Você está na página 1de 16

17/11/2023

FEQ 1003
TRANSFERENCIA DE QUANTIDADE
DE MOVIMENTO

ESCOAMENTO EM
TUBOS
(Parte 2)

Prof. Guilherme Castilho


DEPro – Departamento de Engenharia de
Processos
FEQ/Unicamp
Fotografia: Royalty Free/CORBIS
1
(Fonte: Çengel, 2015).

PERDAS DE C ARGA DISTRIBUÍDA VS. LOC ALIZADA

Perda de carga distribuída: ocorre de forma gradual ao longo do comprimento de


um sistema. Ela é causada pelo atrito do fluido com as paredes do sistema, e depende
de fatores como o diâmetro da tubulação, a rugosidade interna das paredes, a
velocidade do fluido e a viscosidade do fluido (pode ser calculada pela equação de
Darcy-Weisbach ou de Hazen-Williams); (também conhecida como perda tipo Moody).

Perdas extras (localizadas) aparecem sempre que componentes adicionais, tais como
válvulas, cotovelos e conexões, estão presentes na tubulação.

• Entrada e saída dos tubos;


• Expansões ou contrações bruscas;
• Curvas, cotovelos, tês e outros acessórios;
• Válvulas, abertas ou parcialmente fechadas;
• Expansões e contrações graduais.

2
17/11/2023

PERDA DE C ARGA LOC ALIZADA

Estas perdas são causadas principalmente pela separação do escoamento


que ocorre nestes acessórios.
Podem ser significativas:
Ex.: Uma válvula parcialmente fechada pode causar maior queda de pressão que um
tubo longo).

- Em geral, as perdas são medidas experimentalmente e correlacionadas com


os parâmetros do escoamento em tubos.

- Dados, especialmente para válvulas, depende do projeto particular do


fabricante, de modo que os valores listados devem ser considerados
estimativas de projeto.

PER DAS L OC AL IZA DA S EM SISTEM AS DE TU BUL AÇ Õ ES

O coeficiente característico de perda de carga localizada do acessório, K, é


dado como uma razão entre:

- a perda através do dispositivo ℎ𝐿 = ∆𝑝/(𝜌𝑔)

𝑣 2tubos
- e a altura de velocidade do sistema de /(2𝑔)associados. 𝑣 2 /(2𝑔)
ℎ𝐿 ∆𝑝
𝐾= =
2
𝑣 /(2𝑔) 1 2
𝜌𝑣
2

𝒗𝟐
𝒉𝑳𝒍 =𝑲
ou 𝟐𝒈
Perda de carga localizada

4
17/11/2023

PER DAS L OC AL IZA DA S EM SISTEM AS DE TU BUL AÇ Õ ES

𝐿𝑣 𝑣
ℎ =𝑓 ℎ =𝐾
𝐷 2𝑔 2𝑔
Perda de carga distribuída Perda de carga localizada

Embora K seja adimensional, frequentemente na literatura ele não é correlacionado com


Re e com a rugosidade relativa, mas apenas com o tamanho do tubo. Quase todos os
dados são reportados para escoamento turbulento.

Como todas as perdas estão relacionadas com v2/(2g), elas podem ser somadas em uma
única perda total do sistema, caso o tubo tenha diâmetro constante:

𝒗𝟐 𝑳
𝒉𝑳 = 𝒉𝑳𝑫 + 𝒉𝑳𝒍 = 𝒇 + 𝑲
𝟐𝒈 𝑫 𝑫

Atenção: Válido para seções com o mesmo diâmetro


5

PER DAS L OC AL IZA DA S EM SISTEM AS DE TU BUL AÇ Õ ES

𝒗𝟐 𝑳
𝒉𝑳 = 𝒉𝑳𝑫 + 𝒉𝑳𝒍 = 𝒇 + 𝑲
𝟐𝒈 𝑫 𝑫

Caso o diâmetro varie, devemos somar as perdas separadamente, alterando v2.

O comprimento L é o comprimento total, incluindo eventuais curvas.

6
17/11/2023

VÁLVULAS

(a) Válvula gaveta: (b) Válvula globo:


desliza para baixo através da seção; fecha o orifício em uma sede especial;

A válvula globo, devido à trajetória tortuosa de seu escoamento, produz as maiores perdas
quando totalmente aberta.

