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Doce Rendição
Sweet Surrender
Julie Tetel Andresen
Disponibilização: Rosangela
Digitalização: Joyce
Revisão: Nádia
Uma força misteriosa atraiu um para os braços do outro...
Para não perder sua fazenda, Cathy Davidson precisava urgentemente de ajuda.E o
destino trouxe-lhe Laurence Harris – um aventureiro que aceitaria qualquer desafio
por uma mulher de olhos cor de mel, cabelos com perfume das flores da macieira e
lábios doces como nectar...
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Projeto Revisoras
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UM
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quase nova. Além disso, pela maneira como índio se colocara diante
dos irmãos Watts, imaginara que fosse muito velho e acostumado
àquele tipo de intimidação. O homem diante dela não devia ter mais
que uns vinte e cinco anos.
Nem tinha certeza de que ele fosse índio, agora que olhava
bem para ele. Tinha os cabelos bem negros, amarrados num rabo de
cavalo, olhos escuros, maçãs do rosto altas e a pele cor de cobre
novo. Notou também uma mancha de cicatriz antiga subindo pelo
pescoço. Apesar disso, à primeira vista, não parecia índio e só num
segundo momento pôde distinguir os traços nos rosto forte e
impassível. Certamente, era um rosto diferente. Agora, ele lhe parecia
bonito, com as pétalas sobre os cabelos desarrumados devido à
queda.
Após um segundo de silêncio, o estranho, percebendo que
ela estava confusa, recordou:
— Você estava carregando um cesto esta manhã e usava
outro vestido. Era azul. — Ele focalizou os cabelos. Não tinha dúvida
de que estavam tão desarrumados quanto os dele. — Também usava
um chapéu.
Cathy se esforçou para conciliar as duas imagens: o pobre
índio da feira e o homem jovem e saudável diante dela. Desistiu
quando ocorreu-lhe que, se fossem o mesmo homem, sua intervenção
podia ter sido desnecessária.
Detestando considerar-se supérflua, disse censurando:
— Suponho que gostou de achar que eu precisava do ajuda
numa queda, o que, naturalmente, nunca acontece, exceto em
ocasiões raras, e para fazer um papelão! Por que teve a idéia tola de
me amparar?
Ele respondeu muito sério.
— Não percebi que era tão pesada.
No espaço de poucos minutos, ela se sentira,
alternadamente, aliviada, perplexa, surpresa e aborrecida. Agora,
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sentia-se indignada. Embora ele dissesse a verdade, pois ela não era
nenhuma pluma, não pretendia agradecê-lo por ter amortecido a
queda.
Ao invés disso, manifestou-se, com a dignidade que aquela
situação ridícula permitia:
— Não posso estar contente por você ter cismado em ficar
atrás de mim, seguindo-me até em casa.
— Não a segui.
— Veio andando assim, suponho.
— Sim, vim andando — confirmou ele. — Deixei a feira,
meia hora depois que você partiu.
Ela ficou surpresa mais uma vez.
— Então, como me encontrou? Perguntou onde eu morava?
Ele balançou a cabeça.
— Não foi preciso. Seu rastro é fácil de seguir. Ela não se
lembrava de ter deixado nenhum rastro.
Manifestou desgosto.
— Bem, ainda acho que não precisava ser salva — insistiu —
e devo dizer, senhor, que teve tanta preocupação por nada.
Ele não respondeu. Para maior desgosto, ela notou que, para
um homem impassível, ele parecia muito presunçoso, pois emitiu um
fugaz olhar de desdém. Um chamado familiar chamou sua atenção:
— Srta. Cathy! Srta. Cathy! Olá! Onde está você?
— Aqui, Clive. O que me trouxe hoje?
— Ah, aí está você! — exclamou o sr. Clive Smith, surgindo
de trás de uma fileira de macieiras. —Quando não vi você na varanda
nem na casa, imaginei que estaria aqui. Estava certo! Mas devo
informar que vir atrás de você me coloca fora do horário! Desvio de
caminho!
— Nesse caso, podia deixar a correspondência na caixa —
sugeriu ela, prática.
— Podia sim, srta. Cathy, mas não teria absoluta certeza de
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comentou:
— Naturalmente, é claro que o jovem MacGuff voltou para
prestar uma última homenagem ao tio.
— Ultima homenagem? E assim que chama? — alfinetou o
sr. Smith. Mas não esclareceu, pois já olhava por sobre o ombro de
Cathy. Perguntou, abruptamente: — Eh? Quem é aquele?
Cathy acompanhou o olhar do sr. Smith e viu um homem
silencioso parado a poucos metros de distância. Surpreendeu-se
novamente com a presença dele, pois ele se camuflara na paisagem
com a chegada do sr. Smith. Também observava-os e, sem dúvida,
ouvira a pergunta do sr. Smith sem fazer menção de responder.
Cathy falou por ele, como se ele não estivesse ali.
— Aquele homem me seguiu até aqui da cidade hoje cedo —
respondeu ela.
— Seguiu-a até aqui da cidade? — repetiu o sr. Smith,
alarmado.
— Bem, ele não me seguiu exatamente, ou pelo menos,
disse que não me seguiu — esclareceu Cathy —, já que eu deixei um
rastro claro. De qualquer forma, ele apareceu, debaixo da macieira
em que eu estava trabalhando.
— O que ele quer? — inquiriu o carteiro.
— Não sei.
— Quem é ele?
— Não sei.
O sr. Smith olhou para o homem.
— Ele é índio?
— Não sei — repetiu Cathy pela terceira vez. O sr. Smith
concluiu seu inquérito.
— Nem eu. Não me parece conhecido. Ele é daqui?
— Acho que não — variou Cathy. — Ele fala de um jeito
estranho.
O sr. Smith fez uma expressão de desaprovação. Sem baixar
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a voz, perguntou:
— Quer dizer, ele fala coisas impróprias para uma senhorita?
Cathy olhou para o homem silencioso e notou que a
expressão de seu rosto não se alterara.
— Não — declarou ela, rápido. — Quero dizer que ele tem
sotaque.
— Um sotaque índio? — especulou o sr. Smith.
— Não exatamente. — Ela gesticulou, dando a entender que
não sabia. — Não sei dizer, mas ele não é daqui.
— Quanto tempo ele ficou debaixo da árvore enquanto você
estava lá em cima?
Cathy não tinha idéia, nem sequer ocorrera-lhe a questão.
Subira em várias macieiras, examinando a qualidade e quantidade de
pólen e pistilos das floradas. Olhou para o homem silencioso, imóvel e
ereto. Já que ele tinha essa atitude de não fazer notar a sua
presença, podia ter estado sob seu nariz por bons quinze minutos sem
que ela tivesse notado.
O sr. Smith olhou para ele também e externou seus
pensamentos:
— Ele não parece perigoso, mas nunca se sabe. — Bateu na
bolsa de correspondência e comunicou: — Preciso voltar à minha rota.
Venha, srta. Cathy, vou acompanhá-la até em casa, onde tenho
certeza de que tem outras coisas para fazer.
Cathy também não achava que o homem silencioso era
perigoso e tinha certeza de que ele não lho faria mal,Como não tinha
mais nada a falar com ele, aceitou a oferta do sr. Smith em
acompanhá-la até a casa. Agarrou as meias e os sapatos que estavam
junto da árvore e foi com o carteiro, evitando pensar que no fundo só
queria mais informações a respeito do jovem Hitehcock MacGuffm.
Enquanto caminhavam pelo pomar, espantando as galinhas,
passando pelo chiqueiro e pelo jardim, o carteiro forneceu os detalhes
da volta do jovem MacGuff. Cathy estava tão entretida que,
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— É?
— Nem ia haver dança esta noite — resmungou George,
severo — o Old Hitch morreu ontem. O reverendo devia ter adiado!
— Old Hitch deixou claro ao reverendo antes de morrer que
o Festival da Florada das Macieiras devia acontecer de qualquer
forma. Nós todos concordamos, George, você sabe, honrar o último
desejo de Old Hitch, dançando esta noite e enterrando-o amanhã. —
Acrescentou num tom prático: — E, se o baile for cancelado, os seus
problemas só serão adiados, e não solucionados.
George levou a mão à sobrancelha.
— O que devo fazer?
Cathy suspirou. Não via motivo para tentar fazê-lo entender.
Era hora de táticas de postergação. Contemplou a figura elegante de
George, parando num detalhe.
— Para começar, podia abrir a carta que tem aí — sugeriu,
enquanto procurava a sua própria carta no bolso do avental. — Veja,
também recebi uma e, se não me engano, é de Old Hitch.
A tática de Cathy funcionou. George olhou para a carta com
surpresa exagerada e passou a dar-lhe toda a atenção.
— Talvez ele tenha escrito a todo mundo, informando que
mudou de idéia e que gostaria de que todos ficássemos em casa hoje,
em respeito — sonhou.
Abrindo o envelope com o dedo, Cathy comentou:
— É mais provável que ele tenha nos escrito para informar
o quanto somos estúpidos!
George riu e lembrou-se do gênio forte de Old Hitch
enquanto abria o envelope.
— Não tenho dúvida do mundo para o qual Old Hitch foi
levado. O homem tinha uma língua ferina!
Cathy sorriu, lembrando-se do habitante mais ranzinza, mas
parou quando leu a carta. Piscou, releu várias vezes as linhas, olhou
para George e viu que ele também estava confuso.
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TRÊS
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George tossiu.
- O sobrinho de Old Hitch atende pelo nome de jovem
MacGuff.
