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RODOVIÁRIAS EM EXPLORAÇÃO
MANAGEMENT CRITERIA IN THE REHABILITATION OF SLOPES IN ROAD
ROUTES IN EXPLORATION
RESUMO
A exploração de uma rede rodoviária extensa, como a que se encontra sob jurisdição da IP-Infraestruturas
de Portugal, depara-se frequentemente com situações de instabilidade em taludes com consequências ao
nível da operacionalidade e segurança das estradas envolvidas. A dificuldade de previsão destas
instabilizações levou a que a IP estabelecesse procedimentos regulares que permitissem detetar situações
de alerta e alarme suscetíveis de desencadear avaliações especializadas e/ou intervenções de urgência ou
de curto prazo. Neste contexto têm vindo a ser discutidas e desenvolvidas um conjunto de linhas
orientadoras e procedimentos específicos que permitem, por um lado, uniformizar a inspeção e/ou a
caracterização de ativos rodoviários com incidência geotécnica, designadamente taludes de escavação e
aterros. Por outro lado, criar ferramentas que permitam uma eficiente gestão de recursos especializados,
sem prejuízo para a resolução de situações de risco em tempo útil.
ABSTRACT
The exploration of an extensive road network, as the one under the jurisdiction of IP-Infrastructure
Portugal, often faces up to situations of instability on slopes, with consequences in terms of operation and
safety of roads. The difficulty of prediction of these instabilities led IP to establish regular procedures, that
allow detecting alert situations susceptible to trigger specialized assessments and/or urgent or short-term
interventions. In this context, a set of guidelines and specific procedures have been discussed and
developed, which allowed, on the one hand, standardizing the inspection and / or characterization of
geotechnical incidence in road assets, namely excavation and embankments slopes. On the other hand,
tools were created that enable efficient management of specialized resources, capable of coping with risk
situations in a timely manner.
1- ENQUADRAMENTO
No paradigma da exploração das vias sob sua jurisdição, a Infraestruturas de Portugal confronta-se com
uma rede rodoviária extensa e heterogénea, parcialmente constituída por estradas antigas, sujeita a
situações de instabilizações de natureza geotécnica caracterizando, do ponto de vista macro as diferentes
zonas morfoestruturais existentes no país e conferindo panoramas regionais com problemas geotécnicos
similares.
O levantamento das situações existentes, através de inspeções visuais de caracter técnico, permite realizar
uma triagem das mais importantes, de forma a priorizar as intervenções e gerir de forma sustentada os
recursos disponíveis.
Neste contexto, foram definidas linhas orientadoras e desenvolvidos procedimentos específicos que
permitem levar a cabo esta tarefa, tendo como orientação a uniformização das inspeções e a caracterização
dos acidentes geotécnicos ocorridos em taludes de escavação e aterro.
Para a uniformização das inspeções foi desenvolvida uma ficha tipo, objetiva, de preenchimento fácil e
expedito, agregadora da informação levantada (Error! Reference source not found.).
Figura 1 – Ficha de Inspeção
A metodologia seguida tem dotado os órgãos decisores de ferramentas que permitem fundamentar as suas
decisões, consolidadas em princípios técnicos, possibilitando uma gestão integrada da infraestrutura
rodoviária, com maximização dos recursos técnicos e humanos disponíveis e melhoria na capacidade de
resposta em tempo útil.
2- PROCESSO DE GESTÃO
Este sistema obriga a que sejam realizadas inspeções periódicas (de rotina), que pretendem aferir o estado
de conservação dos elementos que constituem as estradas, nos quais se incluem aqueles cuja estabilidade
possa ser comprometida pelas condições geológico e geotécnicas vigentes, como o caso dos taludes de
escavação, aterro, estruturas de contenção.
Com base na informação reportada nestas inspeções, os centros operacionais procedem à sua avaliação e
categorização, priorizando as situações que necessitam de intervenção, despoletando uma Inspeção
Principal.