VÁLVULAS

(d) Válvula de retenção basculante:


permite escoamento em apenas um
sentido;
Protege as instalações hidráulicas do refluxo de
água quando do paralisação das bombas
(c) Válvula em ângulo:
semelhante à globo, mas com uma
mudança na direção de 90o;
(e) Válvula do tipo
disco:
fecha a seção com uma
comporta circular.
8
17/11/2023

A tabela abaixo relaciona os coeficientes de K para quatro tipos de válvula, três ângulos
de cotovelo e duas conexões em T (tês). Os acessórios podem ser conectados por
roscas internas ou flanges.

Tabela 6.5 (White) – Coeficientes K para válvulas


abertas, cotovelos e tês. Válvula
rosqueada

Válvula
flangeada

K geralmente decresce com o


tamanho do tubo (o que é
consistente com o aumento do
número de Re e do decréscimo
da rugosidade relativa).

A Tabela representa médias


entre vários fabricantes, havendo
assim uma incerteza de até 50%.

VÁLVULAS

As perdas em válvulas na tabela são para a condição de abertura total.


As perdas podem ser muito maiores para uma válvula parcialmente aberta.

Coef. de perdas médios para válvulas parcialmente abertas

De todas as perdas localizadas, as válvulas são, por causa da sua geometria complexa, as mais sensíveis
aos detalhes de projeto do fabricante. Para maior precisão, o projeto e o fabricante devem ser consultados.

10
17/11/2023

CURVAS

Uma curva sempre induz uma perda


maior que a simples perda por atrito em
um tubo reto, por causa da separação do
escoamento nas paredes curvas e de um
escoamento secundário circulante que
surge da aceleração centrípeta.

11

CURVAS

Os coeficientes de perda de parede


lisa K referem-se à perda total,
incluindo os efeitos de atrito do
tipo Moody.

As perdas secundárias e por


separação decrescem com R/d,
enquanto as perdas tipo Moody
crescem, pois o comprimento da
curva aumenta. Logo, as curvas
apresentam mínimos em que os
dois efeitos se cruzam.
Coef. de perda localizadas para curvas de parede lisa,
para Re = 200.000 12
17/11/2023

ENTRADAS E SAÍDAS

As perdas de entrada são


altamente dependentes da
geometria de entrada, mas
as perdas de saída não.

Quinas vivas ou saliências


na entrada causam grandes
zonas de separação do
escoamento e grandes
perdas.

Um leve arredondamento já
traz bastante melhoria.

Figura: Coef. De perda em entradas


e saídas (a) entradas reentrantes;
(b) entradas arredondadas e
chanfradas
13

SAÍDAS

Em uma saída submersa o escoamento simplesmente descarrega do tubo para


dentro do grande reservatório a jusante e perde toda a sua altura de
velocidade pela ação da dissipação viscosa.

Logo:
K = 1,0 para todas as saídas submersas, não importando o arredondamento.

𝑣2
ℎ𝑙𝐿 = 𝐾
2𝑔

14
17/11/2023

EXPANSÕES E CONTRAÇÕES BRUSCAS

Se a entrada é a partir de um reservatório finito, chama-se contração brusca entre dois


tamanhos de tubo;

Se a saída é para um tubo de tamanho finito, é chamada de expansão brusca.

Contração Expansão

𝑑2 𝐾 = 1−
𝑑
=

𝐾𝐶𝐵 ≈ 0,42 1 − 𝐷 𝑣 /2𝑔
𝐷2

(K está baseado na altura de velocidade no tubo pequeno) 15

EXPANSÕES E CONTRAÇÕES BRUSCAS

Figura: Representação gráfica da


contração do escoamento e da
perda associada de carga na
entrada de um tubo com borda
pontiaguda.

16
17/11/2023

EXPANSÕES E CONTRAÇÕES BRUSCAS

Figura: Perdas em expansões


e contrações bruscas.

17

EXPANSÃO GRADUAL – O DIFUSOR

Quando o escoamento entra em uma expansão gradual, ou difusor, como a


geometria cônica da figura, a velocidade diminui e a pressão aumenta.

A perda de carga pode ser grande, devido à separação do escoamento nas paredes, se o
ângulo do cone for grande demais.

A perda do escoamento é uma combinação de recuperação de pressão não ideal mais


atrito de parede.

18
17/11/2023

EXPANSÃO GRADUAL – O DIFUSOR

Figura: Perdas do escoamento


na região de uma expansão
gradual cônica

A perda mínima ocorre na faixa 5° < 2θ < 15°, que corresponde à melhor geometria para um
difusor eficiente.

