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SalvatioN
Alanea Alder
Minha Salvação
Alanea Alder

Disponibilização: Eva

Tradução: Shinigami, Aly Brasil, DeaS

Revisão: Shinigami

Leitura Final: Lady McKenzie

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Dedicatória
~Amor Vincit Omnia - O Amor Tudo Conquista~

~ Às vezes o melhor amor é os silenciosos e confortáveis momentos entre


risadas compartilhadas ~

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Priest Vi’Aerdan não quer nada mais do que a segurança de
sua companheira, mas pesadelos o atormentam com imagens dela
sendo despedaçada. Apesar de consultar Meryn, sua ansiedade
persiste. Ele se lembra da desolação associada ao seu fracasso em
ajudar seus irmãos de unidade quando ficaram presos nas
cavernas de Noctem Falls. À medida que gelo se forma nas
paredes do palácio, Priest precisa do seu animal mais do que
nunca, mesmo que isso signifique pedir ajuda às pessoas que lhe
viraram as costas.

Cassandra Vi’Illiya tem vivido entre os humanos desde que


atingiu a maioridade e seus pais começaram a desaparecer de seu
mundo. Tendo perdido tanto em tenra idade, ela se esforça para
ajudar aqueles que estão paralisados pelo luto. Depois de retornar
à Éire Danu e ver os efeitos devastadores de perder tantos de seu
povo de uma só vez, ela sabe que está exatamente onde deveria.

Enquanto a cidade se afunda no luto, encontrarão eles o


bastante de sua própria luz e felicidade para manter seus entes
queridos seguros?

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Prólogo

Priest rolou para fora da cama e caiu no chão de quatro. Lutou


contra a vontade de vomitar enquanto puxava ar, tentando desacelerar
a respiração.

Em seu pesadelo, sua companheira, sua linda companheira, era


despedaçada por centenas de mãos ávidas. Ele tentava recuperar cada
pedaço dela das sombras sem rosto, mas não conseguia.

Uma batida na porta o fez olhar para cima. Mas não ousou
responder. Com a cabeça baixa, rezou para que a pessoa fosse embora.

Segundos depois, ele ouviu um estalo de estática e a porta se


abriu, revelando Heath Clover, o bruxo da Upsilon.

— Deuses acima, — Heath sussurrou. E fechou a porta atrás de


si antes de se ajoelhar ao seu lado. — Eu quero que você se concentre
na minha voz. Conquiescere, frater meus. Fique em paz, meu irmão.
Você não está sozinho e a escuridão não vencerá.

Heath levantou-se e gentilmente ajudou Priest a ficar de pé antes


de sentá-lo na cama. Priest apoiou os cotovelos nos joelhos e enterrou o
rosto nas mãos. Heath sentou-se ao seu lado.

— Fale comigo, Priest, ou vou pedir para a Zoe purificar o quarto


das energias negativas e, conhecendo-a, ela incendiaria o lugar.

Priest sorriu, embora sentisse como se fosse explodir. Sua risada


não tinha alegria e parecia vazia até para si mesmo.

— Como sabia? — ele perguntou, endireitando-se para encarar


seu irmão de unidade.

Os olhos de Heath estavam cheios de compaixão.

— Eu aprendi umas coisinhas ao longo dos anos.

— Empatia?

Heath balançou a cabeça.

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— Não exatamente. É mais como se minhas habilidades de cura
tivessem um barômetro. A temperatura elevada, a frequência cardíaca,
esse tipo de coisa, receberam uma potencialização de forma a ter um
aroma emocional. Puro terror inundava o corredor em ondas vindas do
seu quarto, — explicou ele.

Priest exalou.

— Sabe como o Ari e o Gage sonharam com as companheiras?

Heath assentiu.

— Ari viu Bri se afastando e Gage viu Zoe cercada por chamas. —
Ele deu de ombros. — Faz todo o sentido agora.

Priest apertou as mãos no colo para evitar que visivelmente


tremessem.

— Eu a vejo. Deuses, Heath, ela é tão linda. Cabelo loiro sedoso,


olhos da cor do céu ao nascer do sol, mas é o sorriso dela que me atrai.
— Ele inclinou a cabeça para olhar seu irmão de unidade mais de perto.
— Os olhos dela são como os seus, cheios de... não sei, compaixão.

Heath assentiu.

— Ela poderia ser uma curandeira.

Priest fechou os olhos, tentando recordar o rosto dela novamente.


Imediatamente as imagens começaram a assombrá-lo.

— Priest. Abra os olhos, — ordenou Heath.

Priest engoliu em seco e olhou diretamente para Heath.

— Ela é despedaçada bem na minha frente. Não consigo salvar


nem um único pedaço dela.

Os olhos de Heath se arregalaram.

— Deuses acima. Por que lhe seria mostrada tal coisa? — Ele
colocou a mão no ombro de Priest e o terror, a ansiedade e a tensão
pareceram desaparecer.

— Obrigado, Heath.

— Talvez você devesse falar com o Aiden sobre isso? — sugeriu


este.

Priest balançou a cabeça.

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— Esse homem tem mais merda para fazer do que qualquer um.

Heath foi falar, hesitou e depois continuou:

— Fale com a Meryn.

Priest o encarou.

— Perdão?

Heath estremeceu.

— Eu sei, parece um pouco louco, mas, a essa altura, todos já


vimos ela em ação. Tirando o Comandante, ela é a única pessoa que
esteve presente na união de todos os casais. Ela pode ter alguma
intuição sobre os seus pesadelos.

Priest sentiu uma onda de esperança.

— Acha mesmo?

Heath riu.

— Ou ela será capaz de ajudar ou vai ferrar tanto a situação que


seus pesadelos serão a menor de suas preocupações.

— Eu te odeio pra caralho, — Priest murmurou, um sorriso


puxando seus lábios.

Heath riu abertamente de sua declaração.

— Eu sei, aguiazinha, eu sei. — Ele se levantou e se espreguiçou.


— Descanse um pouco. Tenho a sensação de que amanhã vai ser
interessante. — Ele caminhou até a porta e a abriu. — Se a coisa ficar
ruim assim de novo, me procure. Não deixe a escuridão se assentar.

Priest assentiu.

— Vou procurar. Obrigado mais uma vez, Heath.

— Sempre a postos. — Heath acenou e fechou a porta atrás de si.

— Meryn, hein? — Priest pensou em voz alta.

Ele se deitou e olhou para o teto.

— O que poderia dar de tão errado?

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Capítulo um
— Mas, é que eu sinto muita saudade dela, sabe? — o senhor
fungou.

Cas colocou uma mão sobre a dele, tomando cuidado com os


hematomas que sofrera com sua última internação hospitalar. Desde
que fora diagnosticado com câncer em estágio dois, o Sr. Clemson a
procurara repetidamente nos últimos seis meses. Então, três semanas
atrás, justamente quando vencera aquela luta e estava em remissão,
sua fiel gata de dezesseis anos falecera enquanto dormia. O pobre
homem estava inundado pela cor azul, a qual ela sempre associara à
tristeza e ao desespero. Ele estava prestes a desistir.

— Eu vejo algo peculiar na sua aura, Samuel. — Ela lhe daria


esperança, mesmo que tivesse que adoçar um pouco as coisas.

— Algo novo? Eu sei que estou deixando você deprimida com essa
minha cara de enterro, como você diz, — ele brincou, com muito pouca
alegria nos olhos.

Para os humanos que visitavam sua lojinha, ela era pouco mais
que uma quiromante. Ela possuía vários diplomas de psicologia, mas no
fim das contas usava seu dom fae para fazer as pessoas falarem sobre
seus sentimentos. Ela “de alguma forma” sempre sabia o que perguntar
para que as pessoas abrissem seus corações, o que as fazia amadurecer
e se sentirem melhores. De boca em boca sua lista de clientes se
desenvolveu até ela ter que agendar pessoas com meses de
antecedência.

— Há um pequeno café não muito longe do seu apartamento,


não?

Ele assentiu e deixou-a continuar.

— Eu vejo um pequeno gato preto encolhido em um canto. Ele é


terrível, bravo e meio selvagem, mas vejo seus caminhos se cruzando. —
Ela rezou para que essa fosse a coisa certa a se fazer. Apesar de todos
os seus dons, ela não era onisciente.

Ele franziu o cenho.

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— O que um gato está fazendo em um café?

Ela sorriu.

— É um daqueles novos cafés que têm gatos. Você entra, compra


uma xícara de café e pode acariciar e brincar com os gatos. Se você se
dá bem com um, pode adotá-lo. — Ela esfregou a testa apenas de forma
ligeiramente dramática. — Agora, esse garotinho está retraído e sinto
que o tempo dele está se esgotando. Se ele continuar atacando os
clientes, pode acabar na lista de eutanásia.

— Por que ele está atacando? — Samuel perguntou indignado. —


Gatos não atacam sem motivo.

Cassie conhecia a história do pequeno Dow, pois havia parado no


café há apenas dois dias para tomar um café.

— Ele está triste. Sua bebê humana, a quem ele amava de todo o
coração, morreu. Os pais não o queriam por perto como uma lembrança
da filha perdida, então o entregaram ao café. Ele está com medo.

Samuel esfregou o queixo. Os azuis rodopiaram cada vez mais


rápido antes de florescerem em um lindo amarelo. Esperança,
propósito.

— Bem, talvez eu pudesse ir até lá e sentar um pouco com ele.


Minha velhinha ficou esquentadinha no fim da vida, — ele riu. — Eles
têm personalidade própria, sabe.

Ela assentiu.

— Procure o Shadow. É o nome que está registrado no café. Mas,


sua humana era pequena quando se conheceram. Ela só conseguia
dizer: Dow, ele responderá mais a esse nome.

Samuel se levantou, os joelhos estalando.

— Parece que agora tenho tempo mesmo. — Ele sorriu e desta vez
havia calor em seus olhos. — Você vai realmente se mudar? Você faz
muito bem a muitas pessoas, inclusive a mim. — Ele estendeu a mão
para ajudá-la a se levantar.

Cas lutou contra um suspiro enquanto se levantava. Sua Rainha


emitira o decreto para que todos os faes retornassem a Éire Danu já
fazia um tempo. Ela arrumara o apartamento, mas teve dificuldade em
sair com tantas “últimas” consultas. Ela estava grata por Samuel
parecer estar virando a página agora.

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Ela assentiu.

— Precisam de mim em casa.

Desta vez foi ele quem colocou uma mão reconfortante em seu
ombro.

— Posso fazer alguma coisa para ajudar?

Ela deu um tapinha na mão dele em seu ombro.

— Samuel, você é uma joia rara entre os homens. — Ela lhe


piscou um olho, fazendo-o rir. Ela balançou a cabeça. — É apenas
nervosismo por voltar depois de tanto tempo ausente. Acredito que me
adaptarei rápido.

Ele deu-lhe um tapinha firme e depois se dirigiu para a porta.

— Casa é sempre o lugar para onde se pode voltar, não importa o


que aconteça. Espero que tudo corra bem para você. — Com um último
aceno, ele saiu, deixando-a sozinha em sua loja.

Suspirando, ela olhou para as prateleiras vazias onde antes


vendia artesanatos de artesãos da comunidade. Samuel tinha sido seu
último cliente. Agora, ela tinha que descobrir como levar suas coisas
para o portal fora da cidade.

Com o coração pesado, ela fechou seu pequeno negócio pela


última vez e caminhou menos de meio quarteirão até seu prédio. Era
um lindo prédio antigo que estava bem conservado. Ela tinha um
apartamento no terceiro andar. A proprietária era uma senhora idosa
que não precisava do dinheiro. Estava apenas alugando para manter o
prédio ocupado. Quando Cas foi atrás do apartamento, a doce senhora
lhe deu um desconto porque não havia elevador. Subir aquelas escadas
a manteve em forma ao longo dos anos.

Ela tinha acabado de colocar a chave na fechadura quando uma


voz alta e estrondosa exclamou:

— Cassie! O que diabos você ainda está fazendo aqui?

— Ilian! — ela guinchou e se jogou nos braços do fae de mais de


dois metros que não via há mais de um ano. — Você voltou! O
esquadrão todo voltou? Eu reguei as suas plantas como você me pediu.

Ilian a abraçou em rodopios e depois a colocou no chão para


bagunçar todo seu cabelo com as mãos.

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— Ei!

— Cassie, você sabe que o decreto saiu semanas atrás. Por que
você ainda esta aqui? — ele exigiu, com as mãos nos quadris.

— Eu não podia simplesmente sair quando ainda tinha consultas.


Consegui cancelar a maioria, mas as a seguir eram de pessoas que
realmente precisavam de mim.

Ilian esfregou o rosto com as mãos.

— O que você sabe?

— Sobre o que? — ela perguntou, sentindo-se um pouco


preocupada.

Ilian olhou de um lado ao outro do corredor e depois puxou-a


para o próprio apartamento.

— Cassie!

— Ai! Maldição, Reston, me ponha no chão! — ela gritou enquanto


o líder do esquadrão de Ilian lhe espremia até os ossos.

— Por que diabos você ainda está aqui? — ele exigiu, colocando-a
no chão.

Ela esfregou a orelha esquerda.

— Parece que tem um eco ou algo assim.

— Ela só sabe que fomos chamados para casa. Os civis não foram
informados de nada, — explicou Ilian.

Reston assentiu.

— Provavelmente para evitar ao máximo o pânico.

Cas engoliu em seco.

— Por que haveria pânico?

Ilian ergueu o telefone e apontou para um pequeno aplicativo com


um “V”.

— Sente-se, Cas. Tentarei explicar da maneira mais gentil


possível. — Ilian a conduziu até uma caixa de papelão e a fez sentar.

Vinte minutos depois, Cas correu para o banheiro e vomitou o

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almoço.

— Oh, inferno, Cas, eu sinto muito! — Ilian disse, caindo de


joelhos para segurar o cabelo dela.

— Não acho que houvesse uma boa maneira de explicar as coisas,


— disse Reston, segurando um pacote de bolacha água e sal, parecendo
preocupado.

— Por que vocês dois estão no banheiro? — uma voz masculina


perguntou.

— A Cassie vomitou, — disse Reston, apontando com as


bolachinhas.

— Me mate agora, — ela gemeu.

— O que? Deixe-me passar!

— Ei, Luca, — ela cumprimentou fracamente.

Mãos quentes esfregaram suas costas enquanto o bruxo


sussurrava seu feitiço. De repente, sua cabeça ficou um pouco mais
clara.

— Obrigada, amigo.

Luca a ajudou a se levantar.

— Vamos escovar esses dentes. Você pode usar a escova do Ilian,


— ele ofereceu.

— Ei! — Ilian protestou.

Luca lançou-lhe um olhar inexpressivo e depois bateu a porta na


cara dele. Colocando a mão na parte baixa do armário, ele pegou uma
escova de dentes não utilizada e entregou a ela.

— Você não podia simplesmente fazer um feitiço para limpar


tudo?

— É claro, mas você se sentirá mais normal seguindo uma rotina,


— explicou ele.

Ela assentiu, sentindo-se boba. É claro, algo assim a ajudaria a


lidar com o choque. Ela colocou pasta de dente na escova e começou a
escovar os dentes.

Luca aproveitou sua incapacidade de falar.

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— Por favor, me diga que você pelo menos fez as malas?

Ela assentiu.

— Ótimo. Eu sabia que você ainda estava aqui, mas não contei a
Ilian ou Reston. Eles provavelmente teriam saído mais cedo do trabalho
para voltar para casa.

Ela inclinou a cabeça, jogando-lhe um olhar questionador.

Ele bufou.

— Você não achou mesmo que nós nos importávamos com aquela
suculentazinha, não é?

Ela continuou o encarando.

Ele suspirou.

— Colocamos uma câmera na cozinha. Contanto que você viesse


uma vez por semana, poderíamos ficar de olho em você.

— Quêêê?! — ela protestou.

Luca riu.

— Fui eu quem verificou a câmera nas últimas duas semanas,


então sabia que você tinha ficado para trás. — Ele lançou-lhe um olhar
severo. — Você devia saber que algo estava acontecendo, Cas. Por que
você não foi ficar com Cam e o esquadrão Monroe?

Ela cuspiu na pia.

— Porque eles são uma bagunça.

— E?

— Eu não consigo viver assim, Luca.

— Ilian e Reston te atualizaram?

Ela assentiu solenemente.

— Como isso está acontecendo?

Luca passou um braço em volta do ombro dela e abriu a porta do


banheiro. Ilian e Reston estavam esperando por ela no corredor.

— Porque o mal existe, menina, pura e simplesmente.

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— Cas, você está bem? — Ilian perguntou.

Ela caminhou até ele e lhe deu um abraço.

— Desculpe por te assustar.

Ilian exalou.

— Só estou feliz que o Coop e o Link não estavam aqui.

Cas não pôde deixar de rir. Ilian, Reston e Luca dividiam o


apartamento ao lado do dela. Lincoln e Cooper moravam no
apartamento abaixo do dela, no segundo andar.

Ilian Ri’Elwin era um companheiro fae, e Reston O’Brien era o


shifter de lobo líder do esquadrão. Luca Brambles era o bruxo deles,
enquanto Cooper Braxton e Lincoln Allard eram os pesos pesados do
time. Coop era um dos maiores homens que ela já tinha visto, o que
fazia sentido, já que seu animal era um urso polar e Link era puro
músculo. O que lhe faltava em volume, ele compensava em força
muscular compacta. Coop dissera que dar um soco nele era como dar
um soco em uma placa de aço.

— Por que ela ainda está aqui? — uma voz profunda perguntou.

— Olha lá o eco de novo, — Cas observou amargamente.

Coop foi até ela com passos pesados e estendeu a mão.

— Chave.

Suspirando, ela colocou a chave do apartamento em sua mão.

— Vamos, Link, temos que levar as coisas da Cassie para a van,


— disse Coop, saindo do apartamento.

— Por que ela ainda está aqui? — uma voz masculina perguntou
antes que a porta se fechasse.

— Ugggh! — ela gritou, jogando as mãos para o alto.

— Ilian, ela deveria comer alguma coisa antes de irmos para a


casa do Cam, — Luca recomendou.

Ilian a conduziu de volta para a cozinha.

— Por que vamos para a casa do Cam? — ela perguntou,


colocando uma fatia de pizza da caixa aberta em um prato de papel
antes de ir ao micro-ondas.

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Ilian pegou o telefone novamente e colocou-o na frente dela.

— A companheira do Comandante da Unidade criou um aplicativo


da Vanguarda para nos registrarmos. Ela postou atualizações sobre o
que está acontecendo em nosso mundo. — O rosto de Ilian ficou
sombrio. — É mais do que o conselho está nos dizendo.

Reston bateu com a mão no ombro de Ilian.

— Você sabe por que as coisas foram mantidas em silêncio.

— Porque as pessoas iriam pirar, — disse Cas, observando sua


fatia de pizza girar no micro-ondas.

— Exatamente, — disse Reston.

Cas desviou o olhar de seu lanche que girava.

— Por que vocês têm que ir até a casa do Cam para se registrar?

Reston exalou.

— Precisamos ser verificados antes de podermos nos registrar.

— Verificados? — ela perguntou, de repente não querendo


realmente saber a resposta.

— O Comandante da Unidade tem evidências de que existe uma


unidade corrompida por aí, — explicou Reston.