Quadro 1 – Distribuição das extensões das estradas atualmente sob gestão direta da IP
Centros Operacionais Distritos Rede Inspeção (km) Extensão da Rede (km)
Braga 784,150
Bragança 972,648
CO Norte 3012,214
Viana do Castelo 608,248
Vila Real 647,168
Porto 887,562
CO Grande Porto 1596,888
Aveiro 709,326
Castelo Branco 740,082
Coimbra 769,442
CO Centro Norte 3126,574
Guarda 796,804
Viseu 820,246
Leiria 702,350
CO Centro Sul Portalegre 736,491 2429,097
Santarém 990,256
Lisboa 1000,743
CO Grande Lisboa 1873,1
Setúbal 872,357
Beja 1331,572
CO Sul Évora 983,675 2761,408
Faro 446,161
Total 14 799,317
A Inspeção de Rotina, com uma periodicidade bianual, é a atividade base do sistema de gestão, que é
realizada por pessoal técnico das Unidades Operacionais que se encontram alocadas aos Centros
Operacionais, e permite identificar anomalias e as necessidades de intervenção não programadas,
contribuindo desta forma para a manutenção da operacionalidade da rede sob jurisdição da IP.
A Inspeção de Rotina caracteriza-se por uma inspeção de carácter visual, detalhada, que visa identificar os
trabalhos de manutenção corrente a empreender, bem como deteta situações anómalas e/ou que podem
originar situações instabilidade de caracter geotécnico nas diversas componentes da estrada.
A Inspeção Principal decorre da solicitação por parte dos serviços competentes (CO’s), de forma a promover
uma avaliação técnica especializada, tendo como intuito a emissão de um parecer técnico sobre a situação
em apreço.
As Inspeções Principais têm assim a finalidade de registar as ocorrências, numa fase incipiente,
possibilitando a sua categorização de forma a permitir a resolução mais célere possível das situações mais
prementes, para a manutenção dos níveis de serviço e de segurança rodoviária das vias em questão.
Acresce ainda a estes dados, a compilação das informações disponíveis relativas ao histórico existente do
local e aos parâmetros não só de âmbito geológico/geotécnico, que podem condicionar as intervenções e
motivem a necessidade de adequar o tipo de solução a empreender, nomeadamente:
Consentaneamente e após a análise dos dados recolhidos, são avaliadas as instabilizações, quer do ponto
de vista dos mecanismos desencadeadores, bem como das condições observadas in situ, e são propostas
medidas de atuação, que visam garantir a segurança rodoviária e o nível de serviço da estrada, no imediato
e a curto prazo.
A análise da informação decorrente da inspeção principal determina a prioridade de atuação, bem como
possibilita a definição do tipo de intervenção a adotar.
3- PROCEDIMENTOS DE INTERVENÇÃO
- Monitorização da situação - No caso de situações consideradas com menor nível de risco associado ou
menos prioritárias, opta-se pela implementação de um sistema de monitorização que permita acompanhar
a situação, de forma a permitir dar reposta atempada a uma eventual evolução.
- Resolução através da elaboração de Projeto Específico- Algumas das soluções, pela sua tipologia,
aparentemente parecem ser enquadráveis para tratamento nos CCC, no entanto após análise verifica-se a
necessidade de desenvolver projeto para lançamento de empreitada autónoma. Neste âmbito enquadram-
se, o caso de situações complexas que motivam a necessidade de estudos complementares de diagnóstico,
que auxiliem na definição e pormenorização dos trabalhos a preconizar.
Tendo por base a metodologia descrita refere-se que, no período de 2014/2015, e no conjunto das
solicitações que desencadearam a realização de inspeções principais, constatou-se que cerca de metade
das situações foram resolvidas e integradas no CCC, refletindo uma preponderância de situações de menor
complexidade.
