos) estão “conscientes”
[do programa nele em curso].

As várias funções da mente física são executadas por uma complexa rede de neurônios
interconectados: cada neurônio está conectado a muitos milhares de outros através de conexões
sinápticas diretas – e a milhões ou bilhões de outros, por meio de receptores de neuropeptídios.
Existem 50 trilhões de células no corpo; cada uma é capaz de produzir neuropeptídios, que se
comunicam com os neurônios no cérebro. Assim, a mente não é limitada ao córtex cerebral; de
fato, somos corpos-mente; toda a estrutura de nossa fisiologia é inteligente, capaz de conversar
consigo mesma em todas as direções. Toda ela está viva, em sabedoria; toda ela reflete nossa
consciência individual *“our individual awareness”+.

A memória e o aprendizado ocorrem quando repetimos suficientemente um comportamento, de


forma que novas rotas neuronais são criadas. Quanto mais uma ação é repetida, mais profundos
se tornam os canais [os sulcos] no cérebro: quanto mais neurônios entram no ciclo, mais fortes se
tornam as conexões entre eles [e mais automatizado o comportamento]. Quanto mais repetitivo um
comportamento, mais os hábitos, crenças e julgamentos a ele relacionados tornam-se difíceis de
modificar.

A autopercepção, que é nosso ego, é construída sobre essas estruturas mentais. Ainda que
práticos para muitas coisas na vida, o problema com esses programas internos é que eles
impedem-nos um fluxo livre de consciência: deixam-nos presos a comportamentos e crenças
antigas e com dificuldade para evoluir em nossa experiência de vida, pois a mente só ecoa
[reconhece, identifica] facilmente aquilo que corresponde a vivências anteriores. Experiências novas
não se encaixam facilmente, se não existir um padrão interno similar e anterior; a mente filtra e
descarta aquilo que não entende2, especialmente se a nova informação trouxer algum tipo de
ameaça à continuidade do ego.

Por isso, o ciclo desejo-impressão-ação-experiência continua, e é difícil de ser quebrado. Um


impulso de desejo nos vem do Ascendente e colide com alguma impressão mental anterior, que
dá cores ao desejo; o desejo, comprimido, comanda uma ação para preenchê-lo; essa ação leva a
uma experiência, que reforça a impressão inicial. Em seu Universo particular, o ciclo não pode ser
quebrado; não há escapatória. Um novo programa [reprogramação] torna-se então necessário: a
Ascensão, por exemplo, supre os meios para que, sem esforço, nossas estruturas mentais internas
sejam reescritas, com a mente se abrindo a novas experiências, num caminho crescentemente
prazeroso.

Nossa experiência da realidade não pode ser separada das crenças, pensamentos e percepções da
mente. A principal função da mente é criar o que ela acredita ser a realidade. A mente é como um
espelho. Se a superfície do espelho está suja, o reflexo vai aparecer nublado ou distorcido. Não há
nenhuma possibilidade de que experimentemos, de fato, a verdadeira realidade de qualquer
coisa *a Realidade, com “R” maiúsculo!+ – mas apenas sua ressonância com nossas crenças, julgamentos
e programação interna. O que é, de fato, esse espelho [a mente]? Sem o reflexo dos objetos, o
espelho desaparece. A mente pode refletir qualquer coisa, mas, sem alguma coisa para refletir, ela
se torna apenas consciência *“awareness”+ – impossível de ser “contida” pelo intelecto *“... impossible
to grasp by the intelect”+. A verdadeira natureza do estado de “alerta da mente” pode ser

2
Lembrar DVD “Quem somos nós?”, em que uma médica neurologista famosa afirma que os nativos americanos “não
enxergaram as caravelas dos espanhóis, pois, na mente dos nativos não existia nenhuma referência prévia às
caravelas”. Elas estavam ao largo, mas os nativos simplesmente não as viam!

Página
23
experimentada por meio da redução sistemática de pensamentos e objetos, pela Ascensão – mas
isso nunca pode ser entendido pelas faculdades racionais.

Se abusarmos da mente, caímos doentes; se a usarmos tal como seu uso foi projetado, concluímos
que a saúde física e mental é o resultado do estilo natural de funcionamento da mente. À medida
que a consciência se vai expandindo, como resultado da Ascensão, torna-se evidente que a
maioria dos problemas da vida (quiçá, todos!) estão enraizados em crenças antigas destrutivas e
no julgamento dos desejos projetados – e no seu oposto, da aversão projetada. A mente está
sujeita a uma interpretação distorcida de TUDO – até que se estabilize a consciência do
Ascendente.

O estado de vigília [estado ainda não desperto] é uma alucinação coletiva! O estado hipnótico do
condicionamento cultural da humanidade resulta de uma tendência inerente à mente: definir e
dar nome a tudo e a cada coisa!

O “dar nome” ocorre quando a mente organiza percepções em um dado objeto – e dá significado
a tal objeto mentalmente criado. Essa realidade artificial nada mais é que um resultado da
percepção sensorial; é o produto de um conjunto de imagens e conceitos da mente – não tem
existência independente ou externa. Nada existe separado do valor que lhe assinalamos. Esta é a
maneira como a mente permanece abstraída da experiência em curso: em lugar de enxergar as
coisas como de fato são, AGORA, a mente vê apenas o passado – ou, mais precisamente, seus
próprios julgamentos e crenças acerca do passado!

No estado ainda não desperto, a visão é de que tudo tem uma existência independente. Mas, que
existência é essa? Se tomarmos qualquer coisa isoladamente [separada do todo], concluímos que ela
não mais existe. Desmonte um computador, em seus diversos componentes, e o computador já
não existe. “Computador” é só um nome que assinalamos a uma aparência – a um conjunto de
componentes *que, separados, “matam” o computador!+.

A realidade externa é exclusivamente fenomênica. Em Sanskrito é chamada “mithya”. Existe


externamente algo que chamamos “realidade”, mas ela nunca corresponde ao que a mente
pensa que ela é. Cada um de nós cria seu próprio Universo, com base em nossa interpretação
pessoal do fluxo cambiante de energias e aparências – à medida que elas são percebidas em
nossos fragmentos separados e isolados de espaço e tempo.

É nesse estado de vigília [estado ainda não desperto da consciência] que está a fundação de todo o
sistema de crenças do ego. Se as coisas existem independentemente, então esse “eu” do ego deve
ser também independente e real! Mas esse “eu” é também apenas mais um nome – não tem
nenhuma realidade inerente.

Quando a antiga programação que sustenta o estado não desperto é refeita [reescrita], a energia
aprisionada no estresse do corpo é liberada. Quando isso acontece, o espelho da mente torna-se
limpo: a Luz Clara do Ascendente, a verdadeira natureza da mente, brilha espontaneamente! E,
então, a vida se vai transformando cada vez mais rapidamente. O que contribui para esse
crescimento é “largar-se”, entregar-se ao fluxo das forças da Evolução; o que o retarda é tentar
segurar-se ao passado. Apegar-se a crenças e padrões passados de comportamento traz
sofrimento à vida em evolução; entregar-se, deixar-se levar pela nova realidade que brota de
dentro, cria alegria. Isso é uma escolha simples – bem mais simples do que pensamos! Quando
começamos a evoluir rapidamente, tendências da antiga matriz de comportamento podem-se

Página
24
opor às mudanças: tendências do ambiente, de relacionamentos passados, de antigas crenças ou
padrões internos. A culpa é usualmente empregada para evitar que as mudanças ocorram.
“Como você pôde fazer isso comigo?” é o grito amargurado de parcelas do passado; “Como pôde
ser tão inconsciente, tão descuidado?” Diante de tais questionamentos, são mesmo necessários
compromisso e decisão para seguir na nova direção.

Mesmo que eu fale a língua dos homens e dos anjos, se eu não tiver amor [caridade], nada serei; e se
eu tiver o dom da profecia, do entendimento de todos os mistérios, e se eu tiver todo o
conhecimento e toda a fé – a ponto de mover montanhas – e não tiver amor [caridade], nada serei.
Mesmo que eu dê tudo meu para alimentar os pobres, e mesmo que eu entregue meu corpo para
ser queimado – se eu não tiver amor [caridade], nada ganho3!

O amor [caridade] nunca acaba; quanto a profecias, elas passam; quanto a línguas, elas vão acabar; o
conhecimento passará. Pois nosso conhecimento é imperfeito – e nossa profecia, também; mas,
quando vier o perfeito, o imperfeito passará!

Quando eu era uma criança, falava como criança, pensava como criança e argumentava como
criança; quando me tornei homem, abandonei as maneiras da criança. Agora vejo através de um
vidro escurecido – mas face a face. Agora eu entendo parcialmente; então, entenderei totalmente –
do modo como fui totalmente entendido.

Fé, esperança e amor [caridade] – que magníficos. Mas, destes, o maior é o amor [a caridade!]!

I Coríntios I3

3
Apóstolo São Paulo

Página
25
V – A FUGA DA ESCURIDÃO
Tudo que está aqui está em todo lugar.
O que não estiver aqui não está em lugar nenhum.

Este mundo está sujeito a muitas incertezas. Tornar o corpo humano seguro é difícil ou impossível.
Se não for alimentado regularmente, o corpo morre; se não for protegido dos elementos, fica
doente – e pode morrer. O corpo está sujeito a acidentes: pode ser facilmente esmagado,
quebrado ou queimado. Não é muito provável que ele alcance a marca de um século! A segurança
financeira é uma quimera – na melhor hipótese, instável. A qualquer momento, o significado e a
estrutura das nossas vidas podem ser severamente abalados pela morte ou doença de nossos
amados. Fundamentalmente, esta vida é incerteza. Mesmo os mais sofisticados armamentos –
ditos de defesa! – podem ser eventualmente superados, subvertidos ou destruídos.

À vista desses fatos tão óbvios, que alternativas podem existir senão frustração e desespero?
Agitamos nossos punhos, com raiva, diante do Deus cruel e julgador que criou este mundo tão
terrivelmente doloroso. Na melhor hipótese, nossa alegria é passageira – um beijo roubado e,
depois, a escuridão e o isolamento da solidão permanente; a opacidade e a tristeza da névoa.
Quantos de nós não escolhemos renunciar às nossas percepções mais sutis, apenas para não ver a
triste realidade da Terra? Quantos já não buscamos “matar” nossos sentidos ultrajados, com
cinema, televisão, vídeos, trabalho, drogas (ou uma série inumerável de outras fugas), para
enganar nossa sensibilidade doída e ultrajada?

Quantos de nós alguma vez ousamos perguntar “por que”? E, mesmo para o incomum buscador
do Conhecimento Final, quantas vezes não foi o resultado de sua busca a improvável descoberta
de que a vida é essencialmente sem significado? É a vida um drama sem sentido, criado por um
Deus insano? Ou será, talvez, o resultado aleatório de processos bioquímicos inevitáveis em algum
lugar do Universo Infinito? Quantas vezes o buscador de descobertas independentes não se
desespera, e passa a adotar sistemas de crenças dos outros - sejam religiosos, filosóficos ou
científicos? Onde está aquele que encontrou o Ser Verdadeiro, o Controlador Interno, a Mente
Divina?
[Estejamos, contudo, atentos!]

Nossos sentidos nos mentem! Nossos sistemas de pensamentos, estruturados por crenças ou
experiências sensoriais e lógicas, estarão necessariamente errados, se imaginarmos como REAL
qualquer coisa que percebamos. A vida [a Realidade!] não é o resultado de um consenso de
opiniões; não é dependente da nossa experiência sensorial, do nosso pensamento racional ou de
nossas crenças.

Nossos sentidos nos mentem! Todo dia vemos o Sol nascendo a leste e se pondo a oeste. Por
séculos sem fim, este foi um fato incontroverso para a maioria da humanidade. O Sol girava em
torno de uma Terra plana! Todos sabiam disso! Mas, como viemos a conhecer, a percepção era
FALSA! A lógica e os sistemas científicos baseados naquelas observações eram EQUIVOCADOS! Os
sistemas filosófico e religioso, ERRADOS!

Nossos sentidos nos mentem! Por séculos, a natureza indivisível da matéria foi aceita como
verdade evangélica. Mas, hoje, que mente racional duvida que a matéria é apenas energia
“congelada”? Aquilo que consideramos “sólido” é 99,99% espaço vazio! Tome um átomo e o

Página
26
expanda para o tamanho de um estádio de futebol – e onde estará a matéria? Um pontinho no
centro do estádio é o núcleo, com prótons e neutrons; uns fantasminhas infinitésimais, girando lá
no alto das arquibancadas, são os elétrons; todo o resto é espaço vazio! Onde, mesmo, está a
matéria “sólida”?

Nossos sentidos nos mentem! O que acreditamos – ou viermos a acreditar – com base em nossa
experiência, usualmente não é verdadeiro. E nosso conhecimento do mundo muda a taxas cada
vez mais aceleradas. Aquilo que ontem era fato, hoje pode ser questionado – e, amanhã,
rejeitado! A cada dois anos dobra o total de conhecimento humano. Quem, de fato, pode estar
ciente de tanta coisa nova?

É natural que encaremos com orgulho o nível atual de conhecimento científico. Por isso, não é
incomum que consideremos tolos ou ignorantes os sistemas filosóficos e religiosos de gerações
passadas [como, no futuro, serão considerados os nossos...]. Assim é a natureza humana; mas isso é
apenas mais uma camada de ignorância!

- UM EXPERIMENTO PARA A VIDA -


Se quiser, aqui está uma experiência que você pode fazer. Toma apenas um pouco do seu tempo e
pode ser muito produtiva. Por um breve momento, imagine que é errado tudo que você hoje sabe
sobre o gênero humano e sobre o mundo. Imagine que seja falsa qualquer conclusão a que você
jamais tenha chegado; que você esteve e continua sonhando. Imagine que nunca tenha morrido
qualquer pessoa que você jamais conheceu, que tudo foi apenas um drama mágico, criado apenas
para você. Imagine que ninguém jamais ficou doente, que ninguém jamais sofreu. Imagine que são
falsas as lembranças que você tem, de suas próprias dores; que você nunca sofreu de qualquer
forma (e que não pode vir a sofrer!), que simplesmente esteve dormindo e sonhando com
estranhas fantasias.

Um pensamento incomum? No limite, espantoso? Você insistentemente mantém que conheceu


muitos que sofreram intensamente – e morreram? Você mesmo tem problemas crônicos e hábitos
autodestrutivos; você mesmo enfrentou perdas, decepções, feridas – fatos inegáveis de sua vida.
Então, como é que eu lhe posso pedir para imaginar um mundo tão perfeito? Um mundo sem
qualquer tipo de dor, sofrimento ou perda? Talvez, até, tal mundo já tenha sido possível em
passado remoto; talvez venha a ser possível num futuro distante e ainda obscuro; mas não agora;
não aqui! Talvez ele possa existir em algum sistema estelar distante, onde uma raça afortunada
tenha desenvolvido o estado de perfeição – por meio de intenso progresso científico e espiritual.
Talvez, um dia, a tecnologia possa eliminar todo o sofrimento humano. Ou talvez isso nunca
aconteça na Terra, talvez tal estado de paz esteja para sempre reservado aos abençoados, no Céu,
aqueles que depois da morte foram julgados dignos da Vida Eterna. Talvez, então, a Força Curativa
Onipotente amorosamente enxugue nossas lágrimas, e renasceremos na perfeição e luz da nossa
própria beleza, liberada pelo Ascendente.

Mas, certamente, não aqui; não agora! Esta é uma proposta impossível, ilógica e rejeitada por
qualquer vestígio fornecido pela nossa crença, lembranças e percepções.

Outra vez, contudo, eu insisto: “e se for assim”? E se todo seu sofrimento – e o dos outros – tiver
sido uma mentira rebuscada, uma ilusão criada pela crença de que você está separado do seu Ser
Interior perfeito? O que acontece com a dor, no sonho, quando você acorda? Se tiver sido um
Página
27
sonho particularmente doloroso, você pode dar de ombros com alívio, pois, afinal, foi tudo uma
série de alucinações. E, então, agradecido por se ver livre do terror do sonho, seu coração
disparado volta ao normal, à medida que você segue tranquilamente com sua vida diária.

Vamos ser ousados por mais tempo, e levar o experimento um passo à frente. Pense numa dor
passada. Pode ser tão grande quanto você quiser. Uma queimadura severa, um braço quebrado,
uma doença séria; a morte de alguém próximo; qualquer coisa, mesmo! Pegue algo que ainda dói;
algo que é ainda fundo e doloroso! A traição daquele (ou daquela) a quem você amava e em quem
mais confiava. O Holocausto. O Vietnam.

Pegue essa “velha-nova” dor e a experimente agora. O que é essa dor? O que é ela, exatamente?
Como é senti-la? O que é dor? Você pode descrevê-la para você mesmo?

Se agora mesmo você se golpeasse com um estilete, o que você sentiria? Seus sentidos
imediatamente mandariam uma mensagem ao cérebro, via mecanismos do sistema nervoso; a
mensagem, interpretada, lhe faria dizer: “Ai!” Todo mundo sabe como isso é, todos já
experimentamos isso. Mas, o que é dor? O que é, exatamente? Se você deseja ficar livre do
sofrimento, este é um assunto que merece ser investigado.

Existe outra maneira de encarar o mundo, que não se baseia em crenças ou questionamento
intelectual, mas na experiência direta. [Nessa linha, mesmo a dor é relativa; depende de como você está
percebendo a realidade à sua volta!] Assim, se você estava bem, antes da “estiletada” – se tinha
acabado de ser promovido, tinha achado a companheira ideal ou tinha tirado 10 num teste difícil -,
você ainda assim sentiria a dor do golpe, mas não lhe daria tanta importância. Se, contudo, você
tinha acabado de ser demitido, de romper com sua noiva ou de fracassar num teste de álgebra – a
dor pareceria muito pior! Nesse caso, em razão do golpe você poderia questionar por que Deus
criou um mundo tão miserável; poderia amaldiçoar sua sina; chutar seu cachorro, jogar seu jantar
no chão – ou simplesmente gritar sua zanga e frustração para um mundo que pouco se importa.

Agora, suponha que você está participando de uma corrida de dez quilômetros, para a qual você
se preparou muito! Você está prestes a ganhar, quando outro corredor vem por trás de você e lhe
dá uma trombada. Ambos caem – e perdem a corrida! Como você se sentiria numa situação
assim? Se você é como todos nós, ficaria extremamente zangado!

Mas suponha que o outro corredor não trombou com você de propósito – ele simplesmente teve
um infarto mortal! O que acontece com sua raiva? Será que ela não daria lugar a piedade e tristeza
pelo outro corredor? O mesmíssimo evento, portanto, pode ser interpretado de formas
inteiramente diferentes – com efeitos intensamente diferentes sobre seu humor e sentimentos!

Agora suponha que você foi informado que o infarto ocorreu porque o corredor recorria ao uso de
drogas ilegais, justamente para ganhar a corrida. Mais uma vez seus sentimentos mudam! Uma
enorme raiva sobrevém, com toques de julgamento e condenação salgando seus sentimentos:
“Ele merecia, mesmo, morrer” – pensa você, feliz com a morte! Ou pode até ser que você sinta
alguma pena dele, conjecturando como é triste que quisesse tanto ganhar! E isso você oferece a si
mesmo, como prova de que o comportamento moral é recompensado [como você é “superior” aos
outros!].

Mas, logo lhe dizem que o atleta era um estrangeiro e que sua mulher, pais e filhos estavam
presos no seu país de origem. O ditador os soltaria, se ele ganhasse a corrida; se ele perdesse, eles

Página
28
morreriam sob tortura. E agora, o que acontece com seus sentimentos? [Você também não se
drogaria, tentando ganhar a corrida de qualquer jeito?] Para onde foi a raiva? Talvez se tenha transformado
em raiva contra o ditador, contra a política ou contra Deus, por fazer um mundo tão cruel e tão
sem sentido. Para onde foi sua raiva contra o corredor? Diante de tudo, quem poderia condená-lo
agora?

Nossa interpretação da realidade é tudo! Sempre temos ótimas razões para cada sentimento,
mas o fato é que nosso humor muda como as horas do dia: em dado momento, estamos cheios de
amor e alegria; no seguinte, somos ódio, dor e medo. E, em todos os casos, achamos nossos
sentimentos [e, portanto, nosso julgamento] plenamente justificáveis – sempre com base em nossa
interpretação da realidade!

O princípio em operação aqui é que [para nós] o mundo é tal como o percebemos. Existem
diferenças fundamentais nos graus de consciência, de pessoa-a-pessoa e mesmo de momento-a-
momento [numa mesma pessoa]. Em alguns dias nos sentimos melhores que em outros; estamos
menos “sobrecarregados”, somos mais felizes, mais criativos, estamos mais em paz conosco e com
o Universo.

Existem inúmeros graus de consciência disponíveis para cada ser humano. [Três deles nos são muito
familiares!] Há um estado em que tudo está parado e escuro, e a mente consciente nada pensa. A
isso chamamos “dormir”. Existe um outro estado em que só estamos limitados por nossa
imaginação; tudo que podemos conceber, ocorre! A isso, chamamos “sonhar”. E existe outro
estado, a que chamamos “vigília”, estruturado em determinadas leis físicas – em que a vida é
bastante previsível. Este é um estado em que se você coloca a mão no fogo, queima a mão! Se cair
do topo de um edifício de cinqüenta andares, morre! Dores, sofrimento e morte inevitável são
servidoras eternas da vida nesse estado [estado de vigília, com a consciência ainda não desperta].

Mas o estado de vigília é sujeito a variações. Tudo que muda não é permanente, não é eterno.
Podemos conceber vidas com pouca dor e sofrimento, mesmo que a morte seja o resultado final.
Quais seriam os limites de tais variações? Qual é o potencial da vida humana? Existe um limite? A
maioria vai concordar que “grandes almas” vieram a este planeta; seres tão à nossa frente, que os
reverenciamos como iluminados, santos, gênios – até mesmo como Deus encarnado. Mas, será
mesmo que só uns poucos são assim abençoados, capazes de pensamentos, compreensão e
amor mais profundos que os nossos? Ou será que todos têm esse mesmo potencial, que
simplesmente não está desenvolvido na pessoa comum?

Muitas tradições antigas preconizam que qualquer pessoa pode ascender à completa consciência;
todas (e cada uma) podem viver no mais alto grau de desenvolvimento humano. Longe de ser
privilégio de uns poucos escolhidos, abençoados por berço ou circunstâncias, as tradições antigas
afirmam que este é um direito de nascença de cada um de nós.

Se isso for verdade, não deve ser difícil nos mover para um nível mais expandido de consciência.
Não deve ser complicado – nem objeto de fé! Não deve requerer intelecto gigante ou crença
inabalável. Nada pode ser necessário, que qualquer ser humano, em qualquer lugar, já não seja
possuidor. O requerimento único seria a curiosidade e a boa-vontade de dar uma chance para
que a transformação ocorra!

Que curioso! Isso descreve muito bem a prática da Ascensão, como ensinada pelos Ishayas.

Página
29
- ABRINDO A PORTA -
As recompensas pelo desenvolvimento da consciência são ilimitadas – todas as áreas da nossa vida
são beneficiadas! Não há problema – físico, emocional, mental ou espiritual – que não possa ser
atenuado ou resolvido, à medida que o indivíduo caminha na direção de uma conscientização
total.

Porque isso é assim, pode não ficar muito claro agora. Os problemas da vida são multifacetados e
agudos. Como pode uma única coisa [expansão da consciência] afetar todas as áreas da vida?

Considere nosso Sol: uma fusão termonuclear, afastado cerca de 96 milhões de milhas da Terra;
durante o dia, ele afasta toda escuridão de qualquer canto de nossas vidas.

Da mesma forma, existe uma luz em nossas mentes, que podemos chamar de consciência,
espírito, Ser Superior ou alma. Essa consciência mais interna *“awareness”+ atua em nossas vidas,
como o Sol atua na Terra. Essa consciência interior é a raiz da árvore de nossas vidas, a base de
tudo que pensamos, percebemos, sentimos ou fazemos. Chamar essa luz interior de “raiz da
árvore da nossa vida” nos remete à passagem metafórica da Bíblia sobre o Éden, a Árvore da Vida
e a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal.

A interpretação dessa passagem (como tantas, nas escrituras) pela consciência não desperta tem
produzido resultados infelizes. A Árvore é, na verdade, o sistema nervoso humano. Quando usado
de forma correta, ele funciona como a Árvore da Vida, trazendo vida, saúde e todas as coisas boas
para o ser humano. Quando o ego humano (a serpente) é atraído pela experiência da dualidade, a
natureza emocional (o “princípio” Eva) come da maçã da dualidade, e a mente racional (o
“princípio” Adão) a segue; o indivíduo “descobre” a dualidade, sente frio e calor, acredita no bom e
no ruim! Nesse estado, o sistema nervoso perde sua inocente percepção da imortalidade e torna-
se a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal; nesse estado de julgamento, a vida dual termina
necessariamente em morte. Uma casa dividida [o ser dual] não pode durar muito; vai apodrecer e
decair. Se vivermos pela espada “de dois gumes” do julgamento, por ela haveremos de morrer.

Não é difícil restabelecer o funcionamento adequado do sistema nervoso – basta retirar da boca a
maçã envenenada da dualidade! Para fazer isso, deve-se parar de ouvir a serpente (os desejos do
ego), que leva à dualidade. No interior de cada ser humano existem duas vozes: uma fala pelo ego
[fala alto!] e conduz ao julgamento, ao medo, às defesas e à continuidade da ignorância; a outra fala
pelo Ascendente, e leva à clareza, ao amor, à invencibilidade e à auto-realização4.

Se a luz interior da consciência se vai fortalecendo, nossas áreas escuras e problemas de toda
sorte começam a desaparecer, como num passe de mágica. Não é necessário nenhum grande
dispêndio de energia, nem trabalho complicado ou profundo para resolver os problemas da vida –
eles simplesmente desaparecem! Alegoricamente, poder-se-ia dizer que o Reino dos Céus está à
mão. É aqui! É agora! Não é necessário tempo para alcançá-lo. Não é necessário passar anos em
meditação ou oração, para que isso aconteça. Não é necessário purificar o corpo ou a mente para
despertar para essa Verdade. Cada um de nós já está consciente! Tudo aquilo necessário para que
nos tornemos perfeitos – como perfeito é nosso Pai, no Céu – já nos foi dado! Onde está, então,

4
“Um Curso em Milagres” chama essa VOZ de “A Voz do Espírito Santo”, o Consolador que Deus deu aos homens
“separados”. Em razão do nosso livre-arbítrio, essa voz (a Voz por Deus) sempre fala baixo.

Página
30
o Céu? Está aqui, junto conosco, colado, em nossas mãos, em nossos corações. O Pai é nosso
nível de consciência mais expandido, nosso próprio Ser Eterno, perfeito! Deus, sendo amor puro,
só pode criar à Sua Imagem e Semelhança. Assim, nós, criaturas de Deus, também temos que ser
puro amor!

O que acontece com a escuridão da noite, quando o Sol se levanta? Para onde vai? O que
acontece com nossos sonhos, quando acordamos? Para onde vão? Num certo sentido, ambos são
desfeitos [terminados, não vão a lugar nenhum!]; no caso da escuridão, por exemplo, ela é
“conquistada” pela luz! Por que focar no destino das sombras [escuridão!] e das ilusões [sonhos!],
quando podemos nos alegrar na glória do Sol nascente? Celebremos nossa iluminação; não
lamentemos a perda da ignorância!

À medida que, na mente, o Sol da consciência se levanta, toda a área de sombras


automaticamente se recolhe, sem que tenhamos que nos preocupar; nada pode parar isso, que
vem para todos; nada pode atrasar isso, exceto nossa tendência de apego a crenças antigas [apego
ao passado!]. O “dia” sempre nasce; a “noite” termina; é inevitável e tão certo quanto a vida! É um
processo perfeitamente natural e inevitável. Uma vez iniciado, segue até a completude [o despertar
para a consciência plena].

Quem pode impedir o Sol de levantar-se? Felizmente, os processos naturais têm certa
inevitabilidade. Quando a luz da consciência infinita começa a vir, é difícil retardar o processo. De
fato, é muito mais fácil para o sistema nervoso manter-se funcionando no estado de plena
consciência (a Árvore da Vida). É até surpreendente como o estado não desperto – com sua
miríade de julgamentos e crenças (a Árvore do Bem e do Mal!) – se pode agarrar tão fortemente à
mente humana. Como é que os limites finitos dos pensamentos e sentimentos podem criar
obstáculo à Consciência Infinita? Isso é algo esquisito e estranho, que demanda enorme dispêndio
de energia a cada dia. Desperdiçar tanta energia é extenuante e, como já mencionado, é por isso
que é necessário dormir à noite; esta é a razão por que os corpos caem doentes, envelhecem e
morrem! Tanto da nossa energia é dedicada a evitar a percepção direta da Realidade!

Por que fazemos isso? Primariamente, porque em algum nível profundo da mente tememos a
alternativa. Tememos conhecer a nós mesmos! O ego nos convenceu de que nos conhecermos
significa perder nossa individualidade. E acreditamos que “nos entregar” significa que seremos
absorvidos numa “unidade” que nos “roubará” nosso ser [nossa individualidade corpórea, com a qual
nos identificamos]. Não é assim! A Verdade é que ganhamos nosso Ser Universal Cósmico! Mas, para
o ego, isso é medo, morte e danação eterna.

Quem quer ir para um Céu em que a coisa mais excitante é tocar a mesma harpa – e onde todos
se parecem e tudo é a mesma coisa? Poucas pessoas que eu conheça! Entretanto, é esta a idéia
que o ego nos passa com respeito à nossa iluminação [é em um Céu desses, tedioso, que acabaríamos...].

- A FONTE DA ESCURIDÃO -
Por que negamos, como se fosse uma praga, nosso crescimento interior em direção ao
autoconhecimento? Hábito é a primeira resposta: é a natureza de nossas crenças e de nossos
pensamentos que nos segura. Mas por que nossos hábitos dominam tão assustadoramente nossa
mente? Se o poder do Ascendente é verdadeiramente Onipotente, como é que qualquer coisa,
vinda de qualquer lugar, pode desafiar essa Força Absoluta?
Página
31
Logicamente, tal desafio não pode ocorrer! Nenhuma energia escura pode desafiar a Força
Infinita, nem por um milionésimo de segundo. E, se mesmo nesse tempo ínfimo, um desafio
pudesse ocorrer, ainda assim seria um desafio ilusório!

Se afastarmos nosso olhar da direção em que a luz do Sol ilumina, podemos ver a sombra. Se
nunca olharmos para os lugares iluminados, podemos ser levados a acreditar, com base em nossa
experiência, que as sombras são reais [vide a “experiência da caverna”, de Platão!]. Mas, qual a
importância das sombras, se no momento seguinte a luz incidir sobre elas? Na escuridão, nossos
olhos podem até ficar embaçados, de tanto buscarem discernir formas. Mas, à medida que se vão
acostumando à função deles, fica difícil ou impossível que voltem a enxergar sombras e escuridão
– até porque [na luz] a escuridão não mais existe!

A luz da Infinita Consciência reside no interior de cada um... ... Todos somos centelhas da chama
Divina; todos, criações do Ascendente, compartilhando Suas características: luz infinita, alegria
ilimitada, paz perfeita, amor para sempre e vida imortal. É nossa continuada decisão de voltar as
costas para a luz, que nos deixa perdidos na escuridão.

Isso [voltar as costas para a luz!] é uma resposta melhor que “hábito”. É sempre nossa escolha, se
vamos encarar a escuridão da dualidade ou a luz da unidade; o ser humano é dotado de livre-
arbítrio, como direito de nascença. Mas, em todos os aspectos, é feito à imagem do Ascendente; a
qualquer momento, pode reclamar sua herança.

Isso pode parecer surpreendente, pois a decisão de nos separarmos da luz foi tomada há tanto
tempo, que a maioria de nós tem apenas uma tênue lembrança da época em que éramos seres
saturados de luz.

Em retrospecto, entende-se por que tanta energia é despendida para manter a antiqüíssima
decisão de “estar” separado. A luz Infinita da consciência permeia tudo, cada partícula de espaço e
tempo, cada átomo do Universo, cada célula do nosso corpo. Difícil, mesmo, é manter o Infinito ao
largo; quantidades incríveis de energia são exigidas! Isso é tremendamente desgastante para a
mente típica, acelera a decadência e destruição do corpo – e causa uma impressionante
combinação de problemas físicos, emocionais e mentais. “Impressionante” em razão da lista quase
infinita de problemas, não necessariamente pela magnitude de cada um.

Uma vez que cada problema da Terra deriva de nossa decisão continuada de virar as costas para a
luz *de “estar” separados+, todos os problemas são idênticos! Nenhum problema pode ser maior ou
menor que outro – e qualquer um pode ser tão facilmente curado como qualquer outro5!

Isso parece agredir o bom-senso: como um câncer terminal (ou morte!) pode ser a mesma coisa
que uma gripe? Como podem “câncer e morte” ser comparados ao fato de que meu marido
“trouxe o chefe para jantar, sem me avisar?” Se realmente não existe diferença entre problemas,
para o iluminado não existe um leque de frustrações e desespero humano; tudo é idêntico!

E, de fato, isso é VERDADE! Cristo podia curar os doentes e ressuscitar os mortos, porque estava
plenamente consciente de que todos os problemas são ilusões, nascidos exatamente da mesma
forma: da decisão de voltar as costas para a Luz Infinita do Ascendente [a decisão de nos mantermos

5
Não existe ordem de dificuldades em milagres; todos são um só! – Um Curso em Milagres

Página
32
separados!].
Ele entendeu que podia desfazer essas percepções erradas, por saber que TODOS os
problemas se formam da mesma maneira: nossa crença na dualidade *no “estado” de separação!+.

Dito de outra forma, o Curador sabe que a doença e a morte não são mais (nem menos!) que
ilusões na mente do sofredor6. Se o Curador é livre de ilusões, ele pode, de fato, ajudar aqueles
que ainda estão presos à “antiga decisão”, continuadamente validada em suas vidas [continuar de
costas para a luz]. Representando a Verdade para o doente, o Curador cura! Ele enxerga apenas a
Verdade: o sofredor está bem, sendo uma representação perfeita do Ascendente, na Terra 7. Se o
doente compartilhar essa percepção – mudar sua mente e voltar-se para a luz interna -, a cura
será instantânea. Só a crença na dualidade permanece em erro. E a boa notícia, acerca de
qualquer crença, é que ela pode ser mudada, com base em novas experiências.

