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Os dois lados

Paulo-Edgar Almeida Resende

do muro
(um pouco
de geografia,
de história e
conjuntura
atual)
muro de Berlim teve signi-

ficado amplo, designou dois

mundos, dois lados. A grande

questão é interpretar sua que-

da, há vinte anos. Há muitas in-

terrogações. Foram retirados todos os escombros?

O que se construiu no lugar : um só mundo, em

que antigos rivais se engajariam em parceria, em

grande negociação? Ou dois outros mundos, nós


PAULO-EDGAR e eles, o Ocidente e o não Ocidente; norte e sul,
ALMEIDA RESENDE
é professor de desenvolvidos e subdesenvolvidos?
Pós-graduação em
No caso específico da Europa centro-
Ciências Sociais e
coordenador do oriental, foco principal do presente texto, o que
Núcleo de Análise
de Conjuntura resultou do reatamento da ligação com a Europa
Internacional e do
Comitê de Ética em ocidental? No atual processo de alargamento, para
Pesquisa da PUC-SP.
onde estão indo os países da Europa central e
oriental (Peco: Polônia, República Tcheca, Eslová-
quia, Lituânia, Letônia, Estônia, Hungria, Bulgária,
Romênia)? São simples coadjuvantes ou cartas
fundamentais da geopolítica europeia, segundo
a tese “bélica” do geógrafo e adido britânico na
Ucrânia, em 1919, Harold Mackinder (1919)? Sua
geopolítica, ramo da geografia que dominou o
pensamento estratégico na primeira metade do
século XX, incitou reivindicações territoriais sobre
a região: quem dominar a Europa oriental governa
o heartland (território russo); quem dominar o
heartland governa a ilha do mundo (Europa, Ásia
e África); quem dominar a ilha do mundo governa
o mundo. Ao se deslizar a geografia política do
conhecimento de territórios para a geopolítica,
dá-se vezo à máquina de guerra de impérios se
sobrepondo no mesmo espaço, transcontinen-
talizando-o e, ao mesmo tempo, murando-o em
determinada zona. Na exuberância da elucubração
geopolítica, o autor não encontrou lugar para os
Estados Unidos na ilha do mundo, exatamente a
grande potência que dividiria, na segunda metade
do século XX, sua esfera de influência em con-

traposição à da União Soviética.


Nos tempos da Guerra Fria, Milan Kun- Penetrando nas espessuras dos debates
dera (s.d.) fez menção à região, geografica- sobre quem é quem, esses países, ciosos
mente no centro, culturalmente no Ocidente de seus mitos identitários, incorporam o
e politicamente a leste, na expectativa de que fenômeno da alteridade no retorno à Europa.
viesse a conciliação da geografia, da cultura De modo ímpar, abrem-se a movimentos de
e da política. Há um imbróglio cartográfico atração/assimilação/repulsão. A percepção
no rastreamento do que vem a ser o Leste da população, em manifestações várias, é
Europeu. A multiplicidade de traços de polí- que sucessivas experiências de presença
ticas territoriais no mesmo espaço configura imposta do estrangeiro, autênticos torpedos
denominações flutuantes. A Europa do leste nas linhas de flutuação da história, sejam
foi definida no século XIX como sinônimo página virada na trágica história da região.
de Europa eslava, em oposição a Europa Emblematicamente, bastaria citar a Polônia,
ocidental. Nas entrelinhas de nacionalistas marcada pela Machtpolitik, de combustões
germânicos, a cultura eslava foi colocada reiteradas, e de heroica resistência. Seu
em patamar de inferioridade no âmbito velho centro foi artesanalmente recupe-
de um certo despotismo oriental. Ao ser rado, artificializou-se, como se seu tempo
incorporado pelo bloco soviético, o Leste fosse reversível, a contradizer a fatalidade
Europeu se antepôs ao bloco ocidental, e histórica. Para reverter a maldição, lado a
tornou a cartografia europeia um emaranha- lado à crença católica, adotou, em alguns
do de fluxos. Haja vista a dupla identidade de seus ambientes, a presença da famosa
nacional da Alemanha do leste e do oeste, bruxa de Varsóvia, exorcizando a desventura
da Berlim oriental e ocidental. Quebrando com sua vassoura e oferecendo ao turista
tal bipolaridade, a Albânia adotou a linha certidão de autenticidade.
chinesa, e a Iugoslávia de Tito, a Índia de
Nehru e o Egito de Nasser lideraram o grupo
de países não alinhados
ENCRUZILHADA DE ORIENTE-
OCIDENTE
PECO-UE: MOVIMENTOS DE
Na encruzilhada de Oriente-Ocidente,
ATRAÇÃO/ASSIMILAÇÃO/ no multifacetado espelho de interpretações
da tumultuada história de vizinhança com
REPULSÃO germânicos e eslavos, à sombra de Habs-
burgos, de czares russos, do Império Oto-
Com a dissolução da União Soviética, mano, e agora do novo reino da republicana
com a queda do muro de Berlim, com as União Europeia, é obrigatória a referência
revoluções de veludo, negociação complexa a vários mundos, dos mais próximos aos
trouxe países do antigo Leste Europeu à mais distantes: o católico e o ortodoxo; o
União Europeia. Bulgária, Chipre, Eslová- cristão e o islâmico; o europeu e o asiático;
quia, Eslovênia, Estônia, Hungria, Letônia, o latino e o bizantino; o sedentário e o
Lituânia, Malta, Polônia, República Tcheca nômade; o agrícola e o pastoril; o feudal
e Romênia configuram importante vetor e o tribal.
de integração. Outros permanecem na fila. É bem complexo delinear o que é des-
A rebalcanização dos Bálcãs decompôs truído e a nova construção no exercício
a Federação Iugoslava. À Eslovênia, já de interpretações. Caído o muro, aberta a
abrigada pela União Europeia, restam Cortina de Ferro, desencadeadas as revolu-
Croácia, Bósnia, Sérvia, Montenegro e ções de veludo, no descampado mundo de
Macedônia. Problemático o compromisso idiossincrasias. O econômico é chamado a
tácito da União Europeia com Kosovo, de europeizar-se, imbricado com o corte nacio-
maioria albanesa, a desgosto da Sérvia. nal do político, do social e do cultural.