Quadro 2 - Distribuição dos pedidos de Inspeções Principais por CO e das metodologias de intervenção
Vistoria e solução a
MANUTENÇÃO /REABILITAÇÃO Projeto autónomo
% PEDIDOS integrar no CCC /
DE TALUDES para empreitada
2014/2015 manter em
2014/2015 (%)
observação (%)
CO NORTE 11 46 54
CO GRANDE PORTO 7 53 47
CO CENTRO NORTE 19 35 65
CO CENTRO SUL 12 29 71
CO SUL 8 19 81
CO GRANDE LISBOA 43 76 24
Importa referir que, existem ainda outras situações, que pelo seu carácter de urgência, imprevisibilidade
e/ou afetação da rodovia são alvo de análise específica, não enquadráveis na presente metodologia.
4- EXEMPLOS DE INTERVENÇÃO
Apresentam-se seguidamente alguns exemplos do enquadramento das instabilizações nas rodovias sob
jurisdição da IP, de acordo com a metodologia anteriormente referida.
4.1 - Monitorização
EN116 km 18+760 – Queda localizada de rochas. Dadas as dimensões da berma contígua à via, que permite
a retenção do material instabilizado sem prejuízo para a segurança rodoviária, estabeleceu-se uma
periodicidade de monitorização e medidas de reforço/proteção com recurso a sinalização rodoviária (Figura
3).
EN250 ao Km4+500 - Derrocada de muro de contenção de aterro, com infraescavação do muro contíguo
no extradorso da ribeira. Não foram identificados indícios de instabilização global da plataforma rodoviária.
Preconizou-se a reposição e reforço do muro com betão (Figura 6 e Figura 7).
ER 374 ao Km 8+500 – Instabilização da plataforma rodoviária motivada pela ocorrência de uma rotura
circular nos terrenos envolventes que mobilizou a plataforma rodoviária existente e os taludes adjacentes
de aterro e escavação nesse troço. A solução de estabilização contemplou a execução de uma cortina de
estacas ancorada no lado de escavação, mais a montante, reposição de parte do talude de escavação com
recurso a material pétreo, execução de uma malha de inclusões rígidas (estacas não armadas) em toda a
extensão da plataforma rodoviária, reposição do aterro rodoviário e talude de aterro, associadas a
elementos de drenagem superficial e profunda (Figuras 8 a 10).
Figura 8 – Vistas da instabilização ao nível da plataforma rodoviária
ER 374 ao Km 13+200 – Instabilização da plataforma rodoviária motivada pela ocorrência de uma rotura
circular nos terrenos envolventes que mobilizou a plataforma rodoviária existente e o talude de aterro. A
solução implementada consistiu numa cortina de estacas com 2 níveis de ancoragens, reposição do aterro
da plataforma e correção dos órgãos de drenagem (Figuras 11 a 13).
Figura 11 – Vista da instabilização da plataforma rodoviária e do talude de aterro
Figura 12 – Vista da plataforma reposta e do muro que encabeça a cortina de estacas ancorada que sustenta a
plataforma
Ao nível do IP3 foi executado um muro em betão armado com função de revestimento, cuja inclinação do
paramento é de 5V/1H.
a) b)
Figura 14 – a) Vista da instabilização do talude e muro de gabiões; b) solução de estabilização preconizada
Figura 16 - Vista da instabilização do talude e muro de gabiões bem como da solução de estabilização (CENOR, 2010b)
5- CONSIDERAÇÕES FINAIS
O procedimento de gestão permite uma uniformização de critérios de atuação, com ganhos de eficiência
na operação na rede sob jurisdição da IP.
REFERÊNCIAS
CENOR (2010a). ER 374 - Estabilização da plataforma rodoviária e do talude de aterro ao km 13+200. Projeto de
Execução
Fundasol (2010). ER 374 – Estabilização de Talude de Escavação e de Plataforma Rodoviária entre o km 8+400 e km
8+500. Projeto de Execução