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Mulher:

Relacionamento
e Sexualidade
Uma Interface com
a Gestalt-terapia

Maria Celisa Meirelles Barbalho

z Zagodoni
Editora
Copyright © 2018 by Maria Celisa Meirelles Barbalho

Todos os direitos desta edição reservados à Zagodoni Editora Ltda.


­Nenhu­ma parte desta obra poderá ser reproduzida ou transmitida, seja
qual for o meio, sem a permissão prévia da Zagodoni.
Editor
Adriano Zago
REVISÃO
Marta D. Claudino
Diagramação
Michele Freitas

CIP-Brasil. Catalogação-na-Fonte
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ

Barbalho, Maria Celisa Meirelles


Mulher: relacionamento e sexualidade : uma interface com
a Gestalt-terapia / Maria Celisa Meirelles Barbalho. - 1. ed. - São
Paulo : Zagodoni, 2018.
208 p. : il. ; 23 cm.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-5524-063-8
1. Gestalt-terapia. 2. Sexualidade. I. Título. A nudez é uma criação; ela nasce lentamente da
18-47012 CDD: 616.89143 troca de carícias quando um corpo se abre sob os
CDU: 159.964.32
dedos do outro [...] A terna selvageria com a qual
ele me trata faz jorrar de meu corpo igual a todos
um corpo de luz. Eu renasço para mim mesmo,
tudo o que era comum se torna magnífico e
ardente. (BRUCKNER, 2012, p. 83)

[2018]
Zagodoni Editora Ltda.
Rua Capital Federal, 860
01259-010 – São Paulo – SP
Tel.: (11) 2334-6327
contato@zagodoni.com.br
www.zagodoni.com.br
Sumário

Agradecimentos 9
Prefácio I – Myrian Bove Fernandes 11
Prefácio II – Intimidade Contra a Chatice –
Esdras Guerreiro Vasconcellos 15

1 Introdução 19
2 Noções Breves sobre a Gestalt-terapia 25
3 Relacionamento Conjugal 29
4 Sexualidade Feminina 45
5 Repressão Sexual 69
6 Fantasia e Sexualidade 81
7 Climatério 97
8 Relacionamento, Sexualidade e Climatério 107

9 Terapia Sexual Individual 125


Mulher: Relacionamento e Sexualidade

10 Terapia Sexual de Casal 141

11 Conclusão 157

12 Pesquisas Comentadas 161

13 Referências 197

Agradecimentos

E ste livro é fruto de uma teia de relações que com-


põem a minha trajetória de vida. Não conseguiria
nomear todos os que contribuíram para que este projeto
chegasse à sua conclusão.
Inicialmente, agradeço a Deus o dom da vida, da
saúde e a capacidade de comunicação.
Aos meus pais, Alda e José, que me doaram a vida.
À minha mãe, pelo constante estímulo ao meu trabalho
profissional; presença assídua em minhas palestras.
A meu irmão, José Carlos, por seu apoio e amor in-
condicional.
Ao Aylton, companheiro de vida amorosa e sexual,
que me impulsionou a investir energia nessa obra.
Aos meus filhos, Leonardo, Larissa e Daniel, minhas
noras, Kelly Roberta e Ana Paula, ao meu genro, Saulo,
que me encorajaram.
Aos meus netos, Ana Clara, Gabriela e João Vitor,
que me inspiram relações verdadeiras.
Aos meus clientes que compartilharam comigo sua
vida, sonhos e desejos, angústias e questionamentos,
pois me forneceram o tecido humano para compor esse
texto.
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Mulher: Relacionamento e Sexualidade

