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DECANTAÇÃO

(Decantadores Convencionais
e de Alta Taxa)
DECANTAÇÃO / SEDIMENTAÇÃO

DECANTAR significa: separar, por gravidade,


impurezas sólidas que se contenham em um líquido.

Portanto, água decantada é aquela que se purificou


através de separação, por gravidade, das partículas
sólidas trazidas consigo.

SEDIMENTO significa: substância depositada, pela


ação da gravidade, na água ou ar.
DECANTAÇÃO / SEDIMENTAÇÃO

Assim sendo:

- Os flocos separam-se da água porque sedimentam-


se;

- A água, isenta destes flocos, é chamada de água


decantada.

PORTANTO, O FLOCO NÃO DECANTA, MAS


SEDIMENTA-SE. QUEM DECANTA É A ÁGUA.
DECANTAÇÃO / SEDIMENTAÇÃO

Após sair do floculador, espera-se que praticamente


toda a matéria em suspensão esteja aglutinada entre
si e com o hidróxido de alumínio (flocos).

Da mesma forma, espera-se que esses flocos tenham


adquirido tamanho e peso suficientes para que
possam ser separados da água por meio da
Decantação.
SEDIMENTAÇÃO DE PARTÍCULAS DISCRETAS
Forças atuantes em uma partícula submersa em repouso :
• Fe – força de empuxo (diferença de densidade)
• Fg – força da gravidade (peso)
Se Fe > Fg
Se Fe = Fg Se Fe < Fg

FE FE
FE
a

FG a
FG
FG

Sedimentação da Flotação da
partícula partícula
Na Figura abaixo têm-se as trajetórias de partículas discretas que
entram na zona de sedimentação em diferentes alturas.

Trajetórias de Partículas Discretas na Zona de Sedimentação


Q
Vso =
Ap

A velocidade Vso, igual a (Q/Ap), é conhecida como taxa de


escoamento superficial, e significa, teoricamente, que a água
decanta com a mesma velocidade com que a partícula crítica
sedimenta.
NA

h1

h2

h3

h4

TOMADAS DE
COLUNA AMOSTRAS
TIPOS DE DECANTADORES

• convencional
• manto de lodos
• em unidades de escoamento
vertical ascendente
• alta taxa (em unidades providas
de placas ou de módulos
tubulares).
PROJETO DE DECANTADORES CONVENCIONAIS COM
ESCOAMENTO HORIZONTAL
Decantador Convencional
em construção
Decantador Convencional
em funcionamento
Decantador Convencional
Qtotal =1,35 m3/s

Arraste de Flocos
a) PLANTA INFERIOR
CANAL DE DISTRIBUIÇÃO

COMPORTAS

CORTINA DE
DE ÁGUA FLOCULADA

DISTRIBUIÇÃO
DE ÁGUA
CALHAS DE COLETA

DE ÁGUA DECANTADA
DE ÁGUA
DECANTADA

CANALDE ÁGUA
b) PLANTA SUPERIOR
CANAL DE DISTRIBUIÇÃO
DE ÁGUA FLOCULADA
CANAL DE ÁGUA
DE ÁGUA DECANTADA

EIXO CALHAS DE COLETA


DE ÁGUA DECANTADA
DESCARGA
DE LODO ADUFA OU COMPORTA

CANALETA CENTRAL

a) PLANTA INFERIOR
DISTRIBUIÇÃO

COMPORTAS

CORTINA DE
LOCULADA

DISTRIBUIÇÃO
DE ÁGUA
CALHAS DE COLETA

ADA
DE ÁGUA
b) PLANTA SUPERIOR
CANAL DE DISTRIBUIÇÃO
DE ÁGUA FLOCULADA
CANAL DE ÁGUA
DE ÁGUA DECANTADA

EIXO CALHAS DE COLETA


DE ÁGUA DECANTADA

CORTINA DE DISTRIBUIÇÃO
DE ÁGUA

PILAR

CANALETA CENTRAL

DESCARGA

c) CORTE LONGITUDINAL
Tabela 2 – Período de Detenção e Taxa de Escoamento Superficial
Taxa de Escoamento Superficial (m3/m2d) Período de Detenção (h)
15 a 20 3,5 a 4,5
20 a 30 3,0 a 4,0
30 a 40 2,5 a 3,5
40 a 50 2,0 a 3,0
50 a 60 1,5 a 2,5

Com relação ao exemplo 2, o período de detenção poderia estar


compreendido entre 3 e 4 horas.
DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA AOS DECANTADORES
Arranjos comumente adotados com relação à decantação e
floculação:
1) a vazão total de água coagulada é dividida igualmente para as
diferentes unidades de floculação, e cada uma delas alimenta seu
respectivo decantador;
2) a vazão total de água coagulada é floculada em uma ou mais
unidades de floculação, sendo a água floculada reunida e dividida
aos diferentes decantadores.