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Com o fim da União Soviética, Francis tese em Václav Havel (1999, p. A27 apud
Fukuyama (1992) falou do fim da histó- Huntington, s.d., p. 21), que assinalou que
ria. Detectou uma forte lógica, por trás os conflitos culturais estão aumentando e
da evolução de instituições políticas, na são mais perigosos hoje em dia do que em
direção da moderna democracia liberal, qualquer momento da história. Huntington
baseada na correlação entre desenvolvi- (s.d., p. 410) conclui seu texto de maneira
mento econômico e democracia estável. peremptória: na era que está emergindo, os
Na esfera política e econômica, a história choques das civilizações são a maior ameaça
parece ser progressiva e direcional e, no à paz mundial, e uma ordem internacional
final do século XX, culminou na demo- baseada nas civilizações é a melhor salva-
cracia liberal, como alternativa viável para guarda contra a guerra mundial.
sociedades tecnologicamente avançadas.
Para os países mais adiantados do mundo,
houve, ao longo do tempo, a convergência
de instituições políticas e econômicas e não REPROBLEMATIZANDO OS
há alternativas óbvias para as instituições
políticas e econômicas que vemos diante DOIS LADOS
de nós (Fukuyama, 1992, p. 22).
Samuel P. Huntington deslocou o foco
de sua análise da rivalidade das superpo- O mundo capitalista-liberal
tências para o choque de civilizações, na
recomposição da ordem mundial. A polí- O capitalismo, em sua gestação, já ra-
tica mundial estaria sendo reconfigurada, chara muralhas feudais. É da natureza da
seguindo linhas culturais e civilizacionais. mercadoria se mostrar sedenta de espaço
“No mundo pós-Guerra Fria, as distinções para realizar seu valor. Mal constituídas
mais importantes entre os povos não são as fronteiras nacionais, elas se tornaram
ideológicas, políticas, ou econômicas. Elas porosas, transpostas pela grande empresa
são culturais… Nesse mundo novo, a polí- colonial mundo afora. O mundo se tornara
tica local é a política da etnia, e a política pequeno para o capital. Ásia, América,
mundial é a política das civilizações. A Oceania, África foram alvos de império de
rivalidade das superpotências é substituída origem europeia, onde o sol não se punha. É a
pelo choque das civilizações” (Huntington, alvorada da mundialização, em pleno século
s.d., pp.20-1). No período pós-Guerra Fria, XVI. No final do século XX, a imponente
para o autor, caberia aos Estados Unidos a soleira do portal de entrada do Kremlin foi
iniciativa de preservar a civilização ociden- igualmente transposta pelo capital.
tal ante um poderio ocidental em declínio; Entrados no século XXI, é o império
incorporar à União Europeia e à Otan os sem Roma, dirão Michael Hardt e Antonio
países ocidentais da Europa central, ou Negri (2001), em que pesem pretensões de
seja, os países de Visegrad, as repúblicas Londres, no século XIX, de Washington e
bálticas, a Eslovênia e a Croácia; estimu- Moscou, no século XX, de se colocarem
lar a ocidentalização da América Latina; estavelmente no centro da cartografia
retardar o deslocamento do Japão para mundial.
longe do Ocidente; aceitar a Rússia como O capitalismo se mostrou, desde a pri-
Estado-núcleo da ortodoxia e uma grande meira infância mercantilista, não apenas
potência regional; manter a superioridade dominante, mas tendencialmente exclusivo.
tecnológica e militar ocidental; evitar a O empreendimento, de modo tentacular,
intervenção ocidental nos assuntos de ou- para o bem ou para o mal, ostenta maior
tras civilizações, a mais perigosa fonte de grandiosidade do que as pirâmides do
instabilidade de um possível conflito global Egito, concluíra Karl Marx no Manifesto
no mundo multicivilizacional (Huntington, do Partido Comunista. Sua reprodução,
s.d., p. 397). O autor busca reforço para sua crescentemente ampliada, embaralha centro