— Ah — proferiu Harris, sem mudar a expressão. George
observava o homem silencioso com alguma
curiosidade.
— Me diga, onde fica Kaybeck exatamente?
Enquanto os dois homens conversavam sobre geografia,
Cathy avaliou o estado lamentável de sua roupa, parando nos pés
descalços. Remexeu os dedos dos pés, frustrada por estar a ponto de
ser vista em seu pior estado pelo belo Hitchcock MacGuffin.
Em silêncio, amaldiçoou as visitas dos amantes, que a
impediram de se arrumar. Reservou algumas pragas para o brincalhão
que enviara as cartas, que lhe roubaram algum tempo também. E, já
que estava desabafando, decidiu que, de algum modo, era o sr. Harris
a causa do transtorno presente.
Olhando para a porta da frente e para a rua, por onde o
jovem MacGuff aproximava-se com rapidez, e então, de volta para a
porta, calculou o tempo que levaria para ir até a casa trocar de roupa.
Quando o sr. MacGuffin passou pela rua, entrando direto pelo portão,
desistiu de tentar melhorar a apresentação e conformou-se com seu
destino. Pousando a carta junto do vestido, suspirou e resmungou:
— E tarde demais.
Tendo concluído a conversa com George, Harris replicou:
— Pode parecer tarde, mas conseguirá consertar, se
empenhar nisso.
Embora confundisse Cathy, o comentário teve o efeito de
lembrar George que tinha obrigações e tarefas a cumprir.
— E tarde — concordou ele —, mas quanto a conseguir...
bem! Ainda veremos! Agora que o jovem MacGuff chegou, srta. Cathy,
vou embora, pois já conversei com ele esta manhã na loja. — A
Laurence Harris, ofereceu um conselho: — Agora que pude pensar no
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que era, afastou-se para o pátio lateral sem dizer nada, em direção
oposta ao pomar. Acompanharam-no um trio incomum, formado por
um cão, uma gata e um bode, arrancando mato aqui e ali.
Lá estava o jovem Hitchcock MacGuffin diante dela, muito
elegante no terno novo e com os cabelos bem penteados, os olhos cor
de âmbar fixos nela e o sorriso encantador bem colocado.
— Srta. Cathy —. saudou ele, num tom açucarado. Então,
apontando para Harris com a cabeça, perguntou: — Novo na cidade?
Cathy teve dificuldade em se lembrar. Respondeu um sim,
hesitante.
— Você ainda mantém esses bichos — comentou MacGuff,
zombeteiro.
Cathy levou na brincadeira, mas tentou defender os animais.
— O bode come tudo o que estiver à vista, sabe que nunca
consegui me livrar dele. E tia Raquel e Black Twig brigam como cão e
gato... — começou a se sentir tola, pois tia Raquel e Black Twig eram
cão e gato —, mas estão comigo há muito tempo... — Não sabia como
terminar a conversa e deixou por isso mesmo.
MacGuff deixou-a se atrapalhar um pouco antes de
comentar, suave, quase sugestivo:
— Faz muito tempo.
— Oh, sim — concordou ela —, um ano, na verdade. — Pôs
as mãos às costas e agarrou o pulso direito com a mão esquerda.
Sabia que estava diante de um almofadinha e começou a se desculpar
por sua aparência, sabendo que devia moderar, mas sentindo-se
incapaz de agir de acordo.
— Estava no pomar, com meu vestido mais velho, pois
posso me sujar ou rasgar o vestido num galho... como já aconteceu
dezenas de vezes, entende? E, bem, com uma tarefa aqui e ali, não
tive tempo para trocar de roupa, nem mesmo o avental, ou pôr as
meias e os sapatos, ou arrumar o cabelo, ou... ou...
— Ou lavar o rosto? — completou MacGuff, solícito. Cathy
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recebi uma carta do Old Hitch hoje. George Travis, Ginger Mangum e
Clive Smith também, se não estou enganada. E agora estão me
dizendo que Richard recebeu uma em separado?
Era exatamente isso.
— E falava sobre um alambique? — confirmou Cathy. Hank,
Orin e Boy não tinham dúvida.
— A minha menciona alguma coisa sobre salvação —
informou Richard. — Muito estranho vindo de Old Hitch!
— As cartas continham apenas duas linhas, sem saudação?
— perguntou Cathy.
A discussão que se seguiu confirmou a suspeita de que
tinham recebido cartas semelhantes às que Cathy vira.
— Lembra-se exatamente das frases, Richard?
— Li tantas vezes, quebrando a cabeça, que acabei
decorando — respondeu ele. — Era assim:
Entre o tempo e a água, a água e o tempo O caminho da
salvação jaz numa caixa.
— Não faz sentido, senhorita. O caminho da salvação jaz
numa caixa? O que quer dizer?
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cadeira de balanço.
— Como é doce — retrucou a sra. Travis. — Sim, aqui está
bom e vou ter uma visão privilegiada das festividades. Naturalmente,
só posso olhar. — Suspirou. — Precisei da ajuda de George para
caminhar até aqui. Mas eu mesma trouxe a bandeja de bolachas,
apesar dos protestos do meu filho. — Sorriu, valente, mas debilitada.
Então, a sra. Travis levou a conversa ao tópico que ela, sem
dúvida, queria discutir desde o começo. Começou comentando a
delicadeza das moças, em particular o bonito vestido da srta. Ginger.
— É bonito — concordou Cathy, tomando o seu papel e
acrescentando: —, e o da srta. Sylvia também. Está vendo? A srta.
Sylvia foi até aquele grupo de moças bem ali.
— Ora, sim, lá está ela. Que grupo de moças adorável, devo
dizer. — A sra. Travis falava tranqüila e afavelmente. — Ora, a srta.
Ginger bem pode ser a mais bonita do grupo. Parece que ela ofusca
todas as outras, inclusive a srta. Sylvia que, devo acrescentar, é muito
bonita também.
— E verdade, uma moça muito bonita — concordou Cathy.
— E que disposição amigável — continuou a sra. Travis. —
Mais amigável até que, talvez, da srta. Ginger, embora não esteja
comparando as duas. E de uma disposição assim que o meu George
precisa numa esposa. O que acha, srta. Cathy?
Cathy estava mais que preparada para a pergunta.
— Eu acho, sra. Travis — declarou ela, segura —, que vai
ter que deixar George decidir por si mesmo. — Tomou uma das mãos
da matrona e reconfortou gentilmente. — Já que tem uma visão tão
boa aqui da pista de dança, vai poder ver quando e com quem George
dança e vai poder comparar a diferença da disposição dele ao dançar
com a srta. Sylvia e com a srta. Ginger.
A sra. Travis parecia surpresa.
— Acha que George vai tirar a srta. Ginger para dançar?
— A senhora e eu vamos ficar muito decepcionadas se ele
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Doce Rendição – Julie Tetel
único: — Olá.
Quando George se foi, Harris notou que o provável líder do
grupo observava-o, avaliador, olhando particularmente na direção dos
mocassins.
— Você é índio? — perguntou ele.
— Em parte — respondeu Harris.
— Que parte? — perguntou o líder, sorrindo.
— Da cintura para baixo.
Dois deles pareceram ficar impressionados com a resposta.
O de cabelos amarelos parecia confuso. O líder assobiou e comentou:
— Nesse caso, deve estar querendo molhar a garganta.
Harris tomou o conteúdo da caneca num único gole.
— Obrigado.
— Outro? — ofereceu o líder.
— Só se tomar comigo.
Três dos quatro homens trocaram olhares e aceitaram o
desafio. O negro declinou. Harris ofereceu a caneca novamente cheia
e saudou os três homens. Várias rodadas foram feitas, até que o
Barriga começou a parecer enjoado. Ele piscou e tentou focalizar as
imagens.
— Para um índio, você bebe bem.
Harris aproximou-se do Barriga e pousou o braço sobre os
ombros do homem embriagado.
— Da cintura para cima, sou galês e posso beber mais que
você em qualquer dia da semana.
— Qual é o seu nome, galês? — perguntou o negro.
— Laurence Harris— respondeu ele, soltando Orin, que
tossia, surpreso e aprovador.
— O que está fazendo em Hillsborough, Laurence Harris? —
perguntou Hank.
— Estou indo para o oeste. — Ele estendeu a caneca para
mais um gole.
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Doce Rendição – Julie Tetel
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Doce Rendição – Julie Tetel
— Meu avô.
— O pai de Morgan?
— Não.
— O pai de sua mãe?
— Sim.
— Sua mãe ajudou a criar você?
— Não.
— Então, não morou com seu pai quando criança?
— Só no primeiro ano.
— Por quanto tempo morou com Attean?
— Catorze anos.
Ela fez um cálculo rápido.
— Então, você tem vinte e cinco anos?
Ele não respondeu, simplesmente ergueu uma sobrancelha
negra.
— Bem, nunca se fez uma pergunta tão trivial?
— Nunca.
Passaram por baixo do arco que os outros casais formavam
com os braços.
— Não acredito — declarou ela —, mas não importa! Vamos
ver agora. Onde estávamos? Oh, sim! Por que morou com Attean até
os... quantos mesmo... quinze anos? Morgan largou você?
— Não.
— Como foi morar com Morgan então, nos últimos dez
anos?
— Fui atrás dele e o encontrei.
Cathy não tinha certeza de ter entendido direito.
— Quer dizer que não sabia direito onde ele estava?
— Certo.
— Com certeza, Attean ajudou você a encontrá-lo, não?
— Não.
Juntando tudo, ela perguntou, espantada:
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Tentou consertar:
— Quero dizer, há quanto tempo saiu de Maryland?