No primeiro caso, a unidade de floculação será desativada sempre


que a limpeza ou manutenção do decantador tiver de ser
realizada, de forma que a vazão desse conjunto de floculação-
decantação, será distribuída entre os conjuntos remanescentes
em operação.
A vazão total de água coagulada pode ser dividida igualmente
entre os conjuntos de floculação-decantação por meio de
vertedores retangulares ou triangulares, com descarga livre.
No segundo caso, uma unidade de floculação ou uma de decantação
poderá ser retirada de operação independentemente, ocorrendo
aumento de vazão nas unidades de floculação ou de decantação
remanescentes em funcionamento.

No entanto, após a reunião da água floculada proveniente das


diferentes unidades de floculação, em paralelo, será necessária sua
distribuição igualmente aos decantadores, situação mais difícil que
no primeiro caso, pois trata-se de água floculada cujos flocos não
deverão ser rompidos e tampouco sedimentar no canal geral de
distribuição.

Um dos maiores problemas observados em estações que possuem


um canal comum para alimentar vários decantadores é a
distribuição desigual, resultando em diferenças significativas entre
as vazões afluentes aos mesmos e, conseqüentemente, diminuindo
a eficiência daqueles que recebem as vazões maiores.
Geralmente, a veiculação da água floculada é feita por meio de
canal provido de comportas que alimentam os decantadores, sendo
que o escoamento é perpendicular em relação às entradas.

Para evitar ruptura dos flocos nas comportas ou deposição


excessiva de flocos no canal de distribuição, a velocidade de
escoamento deve estar compreendida entre cerca de 0,1 e 0,4 m/s
e, o gradiente de velocidade nesses dispositivos, ser inferior ao da
última câmara ou trecho das unidades de floculação.

O canal de distribuição tem sido comumente denominado de


principal e, as comportas ou aberturas, de laterais.
A distribuição de vazão ao longo de um duto principal com diâmetro
constante, provido de orifícios, apresenta uma configuração
distinta em função de seu comprimento, a qual pode ser observada
na Figura 16.

Dp

Lp
a) CANAL CURTO L p < 3 Dp

Dp

Lp/3
Lp
a) CANAL LONGO Lp > 3 Dp

Variação Típica de Vazão em Sistemas de Distribuição


Quando o duto principal é curto, a vazão nos orifícios aumenta do
início para o seu final, pois, geralmente, a perda de carga por atrito
neste duto principal é muito pequena, ocorrendo, assim, uma
recuperação de carga hidráulica no mesmo.

No caso de duto principal longo, tem-se um aumento de vazão


distribuída na primeira terça parte do comprimento, seguido de um
decréscimo até uma certa distância, terminando-se com um novo
aumento de vazão, decorrente da influência exercida pela perda de
carga por atrito ao longo do duto principal.

Embora o canal de distribuição de água floculada aos decantadores


de uma estação não seja curto, a velocidade de escoamento no
mesmo é relativamente baixa e, portanto, a perda de carga por
atrito resulta, geralmente, desprezível quando comparada à perda
nas entradas.

Em razão da perda de carga por atrito ser desprezível, a


distribuição de vazão é influenciada, principalmente, pela mudança
de direção do escoamento e pela perda de carga nas comportas.
Em decantadores convencionais, a distribuição por meio de comportas
está relacionada, principalmente, ao gradiente de velocidade (G) nas
mesmas, o qual em algumas situações, deverá ser inferior a 20 s-1, caso
não tenham sido efetuados estudos de tratabilidade.

A vazão total de água coagulada era dividida, por meio de vertedores


retangulares com descarga livre, aos três conjuntos independentes de
floculação-decantação, tendo sido necessária a distribuição da água
floculada ao longo da largura do decantador.

Nas fotos a seguir é apresentada uma ETA com cinco decantadores, cujo
canal de distribuição de água floculada tinha seção transversal constante
(a, c) e, como conseqüência, resultavam vazões elevadas nas últimas
unidades. Na foto (b) é mostrado o canal que foi posteriormente alterado,
contendo divisões de modo que a água floculada proveniente de cada
conjunto de floculação passasse a ser conduzida a um único decantador.
Na foto (d) tem-se um canal de seção variável com distribuição
satisfatória de vazão a dois decantadores.
a) Antes da Reforma
b) Depois da Reforma
c) Canal de Seção Constante
d) Canal de Seção Variável
CORTINA DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA

A distribuição de água floculada na seção transversal do decantador é


feita por meio de tábuas de madeira superpostas (fixadas em pilares
com ranhuras), paredes de alvenaria ou de concreto, providas de
orifícios.
< 0,70m
CORTINA
COMPORTA DE
ENTRADA

PILAR COM
ORIFÍCIO
RANHURAS

Hu
<
6

So

do
CANAL DE DISTRIBUIÇÃO
DE ÁGUA FLOCULADA Hu

Xo

Hu
<
6

ZONA DE LODO

ADUFA

DESCARGA DE LODO

Esquema da Cortina
1.0
0.9
0.8
0.7

0.6

0.5

0.4
V em = 1 cm / s

0.3

= 0.2 cm / s

Coleta de Água Decantada Através de Calhas Transversais


(a)
(b)
(c)
(d)
bc

hom

hom (a)

(c)

CANAL GERAL
DE ÁGUA
DECANTADA

hom
hem

(d)
(b)

Calha de coleta de Água Decantada com e sem Descarga Livre


REMOÇÃO DE LODO
A remoção de lodo pode ser realizada de forma:
• contínua;
• semi-contínua;
• periódica.