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e periferia, de modo assimétrico, é certo.
Todavia, o capital tentacular não convive
tendencialmente com o atraso estabilizado,
com a suposta rígida divisão internacional
do trabalho, à medida que nichos desen-
volvidos se encontram distribuídos ao
norte e ao sul, claro está, em proporções
ainda desvantajosas para ex-colônias. Com
efeito, as revoluções inglesa, americana e
francesa buscaram civilizar as sociedades
capitalistas em seus endereços iniciais, com
discursos de direitos civis e políticos, for-
malmente inscritos em suas constituições,
embora ostensivamente invalidados pela
barbárie nas colônias ou áreas de influência,
ou até mesmo nas favelas de sua própria
periferia.

O mundo “socialista-estatal”
No século XIX, ecoaram críticas de
socialistas e anarquistas à sociedade ca-
pitalista, flanco aberto para a Revolução
Russa, no século XX, buscar se legitimar,
com o discurso da igualdade.
Para Marx (1973, pp. 28-9), em certo
estágio de desenvolvimento, as forças pro-
dutivas materiais da sociedade entram em
contradição com as relações de produção.
Vladimir Lenin reformulou a tese de Marx.
Ao invés de a insurgência contra a ordem
capitalista ocorrer onde as posições estrutu-
rais de classe estivessem dadas claramente,
em polos industrializados, ocorreria no elo
mais frágil, que era a Rússia. O custo de
tal deslocamento, no seio do marxismo,
foi cobrado por Rosa Luxemburgo, com
a percepção de que, na Rússia, a ditadura
do partido substituíra a ditadura do pro-
letariado. A resposta a ela foi dada com
antecedência. Lenin (1978, p. 23), em O
que Fazer, escrito em 1904, convenceu-
se da impossibilidade de as iniciativas
revolucionárias se compatibilizarem com
espontaneísmo e economicismo. Teriam
de se concentrar no pequeno número de
intelectualizados revolucionários profis-
sionais, com a ressalva de que a multidão
não tomaria parte ativa no movimento, mas