À Mara Judite Rossi, publicitária, e à Tereza Cristina de Moraes Lobo


Garcia, jornalista, que, ao ler o texto, cooperaram com interessantes pro­
postas.
Aos profissionais da área da saúde.
Aos médicos Carlos Inácio de Paula, Monica Danda Garcia e Daniel Mei-
relles Barbalho, que pela leitura do texto e entrevista concedida, contribuí-
ram na construção de um glossário sobre conceitos médicos.
Ao cirurgião plástico Marco Túlio Ribeiro, por sua entrevista e incen­ Prefácio I
tivo.
Às gestalt-terapeutas Maria Aparecida Silva Dias Vieira, Maria Augusta
de Freitas Custódio França, Gláucia Rezende Tavares, Cláudia Lins Cardoso,
Teresinha Mello da Silveira, à fisioterapeuta Marília Vaz Gonçalves Faleiro
e à odontóloga Luciane Morais Viana, que leram o texto e deram sábias su-
gestões.
À gestalt-terapeuta Myrian Bove Fernandes, que fez um dos prefácios e
que com seu envolvimento, leitura do texto e nossas discussões presenteou-
me com propostas sobre ampliação de conceitos e ideias.
Ao coorientador de minha monografia original do curso da USP, da qual
originou esse livro, Dr. Esdras Guerreiro Vasconcellos, doutor em Psiconeu-
roendocrinoimunologia, que me acompanhou em todo esse processo, pelo
suporte e encorajamento, bem como pelo prefácio.
A todas as pessoas que me incentivaram a chegar até aqui, meu eterno
agradecimento!
É com muito prazer que escrevo o prefácio desta obra.
Conheci Celisa tempos atrás, no início dos anos
1990, quando ela cursava Formação em Gestalt-terapia
no ITGT, em Goiânia. Acompanhei sua trajetória carac-
Maria Celisa Meirelles Barbalho terizada pelo interesse em expandir e buscar o novo e in-
Fevereiro de 2018 tegrar o conhecimento em áreas que se interconectam e
se complementam. Pude apreciar também o preciosismo
que está presente em todo o projeto ao qual se dedica.
Essas características estão refletidas nesta obra, fruto de
um mergulho que ela fez no universo da sexualidade
feminina com foco no climatério.
Celisa traz para o público o resultado de estudos e
pesquisas que desenvolveu em sua monografia do Cur-
so de Especialização em Sexualidade Humana, realizada
no Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Pau-
lo, “Relacionamento Conjugal Satisfatório e a Qualidade
de Vida Sexual em Mulheres no Climatério”.
Em conversa com a autora ficou evidente seu es-
forço em trazer para a população leiga, em linguagem
acessível, clara e direta, informações relevantes sobre
a sexualidade feminina durante e após o climatério.
Trata-se de um tema muito atual, uma vez que a lon-
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Mulher: Relacionamento e Sexualidade Maria Celisa Meirelles Barbalho