Ela meio bufou e meio riu, depois olhou de Luca para Reston e
finalmente para Ilian.

— Estão falando sério? Guerreiros de unidade não se


transformam! — ela protestou.

Luca puxou-a para um abraço apertado e beijou-a na testa.

— É muito, muito raro, mas supostamente aconteceu.

Cassie olhou para Ilian.

— Como se é verificado?

Ele levantou a manga e apontou para a tatuagem da unidade.

— Uma simples olhada, é isso, querida. Preto, estamos limpos.


Vermelho, somos ferals.

— Eu poderia ter sido uma das que levaram, — ela sussurrou,

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segurando a borda da caixa que servia de cadeira da cozinha. Era como
se ela estivesse processando as coisas em segmentos.

Luca a sentou e pegou sua pizza.

— Coma alguma coisa, querida.

— Graças a todos os deuses que não te levaram, — Ilian disse,


balançando a cabeça.

Reston sentou-se à sua frente.

— Acho que o fato de você viver acima e ao lado de guerreiros da


Vanguarda e vive sozinha a manteve segura. Não valia a pena o risco
para pegar apenas uma pessoa.

— Viva a vida de solteira, — ela brincou fracamente.

— Cas, tem mais alguma coisa que você precisa empacotar? —


Reston perguntou.

Ela balançou a cabeça.

— Está tudo nas caixas, tirei essa roupa da caixa do meu quarto
esta manhã. Devolvi meus móveis na semana passada, eram alugados.

— Os nossos também. — Ele assentiu. — Ótimo, podemos sair


assim que o Coop terminar de carregar as suas coisas.

— E quanto aos nossos aluguéis? — ela perguntou.

— Não se preocupe com eles. Pagamos pelos três apartamentos


pelos próximos dez anos. A Vanguarda pode usá-los quando estiverem
na cidade, e a Sra. Johnson não precisa se preocupar em avaliar novos
inquilinos.

Cas riu.

— Ela disse que gosta de alugar para vocês, homens fortes do


militar.

As bochechas de Reston ficaram rosadas.

— Ela é uma senhora legal.

Cas deu outra mordida na pizza. Ela nunca conheceu um


guerreiro que não fosse um molenga enrustido. Talvez tantos músculos
liberassem um hormônio da bondade ou algo assim.

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Antes que ela percebesse, estava no banco de trás com Luca indo
em direção à casa Monroe da Vanguarda. Quando chegaram, ela só
conseguiu olhar fixamente.

— Puta merda.

— Nem me fala, — disse Reston, depois riu.

Ao redor dela, homens com vários uniformes circulavam na frente


da casa.

— Que diabos é isso, Reston?

Reston estacionou e virou-se para encará-la.

— Querida, quando a Rainha emitiu o decreto para que todos os


fae retornassem, você realmente achou que os esquadrões da
Vanguarda ao redor do mundo, fora do país ou em missões, deixariam
nossos irmãos fae retornarem sozinhos?

Ela olhou pela janela.

— É como o Natal, — ela sussurrou.

— Vamos, querida, vamos entrar para a verificação, — disse Luca,


pegando sua mão.

— Eu preciso ser verificada também?

Coop rosnou.

— Eu gostaria de ver alguém tentar.

— Calma, garotão, só estou dizendo que sou a única mulher


aqui... — Ela sorriu e estendeu a mão para abrir a porta. — Que dia
incrível!

— Ei! — Todos os cinco amigos seus da Vanguarda protestaram


ao mesmo tempo.

Luca a seguiu para fora da van.

— Caralho! Outro esquadrão acabou de aparecer, Cam! — disse


um guerreiro de aparência esgotada, falando por seu ponto eletrônico.
— É como se tivessem jogado dedetizador em algo e a Vanguarda
estivesse saindo da madeira.

— Babaca! — outro guerreiro gritou, sorrindo.

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O homem virou-se para ela e abriu um enorme sorriso.

— Olá, querida. Como posso ajudá-la?

Ela apontou com o polegar para onde Coop estava agora,


diretamente atrás dela.

— Eu estou com este grupo específico de Neandertais.

O homem os olhou de cima a baixo e suspirou.

— Isso vai levar uma eternidade.

Cas sorriu maldosamente e depois pegou o megafone na cintura


do homem. Ele estava todo sorrisos enquanto ela brincava com o cinto
dele, desconectando o aparelho. Mas quando ela o levou aos lábios, ele
franziu a testa, preocupado.

Subindo na van, ela ignorou Reston reclamando de amassados.

— Olá, cavalheiros, — ela começou. Imediatamente, quase cem


belos guerreiros se viraram e lhe sorriram. — Acredito que todos estão
aqui para serem verificados.

— Sim! — muitos gritaram de volta.

— Não seria mais rápido se todos vocês tirassem as camisetas e


matassem qualquer um com uma tatuagem vermelha? — ela
perguntou.

Houve silêncio e então os homens começaram a tirar as


camisetas.

— Cassandra Vi’Illiya, você vai para o inferno, — Reston


repreendeu.

Afastando o megafone do rosto, ela lhe mandou beijos.

— Me passe minha Coca Diet e meu pacote de Doritos.

Resmungando, ele passou-lhe os lanchinhos e ela passou-lhe o


megafone para retorná-lo ao guerreiro, agora boquiaberto, que tentava
organizar as coisas.

— Melhor tirar a roupa, querido. Está ficando para trás, — disse


ela, rindo.

— Maldição, Cassie, — ele franziu o cenho, então tirou a própria


camiseta.

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— Como eu disse, que dia incrível. — Ela colocou um dorito na
boca e observou o caos criado por tantos homens fazendo flexões sem
nenhuma bom motivo.

*****

Mesmo com sua ajuda, levou quase duas horas para que todos
fossem verificados. O tempo realmente passou mais rápido enquanto os
homens riam e se revezavam posando para ela. Ela batia palmas e
assobiava, e a vil cor verde-limão do medo começou a dissipar das
auras dos guerreiros. Ela foi apresentada ao esquadrão Monroe, que
estavam tanto divertidos quanto pasmos com sua ajuda.

Eventualmente, todos foram verificados e, em massa, seguiram


em direção ao portal.

— Quanto tempo faz para você, Cas? — Luca perguntou.

— Desde que minha mãe e meu pai desvaneceram. Muitas coisas


me lembravam deles — ela disse calmamente.

— Você tem um lugar para onde ir? — Reston perguntou.

Ela assentiu.

— Eu, na verdade, possuo uma propriedade enorme. Eu ia


oferecer hospedagem à Vanguarda, — disse ela, apontando para os
homens ao redor deles.

Cam agarrou seu ombro.

— Está falando sério? — ele perguntou, com uma expressão cheia


de esperança.

— Claro, por quê?

Cam exalou.

— Cas, todos os fae voltaram para casa. O espaço está limitado.


— Ele foi para a frente e fez com que dois fae o levantassem.

— Tudo bem, ouçam, homens. Lady Vi’Illiya gentilmente ofereceu


um espaço na propriedade Illiya.

Cas sentiu o coração perder o passo.

— Cam! Ainda não tive oportunidade de arrumar o lugar. Duvido


que haja comida também.

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Um dos homens virou-se para ela com uma expressão confusa.

— Por que você se preocuparia com isso? Nós cuidaremos de


tudo. Você está fazendo o suficiente apenas nos dando um lugar para
ficar.

— Disse bem, Gael! — Cam respondeu. — Cas, querida, deixe os


caras cuidarem das coisas.

Reston deu um passo à frente.

— Controle tudo pelo meu esquadrão. Vamos passar as coisas


para a Cas. Não queremos sobrecarregá-la.

Coop e Link se aproximaram, praticamente enterrando-a entre si.

Gael riu e Cam os olhou sem expressão.

— Deixem a garota respirar, — ele ordenou.

Coop e Link recuaram alguns centímetros.

Cam cobriu o rosto com a mão e então ergueu novamente o


megafone.

— Lembrem-se, homens, essas pessoas sofreram muito. Situem-


se o mais rápido e silenciosamente possível e, depois, enviem um
representante ao palácio para receber ordens do nosso Comandante de
Unidade. Ele não para de me mandar mensagem, exigindo saber o que
está acontecendo. A única coisa que pude lhe dizer foi que a Vanguarda
voltou para casa. Reston, você está encarregado das nossas caixas
especiais. Meu esquadrão enviará suas outras coisas o mais rápido
possível, então vai ter que viver só com suas malinhas por um tempo.
Para quem já foi ou é de Éire Danu, preparem-se. Não será a cidade da
qual lembram.

Com isso, os fae o abaixaram e então se viraram para ativar o


portal. Com cinco homens de largura e vinte fileiras de esquadrões, os
homens começaram a marchar.

— Cas, fica na nossa frente no meio, — ordenou Reston.

— Senhor, sim, senhor!

Link bufou.

— Espertinha.

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Luca balançou a cabeça, sorrindo para ela.

Demorou mais do que ela teria imaginado. Quando eles tomaram


a retaguarda e atravessaram o portal, ela imediatamente soube por quê.
Estava frio. Terrivelmente frio.

— Cas, aqui, — disse Coop, puxando o moletom pela cabeça e


entregando-o a ela. De ambos os lados do portal agora escuro, os
homens olhavam em volta em estado de choque. A cidade estava escura
e fria.

Ela começou a tremer.

— Está tudo bem, querida, aqui, braços para cima, — ordenou


Luca, pegando o moletom de Coop e passando-o pela cabeça dela.

— Não é só isso, — disse ela, quando sua cabeça apareceu por


cima do moletom. — É... — ela olhou em volta. Esta não era a cidade
dourada e brilhante da sua infância. — Deuses, Luca, aqui é Éire
Danu? Está certo?

— Puta merda! Eu te disse que o meu aplicativo não estava


quebrado! Brrrr, está frio, — exclamou uma voz feminina.

Cassie se virou e viu um pequeno grupo de pessoas de canto.

— Querida, você poderia ter esperado no palácio, — o grande


guerreiro ao lado da mulher se preocupou.

— Sim, mas foda-se. Eu queria vê-los chegar.

Reston deu um passo à frente.

— Comandante McKenzie, é uma honra finalmente conhecê-lo


pessoalmente. Meu nome é Reston O'Brien.

O homem extremamente alto e forte virou-se para eles.

— É um alívio ver tantos da Vanguarda verificados. Temíamos ter


perdido todos vocês quando meses se passaram sem pessoas se
registrando.

Reston olhou em volta. Os outros homens pareciam satisfeitos em


deixá-lo falar, já que ele dera o primeiro passo.

— Quase todos nós estavámos fora do país, senhor, ou


trabalhando com contratos privados. Quando a Rainha mandou seus
filhos voltarem para casa, sabíamos que éramos necessários aqui.

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— Quanto tempo demorou para verificar todos vocês? — o
Comandante perguntou.

Reston lançou a Cas um olhar lamentável.

— Foi mais rápido quando um certo alguém sugeriu que os


homens tirassem as camisetas e MPV qualquer um com uma tatuagem
vermelha.

— MPV? — Cas perguntou.

— Matar à primeira vista, — respondeu Luca.

Os olhos do Comandante se voltaram para ela e depois se


estreitaram.

— Apenas sendo útil?

Ela sorriu.

— Claro, vamos pensar assim.

A pequena mulher ao lado do Comandante começou a rir.

— Isso é incrível pra caramba. Eu gostaria de ter visto isso. —


Seus olhos foram para os homens. — É como a porra de um bufê aqui.

— Ei! — o Comandante disse antes de tentar cobrir seus olhos.

Os homens ao seu redor começaram a endireitar um pouco os


ombros, sorrindo uns para os outros.

O homem suspirou enquanto a mulher menor dançava para longe


dele.

— Homens, esta é minha companheira, Meryn McKenzie, a


criadora do aplicativo da Vanguarda.

— Obrigado! — Gael gritou.

Ao redor deles, os homens gritaram agradecimentos.

Meryn parecia confusa.

— Pelo que?

Reston pegou o próprio telefone.

— Você colocou uma seção de atualizações. Ficamos sabendo


como o inimigo mudou e as melhores maneiras de combatê-lo. — Ele se

My
SalvatioN
Alanea Alder
virou e apontou para a pilha de caixas. — Nós viemos preparados. —
Sorrindo, ele se voltou para o Comandante. — Senhor, a maioria de nós
passou por todos os depósitos militares que pudemos no caminho de
casa. Essas caixas contêm óculos de imagem térmica.

O homem praticamente cedeu de alívio.

— Graças aos deuses, — este sussurrou.

— Denka, talvez possamos deixar os homens se instalarem, —


sugeriu o belo homem asiático, enrolando um xale nos ombros da
mulher menor.

— Eu estou bem, Ryuu, além disso, não é todo dia que se vê um


exército paranormal. Essa merda é da boa! — Meryn protestou.

— Bebê, por favor? — perguntou o Comandante, apoiando a mão


na barriga muito distendida dela.

— E daí que está frio? Eu cresci com todas as quatro estações,


Aiden. Isso não é novidade para mim.

Cas a encarou.

— Parece que você engoliu uma bola de basquete.

Aiden sorriu e deu outro tapinha protetor na barriga dela antes de


puxar Reston de lado com alguns dos outros homens para uma
atualização.

Cas ficou perto da mulher menor.

Os olhos de Meryn se voltaram para ela.

— Sim, minha barriga cresceu bastante semana passada. Estou


com cerca de seis meses. — Ela suspirou. — E eu achava que dormir
era difícil antes. Isso é uma merda.

Cas via principalmente rosa e amarelo na aura desta. Felicidade e


esperança, o que achou estranho dadas as circunstâncias.

— Você está vendo imagens? — Meryn perguntou.

— Huh? Não. Por quê? Você vê? — Cas perguntou, chocada. Até
agora, ninguém fora capaz de determinar quando ela estava olhando
para auras.

— Sim.

My
SalvatioN
Alanea Alder
— Isso é incrível, — disse ela, aproximando-se da mulher. — Eu
vejo auras e cores, — admitiu.

— Minha amiga Serenity também vê isso, mais ou menos.

— Ela é fae?

— Meio fae, meio bruxa. Eu também sou meio fae. Qual é a


minha cor?

— Principalmente rosa e amarelo. Felicidade e esperança.

Meryn fez uma careta.

— Tem certeza?

Cas riu.

— Você pode estar mal-humorada e feliz ao mesmo tempo, sabe.


E eu? Tenho uma imagem?

Os olhos de Meryn ficaram desfocados.

— Uma pequena florzinha branca, — disse ela, depois balançou a


cabeça. Quando a olhou, seus olhos estavam novamente focados e
afiados.

— Obrigada?

Meryn deu de ombros.

— Minhas imagens são estranhas às vezes. Tipo, achei que o Ari


fosse uma cesta de frutas, porque achei que beladona parecia estrelas e
frutas.

— Então você criou uma metáfora sem conhecer o contexto da


flor?

Meryn balançou a cabeça.

— Eu sabia o que era depois que me explicaram, mas não


conseguia me lembrar sozinha. É como se a imagem extraísse
informações que aprendi na nona série e as usasse, mas o meu eu
presente tivesse esquecido que sabia o que era.

— Fascinante.

— Então, você tem um nome?

My
SalvatioN
Alanea Alder
Cas riu.

— Não.

Os olhos de Meryn se arregalaram.

— Sério?

— É claro que tenho um nome. — Ela estendeu a mão. — Sou


Cassandra Vi’Illiya.

A pequena esquentadinha pegou sua mão.

— Eu sou Meryn McKenzie. Prazer em conhecê-la!

My
SalvatioN
Alanea Alder
Capítulo dois
Mais cedo naquela manhã

— Ela é o quê? — Meryn perguntou, os olhos arregalados.

Priest exalou.

— Despedaçada.

— Parece doloroso, — Meryn gracejou.

Priest simplesmente a encarou.

Ela apenas balançou a cabeça enquanto assentia.

— Ok, ok, deixe-me pensar.

Priest permaneceu quieto, mas percebeu que Aiden ficava


olhando para onde ele estava sentado sozinho com Meryn em uma mesa
menor, longe de onde todos estavam sendo atualizados. O único outro
perto deles era o sempre presente escudeiro de Meryn, Ryuu.

— Então, em primeiro lugar, não acho que ela vá realmente ser


despedaçada.

Priest estava com medo de ter esperança.

— Você parece bem certa.

Meryn deu uma mordida em seu bolinho coberto de creme,


mastigou e continuou:

— A maioria dos sonhos ficou bem metafórico ultimamente. Nos


sonhos em que os rapazes viam suas companheiras morrendo por algo
real, como esfaqueamento ou sangrando até a morte, esses eventos
aconteciam, mas como eles sabiam o que iria acontecer, a visão salvou
suas companheiras. Mas, para alguém tipo o Grant e o Etain, eles
disseram que viram suas companheiras cercadas e se afogando na
escuridão ou na morte, algo intangível. Era mais como se os sonhos
usassem imagens para transmitir um aviso.

Priest exalou explosivamente.

My
SalvatioN
Alanea Alder
— Graças aos deuses por você, Meryn. Meus sonhos tem me
deixado à beira de um colapso por dias. Ouvir pelo que meus outros
irmãos de unidade passaram ajudou imensamente.

Ele tinha acabado de relaxar na cadeira quando um bolinho


ricocheteou em sua testa. Piscando, ele olhou para Meryn, que lhe
franziu a testa.

— Compartilhe essa merda antes de ficar ruim assim. Não posso


ajudar se eu não souber.

Priest riu.

— Eu não queria aumentar o seu fardo ou o de Aiden.

Ela deu de ombros.

— Considerando toda a merda com que estamos lidando, isso é


fácil.

— Você terminou de monopolizar a minha companheira? — Aiden


exigiu da mesa maior.

Priest se levantou e estendeu o cotovelo para Meryn. Ela colocou a


mão em seu braço e ele a escoltou até seu companheiro, que
prontamente a puxou para seu colo.

— Sim, senhor. Ela me ajudou a ver algo que estava me


incomodando sob uma nova luz. Ajudou mais do que você imagina.

— Alguma coisa da qual eu deva saber? — Aiden perguntou,


levantando uma sobrancelha.

— Apenas pesadelos normais com companheiras, bebê. Eu estava


contando pra ele sobre os pesadelos horríveis que os caras de Noctem
Falls tiveram, — Meryn disse, encontrando seus olhos antes de revirar
os dela. — Além disso, isso nem é a coisa mais importante no momento.

Aiden, Kendrick e Thane congelaram antes de Aiden engolir em


seco.

— Você descobriu alguma outra coisa?

— Sim, você esqueceu de pedir meus brownies. Essa vadia aqui


está prestes a ficar muito infeliz.

O coração dele derreteu só um pouco. Ela havia desviado a


conversa dos problemas dele, e se ele tivesse cem por cento de certeza

My
SalvatioN
Alanea Alder
de que seu Comandante não o atacaria, ele a teria beijado por isso.

Aiden exalou explosivamente.

— Você não pode fazer isso comigo.

— Por que não? — ela perguntou, parecendo confusa.

Ao redor da mesa, mais de um homem balançou a cabeça,


parecendo pálido.

Amelia riu e deu uma cotovelada em seu próprio companheiro.

— Ainda não experimentei esses brownies. Se poderia pensar que


meu companheiro não se importa comigo ou com seu filho ainda não
nascido.

Darian engasgou com o chá.