— Há dez dias.
— Oh — sussurrou Cathy, quase aliviada com a resposta
normal.
Ela ponderou sobre o comentário quanto ao sofrimento de
Morgan e o dele. Remoeu-o várias vezes em pensamento, avaliando,
conjecturando. Pensou em como poderiam conversar mais sobre esse
assunto, mas desistiu, imaginando que eleja dissera tudo o que queria
ou precisava dizer. Para um homem de poucas palavras, notou ela, ele
conseguia transmitir muita coisa.
Harris divulgara à srta. Cathy mais do que revelara em um
ano. Aprendera a dançar com a mulher de seu pai, Bárbara. Ela
perdoara a raiva do jovem guerreiro e chamara-o de filho. Ela lhe
ensinara inglês e muitas das convenções dos homens brancos, mas
não fora capaz de ensinar costumes americanos em apenas dez anos.
Laurence Harris não sabia que um jovem não devia convidar uma
moça para dançar mais do que duas vezes, muito menos três sem
interrupção.
A princípio, Harris não desejara dançar com a srta.
Cathy, mas, já que começara, não via razão para parar.
Tratava-se de uma boa parceira de dança e queria continuar junto
dela, pois gostava do som de sua voz, melodiosa e agradável aos seus
ouvidos. Queria continuar dançando, pois gostava de observar suas
reações, vivas e variadas.
Imaginava o que Attean pensaria de uma deusa tão pouco
assemelhada a uma deusa como ela. Achava que ele concordaria em
que ela estava totalmente envolvida com problemas, mas nem
mesmo se dava conta disso.
Ouviu os primeiros acordes de uma balada mais lenta e
ofereceu-lhe a mão para uma terceira dança. Ela arregalou os olhos.
Parecia pronta para declinar, como da primeira vez.
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interiormente. Sabia que ela não apreciara seu conselho, mas não o
confessaria. Ela simplesmente sorriu e cedeu, conciliatória:
— Talvez esteja certo, senhor! Mas não precisa desdenhar. O
que acha que eu deveria fazer?
— Antes de a noite terminar, você deve pedir a todos que
levem suas cartas amanhã no funeral. Depois do enterro, poderá
descobrir se existe uma mensagem.
— Certo, razoável. Mais alguma coisa?
— Não deve mencionar nada àqueles que não receberam
carta alguma. — Ele permitiu que ela assimilasse o conselho. — E
pensar que não precisava da minha ajuda!
Cathy era toda indignação agora.
— Digamos que esse conselho quita seu débito para comigo,
senhor! Certamente, deve considerar quando seus serviços são
suficientes.
Ele a encarava fixamente, só para ver a reação.
— Certamente,, meus serviços vão parar por aqui no
momento, pois aí vem o jovem Cock.
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Harris lhe dissera. Algo sobre as cartas de Old Hitch. Algo sobre não
mencionar o fato a ninguém que não houvesse recebido carta.
Notou as próprias mãos suadas. Estavam aquecidas e secas
quando dançara com o sr. Harris.
O ideal tentou mais uma vez.
— Corrija-me se estiver errado, mas acho que nunca
tivemos o prazer de dançar juntos, não é, srta. Cathy?
Dessa vez, as palavras de MacGuff atingiram seu cérebro.
Não podia tolerar comportar-se como uma idiota por muito tempo. Só
haviam dançado juntos duas vezes e ela guardara as lembranças
como um tesouro dentro do coração. Se ele se esquecera ou estava
apenas brincando, não sabia, mas recobrou-se o suficiente para
esclarecer:
— Oh, não, MacGuff, não é a primeira vez! — Ocorreu-lhe
que dançara o mesmo tanto com o sr. Harris.
Optou pelo caminho cauteloso da verdade.— Não me lembro
de termos dançado no festival do ano passado...
— No ano passado, nesta época, eu já me decidira trocar
Hillborough por Raleigh — replicou ele, sorrindo, com uma mistura de
nostalgia, ambição e lamento comedido —, para construir algo para
mim mesmo. — Intensificou o sorriso enigmático. — Não estava preo-
cupado em manter relações que seriam quebradas.
Deveria explorar o significado daquela frase? Podia concluir
que MacGuff não dançara com ela no festival do ano passado não
porque não estava interessado, mas porque estava deixando a cidade
para se auto-afirmar? Queria tanto acreditar naquele sorriso que
sentiu os olhos marejar. Então, numa imagem desfocada, percebeu
que o sorriso dele tomara um ar fixo, que a lembrava da própria
franqueza. Orgulhosa, conseguiu não se atrapalhar com os pés e com
a língua e restabeleceu a visão.
— Parece que você foi para a frente em Raleigh — comentou
Cathy. — Ao menos foi o que sugeriu quando o vi esta tarde.
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das terras era fazer divisa com seu pomar. Uma herança que não
prometia muito — se fosse herança.
A conversa tomara um rumo distinto e artificial, como se
uma maçã caísse prematuramente da árvore. Não precisou se
preocupar mais com isso, pois a dança terminou.
MacGuff fez uma mesura e agradeceu a companhia
agradável.
Cathy, ainda distraída, pensando em Old Hitch, não fez o
cumprimento usual. Ao invés disso, perguntou:
— Recebeu uma carta de Old Hitch hoje?
— Como poderia? — respondeu ele, com surpresa
exagerada. — Deixei Raleigh ontem de manhã.
— E verdade, mas...
— Mas? — Ele estreitou o olhar.
— Pensei, talvez... — começou Cathy, então interrompeu-
se. — Não, claro que não podia ter recebido uma carta dele hoje. —
Encolheu os ombros. — Não sabia o que estava falando. Mas suponho
que tenha recebido uma carta dele na semana passada, não?
Ele arregalou os olhos.
— Duas — declarou ele. — Recebi quando voltei de Sanford.
O vigor do ataque dele sobre mim me fez duvidar sobre seu estado de
saúde. A segunda me fez acreditar que ele estava nas últimas. Então,
voltei o mais rápido que pude a Hillsborough, como ele me pedia. —
Mostrou-se pesaroso. — Entretanto, cheguei tarde demais, como
sabemos.
Cathy avaliou aquelas informações.
— E ele só fez reclamações? — investigou.
— O que mais meu tio me escreveria? — replicou MacGuff.
— Acha que ele reconheceria que eu tinha sido bem-sucedido quando
ele previra que eu falharia?
— Pouco provável — admitiu Cathy —, se não impossível.
— Então, vou fazer mesura novamente e agradecer mais
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muito viva.
Encarando-o, disse:
— Está tão irritado comigo quanto eu com o senhor, mas por
motivos diferentes, que não vou me incomodar em explicar no
momento. Em adição, sente-se confiante em rechaçar os irmãos
Watts em seu próprio jogo, seja ele qual for, e está ansioso para se
confrontar com eles ao invés de ficar aqui falando comigo! Ah-ah!
Sim, Agora, estou vendo que está surpreso com o que eu disse. —
Ergueu a cabeça. — E diria que está se divertindo com isso, também.
Bem, então, estou certa?
— Quase — admitiu Harris. Soltou-a e voltou-se. Pegou-a
pela mão e continuou a caminhar pelo atalho que só ele conhecia. —
Exceto que não estou me divertindo.
— Você está se divertindo - insistiu Cathy —, talvez apenas
ainda não saiba disso. Agora, me diga qual é o seu grande esquema.
Ele instigou:
— Me fale qual é o seu bem mais precioso.
Ela precisou pensar naquilo e então, ainda ponderando,
arriscou:
— Os brincos de minha mãe ou a Bíblia de meu pai. Ele não
se voltou.
— Tente mais uma vez.
— Não sei o que quer dizer.
— Você ficaria desolada.
Cathy estava meio ofegante, pois Harris mantinha um ritmo
de caminhada forte pelos arbustos. Ficou surpresa quando chegaram
ao limite da propriedade. Olhou para a rua por onde os Watts e os
Duke estavam chegando com suas tochas.
De repente, entendeu o que o sr. Harris já adivinhara. Em
voz baixa, exclamou:
— Eles não se atreveriam!
— Não sei se eles se atreveriam, mas poderiam prejudicar
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venenosa.
Cathy estremeceu e começou a olhar em redor, ansiosa.
— Pegou bem entre os olhos — avaliou Boy. Hank gostava
cada vez mais do galês.
— Bem, agora — declarou ele —, vamos trabalhar no seu
plano.
Hank e Boy se separaram e desapareceram no pomar. Ainda
olhando em redor, Cathy perguntou:
— Está vendo mais alguma cobra?
Harris balançou a cabeça, colocou a bolsa de flechas ao
ombro e pegou-a pela mão.
Caminhando pelo pomar, ela perguntou:
— Eu faço alguma coisa nesse seu plano? — Protestaria
rápido se ele dissesse que não.
— Claro — declarou ele, e conduziu-a para a árvore da qual
ela caíra naquela tarde. — Para cima você vai. — Entrelaçou os dedos
das mãos para que ela apoiasse o pé e alcançasse o primeiro galho.
— O que devo fazer?
— Pule em qualquer um que passar por aqui, grite e espere
que eu venho ajudá-la.
Ela assentiu e ele partiu. Só depois que subiu viu melhor o
pomar e a casa, percebendo que ele a colocara fora do caminho.
Colocara-a na árvore mais central do pomar e por isso, a mais segura.
Teria descido da árvore para tomar uma parte mais ativa na proteção
de sua propriedade, não fossem as cobras, que nunca a haviam
importunado antes. Então, era tarde demais para fazer qualquer coisa
útil, pois estava presenciando uma cena extraordinária.