Eu não estou recomendando que você se poste em frente a um doente e, com julgamento, lhe
diga: “sua doença é uma ilusão, levante-se e fique bom!” Nem estou recomendando que ajamos
da mesma maneira tola conosco. Não é com a adoção de um novo sistema de crenças, que o velho
se vai. É pelo aprendizado de experimentar uma nova realidade, que nossas crenças mudam.
Somente uma nova árvore pode produzir uma nova fruta; se uma velha árvore produz maçãs
envenenadas – com desespero, doença ou morte -, só uma árvore nova nos pode dar uma colheita
de alegria, saúde e vida.

É por isso que, à luz dos padrões atuais, este livro é curto. Falar da Luz Infinita não é a mesma
coisa que experimentá-la. Pensar em chocolate não produz o sabor de chocolate. Pegar este livro
para ler, dizer “Deus, que interessante!” e logo colocá-lo numa prateleira, sem atentar para a
Verdade que ele expõe, é apenas manifestar uma parcela da loucura que hoje aflige a maioria das
pessoas no mundo. Este não é um livro sobre a Realidade. É um convite aberto para experimentar
a Realidade. Talvez essa diferença já vá começando a ficar clara para você!

O mundo moderno é decepcionante! Quantas promessas – feitas e quebradas! Muitos estão tão
desencorajados, que, mesmo quando tropeçam num caminho Verdadeiro para a Luz, já estão tão
desgastados e cínicos que nem podem mais seguir instruções simples para a busca; em poucos
dias, dela se afastam. No processo de ensinar a Ascensão, temos ocasionalmente encontrado
essas tristes almas. Depois de uma hora ou duas (um dia ou uma semana...) de tentativas para
reverter seus hábitos e crenças arraigadas (inúteis!), elas fogem aterrorizadas da Ascensão. Terror
de que? Da transformação que resulta se, de novo, voltarem-se para a luz! O fato de que só muito
raramente elas percebem a razão por que correm é mais um exemplo de como o ego ilusório
mantém nossas vidas em limites absurdamente estreitos de experiência.

Não há distância alguma a ser vencida. Internamente, só é necessária uma pequeníssima mudança
de consciência – a reversão, muito simples, de uma decisão antiga! ”O Reino do Céu está à mão” é
uma afirmação absolutamente correta! Ela não sugere que o Reino do Céu será seu em algum dia
do futuro, depois que você tiver feito “isso” ou “aquilo” por algum tempo. NÃO! O Céu é aqui; é
agora! “Meu nome é EU SOU”! Não é “EU SEREI” ou “EU FUI”! O instante presente é exatamente
isto: presente; aqui, agora! Assim, nenhuma técnica é necessária, nenhuma maestria, nenhuma
fé enorme ou anos de estudo duro; para retornar à casa, à luz interior perfeita, não é necessário
tempo – anos de prática ou vidas de progresso gradual, com inabalável dedicação!

6
Daí não ser “compaixão” verdadeira (como anteriormente mencionado) fazer “sua” a dor de outro – e sim ajudá-lo a
compreender que tal dor pode ser vencida, na união com o Pai.
7
Para nossa mente dual, ligada às leis materiais, é muito difícil de acreditar nisso. Este, entretanto, é exatamente o
mecanismo de cura preconizado nos livros do notável Curador, Joel Goldsmith!

Página
33
Existe um conto antigo, que ilustra bem esse ponto:

Após muitos anos na caverna, um asceta percebeu a presença de Deus. Com muita dor, logrou
sair de sua rígida postura de orações, curvou-se diante Dele e disse: “Mestre Divino, dizei-me
quanto tempo ainda devo esperar, até que realize meu Ser Interior de Luz”?

Deus sorriu amorosamente e respondeu: “Você está-se saindo muito bem, filho! À sua taxa de
progresso, em apenas mais uma vida de esforço semelhante você vai realizar seu Ser Interior”.

O asceta gemeu, terrificado e em choque: “Mais uma vida neste horror? Se nem mais sei como aturar
essa rotina, essa agonia, essa dor por mais um dia, como vou poder agüentar mais uma vida? Que horror!
Vós me amaldiçoastes. Fora deste lugar, impostor! Nunca vou acreditar em alguém como você!”

Deus sorriu para ele e foi-Se. Logo passou por um idiota, que se banhava num rio, sorrindo e
cantando. Todo dia, esse homem clamava: “Deus! Como amo a Deus! Deus! Deus! Deus!” Esse
idiota nunca cuidara de si mesmo, nunca se interessara se seria alimentado, vestido ou protegido
das intempéries. Nunca notara se estava limpo ou sujo, com frio ou calor, seco ou molhado.
Hoje, o idiota estaria confinado num sanatório. Naquele tempo, contudo, como ele era
inofensivo, as pessoas o toleravam e até o alimentavam.

O idiota viu-se atraído pela luz que emanava de Deus; saiu da água, curvou-se diante Dele, e
disse: “Que maravilha! Deus mandou-me alguém! Eu tenho-me divertido tanto, ultimamente, que até
esqueci meu objetivo. Eu comecei minha busca há muito tempo, mas ultimamente parei – em razão dessa
enorme alegria que jorra dentro de mim. Vendo Você agora, contudo, relembrei da busca, e estava
imaginando se Você me poderia dizer quanto tempo vai passar até que eu realize meu Ser Interior de
Luz”.

Deus sorriu, amorosamente, e respondeu: “Você está indo muito bem, filho! À sua taxa de progresso,
em mais setenta vidas, com o mesmo esforço desta, você vai realizar seu Ser Interior”

“Setenta vidas mais, como esta”? disse o idiota alegremente. “Que maravilha! Que bênção Você me deu
hoje, Senhor!” E o idiota foi preenchido com tanta alegria, ficou tão feliz com a bênção, que uma
última dúvida deixou sua mente; sua última pergunta fundiu-se na alegria que era sua vida; sua
ignorância foi imediatamente esmagada – e ele alcançou, imediatamente, o mais elevado nível de
iluminação interior!

Página
34
VI – AMOR
Meu nome é “EU SOU”
Nós, na Terra, pensamos haver três tempos: passado, presente e futuro. Freqüentemente
orientamos nossas ações com base no arrependimento por oportunidades perdidas, no passado, e
por preocupação relativamente ao nosso bem-estar futuro. O problema de viver para o futuro é
que o futuro nunca chega! Ele não existe, exceto como um conceito que inventamos. Só existe
AGORA! O AGORA se estende por todos os lugares e todo o tempo. O passado, tampouco, existe:
antes deste exato instante, ocorreu uma sucessão interminável de AGORAS; uma sucessão
também interminável de AGORAS vai ocorrer no futuro. AGORA - o presente! - é o ÚNICO
momento que existe, existiu e vai existir.

É por isso que é tão fácil alcançar a iluminação; a luz Infinita já está aqui, AGORA, ao alcance de
cada um de nós. Nada mais é requerido, além de pararmos com as tentativas de viver no passado
ou no futuro. O Sol está sempre brilhando; para sermos livres, basta não nos identificarmos com
as nuvens que ficam passando à sua frente.

O asceta infeliz [do antigo conto] não aproveitava o presente. Ele mantinha, no futuro, a esperança
de alcançar paz [o Ser Superior]. Por isso, era-lhe inconcebível a perspectiva de mais um período de
vida nas condições de “tortura” que se impunha. O idiota feliz, entretanto, amava cada instante de
sua vida – e encheu-se de alegria ante a perspectiva de seguir vivendo seu presente, em outras
setenta vidas. A descarga de alegria no seu sistema nervoso, já saturado com bênçãos, foi maior
que o sistema de crenças do seu ego podia suportar; as velhas limitações de sua mente foram
destruídas – e a luz Infinita do AGORA irrompeu nele, para cima e para fora, transformando
permanentemente sua vida. Pela primeira vez, seus olhos se abriram completamente; e ele
reconheceu Deus à sua frente. Então, o novo iluminado curvou-se diante do seu Senhor, e
proclamou sua alegria e gratidão à Fonte de tudo que é.

Nós, humanos, temos a mania de complicar desnecessariamente nossas vidas. O amor é


extremamente simples, absolutamente fundamental, não requer nenhum tipo de treinamento, é
transformador, aumenta à medida que é dado – e é o maior segredo de todo o Universo. Como a
maioria dos grandes segredos, este, em particular, é exibido abertamente, como se nenhum valor
tivesse. Está sempre disponível para todo aquele que desejá-lo; não tem suprimento limitado;
aumenta a cada nova era e está sempre Infinitamente pleno!

O que, então, se interpõe entre cada um de nós e a experiência do amor? Na verdade, nada! O
amor é a mais natural expressão na vida de cada um, o constituinte fundamental de tudo, a base
mais interna de todo o sentimento de cada ser, na criação. É mais simples experimentar amor por
todo mundo que experimentar emoções escuras - o medo e o ódio. Por que, então, o mundo
parece estar morrendo por falta de amor? Na vida, que tipo de abuso ou negligência (da
indústria, do governo, de doenças, do crime...) pode seguir sem cura diante de uma visão que se
inspire no aumento (mesmo pequeno!) do amor? O mundo vem sendo estrangulado pela ausência
do amor [pelo menos, assim parece!]; como isso se ajusta à maravilha toda-abrangente da vida? Para
onde desloca a alegria inebriante? Por que o mundo está tão doente?

Hoje, visitei um jardim em Charlotte. É um lugar pequeno, pouco mais de três acres, mas a beleza
está em cada canto! O casal que o criou comprou o lote em 1927, à época, sem árvores, um
campo de milho - a terra queimada, de barro vermelho - na Carolina do Norte; hoje o jardim
(“Wing Haven”) é considerado um dos mais belos na região, pelo amor que irradia e pela miríade
Página
35
de pássaros que nele moram – ou que o visitam regularmente. O amor dos fundadores
transformou esse campo, antes morto, num pedacinho de pura maravilha.

Na essência, este não era um casal diferente de ninguém, salvo por um detalhe; intuitivamente,
eles conheciam um dos princípios mais fundamentais dos iluminados: se você quer provar do
amor, dê amor!

Nossa Terra não é “desamada”. Ao contrário, vive saturada de amor em cada canto,
transbordando o tempo todo. Os que estão desesperadamente sozinhos e famintos de amor
estão vivendo no inferno artificial que eles mesmos criaram! Eles estão solitários e famintos de
amor, porque esperam que todos lhes dêem amor, “antes” *“antes” que eles próprios manifestem amor]!

Eu tive um amigo, Mike, que era talentoso em muitas áreas: era excelente guitarrista clássico,
exímio dançarino, tinha uma conversa cativante e era um ótimo astrólogo. Mas, Mike não
conseguia manter um relacionamento amoroso por mais que uns poucos dias. Um dia, perguntei-
lhe por que isso ocorria. Sua resposta, creio, foi reveladora: “Ninguém pode amar melhor que eu!
Eu sei disso! Mas estou esperando pela garota ideal, antes que eu revele meu amor”

“Como você vai reconhecer essa garota?”, perguntei, “ela tem alguma aparência especial?”

“Ah, não, nada superficial como isso! A garota ideal vai dar-me seu amor, antes! Ela vai querer
doar-se inteiramente a mim. Vai abrir seu coração para mim. Então, em mim, que diamante
escondido ela há de encontrar! Eu sei quão profundamente eu posso amar. Ela será sorteada!”

Quão frequentemente nós pensamos da mesma maneira? “Ah, se ela apenas parasse de fumar/de
beber/de tomar drogas/de ficar desempregada... se apenas fosse mais gentil comigo/com minha
mãe/com minhas crianças... Eu daria a ela todo meu coração!” Quando apresentado dessa forma
[algo caricatural!], fica fácil reconhecer que este é um modo “invertido” de pensar! Se você quer
amar “depois”, espere “sentado” para ser amado! Para ser amado, ame “antes”! Isso é
absolutamente garantido [a regra segue imutável: dê amor, que você receberá amor!].

Há outra forma assemelhada de pensar. Para retribuir amor, tal forma exige uma “prova” de amor.
As coisas funcionam mais ou menos assim: “Maria diz que me ama. Mas, se ela realmente me
amasse, ela... ... ...” – e preenchemos os pontinhos com qualquer coisa que gostaríamos que Maria
fizesse, para nos provar seu amor. Nós temos o hábito enraizado de definir o amor dos outros
por nós, de forma que tal amor preencha todos os detalhes do nosso ideal romântico – ideal que é
uma criação da parte de nossa mente que gosta de viver em fantasias ou perdida no futuro.

Não existem padrões absolutos de comportamento. Ser amado por alguém não implica que quem
nos ame se deva ajustar a qualquer padrão rígido que desejemos. Ao contrário, se o amor é
recíproco, a liberdade de expressão aumenta naturalmente! Muitas pessoas em nossa sociedade
acham que amar significa colocar o amante numa gaiola – controlado, definido, restrito, atado!
Isso usualmente acontece quando na relação o homem predomina sobre a mulher. Mas,
ocasionalmente, o contrário também acontece.

Podem existir muitas razões para desejar ou tentar “escravizar” o parceiro, mas tal
comportamento resulta tipicamente de um senso de insegurança: “Se eu não vigiar Maria, ela
encontra alguém e me abandona!”. “Se eu afrouxar os controles, o João vai-me trair!”. E por aí,
vai...

Página
36
Com base em experiências prévias, o senso de insegurança pode ter diferentes origens [a gente
sempre arranja uma “desculpa”+: “Meu pai morreu num acidente na estrada, quando eu só tinha 16
anos!”. “Minha mãe me deixou na casa de minha tia, por três semanas, quando eu tinha 4 anos!”.
“Minha mulher fugiu com um vendedor de carros!”. A lista é tão longa quanto as possíveis
experiências de vida do ser humano. Mas todo senso de insegurança sempre reflete um senso
muito enraizado de falta de valor!

O princípio básico em operação é que o Universo sempre reflete sobre nós nossas crenças e
nosso entendimento sobre a vida [isso é absolutamente garantido!]. Em parte, isso resulta da fisiologia
humana: não enxergamos tão bem quanto os chacais enxergam, não temos o olfato dos cães, não
ouvimos como os golfinhos – mas o funcionamento dos sentidos em nossa espécie resulta sempre
do sistema de crenças e das experiências que acumulamos, com base nesse sistema.

- O PODER DA CRENÇA -
Usualmente, não reconhecemos quão poderosas e sutis são nossas crenças. Normalmente não
pensamos que nossa visão limitada resulte, em primeiro lugar, de convicções [crenças] raciais,
sociais e familiares profundamente enraizadas - e, só depois, de fatores físicos. Não acreditamos
que nossa mente controla o corpo; pensamos que é o contrário! Existem, no entanto, casos bem
documentados de múltiplas personalidades. Num indivíduo com dupla personalidade, por
exemplo, uma delas achava que enxergava muito bem, e não usava qualquer tipo de óculos; a
outra personalidade achava-se quase cega – e não dispensava fortes lentes corretivas. A
personalidade dominante, portanto, determinava a qualidade de funcionamento dos olhos físicos
– com ou sem lentes [a mente, portanto, determinava o funcionamento dos olhos do corpo!]!

Em outro caso, uma personalidade era alérgica a laranjas – e o corpo irrompia em placas
vermelhas, quando apenas uma era comida; a outra adorava laranjas, e podia comê-las sem
nenhum problema. Normalmente descartamos tais casos como bizarros ou extraordinários – sem
o menor efeito em nossas vidas; mas quantos de nós não temos, bem lá no fundo, personalidades
conflitantes influenciando nosso comportamento?

Comumente, achamos que mente e corpo são entidades separadas – há problemas físicos e
problemas mentais; achamos que são distintos! Mas “corpo-mente” é, na verdade, um
“continuum”, em que a estrutura física é uma expressão “congelada” de nossos padrões habituais
de pensamentos e crenças [portanto, da mente!]. O corpo é secundário [derivado!], uma ferramenta da
mente; e não o contrário! De si mesmo, o corpo não tem poder para fazer nada. Não pode cair
doente nem ser ferido, sem o consentimento da mente.

É difícil aceitar essa idéia? Nossa visão padrão de mundo nos diz que a mente é limitada pelo
corpo – a entidade básica, primária. Se estivermos acostumados a tomar nossa mente como
limitada pelo corpo, vai ser particularmente difícil desenvolver os conceitos aqui elaborados. Mas,
se pudermos relaxar nossos pensamentos e crenças por um instante apenas, vamos ver que
existem outras maneiras de encarar a mente e a relação corpo-mente, e que tais maneiras nos
podem servir bem melhor!

Se o indivíduo muda sua mente - o corpo responde! Assim, um “milagre” físico, tal como a cura
repentina de uma doença ou ferimento, é simplesmente uma mudança profunda na mente da
pessoa que está sendo curada. Não é uma mudança na mente do Curador (o Curador já está
Página
37
curado!). Isso explica porque tantas orações pela cura ficam desatendidas; é que a cura nunca
ocorre “de fora para dentro”; vem, sempre, de “dentro”! A força Divina interior pode curar
qualquer um, de qualquer coisa. Se você puder reconhecer sua natureza Divina Interior, o
resultado automático é saúde perfeita. Se um Deus “do lado de fora” currasse você, como uma
força desconectada do seu Eu Interior, isso negaria seu livre-arbítrio! Criado à imagem de Deus
significa [entre outras coisas] criado com liberdade Absoluta de escolha. Isso nunca é cancelado! Em
primeiro lugar, você precisa mudar sua mente e desejar saúde perfeita. Só então a cura ocorre. Ela
é, de fato, o resultado automático de Quem você é! Mas a mudança na mente tem que ser no
nível mais profundo de você mesmo; decidir com a mente superficial que “eu estou bem” de nada
adianta, e pode até causar problemas. Ainda que ocasionalmente afirmações repetidas pelo nível
do “pensar” consciente da mente possam aliviar estados emocionais dolorosos, elas são inúteis
para provocar uma transformação profunda na percepção da Realidade. Uma afirmação, mesmo
repetida muitas vezes, não pode contrabalançar o fluxo intenso de pensamentos de um adulto
médio – cerca de 50.000 pensamentos por dia!

Você pode achar mais fácil mudar sua mente com respeito a coisas pequenas – que a respeito de
doenças graves ou terminais. Pode não ter dificuldade alguma para curar-se de um resfriado
comum – de fato, você não pega um há anos! Mas, se de repente você se vê às voltas com um
câncer – aí, não vê alternativa senão submeter-se a radio e quimioterapia.

Algumas concepções de doenças são mais enraizadas que outras, conosco e na consciência
coletiva da humanidade. Quanto mais Universal [todos acreditam!] e fundamental for a crença no
poder de uma doença ou uma lesão em particular, mais profundo tem que ser nosso
entendimento à conta de que não podemos ficar doentes ou lesionados, se não o quisermos!

Um médico amigo contou-me uma estória que ilustra como a saúde do corpo depende das crenças
da mente. Ele foi procurado por uma doce senhora, que se queixava de dores abdominais severas.
Examinando-a, ele concluiu que ela precisava cirurgia, pois provavelmente desenvolvera um
câncer de cólon.

Quando ele abriu seu abdômen, viu que o câncer não era mais operável – havia metástese
generalizada. Meu amigo previu que a senhora viveria por mais umas poucas semanas. Enquanto
fechava a paciente, ele se questionava se lhe deveria contar a crua verdade. Optou por dizer-lhe
que ela tinha cálculos – que ele removera. Entristecido pelas limitações de sua ciência, despediu-
se da paciente, sabendo que não mais a veria.

Qual não foi sua surpresa, quando, cerca de um ano mais tarde, a senhora aparece outra vez no
seu consultório, com aparência absolutamente saudável. Em novos exames, ele constatou total
remissão do câncer. Perguntada se havia passado por algum tipo especial de tratamento, a
senhora negou: “Não, mas deixe-me dizer-lhe algo. Quando vim vê-lo há um ano, eu achava que
tinha câncer. Quando soube que eram apenas cálculos, fiquei tão feliz, que disse a mim mesmo –
nunca mais vou ficar doente em minha vida”!

Uma estranha coincidência? Uma cura rara e improvável? De vez em quando, muitos médicos se
deparam com eventos desse tipo, “miraculosos”; como não têm explicação plausível, preferem
ignorar o acontecido ou classificá-lo na categoria de “remissões espontâneas” (mas,
inexplicáveis...).

O que você acha disso?

Página
38
VII – A FONTE DE TUDO QUE É
Nunca houve um tempo em que Eu não tenha sido,
nem você - nem essas regras do homem -
e nunca haverá um tempo em que, todos, deixemos de ser.
O BHAGAVAD GITA
As mais antigas filosofias da Terra declaram que a raça humana é muito mais velha do que registra
nossa história – infinitamente mais antiga que nossos arqueólogos, paleontólogos e antropólogos
jamais sonharam. Através da longa história do Universo, sempre existiram seres
autoconscientes. “Ser autoconsciente” é a única definição da humanidade que é consistente e
significativa. A altura, o peso, quantos braços, pernas ou cabeças (qualquer atributo físico) não são
elementos adequados para definir o que seja “humano”.

Se assim é, o debate sobre se nossa forma física atual descende de um “macaco” [hominídeo] é
irrelevante. Não é importante para nosso crescimento e iluminação, se evoluímos de alguma
forma inferior de vida; o que é importante é entender que todos somos manifestações da Fonte
de tudo que é – e que permanecemos conectados a tal Fonte. Essa Fonte foi chamada de muitos
nomes. Para Ela, qualquer nome está OK, pois é impossível que se sinta ofendida! Mas, como
muitos desses nomes foram associados a sistemas de crenças – e muitos desses sistemas
associaram-se ao medo e a outras manifestações do ego -, nestes ensinamentos os Ishayas
designam a Fonte como “o Ascendente”.

O Ascendente é a soma de tudo que existe. É a Fonte, a Essência e o Objetivo de tudo que vive.
Este Universo inteiro (com milhares de bilhões de galáxias, cada galáxia com centenas de bilhões
de estrelas) é apenas uma parte – uma pequena parte! – do Ascendente. Cada humano que
existe – existiu ou existirá – é parte do Ascendente; cada planta, cada animal, cada grão de
areia, cada partícula de energia, cada impulso do pensamento racional, cada emoção – tudo,
enfim, em todos os níveis da criação, está incluso no Ascendente. Não há exceções! Tudo, em
todo lugar *neste plano, em que agora “percebemos”, ou em outros; neste Universo ou em outros!+ e em todo o
tempo – passado, presente e futuro – é parte do Ascendente. Nunca existiu ou existirá coisa
alguma, em algum lugar, que não seja parte do Ascendente!

Ao menos intelectualmente, a maioria das pessoas pode entender isso! É muito difícil para elas,
contudo, conceber o que isso, de fato, significa. Se concebessem por um só instante, suas vidas se
alterariam permanentemente.

Os físicos modernos começam a demonstrar que o que existe é uma Realidade Universal abstrata.
Toda matéria pode ser reduzida a energia; nos níveis mais sutis da criação, a energia é
infinitamente poderosa, e tudo permeia. A base da mecânica quântica é universal, Onipresente,
vibrando com a energia criativa Infinita e fonte de tudo que é. Todo o imenso Universo veio de um
ponto minúsculo, medindo 10-43 cm, num instante de tempo cerca de quinze a vinte bilhões de
anos atrás – ou, pelo menos, assim fomos ensinados.

O que os físicos modernos não nos disseram, é que essa maravilha da criação está, de fato, aberta
à consciência humana. Não existe agora, nunca existiu e jamais existirá, um só ser humano que
não possa experimentar o Ascendente. Para tanto, o estado de saúde do corpo físico não é
relevante, como não são relevantes o estado do corpo mental – intelecto, mente e emoções -, os

Página
39
sistemas de crença e os hábitos ou julgamentos sobre a vida. Não existem pré-requisitos para o
ser humano experimentar o Ascendente, a Fonte Universal de tudo que é!

E, ainda assim, só uns poucos experimentam conscientemente a Mente Universal; com sorte, tem-
se um “relance” do Ascendente – e ele será breve e logo velado. Por quê? Se o Ascendente está
em todo lugar, se qualquer um – em qualquer lugar e a qualquer tempo – pode experimentá-Lo,
por que só uns poucos o fazem conscientemente? E por que razão, mesmo os que acreditam no
Ascendente acham difícil alcançá-Lo? Por que tantos pensam que para alcançá-Lo são necessários
anos de esforço e, ainda assim, muita sorte? A literatura ocidental está cheia de detalhes sobre as
dificuldades a serem transpostas para que se alcance a iluminação e a comunhão consciente com
o Ascendente. E, no oriente, a “noite escura da alma” foi imaginada como destino usual do
amante cristão de Deus – apenas um breve sabor do Divino, logo seguido de inevitável mergulho
de volta à névoa trágica da vida na Terra, governada pelos sentidos. A crença é que o destino do
buscador da Verdade é ser amaldiçoado por desejos terrenos, escravizado pela matéria e, assim,
destinado a uma vida frustrante. Não surpreende, portanto, que tão poucos ainda busquem esse
objetivo [iluminação]! Por que passar anos em uma busca duvidosa, com chance tão improvável de
sucesso?

De fato, foram raros na Terra os sábios plenamente realizados, os magos iluminados, os mágicos,
padres e santos; o nome dos que alcançaram conscientemente o Ascendente pode ser diferente
em diferentes tradições, mas a Realidade é Universal.

E, mesmo assim, o fato de que uns poucos lograram sucesso [na busca pelo Ascendente] é inspiração e
esperança para todos nós; ou, pelo menos, deveria ser! O que ajuda é saber que a experiência de
pico (como definida pelo psicólogo Abraham Maslow) é Universal8; acontece a qualquer um, nas
horas mais estranhas e sem nenhum aviso: contemplando estrelas, na montanha; ouvindo as
ondas do mar, ao entardecer; fazendo jogging; antes de adormecer; na primeira infância; vagando
por uma rua deserta; nas horas quietas da madrugada; na mesa de trabalho! A lista desses
momentos mágicos é tão extensa como a própria raça humana. De repente, as portas da
percepção se escancaram e o mundo é visto de uma maneira nova. Nesses momentos, preciosos,
um grande “Ahh” nos vem da alma; reconhecemos que o Universo é, em verdade, amigável, que a
vida é boa e bela e que talvez – pelo menos, talvez! – exista mesmo algum significado aqui.

Como a experiência é universal, produz uma grande esperança. Como pode alcançar qualquer um,
a qualquer hora e em qualquer lugar, subsiste a esperança de que possa tornar-se sistemática, que
possa ocorrer regularmente e que todos possam experimentá-la - não apenas uns afortunados,
raros ou eleitos.

Esta sugestão, de que as experiências de pico podem-se tornar experiências corriqueiras de vida,
pode parecer surpreendente. O que é necessário, aqui, é relaxar suavemente os sistemas de
crença que nos guiam. Eu não estou sugerindo que você abandone nenhuma de suas crenças,
mas, para receber benefícios deste texto sobre Ascensão, será necessário questionar – mesmo
que apenas levemente – a crença de que este caminho é impossível ou que não é para você.
Afinal, o que é que você pode perder, admitindo que talvez exista mesmo uma maneira de viver a
vida que pode gerar uma experiência continuada de alegria, brilho, criatividade, saúde e amor? Se
tal fosse possível, você não gostaria de ter?

8
A “experiência de pico” é uma “expansão espontânea de consciência”, iluminação, contato com o Ser Interior, com
Deus!

Página
40
Através da história, sempre houve quem descrevesse experiências do estado elevado de
consciência. Tais descrições foram usualmente tão diferentes, que nos faziam pensar que
tratavam de realidades diferentes. Quando os seguidores apenas se apegam rigidamente às
palavras de seus mestres, sem compartilhar a vivência de uma fusão consciente com o Ascendente
[que pode ser experimentada, mas não descrita em palavras!], a confusão é inevitável. Esta é a tragédia do
conhecimento: quebrar-se em pedacinhos sobre a rocha dura da ignorância [especialmente na fase de
transmissão].

Não há nenhuma diferença na iluminação do Sufi muçulmano e do Santo cristão, se ambos forem
seres humanos totalmente desenvolvidos! O Hindu, em samadi, não vive um estado de
consciência diferente do Taoista, no nirvana, ou do Zen Budiasta, em satori. Podemos aparentar
diferenças na superfície – nossas crenças e conceitos de linguagem podem ser tão diferentes, que
não nos entendemos uns aos outros, mas a Realidade interna, na consciência, é sempre a mesma
para todos [só a descrição dela, por meio de palavras, varia]!

Diariamente, mesmo no estado de vigília, somos muito mais similares que diferentes! O que pode
ser de grande utilidade para entendermos a natureza do universo – e nós mesmos – é a percepção
de quão semelhantes somos todos!

Somos todos condutos de consciência, da luz da Fonte de tudo que é! Intelectualmente, não é
difícil entender isso; e a boa nova é que não é particularmente difícil viver essa Realidade, como
uma experiência contínua, de vinte e quatro horas por dia! Este é o real significado de “Rezar sem
cessar”! Seguramente, “Rezar sem cessar” não é tentar hipnotizar a mente com uma tediosa
repetição de orações – e acabar exausto no processo. O estado natural do humano é, na verdade,
uma experiência contínua do Ascendente. Essa experiência é o mais alto nível de oração, assim
como é o mais alto estado de consciência.

A verdade simples é que é muito mais fácil alguém se estabelecer no estado de alerta
permanente, de pura consciência, que ficar fora dele. É necessária uma enorme dose de esforço
mental – e, naturalmente, físico – para não ficar iluminado! Em última instância, essa energia
desperdiçada envelhece e mata o corpo; já havíamos registrado que é exatamente isso que nos
obriga a dormir tanto à noite – e que nos deixa doentes e amedrontados durante o dia. Nós
lutamos um bocado, para manter o Infinito “fora”! Na verdade, é muito mais difícil negar a
percepção do Ascendente dentro de nós, que experimentá-Lo. Pense sobre isso. Se houvesse uma
possibilidade de tudo isso ser verdadeiro, você não acharia melhor que assim fosse?

Felizmente, É ASSIM! Por isso não devem ter percebido essa verdade fundamental sobre a
natureza da vida, aqueles que proclamaram ser difícil meditar ou orar para o Deus Único. Se o
Ascendente está em TUDO, inclusive no seu interior, como pode ser difícil saber disso? Como pode
ser difícil experimentar isso? Apenas mude seu nível de observação da Realidade, e pronto! Você
está lá!

Provavelmente, a crença na dificuldade deriva de como é difícil abandonar os sistemas de crença


que já não nos servem. Disseram-nos – e aceitamos – que é difícil mudar nossos hábitos. Nós
lutamos, gememos e nos queixamos quando decidimos que “deveríamos” fazer algo que é bom
para nós, ou parar de fazer algo que não é, qualquer que seja o “deveríamos”: deveríamos nos
exercitar mais; parar de fumar; parar de beber ou de comer em excesso; deveríamos parar de
abusar de nós mesmos, de nossas esposas, filhos e empregados!

Página
41
Isso é como caminhar para trás, na vida! Você não precisa bater no cachorro para mantê-lo na
porta dos fundos. Tudo que precisa fazer é alimentá-lo - e ele nunca irá embora. Similarmente, a
mente não gosta de ser forçada. Mas, se uma nova experiência é introduzida, a mente absorve,
como serva de seus desejos.

A mente já foi comparada a um macaco, pulando de galho em galho. Os proponentes da


“concentração” mantêm que a única maneira de parar a mente é forçá-la a obedecer. Tal caminho
é duro e difícil, mesmo para aqueles que perseveram. O que muitas vezes não é percebido é que o
macaco vai de galho em galho porque busca a banana ideal. A mente se move, simplesmente
porque está fazendo seu trabalho, em busca de mais prazer e experiência; se pudermos supri-la
com a Experiência Ideal da Bênção Infinita, ela vai ficar totalmente parada, gozando dessa
experiência.

É isso que acontece no crescimento do ser humano: essencialmente, a criança nasce como uma
folha em branco. A impressão já começa no ventre materno. Os padrões de comportamento que
adotamos na vida [aqueles que, em criança, absorvemos] não são conscientemente ponderados – nós os
observamos [em nossos pais e no ambiente] e nos sujeitamos a eles, até que acabamos por adotá-los.
Que escolha temos? Para nós, nossos pais são como deuses. É muito raro que uma alma escape
desse hábito profundamente arraigado - e siga pela vida “sem copiar”, inocente e livremente!

Mas, por que deveria ser difícil conhecer quem somos? Será que nossos hábitos são ainda mais
enraizados do que imaginamos? Ou existe algum tipo de propósito mais elevado nos conduzindo
cada vez mais profundamente na matéria, até o dia em que acordamos nestes corpos humanos,
no século 21, num planeta que chamamos Terra?

Como chegamos a esse ponto é um tópico fascinante, que vale a pena analisar em algum
momento, mas que agora é irrelevante para ajudar a responder a pergunta: “Como escapamos
daqui”? Porque é isso que representa nossa necessidade imediata!

- A PORTA PARA TUDO -


O mundo parece um lugar terrivelmente amedrontador. De alguma forma, nós, humanos, estamos
sempre guerreando uns aos outros; os riscos da vida humana são multifacetados e onipresentes. A
qualquer momento, o corpo pode ser esmagado, queimado, congelado, explodido, destruído;
pode adoecer – e morrer! Trabalhamos uma vida inteira para garantir nossa aposentadoria; e aí
sobrevém uma recessão, o preço das propriedades mergulha, explode uma guerra, fazemos um
péssimo investimento ou ocorre um desastre natural – e o trabalho de toda uma vida “vai para o
brejo”! Ou, mesmo que nada disso aconteça, não é raro que não nos adaptemos ao estilo de vida
da aposentadoria – e que logo encolhamos e morramos! Esta vida é sempre incerta. Quem não
tem um amigo ou parente que já não tenha passado por aquele portal misterioso, a que
chamamos morte? Para onde eles foram? Por que nos deixaram? Quantos entre nós não foram
desfigurados por acidentes, doenças ou vícios? Este mundo é assustador, arriscado, terrível. Ou,
pelo menos, ASSIM PARECE!

Mas existe outra maneira de perceber. Logo abaixo do tumulto inegável do mundo físico repousa
um oceano de paz imutável. Se nos identificarmos com as ondas do mundo físico, vamos
alternativamente gozar e sofrer – e, certamente, vamos morrer. Felizmente, é possível (e

Página
42
desejável!) que nos identifiquemos cada vez mais fortemente com a profundidade pacífica do
oceano, do que com a superfície tormentosa do mar de mudanças.

Dessa mudança no foco de nossa identificação *“fora” ou “dentro”, na “superfície” ou na “profundidade”+


resultam infinita estabilidade, paz infindável e calma interior permanente. Isso não quer dizer que
uma vida passiva seja melhor que uma vida ativa. Um monge e uma pessoa comum têm chances
iguais de acharem a luz! A diferença entre uma vida de ignorância e uma vida de realização
consciente da Verdade Interna nada tem a ver com qualquer coisa “do lado de fora”. Votos rígidos
não são necessários. Ancorar-se no Ascendente significa que nenhuma atividade,
independentemente de quão dinâmica seja, pode velar o Silêncio Infinito e a permanente
estabilidade do despertar interior. Nesse estado, torna-se possível ser efetivo na vida.