— Vou pedir alguns imediatamente, — ele começou, então seus


olhos se estreitaram. — Espere, você pode comer chocolate?

Amelia sorriu docemente.

— É melhor você rezar para qualquer que seja o seu deus que eu
possa.

Darian olhou de Meryn para Amelia e depois para Anne.

— Ela pode comer chocolate? A Meryn não pôde tomar cafeína um


tempo atrás.

Anne sorriu, parecendo divertida.

— A Amelia está muito bem. Tenho estado de olho nela pela


Rheia. Considerando sua herança mista, ela deve ficar bem.

— Bem? Ela está me ameaçando com violência por causa de


brownies, — protestou Darian.

Aiden olhou para o príncipe fae.

— Isso não é lá tão surpreendente, na verdade. O chocolate é


muito importante para as mulheres. E, honestamente, ameaças de
violência são comuns.

Darian bufou.

— São, quando se está acasalado com a Meryn.

My
SalvatioN
Alanea Alder
Aiden sorriu maliciosamente.

— Ou, acasalado com a prima dela.

Darian ficou branco e levantou-se rapidamente. Ele estava a dois


passos da mesa antes de se virar e dar um beijo na bochecha da
companheira.

— Estou indo para lá agora. Há mais alguma coisa que você ou o


bebê queiram?

Amelia lhe sorriu.

— Talvez alguns daqueles bolinhos de maçã.

— Qualquer coisa por você, meu amor. — Ele estava quase na


porta quando Aiden o chamou:

— Faça outro pedido para mim. O Peter tem as informações da


minha conta.

Darian assentiu e saiu correndo pela porta.

Amelia se virou para olhar para Aiden.

— Isso foi horrível. Estou orgulhoso de você.

Ele piscou um olho e beijou o topo da cabeça de Meryn.

— Aprendi com a melhor.

Priest sentiu seu ânimo melhorar com a provocação alegre.


Sentando-se, pegou seu próprio bolinho. Quando delicadamente
começou a cortar um ao meio, sentiu algo bater em sua cabeça. Pelo
canto do olho, viu um bolinho bem quando este caía no chão.
Estendendo a mão, tirou migalhas de seu cabelo antes de olhar e ver
Meryn lhe franzindo a testa.

— Você está fazendo errado. Olha.

Ela pegou o bolinho inteiro e o mergulhou em uma mistura de


creme rosa claro. O mergulhou duas vezes antes de dar uma mordida.

— Vozê tenta, — disse ela, com a boca cheia.

Olhando para baixo, ele despejou sua porção de geléia na tigela


de creme de nata e depois misturou bem. Pegando seu bolinho, o
mergulhou como tinha visto Meryn fazer, então deu uma mordida.

My
SalvatioN
Alanea Alder
Então olhou para Meryn com os olhos arregalados.

— Eu sei, — ela disse, balançando a cabeça sabiamente.

Ele estava prestes a responder quando os telefones de Meryn e


Aiden começaram a tocar.

Aiden pegou o telefone e estendeu-o para Meryn.

— Por que ele está fazendo isso?

Meryn olhou para o dela e seus olhos se arregalaram.

— Não é possível!

Ela começou a digitar furiosamente e depois pulou do colo de


Aiden.

— Como? Quando?

Aiden ficou pairando perto de sua companheira, que agora


andava de um lado para o outro.

— Bebê?

Ela levantou um dedo.

— Espere, por favor. — Ela digitou no telefone e levou-o ao


ouvido. — Cam, que porra é essa, cara? — Ela olhou em volta e colocou
no viva-voz.

— Qualquer que seja a notificação do aplicativo, é verdade. Tenho


esquadrões chegando de Norfolk, Langley, Deuses, Meryn. Eles estão
vindo de todos os lugares!

— Eles estão... limpos?

— Estamos verificando agora, mas até agora tudo bem. Sua


Vanguarda desaparecida estava no exterior, Ameaça, mas estão em
casa agora.

Meryn começou a pular para cima e para baixo.

— É isso aí!

Aiden a segurou pelos ombros.

— Bebê, isso significa o que eu acho que significa?

Meryn acenou com o telefone.

My
SalvatioN
Alanea Alder
— Vinte esquadrões da Vanguarda estão em casa. Mais de cem
guerreiros estão sendo verificados!

— Cam! Relatório! — Aiden latiu, a esperança uma coisa viva em


sua expressão.

— Senhor, é exatamente como eu disse à Ameaça. O que cada


esquadrão está me dizendo é que quando seus irmãos fae foram
chamados de volta a Éire Danu, eles sabiam que algo estava errado.
Todos abandonaram o serviço. — Cam riu. — Os militares dos EUA vão
ficar putos, mas é só esperar cinquenta ou sessenta anos e eles se
alistarão novamente.

— Onde eles estão agora?

— Na porra do meu gramado frontal. — Depois com uma voz mais


suave: — Eles não são ferals, senhor, nenhum deles até agora.

Aiden buscou atrás de si sua cadeira e desabou nela.

— Graças aos deuses.

— Vou te mandar uma mensagem quando eles estiverem partindo


para Éire Danu.

— Entendido, — respondeu Aiden, então Cam desligou.

Meryn pegou o telefone e começou a navegar.

— Há tantos deles! Eles eram todos militares? Delícia.

— Meryn! — Aiden latiu.

Ela lhe sorriu e continuou navegando.

— Ei, bebê, se todos vierem para cá, onde vão ficar? — Meryn
perguntou, seus olhos ainda colados no telefone.

Aiden olhou para Ari, que olhou para Brennus, que olhou para a
Rainha.

Ela tocou no cristal ao lado de sua cadeira e, alguns momentos


depois, Portia entrou.

— Sim, Vossa Majestade?

A Rainha sorriu.

— Onde podemos abrigar cem guerreiros da Vanguarda?

My
SalvatioN
Alanea Alder
Portia a encarou.

— Perdão, o quê?

— Estamos recebendo reforços, mas eles precisam de um lugar


para ficar.

— Vossa Majestade, se puder me dar alguns minutos, irei


verificar com Molvan. — Ela fez uma reverência e fechou a porta atrás
de si.

Ari exalou.

— Adoraríamos recebê-los na vila dos guerreiros, mas não temos


espaço.

Os toques continuavam ecoando no telefone de Meryn, mas cada


um significava que outro guerreiro estava seguro; todos ao redor da
mesa estavam sorrindo.

Poucos minutos depois, a porta se abriu e Molvan praticamente


escorregou para dentro da sala.

— O quê? O que tem isso de cem guerreiros da Vanguarda? — ele


perguntou, os olhos arregalados.

Meryn olhou para cima.

— O cara vai ter um derrame, — ela observou, depois olhou


novamente para o telefone.

A Rainha se levantou e rapidamente foi para o lado de seu


secretário.

— Isso é uma coisa boa, Molvan. Os guerreiros estão seguros e


estão vindo aqui para ajudar.

— Não há espaço! Em nenhum lugar! — o homem guinchou.

Meryn olhou para cima e observou enquanto o homem


normalmente composto se desfazia. Suspirando, se aproximou e
colocou a mão no ombro do homem.

— Molvan, eles são militares. Eles provavelmente vão apenas


abrir tendas ou criar coisas parecidas com bases ou algo assim. Onde
há uma área plana e central que possam ocupar?

Molvan piscou rapidamente.

My
SalvatioN
Alanea Alder
— Vossa Alteza, você é um gênio.

— Eu sei.

Ele levantou a mão para esfregar a testa.

— Desde a queda drástica da temperatura, Lady Zoe e Mestre


Kincaid instalaram pedras de aquecimento na área da fonte do distrito
comercial. Eles poderiam se instalar lá.

Meryn deu um tapinha nele algumas vezes.

— Viu? Não foi tão ruim.

Molvan endireitou-se.

— Vossa Majestade, com sua permissão, gostaria de ir ao portal


principal para ajudar a orientá-los quando chegarem.

A Rainha inclinou a cabeça.

— É claro.

O homem virou-se para Portia.

— Talvez uma atualização para as pessoas, para que não… — ele


hesitou, como se procurasse as palavras certas.

— Surtem geral? — Meryn sugeriu.

— Exatamente, — confirmou Molvan.

Portia assentiu.

— Não é uma má ideia.

Juntos, saíram rapidamente da sala, discutindo a logística do


súbito influxo de guerreiros.

— Bebê, estou orgulhoso de você, — elogiou Aiden.

Meryn deu de ombros.

— Os guinchos eram meio irritantes. — Ela voltou para o telefone,


escondendo a expressão satisfeita com o orgulho dele.

Ari levou o telefone ao ouvido.

— Ei, Rex. Não, eu estou bem. Escute, você pode perguntar ao


Cord se ele está disposto a ir ao pub do Dav’s e ajudar a preparar
comida? Por quê? Ah, vinte esquadrões da Vanguarda vão
My
SalvatioN
Alanea Alder
se reportar à cidade na próxima hora mais ou menos. — Ari sorriu com
o grito de surpresa que veio de seu telefone. — Você também pode
avisar o Dav para fechar o bar esta noite? Temos uma festa de boas-
vindas para organizar. Sim, sim, eu sei. Obrigado, mano. — Ari digitou
no telefone. — Achei que você gostaria de um lugar um pouco menos
formal para se encontrar com os homens, — disse este, olhando para
Aiden. — Vou mandar uma mensagem para o Aeson para que os
guerreiros de Éire Danu possam dar umas boas-vindas adequadas.

Aiden suspirou de alívio.

— Tem certeza de que não quer ser o segundo em comando em


Lycaonia?

— Ei! — Brennus protestou.

Aiden sorriu.

— Eu te mando o Colton.

Brennus franziu o cenho.

— Você sabe que não é uma troca justa. Você é o único que
consegue controlar aquele lobo.

Aiden assentiu.

— Verdade.

— Alguma ideia de atividades? — Kendrick perguntou.

Aiden recostou-se na cadeira.

— Por mais que eu adoraria mantê-los aqui, o Molvan está certo.


Simplesmente não há espaço suficiente. Os esquadrões ficariam se
atropelando. — Ele deu batidinhas na mesa com os dedos. — Se eles
estiverem dispostos, gostaria de enviar seis esquadrões para as outras
cidades-pilares, sendo Storm Keep a exceção. Enviaremos apenas dois
esquadrões para lá. Acho que até o Conselho dos Bruxos notaria seis
esquadrões de homens aparecendo de repente.

Kendrick assentiu.

— Eu gostaria de falar com qualquer que seja o esquadrão que vá


para Storm Keep.

— É claro. Você conhece melhor aquela cidade.

My
SalvatioN
Alanea Alder
Priest pegou seu próprio telefone para enviar uma mensagem
para Gage. Seu irmão de unidade ficara para trás aquela manhã,
esperando Zoe e os meninos terminarem o café da manhã. Depois disso,
iriam com Zoe para outro centro de feitiços com Kincaid.

A resposta foi imediata. Pode crer! Assim que a Zoe terminar este
centro, iremos para casa e ajudaremos na preparação!

Ari virou-se para ele.

— Atualizou o Gage?

Priest sorriu. Ele imaginara mesmo que Ari saberia que ele
atualizaria Gage.

— Assim que Zoe terminar o centro de feitiços de hoje, eles irão


para casa para ajudar os rapazes na preparação.

Ari virou-se para a companheira.

— Qual o nosso próximo passo?

Brie tirou um pequeno caderno do bolso de trás.

— Entrarei em contato com o Ben mais tarde, já que ele foi tomar
conta do necrotério. Lidei com nosso primeiro lote de nomes
confirmados de Noctem Falls, mas não posso lidar com todos, então
quero repassar alguns princípios básicos de "dar más notícias" que
aprendi na força policial com os caras. — Ela olhou em volta e
empalideceu. — Sinto muito, estávamos falando de boas notícias agora
há pouco.

A Rainha sentou-se ao lado do próprio companheiro.

— De certa forma, são boas notícias, Brie. Podemos finalmente


deixá-los descansar.

Brennus passou um braço em volta dos ombros dela, puxando-a


para perto.

— Sim, não é como se eles estivessem mais mortos porque você


está falando deles, — acrescentou Meryn.

Todos se viraram para encará-la.

Ela desviou os olhos do telefone.

— O quê?

My
SalvatioN
Alanea Alder
Amelia fechou os olhos e recostou-se largada na cadeira.

— Tato, Meryn. Você se lembra de falarmos sobre tato?

— Sim, mas parecia um pé no saco acompanhar as conversas, as


expressões das pessoas e coisa e tal. É difícil demais.

Thane estremeceu.

— Ela tecnicamente não está errada.

Meryn parecia confusa.

— Eles ainda são pessoas, mesmo que estejam mortos, certo? Não
acho que ficariam irritadinhos se falássemos sobre eles.

— Eles ainda são pessoas, — sussurrou a Rainha, depois se


levantou. — Ela está absolutamente certa. Temos nos concentrado
muito em suas mortes, não em suas vidas. — Ela correu e abraçou
Meryn com força. — Obrigada! — E saiu correndo da sala, chamando
Portia.

Brennus ficou paralisado em estado de choque por um momento,


então praticamente saiu correndo da sala para acompanhar a
companheira.

— Huh? — Meryn perguntou, olhando para o próprio escudeiro.

Ryuu simplesmente deu um tapinha gentil na cabeça dela.

— Como sempre, denka, você vê as coisas claramente.

— Suponho que sim.

Aiden se levantou e depois espreguiçou-se.

— Meryn, quer vir comigo conhecer a Vanguarda?

Ela o olhou.

— Um urso caga na floresta?

Ao redor da mesa, todos começaram a gargalhar.

Aiden pegou a companheira no colo e depois se virou para os


irmãos adotivos desta.

— Meninos, o que vocês querem fazer?

Pip trocou olhares com Nigel e Neil, que, em troca, deram de

My
SalvatioN
Alanea Alder
ombros. Pip olhou de volta para Aiden.

— Podemos ir até o Dav's ajudar com a decoração?

Aiden assentiu.

— Boa ideia. Nos encontraremos lá mais tarde.

Priest também se levantou e acompanhou Aiden. Quando Aiden


olhou para baixo e levantou uma sobrancelha, Priest simplesmente
apontou para Meryn. A expressão satisfeita no rosto de Aiden lhe disse
que havia tomado a decisão certa. Com tantos novos guerreiros por
perto, Ryuu e Pierce poderiam precisar de ajuda para manter a Ameaça
na linha.

Quando estavam saindo, Meryn se endireitou para olhar por cima


do ombro de Aiden para a prima.

— Amelia, talvez precisemos adicionar uma seção da Vanguarda


ao nosso banco de dados.

Um tapa alto fez os olhos de Meryn quase saltarem das órbitas


enquanto esta esfregava a bunda.

— Não consigo acreditar que você fez isso.

Na mesa, todos estavam com dificuldade para respirar de tanto


rir.

— Rude! — Meryn gritou enquanto Priest fechava a porta. As


risadas nos aposentos da Rainha foram ouvidas por um tempo
enquanto caminhavam pelo corredor em direção ao portão da frente.

*****

Passaram-se quase duas horas antes que o portal principal se


iluminasse e esquadrão após esquadrão começasse a atravessá-lo.

Aiden teve que direcionar os homens enquanto chegavam porque,


cada um, sem falta, congelou no lugar, reagindo à escuridão e ao frio.

Priest permaneceu perto de Meryn enquanto Aiden se afastava


com um membro do esquadrão chamado Reston para obter mais
atualizações. Quando Priest se aproximou da mulher fae que falava com
a Ameaça, um perfume tentador o torturou. Era doce, mas com toques
de uma pitada quente, como canela e noz-moscada.

— Deuses, que aroma é esse? — ele se perguntou em voz alta.

My
SalvatioN
Alanea Alder
A boca de Ryuu se contraiu enquanto colocava as duas mãos nos
ombros do guerreiro e o conduzia para ficar bem na frente das duas
mulheres.

— Então, você tem um nome?

A fae riu.

— Não.

Os olhos de Meryn se arregalaram.

— Sério?

— É claro que eu tenho um nome. — A linda loira estendeu a


mão. — Sou Cassandra Vi’Illiya.

Meryn pegou a mão desta.

— Eu sou Meryn McKenzie. Prazer em conhecê-la!

Ele deu outro passo à frente.

Meryn lhe franziu o cenho.

— Cara, espaço pessoal.

Cassandra virou-se para ele, arregalando os olhos.

— Oh céus.

— Cas, você está bem? — perguntou um guerreiro da Vanguarda,


enquanto se aproximava de Cassandra.

Priest rosnou baixo no fundo da garganta e puxou sua


companheira para trás de si.

— Acho que não, porra, — disse o Vanguarda, enfrentando-o.

— Coop, está tudo bem! Ele é o meu companheiro! — Cassandra


gritou de trás dele.

— O quê?! — múltiplas vozes masculinas exigiram.

Aiden se aproximou.

— Priest, tudo firme?

Ele só conseguiu assentir. Em seu peito, seu pássaro parecia


arranhar seus órgãos.

My
SalvatioN
Alanea Alder
— Pássaro... não está... feliz, — grunhiu.

— Luca, por favor, o ajude! Ele está todo vermelho, — implorou


Cassandra.

Carrancudo, outro guerreiro passou na frente daquele chamado


Coop. Colocou a mão no ombro de Priest e a retirou rapidamente.

— Filho da puta!

— Luca, você está bem? — Coop perguntou.

Luca chupou os dedos.

— Sim, eu só não esperava a intensidade da dor, só isso. — Com


uma expressão mais gentil, ele colocou a mão de volta no ombro de
Priest. — Conquiescere, frater meus. Fique em paz, meu irmão. Nós não
desejamos sua companheira. É só que cuidamos dela faz muito tempo.

Dentro de seu corpo, seu pássaro se acomodou e Priest conseguiu


expirar.

— Obrigado.

— Obrigada, Luca, — disse Cassandra, contornando-o para olhar


para Priest. — Olá, meu companheiro. — Ela sorriu tão brilhantemente
que ele sentiu o coração falhar.

— Juro por todos os deuses proteger este sorriso, — ele


sussurrou.

— Oh! — Ela cobriu a boca com ambas as mãos. — Oh.

Luca suspirou alto.

— Parece que temos um novo irmão.

Aquele chamado Coop e o homem igualmente intimidador ao lado


dele grunhiram em concordância.

— Eu viro as costas por três malditos segundos... três! — Reston


vociferou, aproximando-se para ficar ao lado de seus irmãos de
esquadrão, as mãos nos quadris.

— Tem certeza, querida? — outro perguntou.

Cassandra assentiu.

— Nós não fomos formalmente apresentados…

My
SalvatioN
Alanea Alder
— Priest, sou Priest Vi’Aerdan, — disse ele, sorrindo tristemente.
— Não foi a melhor apresentação, não é?

Ela assentiu e depois inclinou a cabeça.

— Você é um shifter, mas tem um nome de Família Fundadora


fae?

— Eu fui adotado.

Reston esfregou a nuca.

— Não tenho certeza de quem ganha.

Coop estava ofegante de tanto rir.

— O que está acontecendo? — Cassandra perguntou.

Reston apontou para seu irmão fae do esquadrão.

— Ilian e eu apostamos se você acabaria com um fae ou um


shifter. Ele é meio que os dois.

Ilian esfregou o queixo.

— Eu diria que ele conta como fae, especialmente porque carrega


o nome de Chefe da Casa.