As luzes das tochas permitiam que ela acompanhasse cada
passo dos Watts e dos Duke. Eles não tinham colocado fogo nem na
casa, nem na despensa. Os sete estavam subindo a colina, direto para
o pomar.
Sozinha na árvore, sem a presença reconfortante do sr.
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OITO
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com alívio que não estava tão ciente do corpo dele como estivera na
noite anterior. — Ficaríamos satisfeitos em tê-lo na nossa
congregação hoje, posso assegurar. E um dia muito especial, sabe, já
que vamos sepultar Old Hitch.
— Não sou cristão.
Cathy ficou fascinada ante a dimensão daquela declaração,
já que até aquele momento considerara-o um anjo da guarda.
— Vejo você depois do culto, então.
Ele assentiu.
Cathy apressou-se e, percebendo a expressão preocupada
do reverendo Lee,-comentou:
— Tenho certeza de que vai correr tudo bem.
— Bem? — repetiu ele. — Não sei por que Old Hitch insistiu
para que seu desejo final não fosse lido antes de hoje. É muito
irregular, para não dizer totalmente desconcertante!
— É incomum — concordou Cathy. — Mas que mal pode
haver?
Logo descobririam.
Cathy precedeu o reverendo ao entrarem na pequena igreja.
Sentou-se na terceira fila, assentiu à sra. Travis à sua esquerda e
inclinou-se para a frente para cumprimentar George também, que
estava sentado à esquerda da mãe.
— A srta. Ginger tem melhor senso do que se esperaria,
olhando para aquele rosto bonito — comentou a sra. Travis.
Cathy sorriu, satisfeita, e bateu na mão da matrona.
Acompanhou o olhar da sra. Travis até onde Ginger Mangum estava
sentada.
A mesma luz que caía sobre Ginger iluminava MacGuff,
sentado à frente dela. Cathy pensou que nunca vira um homem tão
perfeitamente personificado como seu ideal. Desejou que o sr. Harris
pudesse reesculpir totalmente seu rosto, tornando-o mais atraente.
Desistiu quando percebeu que a tarefa estava mais para fada
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perguntou:
— O que o velho disse a seu respeito? Cathy riu e revelou,
sem embaraço:
— Que uma pessoa com o coração tão compassivo e idéias
românticas devia ter o rosto de Ginger Mangum. Oh, sim, e que andar
por aí sonhadora me deixava com um ar ainda mais idiota do que eu
já tenho!
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corretas.
Cathy encarou-o e pensou nele na noite anterior, andando
por atalhos no escuro, atirando flechas, gritando e batendo.
— Ele frequentemente estava certo, eu diria, e estaria
completamente errado a seu respeito. — Ela ergueu a cabeça e
avaliou-o. — Você não vai arrumar um canto, acho. Pelo menos, não
tão já. Prefere andar pelo mato a percorrer as ruas e minha aposta é
que você gosta ainda mais das florestas densas. Mas Old
Hitch não o conheceu, então, não sei o que ele diria sobre
você, exceto, talvez, que você está fazendo um bom trabalho em
cuidar de mim, não que ele fosse admitir! Bem, chegamos.
Harris pousou a mão sobre o portão, mas não o abriu. Ao
invés disso, parou e apoiou-se contra a cerca.
— Mora aqui sozinha?
Ela olhou pela rua. Como não via sinal de George, Clive,
Ginger ou dos rapazes, não estava com pressa em entrar e fazer
preparativos para recebê-los.
— Sim.
— Sempre morou aqui?
— Sim.
— Há quanto tempo está sozinha?
— Mais ou menos dez anos — declarou Cathy. — Desde os
catorze anos. — Não pôde deixar de sorrir provocadoramente e bater
os cílios para ele. — Mas não vou contar a minha idade, porque seria
óbvio.
Ele sorriu. Com os olhos, ao menos, não com os lábios.
— Está sozinha há dez anos, então, cuidando da casa e do
pomar?
Ela assentiu.
— Mamãe morreu há dez anos. Meu pai morreu quando eu
tinha cinco anos.
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fazia com minhas sementes! Ele devia achar que eu não sabia de
nada, quando para todo mundo estava perfeitamente claro que eu
sabia. — Ela pensou sobre esse assunto e sorriu, orgulhosa. —
Embora fosse reconfortante saber que ele estava por perto.
— Sempre morou sozinha depois da morte de sua mãe?
— Sim.
— E a proprietária então?
— Suponho que sim, porque depois que minha mãe morreu,
ninguém me despejou e aprendi a pagar os impostos. — Cathy fez
uma careta. — Ou, pelo menos, Old Hitch me obrigava a reservar um
dinheiro todos os meses para o coletor de impostos.
— E quanto ao pomar? E a proprietária também? Ela sorriu,
desta vez, com orgulho.
— E meu pomar e de mais ninguém! E se eu não sou a
proprietária, os verdadeiros proprietários terão que passar sobre o
meu cadáver para reavê-la! Lembro-me de ficar no pomar com meu
pai, fazendo qualquer coisa para ajudá-lo! Embora só tivesse cinco
anos! Cresci com as árvores. São a minha vida e as minhas amigas!
Com pouco incentivo, Cathy foi encorajada a falar sobre as
práticas agrícolas da cultura da maçã, a dimensão do negócio e a
parceria com a estufa em Chatham. Falou sobre as variedades de
maçãs e os usos mais adequados para cada uma. Dissertou sobre as
técnicas de enxertos e suas vantagens e desvantagens.
Achando-se tagarela, perguntou:
— Já ouviu o bastante, sr. Harris? Ele assentiu.
Cathy olhou para a rua e então, de volta a ele.
— Ótimo, pois os outros já estão chegando. E temos
trabalho a fazer.
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NOVE
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descobri-la é a tarefa.
Ela balançou a cabeça.
— O que acha que significa?
— Acho que significa que nós vamos tirar uma conclusão de
todas essas dicas — sugeriu Cathy.
— Sim! — aprovou Clive, entusiasmado, reforçando
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palavra?
— Noiva?
— Sim, noiva. — Ele a encarou. — Considerou os
sentimentos dela também?
— Sim — assegurou Cathy, séria. — E um problema muito
difícil saber o que fazer com ela. Na noite passada, tentei encontrar
vários cavalheiros para substituir... — Interrompeu-se, e a expressão
séria tomou um ar conhecedor.
Ele sentiu novamente aquele alívio no peito quando olhou
para ela e imaginou por que era considerada comum. Não era
nenhuma beldade, mas sua expressão facial era tudo, menos comum.
— Considerou vários cavalheiros? — tentou esclarecer, com
educação.Ela estava cansada daquilo. Ao invés disso, acusou:
— Está tentando me salvar de novo, não é?
DEZ
Cathy não se deixou enganar pela expressão inocente de
Harris. Embora tivesse que admitir que ele fazia um excelente
trabalho mantendo o rosto impassível, não deixou de notar o brilho
bem no fundo de seus olhos.
— Oh, sim, você está — insistiu ela. — Você está tentando
me salvar de mim mesma, acho, e quer mudar o meu jeito de
interferir em todos os assuntos. — Rapidamente ergueu a mão em
protesto, evitando que ele se manifestasse, embora estivesse bem
claro que ele não tinha a intenção de abrir a boca. — Não que eu
esteja admitindo que interfira na vida das outras pessoas. Em
absoluto! Pelo contrário, eu torno suas vidas mais fáceis, percebe, e...
e facilito o que aconteceria naturalmente de qualquer maneira. —
Estava muito satisfeita com aquela interpretação. —Além disso —
continuou, estragando o efeito —, vai contra a minha natureza ficar
olhando, sem fazer nada.
— Vai se acostumar. — Como assim?
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— Olhe lá.
Ela olhou para a colina, onde George parara para esperar por
Ginger, que ia passar fingindo que não o via. Então, ele lhe disse algo
e ela estacou e lançou-lhe um olhar — a expressão exata não era
visível àquela distância — mas ela não passou por ele teatralmente,
nem parecia objetar ao que ele dizia. Voltou-se de forma convidativa
para que caminhassem juntos. George podia estar meio abobado,
mas não era idiota. Acompanhou-a.
— Bom garoto! — comentou Cathy, aprovadora, quando
George começou a caminhar vários passos respeitosos atrás de seu
amor. Voltou-se para o sr. Harris. — Mas não fique pensando que o
meu trabalho está terminado! Ainda temos que dobrar a sra. Travis.
— E o problema da rival da mulher maçante — acrescentou
ele.
— Você se preocupa demais com a srta. Sylvia — censurou-
o —, e estou achando difícil manter uma conversa séria com o senhor!
— Bateu brincalhona em seu braço. — Já que não se importa com os
sentimentos dos meus queridos amigos... e, afinal de contas, por que
deveria?, vamos voltar a nossa atenção ao quebra-cabeça mais
imediato das cartas de Old Hitch. Francamente, acho que ele estava
querendo que nós fizéssemos...
Ele a interrompeu, autoritário.
— Saberemos o que ele tinha em mente assim que
resolvermos o quebra-cabeça e saberemos o que fazer assim que
chegarmos à propriedade.
Rudemente interrompida, Cathy teve que segurar o fôlego.
Então, engoliu a censura e seu suspiro seguinte foi de divertimento.
— Você está realmente tentando me modificar, não é?
Imagino que você estivesse achando que eu ia discorrer sobre todas
as possibilidades de interpretação do poema de Old Hitch,
completando com planos de ação vários. Bem! Deixe-me informá-lo,
senhor, de que me recuso a dar-lhe a satisfação de confirmar as suas
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ONZE
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assombrosos no barracão.