Antes que tal mudança ocorra, somos jogados pelos ventos da vida, soprados aqui e ali pelo
estresse das mudanças, como uma folha em meio aos ventos do outono. Há pouca paz e, menos
ainda, estabilidade. Nossas vidas são vividas em reação a ações e vidas dos outros – não são
verdadeiramente criativas, e não são ancoradas na liberdade e na escolha que viver no instante
presente oferece. Quando somos iluminados, não reagimos - agimos! Livres de padrões de
comportamento autodestrutivo, de julgamentos e crenças, agimos! Criamos, sem erro, a partir da
percepção direta das necessidades de cada momento. Isso é liberdade; é impecabilidade. É vida no
instante presente: a mente não é mais prisioneira de arrependimentos do passado nem de
preocupações com o futuro.

Não há nada a ganhar com preocupações por experiências, escolhas ou ações passadas. O passado
se foi! Não existe aqui e agora! Se permitimos que o passado nos guie, ficamos escravizados por
nossas percepções e crenças antigas.

Você já encontrou alguém por quem ficou imediatamente atraído? Ou de quem sentiu repulsa?
Instantaneamente, no primeiro olhar, sem nenhuma razão aparente? Isso é viver no passado!
Aquela face ou corpo dispara, lá no fundo, a memória de alguém a quem amávamos ou
detestávamos; a nova pessoa é julgada e catalogada instantaneamente, com base na nossa velha
memória de outra pessoa. [Uma memória do passado – que, inclusive, poderia ser de outras encarnações!]

Os iluminados têm uma única resposta interna para todos – e tal resposta é alegria. É sempre a
mesma aceitação completa, a manifestar amor incondicional. No exterior, isso pode ou não ser
percebido pelos outros: não existem “regras de comportamento” para os iluminados; não existe
nenhum padrão estabelecido de vida, dieta, maneira de vestir ou de agir, nenhum conjunto de
crenças. O que se repete em cada um deles é o alerta total da luz interior Infinita; e, como serva
dessa luz interna, paz interior completa e perfeita.

O Ascendente é Onipresente, é universal. Ele existe dentro de cada coração humano, de cada
mente, no interior de cada grão de areia e de cada sol. Com seu brilho maravilhoso, Ele preenche
todo o espaço, o tempo todo; não há lugar em que Ele não possa ser visto e conhecido. Nosso
papel como seres autoconscientes é escolher, em primeiro lugar, contemplar a luz do Ascendente.

O maior segredo de todos é este: se buscarmos o Ascendente em nossos corações, com todo
nosso espírito, não apenas curamos a nós mesmos, mas, automaticamente, a todos! Isso é assim,
porque as aparentes diferenças entre nós não são reais. Literalmente, SOMOS TODOS UM! Minha
salvação resulta na sua; não posso estar em paz sem passar paz para você. Alguns físicos
modernos afirmam que o inseto passeando na parede da minha sala, também passeia em Marte, e

Página
43
no início e fim dos tempos. A feliz verdade é que isso é ainda mais acurado do que eles mesmos
imaginam!

Se eu condenar meu irmão, a quem estou condenando? Se felicitar minha irmã, a quem estou
felicitando? Se acolhermos pensamentos escuros, de uma coisa podemos ficar certos: também
vamos vê-los, do lado de fora! Se interiormente formos luz, só veremos luz do lado de fora. O
Universo é nosso espelho: é para nós o que somos para ele!

Para alguns, isso pode até parecer um contra-senso. Mas acreditar que o mundo é plano não torna
plano o mundo. O que aqui venho escrevendo não é baseado em crença; escrevo sobre uma
experiência direta e pessoal da Fonte de tudo que é. O mundo reflete o que somos – nem mais
nem menos. O mundo é o que nós somos.

Há um antigo conto que ilustra esse ponto:

Certa vez um discípulo quis testar a profundidade da autorealização de seu mestre. Muitas vezes
ele o ouvira dizer que o puro de coração não podia ver nenhum mal no mundo – e decidiu
descobrir se isso era verdade para seu mestre ou apenas algum tipo ideal de crença.

Então, ele conduziu o mestre para uma ruela deserta, onde jazia um cachorro morto, já em
adiantada decomposição. O discípulo não podia imaginar uma visão tão feia como aquela. Ao
chegar lá, com o mestre, disse, trêmulo: “Que horrível este cão, já podre! O senhor me tem dito que
toda a vida está preenchida de Verdade e Beleza, para aqueles com olhos próprios para vê-las. Mas, o que
há de verdade e beleza nesta carcaça fedorenta”?

O mestre voltou para ele os olhos saturados de alegria e, sorrindo, respondeu: “E você não viu os
cintilantes dentes brancos do cachorrinho? Como eles brilham e dançam à luz da lua! Não são eles as
pérolas mais lindas que você jamais viu”?

Em algumas versões desse conto, a visão do mestre é tão forte, que o cachorro volta
instantaneamente à vida!

Não confundamos iluminação com cegueira. Somente os totalmente iluminados podem Ver
verdadeiramente. Não há preconceito, julgamento ou experiências prévias de vida que possam
turvar a Realidade daquilo que é agora. E aquilo que é, agora, é a perfeição da luz do Ascendente.
Isso ficará cada vez mais claro, à medida que avançarmos; felizmente, nem é necessário acreditar
nisso, para ir em frente. Para ter sucesso na Ascensão, não é preciso acreditar em nada do que
aqui foi escrito. Geralmente, a Ascensão e a Evolução não se baseiam em crenças! Felizmente! A
Realidade não está construída na crença ou na concordância do ser humano. O mundo seria
muito estranho, se a Realidade dependesse da nossa concordância!

Os plenamente iluminados não estão aprisionados em imagens lineares nem em percepção linear.
Por exemplo, externamente pode parecer que o iluminado esteja irado – se for este o
requerimento do ambiente naquele momento! Muitas vezes, nenhum remédio é tão eficiente
quanto uma voz de zanga, para motivar o estudante a abandonar seu antigo sistema de crenças.
Mas o que nunca muda é a estabilidade e o silêncio interno da alma estabelecida em contínua
consciência do Ascendente.

Nem todos os iluminados optam por tornarem-se Mestres. O livre-arbítrio é ainda mais
dominante, quando um alto grau de consciência se estabiliza no homem. Muitos ficam satisfeitos

Página
44
levando vidas de silêncio, isolados dos frenéticos movimentos mundanos. Mas a Mente Universal
pode decidir que certos iluminados funcionem como canais, no mundo. E tal Iluminado se tornará
um Professor. A reputação e a popularidade de um Professor, contudo, não é uma medida do grau
de Realização interna. O maior deles pode estar satisfeito com um grupo reduzido de estudantes.
Não é uma regra. Tudo é um grande Jogo Cósmico!

Na tradição dos Iluminados, cerca de metade escolheram o caminho da reclusão e se retiraram do


mundo, levando com eles apenas um punhado de seguidores próximos; a outra metade optou
pelo drama da “vida na Terra”, aqui estabelecendo novos Ensinamentos. Tudo depende das
necessidades de cada época – e do grau de receptividade das pessoas num dado período da
história. Uma profunda inteligência está em atividade no mundo; cada aspecto da Mente
Universal se está desenvolvendo exatamente da forma apropriada.

Por exemplo, à época da fundação dos Ishayas, pelo apóstolo João, os Mestres Brancos,
Vermelhos e Pretos optaram por uma vida de silêncio, nas regiões mais remotas dos Himalayas.
Eles optaram por guardar e preservar as vinte e sete Técnicas Ishayas de Ascensão, escondendo-as
e mantendo-as secretas, até praticamente o alvorecer do terceiro milênio. Expresso de forma mais
correta, os Ishayas foram instruídos pela Inteligência Divina a preservar as técnicas de Ascensão
em silêncio e reclusão até os dias de hoje.

E também é verdade que os Ishayas foram informados e reconheceram que a hora tão esperada
chegou. Aquilo que por tanto tempo foi retido, está sendo liberado: a Ascensão veio agora para o
mundo! Um dos Ishayas recebeu ordem de trazer esses Ensinamentos para o mundo; um, entre
eles, o Ishaya Preto Maharishi - mestre da sabedoria, compaixão e poder - está fundando esse
Ensinamento no ocidente, para o benefício de todos.

Felizes aqueles que reconhecem a autoridade desses ensinamentos e com eles se alinham: suas
vidas vão mudar, de forma difícil de imaginar. Iluminação plena baixará sobre eles, à medida que
os antigos hábitos e a falta de integridade [de unidade com tudo] são abandonados e substituídos pela
experiência do Um Imutável, no centro dos seus seres. Uma vida de bênçãos e Consciência Infinita
chegará para todo aquele que trilhar o caminho da Ascensão Ishaya!

E, sabe de uma coisa? Crenças não são necessárias, de jeito algum! A Ascensão é uma série de
técnicas mecânicas, e não exige crenças para que alguém se inicie em sua prática. Isso não é
maravilhoso?

Página
45
VIII – A ESCOLHA ETERNA
O mundo é como você é.
Eu já havia dito que é nossa própria decisão, continuada, que nos mantém afastados da luz interior
Infinita, e nos conduz aos problemas incessantes de uma vida “relativa”. Isso comporta explicação
adicional. Comumente, não nos sentimos como se ao longo do dia escolhêssemos não ficar
iluminados. Mas, ainda assim, mesmo se temos algum entendimento intelectual do que seja a
consciência superior, sempre adiamos sua realização para algum ponto afastado do futuro –
nunca Aqui e Agora! Nossa decisão inicial [de nos “separarmos”] foi há tanto tempo, que a
Consciência Infinita é apenas uma lembrança embaçada, tremulando através de nós, brincando
em nossos sonhos, dançando nos raios de sol da praia – ou vindo à superfície, mágica e
brevemente, quando contemplamos os olhos da pessoa amada.

O bloqueio para a Consciência Infinita pode ser desfeito, se desfizermos sistematicamente nossas
decisões pretéritas. Uma maneira de realizar isso é entender perfeitamente o que tais decisões
foram. Essas decisões antigas formaram hábitos hoje tão arraigados, que nos fazem virar as costas
ao Ascendente; uma forma de descobrir a causa fundamental do nosso sofrimento é examinar
alguns desses padrões mais óbvios, que nos limitam. Então, num raciocínio “circular”, podemos
determinar exatamente qual é a raiz desses falsos padrões, e assim aprender a nos afastar dela
permanentemente. Se a raiz é abandonada, morrem as manifestações dela decorrentes. Em
outras palavras, não será necessário lutar para mudar um padrão de hábitos, se tiver sido
erradicada da mente a base da decisão de continuar com o hábito.

Um pensamento que causa problemas sérios a muita gente é achar que os outros são, de certa
forma, responsáveis pelo modo como nos sentimos. Pensamos que ficamos felizes ou infelizes
em decorrência do modo como outras pessoas nos tratam. Se imaginarmos que os outros estão
tirando vantagem de nós, isso é suficiente para nos sentirmos infelizes. Se alguém faz algo que nos
desagrada, ficamos zangados com ele; se percebermos sua ação como uma ameaça à nossa
segurança, podemos tomar a iniciativa de atacá-lo [antes!]. Ou podemos nos recolher dentro de
nós mesmos, como mecanismo para escapar dele!

Dois problemas decorrem de perceber alguém (ou um grupo) como inimigo. Primeiramente,
aqueles sobre quem lançamos nossa energia negativa perdem, com nossa resposta, a chance de
mudar - e podem, até, acentuar o comportamento agressivo. Esta é uma atitude curiosa, mas
praticamente universal dos seres humanos: se os forçarmos a se comportar como desejamos, eles
podem até fazê-lo, mas nunca o farão de boa-vontade ou com o coração alegre. “O homem,
convencido contra sua vontade, ainda mantém sua opinião”! Todo mundo fica ressentido, se
forçado a fazer algo; mais cedo ou mais tarde, vai-se voltar contra a vontade do “ditador”...

Em segundo lugar, mesmo se pudermos exigir obediência (em razão do nosso poder) e, com nossa
negatividade, coagir outrem à ação que desejamos, tal comportamento certamente nos trará
danos à frente. Como uma bala que ricocheteia, os efeitos de nossas ações voltam para cima de
nós mesmos, de todos os cantos do Universo. O pior disso tudo é que nossa consciência, em vez
de tornar-se mais e mais universal, mais saturada de amor e luz, torna-se cada vez mais restrita. A
percepção de inimigos no mundo leva-nos a fatiar partes do nosso Universo e a rotular pedaços do
nosso cosmos - como sendo, de alguma maneira, ruins, cruéis, ou indignos de amor.

Página
46
À medida que esse processo continua, nosso corpo se deteriora. Podemos começar a exibir um
andar trôpego, fatigado pelo peso da condenação. Podemos começar a deformar nossa face, com
um franzir habitual ou um olhar de desdém aos pobres “seres inferiores”, que habitam este
mundo doente. Podemos jejuar, ao ponto da anorexia, ou inchar como uma bolha, em protesto
contra as injustiças da vida.

Internamente, as conseqüências de tal estilo de comportamento são ainda mais devastadoras -


mais letais. À medida que condenamos mais e mais gente à morte e à danação, mais se endurece
nosso coração. Nossa saúde deteriora a taxas crescentes, resultando quase que universalmente
em períodos de vida de meros setenta anos.

Existe, contudo, alternativa! A imanência do Reino dos Céus tem sido discutida e fervorosamente
aceita por milhares de anos. Mas a maioria não entendeu – ignorou ou esqueceu! – que o Reino
dos Céus vem de dentro. Cresce, em primeiro lugar, no coração das pessoas! E um dos primeiros
passos nessa direção é entender que toda vida é parte de nós: todo ser vivente é nosso irmão ou
irmã; todo ser vivente é uma extensão de nossa mente perfeita.

Todo mundo, no planeta, é um pedaço do Ascendente. Todos refletem a luz Infinita. Isso
necessariamente significa que todos são dignos do nosso amor. As ações dos outros (tão
condenadas, quando achávamos que nos podiam ferir ou vitimar) começam a ser vistas como
expressões de amor (filtradas através de seus sistemas nervosos individuais) ou como pedidos de
ajuda9. “Por favor, prove que você me ama! Por favor, mostre que você vai continuar tomando
conta de mim, mesmo se eu for reprovado em química, se eu casar com Maria – ou se for
demitido! Por favor, mostre que você seguirá me amando, mesmo se eu magoar você”!

A profundidade da sensação de solidão, de isolamento e de medo – combinada com o tamanho do


sentimento de vítima – vai determinar o grau da ação negativa empregada por uma alma em
busca de prova de amor, num Universo severo. Qualquer que seja a atitude, ela é um pedido de
ajuda. “Estou-me afogando na Terra; será que ninguém me pode ajudar? Você diz que me ama;
você ousa dizer que me ama! Prove-o! Eu serei ruim, muito ruim, porque me sinto ‘desamada’.
Você precisa provar que me ama”!

Tudo isso significa que só dois tipos de ação existem na Terra, só dois tipos de pensamento, só
duas formas de sentimento – aqueles baseados no amor, e aqueles baseados no medo (medo de
ficar só, de se perder, de não ser amado). Assim, toda e qualquer ação ou sentimentos negativos
só podem merecer nossa compreensão piedosa – nunca nosso julgamento ou punição. São gritos
pedindo ajuda, pedindo amor. “Meu é o julgamento”, disse o Senhor; esta é uma afirmação fática.
Os seres humanos não podem julgar uns aos outros; só há um julgamento possível: tudo merece
amor! Deus só diz uma palavra para os humanos: SIM! Nosso trabalho aqui, portanto, é tentar
dominar a profundeza do amor incondicional.

De início, pode ser que isso não seja fácil. Nosso hábito mais corriqueiro é achar que o mundo é
um lugar mais ou menos hostil, onde usualmente (ou sempre!) somos vítimas de lugares,
circunstâncias ou pessoas. Estamos sempre prontos a considerar que estão tirando vantagem de
nós. Sempre achamos que os outros nos tentam controlar ou manipular. Podemos levar isso ao
extremo, achando que existem forças escuras no Universo tentando destruir nossas almas.
Imaginamos que a energia escura flui em nossa direção, para nos controlar ou nos tornar vítimas -

9
Notar o perfeito alinhamento com Um Curso em Milagres!

Página
47
de outras pessoas, de satã, de um deus ciumento e vingativo ou, talvez, de uma lei natural que
não dá a mínima para nossa sorte.

- CONSCIÊNCIA “VÍTIMA” -
Nesse estado, usualmente nos sentimos assim: achamos que todos nos estão olhando, que
estamos no palco central do Universo.

É claro que isso é literalmente verdadeiro, mas não da forma como imaginamos quando estamos
no estado de Consciência “Vítima”. Quando a iluminação se estabiliza, sabemos que somos o
centro do Universo – como, aliás, todos! E nunca nos sentimos vítimas de nada!

Este é um estágio [de iluminação estabilizada] em que damos amor, alegria e luz – e nada tomamos. Se
a lâmpada for acesa, ela irradia luz. Não há possibilidade de que sombras sejam experimentadas,
porque não existem sombras em lugar algum, quando enxergamos a vida dessa nova perspectiva
[do estado iluminado!]. É isso que é Ver! É a maneira mais efetiva de exorcizar todos os demônios do
nosso Universo particular.

Uma característica da Consciência “Vítima” é a tendência de acreditar que a vida está “passando”
por você, que você não é protagonista no Universo; que os outros têm controle sobre seus
sentimentos, humores e experiências. Usualmente, essa crença resulta num desejo de atacar os
outros, antes que eles possam atacar você. Isso pode ocorrer no plano físico – o ataque militar
preventivo é o exemplo mais extremo, mas qualquer ação destinada a machucar o outro está
classificada nesse tipo de violência; e também pode ocorrer no plano emocional – ameaças,
apelos, raiva etc. são exemplos óbvios.

Se acreditarmos que podemos ser feridos por alguém, é natural que pensemos em atacá-lo antes,
para nos poupar da ameaça de dor ou destruição. O problema é que isso não nos salva da dor! Na
verdade, tende a aumentá-la – em nós mesmos e, já que nossos oponentes podem igualmente se
sentir vítimas, também neles!

A alternativa é cultivar um estado de consciência em que seja impossível sentir-se traído – até
porque é impossível ser traído10!

Se nos virmos como corpos, certamente podemos ser traídos. Podemos ser danificados –
cortados, feridos, rasgados, baleados. E, seguramente, podemos causar danos a nós mesmos:
podemos “dar-nos” hipertensão, problemas cardíacos, diabetes, câncer ou resfriado comum;
podemos cometer suicídio; podemos ficar insanos.

Mas, se somos espírito, é impossível que traiamos ou que sejamos traídos. Não podemos ser
danificados – cortados, rasgados, baleados. Somos, literalmente, invencíveis, indestrutíveis,
imortais!

Alguns alcançam intelectualmente essa compreensão; outros tentam vivenciar esse estado de
consciência acreditando nele, chamando-o de graça, salvação ou iluminação, e fazendo o
propósito de vivenciá-lo: “Como sei que o espírito é Onipresente, acredito que nada me pode ferir.
Minha doença tem que ser uma ilusão! Portanto, vou mandá-la embora”!

10
Vide Jesus, em Um Curso em Milagres, afirmando que Judas fora seu irmão, que nunca poderia tê-lo traído!

Página
48
Lamentavelmente, é muito pouco provável que isso funcione! Isso é confundir o caminho rumo ao
objetivo, com o próprio objetivo. A única vantagem nessa mudança de perspectiva é fazer-nos
compreender que existe outra maneira de encarar o Universo. Quando isso é entendido, ficamos
ansiosos para começar a desenvolver essa perspectiva de vida, porque ela significa liberdade sem
fim, alegria ilimitada, amor sem defeito. Como uma experiência – não apenas como uma crença.

- O CAMINHO “SEM CAMINHO” -


Em que consiste o caminho para a consciência plena? Em primeiro lugar, o reconhecimento de
que é possível viver mais da vida. Não é necessário acreditar que se vai ganhar um estado
permanente de consciência plena, mas é necessário acreditar que é possível melhorar – ser mais
feliz, mais saudável, mais energético, mais inteligente. A Ascensão não precisa nada disso para
funcionar (ela vai funcionar, de qualquer jeito!), mas a “crença na possibilidade” é necessária para
que se tenha ousadia suficiente para dar o primeiro passo e iniciar a prática. Começar bem já é
meio caminho andado! Após o primeiro passo, o “momentum” nos empurrará para frente, mas o
passo é necessário para iniciar a quebra dos padrões de crença e hábitos passados: temos que
reconhecer que a mudança não apenas é possível, mas é desejável!

Boa-vontade sincera na direção da mudança também ajuda! Alguns gostam de fingir que buscam
mudanças, mas estão apenas iludindo-se: na verdade, mantêm-se mais dispostos a viver com
velhos costumes, mesmo que eles os estejam matando, a encarar um futuro desconhecido [esteja
atento: se você não deixar o “velho” ir, o “novo” não vem!]. Temos, sempre, tanto medo do desconhecido!
E, de fato, não deveríamos temer o desconhecido, mas o conhecido. E mesmo esse “conhecido”
não devia ser temido, pois não passa de ilusão - nada há a temer na Realidade, salvo os véus de
ilusão que sobre Ela colocamos.

A Ascensão provê uma série sistemática de procedimentos para mudar nossa consciência (do
estado de Consciência “Vítima” para o estado de iluminação). Alguns passos mecânicos e
específicos são necessários, até que controlemos e dominemos tais procedimentos. Um propósito
deste texto é suprir um entendimento intelectual dos passos para crescimento rumo à iluminação.
A mecânica real da experiência, contudo, só pode ser apreendida em instrução pessoal, com
professores qualificados; o professor é indispensável, porque não é possível comprovar a correção
da prática que se está seguindo, sem um “feedback” pessoal11.

Dos milhares que pessoalmente orientei em meditação, todos cresceram e evoluíram em suas
vidas! Os que fazem mais progresso são sempre os mais dispostos a mudar! O esforço empregado
na busca da Ascensão é amplamente recompensado. A prática é fácil, não exige esforço especial, e
é completamente natural. E a Ascensão pode ser praticada de olhos abertos ou fechados.

Após os curtos períodos diários de prática, certamente é possível acelerar o crescimento.


Exercícios físicos podem ser úteis. Dieta pode ser útil. Conhecimento pode ser útil – mas todo o
conhecimento do Universo não lhe servirá, se você não aplicá-lo. Como já mencionei, é por isso
que este texto é curto! Um livro a mais, nas estantes, é um substituto muito pobre para a
experiência direta da Ascensão Infinita!

11
Contrariamente à minha primeira impressão (de que nenhum curso seria necessário, bastando a “entrega” a Deus
para que “ascendamos”), aqui é dito que um “curso presencial” é requerido. Tais cursos estão disponíveis no Brasil,
pelo menos parcialmente. Contatar o núcleo de ensino Ishaya em Brasília (anagha@caminobrillante.com).

Página
49
IX – ACEITAÇÃO UNIVERSAL
Quando eu aceito os outros como eles são, eles mudam.
Quando me aceito como sou, mudo.
A Ascensão é Universal – todos, de qualquer confissão religiosa, podem aprender (e aprendem!)
essa prática. Os professores da Ascensão acolhem todas as tradições religiosas e honram todos os
seus líderes – no passado e no presente. Toda e qualquer tentativa de crescimento em direção ao
Ascendente é benéfica; toda e qualquer tentativa passada contribuiu imensamente para a vida
humana. Nós honramos todos e a nenhum condenamos, pois sabemos que na essência cada um é
uma centelha da chama divina. As diferenças externas – tão aparentes na Terra – são
absolutamente superficiais comparadas à luz inalterável, Infinita, que sublinha e permeia toda a
criação. Essa luz interna aceita todos, a nenhum bajula e a nenhum condena. Como poderia? Ela é
a Realidade essencial de cada um – de todas as coisas e em todos os lugares. Sempre!

Essa atitude de aceitação universal pode ser artificialmente cultivada – afinal, é apenas um hábito
mental que nos faz condenar os outros. Qualquer hábito pode ser mudado. Se é possível pensar
com julgamento sobre nós mesmos e sobre os outros, certamente é possível (e mais fácil) pensar
sem julgamento, com uma perfeita aceitação de nós mesmos e de todo mundo.

Quão frequentemente condenamos os outros? E quantas vezes não explodimos contra nós
mesmos, em razão de hábitos que julgamos sem valor? Mas existe uma parte de nós que vai
continuar reforçando nossos hábitos “ruins”, pois há uma porção da nossa alma que insiste em
que nos amemos, apesar de nossos hábitos condenáveis. Há um ponto muito fundo no interior de
cada um de nós constituído de perfeita selvageria, de absoluta falta de piedade. Nosso Ser
Superior está comprometido a que aprendamos tudo que for necessário aprender. Para aprender,
faremos qualquer coisa ao nosso eu inferior. Qualquer coisa! Doenças limitadoras. Morte
prematura. Corpos mal formados. Hábitos odiosamente destrutivos. Qualquer coisa, mesmo! E
tudo para crescimento!

E assim deve ser com nossa atitude em relação aos outros. Eles querem ser amados exatamente
como são. Não querem mudar, para atender nossos desejos: por que deveriam? O Sol, por acaso,
não brilha também para eles? Será que o oxigênio já não alimenta suas células? Se o Universo
segue aceitando cada um como de fato é, por que seremos menos complacentes?

Isso pode ser um dos princípios mais difíceis de aceitarmos, porque sempre nos devotamos
intensamente a acreditar que alguns padrões de comportamento são melhores que outros. Temos
uma propensão ao sentimento de manada: as atitudes estão “certas”, desde que sejam também
dos “outros” ou que os “outros” as aceitem. Por que existe um problema com drogas neste país
[EUA]? Uma razão é que a opinião e os sentimentos dos nossos pares [de gente como nós] nos
parecem mais importantes que a opinião impessoal das autoridades, mesmo se apoiadas em toda
lógica e ciência.

Página
50
Não existe, assim, nenhum padrão Universal de comportamento? Do ponto de vista do
Ascendente, ninguém jamais deixou ou deixará (não é possível!) a Consciência Infinita12. Mas na
perspectiva de seres que esqueceram tudo a respeito do Ascendente (até o fato de Sua
existência!), é obvio que certas ações nos impedirão, mais que outras, de lembrar quem de fato
somos. E certos atos nos levarão a remover os bloqueios auto-impostos à experiência do
Ascendente, enquanto outros reforçarão as obstruções.

Alguns alimentos, mais que outros, alimentam o corpo. Alguns tipos de exercícios servem-nos
melhor. Algumas formas de pensar são proveitosas; outras, não. Algumas crenças ajudam a
evolução; outras não ajudam. Certos hábitos e ações aceleram nosso progresso; outros impedem
nosso crescimento e o de outras pessoas. Tais ações não são “pecados”, nós não somos punidos
por retardar nossa evolução ou a de outros; apenas ficamos menos felizes quando atrasamos o
crescimento e, assim, estaríamos mais felizes se pudéssemos refazer aquelas escolhas que nos
vieram a causar dor.

Esta é a estrutura da lei de causa e efeito na esfera humana – a “lei do karma”, como conhecida no
oriente, ou lei da retribuição, no ocidente, como foi chamada por Emerson e outros; o credo
fundamental de toda religião, a Lei de Ouro, como expressa na Galiléia há cerca de dois mil anos –
“Faça aos outros, como gostarias que fizessem a ti”. E, “Assim como semeias, colherás”! Se
plantarmos sementes de medo, de discórdia ou desarmonia, certamente teremos uma colheita de
infelicidade. Se plantarmos sementes de amor, as Forças Invencíveis da Natureza responderão
com uma farta colheita de amor e alegria em nosso mundo.

Por isso que é importante tratar os outros como gostaríamos de ser tratados. Não porque
poderíamos feri-los, ou a nós mesmos, permanentemente; tal seria impossível, até porque somos
impulsos eternos de vida! Corpos podem ser (e serão) perdidos; almas, nunca! Mas podemos
atrasar ou acelerar a volta dos outros à Fonte. O atraso ou aceleração na volta deles, igualmente
se aplicam à nossa – pois no nosso Universo os outros são extensões de nós mesmos!

Se formos devotados a ganhos materiais ou posses, nosso foco está em coisas que vão passar. Se
nossa energia é investida em coisas sujeitas a mudanças, e não nas imutáveis, inevitavelmente
nossa vida vai-se encaminhar para a decadência e a morte. Se, por outro lado, investirmos nas
coisas que nunca mudam, nossa vida responde tornando-se mais e mais alinhada com a dinâmica
e as qualidades inestimáveis do Ascendente.

Do ponto de vista da eternidade, que diferença faz se forem necessários um dia, um ano ou
milhões de anos para que um impulso de Vida Eterna [nós somos “o impulso de Vida Eterna”!] se
reconheça como um impulso imortal de Vida Eterna? Para o Infinito, que diferença faz um número
qualquer, mesmo muito grande? Não faz diferença alguma! Mas, do ponto de vista do próprio
impulso [ou seja, do nosso ponto de vista!], um dia é diferente de milhões de anos. Tudo é uma questão
de perspectiva!

Quando éramos crianças, se o braço de nossa boneca preferida quebrasse, sentiríamos enorme
dor - e poderíamos até rolar no chão, em lágrimas. Nossa mãe, sábia e amorosa, secaria nossas
lágrimas e consertaria a boneca, nos compraria outra – ou tomaria uma atitude qualquer que
contornasse o problema. Do ponto de vista do adulto, os problemas das crianças são de fácil
solução; só adultos com nível emocional de criança podem ter dificuldade nessas situações.
12
Ver Um Curso em Milagres: a “separação” nunca ocorreu! Apesar de nos sentirmos separados (dores, sofrimentos,
medo, problemas etc.), estamos, todos, em Deus! Com o intelecto, isso não é aceitável. Mas assim é!

Página
51
Muitos podem achar difícil dar esse passo [expandir a consciência, Ascender!] – mas, certamente, é um
passo valioso. Quando nosso Universo naufragar, pela morte de um ente querido, por uma doença
séria ou por qualquer das inumeráveis vicissitudes que nos podem atingir na Terra, é apenas
humano que apontemos nossos punhos irados para o Criador; que sintamos raiva, dor e
sofrimento. É humano; mas... não é Divino!

Não é apenas desnecessário que soframos nesta vida; nem mesmo é necessário ou proveitoso
lutar contra suas correntes naturais. Podemos nem sempre entender ou lembrar para onde
estamos indo; podemos não entender ou lembrar porque experimentamos a vida do jeito que
experimentamos – mas tal não significa que nunca entenderemos ou lembraremos! Algumas
vezes, só um pouco mais de paciência é necessária; outras vezes, apenas um jeito diferente de
olhar a vida e o nosso mundo. E algumas vezes precisamos mostrar a nós mesmos, que fomos
nós que criamos nosso mundo, exatamente como ele é!

À primeira vista, esse conceito pode parecer surpreendente. Normalmente imaginamos que fomos
jogados, sem nenhum traço de vontade própria, num Universo que certamente não criamos!
Achamos que nossos pais estão em débito conosco, pelo simples fato de nos haverem gerado.
Afinal, não pedimos para nascer, não é mesmo?

Neste mundo inicialmente hostil, espera-se que façamos algo de nossas vidas – que tenhamos
sucesso, prosperemos, que nos tornemos adultos e cidadãos responsáveis! O destino ou um Deus
raivoso nos podem ter reservado muitas dificuldades: podemos ter corpos danificados ou
condições muito duras de vida, desde o início. Podemos ter nascido viciados ou doentes; podemos
ter nascido com problemas no coração ou no fígado. Mesmo nesses casos, espera-se que façamos
o melhor de nossas vidas: que perseveremos e tenhamos sucesso, apesar das dificuldades.
Acreditamos em tantos “devíamos” e “não devíamos” na Terra! [Tudo que vem, vem para o bem!]

Não estou insinuando que seja errado lutar por realização – mas que é errado culpar os outros
pela nossa realidade física, mental, espiritual ou ambiental. E isso não é errado porque nos
prejudique; é errado porque é uma clara perda de tempo, à medida que alimenta um sistema de
crenças falho e limitador, que de fato não nos serve.

Se pessoas de outras épocas fossem magicamente trazidas a nossa era, sem dúvida iriam
considerar muitas das facilidades com que contamos corriqueiramente (TV, carro, luz elétrica,
telefones, aviões) como miraculosas – divinas ou satânicas! É uma reação humana natural,
relativamente ao desconhecido, levantar as mãos para o céu e invocar interferência de “algo”
sobrenatural. Quando não entendemos alguma coisa, dizemos “Deve ser a Vontade de Deus”, ou
“É pura sorte”, ou “É obra do demônio”! Temos sempre um rótulo conveniente para aquilo que
desconhecemos, de forma que podemos parar de pensar a respeito. Por que meu melhor amigo
tinha que morrer na queda do avião dele – quando era tão feliz, brilhante e bem sucedido? Por
que meu pai tinha que morrer nos meus braços, quando eu tinha quatorze anos? Por que meu
filho nasceu cego? Por que meu chefe é tão tirano? Por que minha mulher morreu de câncer? Por
que a vida é tão sem significado? Por que Deus é tão cruel? Por que, Deus, por quê?

A verdade é que nenhum de nós pode saber tudo o que há para ser conhecido. E quem gostaria de
poder? Pessoalmente, não me interessa saber quantos grãos de areia existem no deserto do
Saara. Você estaria interessado? Mas é possível vir a conhecer qualquer coisa [se o quisermos!]. Se
nossa filosofia de vida (ou nosso sistema de crenças) se está chocando consistentemente contra

Página
52
uma parede de concreto, sem que haja alternativa senão deixar sem explicação uma quantidade
muito grande de experiências (ou explicá-las como a “Vontade de Deus” ou alguma “sina
impessoal”), então seria prudente questionar se nosso sistema de pensamento não está
substituindo compreensão direta por crença. Se nos estão dizendo para “aceitar pela fé”, porque
“certas coisas não estão abertas ao conhecimento humano”, atenção! Podemos passar a vida
inteira nessa encruzilhada intelectual, para voltar, no fim, à posição em que estávamos no começo
– tentando entender por que o Universo é como é!

Não aceite pela fé nada dos ensinamentos Ishayas! Aceitar cegamente a filosofia de outros é o
caminho mais seguro para permanecer ancorado no estado de Consciência “Vítima”. Faça suas
próprias experiências na vida: estude sua mente e experiências, não tome nada como garantido,
do mais simples ao mais milagroso! Só nisso reside o progresso.