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faria surgir revolucionários em número co, a tarefa (de) introduzir no proletariado
crescente de situações anteriores, os tumul- (literalmente: preencher o proletariado
tos – forma de revolta dos oprimidos –, e com – sic!) a consciência de sua situação
as greves – embrião da luta de classe. Vale e a consciência de sua Missão” (Kautsky
dizer, a consciência revolucionária nasceria apud Lenin, 1978, p. 31). Não obstante,
no partido, não na rua ou na fábrica. O o debate intelectual sobre a acumulação
operariado, deixado à própria sorte, não primitiva socialista longe esteve de ser
seria capaz senão de reivindicacionismo: valorizado. Em 1937, a ala de esquerda do
a história de todos os países atesta que, partido bolchevique foi fuzilada, na qual se
pelas próprias forças, a classe operária não destacava o grande economista da transição,
pode chegar senão à consciência sindical Eugen Preobrazhenski (1970).
(Lenin, 1978, p. 214). Marx ficou um pouco
aquém, ao nada esperar dos sans-culottes,
comprometidos na luta pela sobrevivência
biológica, mas apostou na vocação universal A EMERGÊNCIA DO MUNDO
do proletariado.
Com os desdobramentos da Revolução BIPOLAR
Russa, confirmaram-se temores de Pierre
Joseph Proudhon e Michael Bakunin, para os A história evita linearidades. Joseph
quais não se poderia conceber o estado como Stalin e Franklin D. Roosevelt, ladeados
mediador da liberdade. Em carta enviada a por Charles de Gaulle e Winston Churchill,
Proudhon, Marx lhe propusera discutir o tornar-se-ão aliados contra o Eixo, forma-
direcionamento do movimento popular na do por Alemanha, Itália e Japão. A vitória
Europa. Proudhon foi peremptório: ou o pro- final fez com que Rússia e Estados Unidos
letariado se liberta com suas próprias pernas, revivessem uma espécie de novo Tratado
ou estará sujeito a novo tipo de dominação de Tordesilhas, com o Tratado de Yalta. O
(Resende & Passetti, 1986, pp. 19-20). Marx mundo bipolar terá o vezo de constituir
escreverá em tempo recorde o livro Miséria duas áreas de influências, comandadas
da Filosofia, no qual o autor de Filosofia da pelo soft power, em seus raros momentos,
Miséria passa da condição de mestre à condi- ou pelo rotineiro hard power, no caso de
ção de panfletário. Bakunin contribuirá para indefinição de consenso sui generis, sem
o fracasso da I Internacional ao acusar Marx opção ou insurgência.
e Engels de socialistas autoritários. Na II In- A Europa, em descida da rampa de
ternacional, a questão fora reposta em outros seu fulgurante passado metropolitano,
termos pelos “revisionistas” Karl Kautsky, será recuperada economicamente pelo
Eduard Bernstein, Giorghi Plekhanov. A Plano Marshall dos Estados Unidos. Sob a
revolução por meios pacíficos, dispensando proteção da Otan, os EUA lhe garantiram
armas, ocorreria pelas urnas. A discordância a guarda, que persiste até os dias atuais.
suscitou a alternativa da III Internacional, que Na América Latina, contabilizam-se em
se encarregou de liderar a Revolução Russa. números elevados os sucessivos interven-
O socialismo em um só país nascerá prenhe cionismos estadunidenses e o apoio a regi-
de contradições. Contabilizou-se dentre elas mes autoritários, sem nenhuma exigência
o internacionalismo de Trotsky, que o levará da cláusula democrática, exceto no caso
à morte, em defesa da IV Internacional. Sua de Cuba. A África se esgrimiu em lutas
crítica à degenerescência burocrática da internas, sob a dupla orientação das duas
Revolução Russa foi no entanto precavida, grandes potências.
circunscreveu-a à solução em nível supraes- A Rússia tornou-se União Soviética.
trutural, com mudança da equipe dirigente Sob seu abrangente plano estratégico, a
do partido. economia da Europa centro-oriental foi
“Aos profissionais do partido, com direcionada pelo Comecon, e sua segurança
base em profundo conhecimento científi- foi definida pelo Tratado de Varsóvia.

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Todos os países incorporados na área de própria. Têm ainda significado a adoção de
influência do Kremlin apresentaram simi- idiomas eslavos, o predomínio da religião
laridades: economia de Estado; regime de cristã em suas versões ortodoxa, católica
partido único, alinhamento forçado à União e da reforma.
Soviética. A ex-Iugoslávia e a Albânia eram A aposta regional era a de que a remoção
as exceções do joio autoritário daria vez à construção
de sociedade democrática, com padrão de
desenvolvimento semelhante ao da Europa
ocidental. O que não parece ter ficado claro
A COMPLEXA TRANSIÇÃO DO às novas lideranças é que o novo regime,
ao abrir-se para o mercado, com reconheci-
PLANO AO MERCADO mento de direitos civis e políticos, atenuava
compromissos estatais com habitação,
A Europa centro-oriental, indo da educação, saúde e transporte. Observada a
fronteira germano-polonesa até os Montes conjuntura atual, em perspectiva histórica,
Urais, é caso emblemático de transição. Os encontramos aí pistas para explicar o mal-
fatos que ocasionaram a mudança radical estar atual que se registra na região.
do plano ao mercado, em cada país da Eu-
ropa centro-oriental, apontam sucessivas
quedas, sem privilegiar autorias heroicas
de determinado líder, grupo ou institui- ATLANTISMO + EUROPEÍSMO
ção. Nas devidas proporções, destacamos
protagonismos, rapidamente desaparecidos COM EUROCETICISMOS
ou reformulados na cena posterior, caso de
Lech Walesa, na Polônia, Václav Havel, Ganho material com segurança se coloca
na ex-Tchecoslováquia, e Jozsef Antall, na para a população como prioridade. Menos
Hungria. Em Visegrad, assumiram o com- enfatizada, a relação com o modelo oci-
promisso triangular de integrar plenamente dental de democracia, de desenho liberal.
Polônia, Hungria e ex-Tchecoslováquia à Caberia então o destaque para a equação
ordem europeia. São indeléveis as imagens primo atlantismo, deinde europeísmo: Otan,
de operários poloneses em greve nos esta- como guarda-chuva da segurança; União
leiros de Gdansk; do arame farpado, cortado Europeia, como atrativo econômico, mais
na fronteira húngara; e das manifestações na do que político.
praça Wenceslas, de Praga. Não em último Com efeito, a agenda internacional da
lugar, é recorrentemente mencionado o região é sinuosa, indo pendularmente ao
protagonismo da Igreja Católica na Polônia. encontro dos EUA, com maior frequência,
Os cardeais Wichinski e Wojtyla – papa num extremo, e da Rússia, em alguns casos.
João Paulo II – contribuíram, em momentos À União Europeia seria atribuído o prag-
diferentes, para que o domínio de Moscou mático entusiasmo inicial, punto di mezzo,
fosse subvertido por lideranças operárias em vias de comprometimento com a atual
pró-EUA. Atribui-se a Gorbachev o re- crise econômica mundial. Nessa complexa
conhecimento de que a transformação, da cartografia regional, há predominâncias,
forma como ocorreu, não teria sido possível jamais exclusões; tendências majoritárias
sem a presença do papa polonês. e minoritárias, uma colcha de retalhos,
Hoje, é recorrente a demanda de presen- geopoliticamente costurados.
ça do Estado na área de educação, saúde, A União Europeia, ao ampliar seu
transporte, habitação como antes no antigo processo de integração, alterou a vida eco-
regime, e não menos recorrente o repúdio nômica da região, investindo, financiando,
à matriz autoritária anterior. Vale dizer: o alterando positivamente salários e abrindo
capitalismo e a consolidação democrática fronteiras para a migração intracomunitária,
nesses países se expressam em dicção o que tem atenuado problemas de desem-