Harris caminhou até a borda da varanda e olhou para cima,
onde as velhas colheres estavam penduradas numa roda de metal
pequena. Deu uma batida para que se chocassem novamente,
reproduzindo o som que ouviram no barracão. Então, virou a cabeça à
direita, em direção ao grupo em torno do relógio na campina, para a
esquerda na direção do poço, então, de volta à srta. Cathy, que
avaliava as colheres, curiosa.
— Ora, os sinos!Mas é claro!
De repente, ele soube, e foi uma descoberta rica e em dose
dupla. Sabia por que uma jovem faladeira, mandona e comum estava
descontrolando-o e sabia também a solução para o poema de Old
Hitch.
Ele estivera sob a influência dos acontecimentos na mata,
quando desejou beijar a deusa pouco assemelhada a deusa. Tendo-a
em seus braços, sentiu aquela necessidade máscula novamente, o
desejo pela mulher que conhecera no dia anterior. Dessa segunda vez,
entretanto, foi mais forte e acompanhado do sentimento de alívio por
estar a seu lado. Com ela em seus braços, com o corpo totalmente
junto ao seu, os lábios próximos, aquele desejo transformara-se em
encantamento. Uma liberação.
Sentia-se livre da raiva que sempre lhe dava força contra
seus inimigos e deixava-o indiferente às mulheres.
Estava surpreso com a ausência de raiva e, ao mesmo
tempo, sentia-se assustadoramente indefeso. Queria fugir das
emoções emergentes, que não sabia denominar, mas o desejo era
ainda mais forte do que a surpresa ou o medo. Pela primeira vez na
vida, estaria à mercê do desejo, e queria saber até onde isso o
levaria.
Então, os rapazes começaram a gritar alguma coisa, a srta.
Cathy sorriu e o momento foi perdido. Agora, não sentia-se mais
confuso. Sua missão estava novamente clara, tão clara quanto a
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ironizou Orin.
— Sim, uma época de pêsames — continuou Harris, sereno
—, quando ele espera ser tratado com delicadeza. — Voltou-se para
Hank e sorriu com os olhos. — Acha que poderia fazer isso?
— Perguntar a ele delicadamente? Considerando a dor dele?
— esclareceu Hank, cético. — Acho que não e não vejo razão,
conhecendo o jovem MacGuff...
— Não importa a atitude dele antes da morte do tio —
interrompeu Harris. — Notei o quanto ele estava soturno esta manhã.
Acho, sob essa circunstância pouco usual, que devemos nos
aproximar dele... delicadamente, como disse.
— Acho que o sr. Harris está certo — declarou Cathy.
— Acha que MacGuff está escondendo alguma coisa?
— Não exatamente escondendo — retrucou ela, tentando se
convencer de que MacGuff estava apenas tentando preservar a
privacidade. — Mas concordo com o sr. Harris de que devíamos fazer
a coisa... gentilmente, e não simplesmente chegando a ele e
perguntando direto.
— Então, vamos mandar a srta. Ginger perguntar
indiretamente — sugeriu Hank, batendo os cílios, sarcástico.
Harris assentiu, impassível, dizendo que a sugestão de Hank
se aproximava do que tinha em mente. Na verdade, um toque
feminino, declarou, era precisamente do que estavam precisando
naquela situação.
Todos olharam para a srta. Ginger.
Naquele instante, George se manifestou, motivado.
— Bem, não vai dar! — declarou, com força e autoritário. —
Não vou deixar a srta. Ginger flertar com MacGuff, conversar e ser
agradável com ele! Ora, todo mundo conhece a fama de MacGuff com
mulheres e ele é capaz de querer se aproveitar da srta. Ginger... —-
lançou um olhar protetor à amada —, ... da doce e bela srta. Ginger.
Ginger devolveu o olhar com um tom de alegria ao ver o
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DOZE
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Harris".
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declarou, solene:
— Não acredito que essa seja a estratégia que a srta.
Ginger tinha em mente quando sugeriu que você me agradecesse.
— Oh, não? — desdenhou Cathy. — Suponho que você saiba
o que Ginger tinha em mente...
Foi interrompida no meio da frase quando ele se inclinou e
disse:
— Eu sei e é isto. — Então, cobriu os lábios dela com os
seus.
Cathy ficou momentaneamente incapacitada de falar. Ficou
surpresa também, pois era a primeira vez, sim, a primeiríssima vez
que era beijada daquela forma, pelos lábios de um jovem, quentes,
gentis, indagadores. Antes que pudesse registrar outras reações,
Harris se afastou. O primeiro beijo doce estava acabado.
— Não pensei que não fôssemos demonstrar as liberdades
que MacGuff pode tomar, já que estamos presença de duas senhoritas
— protestou Boy.
Ginger assumira seriamente o papel de professora e não
queria parar.
— O que estamos tentando ensinar a Cathy é não deixar
tão óbvio que ela pode tomar conta de si mesma.
— Para Boy, declarou: — Você tem razão. Não devemos
avançar demais nas lições, nem tornar Cathy desejável demais, a
ponto de induzir MacGuff àquelas liberdades. Ninguém, exceto Harris,
achava que havia perigo naquilo. Decidiram que as lições deviam
prosseguir.
— Agora, vamos começar de novo — decretou Ginger. Cathy
ficou espantada.
— Começar de novo?
— Sim, precisa praticar o agradecimento ao sr. Harris por
ajudá-la com o xale — explicou Ginger. — Sr. Harris, por favor, retire o
seu braço do balanço. Agora, Cathy, tente arrumar o xale novamente.
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dos lábios dele colados aos seus, dos braços ao seu redor, do desejo...
Ouviu Hank dizer:
— Bem, declaro que isto definitivamente cala a moça!
Nunca imaginei que beijar a impedisse de falar. Nunca teria tentado,
nem mesmo pensei nisso!
... Tão na presença de todos...
Clive parecia estar cronometrando o evento:
— Quinze... vinte... vinte e cinco...
— E um homem valente, galês. Tia Rachel miou.
— Trinta segundos e contando!
— Uuuuiiii!
... Que interessante ser beijada por um homem que nem
conhecia, ser capaz de sentir a curva do sorriso e a risada represada
dentro dele. Não podia evitar. Seus lábios tremiam contra os dele, e
começou a rir, interrompendo o beijo.
— Trinta e cinco segundos! — decretou Clive. Ginger franzia
o cenho.
— Você não devia rir, Cathy.
— Não? — respondeu ela, tonta de alegria. -— Como não
devia?
— Bem, o sr. Harris não está rindo — ponderou Ginger.
Cathy olhou para ele e viu o divertimento em seus
olhos, mas o semblante estava impassível.
— Como consegue, senhor? — perguntou ela.
— Consigo o quê?
— Não rir ante coisas tão absurdas!
— Tenho mais autocontrole do que você.
— Aparentemente sim — incentivou Ginger —, enquanto
você, Cathy, vai ter que aprender a se controlar, se quiser convencer
o jovem MacGuff com conversa doce. Realmente, o que acha que
aconteceria se estivesse beijando MacGuff, tentando convencê-lo a
citar os versos para você, rindo desse jeito? Então, onde estaríamos?
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por um beijo, mas acho que não é mulher suficiente para mais.
Cathy estava tentando se ajustar à súbita mudança de
ânimo.
— Acha que fiz isso tudo só para que me beijasse? Ele se
levantou e olhou para ela.
— Por que mais elaboraria esse esquema todo?
— Talvez eu quisesse saber se o seu tio lhe escreveu no final
da vida — ofereceu ela.
— Talvez — concedeu ele. — Clive abre a correspondência
de todo mundo e ele lhe contou sobre as cartas do velho. — Percorreu
o cabelo e o vestido dela com o olhar. — Então, você me preparou
uma refeição e tentou me ludibriar com o decote de um vestido fora
de moda.
— Como sabe que eu não recebi uma carta igual? Uma com
versos que rimam com os seus?
Ele sorriu, confiante.
— Porque, se tivesse recebido, já teria me dito, a esta
altura.
Cathy ficou surpresa.
— Teria?
Ele alargou o sorriso.
— Bem, querida — desdenhou ele. — Eu beijei você e
perguntei; depois, beijei de novo. Você não contou nada, porque não
tinha nada para contar. — Apreciou-a com o olhar novamente. — Acha
que eu não sei que tem um fraco por mim? — Então, levantou-se e foi
embora.
Cathy estava atônita, sem fala. Observou a partida dele pelo
portão, que ficou batendo.
A princípio, sentiu-se humilhada. Entretanto, o sentimento
familiar não perdurou, porque uma força maior cresceu dentro dela,
nova e pungente, como grama na primavera.
— Imbecil arrogante!
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QUINZE
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sons de prazer.
Então, ela pousou as mãos sobre o tórax dele, gentilmente,
enquanto tentava tirar-lhe a camisa. Mas ele não permitiu. De alguma
forma, enquanto ela lhe explorava os músculos do tórax, ele deslizara
as mãos até seus quadris, pressionando-lhe as nádegas, apertando-a
mais contra si. Ao mesmo tempo, erguia-lhe a saia pela barra.
Mantendo as pernas de ambos entrelaçadas, passou a mão na pele
nua das coxas.