Reston apontou:

— Ele é literalmente um shifter, — e cheirou o ar. — Algum tipo


de pássaro, — ele fez uma pausa e depois se virou para Cassandra, com
os olhos arregalados. — Sinto muito, querida.

Priest olhou para a companheira, que estava fazendo uma careta.

— Perdão?

Ela torceu as mãos na frente de si.

— Não sou muito fã de pássaros.

Meryn balançou a cabeça.

— Não ligo pra eles quando estão do lado de fora e eu estou


dentro de casa, mas, verdade seja dita, não gosto de nada que possa
bombardear a minha cabeça de cima, incluindo insetos. — Ela se
encolheu. — Especialmente insetos.

Cassandra apontou para Meryn com entusiasmo.

My
SalvatioN
Alanea Alder
— Sim, isso, exatamente.

— Se isso te faz se sentir melhor, sou um péssimo shifter, — ele


admitiu.

Ela lhe esfregou o braço, como se sentisse sua decepção pessoal.

— Podemos conversar sobre isso mais tarde.

Ele balançou a cabeça e sorriu com a preocupação dela.

Só a sensação da mão dela em seu braço quase o fez flutuar.


Dedos estalaram na frente de seu rosto.

— Você ouviu o que eu perguntei? — Reston disse, sorrindo


indulgentemente.

— Huh?

— É, foi o que pensei. Quer vir conosco ver em que estado está a
Casa Illiya?

— Casa? — Por que ele se sentia preso à bobisse? Sua


companheira devia achá-lo um parvo.

Cassandra assentiu.

— Abri minha casa para a Vanguarda ficar, principalmente


porque está vazia. Eu sou a última da minha linhagem.

— O Molvan vai te adorar, — disse Meryn.

Cassandra trocou olhares com Reston.

— Quem é Molvan?

— O cara das Relações Públicas da Rainha. Ele quase chorou


quando soube que talvez precisasse encontrar um lugar onde colocar
todos esses caras, — Meryn apontou para a Vanguarda ao redor.

Aiden virou-se para o grande grupo.

— Homens, ouçam!

Como um só, os homens se viraram e ficaram em posição de


sentido.

Aiden continuou:

— Peguem suas coisas. Vamos para a Casa Illiya. Depois disso,

My
SalvatioN
Alanea Alder
todos devem se reunir no bar do Dav’s para uma espécie de festa de
boas-vindas. Ordens serão dadas lá.

Um dos guerreiros fae deu um passo à frente.

— Eu gostaria de ver minha família, senhor.

Aiden assentiu.

— Eu ia lhes mostrar a caminho da cidade. — Sua expressão


ficou sombria enquanto recuava e apontava para o centro da cidade. —
Temos um quadro com as listas dos desaparecidos e das mortes
confirmadas.

O guerreiro empalideceu e olhou para além de Aiden com pavor


no rosto.

Priest deu um passo à frente. Ele tinha que dizer algo como
membro da unidade de maior ranque da cidade.

— Vocês não estão sozinhos. Seus irmãos de unidade estão aqui e


explicaremos as coisas a cada passo do caminho.

Aiden deu um tapinha em suas costas.

— Bom homem.

Ele sentiu uma pequena mão fria pegar a dele e olhou para ver
sua companheira observando-o de perto. Seus olhos pareciam de uma
espécie de cor verde. Eram bonitos, mas pareciam estranhos de alguma
forma.

— Qual o problema com os seus olhos? — ele perguntou.

Segundos depois, sentiu um soco no rim.

— Ai!

Ele olhou para trás e Meryn lhe estava franzindo o cenho.

— Cara.

Voltando-se para sua companheira, ele ficou instantaneamente


apologético.

— Cassandra...

Ela enxugou os olhos, rindo.

My
SalvatioN
Alanea Alder
— Um segundo.

Priest observou horrorizado quando ela pareceu colocar o dedo no


olho.

Momentos depois, ela o olhou, e ele a encarou perplexo.

— Deuses, você é...

— Você parece uma fada, — Meryn sussurrou. — Você é tão


bonita! — Ela então franziu a testa. — Por que eu não podia ter ficado
com olhos rosa?! Tudo o que consegui foi um detector de emoções de
merda.

As palavras lhe falharam. Meryn estava certa. Sua companheira


tinha uma aparência etérea. Seus longos cabelos loiros eram levemente
cacheados, sua pele cremosa e tinha traços delicados.

— Sua aparência era diferente alguns segundos atrás.

Ela riu.

— Lentes de contato mágicas para que eu pudesse viver entre os


humanos, — explicou ela.

Reston suspirou.

— Nós as sugerimos depois que tivemos que matar seu segundo


stalker.

Cassandra estava sorrindo e assentindo até ouvir aquilo.

— Vocês mataram eles?

Priest ergueu o punho e Reston bateu com o dele neste.

Aiden estendeu o cotovelo para Meryn, e esta o tomou.

Priest fez o mesmo com Cassandra. Ela delicadamente colocou a


mão em seu braço.

— Homens, primeiro o centro da cidade, depois a Casa Illiya.

— Senhor, sim, senhor!

*****

Os olhos de Priest estavam em sua companheira enquanto esta


observava atentamente os guerreiros enquanto estes examinavam cada

My
SalvatioN
Alanea Alder
lista.

— Priest, aquele ali! — ela exclamou, apontando para um homem


congelado diante dos quadros.

— Luca, aquele feitiço! — Priest pediu enquanto puxava o bruxo


para frente.

Sem saber o que mais fazer, Priest simplesmente passou os


braços em volta do guerreiro da Vanguarda enquanto os joelhos do
homem cediam.

— Ellais! — Outro guerreiro abriu caminho entre os homens. —


Esse é o meu esquadrão, irmão.

— Eles se foram, Amir! Meu irmão e sua companheira se foram!


Eu deveria ter estado aqui! — Priest sentou-se no chão segurando o
guerreiro enquanto este desabava.

Amir olhou em volta enquanto outros três homens avançavam.


Priest presumiu que fossem os irmãos de esquadrão do guerreiro.

Luca colocou a mão na cabeça de Ellais e sussurrou o feitiço para


acalmá-lo.

— Nós cuidamos dele, — disse Amir, puxando Ellais gentilmente


na direção de si. Priest o soltou e olhou em volta. Um rosto familiar na
multidão na rua próxima o fez acenar.

— Ramsey, venha aqui.

O shifter de leão se aproximou correndo.

— Do que precisa?

— Leve esse esquadrão para a vila dos guerreiros. Eles têm todo o
nosso apoio.

— Pode deixar, chefe.

Ramsey ajudou a levantar Ellais e afastá-lo do centro da cidade.

— Cassandra? — Priest perguntou, olhando novamente para a


companheira.

Ela estava esfregando as têmporas, mas continuava examinando


a multidão.

— Tristeza, mas acho que ele pode ter sido o único diretamente

My
SalvatioN
Alanea Alder
afetado.

Os homens olharam em volta para garantir que seus irmãos


estavam bem e acenaram para ela.

Reston esfregou o rosto com as mãos.

— Vamos ver como eles estão depois de arrumarmos a casa, —


prometeu.

Priest teve a sensação de que naquela manhã os homens eram


vinte esquadrões diferentes, mas a solidariedade rapidamente se formou
entre eles, com Reston como líder.

— Vamos, homens, vamos levá-los para casa, — disse Aiden,


segurando apertado uma Meryn trêmula.

Enquanto caminhavam para a Casa Illiya, com os corações


pesados pela dor do irmão, ninguém disse uma palavra.

My
SalvatioN
Alanea Alder
Capítulo três
A dor, o medo e o desespero pareciam circular entre os homens
enquanto caminhavam pela rua principal em direção ao palácio. A Casa
Illiya não era de uma Família Fundadora como a casa de seu
companheiro, mas era uma Casa Nobre e, como as das Famílias
Fundadoras, a dela estava localizada perto do palácio. Suspirando, ela
avançou ao lado do companheiro. Ela realmente não estava ansiosa
para ver quanto trabalho tinha que ser feito. Ela havia saído de casa
fazia séculos.

— Você está bem? Às vezes as emoções afogam a Meryn, — Priest


perguntou, apontando para onde a pequena mulher estava sendo
carregada por seu grande companheiro.

Ela balançou a cabeça.

— Não sou afetada pelas emoções da mesma forma que um


empata. Presumo que ela tenha empatia?

Ele assentiu.

Ela continuou sua explicação.

— Eu simplesmente vejo essas emoções refletidas nas cores das


auras das pessoas.

— Você estava esfregando as têmporas mais cedo, — disse ele,


ainda parecendo preocupado.

— Foi a transição do bege para o azul que me deixou zonza.


Aconteceu muito rápido.

— Bege? Azul?

Ela assentiu.

— Vejo as emoções padrão das pessoas como bege. É a cor que


vejo quando não estão super felizes, tristes ou zangadas, apenas
existindo. É como a cor da homeostase da emoção quando as coisas
estão bem equilibradas.

My
SalvatioN
Alanea Alder
— Faz sentido, eu acho. — Ambos ficaram quietos por um
minuto. — Você atende por Cassandra?

— Eu, na verdade, não tenho uma preferência. Quando os caras


me mimam, eu ouço Cassie, mas na maioria das vezes é apenas Cas.

Ele apertou sua mão.

— Você não parece animada por voltar para casa.

Ela apertou sua mão de volta, aproveitando o apoio extra. Seu


passado não era traumático, apenas triste.

— Meus pais me tiveram quando já eram muito velhos. Eles


tinham quase sete mil anos quando minha mãe descobriu que estava
grávida. Eles já haviam feito arranjos para nossa casa para que
pudessem começar a desvanecer.

Ele inalou bruscamente e segurou a mão dela com um pouco


mais de força.

— Obviamente, os planos deles foram adiados com a minha


chegada. — Ela expirou. — Eles duraram cem anos, tempo suficiente
para eu atingir a maioridade. Um dia, eles me sentaram e explicaram o
que queriam. Me deram a opção de ficar com eles até o fim ou sair para
explorar o mundo. — Ela deu de ombros. — Eu não podia ficar e vê-los
morrer, então fizemos uma festa. No dia seguinte eu saí e nunca mais
voltei.

— Deuses, — ele sussurrou, levando a mão dela aos lábios para


beijar-lhe suavemente. — Tem certeza da decisão de voltar? Poderíamos
ficar com a minha família.

Ela segurou os nós dos dedos dele contra a bochecha,


desfrutando de seu calor.

— Já passou da hora de eu voltar. Fiquei fora quase duzentos


anos já. Talvez ter uma casa cheia de gente ajude.

— Lady Illiya, podemos encontrar outro lugar para ficar se abrir


sua casa for muito doloroso, — ofereceu um guerreiro da Vanguarda. Ao
redor deles, os homens assentiram, com simpatia nos olhos.

Agora ela sabia que estava fazendo a coisa certa. Esses homens
tinham momentos difíceis pela frente. Se ela pudesse deixar as coisas
mesmo que só um pouco mais fáceis, proporcionando-lhes um lugar
para ficar, ela o faria.

My
SalvatioN
Alanea Alder
Ela balançou a cabeça diante da gentileza dos homens.

— A minha mãe teria concordado comigo. Ela sempre adorou


festas e grandes grupos de pessoas. Não consigo pensar em uma
maneira melhor de honrar sua memória do que reabrir a Casa Illiya. —
Ela fez uma careta. — Embora eu possa esperar que vocês, cavalheiros,
ajudem com alguns reparos. Não sei nada sobre trabalhos manuais.

— Nós dissemos em Monroe, mas você não precisa se preocupar


com nada. Nós cuidaremos disso, — ofereceu um guerreiro à sua
esquerda.

— E tudo o que eles não conseguirem, eu e meus irmãos de


unidade ajudaremos, — ofereceu Priest.

Ela piscou e depois olhou para baixo para observar seus pés
enquanto caminhavam.

— Estranho, né? — Meryn perguntou.

Ela olhou para cima e viu a pequena mulher observando-a dos


braços do companheiro.

— Estranho?

— Passar de estar sozinha para ter um bando de pessoas ao seu


redor. Eu ainda não sei como pedir ajuda. Mas fica mais fácil se você
deixar eles fazerem o que quiserem.

Cas quase tropeçou quando compreendeu realmente o que Meryn


disse. Ela estava acasalada, e seus autodenominados irmãos estariam
em casa o tempo todo agora. Além disso, ela não achava que as outras
Vanguardas a deixariam passar dificuldade, muito menos os irmãos de
unidade de Priest.

— Oh.

Meryn assentiu.

— Sim, se eu não tivesse o Ryuu, teria que começar coisas como


cartões de Natal em junho para não esquecer de nada.

Cas riu.

— Nós tínhamos um escudeiro quando eu era criança. Senti tanta


falta dele quanto dos meus pais quando parti. Fiquei muito grata por
meus pais terem tido ele no final.

My
SalvatioN
Alanea Alder
— Eu provavelmente morreria de fome e esqueceria a minha
calcinha sem o Ryuu, — admitiu Meryn.

Ao redor deles, os homens gargalharam.

Aiden suspirou.

— Bebê, eu sou mais do que capaz de te alimentar.

Meryn estreitou os olhos para o companheiro.

— Você não me lembraria da minha calcinha?

Aiden sorriu, mas permaneceu em silêncio.

Meryn ofegou.

— Aiden!

Agora, os homens estavam rindo.

Cas observou uma onda rosa emanar em cascata deles, com


Meryn no epicentro.

— Você é uma maravilha, Meryn.

Meryn olhou para ela de onde estava, puxando a orelha de Aiden


repetidamente enquanto o homem ria.

— Obrigada.

Ao se aproximarem da casa de sua infância, ela percebeu como as


outras Famílias Nobres mantiveram as casas vizinhas com uma
aparência encantadora. Ela estava se encolhendo, pensando que sua
casa teria algo parecido com um aviso de violação da Associação dos
Moradores colado na porta.

Quando pararam em frente à Casa Illiya, ela só conseguiu encará-


la. Estava exatamente como ela se lembrava. Nada parecia desgastado
ou caindo aos pedaços. As flores de sua mãe pareciam florescer graças
às pequenas pedras aquecidas que revestiam a vegetação rasteira.

— Como? — ela sussurrou.

A porta se abriu e um homem ágil e elegantemente vestido deu


um passo à frente. Colocando a mão sobre o coração, este fez uma
reverência.

— Bem-vinda ao lar, Milady.

My
SalvatioN
Alanea Alder
As lágrimas correram sem controle enquanto ela tirava Luca do
caminho.

— Eion! Deuses! Você está aqui! — Ela se jogou descuidadamente


no homem, sabendo que ele a pegaria.

— Oh, querida, — o homem sussurrou suavemente. Quantas


vezes ela ouvira essa frase enquanto crescia?

Atrás dela, ela ouviu uma inspiração e então Priest perguntou:

— Você é o escudeiro da família dela, não é? Você ajudou a criá-


la.

Sem dizer nada, ela assentiu, esfregando a bochecha nas vestes


de Eion.

— Oh, isso é lindo! — Meryn fungou e enxugou os olhos. Ryuu,


sorrindo, passou-lhe um lenço.

O homem de longas vestes recuou e enxugou as lágrimas de Cas.

— Vejo que trouxe convidados. — Ele fez uma reverência para o


grupo atrás dela. — Bem-vindo à Casa Illiya. Eu sou o escudeiro de
Cassandra, Eion Mormaer.

Riso borbulhou em torno de seu coração.

— Sim, sinto muito por não avisar que estávamos vindo. Eu não
tinha ideia de que você estava aqui!

Ele sorriu matreiramente.

— Onde mais eu estaria além de esperando o retorno da minha


pequena senhorita?

— A casa? Como? Por quê? O quê? — ela balbuciou. Não


conseguia acreditar que o homem que tinha sido como um segundo pai
para si estivesse realmente ali. Quando ela se viu incapaz de retornar,
pensou que com certeza ele encontraria uma nova família para servir.

Ele passou um braço paternal em volta dos seus ombros.

— Senhores, poderiam me seguir? — Ele a conduziu para dentro


de casa. — Embora possamos não ter um quarto individual para todos,
devemos ter o bastante, se a maioria não se importar em dividir.

Reston deu um passo à frente.

My
SalvatioN
Alanea Alder
— Apenas me avise quais quartos estão fora dos limites, e eu
organizarei os homens enquanto você cuida da Cassie.

O escudeiro inclinou a cabeça regiamente.

— Tem meus agradecimentos. — E apontou para as escadas. —


Os aposentos pessoais da família ficam na ala oeste. Você pode delegar
qualquer quarto na ala leste como achar melhor.

Reston soltou um assobio agudo.

— Tudo bem, homens, vamos deixar nossas coisas e depois


receber ordens do nosso Comandante.

— Senhor, sim, senhor!

— Você está bem, querida? — Luca perguntou.

Ela assentiu e depois limpou o nariz na manga. Ao lado dela, Eion


suspirou.

— Ele é como um pai para mim.

— Boa, garota. Nós te encontraremos mais tarde, tudo bem? —


ele perguntou.

Aiden se virou para ela.

— Vou até lá e garantirei que as travessuras sejam reduzidas ao


mínimo. Bote a conversa em dia com o seu escudeiro. Esta noite é a
festa no pub do Dav’s. Espero te ver lá.

Meryn jogou-lhe um sinal de positivo com os dedões.

— Eu gosto de você. Você deveria comparecer.

Ela se virou para Priest.

— Você vai estar lá?

Ele gentilmente a puxou para longe de Eion e a aninhou nos


próprios braços.

— Eu não sei, minha companheira, estaremos?

Um bufo descontente de Eion a fez sorrir.

— Acho que vai ser divertido.

— Por que nós temos que ir? Está ficando bom, — Meryn

My
SalvatioN
Alanea Alder
protestou.

Ryuu fez uma meia reverência para Eion e seguiu sua


incumbência enquanto esta era carregada escada acima.

— Venha, Milady, vou preparar um bule de seu chá favorito, —


disse Eion, estendendo o braço e apontando para a sala de estar.

— Jasmim branco? — ela perguntou.

— Claro.

Assim que a porta da sala se fechou atrás deles, Eion cruzou os


braços sobre o peito.

— Suponho que apresentações são necessárias.

Cas sentiu seu peito se aliviar.

— Eion, este é Priest Vi’Aerdan. Acabei de encontrá-lo, esta tarde,


ao voltar para casa. Ele é o meu companheiro. — Ela olhou para Priest,
absorvendo sua aparência morena, e suspirou. — Ele não é
maravilhoso?

A boca de Eion se contraiu.

— Suponho que poderia ser pior do que um chefe de Família


Fundadora e guerreiro de unidade.

Quando ela captou a atenção de Priest, este lhe piscou um olho e


estufou um pouco o peito, fazendo-a rir.

Eion finalmente relaxou ao vê-la rindo.

— Ótimo. Agora, vamos tomar um chá. — Ele foi até o aparador e


colocou uma chaleira para ferver.

Cas puxou Priest para um sofá comprido e sentou-se. Ele beijou


sua testa antes de se sentar ao seu lado. Respirando fundo, ela se virou
para o homem que tinha sido como um segundo pai para ela.

— O que aconteceu... no final? Você esteve aqui o tempo todo?

Eion se manteve de costas para eles enquanto preparava


cuidadosamente a bandeja de chá.