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prego interno, em que pese o aumento de Ucrânia, Hungria e Estados Bálticos, levam
tensões nas relações no atual cenário de a Europa do Leste a uma crise de grandes
contração econômica e de redução do nível proporções, e com a sensação de que seus
de emprego, dificultando o livre trânsito. Os governos pouco podem esperar da velha
cerca de 50 bilhões de euros, até o momento União Europeia, e a percepção de que o
investidos, longe estão de perfilar a região FMI não demonstra ter recursos à altura
em nível de igualdade com os demais países para resgate dessas dimensões.
da Europa ocidental. O Leste Europeu não Não obstante, passo à frente para re-
vê reproduzido o que ocorreu com Espanha, vigorar o compromisso regional com o
Portugal, Grécia, nos anos 80, após aderi- europeísmo foi a aprovação pelo Senado
rem à União (Chade, 2009). Só a Espanha da República Tcheca em maio de 2009
recebeu, em vinte anos, 93 bilhões de euros. do Tratado de Lisboa, em que pese o fato
No pragmático comprometimento com a de o presidente do país, Vaclav Klaus,
União Europeia, há brechas entre a velha ser crítico das reformas propostas pelo
União Europeia e a nova, acrescidas diante tratado. Seu temor, expresso antes de
de medidas protecionistas dos países mais sancionar a decisão do Senado, é o de que
desenvolvidos. A França, com empréstimos o Tratado de Lisboa dê maior agilidade e
de 6 bilhões de euros aos fabricantes de poder executivo ao processo decisório da
automóveis, impõe a condição de as em- União Europeia, concentrando poderes na
presas francesas manterem o emprego no burocracia de Bruxelas. O premiê tcheco
país. A advertência de Sarkozy é a de que Mirek Topolanek, oportunamente, visando
a medida não visa a beneficiar a produção à sanção presidencial, reforçou a decisão
de filiais na República Tcheca, Eslováquia do Parlamento.
e Romênia, onde a Peugeot-Citroën e a
Renault têm plantas de montagem. Suécia
toma medidas similares. O premiê britânico
Gordon Brown fez apelo aos trabalhadores PREDOMINÂNCIA DO
britânicos para ficarem com os trabalhos
britânicos, paralelamente à recente greve ATLANTISMO
contra trabalhadores estrangeiros. A Es-
panha lançou mão do lema “compre espa- O alinhamento automático com os EUA
nhol”, emitido pelo ministro da indústria. vem junto com o euroceticismo. A política
Ao contrário, a Itália, com a Fiat operando estadunidense no Iraque encontrou apoio
na Polônia, e a Alemanha, com produção em governos do Leste Europeu, em con-
na Eslováquia, República Tcheca, Hungria traste com governos da Europa ocidental,
e Polônia, não condicionaram seus incen- majoritariamente reticentes ou contrários
tivos. Em tal contexto, os governos do à política do governo Bush. Em torno da
leste não economizaram protestos, tendo à guerra do Iraque, Jacques Chirac, presidente
frente o premiê Mirek Topolanek, que fez da França, teve o ímpeto de mandar calar os
menção à xenofobia. O primeiro-ministro novos sócios da Europa centro-oriental. O
húngaro, Ferenc Gyurcsány, divisa a amea­ polêmico projeto de escudos antimísseis e
ça de instalação de nova Cortina de Ferro radares em território polonês e tcheco não
entre leste e oeste (O Estado de S. Paulo, suscitou avaliação positiva de países da
2/3/09, p. B3). velha União Europeia, temerosos do aban-
Com a fuga do capital externo, a começar dono, pelo governo Bush, do tratado que
pelas grandes economias da região, como impedia uso de sistemas antimísseis balísti-
Polônia e República Tcheca, que ainda não cos. Abrir-se-ia caminho para não desejado
adotaram a moeda única, sérios problemas confronto com a Rússia, fonte importante
de câmbio desnorteiam os planejadores de do consumo de gás no continente.
suas economias. Os países com maior ne- Os EUA querem chegar até onde a Rús-
cessidade de financiamento externo, como sia não admite. Em maio do presente ano,