Ela se assustou. Tentou se afastar. Assim que ela reagiu, ele
afrouxou o toque. Tão logo deixou de sentir os seios contra o peito
musculoso, porém, ela se moveu novamente para junto dele. Ele
continuou a tocar-lhe as coxas. Ela tentou se ajustar à próxima
sensação, mais intensa, mais perigosa. A cordinha de sua calcinha
devia ter sido afrouxada, pois sentia a mão dele entre suas coxas. Ele
passava os dedos das coxas às nádegas, pressionando-a contra o
próprio corpo. Ela sentiu a masculinidade dele. Começou a se sentir
excitada também.
Ele passou a mão entre as coxas dela novamente,
introduzindo-a, provocando, explorando as dobras da feminilidade.
Então, voltou a beijá-la, possuindo-lhe a boca por completo.
Se ela quisesse recuar, não mais poderia. Podia sentir o desejo dele, a
confiança e o objetivo. Ele lhe massageou a parte interna das coxas,
em movimentos circulares. Ela afastou levemente as pernas, induzida
por forças estranhas. Ficou ciente de novos espaços em seu corpo,
pequenos, secretos e inexplorados.
Ele pressionou a ponta dos dedos num ponto em particular,
sempre beijando-a gentilmente. Um ponto promissor. Certamente
interessante. Valia a pena examinar. Surpresa, ela sentia mais prazer
à medida que ele a provocava com os dedos, em gestos circulares.
Sentia-se completamente envolta por ele, por seus lábios, seu peito,
seu abdômen, suas coxas, e as carícias excitavam uma estranha
semente a brotar.
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abalroou Clive.
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DEZESSEIS
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ficou ciente da escuridão interna que fora parte dele por tanto tempo
antes que conhecesse a srta. Cathy Davidson. Gostava menos ainda
da escuridão do que do sofrimento que sentia, e tentou encontrar um
meio de aliviar a sensação, sem encontrar nenhuma estratégia que
funcionasse.
Rapidamente, cruzou a distância entre o pomar e o
acampamento junto ao rio, sentindo-se sombrio e tenso, sem nada
para fazer até o anoitecer. Sentiu-se pouco melhor sob o céu escuro e
o prateado distante das estrelas.
Acendeu uma pequena fogueira e fez uma leve refeição,
alimentando-se do que a terra e o rio proviam. Então, banhou-se no
mesmo rio, submergindo nas águas frias e apreciando a corrente
limpa envolvendo-lhe o corpo como num ritual de purificação. Água
nenhuma lavava a pele manchada que se espalhava da base do
pescoço até um dos ombros, na frente e atrás, como um manto de
cobre antigo.
Pensou muito sobre o fogo que levara sua mãe, sobre os
dois pais, sobre as duas infâncias, como tinham sido proveitosas e
como permanecera um adulto inexperiente. Pensou na adolescência e
no desejo que pretendia satisfazer. Tentou ponderar o que sentia
entre urgência exuberante e necessidade refreada. O que sentia
naquele momento era urgência exuberante.
Vestiu-se. Calçou os mocassins, equipou-se com o arco e as
flechas, saindo pela trilha que conhecia de cor. Sentia o caminho com
os pés, a escuridão protegia-o, e mantinha os pensamentos livres.
Recordou a raiva que o guiara por tantos anos. Levara-o do
lar iroquês, colocando-o na soleira da porta do homem com quem a
mãe se casara, para a desgraça da tribo. O homem que lhe roubara o
nome e a dignidade — ou assim pensava ha época. A honra indígena
requeria que o matasse. Tentara, e Morgan exibia a raiva do filho em
uma cicatriz no braço e ombro.
Era o jovem guerreiro Tohinontan. Agora, crescido com o
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proteger do invasor.
Ele simplesmente, levou uma mão ao rosto e ergueu a outra,
indicando que estava desarmado e por isso mesmo, inofensivo.
Ele permitiu que ela se acalmasse naturalmente e reagisse
como quisesse. Estava preparado para ouvi-la tagarelar, seduzi-la ou
fazer qualquer outra coisa para mantê-la na cama. Por isso, ficou
contente por ela ter apenas suspirado quando o identificou. Então, ela
riu. Achava que ela também sorrira, mas não podia afirmar, dada a
escuridão no quarto.
— São muito desconcertantes essas suas aparições.
Repentinas, saindo do nada e nos locais mais estranhos! — censurou
ela.
— Este é um lugar estranho? — replicou ele.
Ela não respondeu, mas ele a ouviu suspirar profundamente
ante a pergunta atrevida.
— E não saí do nada — continuou ele.
— Pensei que tivesse deixado a cidade — comentou ela.
Ele identificou um tom de alívio na voz. A leveza que o
abandonara antes estava retornando.
— Por que pensou isso? — perguntou.
— Você saiu do pomar tão abruptamente — esclareceu ela
—, e parecia zangado.
— Não zangado — respondeu, confiante —, embora admita
estar me sentindo violento. Por ter que sair de repente, sem nenhuma
escolha.
Ela limpou a garganta.
— Bem, foi mesmo um bom exemplo desaparecer daquele
jeito! Eu não teria o sangue frio para tanto, percebe?
Ele ouviu a mágoa e a reprimenda contra ele por tê-la
deixado numa posição delicada debaixo da macieira. A leveza dentro
dele cresceu. Cresceu de forma agora familiar, retesando os músculos.
Começou a achar que o corpo sorria.
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pletamente surpresa.
Ele manteve o olhar no brilho intenso dos olhos dela.
Permaneceram assim, sob a iluminação fraca e, no silêncio bastante
significativo, ele soube que ganhara a confiança dela e que a tinha
desde o início.
Ela dobrou os cotovelos, relaxada. Não mais o mantinha a
distância. Agora, estava simplesmente tocando-o. Com voz fraca e
provocadora, ela perguntou:
— Está tentando me salvar novamente?
Ele lhe cobriu a mão com a sua sobre o peito. Sentiu o
sorriso no corpo se alargar.
— Depois que a deixei no pomar, francamente, estou mais
preocupado em me salvar da agonia prolongada.
— Prolongada...? — começou ela, então emitiu um "oh"
conhecedor.
Num esforço de trazer alívio a si mesmo, ele ousou:
— Podia demonstrar o que quero dizer.
Ela não piscou nem removeu a mão, mas tampouco aceitou
a ousadia.
— Então, vamos ver se entendi. Estou fazendo um favor a
você agora? Estou salvando você em retribuição às vezes em que me
salvou?
Ele lhe apertou a mão e acariciou levemente os dedos.
— Não tinha imaginado a coisa assim, nem pensei em
termos de salvação. — Aproximou-se, o sangue, os músculos e a pele
colados nela. Esperava ter a habilidade e a paciência de trazer os dois
desejos a um mesmo nível na hora certa. — Se pensar no episódio do
pomar, deve se lembrar de que tentei com afinco arruiná-la.
— E uma maneira deselegante de estabelecer o assunto!
— Só estou seguindo o conselho que me deu outro dia: que
eu continuasse a responder às suas perguntas direta e honestamente.
— Devia saber que era culpa minha — resmungou ela,
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bom que a trouxe para junto de si, e não a penetrou naquele mesmo
instante.
— Não tenho certeza... — declarou ela, hesitante. — Isso
não está certo.
— Vou ter que machucá-la — informou ele. — Mas assim
você também vai sentir prazer.
Ele a beijou profundamente, agarrou-a pelos ombros e a
puxou contra seu tórax, deixando-a com as costas encurvadas. Baixou
as mãos e acariciou-lhe os seios antes de descer mais, até a cintura e
os quadris. Segurou-a firme, puxando-a para contra o próprio corpo,
mas, antes de penetrá-la, introduziu a mão e tocou a semente do
desejo dela. Ficou mais excitado ao sentir a região úmida e sentiu
satisfação em massagear a semente, alimentando-a, imaginando-a
florescer até um fruto maduro, e aninhou-se nela até se implantar.
Aninhou-se até encontrar a resistência da inocência. Guiou-a
pelos quadris com a mão, pressionando-a pelas costas. Ela o
presenteou, esforçando-se para que ele se introduzisse. Ele
concentrara os ossos, os músculos, as emoções e a atenção num
único objetivo: o corpo tenso de prazer. Estava em território
totalmente virgem, oculto, desconhecido, inexplorado. Do jeito que
sempre gostara.
A jornada não acabou naquele instante. Ao avançar mais
alguns graus de temperatura, sentiu-se entrando num anel de fogo.
Temia e respeitava o fogo. Fora queimado e desfigurado pelo fogo. De
repente, não temia mais essa força da natureza, não mais a
respeitava e, se aquilo era o inferno, não queria sair dali nunca mais.
Mas era um tipo diferente de inferno. Tratava-se de um inferno fluido
e tinha sabor de novo para ele. Sentia o corpo saturado desse fogo
fluido. Estava rodeado por ele, envolto, queria que o fogo jamais se
extinguisse. Queria que o fizesse flutuar.
Sentia a alma ferida novamente jovem. Era o pássaro de
fogo. Sobrevivera ao fogo e vivera para lutar. Quando estava pronto
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DEZESSETE
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começou a provocar.
Ele levou os lábios até seu ouvido:
— Estou pronto para responder à sua pergunta.
— Está? — repetiu ela, sonolenta. Ele continuava lhe
acariciando as coxas. — Qual era mesmo a pergunta?
— O que eu achava sobre fazer amor pela primeira vez.
— Oh, sim — suspirou ela. — E uma boa pergunta. —
Suspirou de novo. — E a resposta?
— E como ter passado fome a vida inteira — declarou ele —,
então, não é só o seu corpo que está faminto, o apetite também.