— Eles ficaram felizes por você ter ido embora. Foi... difícil nos
últimos dias. Seu pai se foi primeiro, e a dor que isso causou à sua mãe
foi imensurável. Para ela, ela não estava desvanecendo rápido o

My
SalvatioN
Alanea Alder
bastante. Ela tirou a própria vida uma semana depois que seu pai
faleceu.

Cas engoliu em seco.

Eion, em movimentos lentos, organizava a bandeja enquanto


falava:

— Na noite anterior, ela compartilhou seu único arrependimento.


Que ela não estaria ao seu lado durante a sua vida. Ela me entregou a
casa e me pediu para mantê-la como estava para a sua volta. — A
chaleira fez barulho e ele serviu cuidadosamente duas xícaras. —
Lembro-me dela sorrindo. "Eion, se ela for parecida comigo, não
retornará por algum tempo. Não tenho o direito de pedir isso a você,
mas, por favor, fique e mantenha esta casa como um lar." Como se eu
fosse dizer não? — Eion balançou a cabeça e pegou a bandeja para
entregar-lhes.

Cas enxugou as lágrimas.

— Você poderia ter me avisado! Eu teria voltado.

Eion ergueu uma sobrancelha.

— Mas você estaria pronta para voltar? Vejo tanta força em você
que não estava lá no dia em que você partiu. Você era jovem e estava
assustada, insegura de tudo. Quando abri a porta e vi a mulher que
você se tornou, tive a maior certeza do mundo de que você havia feito a
coisa certa. Se você tivesse ficado, seria uma viva visitante de um
mausoléu. Agora, armada com a riqueza de experiências de vida que
conquistou, você pode voltar para casa e não deixar que as lembranças
a afoguem. Você pode apreciá-las. — Ele entregou-lhe uma xícara de
chá.

— Você ficou completamente sozinho.

Ele deu de ombros.

— Eu coloquei em dia minha leitura.

— A casa está incrível. Esperávamos ter que fazer reparos quando


chegássemos aqui, — elogiou Priest.

Um brilho apareceu nos olhos de Eion.

— Eu descobri uma paixão pela marcenaria. — Este se virou para


Cas. — Você pode encontrar novos móveis planejados em toda a casa,

My
SalvatioN
Alanea Alder
— ele hesitou. — Posso mudar qualquer coisa que você não aprove.

— Eion, se você colocou a mão, sei que não só é de qualidade


quase perfeita, como também terá bom gosto e se adequará
perfeitamente ao ambiente. — Ela riu. — Tenho vivido com uma caixa
de papelão na última semana, então até ter móveis de novo será ótimo.

Tanto Eion quanto Priest se viraram para ela e, em uníssono,


perguntaram:

— Por que você estava vivendo com uma caixa?

Ela olhou do escudeiro para o companheiro.

— Precisamos nos apressar e ter uma filha para que eu não fique
toda hora em menor número.

Priest deixou cair a xícara de chá.

Eion sorriu amplamente.

— Por favor tenha! Por que não alguns de cada?

— Huh? — Priest perguntou, parecendo atordoado.

Ela tinha quebrado seu companheiro?

— Priest, você queria filhos?

Ele olhou para a bagunça que havia criado, depois para Eion e
depois de volta para ela.

— Huh?

Eion estalou a língua.

— Você continua tão danadinha como sempre. Não atordoe o


pobre garoto assim, Cassie. — Ele pegou a xícara e colocou-a em um
lado da bandeja. Então pegou um pano de prato para começar a limpar
o chão. — O Priest é um guerreiro, afinal. Eles tendem a bater nas
cabeças uns dos outros regularmente. Ele pode ter apenas duas células
cerebrais funcionando e você acabou de embaralhar as duas.

Priest se espantou, voltando a si.

— Ei, eu me ressinto disso. Tenho três células cerebrais


funcionando, muito obrigado, — ele fungou dramaticamente, erguendo
o nariz no ar.

My
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Alanea Alder
Cas não pôde evitar quando começou a rir.

— Pare! — ela pediu.

Priest sorriu.

— Não, gosto demais de te ouvir rir.

Eion colocou a toalha encharcada na bandeja e recostou-se,


observando-os.

— Ele é bom para você.

— Se quiser me foder mais tarde, é melhor me alimentar logo! —


Meryn gritou, em algum lugar além da porta da sala de estar. Risada
masculina irrompeu momentos depois.

Cas e Priest se entreolharam e depois eles mesmos começaram a


rir.

— Essa é a Meryn. Ela tem um talento incrível, Eion. Ela


inadvertidamente faz as pessoas felizes.

Eion esfregou a lateral do nariz.

— Ela também é a segunda na linha de sucessão ao trono, depois


do Príncipe Darian.

Cas cuspiu o chá.

— Tem certeza?

Eion assentiu.

— Muita. E você está certa. Ela parece ter esse talento inato de
alegrar as pessoas. Ouvi dizer que ela também é bem inteligente.

Priest virou-se para ela.

— Eu já vi aquele terrorzinho em ação. Num momento, todos na


sala estão assustados e carrancudos e basicamente aterrorizados com o
futuro. No próximo, ela diz algo tão óbvio que sua mente fica em branco
e você se pergunta por que nunca teve esse pensamento tão simples
antes. Então ela diz algo ultrajante e você esquece que já esteve
perturbado.

Eion serviu uma xícara de chá nova e entregou-a a Priest.

— Ouvi dizer que a prima dela por parte de mãe é a companheira


do Príncipe Darian. E é dessa parte da família que ela
My
SalvatioN
Alanea Alder
herdou a empatia. Os empatas tendem a mudar naturalmente a direção
da conversa ou a linha de pensamento como uma técnica de
autopreservação.

— Eu quero nachos! — Meryn gritou, antes de ouvirem a porta da


frente se abrir e fechar.

Eion sorriu suavemente.

— O fato de ela não ter um senso inato de esconder o que está


fazendo me diz que não faz muito tempo que ela têm estado perto das
pessoas.

Cas pensou por um momento.

— Ela disse algo desse tipo antes, como era estranho passar de
estar sozinha para ter uma família. — Ela olhou para Priest. — Eu
quero fazer algo legal para ela.

Priest parecia animado.

— Devo muito a ela por encontrar a mim e aos meus irmãos de


unidade quando estávamos perdidos. Conte comigo.

Cas baixou a xícara de chá.

— O que você quer dizer com perdidos? Como podem se perder


nos dias de hoje?

Priest estremeceu.

— Estávamos resgatando faes sequestrados quando uma bomba


no armazém explodiu. O Príncipe Oron mal teve tempo de abrir um
portal para escaparmos. Infelizmente, o portal abriu aleatoriamente nas
profundezas de Noctem Falls. Passaram-se horas antes que o grupo de
busca nos encontrasse, e só foram capazes de nos encontrar porque
Meryn usou as câmeras para determinar em que nível estávamos e
iniciou um plano para usar um shifter para nos procurar. As costas do
Gage pareciam um hambúrguer, minha coluna e costelas estavam
fraturadas e as pernas do Oron estavam quebradas. Meryn foi quem
nos trouxe para casa. — Ele sorriu. — Minha mãe ainda está
adicionando coisas à cesta de presentes que planeja enviar.

Eion se levantou.

— Embora não seja uma Família Fundadora, a Casa Illiya é uma


Casa Nobre, — ele a olhou. — Não devemos ser sobrepujados pela Casa

My
SalvatioN
Alanea Alder
Aerdan.

Ela deu um pulo e abraçou o escudeiro com força.

— Faça o que achar melhor.

Ele assentiu e hesitou mais uma vez.

— Você é a verdadeira dona desta casa, eu...

Ela estendeu a mão e apertou o nariz dele duas vezes.

— Bii, bii.

Os olhos dele se arregalaram.

Ela colocou as mãos nos quadris, não gostando da cor azul clara
de incerteza em sua aura.

— Posso ser a Chefe da Casa, mas você é o dono absoluto da


casa, Eion. Esta é mais a sua casa do que a minha. Eu não hesitaria
em me ajoelhar no chão e implorar para você ficar.

Priest se levantou e deu um tapinha nas costas de Eion.

— Ela disse que você era como um pai. Isso te faz da família. —
Ele piscou os olhos para o escudeiro desconcertado. — Por favor, não
nos faça cozinhar e limpar para nós mesmos. Eu sou péssimo nisso e
ela vive de caixas de papelão.

Cas se endireitou.

— Ei!

Eion sorriu suavemente.

— Como eu poderia sonhar em deixar dois jovens como vocês sem


supervisão? — Ele se inclinou e beijou a bochecha de Cas. — É
maravilhoso finalmente ter você em casa, mesmo que você tenha trazido
um vira-lata.

— Ei! — Priest repetiu seu próprio protesto.

Eion piscou um olho ela.

— Agora, vou preparar meu Jubileu de Frutas para você levar


para o Dav’s. Com tantos homens, qualquer comida extra será uma
dádiva dos deuses. — Ele apontou para o pátio. — Há mais um para
você cumprimentar.

My
SalvatioN
Alanea Alder
Cas pegou a mão de Priest e puxou-o em direção à porta.

— Vamos!

Rindo, ele a seguiu até onde crescia a Árvore da Casa dela.

— Coll! — ela gritou.

No centro do jardim crescia uma aveleira de ramos baixos. Assim


como a área da fonte da cidade e o canteiro de flores de sua mãe,
pequenas pedras âmbar ao redor da base da árvore emitiam ondas de
calor constante.

— Coll, estou em casa!

Do centro da árvore uma forma começou a se materializar. Um


jovem pequeno deu um passo à frente. Ele tinha cabelo curto, castanho
e cortado, exceto por uma única trança longa que estava jogada sobre
um ombro.

— Cassie! — o jovem correu até ela e se balançaram, rindo. —


Achei que você nunca mais voltaria para casa. Os humanos eram
realmente tão interessantes assim? Eles me parecem tão pequenos, —
disse ele, franzindo o nariz sardento. — Você vai ficar?

Cas assentiu.

— Vou. — Ela conduziu o Espírito Guardião até seu companheiro.


— Coll, este é Priest, meu companheiro.

Coll o olhou fixamente.

— Você é um dos Liaylia, mas é um pássaro... — O espírito deu


de ombros. — Eu gosto de pássaros. — Ele se virou para Cas. — Venha
ver o seu galho! Ele mostra que você acasalou. Eu fiquei tão feliz
quando senti um novo crescimento. — O pequeno espírito puxou sua
mão e ela o seguiu animadamente.

Enquanto crescia, Coll parecia mais um irmão mais novo do que


um Espírito Guardião, mas sua mãe lhe disse que ele escolhera aquela
aparência. Quando ela perguntou a Coll sobre isso, ele deu de ombros e
perguntou se ela queria que ele fosse mais adulto. Ela lhe disse que
queria que ele fosse feliz, então o que ele preferisse era o que ela queria.
Daquele dia em diante, brincaram juntos no jardim. Quando ficou mais
velha, ela lhe trazia chá e contava sobre seus estudos.

Dizer adeus a ele fora uma dor física da qual ela nunca se

My
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Alanea Alder
recuperou, apenas aprendeu a lidar com tal.

Ela impetuosamente puxou-o para si para outro abraço.

— Deuses, senti tanto a sua falta! Eu cultivava aveleiras onde


quer que eu fosse, mas não era a mesma coisa.

Coll balançou a cabeça.

— Mas ajudou! Ajudou sim. Eu conseguia te sentir através das


árvores, então você nunca parecia longe.

Olhando para o centro da árvore, ela viu os galhos cinzentos e


petrificados de seus pais. Abaixo deles estava o dela e agora um
pequeno ao lado, significando que ela tinha um companheiro.

Priest se aproximou dela por trás e colocou a mão em sua lombar.

— É uma bênção ter um lugar entre esses ramos.

Coll virou-se para ele e jogou-lhe um sorriso malicioso.

— Você deveria derramar sangue no meu tronco, daí eu poderia


roubá-lo de Liaylia.

Cas sentiu o queixo cair.

— Coll!

Priest ficou de joelhos para olhar o Guardião nos olhos.

— Você me honra imensamente. Eu aceitaria, mas não posso


machucar a Guardiã que me acolheu quando ninguém mais o fez.

Coll assentiu lentamente enquanto seu sorriso se acalorava.

— Eu sabia que você era um bom pássaro. É melhor cuidar bem


da minha Cassie. — Ele apontou para o chão e, um momento depois,
uma pequena muda surgiu da terra. Coll se abaixou e arrancou-a do
chão, oferecendo-a a Priest. — Leve isso para Liaylia. Se ela estiver
aberta a isso, poderemos entrelaçar nossos ramos. Dessa forma, nós
dois poderemos cuidar de vocês dois.

Com as mãos trêmulas, Priest aceitou a pequena muda e enfiou-a


sob a camisa, perto do coração. Coll assentiu com aprovação.

— Ele é o melhor dos dois mundos. Ele sabe como ser um fae,
mas aposto que se reproduz como um shifter.

My
SalvatioN
Alanea Alder
— Coll! — Cas guinchou para seu amigo de infância novamente.

Coll esfregou a orelha.

— O quê? — Ele apontou para a própria árvore. — Precisamos de


mais galhos, Cassie. Muitos e muitos bebês, por favor. Há séculos que
me sinto franzino.

Priest ficou em posição de sentido.

— Juro cumprir meu dever, senhor!

Coll começou a rir.

— Ah, eu gosto mesmo dele. Você se saiu muito bem, Cassie.

Cas esfregou o rosto com as mãos.

— Não posso vencer com três de vocês contra mim, — disse ela,
pensando em como Eion ficara animado com a perspectiva de bebês na
casa.

Coll apontou para a casa.

— Vão se conhecer e depois façam bebês!

Priest bateu os calcanhares e levou a mão à testa em saudação.

— Senhor, sim, senhor!

Balançando a cabeça, ela deu um beijo na bochecha de Coll,


depois passou pelo companheiro para voltar para dentro.

— Eu não vou te decepcionar! — Priest jurou dramaticamente.

— Tudo depende de você! — Coll respondeu, entrando no drama.

Ela atravessou a sala de estar até a cozinha, deixando seu


companheiro e Espírito Guardião agindo como bobos no jardim.

Eion a viu entrar e ergueu uma sobrancelha.

— Recebi ordens de fazer muitos bebês.

Eion apenas balançou a cabeça.

— Coll, Liaylia e Aldrya estão deprimidos há décadas.

Cas teve que pensar por um momento, então percebeu que esses
eram os nomes dos Espíritos Guardiões cujas casas haviam diminuído.

My
SalvatioN
Alanea Alder
Coll da Casa Illiya, Liaylia da Casa Aerdan e Aldrya da Casa Eirson.

— Falando em Liaylia, podemos ir para a Casa Aerdan? — Priest


perguntou, entrando na cozinha. Ele deu um tapinha no próprio peito.
— Quero levar esta muda para ela o mais rápido possível.

— Muda? — Eion perguntou com os olhos arregalados.

— Coll quer entrelaçar ramos com ela para que possam cuidar
das duas Casas, — explicou ela.

Eion colocou a tigela de morangos na bancada.

— Essa pode, de verdade, ser uma sugestão incrível. Com tantos


guardiões em estado de choque, apoiar uns aos outros beneficiará a
todos.

— Podemos ir? — Priest perguntou, parecendo extremamente


ansioso.

Cas riu e pegou sua mão. Ela provavelmente também ficaria


ansiosa se tivesse uma muda guardiã sob a camisa.

— Eu também gostaria de conhecer seus pais, especialmente


porque lancei os galhos da minha família sobre você sem avisar.

A expressão de Priest mudou de nervosa para juvenil.

— Minha mãe vai te amar, e meu pai também. Não acho que eles
esperavam que eu encontrasse uma companheira tão cedo.

— Nenhum escudeiro para me interrogar?

Priest riu.

— De todos naquela casa, Merrick é o que mais vai te mimar.

Eion riu e assentiu.

— Então o que estamos esperando?

My
SalvatioN
Alanea Alder
Capítulo quatro
Priest manteve uma mão sobre a muda a caminhada toda até a
casa de seus pais. Embora ele carregasse o nome de Chefe da Casa, era
simplesmente a forma de seus pais mostrarem apoio. Seu pai ainda
administrava a casa. Ele sorriu, se perguntando se Liaylia já havia
contado aos seus pais.

— Animado? — Cassie perguntou, lhe tirando de seus


pensamentos.

Ele lhe olhou e sorriu.

— Eles se preocupam muito comigo. Acho que ter encontrado


minha companheira lhes dará uma sensação de paz.

— Quando eles te adotaram? Lembro-me vagamente de conhecê-


los quando criança, mas não se falava deles serem pais.

Priest pensou em como responderia.

— Você não se importa de ser companheira de alguém mais


jovem? É uma coisa moderna agora, as mulheres se casando com
homens mais jovens.

Ela deu de ombros.

— Faes são imortais, Priest. O tempo é diferente para nós.

— Acho que agora é um momento tão bom quanto qualquer outro


para te contar minha triste história.

— Triste?

Ele piscou um olho.

— Era uma vez, nos gigantes ninhos das águias de Éire Danu,
dois fae visitaram em nome da Rainha para ver como estavam as
águias. Naquele dia específico, um ninho estava eclodindo.

— Eclodindo? Do que você está falando? — Os olhos dela


mostravam confusão, e ele percebeu que talvez precisasse voltar um
pouco na história.

My
SalvatioN
Alanea Alder
— As águias são um dos únicos shifters que geram filhotes
animais na forma de ovos.

— Não brinca comigo!

Ele balançou a cabeça, rindo.

— Os ovos são incubados e, uma vez eclodidos, os bebês mudam


para a forma humana recém-nascida em uma semana. Depois disso,
são como qualquer outro shifter, encontrando seu animal novamente
por volta da puberdade.

— Você era um ovo?

Ele suspirou.

— Eu era um ovo intacto. Não tive forças para quebrar a minha


casca.

— Por que tenho a sensação de que isso é ruim?

— Porque é. As águias que não conseguem eclodir sozinhas são


deixadas no ninho.

— Mas... mas isso significa que morrem.

— Sim, — ele confirmou suavemente.

— Isso é bárbaro!

— Isso é exatamente o que a minha mãe disse. — Embora ele


tivesse ouvido a história muitas vezes, pensar em sua pequena mãe
rosnando para shifters sempre o fazia sorrir. — Ela pegou meu ovo e me
ajudou a nascer quebrando a casca.

— Então o que aconteceu? — Cassie perguntou, os olhos


flamejantes.

— Os outros shifters de águia foram embora, e minha mãe e meu


pai tiveram que descobrir como criar uma aguiazinha por uma semana
antes de eu mudar para a forma humana.

— Eles te adotaram na hora?

Ele assentiu.

— Nunca foi uma questão se deveriam ou não. Simplesmente me


adotaram. Decisiva nem sequer começa a descrever a minha mãe. Ela é
uma espécie de força da natureza, — ele confessou.

My
SalvatioN
Alanea Alder
Cassie começou a puxar a mão dele.

— Depressa, preciso conhecer a sua mãe.

Ele se deixou levar. Quando chegaram à porta, ele a abriu


largamente.

— Mãe, pai, estou em casa.

— Estamos na cozinha, querido, — gritou sua mãe.

Ele levou Cas para a cozinha e teve que rir da visão diante de si.
Seus pais estavam cobertos de farinha, e Merrick parecia a ponto de
perder o juízo.