É por isso que a Ascensão se baseia na experiência direta. A seu respeito, não há necessidade de
acreditar em nada! Experimente por você mesmo. À medida que suas crenças e hábitos vão-se
deslocando com suas experiências cambiantes de vida, questione (o mais profundamente que
puder!) o que é verdade e o que não é; o que é Real e o que não é! Apenas assim a liberdade vem!

Um grande passo para assumir controle da nossa vida é parar de colocar qualquer outro num
pedestal de autoridade. É também difícil – ou impossível – assumir controle de nossa vida, se
culpamos os outros, ou circunstâncias “fora de nosso controle”, pelo jeito como ela transcorre. É
impossível sermos livres, se mantivermos as correntes mentais de condenações passadas ou
presentes ou de devoções que escravizam. Entenda isso agora, e você terá dado um grande passo
para sua imediata liberação. Entenda isso, e você terá descoberto um dos segredos fundamentais
da vida: não há ninguém para culpar, ninguém para agradecer – ninguém! Ninguém, salvo nós
mesmos!

O próximo passo é igualmente difícil de aceitar, mas igualmente importante, e nos libera ainda
mais de crenças autodestrutivas do passado, dos julgamentos e padrões de comportamento. Esse
passo é o seguinte: agora, neste momento, a vida de cada um de nós é perfeita! Todo mundo e
todas as coisas estão no nosso Universo por alguma boa razão! E eles estão lá [no nosso Universo]
para nos ajudar a reconhecer nossa Verdadeira natureza. É sempre assim! Nunca há exceções!
Todo e qualquer momento é impecável, perfeito em cada aspecto, sem falha ou erro - porque é
saturado com a luz Infinita do Ascendente.

Esse conceito é revolucionário, porque temos o hábito de julgar todo mundo e todas as coisas,
todo pensamento, todo sentimento e toda experiência como “bons” ou “ruins”. De umas pessoas,
gostamos; de outras, não. Algumas emoções são positivas; outras, negativas. Algumas
experiências são maravilhosas; outras, horrendas. E por aí, vai... Cremos num mundo dual – frio e
calor, seco e molhado, prazer e dor.

- ASCENDENTE BOM x ASCENDENTE RUIM -


Vamos considerar objetivamente tais alternativas. Na verdade, só duas possibilidades existem: ou
o Ascendente é “bom”, ou é “ruim”! Não é assim? Se o Ascendente é ruim, então um Universo
sem significado e doloroso é perfeitamente lógico e consistente. Mas se o Ascendente é ruim, por
que teria que ser lógico ou consistente o Universo? Se Ele é mesmo ruim, portanto, o mais
Página
53
provável é que o Universo seja fundamentalmente caótico! De fato, no dia-a-dia, nosso Universo
parece caótico, mas só em instâncias isoladas. Basicamente, nenhuma dúvida pode existir quanto
à prevalência de uma ordem profunda permeando cada partícula da criação: essa ordem
fundamental mantém todos os átomos ligados em perfeita consistência, tanto no Sol como no seu
cachorro ou no seu corpo. Que tipo de Ascendente estabeleceria como fundamento uma ordem
Universal perfeita e sem falha [senão um Ascendente perfeito?]?

O Ascendente poderia ser ruim e tão perverso, que essa ordem perfeita se manifesta abaixo de
uma superfície de caos em todos os lugares. Isso poderia ser uma definição do inferno: a ordem
perfeita se esconde logo abaixo da superfície [superfície de caos, onde vivemos]; portanto, tudo que
jamais experimentamos é escuro, doloroso e insano.

A maioria das pessoas fica apavorada com a idéia que fazem do Ascendente – com a idéia pessoal
que fazem de Deus. No fundo, muitos que professam grande fé ficam enraivecidos ou
desapontados, por sentirem-se profundamente machucados e traídos [por Deus]. Esta é uma das
raízes da Consciência “Vítima” – aqui, em vez de culparmos nossos pais, maridos, esposas,
ambientes ou histórias pessoais, culpamos o Ser Supremo por nossa miséria [atenção: nós, e ninguém
mais, somos responsáveis por tudo!]. Algumas pessoas “secretamente” têm medo de que Deus as venha
a punir, justamente por sua rebeldia contra as leis do caos que Ele teria estabelecido no mundo –
por manterem-se “secretamente” zangadas com Deus.

Se o Ascendente for de fato ruim, estas e outras pessoas têm razão de ficarem aterrorizadas com
esse Deus vingativo e mutilador. Certamente, tal Ser não se importaria de soprar vida em trilhões
de seres, designando-lhes tarefas impossíveis e os matando, lenta e dolorosamente – ou os
relegando ao esquecimento ou à danação eterna. Se tal Deus existisse, estaríamos todos em sérios
problemas: quem, entre nós, já não quebrou quase todas (ou todas) as leis da vida na Terra?

Esse tipo de Deus não seria apenas ruim, mas também insano! Que tipo de ser sadio criaria vida,
apenas para destruí-la? Ou criaria Vida Imortal, apenas para puni-la eternamente? Esses conceitos
são tão incrivelmente absurdos, tão absurdamente ridículos, que espanta saber como tantas
pessoas expressaram e defenderam ardorosamente tais idéias ao longo de tantos e tantos
séculos!

Vamos considerar a alternativa. Se o Ascendente é bom, como é possível haver dor ou sofrimento
no mundo? Muitos já disseram que o Ascendente é bom, mas que existem outras forças
poderosas que não são! Tais forças se oporiam à Vontade do Ascendente, poderosa e
continuamente. Alguns dizem que o Ascendente criou apenas o bem, mas algumas criaturas
quiseram superá-Lo - e contra Ele se rebelaram, numa guerra sangrenta que diminuiu o Universo e
quase destruiu a criação. Os argumentos, pleiteando a falta de Onisciência ou a Onipotência
estranhamente limitada do Ascendente, podem até ser fascinantes, mas resultam num Deus que
seria bom, mas imperfeito. Ou, pelo menos, não todo-inteligência e não todo-poderoso!

Ora, um Deus que não é perfeito é um Deus ruim! O que parece acontecer é que pessoas, que
simplesmente não podem entender que o Universo seja “falho”, têm que encontrar uma causa
para as “falhas”. Isso é projeção, na mais pura forma! Detecto “falhas” no Universo, logo, Quem o
criou, tem “falhas” também – ou é confrontado por um ser quase tão poderoso (ainda que
imperfeito). Mas, se existir outro ser quase tão poderoso quanto Deus, quase tão sábio quanto
Deus, quase tão bom quanto Deus – deve haver algum lugar no Universo onde Deus não esteja! E
se Deus não for Onisciente, Onipotente e Onipresente, se não for amoroso, gentil e senhor do

Página
54
perdão, nem mesmo aparência de Deus terá. Mas esse Deus se parece muito com a projeção de
nossos piores medos; se adorarmos ou tentarmos apaziguar tal Deus, estaremos adorando e
tentando apaziguar nosso próprio medo, nossa própria natureza escura. Estaremos, portanto,
adorando nosso próprio ego!

Um ser quase Onipotente, mas raivoso, capaz de nos esmagar como insetos, pronto a nos
condenar a uma vida interminável de dor e tortura se não cumprirmos suas muitas regras – por
que haveríamos de acreditar em tal ser? Uma razão poderia ser para nos obrigarmos a um
comportamento adequado – já que uma parte de nós acredita que se não nos obrigarmos à coisa
certa vamos acabar selvagens, egoístas, desajustados e logo capazes de nos causar mal, e aos
outros. E, se nem mesmo confiamos em nós para sermos “bons”, como iríamos sonhar em confiar
nos outros? Um Deus ruim ou desajustado pode-se tornar um aliado valioso para nos enquadrar (e
aos outros).

O problema em reprimir consciente ou inconscientemente a Verdade (para colocá-la em


conformidade com alguma coisa) é que, mais cedo ou mais tarde, tal repressão conduz à rebelião.
E quanto mais ativamente tentarmos sufocar a revolta, mais força ela ganhará. À medida que
grupos cada vez maiores da humanidade são “condenados ao fogo eterno”, nossas igrejas vão ter
que refinar, delinear com bem mais clareza o que exatamente Deus espera de nós. Ainda assim
[mesmo sem “maior confiança” em nossa igreja...], preferimos ser enterrados no cemitério ao lado da
nossa igreja – pois não queremos nossa carcaça associada à de pecadores que arderão no fogo do
inferno pela eternidade.

Que tolice! A Verdade do Ascendente está igualmente em todos – ou não está em ninguém!

Se o Ascendente é verdadeiramente todo-bondade, todo-poderoso e presente em todos os


lugares [Ele assim é!], só nos resta a alternativa de questionar nossas percepções prévias – e as
conclusões que nelas baseamos. Quando você elimina o impossível, o que resta, ainda que pareça
improvável, tem que ser a verdade. Já vimos o que acontece quando projetamos nossa dor e
sofrimento – Deus torna-se cruel, impotente, ruim, insano ou, ao menos, indiferente. Mas, e se
essas projeções forem falsas? Apenas para efeito de raciocínio, suponha que o Ascendente seja
verdadeiramente todo-bondade, todo-poderoso, presente em todos os lugares, absolutamente
amoroso e atento a cada uma de suas criaturas. Tomemos um Ascendente assim, e vejamos que
tipo de Universo resulta de tal premissa.

Se o Ascendente é todo-bondade, então como pode haver qualquer tipo de dor e sofrimento? Se o
Ascendente é verdadeiramente todo-amor, como poderia sofrer qualquer nível da criação? E, se o
Ascendente não permite ou valoriza o sofrimento e mesmo assim parte da criação sofre, tal não
provaria que existe na Criação outra força, uma vontade maléfica, em oposição à vontade do
Ascendente?

Existe, contudo, outra possibilidade. Esta é uma idéia antiga, que saiu de moda na maior parte do
mundo, porque nunca se entendeu como torná-la algo maior que um pensamento
particularmente fascinante. Se questionarmos nossas percepções e conclusões de que o mal e o
sofrimento existem, resulta como premissa que o Ascendente é Onipresente, perfeitamente bom
e Onipotente. Quando acordamos de um sonho, o que acontece com os elementos do sonho?
Com as dores e as crenças do sonho? Elas desaparecem, como se nunca tivessem existido. [E,
mesmo em vigília, no estado ainda não desperto todos estamos “sonhando”!+

Página
55
- DOIS TIPOS DE MAL -
Existem dois tipos de mal (pelo menos, assim cremos): aquele que acaba resultando em um bem,
e aquele que é puramente destrutivo, sem nenhum efeito positivo. O último tipo é o único desafio
significativo ao entendimento da natureza todo-bondosa de Deus; os do primeiro tipo, que
resultam eventualmente no bem, devem ser considerados como bons; só nosso conhecimento
limitado de causa e efeito nos faz interpretá-los como ruins. Por exemplo, alguém pode achar ruim
a morte de um botão; mas, logo, uma flor nasce! Quem, agora, lamenta a perda do botão? Esse
tipo de “mal”, portanto, é apenas uma interpretação incorreta do “bem”, em razão das limitações
dos nossos sentidos e entendimento.

A verdade boa é que o tipo de “mal” que é puro “mal”, sem conseqüências boas, é puramente
uma fabricação mental nossa - do tipo mais bizarro possível! A verdade simples é que todas as
coisas sempre trabalham para o “bem”13. Interpretamos diferentemente, porque nossa
perspectiva é limitada, e nossos olhos não aprenderam a ver corretamente. Tal pensamento [tudo
vem para o “bem”+ é maravilhoso, mesmo se só for percebido por um mero instante. Se todo “mal”
trabalha eventualmente para o “bem”, então o que é o “mal”? Deve ser uma ferramenta do
Ascendente! Uma lagarta morre; de certa perspectiva, isso é visto como ruim. Mas, qual é o
resultado? Uma borboleta nasce! A morte da lagarta foi ruim? Se fôssemos muito apegados a ela,
sua morte seria encarada, sim, como terrível, muito ruim! Mas [de um ângulo de observação mais
“aberto”+ veja a beleza que resultou!

Estou certo de que você pode contrapor muitos exemplos a essa teoria, tantas foram as vezes na
história de seu mundo e de sua vida em que coisas terríveis aconteceram - que em nada de “bom”
resultaram. Alguns podem já ter abandonado este trabalho, resmungando que é apenas mais uma
forma de misticismo – ou algo igualmente inútil para a vida prática. Ou, talvez, ele já tenha
agredido tanto sua sensibilidade religiosa, tão dolorosamente alcançada, que você só segue lendo
para provar que esses ensinamentos são inválidos, satânicos ou, de alguma forma, prejudiciais.
Outros, talvez, os corações famintos, ainda seguem lendo, mas com graves reservas. Tanto da
experiência humana parece sem significado, repleta de dores! Quantas vezes não fomos traídos
antes? E se estes ensinamentos Ishayas forem apenas mais um caminho para o desapontamento?
Melhor mesmo é não deixar-se envolver. Melhor seguir “a salvo”, que ser ferido de novo!

Eu concordo que o sofrimento parece muito verdadeiro. Concordo que isso parece uma verdade
incontroversa, que o mal, a dor e a agonia parecem companheiras permanentes em nossas curtas
vidas. Mas, peço a você que considere por um momento o que isso tudo significaria [dor, agonia...],
se você pudesse ver a alternativa [ver a verdade, fora do domínio do “tempo” e para além das aparências!]. O
que isso tudo significaria se a vida não fosse, mesmo, destinada ao sofrimento? Se a vida, na
verdade, fosse destinada à alegria, ao amor, ao progresso e à felicidade?

Há um lindo filme antigo intitulado “Uma Vida Maravilhosa”. Ao protagonista, Jimmy Stewart, que
agonizava após uma vida sem nenhuma utilidade, é mostrado o que o mundo teria sido se ele
jamais tivesse vivido. Tudo na sua cidade, na vida de seus familiares e amigos, teria sido muito
pior, se ele jamais tivesse existido. Que ângulo de análise maravilhoso! Da nossa perspectiva –
humana e limitada – é impossível avaliar o efeito que causamos no Universo!

13
Um Curso em Milagres: tudo que vem, vem para o bem.

Página
56
Podemos levar isso um passo adiante – já que a ausência da vida de cada um é simplesmente
impossível: todas as coisas são parte do grande Projeto Cósmico. A visão de que isso não parece
ser assim, não muda o fato de que É ASSIM! Ainda é verdade que Realidade não é nem será
democrática!

- UMA NOVA MANEIRA DE VIVER -


Considere as condições necessárias para crescimento da felicidade e da saúde. Se nossa antiga
visão do mundo está ultrapassada – não nos dando tudo quanto desejamos -, se estamos doentes
ou vazios da alegria de viver, é necessário buscarmos um novo “modus vivendi”, uma nova
maneira de perceber, um novo nível de consciência em nossas vidas. Para conseguir isso, devemos
permitir a mudança das nossas crenças antigas e tão queridas! Porque são exatamente nossas
crenças que estruturam nossas percepções e nosso mundo. Não é provável que pêssegos brotem
em macieiras! Se não estamos satisfeitos com maçãs, e queremos pêssegos, devemos plantar uma
árvore nova – que produza pêssegos. Se existem áreas da nossa vida em que estamos
descontentes, em que não estamos vivendo em plenitude, em paz perfeita e alegria ilimitada, e se
queremos mudar essas áreas, é necessário que adotemos uma nova maneira de encarar nossa
vida e nosso mundo.

Quando olhamos para nós mesmos ou para os outros com condenação, contribuímos para baixar
a freqüência vibratória do Universo. Isso não significa que devemos tentar reprimir nossos
sentimentos negativos, se os tivermos. Repressão da negatividade é uma das causas principais de
falência da nossa saúde física, mental e emocional. Não nos faz bem algum nutrir sentimentos
negativos acerca de alguém ou de alguma coisa – e nos forçarmos a ignorá-los. De um jeito ou de
outro, eles produzirão seus efeitos. E os efeitos serão tanto mais fortes quanto mais energia lhes
fornecermos, por meio da repressão. Mas é possível cultivar um estado de consciência em que
sempre encaramos o mundo com compaixão divina. Em vez de olharmos para fora e acharmos
pecado em tudo, podemos ver que todas as pessoas estão sempre tentando o melhor que
podem.

Esta é a percepção do iluminado: todos estão sempre fazendo o melhor, em todos os lugares.
Não há exceções! Podemos dizer que o melhor de uma pessoa é como o pior de outra – mas isso é
comparação, julgamento, condenação, e não amor ou perdão. Para nossa paz de espírito, é
sempre melhor concluir, sobre o mundo: todos estão sempre fazendo o melhor que podem! Isso
decorre imediata e praticamente da conclusão de que o Ascendente é todo-bondade, todo Amor,
presente em todos os lugares e conhecedor de tudo.

Outra maneira de dizer isso é afirmar: “Todo o tempo, só o bem existe”. Que alívio, para uma
mente cansada, ocupar-se com esse pensamento! Ocuparmo-nos com esse pensamento nos
desafia a ver o “bem” naquilo que a mente superficial havia julgado como “mal”. Ocuparmo-nos
com esse pensamento nos empurra cada vez mais em direção ao crescimento de nossa
consciência. Ocuparmo-nos com esse pensamento nos inspira a ver o “bem” em todas as coisas.

Página
57
X – ILUMINAÇÃO
Não há distância entre você e seu Deus

O que, exatamente, é iluminação? Todos falam nisso há anos, mas o que exatamente é? É algo
diferente da Salvação preconizada na tradição Cristã? Será que é a mesma coisa para budistas,
hindus, taoistas, sufis, muçulmanos, cristãos, agnósticos, ateus? O que exatamente é a Voz por
Deus? Qualquer um pode experimentá-la? Será que existirão sagas e profetas modernos, ou isso
foi um fenômeno histórico, que não mais se repete no mundo atual? E será que tais coisas [sagas e
profetas] existiram mesmo? Ou sua suposta existência não passou de “grandiosidade” histórica?
Milagres são reais ou são meras fantasias?

Esses questionamentos mexem com você? Se eles não têm nada de prático para você, se têm
pouca relevância no seu mundo e na sua vida, então provavelmente eles não lhe interessam
muito. E se isso é verdade, então o que fascina você, de fato? O que, de fato, interessa ao ser
humano moderno? Estamos todos felizes com a qualidade de nossas vidas? Entre nós, existe
alguém que se preocupe com a amplitude das experiências humanas possíveis? Ou estamos tão
interessados em nossos padrões financeiros e sociais, que com nada mais nos importamos? E se a
experiência de expansão da consciência significasse um sucesso crescente em todas as áreas de
nosso interesse? E se fosse possível que pudéssemos fazer tudo – qualquer coisa, mesmo! – que
desejássemos? Se assim fosse, ficaríamos mais interessados?

É possível que alguns de nós já tenhamos estado interessados, mas tropeçamos em professor,
ensinamento, igreja ou ciência - e hoje ficamos plenamente satisfeitos em receber respostas de
outros; só muito raramente (ou nunca!) procuramos nossa própria verdade interior. Talvez
tenhamos questionado se jamais acharíamos respostas – e abandonamos nossa busca.

Outra maneira de nunca encontrar a resposta é tentar um pouquinho de cada coisa disponível, e
não experimentar nada em profundidade. Ocasionalmente, temos esse tipo de pessoa
aprendendo as técnicas Ishayas. Elas têm o hábito de provar tudo que encontram, pulando
afoitamente de uma coisa para outra, procurando a verdade em todos os cantos – sem encontrá-
la em lugar algum. Esse comportamento “agarra-tudo” nunca dá certo. O progresso só pode ser
alcançado por meio de um mergulho no fundo do próprio coração. Respostas só serão
encontradas, se procuradas “lá dentro”. Adotar o sistema de crenças dos outros não é resposta;
seguir cegamente mais um professor ou ensinamento não faz sentido. O Professor Verdadeiro vai
sempre apontar o dedo da compreensão para o coração do próprio buscador. Somente lá o
progresso é possível. O Professor Verdadeiro está sempre buscando a independência dos seus
seguidores, nunca a devoção escrava. O crescimento vem de “dentro”. Sempre. Sempre!

Dentro de cada um de nós existe uma “casa do tesouro”, de riqueza incomum. Uma beleza maior,
que os olhos humanos jamais viram, jaz escondida em nosso interior; uma sabedoria maior do que
a mente jamais sonhou está disponível na câmara preciosa, no interior do nosso peito. Salvação,
segurança, libertação de todo tipo de medo também estão lá dentro, assim como o
preenchimento de todo desejo, a calma que sucede a tempestade, a mão amorosa que seca toda
lágrima, o bálsamo suave que alivia todo ferimento.

Página
58
O que pode ser feito para liberar nossa sapiência assim escondida? Até a psicologia moderna
declara que o indivíduo médio usa apenas uma pequena percentagem do material mental de que
dispõe – a maioria aponta que 5% a 10% dessa capacidade é tudo que o adulto médio usa. Que
trágico desperdício! Tão pouco da nossa mente é usada – e tanto fica inexplorado, desconhecido,
desconsiderado.

Repousando no interior de cada um existe um reservatório de criatividade e brilho! E não é muito


difícil aprender como explorar esse reservatório interno. O que dificulta são os hábitos. É o hábito
que restringe o uso de nossas mentes; é o hábito que nos mantém convencidos de uma vida
limitada, de altos e baixos, de prazer e dor, de sucesso e fracasso. Qualquer hábito pode ser
quebrado ou re-treinado; se são nossas crenças que mantêm a mente acorrentada a apenas uma
fração de seu potencial, tais crenças podem ser mudadas.

A Ascensão é um procedimento sistematizado para reeducar a mente a libertar-se de julgamento


e condenação. Este é um processo inteiramente automático; uma vez iniciado, continua por si
mesmo. A mente é semelhante a um disco – existem sulcos nas nossas mentes, circuitos neuronais
formados por experiências e pensamentos repetitivos. Quanto mais repetimos uma ação ou um
pensamento, mais profundamente se rasgam sulcos em nossas mentes. Isso é uma espécie de
maldição, no que respeita a hábitos de vida destrutivos; mas é, igualmente, uma bênção: a vida
seria muito pouco prática, se tivéssemos de lembrar “como andar” a cada vez que fôssemos dar
um novo passo.

É possível re-treinar a mente, de modo que os sulcos mais profundos levem à expansão da
consciência, à liberação. É isso que, à força, toda técnica de concentração tenta alcançar. Ainda
que às cegas, os psicólogos e psiquiatras vêm tentando “desfazer” os comportamentos mais
profundamente padronizados e substituí-los por níveis crescentes de autonomia holística; todo
líder religioso que se preze espera diminuir os padrões negativos de comportamento dos seus
seguidores, pela introdução de poderes espirituais mais elevados.

Honramos [os Ishayas] e respeitamos todos os procedimentos que transformem a consciência


humana, do campo dos problemas para o campo de todas as soluções – a Fonte de tudo que é. E
da nossa experiência fica claro que não é difícil mudar a vida; é, de fato, muito fácil!

Permita-me dar um exemplo. Digamos que você adore torta alemã de chocolate. Partindo da
premissa de que você não se sente gordo, não está de dieta, não tem problemas físicos ou mentais
com o consumo de açúcar ou gordura, e não tem qualquer outra razão para evitar torta alemã de
chocolate – por que você não comeria um bom pedaço, se alguém lhe oferecesse e você estivesse
com vontade? Não seria prazeroso? Agora, o que acontece se você achar que está gordo, se
estiver de dieta, se estiver preocupado com níveis de glicemia e colesterol, se estiver sem apetite,
se estiver sem dinheiro para pagar pela torta? ...Se mesmo assim você viesse a comer uma fatia da
torta, será que o prazer seria tão grande quanto na situação anterior? Evidentemente, não!

Mas é assim que usualmente nos tratamos. Investimos muito da nossa força emocional,
espiritual e intelectual no preenchimento de um desejo, enquanto sabotamos o tempo todo tal
esforço, com um coro contínuo de dúvidas e desejos em contrário! Esta é uma atitude
absolutamente habitual, mas tão bem acobertada, que quase nunca percebemos o que estamos
fazendo a nós mesmos – ou só percebemos quando já é tarde!

Página
59
A mente humana é uma ferramenta fascinante. É suficientemente complexa, para fazer qualquer
coisa – qualquer coisa, mesmo! O número possível de combinações e permutações de neurônios
no cérebro humano supera o número total de átomos do Universo. Este é um equipamento
surpreendente, uma máquina quase infinitamente complexa, capaz de perceber qualquer
verdade, capaz de viver qualquer experiência. O cérebro humano é tão sutil, que é capaz de
experimentar até mesmo a consciência – essência mais abstrata de tudo.

Se essa máquina extraordinária agir em unidade [numa só direção, sem divisões], o pensamento ganha
poder para fazer qualquer coisa! Foi isso que Cristo quis dizer, quando afirmou que se sua fé fosse
do tamanho de uma semente de mostarda, você poderia mover montanhas. O poder de uma
mente perfeitamente concentrada [focada num objetivo único] é literalmente ilimitado.

Mas o poder de uma mente dividida é fraco, limitado, ineficaz. Se quisermos algo, o truque para
ter sucesso é não solapar o desejo com uma miríade de desejos contrários. Vale lembrar, mais
uma vez, que isso é um hábito. A mente pode ser treinada para pensar em uma direção única – ou
pode continuar “pensando” como a maioria das mentes humanas: em conflito e diversidade. A
Ascensão sugere que tal treinamento não requer esforço: é fácil, natural e rápido!

Parte do segredo é “encantar” a mente em cada fase dessa transformação. A mente sempre
ambiciona mais experiência, mais amor, mais paz, mais estímulo, mais conhecimento – sempre
mais! A boa nova é que tal campo, de “mais”, já existe internamente – a mente só precisa
aprender a adotar o ângulo certo, e o processo vai adiante de forma automática. De fato, é
impossível impedir que novos sulcos se intensifiquem e aprofundem no cérebro, até que os sulcos
mais velhos são superados e eventualmente apagados.

A razão para isso é que o estado natural da consciência humana é o estado de iluminação! É mais
natural que a mente humana funcione com desejos desprovidos de falhas, e unidirecionais [mente
não dividida!], que de qualquer outra maneira; inclina-se a experimentar seu estado mais expandido,
que qualquer outro. Isso requer apenas pequenas mudanças na maneira como aprendeu a ver-se
a si mesma e ao mundo; essa transformação miraculosa ocorre automaticamente.

Em primeiro lugar, é a culpa e o medo que mantêm a mente na crença de que não é iluminada. À
primeira vista, isso pode até não parecer tão óbvio, mas um exame honesto da mente vai revelar
que só dois tipos de pensamento existem: aqueles baseados no amor, que unificam, e aqueles
baseados no medo, que dividem. Se você examinar sua mente de perto, por meros cinco minutos,
ficará assombrado com a miríade de desejos e pensamentos sem propósito, ou mutuamente
contraditórios, que você experimenta. Temos à nossa disposição a máquina mais incrível do
Universo, capaz de experimentar qualquer realidade, competente para descobrir a verdade,
equipada para realizar qualquer desejo! E o que tipicamente fazemos com essa máquina
extraordinária? O modo padrão de funcionamento é um pular contínuo entre pensamentos e
desejos contraditórios, dezenas de vezes a cada minuto! Se a mente fosse um radinho de pilha,
seria como se mudássemos de estação a cada segundo: a recepção seria confusa, barulhenta e
incompreensível. Na verdade, a qualidade da recepção seria tão ruim, que você logo desistiria de
ouvir o rádio e optaria por desligá-lo – para ficar algum sem tanto barulho.

É assim nossa experiência no estado de vigília. A mente é um “receptor” de percepções, imagens e


pensamentos; eles permeiam-na em uma sucessão interminável, até que ela precisa “desligar-se”
para restabelecer seus recursos moleculares exauridos e seus poderes sutis. Por isso, dormimos!

Página
60
Mas a mente não é apenas um “receptor” de informações sensoriais. Ela é suficientemente sutil
para conectar-se à matéria-mental, constituinte fundamental do Universo; a mente é a máquina
que conecta você, o indivíduo, à Fonte Universal de tudo: o Ascendente! Quando a mente é uni-
direcionada, quando suas energias estão em unidade [agrupadas, concentradas], ela não só é capaz de
experimentar o Ascendente, mas também de transmitir-Lhe seus desejos.

- O ASCENDENTE -
Quando percebemos o mundo exterior, estamos olhando para nossas próprias definições de
formas e objetos – mas não o campo unificado, subjacente, onde tais formas e objetos aparecem.
Analogamente, no mundo interior, os pensamentos e sentimentos compõem nossa consciência,
mas a consciência da própria consciência não é conhecida. O Ascendente é o espaço onde as
coisas existem; é a essência da qual tudo é feito: pensamentos, sentimentos, computadores,
minha tia Daisy.

O Ascendente não é um vazio como muitos proclamam - não é uma realidade negativa ou vazia.
Ao contrário, é um estado positivo de plenitude, de energia potencial Infinita, de onde todas as
coisas provêm. Como o Ascendente sublinha e permeia tudo na criação, Ele é chamado de
Onipresente. Tudo vem Dele - e existe por causa Dele! Nada existe ou pode vir a existir
isoladamente. Tudo é formado pelo Ascendente, continuamente fluindo para dentro e para fora
da manifestação.

O Ascendente não pode ser medido nem definido. Podemos designá-Lo por nomes, tais como
Infinito, Ilimitado, Absoluto – mas mesmo isso implica que Ele seja “alguma coisa”. Nenhum nome
para o Ascendente e nenhuma crença sobre o Ascendente podem corresponder a uma experiência
do Ascendente. É somente quando paramos de insistir em limitar o ilimitado – assinalando-lhe
conceitos originados na mente ainda não desperta –, que a luz Infinita do Mundo brilha no
interior. Liberta das fabricações mentais acerca da natureza da Realidade, a consciência é
experimentada como Absoluta (e idêntica a tudo que é).

O Ascendente não tem causa que Lhe dê origem, Ele é sua própria causa; é sempre o mesmo –
imutável! É como a água, cuja natureza não é afetada pelo tanto de pó que lhe adicionemos: só a
transparência é alterada; a natureza essencial não muda! O Ascendente é a estabilidade perfeita, a
Base de todas as bases. Não há experiência de dualidade no Ascendente, nenhuma diferença entre
o “eu” e o “Eu”. Não há separação. Como na experiência de “pico” da criação artística – pintura,
escrita ou composição musical -, no Ascendente também não existe a dualidade sujeito-objeto. No
Ascendente não há pensamento, não há sentimento, não há nada além do Silêncio – Eterno e
auto-suficiente.

O Ascendente é a Realidade última de onde tudo provém e onde tudo segue existindo para
sempre. Iluminação é experimentar isso [identidade no Ascendente] como nossa verdadeira natureza;
ignorar isso significa continuar em ilusões, vida após vida, prisioneiros dos ciclos de “sansara”.
Através da Ascensão, o Ascendente é experimentado como nossa natureza essencial, como
consciência da própria consciência – pura e Ilimitada. Esta é a experiência da Liberdade Infinita; a
liberação dos limites do ego. Como o Ascendente é a Fonte de tudo, reconhecer que “Eu sou Isso”
significa reconhecer que permeio tudo! Este é um estado de “Ser” livre de toda e qualquer
dualidade, liberto do senso de “meu”. O Ascendente simplesmente é. E isso que Ele é, Eu sou!

Página
61
Ainda que seja impossível definir a experiência do Ascendente em palavras, ela é uma experiência
real! De fato, a experiência do Ascendente é mais real que qualquer outra, no estado de vigília
[estado ainda não desperto da mente]. A experiência do Ilimitado é infinitamente abstrata – e, ainda
assim, infinitamente concreta! Tendo provado isso claramente, a vida não permanece a mesma de
antes. Não há comportamentos, padrões, hábitos, crenças ou julgamentos prévios, que se possam
contrapor à força da Consciência Ilimitada – pois o Ascendente é a raiz de tudo!

Quando a mente está experimentando o Silêncio do Ascendente, não existe movimentação de


pensamentos. Quando está aberta à experiência do Ascendente, permanece como um lago
perfeito, intocado pelo vento, sem ondas nem cristas. Isso pode até ser atestado num eletro-
encefalograma: a coerência das ondas do cérebro é a medida objetiva da experiência subjetiva da
Ascensão.

A mente consome muito menos energia quando flutua no Ascendente: em face disso, o corpo se
acomoda no estado mais profundo de descanso. No estado perfeito de silêncio Infinito, não há
necessidade de respirar: o indivíduo retém vida pelo reconhecimento de que é parte da Vida
Universal - de forma alguma separado ou diferente da existência Universal. Em outras palavras, a
vida continua porque vida é a essência do Ascendente. Nesse estado, nenhuma decadência é
possível – nenhuma doença, nenhum sofrimento, nenhuma dor, nenhuma morte.

- SONHANDO -
Um dos fatos mais fascinantes acerca do Ascendente é que, Nele, qualquer impulso de energia
reage imediatamente para manifestar forma. Nossos sonhos à noite reagem imperfeitamente com
o Ascendente, produzindo visões de eventos improváveis sobre tudo e sobre qualquer coisa.
Como não ficamos muito conscientes enquanto dormimos, temos pouco controle sobre as
interações da nossa máquina-mental com o Ascendente. Consequentemente, muito raramente
nos reconhecemos como criadores [condutores] de nossos sonhos. Com a prática, isso pode ser
mudado. O estudo dos sonhos pode ser muito vantajoso.

Uma vez que o Ascendente é um repositório da Inteligência Infinita, e como muitas de nossas
inibições para contatar o Ascendente são relaxadas enquanto dormimos, um alto grau de ordem
sutil permeia nossos sonhos. Entender o que eles nos dizem - entender que mensagens do nosso
Ser Superior nos são enviadas nos sonhos -, faz deles um campo de estudo fascinante.
Dominando-se a criatividade pura dos sonhos, abrem-se portas para que se domine a habilidade
de criar qualquer coisa que se queira.

Os sonhos eram sagrados em muitas civilizações antigas. Acreditava-se que os sonhos nos abriam
a morada das forças celestiais; por isso, ninguém inteligente ignorava os avisos que vinham de
reinos supra-humanos penetrados nos sonhos. Algumas sociedades avançadas construíam
templos aonde indivíduos iam para sonhar e ganhar aconselhamento dos deuses – por exemplo, o
Egito e a Grécia antigos tinham centenas desses templos. Ainda hoje, algumas culturas aborígenes
definem que o sonho é o mais importante estado de consciência. Uma característica comum nessa
crença, é que nosso mundo no estado de vigília [estado ainda não desperto de consciência], de fato, está
sendo sonhado por “Alguém Mais”. Esse entendimento também prevalecia na antiga Índia:
Narayana (Vishnu) dorme na serpente Sesha (repositório de Universos prévios) no Oceano
Cósmico (o Ascendente); seus sonhos criam os Universos de nomes e formas, em um dos quais,
eventualmente, habitamos!
Página
62
Isto reflete a verdade: o estado ainda não desperto da consciência não é Absoluto. Nossa
experiência de vida não é sólida nem imutável, mas produzida por nossas crenças e julgamentos.
Se quisermos, podemos mudar nossas mentes; isso nos dará, necessariamente, outra perspectiva
de vida. O sofrimento, no estado de vigília, não é mais necessário do que no estado de sonho –
podemos mudar nossas percepções e experiências, mudando nossas crenças. Não temos que ficar
ligados às nossas percepções do mundo - espaciais, temporais, culturais, familiares ou passadas.
Mas, ainda assim, para a maioria (particularmente para aqueles que não estão evoluindo para
estados mais elevados de consciência), os ditames da racionalidade e da avaliação empírica
parecem Absolutos: é difícil, senão impossível, reescrever o longo sonho que é nosso drama no
estado de vigília [estado ainda não desperto de consciência].