Então, de repente, tem-se uma refeição de verdade. Não é só como
se o corpo fosse alimentado. O mais importante é trazer de volta o
apetite.
Ela seguia a explicação, atenta. Sempre tivera bom apetite e
não passara fome a vida inteira. Talvez por isso se entregara tão
facilmente ou, pelo menos, por isso a transição entre acariciar e fazer
amor tivesse sido tão tranqüila e natural para ela.
— Seu apetite voltou? — provocou Cathy, voltando-se
levemente, gozando do toque contínuo.
— Sim — declarou ele, contra o pescoço. — Estava faminto e
nem mesmo sabia. Agora que tive uma amostra, acho que nunca terei
o bastante. Disso. De você.
O apetite, negligenciado por tanto tempo, estava de volta. O
apetite dela, bem nutrido, simplesmente fora acrescido de uma
dimensão que ela só encontrara com ele. Em seus braços,
conscientizava-se de uma reserva de afeição e carinho que nenhum
outro homem conseguira instigar. Ao toque dele, reagia com um
apetite saudável e sem culpa, que sempre fora seu e pelo qual
nenhum homem se interessara, nem conseguira instaurar antes.
— Será possível — perguntou ele —, que pela primeira vez
você não saiba o que dizer?
Cathy tinha a resposta perfeita, uma que pensou que nunca
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do escurecer.
— Como farei isso?
— Não sei.
— Então, esse é o meu problema? Fazer com que ele vá à
casa de Old Hitch?
— Sim.
— Quer dizer, sozinho?
— Você pode ir com ele, se quiser.
— Onde ele... nós devemos aparecer? Ele considerou a
pergunta.
— Junto ao relógio de sol.
— O que pretende fazer? Ele não respondeu.
— Não vai me contar? — Ela ficou frustrada, mas queria
mantê-lo através de perguntas.
Ele balançou a cabeça, decidido. Então, sua expressão
mudou imperceptivelmente. Lançou o olhar ao rosto dela, então, aos
seios, que ela não cobrira e, então, de volta ao rosto. Hesitou.
— Sim? — incentivou ela, esperançosa. Ele balançou a
cabeça novamente.
— Ia dizer alguma coisa?
— Não.
— Quer dizer alguma coisa?
— Não.
— Realmente, pareceu que você ia falar. — Ela se sentia
ridícula, insistindo daquele jeito, mas não conseguia se conter. Faça
uma pergunta direta, senão ele não vai responder!
— O que você ia dizer? — perguntou ela, tão calma quanto
pôde.Erguendo-se da cama, ele simplesmente lembrou:
— Eu disse que você fala demais.
Sob o olhar atônito e admirado dela, ele se vestiu, pegou o
arco e as flechas, saiu pela janela sem fazer ruído e desapareceu na
aurora cinzenta.
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DEZOITO
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— Obrigado.
— Esqueceu no balcão da cozinha ontem — comentou ela,
encolhendo os ombros, despreocupada. — Imaginei que voltaria hoje.
— Imaginou? — Ele estava tentando fazê-la falar.
— É o que se deduz. — Ela não ia facilitar. — E para provar,
aqui está você.
— Aqui estou eu — repetiu ele, açucarado.
Ele é muito bom, pensou ela. E ainda bem que sou imune.
Cruzou os braços, fazendo os seios erguer sensualmente.
— Aqui está você — repetiu ela —, e já recuperou o chapéu.
Não havia mais nada para ele fazer senão partir. Ela ficou
contente em ver que ele hesitava, rodando o chapéu na mão.
— Sobre o almoço ontem...
Cathy sorriu, conhecedora, e esperava, misteriosa.
— Que tem o almoço de ontem? Ou estava pensando na
sobremesa? — disparou ela, audaz.
Ela inclinou-se só um pouco para mostrar o decote.
— Estava pensando na sobremesa — admitiu ele, olhando
para os seios.
Peguei!
— A torta estava doce — declarou ela —, mas você, não.
— Me comportei mal — admitiu MacGuff, fingindo estar
arrependido.
— Comportou-se, sim.
— Mas você me provocou —justificou ele, reprovador.
— Provoquei — admitiu ela.
— Quer dizer que estava me tentando só para saber o que
Old Hitch me escreveu? ,
Ela sorriu, sarcástica, e assentiu.
— Tinha razão. Clive mencionou a carta estranha que você
recebeu na semana passada de Old Hitch. Naturalmente, seu tio não
estava raciocinando bem no final e...
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livre, a pausa para almoço e devo dizer, neste momento, que, sem me
alimentar previamente, nem poderia, vir até aqui, fazer-lhe essa
pergunta.
— Sim, George? — indagou Ginger, com todo o en-
corajamento que uma mulher pode oferecer.
— A pergunta que um homem que é homem deve um dia
fazer a uma mulher, a pergunta que preenche o coração e a mente de
um homem apaixonado, a pergunta que afetará o curso de sua vida, a
pergunta que paira sobre sua existência, a pergunta que...
— Que pergunta, George? — pressionou Ginger, levemente
impaciente.
— Quer se casar comigo, srta. Ginger? — declarou ele,
chegando ao cume da retórica.
— Oh, George — suspirou ela.
— Isso é um sim? — exigiu George.
— Oh, George! — suspirou ela, novamente, ficando meio
avoada depois de todos aqueles meses, na verdade, anos, de espera.
— Vou entender como um sim — declarou George, gostando
do sentimento másculo de tomar decisões. — Agora, posso beijar
você? — Decidiu que não aceitaria um não como resposta; tomou seu
amor nos braços e inclinou-se para beijá-la.
— Oh, George! — suspirou Ginger pela terceira vez,
inegavelmente feliz.
— Oh, George! — chamou uma voz num tom diferente. —
Ginger!
Ginger e George interromperam o abraço num salto quase
denunciador. Quando viram que era Cathy, relaxaram — e cada um
negou, em particular, que tinham imaginado a sra. Travis chegando-se
a eles.
Ginger saiu da varanda e foi na direção da recém-chegada.
Tomou a mão da amiga querida e informou:
— Cathy, George acaba de me pedir em casamento! Cathy
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ergueu as sobrancelhas.
— Pediu? — Cathy parecia impressionada, e cumprimentou:
— Estou muito feliz por você! — Para George, manifestou: —
Parabéns.
— Sim, estou feliz que a srta. Ginger tenha aceito ser minha
esposa — declarou George.
— Não havia dúvida! — comentou Cathy, e George percebeu
que ela estava daquele jeito autoritário. — Só que estou
parabenizando-o por ter finalmente criado coragem para pedi-la. Já
não era sem tempo! — Pôs as mãos nos quadris e sorriu com
generosidade. — Então, quando é o casório?
— Ainda não contamos a mamãe — declarou George,
descendo os degraus atrás da noiva —, e acho, devido às
circunstâncias, que vamos permitir que ela escolha a data que melhor
lhe convier. — Observava Cathy e imaginava o que estava diferente
nela. Não conseguia dizer o que era.
— Ah! — manifestou Cathy, desapontada. — Estou feliz por
vocês e espero que sua mãe não retarde muito o casamento. —
Beijou Ginger e George no rosto e comentou: — Bem, não posso ficar
mais, então, acredito que apareci bem quando estavam selando o
noivado com um beijo. Mas preciso contar o novo plano do sr. Harris.
— Ele tem um? — perguntou George.
— Sim, ele me pediu para levar o jovem MacGuff até o
barraco de Old Hitch esta noite.
— Por que o sr. Harris pediu isso?
— Não sei — disse Cathy —, mas já estive com MacGuff e
ele concordou em me encontrar lá esta noite, após o escurecer,
quando a lua estiver a meia altura.
— Mas por que MacGuff concordaria com isso? — indagou
George, sem entender o plano.
Cathy sorriu de um jeito que George nunca vira.
— Ele acha que vai se encontrar comigo lá para... um
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encontro.
— Srta. Cathy! — censurou George, chocado. —■ Não me
diga que comprometeu a sua... a sua virtude!
Cathy ruborizou de leve.
— Em absoluto, George. MacGuff só acha que vou me
comprometer com ele. Só disse isso para induzi-lo a ir lá. Quando
estivermos lá, o sr. Harris vai fazê-lo revelar a pista.
George, com sua recém-descoberta masculinidade, decidiu
que a srta. Cathy precisava de proteção dos modos lascivos de
MacGuff — e pensar que a srta. Cathy não precisava de proteção de
nenhum homem havia quarenta e oito horas!
— Embora aprecie os seus métodos, certamente não
aprovo. E melhor eu acompanhá-la, assim, MacGuff não vai tomar
liberdades. — Para Ginger, George declarou, senhor de si: — Temo
que deva ficar, minha querida. O barraco de Old Hitch àquela hora não
é lugar para você.
Ginger sorriu e suspirou.
— Oh, George! — E ficou contente em obedecer. A reação
de Cathy foi mais prosaica.
— Não se incomode em me acompanhar e fique longe até
descobrirmos o que o sr. Harris tem em mente!
DEZENOVE
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VINTE
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imaginou uma noite mal dormida e oito horas era bem cedo. — Mas e
se eu me atrasar? Só um minuto?
A aparição riu retumbante e até Cathy se arrepiou. As
chamas acompanharam o tom de ira da aparição.
— Nem queira saber, meu rapazola!
— Não vou me atrasar, tio! Eu juro! A aparição não se
dignou responder.
— Vai ler em voz alta, para toda a cidade de Hillsborough,
as palavras que lhe escrevi em minha carta final!
MacGuff estava assustado demais com o pedido simples que
nem desconfiou.