gevidade se amplia na população brasileira e existe uma demanda por falta de desejo e/ou excitação; doenças físicas e outros); problemas sexuais no
uma melhoria da qualidade de vida nesse momento do ciclo vital. casal em que ambos geram a disfunção (ausência de estimulação adequada
É uma alma feminina que fala de sexo com o romantismo, a coragem e o no início da atividade, desconhecer as preferências de estimulação do parcei-
discernimento de alguém que conhece um amplo espectro das tantas nuan- ro, não concordância com determinadas práticas e outros).
ces da sexualidade humana, desconstruindo tabus, reunindo música, prosa e Refere-se à figura do terapeuta sexual como aquele que pode ajudar o
poesia ao apresentar informações que são fruto de estudos extensivos sobre cliente a se libertar das amarras do corpo, na busca de maior autenticidade
o tema e que foram obtidas por meio de leituras, diálogos e depoimentos e felicidade (p. 129 e 131). Salienta que a terapia sexual pode ajudar a iden-
pessoais. tificar os aspectos do relacionamento que bloqueiam a sexualidade entre os
Desta forma, a autora valoriza a atividade sexual saudável e vitalizan- parceiros. Ao mesmo tempo em que identifica algumas dificuldades, propõe
te que enriquece essa etapa da vida; salienta o fator subjetivo da resposta sugestões de caminhos a seguir.
sexual feminina. Inclui o desejo de demonstrar amor, compartilhar e rece- Segue detalhando o processo terapêutico, o que torna a leitura enriquece-
ber o prazer físico, sentir-se emocionalmente próxima, atraente e feminina. dora não só para psicoterapeutas como também para o leigo que deseja apro-
Afirma que é possível melhorar a sensação de bem-estar. Segundo a autora, fundar seu conhecimento na área ou vislumbrar novos caminhos possíveis.
estes são fatores relevantes que contribuem para promover satisfação na A autora finaliza ilustrando seu trabalho com informações sobre o em-
mulher. basamento teórico e a metodologia da Gestalt-terapia. Destaca algumas ca-
Cuidadosamente, Celisa entrelaça em sua escrita forma e conteúdo de racterísticas dessa abordagem que se aplicam ao atendimento específico. A
modo a produzir um texto que convida o leitor a deixar-se enlevar pela Gestalt-terapia visa à totalidade do ser humano, busca a ampliação da awa-
magia da experiência que integra intelecto e sensibilidade e leva-o a uma reness para que os parceiros possam estar com a presença plena durante o
compreensão que envolve o ser em sua totalidade. Traz questionamentos e encontro sexual, valoriza o contato e a ousadia da entrega em uma situação
uma ampla discussão sobre o desejo. Insinua que a qualidade da intimidade segura. O processo terapêutico facilita a revisão de pensamentos, valores e
compartilhada no ato sexual, seja do encontro, seja da atenção às próprias crenças pessoais. Favorece a interlocução, a compreensão dos sentimentos,
sensações e às respostas do parceiro, pode ser experimentada como uma ode sejam os próprios e/ou os do outro. Todo o apreço e respeito, característico
à vida. desta abordagem, tece a atmosfera das sessões.
Como hoje a população de casais que se encontra nessa idade é constitu- Acredito que esta obra é uma via de duas mãos: por um lado, enriquece
ída também por alguns parceiros que estão juntos há muitos anos, a autora a abordagem gestáltica colocando em foco tema ainda pouco discutido na
apresenta estudos e traz depoimentos que analisam os elementos presentes área e dando corpo à sua literatura; e por outro lado, divulga a abordagem
gestáltica junto ao público leigo trazendo dados científicos e relevantes que
nos vínculos duradouros. Correlaciona intimidade, paixão e compromisso.
dão ênfase ao alcance da prática clínica.
Enfatiza o comprometimento tanto pessoal quanto com a relação.
Os últimos capítulos são dedicados à terapia sexual individual e de casal.
Myrian Bove Fernandes
Neles Celisa valoriza a necessidade de se estabelecer uma relação de con-
fiança entre cliente e terapeuta para que haja entrega no processo e se possa
obter bons resultados. Salienta o valor do atendimento multidisciplinar entre
médicos, psicólogos e profissionais de áreas afins, pois as pessoas que sofrem
de disfunções sexuais demandam um olhar para as múltiplas facetas da ati-
vidade humana. Afirma que é muito comum encontrar sentimentos de baixa
autoestima relacionados a queixas de disfunção sexual.
Ao mencionar a terapia sexual, a autora aborda amplamente os motivos
pelos quais os casais não se relacionam bem sexualmente: examina os proble-
mas sexuais no casal em que a causa está mais concentrada no homem (dia-
betes, próstata, doenças psiquiátricas e outras); problemas sexuais do casal
em que a causa está mais concentrada na mulher (anorgasmia, vaginismo;
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Prefácio II
Intimidade Contra a Chatice

N a esmagadora maioria, casais com casamento de


longa duração se tornam mofados. Uma convivên-
cia ranzinza de pessoas frustradas e chatas. Não bastas-
se a velhice que, por si só já traz um ranço de cansaço,
os cônjuges idosos se desvitalizam, também, emocional
e psicologicamente. A perda da alegria e do prazer de
estar junto com a outra pessoa carrega o desencanto com
o amor e, em especial, com o sexo. As transas quentes
e apaixonadas dos primeiros anos se transformam em
“batidas de ponto” (de ambas as partes), ocorrências es-
porádicas. O frisson que o contato com o corpo da pessoa
amada fazia arrepiar a pele e a alma agora não tem tô-
nus e não vitaliza mais. É triste. É muito triste ver casais
assim. A doença se espalha no corpo e na mente, pois
não há mais paixão para regular os sistemas endócrino
e imune. Sem o estresse do chamego não há vida, não há
saúde, não há alegria, não há paz, não dá para viver.
Sobre esse terreno desidratado cresce o desejo de
separação para poder reviver bons tempos de encanto
e carinho e, também, a infidelidade torna-se a maior
ameaça. Se ela acontecer – e enganam-se aqueles que
acreditam que infidelidade é coisa, predominantemen-
Mulher: Relacionamento e Sexualidade Maria Celisa Meirelles Barbalho