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a Otan programou exercícios na Geórgia, nista. A Romênia, país da União Europeia,
apesar das advertências de Moscou. O pre- oferece nesse ano via rápida de cidadania
sidente georgiano Mikhail Saakashvili e o a um milhão de moldávios. O presidente
premiê russo Vladimir Putin têm ampliado romeno Traian Basescu alega que seu país
divergências que culminaram na guerra de não pode permanecer indiferente com a
agosto de 2008, vencida pela Rússia. As Cortina de Ferro em sua fronteira leste.
tensões entre Washington e Moscou, na Parte do território do que hoje é a Moldá-
ocasião, foram as mais agudas desde o fim da via era território da Romênia, de 1918 a
Guerra Fria. A intervenção russa, em apoio 1940, anexado à URSS por Josef Stalin em
ao território separatista da Ossétia do Sul, 1940. A reeleição pelo partido comunista
foi tida pelos EUA como desproporcional, do presidente moldávio Vladimir Voronin
tornando o Cáucaso fonte de atenção para tende a exacerbar o conflito, tendo levado à
a diplomacia estadunidense. Do lado rus- expulsão do embaixador romeno, enquanto
so, a percepção da Geórgia é de província oposicionistas pedem o estreitamento de
desgarrada. A Geórgia, ao lado da Ucrânia relações ou até união com a Romênia, o que
e do Uzbequistão, na lógica dos acordos conta com não velada simpatia da União
que dissolveram a URSS em 1991, leva o Europeia e dos Estados Unidos. Voronin
presidente Dimitri Medvedev (Financial tenta estabilizar-se no poder com postura
Times apud Folha de S. Paulo, 12/4/09, p. ambígua pró-Europa, no que não conta
A19) a afirmar que a Rússia tem interesses com o apoio do autoproclamado presidente,
privilegiados em certas regiões, incluindo Igor Smirnov, da Transdniester, província
o rígido controle sobre acordos militares rebelde, de fala russa.
com potências externas. O chanceler Croácia e Albânia tornaram-se oficial-
Serguei Lavrov esclareceu que tal esfera mente os mais novos membros da Otan
de influência não foi afirmada à moda do neste ano. As adesões encerram processo
século XIX, ou como megaestado, como no de expansão que não tem previsão de con-
século XX. Essa parceria privilegiada, para tinuidade com Ucrânia e Geórgia, o que
além da Ásia central, serve de advertência bateria de frente com Moscou.
diante da suspeita de que os Estados Unidos Há indefinição de bases de apoio en-
da América patrocinaram revoluções na tre países da União Europeia e Estados
Ucrânia e na Geórgia. Unidos da América e Rússia nos casos de
Ucrânia e Kosovo. Na Ucrânia, persistem
embates de lideranças pró-Ocidente, de
Viktor Yushchenko, e Viktor Yanujkovich,
NACIONALISMOS, pró-Rússia. Na causa de independência
de Kosovo, misturam-se cartas de apoio,
SEPARATISMOS, INDEFINIÇÕES de omissão ou de oposição, estas, a partir
da eventual repercussão nos reclamos, de
Desconstrução do federalismo forçado menor intensidade, de bascos e catalães na
em determinada conjuntura de guerra, caso Espanha; flamengos e valões na Bélgica;
da Iugoslávia de Tito; dupla inclinação chechenos na Rússia.
pró-Rússia e EUA de países politicamente Há encruzilhadas no reencontro em
divididos, caso da Geórgia e da Ucrânia; curso da região com a Europa Ocidental. A
saudosismo da velha guarda stalinista, União Europeia incorporou países da região
espalhada por uma minoria sem fronteira. com a exigência do trilema democracia
São rápidas referências, por revelar tra- pluralista, estabilidade política e econo-
ços marcantes da crise atual, que tornam mia de mercado. Mas, se há convergência
problemática a construção de cenários econômica, com parâmetros fixados pela
futuros plausíveis. Na Hungria, Viktor União Europeia, na lógica geoestratégica,
Orbán, ativista húngaro, em 1989 abriga o atlantismo ocupa lugar de destaque na
a ideia obsessiva de um Estado anticomu- agenda sub-regional. O comprometimento