Mas, para todo mundo, o estado de sonho é livre de qualquer restrição; esta, aliás, é a razão por
que tantos acham tão difícil entender os símbolos que se escondem nos sonhos. Todo sonho pode
servir como uma fonte de cura ou de “insight”; sonhar integra nossa experiência do mundo
exterior com nosso conhecimento interno acumulado em incontáveis vidas. No estado de sonho,
não existem barreiras ao futuro ou ao passado – e, por isso, neles, a quantidade e a variedade de
informações são impressionantes. Uma parte dessas informações inclui o contato direto com
nosso Ser Superior, a pré-cognição, experiências de vidas passadas e vidas futuras, dramas
mitológicos, a comunicação com seres celestiais, a análise e exploração da realidade no estado de
vigília [estado ainda não desperto de consciência], o contato com nosso estresse profundamente
enraizado e com nossos medos humanos, humores e fantasias. Tudo isso é enfeixado num pacote
de experiências metafóricas e simbólicas, que podem ou não fazer sentido para a mente no estado
de vigília.

Uma vez que nos sonhos estamos libertos das inibições e restrições adotadas em nossa vida, eles
podem-se constituir num excelente caminho para o autoconhecimento. Neles não há padrões
sociais aceitos, nenhum ditame familiar e nenhuma das defesas enraizadas nos nossos sistemas de
crença; assim, quando estamos sonhando, o conhecimento pleno da Verdade espiritual fica menos
escondido.

As consequências mais sérias incorridas em nosso Universo em vigília são os diferentes estresses
que se aninham em nossos corpos sutis; eles são liberados na Ascensão e nos sonhos. Ascender,
enquanto se está sonhando, é uma maneira poderosa de acelerar o processo. Um resultado
natural da expansão de consciência é poder sonhar qualquer sonho que se desejar, e conduzir o
sonho numa determinada direção. Isso naturalmente acontece quando estamos “acordados”
durante o sono, no estado mais elevado de iluminação; antes disso, tal habilidade pode ser
alcançada na medida em que se mantenha a consciência “desperta” enquanto se adormece.

Manter-se “desperto” enquanto se está adormecido (ou seja, perceber que se está dormindo e
sonhando) é um sinal de que se está desenvolvendo a característica de “testemunhar” da
Consciência Perpétua. Essa forma de sonho – o sonho “lúcido”! – usualmente ocorre no estágio
REM14 do sono, que se alcança após certo período adormecido. Focar na base da garganta, quando
se está adormecendo, pode produzir sonhos lúcidos: durante o sono, o foco da consciência
tipicamente se localiza na base da coluna vertebral ou no coração; durante o sonho, no plexo solar
ou na garganta.

14
REM: “Rapid Eye Movement” – estágio do sono em que os olhos, fechados, “acompanham” a ação sonhada.

Página
63
- CRESCIMENTO PARA A LIBERDADE -
Com o tempo, a análise dos sonhos, conduzida com propriedade, pode levar à iluminação plena.

Mas existem modos mais rápidos. Ah, se pudéssemos interagir com o Ascendente, com nossas
mentes em vigília! O preenchimento dos nossos desejos seria inevitável; e instantâneo!

O Ascendente é a fonte de tudo. Nada pode estar fora Dele; nada é feito de alguma coisa, que
não seja Ele; nada pode existir, nem pela menor fração de segundo, fora Dele! Ele é a parte
consciente da consciência: é a parte da existência, que existe! É tudo que sempre foi, e tudo que
sempre será; com seu sistema nervoso, você recebeu um excepcional presente ao nascer: uma
máquina que pode experimentar o Ascendente e dirigir tal experiência da forma que quiser.

De fato, todo o tempo você já vem dirigindo o Ascendente. Mas se sua mente não estiver
continuamente focada em um desejo de cada vez, seus desejos e pensamentos mutuamente
contraditórios se vão cancelando uns aos outros. Na verdade, não totalmente – ou você se
tornaria um esquizofrênico catatônico, nada fazendo além de sentar-se e contemplar o espaço.
Como você está lendo isto, pode-se inferir que você não é do tipo inteiramente “auto-
contraditório”, que não está navegando em círculos sem fim, no barco de sua mente.

A mente em contato com o Ascendente é como uma piscina em repouso. Pensamentos e desejos
são como pedras atiradas nessa piscina. Se uma pedra é lançada, lindas ondas concêntricas vão-se
formando na água, movendo-se em direção às bordas distantes. Se duas pedras são lançadas,
picos e vales vão-se formar, colidindo uns com os outros - alguns resultando cancelados e, outros,
acentuados. Se um punhado de pedras é lançado ao mesmo tempo, é muito provável que resulte
o caos, que nenhuma ordem prevaleça na piscina. Os reflexos [imagens refletidas] na água vão ser
fracionados em uma série de pequenos pedaços imperfeitos. A lua cheia pode estar flutuando
serenamente acima, mas seu reflexo na água será fracionado e totalmente distorcido.

Em qualquer praia, o tipo e a qualidade das ondas determinam o formato básico da areia.
Analogamente, o tipo e a qualidade das nossas ondas de pensamento determinam a “forma
global” de nossa mente. As cristas causadas por nossos desejos e pensamentos produzem tanto
efeitos imediatos (na superfície) como de longo prazo (em nível mais profundo). Quando o padrão
de pensamentos e desejos é caótico, os resultados serão necessariamente experiências anormais
(físicas, mentais e emocionais) e comportamento anormal. A extensão do pensar de modo caótico
determina o nível de desordem na vida. Quando o padrão de pensamentos e desejos é ordenado,
o resultado é uma vida saudável, feliz, alegre, progressista, criativa e plena!

Intelectualmente, é até fácil entender isso com relação à vida individual: se meu pensar é
desordenado, minha vida e minhas ações serão desordenadas. Mas, como o Ascendente é a fonte
de tudo, é também verdade que minha maneira caótica de pensar vai reagir com todas as partes
do Universo, todo o tempo e em todos os lugares. Como salmões, que retornam exatamente aos
sítios de reprodução [onde nasceram e onde morrerão], não existem acidentes de destino; só o que
existe são nossos pensamentos retornando à sua fonte nas nossas mentes individuais.

Não há ninguém a quem culpar, literalmente ninguém a quem condenar, ninguém para ser
julgado de nenhuma forma! Meus desejos criaram meu Universo, apenas para mim; seus
desejos criaram seu Universo, para você! O fato de que nossos Universos parecem tão similares, e
Página
64
compartilham tantas coisas, é uma coincidência útil e feliz, que caracteriza nossa humanidade
comum! Aqueles, cujos Universos individuais encontram-se totalmente fora de sincronia com o da
maioria, tendem a estar em prisões ou em hospitais psiquiátricos. Isso implica que a melhor cura
para a doença, física ou mental, é a mesma: re-conectar, conscientemente, a mente individual ao
Ascendente!

A mente humana é tão infinitamente flexível que pode estender-se em sua experiência, do mais
concreto ao mais abstrato – da realidade física vivida pelos nossos sentidos, à realidade interna,
abstrata, da consciência em si mesma.

O fio unificador da vida é o Amor! Esse fio tênue se estende do mais abstrato ao mais concreto,
em todo nível da existência, em todo nível da experiência. Parece algo muito delicado, muito
frágil, facilmente perdível ou quebrável, mas não é assim! É mais sólido que o granito; nunca pode
ser quebrado, reduzido, perdido; está sempre crescendo, primariamente em razão de ser
oferecido. Nunca podemos “cair fora” do amor, embora algumas vezes imaginemos que isso seja
possível. O que acontece quando achamos que “caímos fora”, é que a projeção dos nossos desejos
contraditórios tornou impossível o crescimento dos nossos relacionamentos. Esta é a descrição
mais gentil e acurada! Pois amparando nossos desejos – uma mistura de impulsos contraditórios,
que jogamos nas águas claras do Ascendente -, sempre figura nossa intenção original, cristalina,
desprovida de erro, pura, conduzindo nosso ser de situação em situação, de vida em vida, mundo
após mundo. E qual é a intenção original? É retornar à nossa Fonte! Aqui não estamos e nunca
estaremos em casa! Sempre nos sentiremos andarilhos despossuídos do tempo. E é isso o que
verdadeiramente somos. Como Pollimore, das lendas do Rei Arthur, perdemos nosso reino e
vagamos sem destino, enferrujando lentamente, pois nossa casa tornou-se invisível para nós.

Nosso exílio, porém, é auto-imposto! Escolhemos estar aqui; podemos escolher retornar para o
lugar de onde viemos, quando assim decidirmos! Nada pode ficar entre nós e a reunificação com
nossa Fonte – porque, de fato, nunca deixamos o Ascendente! Apenas pensamos que nos
separamos Dele15; viajamos excessivamente longe em nossa imaginação, mas é tudo mera
fantasia. O Ascendente espera pacientemente que lembremos quem somos, se necessário por
toda a Eternidade. Porque somos o Ascendente! Não importa por quanto tempo neguemos essa
verdade, não importa por quanto tempo queiramos construir crenças e sonhos falsos – o
Ascendente espera, pacientemente, pelo nosso retorno. Não há pensamento que possamos
pensar ou ação que possamos tomar – nada há que possa mudar esse fato. O Ascendente é a raiz
de tudo que somos, a expressão mais completa de tudo que jamais seremos! Ele não só é nossa
Fonte, como é a Fonte de todas as coisas, em todo lugar e todo o tempo! A vida, portanto, é muito
fácil de ser entendida.

Se isso parece difícil de se entender, é porque alguma parte não foi entendida corretamente. E
isso só pode ocorrer porque existem ainda algumas áreas escuras em nossa personalidade. Como
podemos mudar isso? De qualquer jeito que funcione!

15
A separação NUNCA ocorreu – Um Curso em Milagres

Página
65
XI – TRÊS ESTÁGIOS DE LIBERAÇÃO
Tudo que você pode fazer – ou sonha que pode fazer -, comece!
A ousadia embute genialidade, poder e mágica.

- (1) CONSCIÊNCIA PERPÉTUA -


Não é suficiente provar do Ascendente apenas durante uma meditação silenciosa, com os olhos
fechados. O desenvolvimento de consciência plena requer que movamos o Ascendente para
dentro da vida diária. Para alcançar essa meta, a própria vida deve tornar-se o Professor. Cada
desejo, cada conflito, cada problema é uma oportunidade apresentada por esse Professor
maravilhoso e sem erro [a vida!], para nos libertar dos falsos limites do ego e para nos ensinar que o
Ascendente é a Realidade subjacente a tudo. Uma vez que começamos ativamente a buscar o
crescimento, toda experiência nos mostra exatamente quais desejos ou aversões mantêm nossos
padrões destrutivos de comportamento, do passado. Toda situação na vida torna-se uma
oportunidade para crescer em direção à iluminação. À medida que nos tornamos adeptos da
renúncia a nossas construções mentais anteriores, naturalmente desenvolvemos um estado de
prontidão que nos conduz suavemente adiante e através da miragem da vida na Terra.

Renúncia permanente às criações do ego altera radicalmente nossa experiência do mundo. Não
estamos mais escravizados por padrões destrutivos de comportamento do passado. Como a
mente está liberada da dominância de pensamentos sobre o passado e sobre o futuro, com
naturalidade experimentamos e agimos espontaneamente no presente, para o bem de todas as
criaturas. A vida se torna extraordinária em sua simplicidade; a resposta a tudo que nos vem é
sempre a mesma: aceitação, compaixão e amor incondicional.

O nome mais comum para isso, em nossa tradição cristã, é “orar sem cessar”. Nunca se perde a
Infinita paz interior da realização perfeita; sempre se está conectado à Fonte interna. O Dr. Bucke,
em 1897, designou esse primeiro estágio de iluminação de “Consciência Cósmica”. Como tal nome
não foi tratado corretamente no século subseqüente, preferimos designá-lo hoje como
“Consciência Perpétua”. Consciência Perpétua significa que o alerta [a consciência] da presença do
Ascendente é permanente ou perpétuo.

Um antigo nome para essa primeira plataforma de iluminação é Nirvana. Nirvana vem do
Sanskrito Nirva – exceder, superar, explodir. O fogo da ignorância do ego foi superado, porque o
combustível para sua crença se exauriu. Como uma vela que foi apagada, todos os antigos
programas internos [destrutivos] foram extintos. O desejo deixa de prevalecer, quando cada ação é
executada em consciência plena, quando cada momento da vida é vivido espontaneamente no
momento presente [no agora!]. Este é o resultado natural da vida num estado de consciência
plenamente estabelecido no Ascendente.

Outro nome da Consciência Perpétua é “Nirvikalpa Samadhi”. “Nirvikalpa” significa permanente;


“Samadhi” significa o maior de todos [o máximo!] ou alinhamento sem erro. A vida torna-se suave e
natural quando a individualidade para de tentar controlar ou manipular cada aspecto da
existência [... simplesmente confie, “deixe rolar”!+. Este é o resultado de ter-se a consciência
permanentemente estabelecida no Infinito.

Em Sanskrito, uma característica essencial da Consciência Perpétua é conhecida como “prajna”


(prajya). Prajna é o poder do intelecto, que cria o testemunhar *“witnessing”+. O sistema nervoso é
Página
66
suficientemente flexível para experimentar o silêncio contínuo do Ascendente e, ao mesmo
tempo, os [três] estados relativos de consciência: vigília, sono e sonho. Essa duplicidade de
“alerta”, de testemunho, é o primeiro estágio da iluminação. Por isso, prajna é chamada de “a mãe
da sabedoria”.

A mente pode ser comparada a um bando de aves, que constantemente muda de forma e de
direção - sem, contudo, sair da sua “formação”. Quando começamos a cultivar uma consciência de
testemunho, às vezes observamos as aves a voar; às vezes somos as aves. Quando continuamente
somos as duas coisas simultaneamente, teremos desenvolvido plenamente “prajna”.

No estado de vigília, a experiência comum é: eu penso, eu sinto, eu ajo. Isso é uma confusão dos
níveis de realidade. Com nossa consciência plenamente estabelecida na Fonte, no Ascendente,
reconhecemos que todas as ações, pensamentos e sentimentos são externos ao Ser. A vida
continua como antes, mas agora o indivíduo já não confunde a fonte dos pensamentos,
sentimentos ou ações com o Ser individual [o Ser, no Interior de cada um]. Essa experiência de
testemunho pode ser muito confusa para o aspirante, particularmente se não existir ninguém com
conhecimento suficiente para explicar o que está acontecendo. Em casos extremos, essa confusão
tem sido confundida com insanidade.

a) AS TRÊS GUNAS
Quando experimentamos que pensamentos, sentimentos, percepções e ações seguem em
existência sem serem causados pelo Ser, uma questão vem naturalmente à superfície: “Quem
está fazendo os pensamentos, os sentimentos e as ações?” A resposta é que as forças
fundamentais da natureza – chamadas de “gunas” em Sanskrito – são responsáveis por tudo na
criação. Eu já havia dito que o Ascendente é a Fonte de tudo que é. Isso é verdade, mas o
Ascendente nunca deixa seu status Infinito, “Ascensionado”, para criar o Universo. De onde,
então, veio o Universo? A resposta é que veio das três “gunas” – as três forças fundamentais, que
fazem tudo existir.

a.1) SATTVA

A primeira guna é a força da pureza, a força da inteligência criativa ou evolução. Tudo no Universo
cresce, amadurece e torna-se mais complexo. Sattva é a força criativa infinita, que faz isso
acontecer. No Taoismo, isso é conhecido como yang. Yang é positivo, masculino, expansivo,
celestial, dirigido para fora. A força “primal” [original, primitiva] de sattva se manifesta na vida
individual como clareza de pensamento e pureza de intenção. Quando a guna sattva assume
controle da vida de um indivíduo, felicidade e saúde se desenvolvem automaticamente. (Os
Ishayas Brancos se modelam como representantes da guna Sattva ou de Pureza Absoluta - como o
caminho deles na Terra.)

A guna Sattva se manifesta através de todos os aspectos da criação. Em termos dos três estados
relativos da consciência [vigília, sono e sonho], Sattva atinge o nível máximo no sonho. Relativamente
aos três estados iluminados de consciência [Consciência Perpétua, Consciência Exaltada e Unidade], sattva
chega ao máximo na Consciência Exaltada, o segundo estágio da Iluminação. Sattva predomina em
certas comidas, bebidas, percepções e atividades, em certas emoções e em certos pensamentos.
Por um redirecionamento gentil de nossa alimentação e bebida - percepção, ações, pensamentos
e sentimentos - podemos orientar nossas vidas, cada vez mais, em direção a sattva. Sattva
naturalmente aumenta na vida à medida que Ascendemos – trazendo-nos paz interior mais

Página
67
profunda, silêncio, criatividade, alegria e saúde perfeita. Sattva é governada pelo poder “primal”
do Ascendente, que mantém a direção evolutiva do Universo, chamado em Sanskrito de
“Narayama”. Na tradição cristã, o poder de sattva é representado pelo Espírito Santo.

a.2) TAMAS

O oposto a sattva, em todos os aspectos, é a guna conhecida como tamas ou inércia. Em relação
ao yang de sattva, tamas é o yin – negativa, feminina, contrátil, terrena, dirigida para dentro. Yin é
receptividade, o complemento perfeito à criatividade Infinita do yang. Se sattva é luz e branco,
tamas é escuridão e negro. (Entre os Ishayas, tamas é representada pelos misteriosos mestres
Ishayas Negros – reclusos, que raramente aparecem no monastério, mas de vez em quando
surgem para assegurar que o fluir da Ascensão de João segue na direção originalmente
programada.)

Tamas é responsável pela sabedoria, intuição e pela interiorização da consciência – indispensáveis


ao crescimento. É por isso que aspecto do Ascendente que governa tamas, Isha, é chamado em
Sanskrito de “yoginaj” - “o Rei dos Iogues”; tamas é necessária para destruir a ignorância. Esse
poder “primal” deve estar em nosso favor, se pretendemos nos elevar à consciência completa. Na
tradição cristã, tamas é representada pelo aspecto “Crístico” da Trindade. Cristo destrói a
ignorância do mundo, e a substitui pela verdade pura do amor incondicional - pura bênção!

Assim como o crescimento de sattva trás felicidade e criatividade, um desequilíbrio no


crescimento de tamas trás infelicidade, depressão, doença e preguiça. Assim como em sattva,
certas comidas, bebidas, percepções, ações, pensamentos e sentimentos aumentam tamas.
Quando isso aumenta na vida, ela se torna doente, deprimida, triste. Sono excessivo ocasiona um
desequilíbrio de tamas, pois entre os três estados relativos de consciência tamas é máximo no
sono. Nos três estados Absolutos [iluminados] de consciência, tamas é máximo na Unidade (o maior
nível de iluminação): nesse estado, toda percepção de dualidade foi destruída.

a.3) RAJAS

Sattva e tamas sempre trabalham juntas: nada pode mudar, evoluir ou mesmo ser criado, sem
que o estado anterior [prévio] seja destruído. Um botão morre, para nascer uma flor; uma criança
morre, para nascer um adulto. O elo entre sattva a tamas é a guna chamada “rajas”. A tensão
Infinita entre pura criação e pura destruição cria a terceira guna, a guna da energia: “rajas”. Rajas
é neutra em direção, até que seja aplicada à criação ou à destruição. É responsável pelo estado de
vigília [entre os três estados relativos de consciência], pois vigília é atividade. É também dominante no
estado de Consciência Perpétua [o primeiro, entre os três estados absolutos ou iluminados de consciência],
pois, nesse estágio de consciência, o mundo exterior continua praticamente o mesmo; é apenas a
realidade mais interna que se abriu à percepção do Ascendente: o “lado de fora” segue como era.
(Entre os Ishayas, rajas é representada pelo Ishayas Vermelhos, essencialmente responsáveis por
ensinar Ascensão no mundo. Os Ishayas Vermelhos ativos, guiados pela pureza dos Brancos e pela
sabedoria dos Pretos, vão curar o mundo!) Em Sanskrito, a força “primal” de rajas é representada
por Prajapati, o Criador; na tradição cristã, o Deus Pai incorpora as qualidades de raja

Assim como em sattva e tamas, certas comidas, bebidas, percepções, ações, pensamentos e
sentimentos aumentam rajas na vida. Um desequilíbrio em rajas leva à paixão, à raiva e à
violência. Rajas, temperada por sattva, gera a energia necessária para alcançar qualquer coisa na
vida – inclusive a energia para elevar-se à iluminação. É por isso que se diz que ação é o meio para

Página
68
desenvolver a Consciência Perpétua, mas silêncio é o meio para se alcançar os estágios mais
refinados de iluminação.

O mundo humano é o mundo de rajas: como humanos, ficamos no limiar de sattva e tamas,
capazes de tomar qualquer das direções. Por nossos pensamentos e ações, criamos o Céu ou o
inferno em nossas vidas. Ficamos na fronteira entre o visível e o invisível – ainda que vivendo em
corpos materiais, somos espírito! Por nossa escolha, podemos vivenciar as qualidades celestiais de
sattva ou as qualidades terrenas de tamas. Por nossa escolha, nossa vida se eleva para alegria e
saúde, ou cai para infelicidade e morte.

b) “SEJA SEM AS TRÊS GUNAS”


A fórmula de sucesso na vida é livrar-se da influência das três gunas. Como é que isso pode ser
feito? Pela Ascensão, levando-se a consciência à sua Fonte, no Ascendente. Quando isso acontece,
experimenta-se que os pensamentos, sentimentos, percepções e ações continuam – eles sempre
foram causados pela ação e interação das forças fundamentais da natureza; mas agora já não há
nenhum envolvimento do ego, já não há o pensamento de que “eu estou pensando”, “eu estou
sentindo”, “eu estou percebendo”, “eu estou agindo”. As gunas, agindo sobre as gunas, levam aos
pensamentos16; as gunas, agindo sobre as gunas, levam aos sentimentos; as gunas, agindo sobre
as gunas, levam à percepção; as gunas, agindo sobre as gunas, levam à ação. Assim, todo campo
da vida humana, subjetivo e objetivo, está sob domínio das gunas.

No estado de vigília, incorretamente assumimos a autoria de nossos pensamentos, sentimentos,


percepções e ações. O erro é corrigido em Consciência Perpétua: em cada experiência, cada
pensamento e cada ação o iluminado percebe que ele “não age de forma alguma!” Tudo vem das
gunas agindo sobre as gunas; quando isso é entendido, não como um mero conceito intelectual,
mas como uma experiência direta da vida, a Consciência Perpétua se estabiliza.

Consciência Perpétua é liberdade perfeita: desde que percebamos que são exclusivamente as
atividades da natureza as causadoras de nossos pensamentos e experiências, podemos orientar
nossas vidas na direção que escolhermos. Não mais sujeitos à antiga programação interna
destrutiva, criamos quaisquer novas estruturas de hábitos e crenças que desejemos. A mente, não
mais aprisionada pelo pensamento amedrontado do ego, descansa em perfeita alegria interna.
Não estamos mais acorrentados a experiências passadas nem preocupados com o futuro; a vida é
vivida continuamente no momento presente. Desdobra-se em perfeição, pois já não acreditamos
que nossa mente racional controle coisa alguma. Assim como não temos controle, no estado de
vigília, sobre a condução de oxigênio a nossas células - nem podemos conscientemente mudar os
inúmeros processos elétricos e químicos do nosso corpo -, assim também, no estado de
Consciência Perpétua, todos os nossos processos mentais (pensamentos, sentimentos,
percepções, ações) tornam-se completamente automáticos. Como paramos de sabotar o fluxo
perfeito da vida proveniente do Ascendente, tudo acerca de nossa vida individual tem sucesso e
absoluta plenitude. A vida é vivida com perfeição!

Maharishi Patanjali (um dos fundadores da filosofia Iogue) escreveu nos Yoga Sutra, há cerca de
5.000 anos: “Heyam duhkham amagatam”, significando que o sofrimento que ainda não veio
merece ser evitado! Como é que isso acontece? É o resultado natural de se estabelecer
permanentemente a consciência individual na Consciência Perpétua. Quando paramos de usurpar

16
Texto original em inglês: “The gunas playing on the gunas give rise to thoughts”

Página
69
a autoridade das três gunas, nossa vida flui em perfeição; nesse estado, nenhum sofrimento é
possível.

Patanjali também observou que quando nos estabelecemos em “Asteya” (sem roubar), então toda
“ratna” (riqueza sem preço) automaticamente se nos apresenta. Teremos aperfeiçoado Asteya,
quando pararmos de “roubar” da Natureza a autoria de nossos sentimentos, pensamentos,
percepções e ações. Tudo de bom e maravilhoso chega àqueles que se elevaram à Consciência
Perpétua – inclusive a libertação de renascimentos involuntários.

A Consciência Perpétua se desenvolve de forma muito rápida, como resultado de Ascensão


regular. Para reescrever nossos programas internos, não é necessário tanto tempo quanto foi
necessário para criá-los. Felizmente! Se tivéssemos que reviver – ou conscientemente “descriar” –
os horrores que criamos em nossas mentes e no mundo, quem teria mesmo coragem de começar?
Felizmente, isso não é necessário! Através da Ascensão, graciosamente, mesmo não estando
conscientes de que tal está acontecendo, apagamos todas as antigas crenças, hábitos e
julgamentos, que mantêm a vida amarrada ao estado de vigília [estado ainda não desperto de
consciência].

O típico resultado de cinco a oito anos de prática regular da Ascensão é que a Consciência
Perpétua se integra a qualquer sistema nervoso17, independentemente de quanto ele estava
estressado no início do processo. Isso depende fundamentalmente de quatro fatores:

1) Quão regularmente o indivíduo pratica. Assim como a gravidade exige certa aceleração para
que algo escape da atração da Terra (9,8 metros/seg2), uma taxa de aceleração é necessária
para que se escape dos antigos padrões destrutivos de comportamento. Isso é alcançado com
mais facilidade, se houver dedicação regular às práticas.

2) Quanto de estresse existe no sistema nervoso do indivíduo, quando a prática se inicia.


Algumas pessoas são muito mais estressadas que outras, em razão de padrões
desequilibrados de comportamento ao longo da vida. A idade também é um fator
importante. Uma regra geral é: quanto mais longa a vida, mais estressado é o corpo; as
artérias de uma criança se assemelham a tubos flexíveis de plástico; as de um octogenário
são cheias de depósitos e placas e se parecem mais com velhos canos rígidos de água.

3) Quanto de estresse o indivíduo adiciona a seu sistema nervoso a cada dia. Alguns estilos de
vida são muito mais estressantes que outros. Independentemente de quão eficiente seja um
sistema de filtragem, se um poço vai-se enchendo com lama a uma velocidade superior à de
filtragem, a qualidade da água vai piorar.

4) Quão intensamente o indivíduo quer-se livrar dos padrões destrutivos de comportamento.


Quanto mais intenso o desejo de mudança, mais rapidamente a mudança vai ocorrer.
Naturalmente, isso é verdadeiro para tudo: quanto mais se pratica o piano, mais se aprende a
tocar piano.

Tudo, enfim, considerado, a média típica [para que se alcance o estado de Consciência Perpétua] é de cinco
a oito anos [vide Nota de Rodapé 17]. É até surpreendente que demore todo esse tempo! Afinal de
contas, para onde podemos ir? O Ascendente já está dentro de todo mundo! A razão por que
toma tanto tempo é porque somos muito condicionados à nossa maneira habitual de pensar, ver e
agir. E hábitos enraizados não morrem facilmente!
17
Atenção: foi-nos dito, no curso presencial em Brasília, que atualmente (o tempo tem um “fluxo” diferente daquele
que prevalecia em 1995, quando este livro foi escrito!) o propósito da Ascensão se completa em meses!

Página
70
- (2) CONSCIÊNCIA “EXALTADA” -
Como é possível haver um desenvolvimento de consciência para além da Consciência Perpétua?
Na Consciência Perpétua, uma conscientização infinita do Ascendente já foi plenamente
estabelecida. Onde poderia haver espaço para mais crescimento? Logicamente, não pode haver!
No passado, esse fato levou muita gente a ficar “empacada” em Consciência Perpétua. A palavra
“empacada” está entre aspas porque a liberdade da Consciência Perpétua não é bem descrita
como um estado de não-movimento, particularmente se comparada à ignorância do estado de
vigília. Mas, em comparação com tudo o mais que está disponível *níveis de consciência “acima”!+,
permanecer até a morte no estado de Consciência Perpétua é estar “empacado”.

Em Consciência Perpétua, a mente está preenchida, pois já foram removidos os bloqueios da


consciência individual à lembrança de que ela é Infinita. A mente, portanto, não vê potencial para
mais crescimento. Mas o coração não está satisfeito! Antes, no estado de vigília [estado ainda não
desperto], havia pelo menos algum tipo de unidade com a pessoa ou o objeto amados. A
consciência do Ser interno Ilimitado tinha sido perdida, mas havia pelo menos algum tipo de
prazer na pseudo-união.

Todo nível da criação tem seu nível correspondente de felicidade, mesmo no estado de vigília
[estado ainda não desperto]. Assim, na Consciência Perpétua a mente está satisfeita com a Infinita
duplicidade entre o Ser e todo o resto – mas o coração sente-se insatisfeito, pois a unidade
anterior foi perdida. A mente diz: “Logicamente, não pode haver mais!”, mas o coração replica:
“Espere um pouquinho, e veja!”. Um velho ditado ensina: “O coração tem razões, que a própria
razão desconhece!”. É completamente fora do razoável que possa haver crescimento adiante do
reconhecimento de que somos Infinitos, mas o coração não é facilmente derrotado, nem mesmo
pelo Absoluto.

A “Infinitude” pode postar-se entre os desejos do coração, mas, se necessário, o coração atacará a
Cidadela da Eternidade para reunir-se com o amor que lhe foi “apartado”. E nisso o coração tem
um aliado, pois a Realidade Última é que tudo é Amor!

O coração ama! O indivíduo, liberto de todos os programas destrutivos internos, já não busca viver
no passado ou no futuro, e já não sabota o impulso natural do amor. No estado ainda não
desperto, o amor se eleva apenas para ser eclipsado pela dúvida, pelo medo, pela projeção e pela
má interpretação. Nesse estado de consciência, não pode haver consistência no amor, porque o
“ser do ego” nunca é consistente. Em não vivendo o momento presente, o indivíduo é
comumente aprisionado pelo arrependimento, preocupação e medo; existe muito pouco espaço
para o amor incondicional. Mas o amor por todos e por tudo floresce espontaneamente para
quem vive no presente, sem julgamento sobre o passado e sem medo pelo futuro. Como o amor
flui espontaneamente, fica cada vez mais fácil amar todo mundo e todas as coisas. Esse estado de
crescimento automático do amor começa a mudar nossos sentidos de percepção: começamos a
experimentar níveis cada vez mais refinados de todo e qualquer objeto.

Mesmo no estado ainda não desperto, a experiência mostra que quando estamos amando não
notamos muito as fronteiras e as limitações da vida. Estamos muito ocupados, surfando ondas de
prazer. Essa qualidade de conforto crescente naturalmente nos leva à habilidade de amar ainda

Página
71
mais profundamente – conforto e amor alimentam um ao outro, cada vez mais fácil e
completamente, uma vez que se impeça a tendência de antigas crenças à sabotagem.

PERCEPÇÃO REFINADA
O corpo humano desenvolveu, em sua maravilhosa estrutura, a mecânica de estilos muito sutis de
funcionamento. Por exemplo, 90% do código genético não têm funções conhecidas no estado de
vigília [estado ainda não desperto de consciência]. Este é um dos maiores mistérios da pesquisa genética
moderna: por que apenas no DNA a Natureza é tão pouco eficiente, [teoricamente] desperdiçando
cerca de nove, entre dez de seus blocos? Uma resposta é que muitas dessas secções “vazias” só
são de fato “vazias” nos estados relativos de consciência – vigília, sono e sonho. Nos três estados
iluminados [Consciência Perpétua, Consciência Exaltada, Unidade], certas partes do DNA começam a
funcionar, criando proteínas que não têm serventia nos estados relativos de consciência. Entre
elas, em antigas obras, duas das mais importantes foram designadas como “soma” e “anrita”.

“Soma” é conhecida como a “cola [goma] do Universo”: essa molécula de proteína nos permite
desenvolver percepção do nível mais sutil da criação – um nível de realidade que mantém tudo
ligado ao Ascendente. Quando soma aumenta em nossos corpos, a habilidade dos sentidos de
percepção também aumenta. Tudo começa a ser experimentado pelo seu valor celestial – o nível
mais refinado da estrutura relativa. Isso é verdadeiro para a visão: soma nos permite ver todos os
objetos feitos de ou preenchidos por Luz Infinita, pela mais pura das Belezas. Isso também é
verdade com o ouvir: soma nos permite escutar os níveis mais sutis de sons; todo som é único em
sua perfeição. É também verdade para o olfato: todo cheiro tem uma fragrância maravilhosa e
sutil. Isso é verdade para o tato: toda sensação de toque ultrapassa a maravilha da seda mais
macia. Isso é verdade também para o sabor: cada pedaço é mais doce que o mais doce açúcar, de
uma delícia sem par.

Um resultado primário desse nível profundamente refinado de percepção é fazer da vida algo
maravilhosamente desfrutável. Outro resultado pode ser a habilidade para ver e para se
comunicar com seres que vivem em níveis mais sutis da realidade: anjos, seres celestiais, devas,
“elementais” e deuses. Esse estado é a encarnação da magnificência: cada momento é vivido ao
máximo! Soma transforma nossos corpos de “tijolos de barro” em templos da luz de Deus.
Percepção Celestial é a norma no estado de Consciência Exaltada. Toda percepção é maravilhosa.
Nesse segundo estágio de iluminação, a Verdade, a Beleza e o Amor são “servidores”.