Com a necessidade de se efetuar o tratamento dos resíduos gerados nas


estações e, considerando que os volumes das descargas periódicas são
extremamente elevados, tem-se preferido o uso de dispositivos extratores
de lodo e execução de descargas diárias (ou diversas descargas por dia
dependendo da quantidade de lodo depositado).
Limpeza Manual
Limpeza Manual
Raspador Tipo Ponte
Poço de Lodo do Raspador Tipo Ponte
Raspador Tipo Ponte – Em Construção
Raspador Tipo Ponte – Em Funcionamento
Raspador Tipo Circular em Decantador Convencional
Pilar de Apoio de Raspador Tipo Circular
em Decantador Convencional
Sifão Flutuante
Sifão Fixo

Sifão Flutuante
Decantadores de ALTA TAXA
Com as formulações generalizadas dos princípios postulados no início
do século XX por Hazen (1904) e, com as contribuições de Camp (1946,
1953) nas décadas de 40 e 50, foram realizadas algumas tentativas
visando o aumento da taxa de escoamento superficial, como a
introdução de lajes intermediárias nos decantadores convencionais,
paralelas ao escoamento e ao fundo, constituindo os decantadores de
fundos múltiplos.
Se uma laje intermediária fosse introduzida a uma altura h, a partir do
nível de água, as partículas com velocidade de sedimentação Vs  Vsb,
seriam removidas como se vê na Figura abaixo, o que antes não
ocorria.

Introdução de Laje Intermediária


em Decantador Convencional
Camp (1953) propôs um esquema preliminar de um decantador de
escoamento horizontal com várias lajes intermediárias e provido de
um dispositivo mecanizado para extração de lodo, sem contudo,
haver notícias da implantação de instalação semelhante. Algumas
estações de tratamento de água no Brasil chegaram a ser
ampliadas com base nesse princípio, como se pode ver nos
esquemas e fotos da Figura abaixo, cuja reforma ocorreu no início
da década de setenta.

a) Corte Longitudinal
b) Corte Transversal
No final da década de oitenta, Richter e Schuchardt (1989)
apresentaram os dados de decantadores convencionais de uma
estação que haviam sido reformados segundo uma nova
concepção (ver Figura na seqüência), com aumento de
capacidade de 60 para 130 L/s.

A colocação de lâminas de plástico ou de lona, no sentido


longitudinal das unidades, propicia o aumento da área e redução
da altura destinada à sedimentação, além de facilitar o
deslizamento do material depositado para o fundo do
decantador.

Na Figura a seguir são mostrados os dados de turbidez da água


decantada em função da turbidez da água bruta antes e depois
da reforma, observando-se que mesmo com vazão maior, ocorreu
melhora da qualidade da água decantada. O principal problema a
respeito desse tipo de concepção relaciona-se ao armazenamento
temporário e à extração de lodo.
Decantador de Alta Taxa com Lâminas Resultados de Operação de Decantador
ou Lonas Plásticas Dispostas ao Longo de Alta Taxa com Lonas Plásticas
de Decantadores Convencionais Longitudinais Utilizadas em
Existentes Decantadores Convencionais
Fotos Ilustrando Decantadores de Alta Taxa Contendo Dutos
Praticamente Horizontais
Início do Decantador de Alta Taxa Final do Decantador de Alta Taxa

Figura xx - Influência da Distribuição Inadequada de Água Floculada


Sob os Módulos na Qualidade da Água Decantada
PLACAS
DUTOS HEXAGONAIS
DESCARGA DE LODO
ALTURAS PARCIAIS DE UM DECANTADOR
DE ALTA TAXA

Esquema do
Decantador de
Alta Taxa com
Descarga
Hidráulica de Lodo
Decantador de Placas em
funcionamento
Decantador de Placas em
construção
Decantador de Módulos
Tubulares com distribuição da
água floculada sob os módulos
Decantadores de ALTA TAXA
595.100
594.880 CALHAS DE COLETA DE ÁGUA DECANTADA
594.660

MÓDULOS TUBULARES
1.185 1.185 1.185 1.185 1.185 1.185 1.185 1.185
0.87
5.15

EXTRATOR EXTRATOR 589.950 EXTRATOR EXTRATOR


DE LODO DE LODO DE LODO DE LODO

12.60
Decantadores de ALTA TAXA

CANAL COMUM
595.100 DE ALIMENTAÇÃO
594.880 594.660 DOS FILTROS

0.75 1.50 1.50 1.50 1.50 1.50 1.50 1.50 1.50 0.75

CALHAS DE COLETA DE ÁGUA DECANTADA

MÓDULOS TUBULARES

592.750

EXTRAÇÃO
DO LODO

DRENO

EXTRATOR DE LODO

14.40

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