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com a política estadunidense na invasão logia coletiva fosse aventada, poder-se-ia
do Iraque dá veracidade à suspeita de in- dizer que o adesismo ao atlantismo vem
fringir o direito internacional, com cessão do medo de ancestrais sujeições, ao mes-
de território para operações secretas de mo tempo em que se calcula a margem de
aprisionamento de agentes tidos como risco de se tornar alvo do desagrado russo.
terroristas. A projetada instalação pelo go- Sujeito a reavaliação no governo Obama,
verno de George W. Bush de interceptores o cenário é de supremacia estadunidense
de mísseis em território polonês e radar na versus sensibilidade do Kremlin diante
República Tcheca desestabilizou as relações da crescente presença do rival em região
EUA-Rússia no governo Bush, interpretada anteriormente sob seu controle. A Ucrânia,
do lado russo como denúncia de acordos de situada entre a Rússia e o bloco europeu,
desarmamento da década de 1990, quando a no mapa e na política, é a principal aliada
Rússia retirou armas a leste dos Urais, fora estadunidense no Cáucaso, com tropas no
da Rússia europeia. Pouco importa que 95% Iraque e oleoduto em construção para levar
da população de três vilarejos da República petróleo da Bacia do Cáspio aos mercados
Tcheca, próximos de onde os EUA planejam ocidentais. Mas longe de ser farol da de-
instalar parte de seu sistema de antimísseis, mocracia, reitera a corrupção na região. O
tenha rejeitado em referendos a proposta governo do presidente Mikkhail Saakashvili
(Folha de S. Paulo, 4/6/2007). Se a psico- é acusado de autoritarismo e centralismo,
na busca de controle de Abkhazia e Ossétia
Mônica Leite, 1996 do Sul, cujos movimentos separatistas, na
versão governamental, seriam estimulados
pela Rússia. Atrás dos bastidores, a União
Europeia, em duplo jogo, não prescinde da
Otan, tampouco prescinde do petróleo e do
gás da estatal russa Gasprom, presente em
16 dos 27 países da União Europeia para
venda de energia diretamente a consumi-
dores de países como Alemanha, França,
e Itália. No rescaldo, a Rússia costura
acordos bilaterais, como se fora a Otan da
energia, caso do acordo com a Alemanha
sobre oleoduto báltico, sem cruzar a Polô-
nia, e eventuais acordos com a Eslováquia,
Hungria e Bulgária, conotando ameaça de
retaliação contra a República Tcheca. A
Polônia, por seu turno, lidera esforços para
construir laços com produtores de energia
da Bacia do Cáspio.

INTEGRAÇÃO OU
INCORPORAÇÃO
Diante da sobreposição contrastante de
dois modelos de sociedade, o atual processo
de integração tem as seguintes alternativas:
a) mão única dos tentáculos do mercado,
em contexto de relativa euforia consumista,

