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Ainda que morra

Disse-lhe Marta: Sei que ele há de ressurgir na ressurreição, no último dia. Declarou-lhe Jesus: Eu sou a
ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo aquele que vive, e crê em mim,
jamais morrerá. Crês isto? (Jo 11.24-26).

Marta é um exemplo bastante preciso de crente ansioso. Ele crê, mas não confia
o suficiente a ponto de abrir mão de todos os seus cuidados, entregando-os ao
Senhor. Não descrê do Senhor, tampouco questiona a verdade do que ele diz.

Veja bem, quando o Senhor Jesus Cristo disse a Marta que seu irmão tomaria a viver,
ela retrucou: “Sei que ele há de ressurgir na ressurreição, no último dia”. Marta
exemplifica um tipo particular de crente ansioso, por estabelecer um limite prático
para as palavras do Salvador.
Marta comete ainda outro engano que a torna muito semelhante a nós: guarda as
palavras de Jesus em uma gaveta como se fossem algo trivial, na suposição de sua
pouca importância. “Teu irmão há de ressurgir.” Ora, se ela tivesse fé suficiente, daria
uma resposta condizente: “Senhor, como eu te agradeço.
Mais ainda: Marta cometeu outro erro ao prever o cumprimento da promessa para
ocasião muito remota. Cometendo um absurdo muito comum, distanciou para longe
as promessas do Altíssimo: “na ressurreição, no último dia”
Marta também me parece ter feito da promessa para ela algo irreal, impessoal “Teu
irmão há de ressurgir”: compreender isso como algo estritamente pessoal teria lhe
trazido um grande conforto;
Veja agora como o Senhor Jesus Cristo lida com Marta, com grande sabedoria.
Ele não ficou bravo com ela.
Agora falarei conforme me ajudar o Espírito, e, em sequência, direi o seguinte:
primeiro, que vocês revejam o texto como sendo um verdadeiro rio de consolação
para Marta e as demais pessoas ali de luto. Segundo, que o revejam como sendo
imensamente profundo em consolação para todos os crentes.

I. Então, para começar, peço que vejam o texto como um verdadeiro rio de
consolação para Marta e as demais pessoas ali de luto.

A. Observemos, logo, que a presença de Jesus Cristo significa vida e


ressurreição. Eis o que significa para Lázaro. Se Jesus veio até Lázaro,
Lázaro irá viver.

B. Eis outro consolo que cada um de nós pode tomar para si em segurança,
de que, quando Jesus vier, os mortos ressuscitarão. Quem crê em mim,
ainda que morra, viverá,, diz ele. Não sabemos quando nosso Senhor
descerá, mas conhecemos a mensagem do anjo: Esse Jesus, que dentre
vós foi elevado para o céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir (At
1.11). O Senhor virá;

C. Também nos é dito que, quando Jesus vier, os crentes vivos não
morrerão. Depois da vinda de Cristo não mais haverá morte para seu
povo. O que Paulo diz? “Eis aqui vos digo um mistério: Nem todos
morreremos mas todos seremos transformados”.

D. Todavia, eu ainda não fiz vocês beberem o suficiente das águas


profundas desse rio — creio que nosso Salvador quis dizer que, neste
exato momento, os que nele morreram vivem. Quem crê em mim,
ainda que morra, viverá. Aqueles que acreditam em Jesus Cristo
parecem morrer, mas, na verdade, vivem.

E. Assim também, portanto, já neste momento quem nele vive não


morrerá. Existe uma diferença fundamental entre a morte do justo e a
do ímpio. A morte chega para o ímpio como a imputação de uma pena,
mas, para o justo, como um chamado ao palácio do Pai.

II. Ofereço o texto bíblico, agora, como um rio de consolação para os


enlutados. Quero que você o veja como imensamente profundo em
consolação para todos os crentes.

A. Quer me parecer, antes de mais nada, que o texto ensina com clareza
que o Senhor Jesus Cristo é a vida do seu povo. Por natureza, estamos
mortos, e é impossível produzir vida a partir da morte: faltam os
elementos essenciais.

B. Mais ainda, na grande profundidade a que gostaríamos de continuar


conduzindo-os: a fé é o único canal pelo qual podemos extrair de Jesus
a nossa vida. Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim: aqui
está. Ele não diz “quem me ama”, embora o amor seja uma graça
esplêndida e bastante doce para Deus.

C. Agora, observe bem, para receber Cristo pela fé, não há limite. Quem
crê em mim, ainda que morra, viverá', e todo aquele... Sou
profundamente apaixonado por esta expressão todo aquele.
D. Quero que você perceba também que não há limite para o poder de
Jesus. Antes que eu adoecesse, recentemente, e até depois, me vi
obrigado a lidar com um enxame de pecadores desesperados, tantos
que, se não os afastasse, eles me sufocariam.

E. Para concluir, se você um dia crer em Cristo e receber a vida, eis uma
doce reflexão que lhe ofereço: Todo aquele que vive, e crê em mim,
jamais morrerá”.

O crente pode passar pela mudança natural chamada morte no que diz
respeito a seu corpo; quanto à sua alma, não poderá morrer, pois está
escrito: Eu lhes dou [às minhas ovelhas] a vida eterna, e jamais
perecerão; e ninguém as arrebatará da minha mão (Jo 10.28). Como
também: Quem crê no Filho tem a vida eterna (Jo 3.36); A água que eu
lhe der se fará nele uma fonte de água que jorre para a vida eterna (Jo
4.14); Quem crer e for batizado será salvo (Mc 16.16). Aqui não existe
“se”, nem “mas”, tampouco esperanças pífias; pelo contrário, são
certezas absolutas, proferidas pela boca do Senhor vivo. Amém

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