Para ângulos menores que 5°, o difusor fica longo demais e apresenta muito atrito.

Ângulos maiores que 15° provocam separação do escoamento, resultando em recuperação de


pressão deficiente.
19

CONTRAÇÃO GRADUAL

Para uma contração gradual, a perda é bastante pequena, como se vê nos seguintes
valores experimentais:

Ângulo do cone de contração 30 45 60


2θ, graus
K para contração gradual 0,02 0,04 0,07

20
17/11/2023

EXEMPLO 3

Água, ρ = 1000 kg/m3 e ν = 1,02.10-6 m2/s, é bombeada entre dois reservatórios a uma
vazão de 5,6 L/s, por um tubo de 122 m de comprimento e 2 pol (50 mm) de diâmetro e
diversos acessórios (todos rosqueados), como mostra a figura abaixo. A rugosidade relativa
é ε/D = 0,001. Calcule a potência requerida pela bomba em hp.

21

Dados: Acessórios K
Entrada de canto vivo (l=0) 0,5
Válvula globo aberta (tubo de 50mm
rosqueada)
Curva com 12 pol (R), d = 2 pol;
ϴ = 90o e R/d = 6
Cotovelo normal 90o (D = 50 mm
rosqueado)
Válvula gaveta aberta pela metade
h/D = 0,5
Saída (submersa) em canto vivo
Somatório

22
17/11/2023

Acessórios K
Entrada de canto vivo (l=0) 0,5
Válvula globo aberta (tubo de
6,9
50mm rosqueada)
Curva com 12 pol (R), d = 2 pol;
0,25
ϴ = 90o e R/d = 6
Cotovelo normal 90o (D = 50 mm 0,95
rosqueado)
Válvula gaveta aberta pela metade
h/D = 0,5
Saída (submersa) em canto vivo
Somatório

23

Acessórios K
Entrada de canto vivo (l=0) 0,5
Válvula globo aberta (tubo de 6,9
50mm rosqueada)
Curva com 12 pol (R), d = 2 pol; 0,25
ϴ = 90o e R/d = 6
Cotovelo normal 90o (D = 50 mm 0,95
rosqueado)
Válvula gaveta aberta pela metade 3,7
h/D = 0,5
Saída (submersa) em canto vivo 1,0
Somatório 13,3

K = 1,0 para todas as saídas submersas, não importando o arredondamento.

24
17/11/2023

𝒗𝟐 𝑳
𝒉𝑳 = 𝒉𝑳𝑫 + 𝒉𝑳𝒍 = 𝒇 + 𝑲
𝟐𝒈 𝑫 𝑫

25

𝒗𝟐 𝑳
𝒉𝑳 = 𝒉𝑳𝑫 + 𝒉𝑳𝒍 = 𝒇𝑫 + 𝑲
𝟐𝒈 𝑫

Precisamos de fD  Moody

e/D = 0,001 e Re = 1,40x105

26
17/11/2023

e/D = 0,001 e Re = 1,40x105

fD = 0,0216

27

𝒗𝟐 𝑳
𝒉𝑳 = 𝒉𝑳𝑫 + 𝒉𝑳𝒍 = 𝒇𝑫 + 𝑲
𝟐𝒈 𝑫

ℎ = 0,41 52.704 + 13,3


ℎ = 27,33𝑚

ℎ = 27,33 + 30,5 = 57,8𝑚 (altura da bomba)

𝑃 = 𝜌𝑔𝑄ℎ = 3.175 𝑊 = 4,3 ℎ𝑝

28
17/11/2023

EXERCÍCIO

(White 6.109) Na figura abaixo econtram-se 38 m de tubo de 50 mm, 23 m de tubo de


150 mm e 46 m de tubo de 75 mm, todos de ferro fundido. Há também dois cotovelos de
90° e uma válvula globo aberta, todos rosqueados. Se a elevação de saída é zero, qual é a
potência em hp extraída pela turbina quando a vazão é de 4,5 L/s de água a 20 °C?

29

30
17/11/2023

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

White, Frank M., Mecânica dos fluídos, 6.ed., Rio de Janeiro, RJ:
McGraw-Hill, 2011. Cap. 6

Çengel,Yunus A.; John M. Cimbala, Mecânica dos fluidos : fundamentos


e aplicações, São Paulo, SP: Mc Graw-Hill, 2007. Cap. 8

31

Você também pode gostar