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com a ocidentalização hierarquizada do de 1950, no atual momento, não parecem
leste, em troca de maior faixa de confor- nortear as relações no continente europeu.
to; b) ponte de mão dupla, em cenário de Portugal, Itália, Grécia e Espanha, países
institucionalidade federativa ou pelo menos do sul da Europa, sujeitaram-se, nos anos
confederativa. Nesse caso, a nova cartogra- 90, ao acróstico Pigs, de ressonância nega-
fia geopolítica poderá então registrar fluxos tiva. Com a crise, os países do Leste (Peco)
de integração criativa, em benefício não parecem enfrentar igual avaliação em meio
apenas de direitos civis e políticos, mas de a mobilizações que somam grave crise
efetivação de direitos socioeconômicos, que política à crise econômica. Mas a Europa
têm estado desacoplados nestes primeiros centro-oriental é quinhão da Europa, sempre
anos de retorno à Europa. foi, e continua (in)tensamente sendo, mesmo
Cabe vislumbrar a integração com fluxos com a persistente veneração de seus heróis
de múltiplas nascentes, e de arraigadas tra- nacionais. É mais do que uma opção, quase
dições, na complexa trama de europeísmo, um destino.
regionalismo, atlantismo e de não desprezí- Diante de entulhos da queda do muro
veis traumas de antigas sujeições. e do fim da Guerra Fria, duas conclusões
O projeto de adensar a dimensão oriental parecem ir além das premissas.
da União Europeia, apresentado em maio Contrariando a tese do choque de
de 2008 ao Conselho da UE por Radoslaw civilizações de Huntington, o leque das
Sikorski e Carld Bidt, ministros de Relações diferenças culturais está à disposição do
Exteriores da Polônia e da Suécia, buscou consumidor mundial. A mundialização
se colocar ao lado do Processo de Barce- coloca the Rest in the West e o West in the
lona – a União pelo Mediterrâneo – como Rest. O Ocidente se defronta com seu outro
contrapartida para fortificar o Leste Europeu cultural em seu próprio território (Pierucci,
no âmbito da política de vizinhança da 1999, p. 170)..
UE. Em maio de 2009, a União Europeia Problemática também a tese de Fukuya-
lançou em Praga a parceria oriental para ma, formulada logo após a diluição da União
se aproximar das seis antigas repúblicas Soviética e abrandada em textos posteriores.
soviéticas – Ucrânia, Moldávia, Azerbai- Os entulhos estão em ambos os lados do
jão, Armênia, Bielorrússia e Geórgia –, “muro”. O planeta Terra é um só, eppur si
completando o arco de incorporações e muove. Afirmamos que o capitalismo tem
que tanta divergência suscita de parte do história, como a fracassada experiência
governo de Moscou. socialista russa teve a sua. Na construção
de cenários futuros, sempre falta material
para a conclusão, sujeita a múltiplas deter-
minações, a maioria das quais ainda não
SOLIDARIEDADE POSTERGADA dadas. Os construtores de cenários de futuro
têm o hábito de devanear ideologicamente,
Passados vinte anos da queda do muro mesmo quando munidos de sofisticadas
de Berlim, em sentido geopolítico mais estatísticas de projeção.
amplo, para além da Alemanha de Otto Portanto, não poderá o capitalismo ser
Bismarck, restam escombros não removi- afirmado como imune a desgastes de crises
dos na divisória do que eram dois mundos conjunturais e estruturais. A atual crise
e que se avolumam na atual conjuntura. A coloca novas questões, novos desafios à
Europa assimétrica desde muito, agora em assimétrica economia capitalista do planeta,
crise, reservou o andar de baixo da União após tê-la incorporado dinamicamente em
Europeia para a Europa centro-oriental, seus rincões mais distantes. As sociedades
como nos anos 90 assim procedera com os capitalistas se redefinem aqui e acolá até
Pigs (Portugal, Itália, Grécia e Espanha). nos postulados de propriedade privada, com
As solidariedades proclamadas pelos ou sem compromisso social. A dinâmica do
pais fundadores da União em 9 de março livre mercado convive com ou sem prote-

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cionismos. O Estado representativo tem a foi definida como comunidade de destino,
configuração de Estado mínimo, guarda- comunidade de valores, de humanitaris-
noturno, ou se mostra dinâmico gestor mo, de fraternidade, de responsabilidade.
diurno da vida econômica, social e cultural. Transgrediu-os, seguidamente, sob o
Na transição do plano ao mercado na região, manto de nacionalismo, imperialismo e
a experiência anterior está longe de poder totalitarismo. Com menos retórica, cabe-
ser ignorada. A dispensa de iniciativas es- ria falar, como outro grande intelectual
tatais na área da educação, do transporte, da Europa central, o sociólogo polonês
da saúde, da habitação não se legitima Zigmunt Bauman (s.d., p. 10), “da Europa
automaticamente. O ganho de liberdades como lugar de aventura, que deixou denso
civis e políticas não desonera governos e pesado depósito de orgulho e vergonha,
de respeito aos direitos socioeconômicos realização e culpa […] sonhos e ambições,
conquistados no regime anterior. A instabi- coagulando em estereótipos, para que estes
lidade política e o euroceticismo na região se congelassem em essências, e para que
têm aí sua mais convincente explicação. estas se ossificassem em verdades tão
Num cenário efervescente e competitivo, duras quanto se presume que sejam todas
a sensação é de que, à experiência anterior as verdades”.
de despotismo do Estado, advém a ameaça Questão em aberto, a durabilidade da
atual de tirania do mercado. sociedade capitalista no tempo. Pierre Re-
Em discurso dirigido ao Parlamento nouvin (1965) nos convida a nos defrontar
europeu em 8/3/1994, Václav Havel, então com as forças profundas que movem a his-
presidente da República Tcheca, almejou tória mundial, o que conduzirá seu discípulo
carta de identidade europeia, aprovada em Jean-Baptiste Duroselle (1981) à conclusão
28 de outubro de 1995 em Congresso da de que todo império perecerá, com Roma
União, realizado em Luebeck. A Europa ou sem Roma.

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