“Amrita” é a molécula que concede a imortalidade física. Não há nada inscrito no código genético,
que insista em que o homem deva envelhecer e morrer. Não há nenhuma lei absoluta à conta de
que o dano que nos é causado pelos radicais livres não possa ser reparado para sempre; ao
contrário, cada célula quer replicar-se perfeitamente! Por que, então, isso não acontece? Estresse!
Estudos (radioisótopos) comprovam que todo ano 98% das moléculas do nosso corpo são
renovadas. Algumas de nossas partes são renovadas ainda mais rapidamente; por exemplo, as
moléculas criadoras do tecido do estômago são renovadas a cada cinco dias. Temos um novo
fígado a cada seis semanas, um novo esqueleto a cada seis meses, um corpo inteiramente novo a
cada dois anos. Mesmo as células nervosas, que não são substituídas após o nascimento, são
renovadas ano a ano pela mudança dos átomos que as compõem.

O problema é que no estado de vigília, reconstruímos nosso corpo sempre da “mesma


maneira”: se temos um joelho doente em razão de uma lesão antiga, substituímos os átomos do
joelho da mesma forma em que estavam, de modo que nenhuma cura real ocorre! Mas não há

Página
72
nenhuma razão para que isso seja assim; nenhuma razão para que a vida termine aos setenta e
cinco... Isso são apenas crenças, nada mais! Normalmente, nem as reconhecemos como crenças,
tão entranhadas estão no inconsciente coletivo – mas são crenças, sim! Se mudarmos nossa
mente em nível suficientemente profundo, podemos nos tornar íntimos do Programador Chefe – o
impulso, em nossa consciência, que determina onde essas crenças ficam guardadas. Uma
característica da Consciência Exaltada é exatamente a capacidade de reverter todos os velhos
sistemas de crenças, incluindo a crença na morte. Amrita é a molécula física que nos permite
regenerar indefinidamente nosso corpo.

- (3) UNIDADE -
O passo final no crescimento da consciência humana vem quando o valor refinado da percepção
celestial se funde com uma consciência contínua do Ascendente, do “lado de fora”. Isso é o mais
alto nível de iluminação, conhecido como Consciência Perpétua Unificada – ou, simplesmente,
Unidade. Da perspectiva do estado de vigília [estado ainda não desperto], a Consciência Perpétua
Unificada parece impossível: como pode o Infinito ser visto, ouvido, tocado, provado, cheirado? Só
faz sentido para aquele que internamente se tenha elevado ao nível da Infinita Consciência, em
Consciência Perpétua. Somente então isso se torna uma busca prática. Não há saída para a espera
dos nossos corações, até que cada indivíduo e cada objeto sejam experimentados como o
mesmo Ser Infinito que conhecemos internamente.

Como ocorre esse estado final de crescimento? Por meio de um ato de identificação [discriminação]
intelectual, o indivíduo iluminado experimenta a luz celestial fundida no Infinito; esse Infinito,
percebido do lado de fora, é reconhecido como o mesmo Infinito, que se conhece do lado de
dentro. Dito de outra forma, o indivíduo descobre que o Amado Cósmico é seu próprio Ser; todo
amor acaba redirecionado ao próprio Ser. Não ao ser limitado, do estado de vigília (esse ser não
pode amar nada e ninguém consistentemente), mas ao Ser Universal Cósmico, da Mente
Iluminada. Isso resulta na consciência plena de que todos (e cada um!) são uma centelha da
chama Divina, de que todos (e cada um) são o mesmo, logo abaixo das diferenças na superfície
[somos todos um!].

O que dispara tal entendimento? Alguns tratados a respeito da Unidade foram escritos por
indivíduos em Unidade: os Brahma Sutras de Badarayana, os Upanishads, o Maharamayama de
Valmiki, Um Curso em Milagres. A Filosofia Vedanta da Índia antiga foi projetada para que
aqueles, no segundo estágio de iluminação – Consciência Exaltada –, se elevassem à Unidade [o
terceiro estágio]. No estado ainda não desperto de consciência, contudo, cada um desses textos
mostra-se não só inútil como extremamente confuso.

Um agente catalisador dessa transformação podem ser as palavras diretas do iluminado ao


aspirante no último portal para a Unidade: “Tudo isso é Ele!”, “Não há nada além Dele”.
Naturalmente, Ele e Dele referem-se ao Ascendente. No instante apropriado, essas grandes
palavras esmagam os últimos vestígios de limitação na mente da alma em evolução. A
transformação, contudo, pode ocorrer de inúmeras outras maneiras; a própria Natureza cria
condições para que tal aconteça.

Como é que a vida individual continua a funcionar em Unidade?

Página
73
O carma é dividido em dois tipos: aquele que está retornando, independentemente de nossas
ações correntes, e aquele que segue “adormecido” – já que não tem chance de nos alcançar
neste ciclo de vida. O resultado de nossas ações passadas é equivalente a sementes. Uma
porção dessas sementes já germinou, e terá efeitos nesta vida. É como se uma pequena porção,
no armazém do nosso carma, se tenha prestado a formar uma ponte para nossa existência atual.
Para além dessa ponte, jaz a maior parte do nosso carma passado – como uma montanha de
grãos, esperando condições apropriadas para crescer. A Ascensão é um fogo divino, que torra
essas sementes, de modo que elas não podem mais germinar. Queimada a ponte, não há mais
conexão com o passado; o carma já não pode retornar. As sementes foram torradas no fogo da
sabedoria.

O carma que já germinou cria “leshavidya”, as “últimas porções de ignorância”. É isso que mantém
o corpo e a mente funcionando em Unidade. A vida segue em frente, por força do hábito; a
essência individual é experimentada como uma membrana fina, quase invisível, entre duas
plenitudes: o Ser interno é Infinito, o mundo externo é Infinito; o que sobra da individualidade é a
fronteira tênue, translúcida, entre essas duas plenitudes. É esse o significado de “purnam ida,
purnam idam”, nos Upanishads: “Isso está cheio, aquilo está cheio” [isso é pleno, aquilo é pleno]. Essa
experiência interna da Eternidade – imutável e infinita – não é diferente da experiência externa da
Eternidade – também imutável e infinita. Essas duas plenitudes são experimentadas como uma.
Isso é o que o meu Professor queria dizer, quando afirmava: “200% da vida é o direito-de-nascença
de cada ser humano”.

Todas as glórias – terrenas e divinas – esperam aqueles que são suficientemente inteligentes para
buscar a iluminação!

Página
74
XII – AS PEÇAS FINAIS DO QUEBRA-CABEÇA
“Assim como a menor gota de vinho colore toda a taça,
assim também a menor partícula da verdade colore toda nossa vida”
OS UPANISHADS

Será que pode ser difícil expandir nossa vida individual para um estado permanente de vivência
em perfeição? Não pode haver problema físico, mental, espiritual ou emocional que não seja
resolvido pela descoberta de nossa Natureza Divina Interior. Isso não é uma questão de crença,
é a conseqüência natural do que nossa Natureza Divina Interior é. Nenhum problema pode
resistir ao conhecimento do Ser Interior, simplesmente porque nenhum problema pode coexistir
com Ele. Aonde vai a escuridão, quando a luz é acesa?

- FAMA -
O que é a fama? É o truque de um mágico, uma fantasia particularmente enganosa, que
frequentemente prende a pessoa famosa a um nível mais profundo de ignorância. Fama significa
que algumas pessoas acham que alguém é mais importante ou melhor que todos os demais [pelo
menos em alguns aspectos]. Quão profundamente ansiamos ser reconhecidos como “importantes”! E
não será isso fome de amor? Cada um de nós é vitalmente importante. Mas não pelas razões que
usualmente imaginamos! Cada um de nós é importante, porque cada um de nós é uma peça única
da Mente Universal – até poderia ser dito que o Ascendente é incompleto, sem nós! Mas isso
naturalmente é impossível, porque o Ascendente nunca pode ser incompleto. Por isso, cada um
de nós é precioso e indispensável para que o Universo se desdobre como deve.

Que trapaceira é a fama! Somos famosos – assim achamos! - por causa de alguma coisa. Porque
marcamos muitos gols, cantamos bem ou estrelamos filmes... Aos olhos do mundo, não somos
famosos pelo nosso valor intrínseco, mas porque, em comparação com outros, fazemos algo
muito bem! Quando não mais fazemos aquilo bem, nossa fama desaparece como a miragem, que
de fato era - deixando-nos apenas com a lembrança de glórias passadas. E aqui entram os vários
vícios disponíveis no mundo [drogas, excessos etc.], para “amortalhar” nossos sentidos e nos ajudar a
esquecer “nossos dias ao sol”!

Alguns se desesperam para tornarem-se famosos, e mergulham em hábitos destrutivos; o desejo


de serem únicos e de serem reconhecidos pode levá-los a tornarem-se famosos no terreno dos
vícios.

Todo o sistema subjacente de crenças – que nos leva a desejar sermos únicos, especiais18,
reconhecidos e famosos – não é genuíno, é distorcido! Muitos ambicionam provar que são o
centro do Universo, que são amados! Mas, infelizmente, tal prova nunca pode vir do exterior, do
“lado de fora”. Aqueles que hoje adoram você, podem amaldiçoá-lo amanhã; se sua felicidade ou
senso de valor é baseado na opinião dos outros, sua felicidade não pode durar muito. E nunca será
satisfatória!

Cada um de nós já possui o atributo mais miraculoso que jamais pode ser imaginado – cada um
é um pedaço da Fonte Infinita. Nenhuma razão para a fama pode superar essa condição!

18
Ver Um Curso em Milagres: “especialismo”!

Página
75
Nenhuma ação no mundo pode ter mais valor que esta; nenhuma palavra, nenhum pensamento
no mundo podem ser mais significativos do que este fato [cada um de nós é uma “peça” da Fonte Infinita]!
Uma vez que embutida em nós está a mais grandiosa de todas as Realidades, como pode ter valor
alguma coisa externa? A fama humana vem e vai como as estações do ano; nunca é Universal.
Ninguém jamais será adorado por todo mundo. César era desprezado por muitos. Na primeira
eleição presidencial, Lincoln não teve nem metade dos votos possíveis; ele era tão intensamente
desprezado por tantos, que sua eleição catalisou a guerra mais destrutiva na história dos Estados
Unidos. Por outro lado, Napoleão e Hitler foram adorados pela maior parte de sua própria gente.

A fama humana, baseada nos princípios da separação e do “especialismo”19, é parte de um senso


humano extremamente doentio. Se eu sou melhor que você, você é menos que eu. Por isso, meu
Universo resulta diminuído – porque meu Deus é “mais” em algum lugar, e “menos” em outro.

A verdade é que todos nós somos únicos e igualmente especiais; todos merecem a melhor estima,
da parte de todos. O segredo aqui é aprender a “sentir-se agradado” em relação a todo mundo!
Assim você estará honrando a parte deles que é Ideal, ou seja, a parte deles que é idêntica à
melhor parte em você mesmo. Não permita que a aparência superficial [externa!] engane você: os
sentidos são agentes primários do sonho, estão comprometidos com a opção de que eles durem
para sempre! Como agem em consonância com sua própria natureza, não podemos culpá-los por
isso. Os sentidos foram projetados para detectar variações, contrastes, diferenças; assim, não é
surpreendente que alguma cores, formas, palavras ou sons pareçam mais prazerosos ou bonitos
que outros. Mas isso não é a Realidade!

- A VOZ DIVINA INTERNA -


Existe um “sussurro” Universal, que permeia toda a criação. É sutil, calmo, mas pode ser ouvido
em qualquer lugar, por qualquer um – mesmo os surdos! Ele foi chamado de a Palavra, a Voz por
Deus, o Consolador, o Espírito Santo, o Ômega, o Omkara, o Som Primal. Hoje, muitos falam do
Guia ou da Voz Divina Interior. O nome não importa! Essa Voz sempre fala a todos; para cada
pergunta que fizermos, existe sempre uma resposta. Na verdade, duas respostas! A primeira é
criada pela nossa individualidade limitada; é uma resposta a partir da perspectiva do ego, e
usualmente é uma justificativa para um pensamento ou uma ação que queremos tomar – mas que
questionamos! A segunda resposta vem da Consciência Universal; é usualmente chamada de
intuição e, por vezes, também interpretada como consciência. Algumas vezes, a primeira voz é
chamada “voz de satã” – porque usualmente as duas vozes são diametralmente opostas na
orientação que nos dão. Quaisquer que sejam seus nomes, contudo, uma voz tipicamente fala em
nome da visão imediatista de gratificação sensorial – e a outra voz fala em nome do Amor
Universal.

Qualquer um está apto a ouvir a Voz Divina Interior. Às vezes, ela até nos fala num tom mais alto!
Mas se continuamente a ignorarmos ou tentarmos negá-la, ela se aquieta e torna-se tão tênue,
que nos parece não haver nenhuma segunda voz. O que acontece nesse caso é que nossa
freqüência vibratória está-se tornando mais crua e grosseira. A segunda voz sempre nos fala por
meio de um “canal” sutil – mas estamos reduzindo nossa habilidade de sintonizar tal canal. O
sistema nervoso humano tem dificuldade de sintonizar mais de uma estação simultaneamente;

19
“ESPECIALISMO” – de novo, Um Curso em Milagres: a sensação de que se é ESPECIAL, que alguém é ESPECIAL ou
que algum relacionamento é ESPECIAL. Nada - nem ninguém! - é ESPECIAL. Nada é SEPARADO! Somos (todos!) um.

Página
76
assim, se reforçamos o hábito de ouvir a voz proveniente da limitação [a dita primeira voz, do ego!], a
segunda voz [divina!] tende a desaparecer.

Mas ela não pode desaparecer! Como cada um de nós é parte do Ascendente Eterno, na realidade
é impossível ficar separado Dele. Mas, se continuamente voltarmos as costas para os níveis sutis
de experiência, eles se transformam em algo silencioso e invisível para nós.

Por que é “segunda” a segunda voz? Porque temos livre-arbítrio, como seres humanos, e o direito
de escolher em que queremos acreditar. A segunda voz é “segunda”, porque não havia nenhuma
necessidade de uma voz interior20, até o dia em que passamos a acreditar que não éramos parte
do Ascendente, até o dia em que esquecemos que a Realidade Última tudo permeia - inclusive a
nós mesmos!

Há uma série clássica de escritos, de C. S. Lewis, “As Crônicas de Narnia”, usualmente encarada
como contos infantis. Nesses livros, o Espírito Universal toma a forma de um leão magnífico,
Aslam. Os que não perderam a habilidade de escutar a Voz Divina Interior, ouvem Aslam falando,
numa voz profunda e melodiosa. Aqueles, entretanto, que escolheram não ouvir o Consolador
Interno, só ouvem de Aslam os urros típicos de um leão. Essa saga não é uma metáfora; é
literalmente verdadeira!

Mas a “moral da estória” também funciona na outra direção. Se praticarmos escutar a voz calma
em nosso interior, se tornar-se nosso hábito optar pela segunda voz, ela vai-se tornando cada vez
mais clara, até que sempre podemos discernir suas palavras. Inicialmente, a voz pode parecer um
eco distante, um amável canto antigo que lembramos vagamente, o ruído de folhas caindo, os
sons entrecortados de um oceano distante; com a prática, entretanto, ela começa a soar como a
mais bela voz masculina ou feminina jamais ouvida. Com o tempo, ela se traduz em uma espécie
de conhecimento interno, uma certeza tão poderosa, que a primeira voz desaparece, não porque
a tenhamos afogado ou combatido, mas porque ela não é mais necessária nem desejada; para
aqueles com ouvidos plenamente purificados, Aslam nunca soa como um leão. Ficamos em
unidade com o Ascendente, na beleza indescritível da Divina Presença. Aqui, nenhuma voz de
conflito é necessária; melhor, nenhuma voz é necessária! Nem pensamento, nem mesmo
percepção! Toda individualidade fundiu-se ao Conhecimento, ao nível puro do Ser.

Isso não é uma perda de livre-arbítrio ou liberdade – de fato, corresponde a uma Liberdade sem
fim. Pela primeira vez, a escolha é entendida, aqui e agora. Em vez de agirmos a partir de crenças
antigas derrotistas, nos colocamos em união com a Fonte da criatividade, livres para mover o
Universo na direção que escolhermos.

- VIDA IMORTAL -
Num nível profundo e sutil, a maioria das pessoas acredita na própria morte. E têm prova
suficiente de que isso vai acontecer-lhes; afinal, já não aconteceu com todo mundo, ao longo da
história? Eu tinha uma amiga que sempre falava na própria morte. Às vezes, nostalgia permeava
sua voz; outras vezes, medo. Algumas vezes ela se questionava sobre como seria mesmo morrer –
e o que seria feito de seu corpo. Acho que esta é uma atitude típica na abordagem do tema e,
provavelmente, a mais comum.

20
Quando “nos separamos”, em contraposição à voz do ego, que adotamos, o Pai nos deu o Espírito Santo, a Voz por
Deus, o Consolador – Um Curso em Milagres

Página
77
Outros ignoram sua mortalidade, e agem como se acreditassem poder viver para sempre.
Realmente não acreditam, mas têm esperança, já que não pensam na morte, que ela possa poupá-
los. Como faz uma avestruz, acham que enterrando os pensamentos de perigo, o perigo vai deixá-
los a salvo. Mas o problema, com a tentativa de encobrir pensamentos, sentimentos ou crenças, é
que reprimi-los alimenta estados mentais negativos que os tornam ainda mais fortes.

Poucos acreditam na possibilidade da imortalidade física. Alguns são cientistas, que analisam os
constituintes básicos da vida e não vêem razão para que o DNA não se replique perfeitamente,
para sempre. Outros são escritores ou leitores de ficção científica ou fantasia. Outros, ainda –
poucos! -, são santos, iogues ou outros visionários espirituais, que acreditam na possibilidade de
transmutar corpos físicos grosseiros em material [sutil] feito de luz imortal.

Se tal fenômeno for possível, quem terá sucesso? Obviamente, o primeiro requisito é que se
acredite nessa possibilidade! Como nossos pensamentos criam nosso futuro, é muito improvável
que possamos experimentar uma transformação gradual na natureza de nossas células, se não
acreditarmos nessa possibilidade. A natureza profundamente penetrante do inconsciente coletivo
é muito intensa, para ser contrariada por mero acidente!

Se a imortalidade física vai-se tornar um objetivo alcançável nesta geração, em primeiro lugar é
necessário começar a relaxar os hábitos de estresse, julgamento e descrença. Em seguida, é
necessário que nos tornemos extremamente flexíveis em nossas reações à vida. Se internamente
não existirem “nós cegos”, não haverá campo fértil para o desenvolvimento de doenças perigosas.
Assim como não há espaço para a raiva e a culpa, se estamos totalmente abertos à paz, assim
também não haverá espaço para a morte, se estivermos saturados de Vida. Morrer é um
desperdício de potencial e de tempo; é o resultado de nos fecharmos ao fluxo natural da mudança
evolucionária. As pessoas que se tornaram velhas, ficaram rígidas de corpos e de crenças. Pessoas
que se mantêm flexíveis de corpos e de crenças ficam jovens por mais tempo, apesar da idade
cronológica.

A dieta é um fator relevante para a saúde física, mas bem menos importante do que muitos
acreditam. Isso também é verdade para exercícios físicos ou qualquer outra prática “externa”. A
raiz da imortalidade é “interna”.

Imortalidade não é fácil nem difícil de alcançar. Na verdade, é bem mais fácil continuar a viver do
que morrer. Vida é o estado natural do humano, não apenas na condição de um ser de luz não
corpóreo, mas também como um ator encarnado no plano físico. Há aqui algumas lições que
devemos aprender; não há dúvida de que eventualmente devemos aprendê-las! E, em
aprendendo tais lições, não há duvida de que devemos compartilhá-las. Entre os Ishayas, eu
mesmo encontrei-me com vários imortais.

Desde que o indivíduo siga progredindo, não há razão para ir a algum outro lugar, para recomeçar.
Somente quando a vida fica estagnada, é que a necessidade de doença, desastre ou morte se
manifesta. Se a vida segue em evolução a cada momento, não há necessidade de morte. Isso é
alcançado permanecendo-se completamente no momento presente, estando permanentemente
estabelecido na consciência humana plena.

Como é possível alcançar consciência humana plena? Todos nós já temos consciência – todo ser
humano! A única exigência é deixá-la funcionar, parar de bloqueá-la em seu livre fluxo. O Sol está

Página
78
sempre brilhando, mas se muitas nuvens se formarem, podemos não perceber quão brilhante e
quente o Sol é! As nuvens vão passar; elas sempre passam! Isto aqui é a Terra, não é Venus. Nosso
destino não é viver sempre encolhidos, com problemas. Nosso destino é dançar com alegria sob a
luz dourada do Sol solto no céu.

Nada depende de crença! O Sol existe! Se acreditamos nisso ou não, não é relevante – o Sol segue
em existência! De outro ângulo, entretanto, tudo depende de crença! São nossas crenças que nos
mantêm escravizados. Se não acreditarmos que podemos mudar para melhor, qual a motivação
para fazê-lo?

- MORTE -
Como tanta coisa na vida, isso também é uma questão de perspectiva. Somos almas imortais; isso
é uma verdade absoluta, fora do alcance de qualquer crença para aumentá-la ou diminuí-la. Mas,
pela nossa descrença, somos bem capazes de esconder isso da nossa percepção consciente. Se
nossa crença na inevitabilidade da morte for suficientemente profunda, se acreditarmos que a
morte não é apenas uma transformação física, mas a perda de consciência, é bem possível passar
um longo período depois da morte do nosso corpo experimentando apenas a depressiva
constatação de estarmos mortos!

Nossa “vida após a morte” pode ser curiosamente distorcida pelas nossas crenças mais enraizadas.
Podemos criar um mundo povoado com milhares de seres, com quem interagimos da mesma
maneira como aqui fazíamos [na vida terrena]; a diferença é que, se nossa atenção se perde, esse
mundo criado mentalmente se dissolve à nossa volta. Todo dia assentamos uma parede de tijolos
e não notamos que os tijolos desaparecem na mente, assim que seguimos adiante. Criados à
imagem e semelhança do Ascendente, todos temos mentes infinitamente poderosas, capazes de
fazer qualquer coisa!

Por outro lado, podemos estar tão apegados ao nosso corpo físico, a alguma pessoa, a uma casa
ou um jardim, que nos recusamos a abandoná-los, a deixá-los para trás. Isso é a fonte usual de
“fantasmas” – espíritos desencarnados, que ainda não se lembram de sua liberdade e mantêm-se
apegados ao passado.

Mas a experiência mais comum do após-morte é a rápida passagem para um mundo à feição de
nossas crenças na [ocasião da] morte. Será um mundo mais celestial do que este, se nossos
pensamentos, aqui, tiverem sido mais celestiais que os pensamentos que nos trouxeram até aqui;
será um mundo pior que este, se nossos pensamentos tiverem sido mais “escuros” do que aqueles
que criaram o corpo físico em que aqui vivemos. Não é necessário olhar para outros planetas, para
encontrar enorme variedade de destinos celestiais ou infernais - eles estão presentes, aqui mesmo
na Terra. O número surpreendente de diferentes futuros disponíveis na Terra – bilhões de almas!
– atesta o enorme número de existências possíveis, apenas neste nosso pequeno planeta. E
existem mais de duzentos bilhões de sóis, apenas na nossa galáxia! E pelo menos mil bilhões de
galáxias neste Universo, muitas bem maiores que a nossa! E quem pode até mesmo especular
acerca do número de Universos que podem existir nas regiões infinitas da Mente Divina?

Ouvi dizer que Carl Sagan demonstrou, assim, o tamanho do Universo conhecido: enchendo-se
uma mão de areia, disse ele, o número de grãos será mais ou menos equivalente ao número de
estrelas em nossa galáxia; e o número de estrelas em todo o Universo será aproximadamente
equivalente a todos os grãos de areia de todas as praias da Terra. Isso é muito superior à nossa
Página
79
capacidade de imaginar! Não é surpresa, portanto, que seja inimaginável o número possível de
estados após a morte terrena!

Finalmente, uma ínfima percentagem, ainda que muito pequenina, não é igual a zero [é uma
possibilidade muito reduzida, mas segue sendo uma possibilidade]! Pode ser que muito poucos [muito poucos,
mesmo!] tenham dominado a essência da vida na Terra, a ponto de dispensarem a necessidade da
morte. Mas uma pequena percentagem não é igual a zero, certo?

- O JULGAMENTO (JUÍZO) FINAL -


Hoje21, o número de pessoas vivas é equivalente ao número de pessoas que já viveram, desde o
início de registro histórico. Uma passagem da Bíblia diz que qualquer pessoa que já viveu, ao longo
da história, está viva hoje. Se isso é verdade, por que seria assim? Logicamente, para que o
chamado “Juízo Final” possa ocorrer. O que é o Juízo Final? Relativamente à Terra, ele pode
significar, em parte, que quem quiser permanecer em corpo imortal, pode fazê-lo agora. Em parte,
pode significar que os que preferem acreditar que precisam morrer, também podem fazê-lo! Este
planeta está-se movendo para uma fase de imortalidade; mas “na casa de Meu Pai existem muitas
moradas”; sempre haverá um lugar para cada um.

O conceito de “danação eterna” é uma crença particularmente estranha do ego – aquela força que
no Ocidente é chamada satã. Felizmente, não há o menor vestígio de verdade nessa crença. É
uma fantasia bizarra criada por mentes humanas adormecidas. O Juízo Final nada tem a ver com
esses sonhos estranhos. Deus é Onipresente e Eterno. Onde, então, a condição de nos afastarmos
Dele? Não há nenhuma; absolutamente nenhuma! Somente nossas crenças [tolas] podem manter
nossa percepção “desavisada” desse simples fato. Só nossa crença nos pode causar dor. Só nossa
crença nos pode causar morte.

Minha esperança é que grande número de pessoas se unam aos Ishayas - ou a outros professores
aqui na Terra – e escolham aqui permanecer para a ascensão da perfeição. Por que escolhermos
morrer e fazer tudo de novo? Por que renunciar ao néctar da flor? Por que renunciar à água viva
do presente em troca do poço pestilento do passado? Nossas vidas humanas podem ser
preenchidas com dor e inferno ou com Vida e Céu. Temos livre-arbítrio! Rezo para que vocês,
todos, se unam a nós. Juntos, podemos recriar este mundo à imagem e semelhança do
Ascendente. Salvemos este planeta no último segundo, agora, antes do toque da meia-noite!
Sejamos parte da solução, e não do problema. Vamos nos unir na corrente ascendente da criação,
para Curar juntos, em unidade, em vez de destruir, separados. Sejamos apenas UM! Juntos, vamos
entrar na luz da Verdade e da Alegria.

Venha conosco e deixe-nos retirar-lhe a dor e a tristeza, e dar-lhe paz, alegria e saúde. Dentro de
você está o pleno potencial de Deus. Não queremos seu dinheiro, não queremos seus bens e
posses – nada queremos de você, salvo que você venha a saber quem você é! Vocês são os filhos e
as filhas de Deus. Esta não é uma verdade difícil de entender; de fato, é mais fácil aceitar isso, do
que continuar negando. Mas você precisa dar o primeiro passo. Você tem que desejar que o
passado se vá – suas crenças na limitação, na doença e na morte. Para ir à frente, você deve estar
querendo ser batizado no fogo da purificação, do conhecimento e da experiência.

21
1995!

Página
80
Isso não precisa ser um parto doloroso. Só será doloroso se você tentar agarrar-se a suas crenças e
conceitos [do passado]. Uma vez que a boa-vontade esteja a postos para remover tudo que foi
falsamente criado pelo ego, a caminhada segue tranqüila. A dor só pode vir se você tentar agarrar-
se a suas posses – sejam materiais ou mentais [crenças, conhecimento intelectual etc.].

Não leia isto de uma forma “pequena” ou aligeirada. Esteja ciente: é possível possuir o mundo
inteiro e, ainda assim, ser iluminado! Não há nenhuma garantia de que o monge, que a tudo
renunciou, seja mais evoluído de que um rei, no trono22. De fato, o monge pode ser muito menos
evoluído. A renúncia verdadeira ocorre sempre no nível da mente! Se isso também tem de
ocorrer no plano físico, vai depender de quão profundamente se espalham as raízes do apego, no
interior de cada um. Se elas são rasas, superficiais, não é preciso que se desista de nada; se são
profundas, a renúncia a tudo pode não ajudar!

O que ajuda é a prática da Ascensão. De qualquer forma que entre em nossa vida, o ato
verdadeiro de Ascensão quebra os vínculos com o mundo material, com as crenças e os
julgamentos que mantêm a mente humana crua e grosseira. Um ato de verdadeira Ascensão libera
o espírito para a experiência direta de sua própria Natureza essencial. Qualquer coisa que faça isso
acontecer é Ascensão, independentemente de ser – ou não! – ensinada pelos mestres Ishayas. A
libertação dos confins do ego é sempre muito maior que qualquer sistema adotado para alcançá-la
– independentemente de quão divinamente inspirado ou bem-construído tenha sido o sistema.

22
A propósito, conta-se que um rei, muito cioso do seu poder e riquezas, um dia entendeu que precisava curar-se de
tal apego. Chamou ao palácio um conhecido guru, que vivia em isolamento e extrema pobreza. Com ele, aprenderia a
desapegar-se das coisas materiais. Após anos de convívio, ambos passeavam numa colina ao sul do palácio, quando,
de longe, viram que ele estava sendo destruído pelo fogo. O guru, muito nervoso, convidou o rei a voltar
imediatamente – até porque no palácio estava entesourada toda a riqueza real. Calmo, o rei lhe disse: “Não tenho
pressa em voltar. Já não me afligem, as riquezas que lá estão; com você, santo guru, aprendi que posso viver sem
elas”. Ao que o guru respondeu: “Mas, majestade, tenho apenas duas sungas. Com uma delas estou vestido; a outra
está no palácio. Não vou deixá-la queimar-se; não posso perdê-la”! O apego, portanto, não depende do quanto se
tem...

Página
81
XIII – REVISÃO: DUAS MANEIRAS DE VIVER
Amor ou medo, qual você escolhe?

Existem apenas duas maneiras de ver o mundo, nossos relacionamentos com os outros – e a nós
mesmos. Todo pensamento, sentimento ou percepção estão baseados em medo ou em amor.
Qualquer um que encontremos, qualquer situação que experimentemos, qualquer sentimento
que tenhamos – tudo está enraizado no medo ou no amor. Isso se aplica das reações individuais,
no interior de cada um, até as realidades globais – guerra, política, economia e toda sorte de
sistemas de crença.

Por exemplo, nações que baseiam sua postura no medo atacarão ou serão atacadas. Atualmente,
a maioria dos países – provavelmente, todos! – operam a partir de um sentimento de medo. Por
isso, a cada ano, enorme parcela de recursos é dedicada às ferramentas de guerra, e as perdas em
outras áreas da atividade humana são imensuráveis. Desde a derrota na segunda grande guerra,
Japão e Alemanha foram forçados ao desarmamento; essas nações experimentaram crescimento
econômico notável e são, hoje, líderes no mercado. A Suíça – em paz consigo mesmo e com o
mundo desde que os primeiros clãs vieram ao Lago Lucerne, em 1291 - exibe mais milionários por
cidadão que qualquer outro país do mundo. Quão mais ricos [saudáveis etc.] seríamos, se não
fôssemos uma raça tão violenta?

Mas o que fazer diante de nações agressivas? Não é nosso dever proteger os inocentes? Será que
os nazistas e os comunistas não precisavam ser confrontados, contidos, derrotados?

Essa argumentação é o mesmo que tentar descobrir o que é um objeto extremamente complexo a
partir do exame de somente uma de suas peças. É conhecida a estória dos cegos levados a apalpar
pequenas partes de um elefante, para tentar descrevê-lo. O primeiro toca apenas o marfim, e
declara que elefante é um novo nome para lança; o outro, apenas a cauda, e sabe que elefantes
são cordas. O que toca as pernas acha que o elefante é uma grande árvore... Cada homem estava
correto com base na limitada informação de que dispunha, mas estavam todos enganados quanto
ao quadro geral – um elefante!

O mesmo ocorre com respeito aos eventos do mundo. Se você já fez uma amputação de braço,
sabe que é preciso aplicar um torniquete, ou o paciente vai-se esvair em sangue. O ponto,
contudo, é que a amputação do braço pode nunca ter sido necessária...

Hitler, e outros agressores da história, nunca agiriam sem a ajuda e o apoio de outros. Se eles
tivessem tentado agir sozinhos, seriam trancafiados em hospitais psiquiátricos – muito antes de
poder fazer mal aos outros. Foi o estado vibratório dos povos de língua germânica que produziu
Hitler! O desejo coletivo – ou a consciência de “raça” dos povos do mundo – criou condições para
a Segunda Grande Guerra, como, de resto, para todas as guerras na história do mundo!

Deixe-me compartilhar uma estória Ishaya com vocês.

Há muito tempo, havia uma nação maravilhosa, um lugar de sabedoria e paz sem precedentes.
Talvez, se você olhar bem lá dentro de você mesmo, no depósito de memória da humanidade
que você carrega no DNA, você possa tocar a doce memória desse lugar maravilhoso. Nossos
mitos mais prazerosos do passado – Atlântida, Lemúria, Xanadu, Camelot – são apenas sombras
daquele lugar mágico! Era muito mais que apenas bonito; paz e felicidade perfeita eram a norma;

Página
82
a alegria do povo era a busca do melhor para cada um e para todos. Era uma terra de
prosperidade e progresso nunca igualados em nenhum quadrante da história humana – mesmo
nas mais otimistas fantasias; e, na verdade, tais condições persistiram por muito, muito tempo!

Mas, como o eco de um trovão distante, uma nuvem se formou no horizonte daquele paraíso.
Outro povo veio a invejar a riqueza e beleza daquela civilização, e resolveu conquistá-la.

E, então, cometemos nosso [nós, os membros daquela civilização] maior engano. Poderíamos ter
educado e assistido aos bárbaros. O mundo era grande o suficiente, nós éramos suficientemente
sábios e eles eram como crianças diante de nossa glória. Mas, em vez disso, decidimos
responder-lhes na mesma moeda, como se eles, de fato, nos pudessem ferir. Construímos muros
para mantê-los do lado de fora e erigimos defesas ao longo de nossas fronteiras.

Com o tempo, porque havíamos desistido de nossa força, porque havíamos desistido de nossa
invulnerabilidade perfeita, nossa civilização foi apodrecendo de dentro para fora. Com o tempo,
aquilo que havíamos tentando proteger, não mais valia a pena proteger. Com o tempo, os
bárbaros tornaram-se suficientemente fortes para transpor nossas defesas e nos destruir. Talvez
você agora se lembre como tudo isso aconteceu; criamos nossa queda; criamos nossa doença
degenerativa; criamos nossa morte.