te, masculina! – a acusação recíproca se transmuta em guerra fria e silen- Mesmo assim, leia-o para ver em que miséria corporal, emocional, existencial
ciosa, cada um acreditando ter mais razão que o outro. “A maioria desses e espiritual vive a maior parte da humanidade. Ela aponta que a “falta de
matrimônios tende mais a adoecer que a satisfazer”, afirma Celisa. contato humano corporal gera o medo da intimidade e a solidão das pessoas
Na página 39 temos outra referência sobre esse cenário que merece re- no mundo ocidental”.
alce. Citando Barros (1994), no texto Bruxas e como desfazê-las, ela diz que se Se depois de ler a citação de Barbosa Neto você constate que esse não é o
trata de pessoas que... “independentemente do seu gênero, não amam, não seu caso, comece a ler este livro imediatamente. Você está correndo o perigo
vibram, têm medo, reclamam de tudo e de todos; são inquietas, sentem-se de morrer com uma sensação de vida frustrada.
vazias e amargas; vivem confrontando o parceiro”. E conclui: “de certa ma- A ciência comprova a possibilidade de a mulher ter mais apetite se­xual
neira, é possível admitir que exista um tanto de bruxa em cada um de nós”. após a menopausa (KAPLAN, 1977); portanto, é possível desfrutar dessa di-
O ser humano não consegue viver sem carinho e sexo. É esforço em vão vina dádiva longamente. Satisfação sexual e carinho apaixonado são mais
querer fazer substituições ou sublimações. Sexo não é apenas penetração e importantes que dinheiro e poder. Por isso, muitos usam desses dispositivos
gemidos de orgasmo. Sexo é a maior intimidade que um ser humano pode para obter aqueles.
ter com outra pessoa. E como tal, vital. Por esse motivo o sentimos indispen- Não se respalde em ressentimentos e mágoas para negar-se ao prazer
sável, insubstituível, irremediável. Quem se tornou chato, quando o vivencia inaudito da intimidade. Lembremo-nos de que o momento de vivê-la é agora
novamente, rejuvenesce. Vira menino passarinho com vontade de voar. e aqui. Todos temos um irrefutável desejo existencial de viver uma profunda
Celisa se concentrou nessa faixa etária da vida da mulher e do homem. intimidade com alguém e em sintonia com a maneira pessoal e individual de
E ela começa, geralmente, por volta do climatério. Ela se dirigiu a quem não experimentar o prazer. Torne isso uma realidade. Supere seu passado, viva
quer ser chata, reclamona, doente, frustrada. Ela aborda em seu livro o tema seu presente e construa assim um belo e saudável futuro para sua vida. É de
mais central da relação conjugal, independentemente da orientação sexual Santo Agostinho que vem a valiosa recomendação de que existe “o presente
que tenha. Sim, porque o tédio e a frustração com o amor e o sexo afetam do passado, o presente do presente e, (também), o presente do futuro”.
tanto homossexuais (masculinos e femininos) como heterossexuais de igual
maneira e forma. Óbvio, se todos buscamos incessantemente por intimidade, Esdras Guerreiro Vasconcellos
não poderia ser diferente com eles.
Leia a seguinte citação que ela faz de Barbosa Neto:

Por que ao seu lado eu tinha as sensações que tinha? Um amor delicado e
suave brotava em mim, desejo de fazer carícias, de lhe sentir a textura da
pele, de beijar seus lábios, de lhe agradar com comidas, com cheiros, com
músicas, com danças. Queria embalá-lo como se fosse pequeno, como se
coubesse em meus braços [...] Também o sentia no pensamento, na razão,
queria a vida junto dele [...]. Pensava assim quando senti que o sangue se
acumulava em meu ventre e o aquecia, percebi quanto o amava com mi-
nhas entranhas. Um amor diferente daquele proveniente do coração e da
razão; mais aflito, mais urgente, mais violento. Queria tê-lo dentro de mim
para guardá-lo com egoísmo, marcá-lo com as unhas, com os dentes, ma-
chucá-lo para senti-lo meu, para saber que o corpo dele era meu domínio.
Arrancaria os gozos que quisesse e teria as sensações e prazeres reservados
aos deuses. O amor brotava da minha cabeça, do meu coração e do meu
ventre. (BARBOSA NETO, 2013, p. 239)

Se você, depois de 20, 30 ou 40 anos de casado ainda é capaz de sentir o


que está ali descrito, ou algo similar, então parabéns. Em verdade, você não
precisaria ler este livro. Tudo que está aqui escrito você já conhece e vive.
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