Sua mãe normalmente elegante parecia ter perdido uma briga


com um saco de farinha.

— O que raios?

— Ouvimos da Casa Orthames que quase vinte esquadrões da


Vanguarda vieram para Éire Danu, nós, é claro, temos que ajudar,
então decidimos fazer um pouco de comida para enviar para o Dav’s, —
explicou sua mãe, depois soprou a franja para longe dos olhos.

A boca de seu pai se contraiu furiosamente.

— Sim, filho, nós decidimos que seria melhor tomar conta da


cozinha do Merrick e tentar cozinhar coisas que nós nunca cozinhamos
antes.

Priest assentiu. O furacão que era sua mãe havia atacado


novamente. Ele olhou para Merrick e piscou um olho.

— Niamh e Ciaran Ri’Aerdan, tenho alguém que quero que


conheçam.

Os olhos claros, verde azulados, de sua mãe se voltaram para


Cassie, depois se arregalaram como se só então percebesse que esta
estava no recinto.

— Cassandra Vi’Illiya, meu Deus, eu estou com uma cara


horrível. — Ela fez uma careta na direção do filho. — Por que você não
me avisou que teríamos companhia? — Ela tentou tirar um pouco da
farinha de suas vestes.

Priest passou o braço livre em volta dos ombros de Cas.

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Alanea Alder
— Ela já podia muito bem ver quão caótica você realmente é. Ela
é da família agora. Mãe, pai, Cassandra é a minha companheira.

Priest os observou por algum tipo de reação. Em vez disso, todos


os três simplesmente o olharam.

— Mãe? Pai?

Quando sua mãe se virou para enterrar o rosto no peito de seu


pai, soluçando, ele congelou. Esta não era a reação que ele esperava.
Chiados, sim. Gritos e pulos para cima e para baixo, sim. Choro
lamentável, claro que não.

— Eu não sou bem-vinda aqui? — Cassie perguntou suavemente.

Essa única pergunta fez sua mãe correr em direção a eles. E


puxou Cas para um abraço forte.

— Não é bem-vinda? Você é mil vezes bem-vinda, oh Ciaran! —


sua mãe choramingou para seu pai, ainda enrolada em sua
companheira.

Cas o olhou e balançou a cabeça com sua preocupação.

— Ela não está azul, Priest. Ela está do tom de rosa mais lindo
que já vi, explodindo de felicidade.

Priest exalou, então simplesmente passou os braços ao redor de


sua companheira e de sua mãe.

— Mamãe, seja o que for, está tudo bem. Eu preciso matar


alguma coisa?

— Eu sei que está tudo bem! — Ela fungou. — E não, não há


nada para matar hoje, querido.

Ele olhou para o pai e o viu enxugando as próprias lágrimas.

— Pai?

Seu pai deu-lhe um sorriso triste.

— É uma validação, filho. Todos os séculos em que as águias


questionaram as ações de sua mãe... — sua voz foi sumindo enquanto
ele balançava a cabeça.

— Eu preciso de mais do que isso, pai, — ele rebateu. Porque não


tinha ideia de como que anunciar seu acasalamento teria esse tipo de

My
SalvatioN
Alanea Alder
reação.

Seu pai se endireitou.

— Você tem uma companheira, filho. Era seu destino estar aqui.

A compreensão o atingiu como uma tonelada de tijolos.

— Eu não teria uma companheira se estivesse destinado a


morrer, — ele sussurrou.

Sua mãe o olhou e suas próprias lágrimas foram


instantaneamente esquecidas.

— Priest, você está pálido, sente-se, meu querido menino. — Ela o


empurrou em direção à pequena mesa e o fez se sentar. — É claro que
não era seu destino morrer, — esta bufou. — Agora aqueles babacas
insuportáveis também saberão disso, — disse ela com veemência.

Priest olhou chocado para a mãe. Em todos os seus anos, nunca


a tinha ouvido falar naquele tom.

Seu pai riu.

— Não assuste as crianças, meu amor.

Sua mãe pegou uma das toalhas de Merrick e enxugou o rosto


com tal.

— Temos que ter uma grande celebração!

Merrick colocou a mão no rosto com a declaração dela.

Seu pai suspirou.

— Com o que a cidade está enfrentando, talvez agora não seja o


melhor momento.

— Bobalhada! Meu filho encontrou a companheira! Eu irei ao


palácio e tocarei o sino da cidade eu mesma se for necessário.

Priest balançou a cabeça repetidamente.

— Por favor, não.

Cas se aproximou dele por trás e começou a massagear seus


ombros.

— Talvez as pessoas precisem de um lembrete de que também há

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coisas boas acontecendo.

— Exatamente! — Sua mãe se virou para Cas. — Aposto que o


Eion ficou nas nuvens com o seu retorno. Vou até lá pelo menos uma
vez por semana para tomar um chá. Um escudeiro tão adorável.

Ele puxou Cas para seu colo e esta riu antes de se virar para sua
mãe para responder:

— Ele é. Não consigo te agradecer o suficiente por lhe fazer


companhia. Aquele homem teimoso me deu tempo para crescer, mas
ainda dói saber que ele ficou sozinho. — Ela acenou com a cabeça na
direção da Casa Illiya. — Nesse exato momento, ele está fazendo seu
Jubileu de Frutas para enviar ao Dav’s.

Sua mãe apontou o dedo para Merrick.

— Eu disse que tínhamos que ajudar. Aqueles pobres meninos


provavelmente não comem uma refeição decente há décadas, —
lamentou ela.

Merrick sacudiu o dedo de volta.

— Eu não discordei de você. Eu disse que eu faria alguma coisa.

Sua mãe olhou ao redor da cozinha.

— Eu realmente fiz uma bagunçinha.

A expressão de Merrick suavizou-se.

— Seu coração maravilhosamente grande tende a passar na


frente de todo o resto, — disse ele, diplomaticamente.

— Sim, como da lógica e do bom senso, — acrescentou seu pai.

Ela jogou as mãos para o alto.

— Tudo bem! De qualquer maneira, quero conhecer minha nova


filha agora.

Seu pai suspirou de alívio e pegou um pano para ajudar a colocar


a cozinha em ordem.

Priest pensou que estava seguro até que sua mãe se virou para
eles e olhou dele para Cas e vice-versa.

— Então, quando vocês dois planejam ter filhos?

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Cas simplesmente começou a rir enquanto ele encarava a mãe.

— Mãe! Nós nos conhecemos só esta manhã!

— E? Isso não muda o fato de que preciso de netos.

Cas enxugou os próprios olhos.

— Você é tipo, a terceira pessoa que me diz para engravidar hoje.

Sua mãe piscou.

— Quem foram os outros dois?

— Eion, é claro, e meu Espírito Guardião, Coll.

Priest sentiu o coração pular para a garganta.

— Merda!

— Meredith Vi'Aerdan, olha a boca! — sua mãe advertiu, apesar


de ter acabado de chamar de babacas toda a população de águias de
Éire Danu.

Sua companheira se virou para ele.

— Meredith?

Ele se levantou, mantendo-a facilmente em seus braços. Quando


as pupilas dela se dilataram com a demonstração de força dele, ele
quase tropeçou.

— Meu nome verdadeiro, — disse ele, olhando para os olhos mais


lindos que já tinha visto. Meryn estava certa quando comparou sua
companheira a uma fada. Ele apertou os braços, com medo de que ela
desaparecesse quando ele não estivesse olhando.

— Por que você xingou? — sua mãe perguntou, uma expressão


presunçosa no rosto. Seus olhos continuavam indo dele para Cas e
vice-versa.

— Merda! — ele repetiu, balançando a cabeça, lembrando


novamente que tinha uma muda debaixo da camisa.

— Meredith! — sua mãe repreendeu.

— A muda? — sua companheira adivinhou, enquanto ele a


colocava no chão.

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— Mãe, preciso ver Liaylia.

Sua mãe simplesmente piscou.

— Por que, querido?

— Meu Espírito Guardião, Coll, o presenteou com uma muda


para entrelaçar com os galhos de Liaylia se ela estiver disposta, —
explicou Cas.

— Filho, o que você ainda está fazendo parado aí?! — Sua mãe o
empurrou em direção à porta dos fundos, onde ficava o jardim.

Ele manteve a mão na de Cas e os dois correram para fora. Assim


como a árvore da Casa Illiya, o espinheiro-alvar de Aerdan estava
cercado por pedras de aquecimento.

— Liaylia, estou em casa. Tenho alguém que quero que você


conheça, — ele chamou em voz baixa. Ao contrário do indisciplinado
Coll, o espírito da árvore de sua família era tímido.

— Priest? — uma voz suave falou. Do centro da árvore, uma


mulher de aparência frágil flutuou em direção a eles. — Você encontrou
uma companheira, — esta disse, sorrindo.

— Encontrei, Lia, esta é Cassandra Vi’Illiya. — Ele apertou a mão


de Cas. — Acabamos de nos conhecer, esta manhã, mas não consigo
imaginar um futuro sem ela.

A boca de Liaylia formou um “o”.

— O Coll deve estar tão feliz! Finalmente nossas famílias


cresceram, — disse ela, enxugando os olhos. Atrás dela, a árvore
parecia pulsar, balançando com a brisa.

— Ele mandou isto, — disse Priest, sem saber como a sugestão de


Coll seria recebida. Ele gentilmente puxou a muda de onde esta estava,
descansando contra seu coração. — Coll disse que você e ele poderiam
cuidar de ambas as casas.

Liaylia se apressou e gentilmente pegou a muda dele, embalando-


a como a um recém-nascido.

— Eu não ficaria sozinha, — disse ela, sorrindo para si mesma.


Então se virou e caminhou até sua árvore. Ajoelhando-se, o chão se
abriu magicamente e ela colocou as delicadas raízes da muda no chão.
— Priest, você pode mover essa pedra para mais perto dele?

My
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Priest olhou em volta e pegou a pedra de aquecimento mais
próxima deles.

— Aqui? — perguntou, colocando-a apropriadamente a quinze


centímetros da muda.

Ela assentiu.

— Muito bom.

Diante dos seus olhos, a muda cresceu e entrelaçou-se com os


ramos mais baixos do espinheiro-alvar.

Cas observou todo o processo fascinada.

— Priest, vejo o azul escorrendo para a própria terra. O rosa está


irradiando da muda.

A expressão de Liaylia relaxou enquanto se sentava na terra ao


lado da árvore em crescimento. Esta olhou para Cas.

— Você é uma das fae que vê as emoções como cores? — ela


perguntou.

Cas assentiu.

— Não é uma ciência exata, mas tento usar isso para ajudar
outras pessoas.

Lia assentiu.

— Um dom maravilhoso para passar para a próxima geração.


Vocês dois estão planejando ter filhos imediatamente, não estão?

Cas jogou os braços para o alto.

— Acho que sim.

Priest foi até a companheira.

— Liaylia, eu sei que todo mundo quer aumentar as duas casas,


mas minha companheira só terá um filho quando estiver pronta, —
disse ele com firmeza.

Lia sorriu.

— Um menino tão bom. — Ela se virou para acariciar a muda. —


Mal posso esperar para mostrar Abraxas e Aldrya. Tem sido difícil
apoiar as casas menores quando nós mesmos estávamos enfraquecidos.

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Isso ajuda muito.

Priest não via Lia tão feliz desde seu décimo aniversário, quando
se tornou oficialmente Priest Vi’Aerdan. Ele ficara ao lado do pai,
tremendo por dentro com medo que ela não quisesse uma águia. Mas
ela simplesmente colocara a mão em seu rosto e o acolhera
calorosamente. Ela nunca o tinha visto como nada além de um filho de
Aerdan.

— Vamos entrar para salvar o Merrick. Mamãe pode querer


começar a cozinhar de novo, — disse Priest, revirando os olhos
dramaticamente, na esperança de fazer o espírito sorrir.

Lia olhou para cima, os olhos cheios de riso.

— Que os deuses acima não permitam. — Esta se levantou


graciosamente, limpando a saia. E apontou para um galho grosso atrás
de si. — No dia em que seu pai acasalou com sua mãe, senti uma onda
de força diferente de tudo que já havia conhecido. O núcleo daquela
mulher é feito de aço; sua força só é superada por sua bondade. — Ela
olhou para Cas. — Você também traz força, mas também flexibilidade.
Vou gostar de cada segundo em que a conheço melhor. Posso te
abraçar?

Cas se animou.

— É claro. Eu abraço o Coll o tempo todo.

Priest tinha uma leve suspeita de que Coll era diferente de


qualquer outro espírito. A maioria era mais reservada, como Liaylia.

Lia abraçou Cas e depois pegou seus dois pulsos.

— Assim como Coll deu sua bênção, eu também o farei. —


Quando esta recuou, duas pulseiras de madeira envolviam os pulsos de
Cas. — Espero que não se importe, mas eu queria uma maneira de
cuidar de você também.

Cas olhou para os próprios pulsos.

— Filha de Aerdan, e... — Ela ofegou. — Por que isso parece um


amuleto de fertilidade?

Lia corou.

— Achei que talvez você gostaria da ajuda extra.

My
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Cas balbuciou, olhou para ele e começou a rir.

— Nunca tivemos a menor chance, não é?

— Lia! — ele repreendeu gentilmente. Na verdade, se ele pudesse


engravidar Cas naquela noite, o faria, mas tudo isso era uma questão
de respeitar as escolhas de Cas.

O pequeno espírito fez beicinho.

— Temos que dividir seus filhos entre a Casa Illiya e a Casa


Aerdan, então precisam ter muitos. — Ela se virou para Cas. — Isso não
fará você engravidar a menos que esteja pronta, mas irá ajudá-la
quando decidir tentar ter um. — Ela então se virou para Priest. — E
isso os ajudará a crescer saudáveis.

Cas colocou uma mão reconfortante no espírito amuado.

— Agradeço pela bênção. Não tenho certeza de quando


tentaremos ter filhos, mas isso me assegura de que serão saudáveis.

Lia pareceu aliviada com a aceitação de Cas.

— Estou muito feliz que vocês dois se encontraram.

Priest se ariscou e beijou a testa de Lia. Coll parecia feliz por ser
tratado informalmente.

— Visitaremos com frequência, — ele prometeu.

Lia cobriu a testa com as duas mãos, parecendo encantada.

Cas pegou a mão do companheiro.

— Vamos, é melhor vermos o que a sua mãe está fazendo.

Ele acenou para Lia e seguiu Cas de volta para dentro.

— Por que ela parecia tão surpresa? — Cas perguntou.

— Eu nunca fiz aquilo antes, mas o Coll parecia mais feliz quando
você o tratava como um irmão, então...

— Eles são guardiões, mas acho que talvez também tenham se


sentido solitários, — disse ela, olhando para o jardim.

Quando entraram na cozinha, Merrick tinha dois pratos vazios


lhes esperando na mesa. Ao lado dos pratos vazios, travessas e mais
travessas de frutas, queijos, pães e carnes estavam quase

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transbordando. Merrick apontou para as cadeiras.

— Comam alguma coisa enquanto coloco esses pães no forno.

Priest lambeu os lábios.

— Esse é o seu pão de queijo asiago?

Merrick assentiu.

— Sim, é. Fiz a mais, então não tente esconder os que enviarei


com você quando for ao Dav’s.

Sua mãe viu os pulsos de Cas e cantarolou feliz.

— Liaylia é um gênio.

Priest revirou os olhos para Cas, que teve que esconder o sorriso.
Ele pegou o próprio prato e começou a assegurar todos os seus pratos
favoritos.

— Deixe algumas frutas para a Cassie, — ordenou Merrick.

Priest assentiu e simplesmente moveu a travessa de frutas entre


os dois pratos.

Merrick foi até a mesa e colocou um pequeno pão quente em cada


prato.

— Meu nome é Merrick Baker. Bem-vinda à família, Cassie. — Ele


fez uma pausa. — Você prefere ser chamada de Cassandra?

Ela imediatamente pegou o pão para começar a cortá-lo.

— Cas, Cassie, Cassandra, não ligo para nenhum deles, na


verdade. Responderei a todos.

Ela espalhou manteiga fresca em uma fatia e deu uma mordida.


Momentos depois, seus gemidos baixos deixaram Priest feliz por sua
metade inferior estar obscurecida pela mesa.

— Deuses acima! Eu poderia viver deste pão. — Cas balançava


para frente e para trás em sua cadeira, feliz.

Merrick corou e sorriu timidamente.

— E não são nada difíceis de fazer. É só me avisar sempre que


quiser mais.

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— Em toda refeição para sempre, — Cas respondeu
imediatamente.

Merrick riu profundamente.

— Foi fácil para Eion criar Cassie. Ela aprecia muito as coisas. —
Ele olhou para Priest com um sorriso. — Aquele ali simplesmente
tentava enfiar o máximo que podia na boca.

Priest teve que mastigar rapidamente para responder.

— Era assim que eu mostrava o quanto gostava da sua comida.

Merrick ergueu uma sobrancelha.

— Tive que aprender a técnica de Heimlich1 por sua causa.

Priest pegou o próprio pão.

— Morrer enquanto comia sua comida teria sido uma boa forma
de partir.

Sua mãe olhou para Cas.

— Quando... quero dizer. Onde vocês dois vão morar? — esta


perguntou, hesitante.

Cas abriu os olhos e olhou para ele. Juntos, ambos deram de


ombros.

— Não posso deixar Eion sozinho, não depois de todos esses anos,
mas... — Ela olhou em volta. — É tão aconchegante aqui.

Priest pensou no assunto por um momento.

— Ari e Brie dividem seu tempo entre a vila dos guerreiros e a


propriedade Lionhart. Tenho certeza de que poderíamos fazer algo
semelhante.

Cas o encarou.

— Vamos nos mudar para a vila dos guerreiros?

Priest a olhou, então inalou enquanto ofegava. Um pedaço de pão


voou pela sua traqueia. E ele começou a bater no próprio peito.

1 Técnica de compressões abdominais usadas para tratar obstruções das vias


áreas causadas por objetos estranhos.

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Merrick veio por trás dele, lhe envolveu o torso com os enormes
braços e levantou-o em um movimento abrupto. Segundos depois, um
pedaço de massa meio comida voou sobre a mesa.

Merrick apontou para ele.

— Vê o que quero dizer?

Priest não pôde retaliar, pois estava se esforçando demais para


respirar. Quando achou que conseguiria formar palavras, olhou para
sua companheira preocupada.

— Eu esqueci da vila dos guerreiros. Eles vão querer que vivamos


lá também.

Sua mãe estalou a língua.

— Devíamos mandar algo para o Aeson, aposto que ele tem estado
sobrecarregado nessas últimas semanas.

Cas colocou uma fruta na boca e suspirou alegremente.

— Eu morei ao lado de um esquadrão da Vanguarda pelos


últimos vinte anos ou mais. Contanto que ninguém espere que eu limpe
a sujeira dos homens, não me importo de ficar lá.

Priest balançou a cabeça.

— Todos nós alternamos as tarefas, então ninguém faz demais.


Na verdade, não consigo imaginá-los deixando você ou a Zoe limparem
nada.

— Qual é a Zoe?

— Ela é a companheira do Gage, uma bruxa do fogo de Storm


Keep. Eles adotaram dois meninos do Japão para ajudá-la a não colocar
fogo nas coisas. Eles se chamam Ame e Yuki. Duas das crianças mais
fofas que eu já vi.