Hoje, esta é uma realidade recorrente. Quantas vezes nos sentimos vitimados, abusados;
quantas vezes sentimos que “tiraram partido” de nós? Quão frequentemente não achamos que
nossa raiva é justificada? Quantas vezes não exigimos vingança pelos erros terríveis que
cometeram contra nós? Quantas vezes não precisamos nos proteger, buscando evitar danos
adicionais? [Não é assim que vivemos?]

Existe outra maneira de encarar a vida. O primeiro passo é entender que cada um de nós cria seu
próprio mundo. Cada um de nós, pelo passo-a-passo de nossas decisões, cria nossa realidade
presente e nosso destino futuro. À primeira vista, isso não parece óbvio. Por exemplo, como é que
eu criei meu próprio Universo, se já nasci viciado em cocaína? Onde pode estar o amor em um
nascimento de pesadelo e vício como este?

Deixe-me, de novo, destacar: este é um caso em que estamos olhando apenas para um pedacinho
do jato de energia que é a relação do indivíduo com o Ascendente. Do ponto de vista da Mente
Universal, não existe punição, nenhum crime a ser condenado, nenhum pecador a ser salvo. Só
existem lições para serem aprendidas. Cada pessoa hoje na Terra é uma expressão individual da
Mente Universal. Cada uma é como um dedo em uma mão. Como pode um dedo ser ruim ou estar
errado? Se o dedo escorrega e a mão sofre um corte, será tal dedo punido pelos demais?
Naturalmente, esta é uma idéia absurda. Mas quando pensamos na humanidade, num raciocínio
muito estranho concluímos que alguns indivíduos têm o direito de julgar, criticar e condenar
outros indivíduos – seus contemporâneos no mundo!

Por outro lado, não teríamos de proteger os outros? Se um indivíduo está causando mal a si
mesmo ou aos outros, certamente ele precisa ser detido!

É tudo uma questão de perspectiva. Por um momento, partamos do pressuposto que a percepção
típica de um ser humano é limitada. Se quiser, imagine que tal percepção conhece apenas uma
minúscula porção da Realidade – e que essa percepção limitada é um erro fundamental. Agora
expanda a mente comigo, quando lhe sugiro que somos seres multidimensionais, e que as três
dimensões que comumente percebemos são apenas uma parte da estória. O que acontece,

Página
83
então, com nosso julgamento da realidade, limitado por uma base “espaço-tempo” [três
dimensões&tempo]?

Talvez uma analogia ajude.

Imagine um indivíduo com os sentidos limitados a apenas duas dimensões; um indivíduo “plano”
[sem altura]. Para ele, seria difícil conhecer o propósito de qualquer objeto tridimensional. Até
mesmo a caneta, em minhas mãos, pareceria miraculosa [misteriosa] para um indivíduo
bidimensional, que habitasse sobre meu bloco de anotações. Para tal indivíduo, a ponta da caneta
de repente desaparece dos limites conhecidos de sua realidade bidimensional, percorre uma
“terceira” dimensão [que lhe é inacessível], e reaparece num outro lugar do bloco de papel –
executando, para ele, ações estranhas e incompreensíveis.

Fatias bidimensionais da caneta não levariam mais compreensão ao indivíduo; em face do


conjunto tridimensional, elas seriam sem significado. Mesmo se um mapa fosse feito de todas as
fatias, ainda assim seria difícil que o indivíduo bidimensional médio pudesse vir a “entender” uma
caneta. Como ela executa “milagres”, ele poderia tomá-la por um deus; ou por satã. De qualquer
forma, o indivíduo nunca entenderia a caneta do jeito como nós a entendemos.

O importante, portanto, é que se nós, seres humanos, não estivéssemos limitados às três
dimensões que nossos sentidos revelam, as leis racionais que aplicamos - para julgar culpa ou
inocência - seriam falsas, na perspectiva [mais abrangente] das outras dimensões [que não percebemos].
As preocupações assustadas de uma criança são fáceis de solucionar, na perspectiva de um adulto
maduro. Uma criança chora, quando a roda do seu caminhão de brinquedo se solta. O pai,
contudo, sabendo que é apenas um brinquedo, pode até sentir-se solidário, mas pensa: como é
que algo tão pequeno pode causar tanto alvoroço? Mas o que pensa o mesmo pai, quando é a
roda do seu caminhão que se solta?

Visto de uma dimensão mais elevada, o criminoso (julgado por seus semelhantes como merecedor
de aprisionamento ou morte) é um fluxo de energia da vida imortal, encenando todas as
possibilidades requeridas para seu crescimento e retorno à casa. As raízes de uma árvore se
espalham e aprofundam, de modo a criar uma base sólida para uma estrutura vivente dinâmica.
Para aprender humildade e compaixão (ou, simplesmente, para limitar a sensação de auto-
importância ou para ajudar aqueles aprisionados pelos sistemas de crença da nossa cultura), uma
dada entidade pode escolher um tipo de vida que é vista como ruim e pecadora pela maioria da
humanidade.

Certamente eu não estou fazendo a apologia do crime. Não existe valor duradouro em
comportamento que nos cause dano, ou aos outros 23. Só estou dizendo que, quando nos
percebemos julgando ou condenando os outros – não importa se a respeito de algo grande ou
pequeno -, forçosamente estamos olhando de uma perspectiva limitada, sem ter entendido o
quadro geral. Isso sempre é verdade! Ou o Universo é perfeito – com todas as partículas
preenchidas pelo amor e pela sabedoria Onisciente do Ascendente – ou é imperfeito, errado,
cheio de dor, tristeza, sofrimento e morte.

23
Portanto, você pode e deve fazer o que achar apropriado à situação (combater, impedir, denunciar, prender etc.),
mas sem sentir raiva, indignação. Esteja atento: “NÃO SENTIR” é diferente de “REPRIMIR”. Aquilo que você reprime,
retorna! O que não sente, simplesmente não sente. Lembre: “Todos estão, sempre, fazendo o melhor que podem!”

Página
84
Pode parecer surpreendente explicitar essa dicotomia [perfeição x imperfeição] tão claramente.
Muitos tendem a crer que, ainda que exista o “bem” na vida, existe também muito “mal” – muita
coisa errada em nossa vida e no mundo! Crime, doença, guerra e morte são ocorrências
indiscutíveis na vida da Terra. Pode ser que existam outros lugares – ou outros tempos – em que
essas realidades não ocorreram (ou não estejam ocorrendo), mas ninguém pode negar que esses
fatos intensamente ruins (ou, ao menos, dolorosos) sejam, hoje, parte do nosso mundo. Goste-se,
ou não, estas são marcas indeléveis de uma mente poderosa e escura em ação neste mundo. Ou,
se essas provas abundantes não demonstrarem conclusivamente a existência de uma mente
consciente com intenções malévolas, pelo menos provam que vivemos num Universo onde a Lei
Natural às vezes alimenta e apóia, mas frequentemente destrói – talvez para que a vida siga seu
curso ou, simplesmente, porque talvez a Lei Natural funcione sem ligar muito para as entidades
individuais sujeitas à sua ação.

Eu espero que você esteja investindo intensa emoção nesses questionamentos. Se você não está,
talvez esteja tentando contornar algum ressentimento, raiva ou dor. Talvez queira revisar, por um
momento, tudo de terrivelmente mau que ocorreu ou ocorre em nosso mundo – no passado e no
presente. Ou talvez você queira tirar um momento para recordar as coisas assustadoras ou
injustas que afetaram você ou alguém próximo. Pense na morte prematura de um ente amado; na
terrível doença que massacrou aquele outro. Reflita por um momento como Deus deve ser
terrivelmente injusto, para permitir toda dor e agonia que nós, seres humanos (e também os
animais e plantas), temos que experimentar aqui na Terra. Isso não deixa você profundamente
triste? Não o deixa com vontade de chorar de raiva contra um Deus tão descuidado? Você até já
não soluçou suas dores e frustrações no vazio? O que é que está errado com o Universo? Como é
que essas coisas puderam acontecer? Por que Deus fez um lugar tão horrível como este?

Se você agora estiver sentindo algum grau de frustração com sua vida – ou com a vida atual no
mundo -, podemos começar a fazer algum progresso. Precisamos identificar os sentimentos
“escuros”, se dele nos quisermos livrar. É preciso que você veja o inimigo, antes de enfrentá-lo.

Aqui está outra velha estória, parte de culturas antigas, que os Ishayas gostam de contar.

Um dia, Deus decidiu descer à Terra para ver como iam seus filhos. Ele não tentou esconder
Sua presença, e andou por todo lugar, abertamente, como Deus em forma humana. Alguns O
reconheceram imediatamente e O saudaram com amor – mas muitos, que sabiam exatamente
Quem era Ele, O ignoraram; alguns, até, tentaram matá-Lo.

Tempos depois, quando todos os humanos envolvidos no episódio já haviam morrido, um dos
que haviam amado Deus na sua passagem pela Terra ficou surpreso: encontrou no Céu com
aqueles que haviam odiado Deus, em sua forma humana, e até com aqueles que haviam tentado
matá-Lo.

“Como é que pode ser assim?”, perguntou incrédulo! “Não é melhor amar que odiar”?

“Seguramente!”, respondeu Deus sorrindo. “Mas Eu prefiro ser odiado, a ser ignorado!”

O ódio, ao menos, é um movimento de energia. É muito melhor sentir sua raiva, seu desespero,
sua frustração, do que tentar escondê-los em algum lugar no seu interior. O espírito humano é um
meio bastante flexível; se você força alguma coisa para dentro, aqui, ela estoura para fora, ali... É
semelhante àquele brinquedo, que as crianças adoram: eles martelam uma pecinha colorida de
madeira para dentro, aqui, e riem de prazer quando outra peça colorida vem para fora, acolá.

Página
85
Forçamos uma característica ou sentimento indesejável para dentro, e logo meia dúzia de
sentimentos do mesmo tipo irrompem em nossa vida. Finalmente conseguimos parar com drogas
ou com álcool – mas logo nos damos conta de que estamos fumando três maços de cigarro ao dia!
Finalmente nos livramos dos trinta anos de vício do tabaco - mas, assustados, damos conta de que
engordamos quarenta quilos!

A repressão altera e distorce nossos pensamentos, sentimentos e comportamento; o


reconhecimento honesto deles e sua liberação nos livram de sofrimento futuro. A mente humana
não gosta de ser forçada!

Aqui está outra estória dos Ishayas:

Uma vez, o rei de uma localidade começou a ter problemas com macacos. Eles eram tantos, e
tão perturbadores, que ninguém podia cuidar em paz dos seus negócios; eles comiam grande
parte das colheitas; os mercadores eram constantemente roubados; os artesãos, molestados.
Desesperado, o rei comprometeu todos os recursos do reino à exterminação dos macacos. Mas
para cada macaco morto, dois apareciam da floresta à volta do reino – um vácuo parecia ser
criado, que era preenchido por novos macacos. Não havia esperança; o reino foi à bancarrota, e o
rei morreu pobre e em desespero.

Seu filho mais velho a tudo isso observara. Quando ascendeu ao trono, resolveu que em vez de
tentar acabar com os macacos, pesquisaria se de algum modo eles podiam servir ao reino. O
primeiro passo foi buscar conquistar a estima deles; o novo rei plantou lotes e mais lotes com
bananas. Algo surpreendente aconteceu então: os macacos andavam tão ocupados em desfrutar
das bananas, que não tinham mais tempo para perturbar os súditos do reino. E quando um reino
vizinho invadiu, os macacos lutaram de forma selvagem em defesa de sua terra.

Tentar “minar” nossos pensamentos e sentimentos pela repressão é como tentar matar os
macacos. Permitir à mente expressá-los é como alimentar os macacos. Não é obvio qual das
soluções é preferível?

Se abrigarmos internamente sentimentos de frustração e de raiva, é natural e inevitável que


vejamos o mundo como um lugar assustador. Sentimo-nos como se fôssemos vítimas, e agimos de
acordo. Convencidos de que o mundo é um ambiente hostil e áspero, podemos concluir que o
meio mais eficaz para ficarmos a salvo é atacar primeiro – assim evitando que sejamos atacados.
Podemos ficar preocupados e habitualmente zangados, e podemos internalizar nossa raiva,
frustração e desespero a tal ponto, que prejudicamos nossa saúde. Pressão alta não resulta de
ingerir muito sal nem de fumar muito, mas do estado de espírito! Doenças do coração, câncer e
tantas outras são o resultado de nossa crença em um mundo mau ou, no mínimo,
inconseqüentemente cruel.

É necessário reconhecer o inimigo. O inimigo não está em algum lugar “lá fora”. O inimigo não é
um agente externo, não é uma bactéria, não é um agente cancerígeno nem uma doença
degenerativa; o inimigo não é o tempo, não é a escassez de recursos. O inimigo não é nada do
“lado de fora”! Ele está sempre conosco [dentro!]: o inimigo são nossas crenças e julgamentos
acerca da natureza do mundo e de nossa vida pessoal.

Bem entendido, esse fato nos pode trazer grande esperança. Se nossas crenças são responsáveis
por nossas vidas, o fato, então, é que podemos mudar a estrutura de nossas crenças. Se o
fizermos, necessariamente mudarão nossas percepções e ações.

Página
86
O problema é que usualmente não conseguimos mudar nossas crenças, apenas pelo fato de
concluirmos que elas não nos servem mais. Elas são muito mais íntimas, muito mais profundas,
muito mais apegadas e muito mais difíceis de mudar do que podemos fazer, por exemplo, com
nossos carros ou casa. Se o carro não nos serve mais, ou se é muito caro consertá-lo,
simplesmente trocamos por outro. Se a casa ficou pequena, mudamos para alguma outra. Nossas
crenças, contudo, estão bem lá dentro (quietas, mas tudo controlando), influenciando cada
pensamento e ação nossos – muito antes que tomemos conhecimento de que estamos
continuamente decidindo ver e experimentar o mundo assim como o fazemos! Como, então,
mudar crenças?

- NOVA EXPERIÊNCIA -
Tipicamente, as crenças mudam como resultado de novas experiências. Como é que a nova
experiência chega até nós? O primeiro passo é introduzir uma pequena dúvida na estrutura rígida
de nossas crenças. Em condições favoráveis, uma pequena centelha pode causar um grande
incêndio. A pequena centelha necessária para queimar nosso velho sistema de crenças – e
transformar nossa vida – é a mais leve dúvida, bem “lá dentro”, de que talvez (apenas talvez!)
tudo o que pensamos sobre a vida e o Universo seja falso! E se de fato a vida for muito mais do
que percebemos e acreditamos até agora? E se todos a quem escutamos por toda vida não
souberem tanto quanto parece? E se a Realidade, de fato, for muito mais rica e maravilhosa do
que jamais sonhamos? E se...

Mesmo com apenas essa calma e pequena abertura inicial para um nível mais expandido de
entendimento, as mudanças começam e se aceleram em nossas vidas. Livros começam a “cair”
sobre nós, das prateleiras. Como que por mágica, pessoas surpreendentes, que nunca iríamos
conhecer, aparecem em nossas vidas para nos Ensinar. Nosso velho mundo começa a declinar,
cada vez mais rapidamente, à medida que uma nova vida vai-se desenvolvendo em nosso interior.

Para nos ajudar agora, um conhecimento mais profundo e uma experiência em expansão nos
chegam. Existem técnicas sistemáticas, mecânicas e sem nível elevado de esforço, para elevar
nossa consciência e abrir nossa mente à Mente Universal.

Nós, da tradição Ishaya, ensinamos uma série dessas técnicas. Elas não são as únicas técnicas
efetivas, mas funcionam bem para rapidamente operar uma transformação completa na nossa
experiência pessoal. Este é o processo que chamamos Ascensão; é um procedimento guiado,
passo-a-passo, para nos elevar à total compreensão da Mente Universal. De modo algum a prática
é difícil; é para ser usada por poucos minutos, duas ou três vezes ao dia.

Cursos introdutórios são oferecidos em fins-de-semana ou à noite, com marcação prévia. Os


resultados desses cursos são imediatos, óbvios e profundos.

Cursos intermediários em Ascensão também estão disponíveis; variam de uma semana a seis
meses. Eles ampliam e estabilizam a habilidade de usar e experimentar o Ascendente. Todo ano,
cursos de seis meses, em regime de internato, são oferecidos para treinamento dos Professores de
Ascensão. O mundo precisa desesperadamente conhecer como se elevar, sem esforço, acima de
nossas crenças e pensamentos derrotistas, para experimentar o pleno potencial da vida;
Professores de Ascensão plenamente iluminados são hoje necessários em todos os lugares!

Página
87
Não existem pré-requisitos para praticar a Ascensão – não é necessário mudar crença alguma, não
é necessário mudar nenhum hábito. Você pode ser um daqueles que calmamente apreciam os
benefícios do relaxamento profundo, de melhora na saúde e na expansão de consciência, sem se
engajar em nenhum dos cursos que se seguem ao primeiro. Tudo bem! De nossa parte, não há
pressão alguma para que você faça cursos adicionais ao primeiro, nem mesmo que você siga
regularmente com suas práticas. A sugestão é apenas para que você venha experimentar o Curso
Introdutório; se você quiser parar por aí, tudo bem! Se quiser seguir adiante, bem-vindo também!

Sem reservas, recomendamos esse conhecimento a todo mundo! Em nossa experiência, todos
podem dele se beneficiar. A Ascensão é um gradual desdobramento de conhecimento, pela
experiência. Cada novo curso oferece técnicas mais avançadas que o precedente. A cada novo
curso, a taxa de progresso se acelera – à medida que o nível individual de estresse declina e a
experiência consciente se expande.

Ainda que tal progresso seja verdadeiro, a primeira técnica, oferecida no primeiro curso, é
suficiente para que qualquer um se ilumine, independentemente de quão estressado, deprimido
ou pessimista esteja. As técnicas avançadas aceleram o processo, mas não são indispensáveis. O
primeiro curso é suficiente para levar a luz do Ascendente à consciência daquele que estiver
disposto a praticar regularmente a técnica inicial.

Isso é assim, porque o Ascendente é Universal; é encontrado “dentro” e “fora” de tudo e de todos!
Já que isso é assim, duas coisas tornam-se surpreendentes: primeiramente, por que a luz infinita
do Ascendente não é a experiência usual de todo mundo? Em segundo lugar, por que uma técnica
(qualquer que ela seja!) é necessária para experimentá-la?

Uma resposta à primeira questão é: hábito! É nosso hábito usar nossos sentidos numa direção
“para fora”. Quando abrimos os olhos e vemos, quando tocamos, ouvimos ou sentimos, tudo isso
são movimentos “verticais” da mente “para fora”. Esta é a primeira lição que a criança aprende,
para interagir com o ambiente. Aqueles que falham em desenvolver essa direção da mente, “para
fora”, acabam precisando ajuda psiquiátrica. É também nosso hábito pensar “horizontalmente” –
isto é, pensamos sobre as coisas, contemplamos a natureza da realidade, sonhamos de olhos
abertos, flutuamos ao redor da mente pensando acerca da vida. Um dos propósitos da escola é
desenvolver esse ângulo “horizontal” da mente.

Ambas as direções da mente [vertical & horizontal] são consideradas normais, usuais, rotineiras e
totalmente naturais. E sempre imaginamos que a única direção que resta, “verticalmente para
dentro”, seja difícil ou impossível e requeira uma enorme habilidade para concentrar-se e para
controlar a mente.

Muito raramente permitimos que nossas percepções ou nossos pensamentos movam-se


“verticalmente para dentro” em busca de níveis de entendimento mais abstratos ou universais.
Mas, na verdade, como é que isto pode ser difícil? A freqüência com que espontaneamente
ocorrem “experiências de pico” [de expansão da consciência] é uma indicação de que não é difícil
desenvolver a mente. Ao longo da história, muitos, em muitos lugares, provaram da experiência
de consciência elevada; suas experiências não ocorreram em momentos ou lugares
necessariamente especiais: diante de uma mesa de trabalho cheia, contemplando as estrelas, na
praia, no nascimento... A lista é tão extensa como é a raça humana.

Página
88
Tudo que é necessário para começar o movimento em direção a níveis mais elevados de
consciência é começar a re-treinar a mente para mover-se “verticalmente para dentro”.

Por que uma técnica é necessária para aprender a reprogramar internamente o cérebro - num
padrão “vertical, para dentro”24? Isto é como a arte de falar. Aprender a controlar nossa
respiração, nossas cordas vocais, língua e boca, de tal maneira a comunicar símbolos significativos
aos outros, é algo que aprendemos naturalmente. É um processo complexo, mas temos certeza de
que ele nos é assegurado! De qualquer forma, foi necessário que o apreendêssemos. E nos
surpreendemos observando crianças que falam uma língua estrangeira com facilidade e
naturalidade – coisa que nós, adultos, imitamos com dificuldade. O mesmo acontece com outras
tantas habilidades adquiridas – como andar, por exemplo. Do ponto de vista prático, todas essas
atividades são naturais [inerentes à nossa condição humana]; mas tivemos que aprendê-las; todas!

A mente é uma máquina maravilhosamente complexa, que pode ser treinada para executar uma
variedade surpreendente de tarefas. Assim, é natural que possa ser treinada para mover-se
“verticalmente para dentro”. As técnicas de Ascensão atendem justamente a tal objetivo!

A mente pode ser facilmente ensinada a experimentar o Ascendente. Que certa técnica seja
necessária para atingir isso, não é literalmente verdadeiro. Numerosos casos de êxtase ou
experiência espontânea do Ascendente já ocorreram ao longo da história. Mesmo uma pequenina
experiência de luz interior - de paz perfeita, de alegria ilimitada ou de conhecimento - provoca
mudanças permanentes em quem a experimenta. Muitas vezes, sistemas de crenças extensos,
densos, são criados ou adotados a partir de flashes temporários [experiências curtas, passageiras] de
percepção alterada.

O fato de que tais experiências podem acontecer – e acontecem! – de forma espontânea atesta
que são absolutamente naturais. A “universalidade” da experiência é demonstrada pelo fato de
que praticamente todo mundo, num dado momento da vida, teve pelo menos um gostinho de
consciência alterada. É provável que cada um de nós, em algum momento, tenha tido pelo menos
um vislumbre através dos véus da vida “relativa”. Parece ousado afirmar que todos já viveram
uma experiência desse tipo; ocorre, porém, que muitos “escolheram” esquecer tal experiência ou
interpretá-la incorretamente. A razão para essa dificuldade de relembrar varia de indivíduo a
indivíduo, mas usualmente deriva do medo!

Quando eu era adolescente, com freqüência sentia a consciência mais elevada bater à minha
porta, quando eu estava estudando, à noite, na cozinha. A cozinha era o lugar mais aquecido da
casa, e perfeitamente calmo quando todos já se haviam recolhido. Com os livros espalhados por
toda a mesa, eu tinha de me forçar a lê-los ou a fazer meus deveres, pois sentia uma enorme
presença ao redor do cômodo, presença que exigia entrar e ser reconhecida! Por quê? Eu não
sabia, mas ficava aterrorizado! A força era enorme, poderosa – e queria que eu estivesse ciente
dela. Seria o diabo? Um espírito desencarnado? Meu pai, talvez, vindo do túmulo? Seria um
demônio?

Só anos mais tarde fui entender que eu estava com medo do meu próprio Ser Superior – que
tentava abrir as trancas da minha mente. Acho que essa experiência é comum; creio que muitas
pessoas ficaram tão amedrontadas com experiências desse tipo, que escolheram trancafiá-las no
fundo da mente. E uma tragédia da vida moderna é que muitos – muitos, mesmo! – tenham
24
“Reprogramar”, no caso, consiste em construir novos “sulcos” cerebrais (assim como os “sulcos” nos antigos discos
fonográficos), novos “caminhos” – resultado de novas e mais sólidas combinações neuronais!

Página
89
conseguido fazê-lo! O mundo seria um lugar muito mais saudável, se esses indivíduos (geralmente
muito evoluídos) desistissem do medo de sua própria perfeição! Assim, eles começariam a fazer
parte da solução, não do problema!

A experiência de pico é comum ao ser humano, uma flutuação natural da consciência. Mas para
fazê-la regular e replicável, para fazê-la permanente, para torná-la uma realidade de toda hora,
bem-vinda, aceita e apreciada, dois fatores são necessários: em primeiro lugar, ela precisa ser
entendida. Poucos de nós aceitariam de boa-vontade um estranho em casa; temos que saber
alguma coisa sobre ele... O que é uma experiência de consciência elevada? Por que ela ocorre?
Que valor tem? Se as respostas ao questionamento forem satisfatórias, não há problema em
escancarar portas que mantínhamos trancadas. [Perdemos o medo!] A experiência de consciência
elevada nos invade, como um rio cuja represa desmoronou.

O segundo requerimento para estabilizar a elevação de consciência é dispor de um método


prático para sistematicamente treinar a mente para experimentar a luz interior.

Como deve ser essa técnica? Ideal e primeiramente, ela não pode incorporar nossos sistemas de
crença. Se a experiência de consciência elevada é, de fato, universal, ela deve ser possível para
qualquer um, independentemente de seus princípios religiosos, políticos ou econômicos. E a
técnica não pode ser complexa, a ponto de que só intelectos privilegiados possam usá-la; nem
pode exigir nível de devoção transcendental, de sorte que só os corações “exaltados” possam
vencer a ignorância e tocar o Coração de Deus. A exigência da nossa era é que a experiência seja
accessível a todos! Qualquer pessoa, de qualquer estrada da vida, deve poder praticar as técnicas
[de Ascensão] e alcançar os resultados desejados.

Outra razão fundamental para não envolver nosso sistema de crenças é que é exatamente tal
sistema – nossos hábitos e julgamentos acerca da natureza da vida – que mantém nossa
experiência de vida exatamente como ela é. Algo de novo é necessário para escapar dos moldes
do passado. A experiência do “ahhh!” vem de uma mudança inesperada, dramática e completa de
perspectiva; sem aviso, o velho padrão de hábitos é relaxado e uma nova visão é revelada. Isso é
repentino, completo e maravilhoso.

As técnicas da Ascensão preenchem tais requisitos. São sistemáticas; simples de entender e


praticar. Não envolvem mudanças de crença ou de estilo de vida. Não envolvem crenças! E são
maravilhosamente efetivas para remover o estresse que nos bloqueia a percepção da realidade
interior. A prática regular da Ascensão produz mudanças multifacetadas na vida, com base em
experiência direta e pessoal.

O convite é para que você faça um curso introdutório – e verifique tudo, por você mesmo!
Pratique a primeira técnica por cerca de um mês, e veja o que acontece com você. Muitos
relataram um crescimento maravilhoso pela Ascensão – e melhora em todas as áreas da vida. O
que você pode perder por experimentar?

Página
90
XIV – A CIÊNCIA DA ASCENÇÃO
Nessa prática, nenhum esforço é perdido.

Esta é uma era de medo. Temos medo de outros países, de outros humanos e de nós mesmos. É
muito raro que nos sintamos verdadeiramente a salvo – e não há nível de manipulação física que
aumente nosso senso de segurança. Comprar mais um conjunto de ferrolhos e fechaduras para
nossas portas, de fato não nos protege mais dos nossos vizinhos; construir um sistema mais
avançado de armas não protege nossas fronteiras a ponto de nos sentirmos verdadeiramente em
paz. Sem convicção firme na nossa própria invencibilidade [invulnerabilidade!], voltamo-nos (com
dúvidas!) para o mundo externo, na expectativa de nos sentirmos seguros – ainda que contra toda
lógica e experiência prévias!

Qual a essência da segurança? Como é que alguém pode tornar-se verdadeiramente sem medo?
Qual é o mecanismo da paz?

A Ciência da Ascensão implica um processo sistemático de “desapredizagem”. Desde o berço,


estruturamos um conjunto de crenças baseadas em nossa experiência direta. Se nos queimamos
num forno quente, aprendemos que o fogo nos pode machucar; e estruturamos crenças a respeito
da faixa da temperatura que nosso corpo pode suportar e cultivamos outras tantas, com respeito
à natureza de nossos corpos e como eles podem ser danificados.

Obviamente algumas de nossas crenças são úteis à continuidade da nossa vida física. É útil lembrar
como dirigir um carro, sem ter que reler o manual do proprietário cada vez que nos sentamos ao
volante. É útil lembrar qual é nossa casa, sem ter que perguntar aos vizinhos, cada vez que
voltamos do trabalho. É útil reconhecer nossos filhos, toda vez que os vemos.

Mas é também verdade que outras crenças são derrotistas, destruidoras e contraproducentes. Se
acreditarmos que somos um fracasso, este é o tipo de experiência que vamos atrair. Se
acreditarmos que a vida é difícil, que não somos amados (nem dignos de amor!), que somos
infelizes, que não temos valor – como poderemos experimentar uma vida tranqüila, cheia de
alegria e de amor? Somente mudando a base dos nossos sentimentos é que podemos esperar o
futuro que (ao menos intelectualmente) preferimos.

Conscientemente, é extraordinariamente difícil desfazer ou desaprender antigos padrões de


crença. Qualquer psicanalista pode atestar como é difícil mudar mesmo um só conceito pessoal,
pelo método tradicional de analisar a raiz do padrão anormal de comportamento. Reescrever
nossa personalidade, através de uma escolha consciente, pode ser uma tarefa enorme, altamente
frustrante, impossível de realizar. Para a maioria de nós, será mesmo impossível!

Neste país [EUA], a alta percentagem de pessoas mentalmente doentes é prova incontestável de
que nossa sociedade moderna não é um lugar saudável para viver. Isso também demonstra que os
profissionais que cuidam da saúde mental não são bem-sucedidos na profissão que escolheram. O
mesmo ocorre para as moléstias que afligem o mundo moderno. Na China antiga, por lei, todo
médico tinha que listar, à porta, seus pacientes que haviam morrido no último ano. O propósito
dos médicos era curar. Apenas os Curadores de sucesso podiam continuar a exercer a medicina.

Página
91
Na tentativa de “desenterrar” as raízes dos problemas físicos e mentais, muito esforço é
empregado e, na melhor hipótese, os resultados são marginais. Médicos, conselheiros e pacientes
continuam seguindo tais métodos, simplesmente porque não há nada melhor disponível.

Mas é possível mudar, sem maior esforço, padrões muito enraizados de crenças. Isto é conseguido
por meio da introdução de alguns novos pensamentos-semente. Tais pensamentos-semente têm
uma única característica: sistematicamente, sem dificuldade, expandem os limites da consciência
individual. Cada um desses pensamentos-semente traz como resultado o “desfazer” de velhos
padrões de crença, que impedem nossa vida de se desdobrar de forma saudável e harmoniosa.
Corretamente praticado, cada pensamento-semente faz a personalidade alinhar-se com a força
mais básica do Universo. Qualquer indivíduo que os pratique por tempo suficiente se eleva
adiante de suas crenças e hábitos antigos e restritivos, para alcançar um novo e benéfico estilo de
funcionamento do seu sistema nervoso.

A Ciência da Ascensão é uma metodologia sistemática para desenvolvimento da mente.


“Ascensão” significa elevar-se, mover-se acima. Durante a prática da Ascensão o indivíduo eleva-se
acima do seu estágio anterior de consciência, e começa a experimentar estágios mais avançados
de apreciação da Realidade que jaz escondida no seu interior.

Isto cria um estado de viver “sem problemas”! Viver “sem problemas” não significa viver “sem
desafios”: a vida não se torna insípida nem passiva; “sem problemas” significa que a estabilidade
interior é maior que qualquer desafio da vida; que a criatividade disponível internamente é maior
que qualquer problema. Uma vez que esse estado se estabelece, qualquer problema pode ser
resolvido, sempre da forma mais simples, graciosa e benéfica.

Os mecanismos da Ascensão são muito simples. O que é necessário é aprender a escutar: escutar
as pessoas no nosso Universo, escutar nosso mundo, nossos corpos, nossas mentes, nossos
corações. A cada momento de cada dia nos é mostrado tudo que precisamos para viver em plena
liberdade, harmonia e alegria. Em razão do medo, usualmente escolhemos não ouvir. Nossos
julgamentos da limitação, do bem e do mal, nos conduziram a vidas pequenas de dor e
sofrimento. Para sermos livres, é necessário admitir o que fizemos de nós mesmos (e continuamos
a fazer) para impedir que “escutemos” [o Ser Interior]. Isso pode ser doloroso, mas não precisa ser!

- QUATRO ATITUDES DE ASCENSÃO -


Há quatro emoções básicas ou Atitudes que levam à Ascensão: Louvor, Gratidão, Amor e Cognição
Direta [compaixão]. Há milhares – milhões! – de possibilidades de aplicação dessas quatro Atitudes
básicas de Ascensão *na “escola” Ishaya, essas quatro atitudes básicas resultam nas vinte e sete Atitudes de
Ascensão mais comumente ensinadas]. Por exemplo, o sentimento de amor por alguém tende a elevar a
freqüência vibratória do indivíduo (em maior ou menor grau), a expandir a capacidade consciente
da mente, a melhorar a saúde do corpo, a atenuar as limitações da vida. Se você se lembrar de
quando sinceramente sentiu amor, você vai-se lembrar como era fácil passar por cima dos
defeitos mais externos do ser amado, para focar na sua perfeição e beleza. Este é um exemplo de
consciência em expansão, mas em ocorrência sem poder e consistência suficientes para
transformar a vida de permanentemente.

Até mesmo tentativas repetidas e regulares de Ascender por meio de orações – uma forma de
Cognição Direta [uma das quatro Atitudes básicas de Ascensão] – tipicamente não são transformadoras da
Página
92
vida. A razão para isso não é necessariamente falta de compromisso ou dedicação da pessoa que
reza. Usualmente, três causas concorrem para o fracasso. A primeira é o tempo limitado que se
passa em oração. Por exemplo, se uma hora do dia é dedicada à tentativa de passar a uma
freqüência vibratória mais alta, e outras vinte e três são gastas no plano mental a que estamos
habituados (ou mais baixos), como pode ser surpreendente que a tentativa fracasse? Mesmo que
a hora passada tenha sido bastante focada na elevação da freqüência vibratória, passamos outras
vinte e três em focos completamente diferentes! Se a cada vinte e quatro pensamentos, um é
voltado para cima, e outros vinte e três vão em direção horizontal, ou para baixo, como pode ser
surpreendente que nossa vida não melhore rapidamente?

A segunda razão para fracasso deriva usualmente de desejos conflitantes. Uma parte da
personalidade pode de fato estar buscando a resposta para um problema, mas outra parte talvez
esteja desejando o oposto – mesmo que secretamente! Por exemplo, uma cura miraculosa pode
ser o objeto da oração, mas se a cura de fato ocorrer, uma parte da personalidade pode ficar
aterrorizada! Ou até pode ser que ela não se ache digna de solução para o problema (“Por que
Deus haveria de desperdiçar um milagre com alguém como eu?”). Nessa condição, de desejos
conflitantes, não é provável que se receba uma resposta clara da Natureza.