— Só isso? Só isso, tio? Ler em voz alta a sua •carta final?
— Basta! — zangou-se a aparição.
— Mas a sua carta é tão comprida — protestou MacGuff — e
já desdenhou de mim em público na carta lida ontem na igreja!
— Não a carta comprida, idiota! — praguejou a aparição,
com ódio mortal. — As duas linhas! Só as duas linhas!
MacGuff ficou confuso com o pedido, e sem fala.
— Diga que vai fazer! — exigiu a aparição, furiosa. — Diga
que vai ler as duas linhas no mercado amanhã de manhã às oito
horas!
Tremendo, meio confuso, meio aliviado, MacGuff exclamou:
— Vou obedecer, tio! Vou ler as duas linhas amanhã de
manhã às oito horas no mercado!
A aparição levou as mãos à frente e ficou a distância do
terceiro anel de fogo. Pensando que o tio chegaria até o relógio solar,
MacGuff recuou instintivamente. E Cathy também — sem espanto
ante a audácia de Harris.
Então, a aparição ameaçou:
— Nem pense em viver após as oito horas se não obedecer!
— A risada fantasmagórica ultrapassou as chamas. — Quase espero
que você não obedeça! — As últimas palavras ouvidas foram em tom
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VINTE E UM
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movimentemos logo.
Cathy desejou testar os limites do autocontrole dele, que ela
sabia ser parte da barreira desde a manhã em que ele deixara sua
cama. Não conhecia outra maneira de testá-lo a não ser provocando e
atormentando com beijos e moldando o corpo contra o dele.
— Se não nos movimentarmos logo — repetiu ele, com
alguma urgência —, teremos que deitar aqui. — Entregou os lábios a
ela e estava a ponto de render o corpo também. — O que não é o que
eu tinha em mente.
— Não é?
— Não — afirmou ele, com um grunhido —, não. Eu queria
lavar os cabelos no riacho.
Ela não pôde evitar. Riu, deixando os lábios e o corpo tremer
contra ele.
— Você queria lavar o cabelo? — ela gesticulou de leve,
movendo-se assanhada contra ele. — Virou uma donzela tímida para
dizer uma coisa dessas?
Antes de responder, ela sentiu a reação dele e sentiu-se
muito satisfeita.
— Donzela tímida? — desdenhou ele. — Pouco provável. —
Então, disse, severo: — Fiz uma longa caminhada nesses anos e
aprendi a valorizar a espera por aquilo que quero, exatamente da
forma que quero. — Interrompeu o beijo e o abraço. — E você devia
estar feliz por isso. — Tomou-a pela mão com firmeza, autoritário, e
arrastou-a consigo. — E agradecida.
— Agradecida? — questionou Cathy. — Sr. Harris, o senhor
se acha muito habilidoso!
Sem se voltar, ele declarou:
— Ouvi o elogio e aceito-o com prazer. Atiro muito bem,
especialmente à noite, e uma cobra não é a única coisa que acerto
com minha pontaria certeira. Pretendo fazê-la esperar e, então, vou
acertar você bem entre — fez uma pausa —, os olhos.
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quando criança.
Lembrou-se de que ele dissera que partira de Maryland
quando entendera que Morgan sofrera mais na vida do que ele.
Era isso, então — vinte e cinco anos de sofrimento solitário.
Esse sofrimento produzira uma máscara em seu rosto, incapaz de
expressar prazer e nenhuma outra emoção. Ainda agora, enquanto
dormia o sono que se seguia ao prazer — e ela sabia, com confiança e
orgulho, que ele sentira prazer —, permanecia com o rosto
impassível.
Sentiu um espírito infantil surgir. Queria mais dele, queria
testar os seus limites. Sabia exatamente o que fazer.
Ela se lançou para cima daquele tórax e chamou:
— Laurence Harris.
Ele grunhiu algum assentimento sonolento.
Ela começou a provocar os músculos do peito, como se
estivesse mexendo na superfície da água.
— Laurence Harris — repetiu ela. E então, sem fluência: —
Tohinontan.
Ele murmurou alguma coisa numa língua estranha.
Acordado, perguntou:
— O que quer?
Ela não parou de pressionar os dedos contra a carne
musculosa.
— Você.
Ele abriu os olhos. Focalizou-a, estreitando o olhar, cheio de
intenções. Respirou fundo e entrelaçou suas mãos.
Ela balançou a cabeça. Desvencilhou-se e continuou,
divertida.
— Oh, não — declarou ela. — Estou saciada no momento.
— Eu não — informou ele —, nem você.
— Você é guloso.
— Sou.
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Então, lembrou-se.
Sentou-se sobressaltada. Balançou o ombro largo e
manchado de Laurence Harris.
— Acorde! Acorde! Está tarde.
Ele acordou com um sorriso muito másculo e satisfeito.
Informou-a de que ela estava sendo rude, mas que desculparia
qualquer coisa daquele corpo convidativo. Procurou-a.
Ela o afastou.
— Não. São quase oito horas. Tenho certeza! — Olhou para
o astro pairando sobre as árvores.
— Estou morto de fome — informou ele.
— Vai ter que esperar pelo café da manhã — desdenhou ela.
— Não estou falando de comida. Sou guloso, lembra-se. —
Ele a procurou mais uma vez.
Ela saiu do abraço.
— Todos os homens são assim? — ponderou em voz alta,
enquanto se levantava e apanhava as roupas, selecionando as peças
que eram suas. — Foi você também que induziu MacGuff a aparecer
no mercado nessa hora infeliz.
Harris estava se levantando também, embora relutante.
— Só estabeleci esse horário para podermos trabalhar na
pista durante o resto do dia, se for o caso.
Cathy emitiu um ruído gutural.
— É culpa sua então e você e eu podíamos pelo menos
aparecer. — Enquanto vestia a roupas, um pensamento ocorreu-lhe e
bateu nas faces, embaraçada. — Mas não tenho sapatos, pente e
escova. E é claro que não posso aparecer na cidade chegando desse
lado, a essa hora, em sua companhia.
Harris raciocinou.
— Não pode? — Conseguiu se vestir com mais facilidade do
que ela. — Vamos nos preocupar com isso quando chegarmos à
cidade. A atenção de todos certamente estará voltada a MacGuff.
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Projeto Revisoras
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VINTE E DOIS
Cathy resmungou:
— Ajuda legal, ora, sim! Eu perguntei ao advogado se Old
Hitch tinha feito um testamento e ele me disse que não. — Olhou para
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presentes.
Aos rapazes, Old Hitch deixou uma folha com uns rabiscos.
O sr. Kenan, que não identificou o papel, só sabia que pertencia aos
rapazes e passou-o a Hank.
— Vou entrar numa boa! Vou sim! — festejou ele,
entusiasmado. — E um mapa do alambique! Eu sei! Eu sei!
Orin e Boy se juntaram a Hank, estudando o mapa que, a
olhos destreinados, não revelariam a localização exata do alambique
escondido.
Para Ginger, Old Hitch deixou a propriedade ao lado da sua,
que incluía um trecho do rio e o aluguel do moinho. Ele também
deixou instruções de como achar as escrituras nas gavetas do
advogado. Numa tacada, a srta. Mangum se tornara uma mulher rica.
Old Hitch explicou que achava que a srta. Ginger seria
melhor para George.
Cathy bateu palmas com prazer e sorriu ao ver George e
Ginger de mãos dadas. Ele beijou a noiva e disse que comunicaria de
uma só vez à sra. Travis o casamento e a transformação de Ginger
numa mulher rica.
Para George, Old Hitch deixou metade do dinheiro que tinha
e que estava num banco em Greensboro, pois ele não confiava em
Josiah Lee, nem na filha dele, Sylvia. Old Hitch entendia que Sylvia
podia se casar com o "imbecil arrogante" do sobrinho, pois eram
"farinha do mesmo saco".
Para Calhy Davidson, que amava como se fosse sua própria
filha, Old Hitch deixou a casa em que ela morava, o pomar e a outra
metade do dinheiro. Sim, a propriedade sempre fora dele e a
transferia a Cathy legalmente naquele momento.
Para o sobrinho não deixou nada e informou que, se Cathy
quisesse se casar com ele, apesar da contra-indicaçâo, ela teria como
mantê-lo na linha. Cathy foi tão pega de surpresa pelas lágrimas que
verteram de seus olhos que foi incapaz de evitá-las quando come-
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Ele assentiu.
-Oh, acho que vou partir ! – Ela olhou em redor.- Como vão
ficar sem mim ?
-Vamos dar um jeito – assegurou-lhe George, quase tímido –
Embora tenhamos saudades, estamos felizes por você.
-Não acredito – declarou Cathy – e, partir vai ser tão difícil !
Tenho tantas coisas para fazer ! Tanta coisa para arrumar !
Harris balançou a cabeça.
-Tão pouco para arrumar, Cathy.Mas vou pedir para que leve
as suas sementes.
A partida de repente pareceu menos dolorosa.Claro que
levaria consigo as sementes de macieira – sua fortuna.Imaginou um
pomar magnífico, com arvores frondosas das suas variedades
favoritas.
Harris tirou Cathy do escritório do advogado e saíram para a
rua quente de maio.
- Para onde vamos ? – perguntou ela, curiosa sobre a
direção de sua nova vida.
- Oeste – Ele a beijou, ali bem no meio da cidade. – Tenho
muitas coisas para lhe contar no caminho.
Ela assentiu, sorriu e não achou ser necessário falar, só
ouvir.
Ele riu. O som era profundo e rico. Então, beijou-a
novamente.
FIM
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