Sua mãe suspirou.

— Tierla está no céu mimando os netos.

Ele se virou para a mãe.

— Não sabia que você era tão próxima da mãe do Gage.

Ela inclinou a cabeça.

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— Ela é a mãe do seu melhor amigo, claro que eu tinha que
conhecê-la. Que mulher maravilhosa.

Priest não deveria ter ficado surpreso que sua mãe soubesse que
era ele quem tinha um relacionamento mais íntimo com Gage.

— Quando vocês, crianças, vão ao Dav’s?

Priest olhou para a mãe e semicerrou os olhos.

— Como você sabia sobre a Vanguarda de qualquer forma, ou que


vamos ao Dav’s?

— Eu me preocupo com seu senso de observação, Meredith, —


disse sua mãe, fazendo Cas rir.

— O quê?

Ela apontou para um pequeno cristal em um pedestal no canto da


cozinha.

— Normalmente Ari atualiza o Leo, que manda notícias para os


escudeiros das famílias dos guerreiros. Ele enviou uma mensagem
dizendo que Dav poderia precisar de ajuda para alimentar mais de cem
guerreiros, então os escudeiros se ocuparam cozinhando. — Ela estalou
os dedos. — Merrick, precisaremos adicionar o Eion ao sistema.

Merrick assentiu.

Priest olhou para o cristal.

— Isso é bem engenhoso.

— A Casa Orthames teve a ideia, mas a Casa Aindin criou os


cristais de comunicação. A Casa Eirlindol os calibra para nós, —
explicou ela.

Priest levantou-se, cortou o grande pão no meio com as mãos e


começou a enfiar queijo e carne nele.

— É melhor irmos para a vila dos guerreiros, eles vão precisar de


ajuda. Conhecendo os caras, será a Festa dos Lanchinhos, versão
deluxe.

Cas olhou com desejo para a fruta.

Merrick bagunçou seu cabelo.

— Vou embrulhar para você. Espere um pouco.

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Ela o abraçou impulsivamente.

— Eu não como frutas fae há séculos.

O pai de Priest foi até a geladeira.

— Merrick, o que mais podemos dar à pobre garota?

— Oh, eu sei! Vinho! — Sua mãe saiu correndo do recinto.

Merrick e seu pai ainda estavam arrumando uma grande cesta de


frutas quando sua mãe voltou correndo segurando uma braçada de
garrafas.

— A com o laço é para a Cassie, mas as outras são para os


meninos.

Seu pai rapidamente pegou as garrafas dela e as colocou em uma


cesta separada.

Merrick foi entregar a cesta de comida a Cas, então se virou e a


entregou a ele. Priest grunhiu com o peso. Rindo, seu pai lhe entregou a
cesta de vinho. Ele olhou para o próprio sanduíche com tristeza.

Cas o pegou. A princípio Priest pensou que ela iria embalá-lo para
ele, mas ela lhe provou errado quando deu uma mordida enorme.

— Ei!

Merrick e seu pai riram.

— Tão bom. — Cas dançou alegremente pela cozinha.

Ele fez beicinho.

— Meu sanduíche.

— Você terá bastante comida esta noite, Priest, deixe-a comer se


estiver com fome, — disse sua mãe, observando sua companheira
passeando por aí.

Priest sabia que valia a pena sacrificar seu sanduíche pela


felicidade de sua companheira.

— Ela vai precisar manter a força para mais tarde, — disse ele,
imaginando todos os nomes e apresentações.

Tanto Cas quanto sua mãe o olharam, Cas corando.

My
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Ele tinha a sensação de que estava em apuros por algum motivo.

— O quê?

Merrick pigarreou.

— Força para quê, filho?

— Para conhecer todo mundo. Quero dizer, só meus irmãos de


unidade e suas companheiras são quase quarenta pessoas. — Ele olhou
para o pai, que estava rindo abertamente.

— O quê?

Cas terminou o sanduíche dele rapidamente.

— Nada, querido.

Merrick se inclinou e sussurrou:

— Você fez parecer que ela precisaria de força para o


acasalamento de vocês mais tarde.

Priest se virou abruptamente para encarar Cas, que estava


corando, mas lhe sorrindo. Ele balançou a cabeça.

— Não, para isso ela vai precisar de um daqueles cafés expressos


malucos que a Izzy faz, ela não vai dormir nadinha.

— Meredith! — sua mãe gritou, vermelha como uma beterraba.

Seu pai se levantou e deu um tapinha nas costas dele com


orgulho.

— Vamos mandar o pão para o Dav’s. Vocês não terão que fazer
uma viagem especial de volta para cá.

Ele caminhou até a mãe e beijou sua bochecha. Ela ainda estava
bufando para ele.

Quando ele saiu, Cas acenou para todos e abriu a porta da frente
para ele.

— Não acredito que você disse aquilo, — disse ela, engasgando de


tanto rir.

— Isso é o que você ganha por comer meu sanduíche. Além disso,
todo mundo fica nos dizendo para ter filhos. Não deveriam ficar tão
chocados quando eu realmente sugiro que pratiquemos o ato de fazê-

My
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los.

Ela passou o braço pelo dele.

— Nós vamos ser muito felizes, não vamos?

Ele a olhou.

— Todos os dias, pelo resto de nossas vidas, — ele prometeu.

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Alanea Alder
Capítulo cinco
Cas caminhou ao lado de Priest enquanto percorriam a rua
escura em direção ao centro da cidade, onde ficava a vila dos
guerreiros.

— Ainda não consigo acreditar como está escuro, — disse ela,


enquanto passavam por uma lâmpada que mal tremeluzia.

— A Zoe está ficando preocupada. Até agora, todos os centros de


feitiços ligados à rede que opera a iluminação da cidade estão em
condições quase perfeitas.

— Tenho certeza que ela encontrará algo em breve. Então


poderemos voltar ao normal. — Ela estremeceu e se aproximou mais do
companheiro, passando o braço pelo dele para se aconchegar.

— Eu passaria meu braço em volta de você se pudesse, — disse


ele, levantando um pouco mais os cestos que segurava. — Mas, como
sempre, meus pais exageraram um pouco.

— Ei, tome cuidado com essa cesta de vinho. Um deles é para


mim, — disse ela, provocando.

— Eu estive pensando, — Priest começou.

— Sobre o quê?

— A minha mãe perguntando onde vamos morar.

Ela deitou a cabeça em seu ombro.

— Eu não posso abandonar o Eion.

— Eu sei.

— Mas você tem a sua unidade.

— Eu sei. Eles são tão da família para mim quanto Merrick e


meus pais.

— Então, o que você estava pensando como solução?

— Ari e Brie passam fins de semana prolongados na propriedade

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Alanea Alder
Lionhart. Achei que poderíamos fazer o mesmo na Casa Illiya. Afinal, a
Casa Aerdan fica bem perto, então não é como se não pudéssemos
visitar meus pais.

— Casa Illiya e não Casa Aerdan? — Cas perguntou suavemente,


sentindo que havia uma razão para ele ter escolhido a casa dela.

Ele a olhou e, embora sorrisse, seus olhos estavam tristes.

— Acho que já te disse, mas me tornei Chefe da Casa aos dez


anos, quando meu pai me passou o título Vi'Aerdan. Isso causou um
grande rebuliço, não só por causa da minha idade, mas também por
não ser fae.

— Eu realmente não consigo ver seu pai se importando.

— Ele não se importou. Ele queria que eu me tornasse Chefe da


Casa para parar aqueles que diziam que eu não era seu filho. Tornei-me
Priest Vi'Aerdan, mas obviamente ele ainda cuidava das coisas para as
Famílias Fundadoras.

— Como isso fez você se sentir? — Ela observou sua aura


cuidadosamente. Gavinhas azuis rodopiavam com dourado, sua cor
para o amor.

— Na época, transbordei de alegria. Antes disso, eu


constantemente questionava meu lugar junto a eles. Nunca soube se de
repente eles iriam querer um filho biológico e me devolveriam às águias,
mas quando ele fez isso, eu sabia que aquela seria a minha casa para
sempre.

— Mas... — ela incentivou.

— Mas, à medida que fui crescendo, percebi que ter uma posição,
de certa forma, consolidava o quanto eu era deslocado.

— Você sabe que essa não era a intenção dele.

Ele assentiu.

— Claro. Já se passaram alguns séculos e estou mais consciente


de como o mundo funciona do que quando tinha dez anos. Imagino que
meu pai estava fora de si tentando encontrar uma maneira de acalmar o
meu coração.

— Ambos seus pais parecem muito altruístas.

My
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Alanea Alder
— Eles são. Mas até hoje, até você, eu não tinha cem por cento de
certeza de que seus métodos altruístas fossem sempre a melhor
escolha.

Ela parou, forçando-o a parar consigo.

— Você não tinha certeza se deveria ter nascido, — disse ela. Até
mesmo dizer essas palavras a fazia se sentir mal. Não conseguia
imaginar viver com aquela dúvida durante toda a vida.

Ele se inclinou e lhe beijou a testa.

— É por isso que meus pais estavam tão emocionados hoje.


Sabiam como eu me sentia. — Ele a puxou suavemente e voltaram a
andar.

Ela só conseguia pensar no que aconteceria se a mãe dele não


tivesse quebrado aquele ovo. Cas teria vivido toda a sua existência sem
um companheiro, desvanecendo cedo para escapar da solidão. Ela não
ficou totalmente surpresa quando sentiu lágrimas escorrendo pelo
próprio queixo.

— É por isso que eu gostaria de morar na Casa Illiya porque, para


mim, a Casa Aerdan é a casa dos meus pais, — ele continuou
explicando. Sorrindo, Priest olhou para baixo e, quando viu as lágrimas
dela, colocou as cestas no chão e puxou-a para seus braços. — O quê?
O que aconteceu?

Ela passou os braços ao redor dele e segurou com força. Eles


haviam se conhecido apenas naquela manhã, mas ele a completava de
uma forma que ela não sabia que seria possível. Seu sorriso iluminava
os lugares escuros de seu coração. Seu senso de humor preenchia o
vazio em sua alma. Ele era seu companheiro, mas mais do que isso, ele
já era seu melhor amigo e seu lugar de retorno.

— Cas, você está me assustando, querida. O que posso fazer? —


Priest exigiu, enxugando suas lágrimas.

— Deuses acima, por que a Unidade Tau fica fazendo as mulheres


chorarem? — uma voz irada exigiu.

Cas fungou e olhou para a própria direita. Eles estavam parados


em frente a uma grande casa.

— Carson, eu juro que não fiz nada, — protestou Priest. E a


manteve aconchegada contra seu peito.

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Alanea Alder
Cas olhou para o homem que estava franzindo o cenho para seu
companheiro. Quando seu olhar se voltou para ela, os olhos do homem
se suavizaram.

— Ok, querida, o que podemos fazer para melhorar as coisas?

— Se... se a m-m-mãe dele não tivesse quebrado o ovo, eu não


teria e-e-le, — ela gaguejou.

As sobrancelhas de Carson se ergueram até a linha do cabelo e


este sorriu.

— Ele te disse que o Aeson parou de servir ovos na vila dos


guerreiros nos primeiros meses depois que o Priest se juntou a nós? Ele
ouviu essa história e não conseguiu suportar cozinhá-los.

Cas o encarou, então sentiu uma risada escapar com a história


boba.

— Ele estava chamando o Priest de galinha? — ela perguntou,


apertando o companheiro com força antes de recuar para se recompor
um pouco mais.

— Minha companheira abusa de mim, — reclamou Priest.

— Como diria Meryn: “Você gosta, seu manequim”, — brincou


Carson.

Ela fungou.

— Manequim?

Priest se abaixou para pegar uma cesta e Carson pegou a outra.

— Aparentemente, ela não consegue dizer masoquista.

Carson ergueu a cesta.

— Seus pais?

Priest assentiu.

— Comida e frutas para Cas nesta, e vinho para a Vanguarda


nessa que você está segurando, embora uma garrafa seja de Cas,
presente da minha mãe. Tem um laço nela. Eles vão mandar a comida
que o Merrick está preparando direto para o Dav’s.

Carson exalou.

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— Tem sido uma loucura aqui desde que soubemos que eles
estavam chegando.

— Cozinhando muito? — Priest adivinhou.

Carson assentiu.

— E ajudando o Dav a mover os móveis. Mesas e cadeiras foram


movidas para as paredes, então terá lugar apenas para ficar de pé.

Cas enfiou a mão na cesta que Priest carregava e pegou algumas


frutinhas.

— Faz sentido. Só da Vanguarda são cem homens. — Ela as


colocou na boca e mastigou. Cas poderia honestamente comer frutas
todos os dias e não enjoar.

— Aiden enviou Thane para fortalecer o feitiço de isolamento


acústico no bar. Os homens provavelmente receberão ordens esta noite,
talvez até saiam amanhã, — explicou Carson, mantendo a porta da
frente aberta para eles.

— Então teremos que garantir que eles tenham uma boa


despedida, — disse Priest, pegando a mão dela e conduzindo-a para os
fundos da casa, onde ela presumia que ficava a cozinha. Com base no
fato de que os cheiros de comida gostosa estavam ficando mais fortes à
medida que caminhavam, ela tinha quase certeza de que estava certa.

Quando Priest parou abruptamente, ela quase esbarrou nele.

— Ramsey, carregue essas bandejas primeiro. São os nossos frios.


Podem esperar no saguão de entrada. Leon, como estão as almôndegas?
— ela ouviu uma voz masculina perguntar.

Um timbre mais leve respondeu:

— Prontinhas, Aeson.

Ela espiou pelos lados do companheiro e ficou impressionada com


a precisão militar da operação realizada na cozinha. Cada pessoa estava
apressada, mas ninguém esbarrava em ninguém ou derrubava comida.

— Isso é incrível, — ela observou.

Como um só, os homens pararam de supetão e se viraram para


olhá-la.

— É ela? — um fae alto perguntou do fogão.

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Priest deu um passo para o lado para poder passar um braço em
volta dela e puxá-la para frente.

— Aeson, esta é a minha companheira, Cassandra Vi'Illiya. Cas,


esses homens são meus irmãos e a família com a qual a Destino me
abençoou, — anunciou ele.

Mais de um homem arregalou os olhos e ficou tímido com a


declaração de Priest.

Aeson fez uma reverência.

— Lady Vi'Illiya, você nos honra com sua presença em nossa


humilde morada guerreira. Normalmente estaríamos organizando a sua
festa de boas-vindas, mas a Vanguarda se abateu sobre nós.

Ela dispensou a preocupação dele com um aceno.

— Apenas guarde para mim uma porção de qualquer coisa feita


com frutas fae, e me sentirei mais que bem-vinda. Já faz mais de dois
séculos desde que comi algumas. — Ela cutucou o companheiro. —
Podemos refrigerar as que o seu pai me deu?

Aeson deu um passo à frente e pegou a cesta de Priest.

— Como as frutas fae estão ficando cada vez mais raras com o
tempo mais frio, vou garantir que essas não estraguem.

Carson passou pelo fae e colocou a cesta que carregava no balcão.

— Priest disse que este vinho é para a Vanguarda, exceto uma


garrafa com um laço, que é da Cassandra.

— Podemos fazer alguma coisa para ajudar? — Priest perguntou.

Aeson balançou a cabeça.

— Já estamos quase terminando de cozinhar. Vamos sair em


cerca de uma hora. Você poderia ajudar a carregar algumas bandejas.

— Parece bom. Terei tempo de mostrar a Cas onde iremos morar.

A cabeça de Aeson se inclinou.

— Priest, Cassandra é a Chefe da Casa Illiya. Não tenho certeza...

Ela ergueu uma mão.

— Decidimos dividir nosso tempo entre aqui e a Casa Illiya. Lá em


Monroe, morei ao lado de um esquadrão da Vanguarda
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e eles se tornaram meus amigos e irmãos mais próximos, então estar
aqui será como se eu estivesse em casa.

Carson olhou para onde estava organizando o vinho.

— Qual esquadrão?

Ela se virou para ele, sorrindo.

— Reston é o líder do esquadrão.

Ele assentiu, olhou alguns rótulos e depois separou três garrafas.

— Já que eles cuidaram de você, vão ganhar as melhores


garrafas.

— Vocês o ouviram. O esquadrão de Reston recebe benefícios


familiares, — anunciou Aeson.

— Benefícios familiares? — ela perguntou, curiosa.

Aeson deu de ombros.

— Faremos, é claro, o que pudermos por todos os esquadrões,


mas a família sempre vem em primeiro lugar.

Priest olhou em volta.

— Falando em família?

O guerreiro que lhe dera as boas-vindas aproximou-se carregando


duas bandejas. E se virou para o lado para colocá-las no balcão mais
próximo deles.

— Ari e Brie estão terminando o trabalho no necrotério. Gage,


Kincaid, Zoe e as crianças estão voltando agora. Eles ligaram mais cedo
e pedimos que passassem pelo Brick Oven para comprarem
sobremesas, já que não tivemos tempo de fazer nenhuma.

— Aeson, não? — ela perguntou.

O homem fez uma reverência novamente.

— Sim, Aeson Vi'Liordon. Eu sou o líder da Unidade Chi. Ramsey


Lionhart, Matthieu Lucien, Leon March e Carson Elderberry se
reportam a mim, — disse ele, apontando ao redor do recinto.

Ela assentiu em agradecimento pela introdução.

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— Teve um guerreiro da Vanguarda que foi trazido para cá,
Ellais. Acho que esse era o nome dele, como ele está?

A expressão de Aeson ficou sombria.

— Respondemos a todas as perguntas que pudemos. A Unidade


Chi foi uma das unidades que invadiu o armazém onde o irmão dele foi
encontrado. Foi o armazém mais trágico. Não conseguimos salvá-los por
questão de horas.

Ela ofegou.

— Deuses acima.

— A Psi ficará aqui com eles esta noite, quando todo mundo for
para o Dav’s. Garantiremos que sejam bem cuidados. — Ele apontou
para várias bandejas. — Já reservamos comida para eles.

Carson mostrou algumas garrafas.

— Vou adicionar essas à parte deles. Considerando os anos


dessas, têm um teor alcoólico maior. Deve acabar com ele mais rápido.

Leon torceu o nariz.

— Nós podemos fazer melhor do que isso. Tenho certeza de que o


ano seguinte teve um sabor melhor e um nível de álcool apenas um
pouco mais baixo. Temos dele lá embaixo.

Carson e Leon começaram a discutir sobre o melhor vinho para


enviar aos homens.

Priest beijou o topo da cabeça de Cas.

— Imagino que Aiden os designará para Éire Danu por um tempo.


Ellais vai precisar do apoio dos irmãos.

Aeson apontou para o teto.

— É melhor mostrar a ela o resto da casa enquanto temos tempo.


— Ele olhou para o próprio relógio. — Agora temos menos de uma hora
antes de partirmos. — Ele olhou ao redor do recinto e imediatamente os
homens riram e retomaram o que estavam fazendo antes deles
chegarem.

Priest fez uma saudação de brincadeira e pegou a mão dela.

— Vamos, meu amor. Deixe-me te mostrar minha casa.

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Ela pegou sua mão e ficou quase tonta de euforia. A animação
dele era contagiante. Ele obviamente amava os pais, mas aquele era um
espaço que ele podia chamar de seu.