A terceira causa de fracasso é que o conteúdo das orações frequentemente não é adequado
[efetivo, apropriado]. Isso pode ocorrer de muitas formas. Entre as milhares de possibilidades para
aplicação das quatro Atitudes [básicas] de Ascensão, só um número surpreendentemente pequeno
mostra-se adequado [efetivo] ou universal. Na experiência Ishaya, cerca de cento e oito dessas
aplicações são boas para todo mundo; destas, vinte e sete são as mais comumente ensinadas,
porque são as mais poderosas, de uso mais fácil, e que levam mais rapidamente ao objetivo
[Ascender]. Essas vinte e sete são ensinadas pelos Mestres Ishayas de Ascensão de uma forma
sistemática e verificável (as práticas e o progresso individuais são entremeados por instruções
adicionais sobre as próprias técnicas). Dessa forma, resultados tangíveis e verificáveis constituem
a razão mais forte para seguirmos praticando.

Cada uma das vinte e sete Atitudes de Ascensão produzem “feedback” imediato, isto é, o efeito da
prática é notado imediatamente. A razão para isso é que cada uma delas tem a característica
extraordinária de permitir que a mente continue Ascendendo automaticamente, para níveis cada
vez mais elevados de experiência e compreensão.

Assim, mesmo a primeira das vinte e sete Atitudes de Ascensão é suficiente para liberar
plenamente qualquer ser humano! A vantagem de dispor de mais de uma ferramenta no
tabuleiro, é que às vezes a mente engana a si mesma, entrando por caminhos mais lentos (em
razão de desejos ou crenças passados, à conta de que a vida é – ou deveria ser – difícil e dolorosa).
Dispor, portanto, de mais de uma Atitude de Ascensão (vinte e sete!) é assim como uma apólice
de seguro! Se a força de hábitos destrutivos antigos é muito enraizada (e assim parece, para a
maioria de nós), então mais de um ângulo de Ascensão é requerido.

Na nossa experiência, é pouco provável que alguém permaneça imune por muito tempo ao poder
das vinte e sete Atitudes de Ascensão. Isso é assim porque cada uma tem propriedades
apropriadas à condução da mente para níveis mais elevados de experiência e compreensão;
simultaneamente, cada uma das vinte e sete ajuda a mente a se livrar de suas crenças falsas, seus
medos e imaginações. Cada uma limpa totalmente o quadro-negro da mente, e nele escreve um
novo roteiro *“script”+. A programação interna antiga não pode resistir por muito tempo à força e à
clareza da nova.

Página
93
As Atitudes de Ascensão não envolvem nenhuma crença religiosa; na verdade, não envolvem
nenhum tipo de crença. São universais. Não violam credo algum nem se apegam a algum tipo de
fé. Podem ser igualmente praticadas por cristãos, muçulmanos, hindus, budistas, judeus,
agnósticos e ateus. Elas penetram em todos os estados humanos e inspiram a Ascensão a partir do
lugar em que estejamos.

- TRES QUALIDADES DA ASCENSÃO -


Cada uma das [vinte e sete] Atitudes de Ascensão tem três aspectos. O primeiro é um conteúdo
emocional, que conduz o “experimentador” ao interior – Louvor, Gratidão, Amor e Cognição
Direta. O segundo aspecto é o alinhamento direto com o Ascendente; isto une a mente consciente
com a Fonte Infinita no interior. A terceira característica de cada Atitude de Ascensão é o foco
mental em uma das áreas-raiz da individualidade, que está estressada – e poderia ser vivida em
maior plenitude.

Entender essa descrição das Atitudes de Ascensão é muito mais difícil do que praticar a Ascensão.
Na verdade, é provavelmente impossível entender completamente os mecanismos da Ascensão,
sem experimentá-la!

A estrutura ternária das Atitudes de Ascensão faz com que cada um dos três aspectos primários da
nossa personalidade – coração, mente e corpo – se mova na direção do crescimento. Esse
processo desamarra ou afrouxa nossos julgamentos e crenças mais profundos, que nos mantêm
presos ao medo e à restrição. Mas isso não é simplesmente um processo de introspecção para
eliminar o acúmulo de lixo mental, espiritual e emocional. Primariamente, este é um processo
para trazer à tona (sem grande esforço) estados cada vez mais expandidos de consciência.

As Atitudes de Ascensão são chamadas de “Atitudes” porque uma atitude é uma maneira de olhar
para o mundo. Não são chamadas de “crenças”, porque não é necessário que acreditemos nelas,
para que funcionem. Não é necessário acreditar que uma semente de cenoura – lançada à terra e
cuidada adequadamente – vai produzir uma cenoura. Crença não é necessária. A crença é uma
força muito poderosa, que pode ser útil ou destrutiva, conforme aplicada; mas não é necessária
para mudar a natureza de nossas vidas: sementes de cenoura produzem cenouras. Ponto! Os
pensamentos-semente das Atitudes de Ascensão facultam uma nova maneira de olhar para a vida
e de viver a vida.

O uso das Atitudes de Ascensão nos permite ascender, sem esforço, a nível superior à nossa
experiência prévia de vida, para um estágio de existência livre de problemas. Isso é conseguido
pelo alinhamento de nossa individualidade limitada com a Universalidade Cósmica. Esta verdade
básica da criação pode ser chamada de qualquer nome. Alguns a chamam de Amor; alguns, de
Vida; alguns a chamam de Bem; alguns, de Natureza; outros, de Mente Universal; outros, ainda,
de Mãe; alguns a chamam de Espírito; alguns, de Verdade; alguns, de Força; outros, de Beleza;
outros, ainda, de Ser Superior; alguns a chamam de Deus; alguns, de a Fonte; outros, de
Ascendente. O nome não é nem um pouco importante! O que é importante é parar de bloquear
nossa percepção desse nível de Realidade.

Nós não temos que “abrir um canal” para a Fonte, para a Mente Universal, para o Ascendente. Já
estamos conectados; sempre estivemos; sempre estaremos! O que precisamos fazer é remover
Página
94
nossas crenças destrutivas e padrões de comportamento, que bloqueiam a experiência do
Ascendente da nossa consciência. Uma vez que os bloqueios sejam removidos - fundidos e
transformados -, podemos entrar em uso do nosso direito de nascença: nossa conexão com a
Mente Infinita. O tubo de conexão já está posicionado. O que é necessário é remover os
obstáculos que nós mesmos criamos na tubulação, que impedem a água de fluir. O tubo está
enferrujado pelo desuso; bloqueado pelo lixo acumulado em uma vida de negação e medo. Mas o
metal ainda está bom; pode ser limpo sem maior esforço para que a água da vida recomece a fluir,
transformando tudo em nossa vida!

As Atitudes de Ascensão foram projetadas para limpar nossos padrões passados de crença e
comportamento, que inibem o pleno funcionamento físico e mental. Pela introdução de
pensamentos-semente em níveis profundos e refinados do nosso pensar, toda a estrutura mental
se transforma, gradual e graciosamente, para refletir a Realidade.

Realidade, com “R” maiúsculo, não é a realidade da vida, misturada com sofrimento, hoje a
experiência comum à maioria, no nosso mundo. Realidade com “R” maiúsculo significa que a vida
é vivida em alegria, com cada momento plenamente experimentado; cada oportunidade é
garimpada para progresso, criatividade e amor. Uma espiral ascendente de consciência é criada
pela Ascensão; uma nova estrutura de consciência é construída sobre a base firme da experiência
direta da Realidade.

Para o mundo moderno, as técnicas de Ascensão não têm preço. O ritmo intenso da vida é muito
forte para ser equilibrado, sem o poder de um novo e profundo Ensinamento. Essas técnicas
revolucionam cada aspecto da vida - pela introdução de uma nova experiência de paz interior,
repouso profundo e estabilidade.

A prática da Ascensão é muito fácil, e rapidamente livra qualquer um do estresse. Isso promove
uma abertura da vida ao nível máximo de criatividade, gozo, saúde e sucesso.

Nós todos começamos a vida com brilho e inocência. Foi necessário muito tempo para que
velássemos nossas mentes com hábitos e crenças destrutivos. Mas é fácil reverter isso, para
readquirir a liberdade e o poder da vida, agora, no momento presente. Preocupação e medo não
são naturais, são aprendidos e mantidos artificialmente por nossas crenças e julgamentos acerca
da vida.

Não é difícil nos decodificar da hipnose do condicionamento cultural do passado. Como resultado
imediato, a vida se torna mais fácil e prazerosa. Liberação do estresse significa que cada momento
é vivido plenamente. Cada dia é novo com possibilidades maravilhosas, quando não estamos
vitimados por nosso passado.

Nesta era moderna, os Professores da Ascensão representam um ensinamento antigo, fundado


pelo apóstolo João no primeiro século da era cristã. Nada na Ascensão, portanto, foi inventado
recentemente; cada técnica para meditação e gerenciamento do estresse, ensinada pelos
Professores da Sociedade para Ascensão, já foi praticada por dezenas de séculos, sendo
comprovadamente boas, universais e verdadeiras.

Página
95
EPÍLOGO: UM POEMA DA VIDA
Em algumas vidas eu trabalhei para criar religiões, filosofias, civilizações. Fiz um bom trabalho.
Meus produtos eram bonitos, complexos e confiáveis; meus trabalhos guiaram e protegeram a
vida de milhões!

Em outras vidas, entendi que nenhuma estrutura organizada – por mais complexa, verdadeira ou
bonita! – poderia abranger toda a vida, tudo na vida! E assim, constatando as falhas e os limites
óbvios de toda e qualquer abordagem organizada visando ao conhecimento, trabalhei para
destruir todas. Isso quase sempre resultou em minha própria morte. Por exemplo, na Inquisição de
Espanha fui queimado num poste, por opor-me à Igreja; e no Peru, minhas mãos e pés foram
cortados, por resistir aos conquistadores.

O horror quanto ao julgamento e à opressão é criação minha – de ninguém mais. E,


frequentemente, minha meta era forçar os outros à minha própria crença. Mas aprendi que forçar
o indivíduo à paz não é uma resposta.

Na primavera de 1972, na Itália, uma amiga iluminada teve uma visão a meu respeito. Íamos de
carro para Roma, num lindo dia primaveril, quando ela de repente voltou-se para mim, olhou-me
com olhos inquisidores e disse que acabara de me ver deixando para trás um castelo perfeito, mas
arruinado, em meio ao Mar Ocidental. Disse que me via sozinho na praia, em pé, olhando
entristecido para a estrutura em ruínas. Na praia havia um cheiro profundo de fertilidade; ela disse
que a Mãe de Deus estava lá - e me guiava e protegia. A fragrância provinha Dela.

À época, eu nada entendi, já que achava imperativo permanecer entre as paredes protetoras do
meu próprio castelo de crenças. Eu tinha medo de que fora do castelo reinasse o caos – que se eu
abandonasse torres, colunas e muros protetores de um sistema de crenças que levava ao
Ascendente, eu acabaria sem o Absoluto, sem Deus - e, portanto, presa das assustadoras forças do
mal, dos demônios gêmeos, Medo e Raiva. Para mim era óbvio que muitos (talvez, todos!) que não
aderiam a um Ensinamento – a um corpo organizado de conhecimento e crenças que conduz ao
Coração de Deus -, aqueles que não estavam em um castelo protetor, ficavam à mercê das
armadilhas do mundo. Aqueles que não têm nenhum tipo de aspiração mais elevada, com
freqüência desperdiçam suas vidas em vícios grosseiros (que, se bem me lembro de Steinbeck em
“East of Eden”, são, ainda assim, a melhor tentativa deles para experimentarem o amor.).

Eu bem que me sentia descontente com meu Castelo - mas, ainda assim, me repreendia por isso.
Por anos, sentia-me aprisionado – sem querer ou sem poder romper minha relação as tetas
magníficas do Castelo, com medo do mundo externo aos seus domínios extensos e bem protegidos.
Por medo de ser machucado, mantinha-me dentro de suas paredes bem protegidas.

Pensar que podemos ser feridos é uma crença humana usual, mas isso não a faz verdadeira.
Corpos podem ser danificados. Corpos humanos, corpos de conhecimento, corpos de crenças,
corpos de organizações, corpos de edificações – tudo isso pode ser ferido e fracassar. Mas o que é
fracassar? O que é ser ferido? Tudo que é Verdadeiro e Real não é nem pode ser ferido nem

Página
96
reduzido de forma alguma25. Se as mentes humanas permanecem constantemente cientes da
Verdade, entretanto, é um assunto diferente! Mas a Verdade permanece sempre, cintilante como
uma jóia perfeita, adiante dos limites de tempo e espaço.

Depois de alguns anos nesse conflito, a Natureza conspirou para destruir meu Castelo. No espaço
de três meses me foram tirados minha casa, minha família, meu status, minha posição e minhas
posses. Perdido e sozinho vaguei pelo mundo e, por grande “sorte”, dei com um Ishaya que
eventualmente vagava pelo mundo também, justamente para me encontrar.

A “sacudidela” que me fez tremer os ossos curou-me. Minha terrível adversidade conduziu-me à
glória! O maravilhoso Ensinamento da Ascensão foi compartilhado comigo. Um presente, que
talvez eu “não merecesse”, me foi dado de graça! A Vida se abriu onde eu antes só enxergava a
ruína terminal de degeneração e desespero!

Uma vez, quando eu estava Ascendendo com os Ishayas no Himalaia, tive uma visão: todos os
grandes e belos castelos do mundo estavam postados, preparados para a batalha e sós, cercados
por um mar de caos. Só uns poucos estavam nos castelos, trabalhando para consolidar o
conhecimento do Ascendente e para aumentar a Verdade e a Beleza no mundo; os demais
estavam do lado de fora, na escuridão, trabalhando para destruir as criações vindas do lado de
dentro, alguns com intenções claramente malévolas, mas a maioria apenas com apatia, ignorância
e indiferença.

Pensei, “Por que, Senhor... por que permitir essa guerra terrível?”

Imediatamente, Boanerse26 entrou no quarto, sentou-se à minha frente, inclinou-se sobre mim e
tocou-me gentilmente o peito. Minha mente expandiu-se! Entendi que essa minha crença antiga
me estava excluindo da porção maior do Universo. Todas as guerras em curso no mundo, por
exemplo, estão nesse caos mais externo; assim como a fome e as doenças na África; assim como
todas as cidades batidas e apodrecidas da nossa civilização.

Então, Boanerse me perguntou: “Estarão todos esses infelizes relegados ao inferno?”

Imediatamente entendi seu ponto; muitos princípios fundamentalistas asseguram que esta é a
verdade [condenação ao inferno], que assim será! Se você não for um cristão fundamentalista, um
muçulmano fundamentalista, um “espiritualista” fundamentalista (enfim, um fundamentalista de
qualquer tonalidade), certamente você vai “arder” por toda a eternidade. Mas o que será que
aconteceu com aqueles que nasceram [e morreram] antes que essas religiões tenham nascido?
Bem... Certamente eles já devem estar ardendo no inferno...

Muitos reagem a seus medos construindo paredes ainda mais fortes nos seus castelos; seguem
fielmente o que mandam os líderes de seus sistemas de crenças, e mergulham cada vez mais
profundamente nas filosofias do castelo que eventualmente ocupam. Mas o preço que pagam é
terrível, pois ao redor desses castelos, forçando cada vez mais suas paredes [que, um dia, cederão],
estão mares assustadores de mal e escuridão, caos e desespero.

Eu enfim percebi que minha visão era distorcida, pois a forma externa do caos era também
criação minha. Eu criei dor. Eu criei sofrimento. Eu criei guerra. Eu criei fome. Eu criei doença. Eu
25
Mesmo conceito de Um Curso em Milagres!
26
Boanerse é uma visão do Apóstolo João

Página
97
criei morte. No momento em que vi a perfeição do Ascendente escondida em todas essas coisas,
que eu julgara como o “mal”, todas as paredes dos castelos da Terra ruíram e se transformaram
em pó.

E, em vez de serem sugados para o Oceano Fervente de Caos, os Ensinamentos de dentro dos
Castelos se expandiram e englobaram todo o Universo.

Dito em outras palavras, lembrei que todo o Universo fora criação minha, lá atrás. E todos os
castelos da Terra eram como jóias na coroa do Amor Perfeito de Deus por mim, que é o mesmo
amor por você e por todo mundo!

As técnicas que produzem auto-realização não são a mesma coisa que a auto-realização. Nenhum
Castelo vale o preço, se significar que a vida é dividida entre o bem e o mal ou entre vida e morte.
Mesmo a perfeição magnificente da Ciência Ishaya de Ascensão (desprovida de erros!) nada
significa, dissociada da Verdade que lhe é subjacente. Reunir técnicas não é a resposta. Somente a
experiência da Realidade pode ser suficiente para libertar a vida da morte.

Somente a iluminação plena e completa satisfaz a busca da vida, pela alma.

MSI

“Nenhum homem é uma ilha, completa em si mesmo, todo


homem é um pedaço do Continente, uma parte do principal...
[...]
A morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do
Gênero Humano. Por isso, não me perguntes por quem os sinos
dobram. Eles dobram por ti.”

John Donne
Página
98
APÊNDICE
- AS SETE ESFERAS –

AS VINTE E SETE TÉCNICAS DA ASCENSÃO


____________________________________________________________________________

NOTA DA TRADUÇÃO:
Creio que são estas Técnicas constituem o objeto do
treinamento, em curso presencial, com Professores Ishayas
(conforme repetidamente sugerido em diferentes partes
do texto). Relativamente confusas à leitura, não me parece
que tenham sido aqui apresentadas para que o estudante
pudesse desenvolvê-las sozinho, sem assistência externa;
acho que, no contexto em que estamos trabalhando, elas
devam ser simplesmente listadas, para conhecimento. Pelo
que sei, há cursos periódicos disponíveis em Brasília.

A tradução destas Esferas e Técnicas mostrou-se algo difícil


- em razão do uso de variados termos técnicos e da
necessidade de conhecimento prévio de símbolos, figuras
etc. citados no texto, conhecimento que não tenho. Por
isso, em alguns lugares preferi não traduzir, utilizando os
termos originais, em inglês.

Assim, em primeiro lugar estão listadas adiante as Esferas


e as respectivas Técnicas, sem tradução dos textos
relevantes a cada uma. Em seguida, cada uma vem
acompanhada da respectiva “tradução-tentativa”.
____________________________________________________________________________

Página
99
LISTAGEM DAS ESFERAS & TÉCNICAS
1ª Esfera - ESTRESSE-RAIZ
Técnicas
1. LOUVOR
2. GRATIDÃO
3. AMOR
4. COMPAIXÃO

2ª Esfera – O UNIVERSO
Técnicas
1. SOLAR
2. LUNAR
3. TERRA
4. PAZ

3ª Esfera – O CORPO DO ASCENDENTE


Técnicas
1. BELEZA
2. LUZ
3. FORÇA
4. SILÊNCIO

4ª Esfera – O CORPO DE AMOR


Técnicas
1. DOMÍNIO (Governo, Controle)
2. PODER
3. CENTRO
4. INVENCIBILIDADE

5ª Esfera - GLÓRIA
Técnicas
1. GLÓRIA
2. BÊNÇÃO (Graça)
3. VIDA
4. SABEDORIA

6ª Esfera - REVELAÇÃO
Técnicas
1. CONEXÃO
2. DISTINÇÃO
3. CARACTERÍSTICAS
4. FÉ
5. ETERNIDADE
6. CONDUTO DE ALMAS

7ª Esfera - BRAHMAN
Técnicas
1. ESPLENDOR ONIPRESENTE

Página
100
A tradução adiante é meramente tentativa. As técnicas
de Ascensão devem ser adquiridas em curso presencial.
A leitura, portanto, é OPCIONAL.

ESFERAS e TÉCNICAS - TRADUÇÃO-TENTATIVA


A taxa de progresso na Ascensão é determinada individualmente. Para aqueles que seguem em
frente rápida e suavemente, é proveitoso aprender as dezesseis Técnicas das primeiras quatro
Esferas, em sequência: a cada duas semanas uma nova Técnica pode ser adquirida. E mesmo as
Técnicas avançadas e sutis das três Esferas finais podem ser rapidamente absorvidas por aqueles
que desejem crescer acima de todo o resto! Em análise final, a evolução depende inteiramente do
desejo individual, ou seja, o quão rapidamente alguém deseja elevar-se ao pleno desenvolvimento
da consciência.

1. ESTRESSES-RAIZ
1. LOUVOR. A Atitude-Louvor da Ascensão corrige o estresse fundamental do mundo
moderno – de que algo está errado com a vida individual. Ela mesma é suficiente para
produzir iluminação plena, mas, em razão de hábitos enraizados ao longo da vida, que
estressam e dividem a mente, mais técnicas podem ser requeridas para um crescimento
perfeito. Entretanto, a primeira Atitude é suficiente para transformar os mais grosseiros
julgamentos e crenças sobre a vida. Esta Atitude pode ser usada a qualquer hora do dia
ou da noite, quando parecer que a vida individual não esteja andando como devia.

2. GRATIDÃO. Análoga em poder à Atitude anterior, esta também é muito poderosa para
transformar [superar] os estresses da vida moderna. Aqui, o foco é no mundo objetivo; esta
técnica é projetada para curar todos os conceitos e crenças equivocadas acerca do corpo e
do Universo externo. É a chave-mestra para destravar a crença nas limitações do corpo,
nas doenças e na morte. É também o estágio inicial para controlar [governar] o mundo
exterior. Nessa condição, é insuperável para curar todo e qualquer tipo de doença.

3. AMOR. Para muitos, a Atitude de Amor é a mais doce entre as três primeiras; é projetada
para curar todos os conceitos equivocados sobre nosso relacionamento com o próprio
Ascendente. Juntas, as três primeiras técnicas são capazes de remover todas as crenças e
julgamentos acerca da natureza limitada dos três setores básicos da vida humana:
subjetivo, objetivo e espiritual. Juntas, as três atitudes são suficientes para qualquer um
alcançar a iluminação. As demais técnicas prestam-se apenas à aceleração.

4. COMPAIXÃO. A quarta técnica esclarece o relacionamento do indivíduo com seus


semelhantes e com os animais. Na vida, a invencibilidade resulta do domínio [controle] da
consciência; isso se baseia na impossibilidade de alguém vir a ser ferido *“invulnerabilidade”+.
Na antiga literatura, “invulnerabilidade” é chamada de “ahimsa”. O domínio [governo] da
“ahimsa” resulta em que ninguém jamais terá inimizade por você, e ninguém jamais vai

Página
101
feri-lo de propósito [conscientemente]. A “invulnerabilidade” se estabelece pelo pleno
desenvolvimento da compaixão, que é o resultado automático desta técnica. Do ponto de
vista do Ascendente, Compaixão Universal é indispensável à iluminação.

As quatro primeiras técnicas são suficientes para estabelecer a Consciência Perpétua, mas a taxa
de crescimento será mais lenta do que pode ser. À medida que o corpo declina em estresse e a
mente cresce em clareza, como resultado da Ascensão, crescerá o desejo de aprender técnicas
ainda mais poderosas e sutis. Cada nova Esfera de técnicas é maior que a precedente; cada Esfera
é mais sutil que aquela que a antecedeu. Elas formam uma espiral de experiência, percepção e
conhecimento crescentes.

Uma das funções das Esferas avançadas é desenvolver centros sutis de energia nos corpos –
conhecidos na literatura antiga com “chakras” (literalmente, “rodas de fogo”). Como jóias, os
chakras se espalham ao longo da espinha, começando na base e terminando na coroa da cabeça.
O desenvolvimento [progresso, evolução] desses sete centros de energia é necessário para causar a
iluminação; para tanto, a Ascensão fornece um método efetivo, sem exigir grande esforço.

As localizações dos chakras no corpo correspondem às localizações do mais importante nervo da


espinha, “ganglia”. Entre outras coisas, os chakras controlam a secreção hormonal, mudanças na
taxa de circulação, pressão sanguínea, respiração, nível de açúcar no sangue, excitação neuro-
muscular e glândulas endócrinas. No ocidente, a lembrança dos chakras está expressa na imagem
dos “caduceus”, o símbolo tradicional da arte de cura:

As asas abertas da águia representam a consciência plenamente desenvolvida, o mais alto grau
de iluminação no chakra da coroa. O “staff” (?) representa a “sushumna”, canal central na espinha,
através do qual a energia da vida ascende para levar iluminação. As duas serpentes representam
os dois canais sutis ao longo da “sushumna”, a “ida” e a “pingala”. Os chakras são localizados nas
interseções da “ida” e da “pingala”. A “ida” e a “pingala” se originam na base da espinha e
terminam no sexto chakra, no centro do crânio. A “pingala” é branca e carrega a energia solar e
a força do dia. Essa energia move nossa consciência para cima, em direção ao “racional”. A “ida”
é negra, e carrega a energia lunar e as forças da noite. Seu movimento para baixo nos leva à
inconsciência, onde experimentamos regeneração e intuição. Na pessoa média, a energia da vida
flui primariamente pela “ida” e pela “pingala”, suprindo energia para os órgãos dos sentidos e
para as faculdades da consciência [“awareness”], que mantêm a ilusão do mundo. É só com o
despertar da iluminação que a energia flui plena e completamente, para cima, através do canal
central, a “sushumna”. Quando tal acontece, os chakras revertem sua orientação, de “para baixo e
para fora” para “para cima e para dentro”.

Os chakras conectam nossa consciência com nossos corpos. No estado ainda não desperto da
mente, a mente experimenta o caos: pelo menos 50.000 pensamentos incoerentes cruzam nossa
mente, diariamente, muitos mutuamente contraditórios, outros querendo algo inútil ou
impossível.

O corpo físico tenta responder a esse padrão caótico de pensamentos; a impossibilidade de fazê-lo
resulta em doenças, problemas com diferentes órgãos, envelhecimento e, eventualmente, morte.
Diariamente, a maior parte de nossa energia é jogada fora, dessa maneira autodestrutiva! Uma
vez que a mente se livre da fonte desses 50.000 pensamentos – de defesa, das compulsões
viciantes e complexas do nosso julgar e pensar habituais -, a energia da consciência plena sobe
pela nossa espinha, vivificando cada um dos sete chakras, produzindo silêncio interno, consciência
perfeita do Ascendente e um estado de graça completo e permanente.

Página
102
2. O UNIVERSO
5. SOLAR. O resultado da Atitude Solar de Ascensão é um início do despertar da mais elevada
função da consciência humana: “sahasrara”, a lótus de luz de mil pétalas, no topo do
crânio – o sétimo chakra. Maharishi Patanjali, autor dos Yoga Sutras (aproximadamente no
ano 3.000 AC), descreveu o domínio [controle] da Atitude Solar como o “conhecimento das
Regiões Cósmicas”. As Regiões Cósmicas são sete planos de existência ou luz, que rodeiam
e permeiam nosso Universo de nomes e formas. O domínio [controle] da Técnica Solar
resulta no pleno conhecimento dessas regiões. É também uma ferramenta poderosa para
desenvolvimento do maior grau de iluminação humana, a Consciência da Unidade. O
domínio da conexão Solar nos abre para os Mundos Causais; na morte, é para lá que
vamos. Isso é chamado de o Caminho dos Sábios.

6. LUNAR. A Atitude Lunar desenvolve o poder intuitivo do sexto chakra, “Ajna”, o “Terceiro
Olho”. Patanjali descreve o domínio da Técnica Lunar como o conhecimento completo do
firmamento. Outro resultado dessa Atitude é o desenvolvimento de “Soma”, a “liga” [cola]
do Universo, responsável pela percepção celestial do segundo estágio de iluminação, a
Consciência Exaltada. Na literatura antiga, a Lua é chamada de “Vat Soma”, porque focar
na Lua naturalmente produz essa molécula no corpo. O domínio da Conexão Lunar abre o
aspirante para o mundo dos virtuosos, para o Céu dos Ancestrais, para o Caminho dos
Deuses; se abandonarmos o corpo nesse estágio, na hora da morte, iremos para as Regiões
Astrais. Esta é considerada uma saída mais baixa que a saída Solar (as diferenças
correspondendo aos diferentes estágios de iluminação). Aqueles que morrem em
Consciência Perpétua ou Exaltada seguem o caminho dos Deuses.

7. TERRA. A Sétima Técnica é projetada para facilitar a movimentação da Consciência


*“awareness”+, vital para o desenvolvimento da unidade. É também projetada para remover
os últimos traços de separação entre o indivíduo e o Universo; é similar e complementar à
Atitude Amor da Ascensão. É uma proteção contra todos os acidentes. A Atitude Terra cria
um nível refinado de testemunho, a marca da Consciência Perpétua, e auxilia no
desenvolvimento da percepção celestial da Consciência Exaltada, o segundo estágio da
iluminação.

8. PAZ. A Oitava Técnica estabelece a Paz com toda a criação, estabilizando ainda mais a
invulnerabilidade. Tem também o efeito de confirmar o relacionamento do indivíduo com
a Fonte de Tudo que É: a rendição do “eu” ao Infinito. Esta técnica tem o efeito de
estabilizar o único relacionamento correto com o Ascendente – e isso naturalmente resulta
numa taxa mais rápida de progresso. É também a chave para a habilidade de preencher
todos os desejos, e possibilita desenvolver dramaticamente a percepção celestial.

3. O CORPO DO ASCENDENTE
9. BELEZA. A Nona Técnica fornece a experiência de Realidade do aspecto mais importante
do Ascendente. Também desenvolve Soma e a percepção celestial. Dominando-a
completamente, o segundo estágio da iluminação torna-se permanente.

Página
103
10. LUZ. A Décima Técnica age na pétala mais interna do sexto chakra, a pétala que desenvolve
a intuição perfeita. O domínio desta Atitude promove completo conhecimento de tudo que
precisa ser conhecido, e assegura Consciência Perpétua.

11. FORÇA. A aplicação desta Atitude estrutura a habilidade para curar qualquer doença do
aspirante ou de qualquer outra pessoa. Também desenvolve percepção celestial e
Consciência Exaltada.

12. SILÊNCIO. Esta Técnica estabiliza uma condição inamovível para a Consciência Infinita e,
adicionalmente, estabiliza o relacionamento com a qualidade Suprema do Ascendente.
Tem também o efeito de abrir o primeiro chakra, ou chakra-raiz, “Muldhara”, localizado na
base da espinha.

4. O CORPO DE AMOR
13. DOMÍNIO. Esta Técnica desenvolve domínio perfeito do corpo e do mundo. Complementa
a décima primeira técnica, trazendo habilidade plena para curar o corpo. Patanjali disse
que o domínio desta Atitude traz um conhecimento completo dos sistemas corporais.
Também desenvolve o terceiro chakra, do abdômen, “Manipura”.

14. PODER. Esta técnica domina o desejo. No estágio final de desenvolvimento, libera a
habilidade de manifestar a forma de todas as palavras: tudo que é falado acaba
acontecendo [a palavra toma forma!]. Esta Atitude desenvolve o quinto chakra, “Visuddha”, na
base da garganta.

15. CENTRO. Esta Atitude desenvolve a percepção celestial, a Consciência Exaltada – segunda
pétala, externa, do sexto chakra, “Ajna” –, e a continuidade de consciência do aspecto mais
importante do Ascendente. Também desenvolve uma habilidade refinada para uso do
intelecto, e estabiliza o poder da intuição.

16. INVENCIBILIDADE. Esta Técnica desenvolve a imutabilidade do Amor perfeito. É a primeira


aplicação direta da Consciência *“awareness”+ para o importantíssimo quarto chakra,
“Anahata”, o chakra do coração. Desenvolve o relacionamento com o poder do
Ascendente e uma plena percepção de Suas qualidades mais refinadas. Assim, constitui-se
numa técnica poderosa para desenvolver o segundo estágio da iluminação, a Consciência
exaltada.

5. GLORIA
17. GLÓRIA. Esta Atitude refina ainda mais o sexto chakra, “Ajna”. Desenvolve a qualidade
“Sat” (absoluta) do Ascendente e conecta a individualidade com a essência perfeita da
Verdade. Também refina o desenvolvimento da Sexta Atitude, firmando o relacionamento
com o Caminho dos Deuses e com o Caminho Lunar.

18. BÊNÇÃO. Esta Atitude desenvolve o uso pleno de “sushumna” e refina o sétimo chakra,
“Sahasrara”. Desenvolve a qualidade “Ananda” (benção, graça) do Ascendente,
conectando o indivíduo com a alegria sem limites. Igualmente, refina o desenvolvimento
Página
104
da Quinta Atitude, firmando o relacionamento com o Caminho dos Sábios, o Caminho
Solar.

19. VIDA. Esta Atitude abre o portal para a vida física imperecível. Desenvolve ”Amrita”, a
molécula da imortalidade, e o segundo chakra, “Suadhisthana”, associado aos órgãos
sexuais. É a essência de dominar o próprio domínio, pois o desenvolvimento pleno desta
Atitude fornece a habilidade para transformar a consciência dos outros, pelo deslocamento
de sua Consciência Ilimitada para a deles.

20. SABEDORIA. O domínio desta Atitude estabiliza o refinamento da Consciência da Unidade


– conhecida como o “tudo-saber”.

6. REVELAÇÃO
{NOTA: Um nível de consciência altamente refinado tem que ser alcançado antes que estas técnicas finais sejam
aprendidas. As Técnicas de Revelação revelam diretamente a natureza subjacente do Ascendente.}

21. CONEXÃO. O domínio desta primeira Técnica da Revelação dá total conhecimento da


conexão da Alma com o Ascendente, as qualidades da Alma e as qualidades do
Ascendente.

22. DISTINÇÃO. A segunda Técnica da Revelação é projetada para incinerar tudo o que for
relativo às limitações da individualidade, por meio de um mergulho direto no coração do
Ascendente.

23. CARACTERÍSTICAS. A terceira Técnica da Revelação desenvolve a percepção da luz Infinita


do Ascendente, em todas as suas formas.

24. FÉ. O domínio da quarta Técnica da Revelação desenvolve o pleno conhecimento da fé e da


atenção perfeita, absolutamente focada.

25. ETERNIDADE. A quinta Técnica da Revelação estabiliza o maior grau de consciência do


valor “Chit” (?) do Ascendente.

26. CONDUTO DE ALMAS. A Técnica final da Revelação desenvolve a plena consciência do


“Sutra Atman”: a ligação que conecta todas as almas!

7. BRAMHAN
27. ESPLENDOR ONIPRESENTE. Esta Técnica amarra todas as porções separadas da
personalidade, trazendo-as ao Ascendente, para estabelecer a Unidade permanente.

A Sétima Esfera também contém as Técnicas Avançadas para as Atitudes dezoito e dezenove,
supra mencionadas; coletivamente, são chamadas de Técnicas da Imortalidade.

MSI
Página
105

Você também pode gostar