Enquanto caminhavam em direção ao saguão, ela ficou


agradavelmente surpresa com a decoração simples, mas aconchegante.
Madeiras polidas e tecidos aconchegantes conferiam a todo o espaço
uma sensação de cabana rústica. Este gritava: “Aqui é um lugar para
descansar, todos são bem-vindos”.

Depois de lhe mostrar os diferentes quartos do andar de baixo, ele


a conduziu escada acima.

— Meus aposentos ficam na frente, já que sou da Unidade Tau.

— Por que a frente?

— Os membros da unidade são mantidos próximos uns dos


outros e, como Ari é nosso líder interino, ele precisa estar perto da
frente para obter atualizações.

Quando chegaram ao topo da escada, um homem familiar os


esperava.

— Desculpe incomodá-la, mas te vi entrar e estava pensando se


deveria descer para falar com você ou não, — ele começou, passando a
mão pelos cabelos.

Cas se afastou do companheiro. Um laranja queimado irradiava


daquele homem. Ele estava frustrado além da conta. O desespero azul e
a dor vermelha detinham-se em seu coração, mas a frustração era sua
emoção primária.

— Amir, não? — ela perguntou. — Como está o Ellais?

Ele baixou a mão ao encará-la.

— Sim, senhora, Amir Nassar. É por isso que eu queria falar com
você. Você é uma curandeira de algum tipo? Você sabia que ele estava
sofrendo antes de nós. Eu... — ele exalou. — Eu não sei o que fazer por
ele.

Ela colocou a mão em seu ombro e ele cedeu para frente.

— Você é um bom homem. Tenho certeza de que fez tudo o que


podia.

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— Mas ele…

Ela deu uma batidinha em seu nariz com o dedo, o


surpreendendo.

— Eu não sou exatamente uma curandeira, mas ajudo as pessoas


a processar suas emoções. Posso tentar ajudar se você achar que ele
estará aberto a isso.

Ele esfregou o nariz e assentiu.

— Ele está se afogando agora. Está se afogando bem na nossa


frente e não conseguimos alcançá-lo.

Ela olhou de volta para Priest, que assentiu.

— Então vamos jogar um colete salva-vidas para ele, sim? — este


sugeriu.

Parecendo aliviado, o homem virou-se e os conduziu em direção à


suíte onde estavam hospedados.

Atrás dela, Priest colocou uma mão apoiadora em suas costas.

— Você me maravilha.

Ela balançou a cabeça.

— Eu apenas faço o meu melhor.

— E é isso que maravilha, — ele rebateu e lhe abriu a porta.

Mas às vezes isso não é o suficiente, ela pensou consigo mesma e


seguiu Amir para dentro.

*****

Quando entraram na área de estar da suíte, a primeira coisa que


a impressionou foi o estado caótico da situação.

Amir virou-se para Priest.

— Nós pagaremos pelos danos.

Priest balançou a cabeça e colocou uma mão nos ombros do


homem em apoio.

— Nós já queríamos redecorar, não se preocupe com isso.

Redecorar? Cas estava achando difícil evitar pisar em móveis ou

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vidros quebrados.

— Ellais, Lady Vi'Illiya está aqui. Ela disse que talvez pudesse
ajudar, — disse Amir, olhando para o centro da sala, onde uma figura
estava sentada, com o rosto entre as mãos e os cotovelos nos joelhos.

— Nenhum curandeiro pode ajudar, — disse Ellais asperamente.

Cas respirou fundo.

— Eu não sou uma curandeira. — Ela olhou ao redor da sala. —


Ajudo as pessoas com suas emoções, mas geralmente tenho privacidade
com os meus clientes.

Ellais bufou.

— Não há nada que você possa fazer ou dizer que me faça


expulsar meus irmãos desta sala.

— Tudo bem então. — Ela se aproximou e foi até o sofá que


estava milagrosamente do lado certo.

Um dos irmãos de esquadrão de Ellais ofereceu-lhe o braço para


ajudá-la a passar por cima da lâmpada.

— Obrigada...

— Flynn Branigan, Milady. — Ele fez uma reverência.

Ela olhou ao redor da sala.

— Posso muito bem conhecer vocês dois, — disse ela, dando-lhes


sorrisos. — Afinal, seremos colegas de quarto em breve.

Flynn franziu a testa.

— Nós vamos ficar aqui, Milady. Não poderemos nos juntar a você
na Casa Illiya.

Ela apontou para Priest.

— Meu companheiro é um guerreiro na Unidade Tau. Então, para


apoiá-lo, dividiremos nosso tempo entre a Casa Illiya e a vila dos
guerreiros.

— Mil bênçãos para o seu acasalamento, — disse o menor dos


outros dois homens, curvando-se. — Meu nome é Elliot Crossvine. Este
é Alderic Charroux.

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Ela assentiu para eles, depois sentou-se em frente a Ellais e
tentou entender o que estava vendo. Ela esperava a cor púrpura
profunda, que ela sabia ser luto, mas ficou chocada ao ver a grande
quantidade de verde esmeralda, o que para ela sempre fora culpa.

— Ellais, de qual família você é?

Ele olhou para cima, os olhos vermelhos.

— Minha dor me transformou num rude. Eu sou Ellais Ri'Arlan.


— Ele engoliu em seco e depois enxugou os olhos. — Ellais Vi'Arlan
agora, eu acho.

— Sinto muito pela sua perda.

— Não somos um povo acostumado com perdas, não é?

Ela assentiu, sabendo o que ele queria dizer. Faes eram imortais.
Mesmo aqueles que viviam fora de Éire Danu raramente enfrentavam a
morte. Perder tantos em tão pouco tempo fora nada menos que
catastrófico.

— Não vou afirmar o óbvio e dizer que vejo dor e tristeza.

— Eu agradeço, — disse ele, enterrando novamente o rosto nas


mãos.

— Mas vou te perguntar sobre a grande quantidade de culpa que


vejo.

Sua cabeça se ergueu, os olhos arregalados.

— O quê?

— Se pensaria que verde esmeralda significaria ganância, sabe,


verde de inveja, mas para mim, sempre reflete culpa. Por que você está
carregando um fardo tão pesado?

Ellais caiu para trás na cadeira, parecendo atordoado.

— Eu... eu acho que nem percebi que era isso que eu estava
sentindo. — Ele esfregou o peito. — Meu irmão, Kespar, não queria que
eu fosse embora. Sua companheira tinha acabado de engravidar e ele
queria que eu ficasse perto de casa. Mas tínhamos ordens e eu não
podia abandonar o meu esquadrão.

— Ellais... — Amir começou.

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O fae balançou a cabeça.

— Eu queria ir com todos vocês. Achei que seria a última viagem


antes de voltar para casa por um tempo. — Ele traspassou o punho
pela mesa de canto de madeira maciça, de aparência muito substancial.
— Se eu estivesse em casa, se estivesse com eles, poderia tê-los salvado.

— Priest, as unidades têm alguma informação sobre como as


pessoas foram levadas? — ela perguntou.

— Não, — Priest respondeu atrás dela.

— Ellais, até onde se sabe, um pequeno exército que os levou


embora. Você poderia ter morrido no processo, — ressaltou ela.

— Então eu poderia ter morrido ajudando eles! Talvez eu pudesse


ter conseguido tempo suficiente para eles fugirem! — ele gritou.

Ela ficou de joelhos na frente dele para colocar a mão em sua


perna.

— Há milhares de cenários diferentes que poderiam ter


acontecido, mas no final das contas, coloque a culpa no lugar dela,
naqueles que perpetraram esta tragédia.

A aura deste começou a mudar de verde esmeralda para um


vermelho sangue profundo, a cor dela para a raiva.

— Ellais, você sabe o que é o luto? — ela lhe perguntou


suavemente.

— Dor, — disse ele, por entre dentes cerrados.

— Não, é algo muito mais simples e, na verdade, muito bonito.

Ele a olhou, com lágrimas escorrendo pelo rosto, a expressão


desafiadora.

— Nada nisso é bonito.

— O luto é amor, sem ter para onde ir, — explicou ela.

Ela sabia que havia conseguido tocá-lo quando a cor vermelho-


sangue desapareceu e uma explosão de ouro apareceu.

Soluçando, ele se inclinou e apoiou a testa no ombro dela. Ela o


abraçou e acariciou seus cabelos.

— Vai ser difícil. Hoje será difícil e amanhã será difícil. O dia

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seguinte pode ser um pouco mais fácil, mas talvez o dia depois seja
pior. Mas, cada dia que você vive lhe dá um dia inteiro para vivenciar
coisas para contar ao seu irmão quando o vir novamente. Que tipo de
histórias você quer contar a ele? De raiva e dor? Ou de alegria e
descoberta? Você pode contar a ele as coisas que viu e aprendeu. Coisas
que pode experimentar por ele durante a sua vida.

— Eu sinto falta dele!

— Tenho certeza que ele também sente a sua falta, mas você não
está sozinho, Ellais. Você tem outros irmãos contigo. Seu esquadrão da
Vanguarda que não saiu do seu lado e seus novos irmãos guerreiros de
unidade, — ela exalou. — Que provavelmente ainda estão discutindo
sobre qual vinho vai acabar contigo mais rápido.

Ellais ergueu a cabeça e piscou.

— Sério?

Ela usou a manga e enxugou as bochechas dele.

— Sim. Começou a parecer muito científico quando estavam


citando porcentagens. Honestamente, eu ignorei.

Ellais endireitou-se e depois se levantou, ajudando-a a levantar-


se.

— Você tem o mais incrível dom. Eu provavelmente levaria


semanas para descobrir que estava me sentindo culpado.

Ela fez sinal para que ele se abaixasse e, quando o fez, ela lhe deu
um tapinha na cabeça.

— Você é um bom menino. Teria descoberto.

Ele a olhou incrédulo.

— Tenho certeza de que sou mais velho que você.

Ela deu de ombros.

— Isso não vai me impedir de ser mãe de todos nesta casa.

As bochechas deste coraram levemente, então ele se virou para


Priest.

— É melhor você cuidar muito bem dela, especialmente se ela for


ser a nossa mãezinha.

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Priest apenas jogou-lhe um sorriso idiota.

— Pretendo dar a ela o que ela quiser, quando ela quiser.

Ellais espreguiçou-se e depois olhou ao redor da sala.

— Deuses, — ele sussurrou, parecendo doente.

Amir, que agora sorria, afastou-se da parede.

— Nós vamos ajudá-lo a limpar este lugar.

— Pessoal, eu sinto muito, — disse Ellais, olhando para cada um


de seus irmãos de esquadrão.

Elliot parecia um homem diferente, pois o alívio o fez sorrir quase


tão brilhantemente quanto Amir.

— Vou lá pedir uma vassoura.

Alderic levantou-se para acompanhá-lo.

— Vou perguntar sobre aquele vinho sobre o qual eles estavam


discutindo. Acho que todos vamos beber esta noite.

Amir assentiu.

— Boa ideia.

Ellais virou-se para Priest.

— E a reunião desta noite? Acho que não estou a fim de uma


festa.

Seu companheiro se aproximou e puxou-a contra si.

— Não se preocupe com isso. Diremos a Aiden que vocês são


nossos convidados até que estejam prontos para retomar o trabalho. —
Ele a surpreendeu bagunçando seu cabelo.

— Ei!

— Você, minha querida, é uma mentirosa.

Ela ofegou com a acusação.

— Não sou não!

Ellais riu um pouco, depois pareceu surpreso por ter conseguido


rir. Balançando a cabeça, este apontou para ela.

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— Acho que sei o que ele quer dizer e sim, você mentiu.

Ela se virou para encarar o companheiro, as mãos nos quadris.

— Se explique, senhor.

Ele lhe cutucou a testa.

— Você é uma curandeira.

Ela esfregou a pele irritada.

— Eu não sou. Eu não tenho esse tipo de magia.

Amir a encarou.

— Ela está falando sério?

— Meu amor, nós temos alguns bruxos curandeiros na casa; eles


não foram capazes de fazer nada por Ellais, mas você foi. Pode não ser o
tipo de magia que você está pensando, mas o que você faz não é menos
impressionante, — explicou Priest, com orgulho nos olhos.

— Eu apenas converso com as pessoas, — ela murmurou.

— Na verdade, isso também não é verdade, — rebateu Ellais.

— O que foi agora? — ela exigiu.

Ellais ergueu as mãos numa espécie de rendição.

— Você fala, sim, mas o mais importante é que você faz as


pessoas falarem sobre a ferida purulenta em seus corações. — Ele
esfregou o peito. — Não creio que o tipo de cura que eu precisava, o tipo
que leva tempo, pudesse sequer começar enquanto eu estivesse com
tanta raiva. Você ajudou nisso.

Ela se virou para o companheiro.

— Você não se importa com o que eu faço?

O queixo dele caiu.

— Se me importo? Você salva as pessoas de uma forma que


ninguém mais consegue. Eu te acho incrível e sou abençoado por ser
seu companheiro.

— Às vezes eu abraço as pessoas, como fiz com o Ellais, você não


se importa? — ela perguntou, precisando saber a resposta. Ela teve

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muitos namorados anteriores que a acusaram de traição.

Priest parecia confuso.

— Mas o toque cura, certo? Não é como se você estivesse


dormindo com eles. Meus irmãos me abraçam o tempo todo.

— Priest, você também é incrível, — disse ela, passando os braços


em volta do pescoço dele. — Tenho certeza de que já estou meio
apaixonada por você.

Priest fez beicinho.

— Só meio?

— Nós nos conhecemos faz só algumas horas.

Ellais fungou e enxugou os olhos.

Instantaneamente Cas ficou contrita.

— Sinto muito.

Ele balançou a cabeça.

— Não sinta. Minha dor não deveria diminuir a alegria de outra


pessoa. Acho que entendi o que você estava dizendo sobre vivenciar
coisas para contar ao meu irmão. Porque mal posso esperar para contar
a ele sobre vocês dois. Vocês me lembram do meu irmão e sua
companheira, eles se provocavam, mas o amor era quase tangível entre
eles.

Priest suspirou.

— Não se esqueça de contar a ele que ela rouba sanduíches.

— Priest! — ela guinchou.

Ellais e Amir riram de seu constrangimento.

Ellais enxugou os olhos novamente.

— Obrigado. Rir me faz sentir que o amanhã é real.

Alderic e Elliot retornaram, cada um carregando o item que


tinham saído encontrar. Alderic apontou com o polegar para o corredor.

— Aeson disse que vocês tem dez minutos.

— Merda! — Priest agarrou a mão dela. — Se os cavalheiros nos

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derem licença.

Cas balançou a cabeça enquanto ele a arrastava para fora do


recinto.

— Vamos abrir esse vinho, — disse Amir.

Cas não pôde deixar de sorrir. Ellais agora estava azul com
tristeza, é claro, mas a raiva e a culpa tinham sido substituídas por
esperança e amor. Ela sabia que seus irmãos de esquadrão o
ajudariam.

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Capítulo seis
Priest abriu a porta de seus aposentos e a guiou para dentro.

— Esses são os meus aposentos.

Ela entrou e imediatamente notou a falta de cor. Sorrindo, olhou


para o companheiro. Ele estava sorrindo tão orgulhosamente que ela
não queria desencorajá-lo.

— Parece... bem limpo.

Priest fechou a porta e a conduziu pelo quarto. Um sofá de canto


de couro cor creme criava um recanto de aparência acolhedora em
frente a uma televisão muito impressionante.

— Não conte para a Meryn, mas eu adoro jogar tanto quanto ela,
— ele confessou.

— Que tipo de jogos?

— Se pensaria que, sendo um guerreiro de unidade, eu gostaria


de jogos de tiro em primeira pessoa, mas na verdade adoro jogos de
sobrevivência.

— Minecraft?

Ele piscou.

— Sem chance.

— Ark , Conan , Valheim... devo continuar?

— Plataforma?

— Console.

Ele correu até a parede ao lado da TV.

— Eu tenho um Xbox e um Playstation.

Cas olhou seu setup.

— Eu também. — Ela apontou para a parede. — Você acha que

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teremos espaço para colocar uma segunda TV?

— Eu abro espaço. — Ele a olhou. — Nunca em um milhão de


anos pensei que minha companheira fosse ser uma gamer. É que você é
tão...

— E daí?

— Elegante. Articulada, linda, perfeita.

— Por que não posso ser uma gamer elegante? Isso é uma coisa
sexista?

Ele coçou a cabeça.

— Acho que é mais uma coisa fae. Eles são a raça que ainda não
abraçou a tecnologia humana.

— Bem, esta fae viveu sua idade adulta entre os humanos e


esteve presente em todas as iterações dos jogos à medida que evoluíam.

— Meryn tentará recrutá-la para o Call of Duty. Diga a ela que ela
está sem sorte. Você está no meu time.

— Achei que você não jogasse jogos de tiro em primeira pessoa?

— Quero dizer, atirar em zumbis nazistas é sempre divertido. Ela


tem o Jaxon, o Noah e agora Nigel e Neil. Não pode ter você também.

Ela se virou para olhar o quarto, e a falta de decoração e cor fazia


sentido. A maior parte da atenção dele estava focada naquela área de
estar.

Ao vê-la olhar ao redor, Priest apontou para uma parede distante.

— O banheiro fica à esquerda. Em ambos os lados, pedi que


instalassem closets duplos. À direita, há dois escritórios com uma
pequena cozinha no meio com um banheiro compartilhado.

— Você mandou instalar closets duplos?

Ele corou.

— Eu realmente tinha esperança de encontrar alguém


eventualmente.

— Priest, não quero parecer crítica...

Ele balançou a cabeça.

My
SalvatioN
Alanea Alder
— Podemos mudar o que você quiser.

— No geral, eu não mudaria nada. Tudo atende perfeitamente às


nossas necessidades, sem ficar demais. Na verdade, adoro o arranjo e
acho que é perfeito. É apenas a falta de cor.

Ele piscou.

— Eu teria pensado que a falta de cor para você seria um alívio.

Ela balançou a cabeça.

— Eu adoro cores. Eu não gostaria de decorar com aquelas que


tenham uma conotação negativa, mas pequenos toques de cor ficariam
incríveis aqui.

Ele pegou um pequeno bloco de papel que estava ao lado de um


controle na mesa de centro.

— Quais tecidos e cores, meu amor?

Ela olhou para o sofá.

— Eu adoro a cor creme, mas talvez mantas de chenille


douradas?

— O que mais?

— Eu sei que já disse que azul é desespero, mas azul marinho é


contentamento. Talvez roupa de cama azul marinho. Além disso, o
verde esmeralda é culpa, mas, verde tipo grama recém-cortada, é vida e
emoção. Poderíamos adicionar estatuetas e travesseiros nesses tons.

Ele franziu a testa enquanto fazia anotações.

— Prefiro adicionar emoção à cama, não contentamento.

— Você não me quer feliz com você na cama?

— Mudei de ideia. Isso me parece bom.

— Poderíamos usar plantas para dar uma cor também. Se for a


cor de algo vivo como as flores, as imagens que vejo para as auras não
se aplicam. Poderíamos fazer muito com plantas.

— Mas sem árvores. Não quero um mini Coll ou Lia aqui.

Ela riu.

My
SalvatioN
Alanea Alder
— Claro que não.

Uma batida na porta fez os dois pularem.

— Vamos, pombinhos, hora de ir para o Dav’s, — Carson gritou


do corredor.

Priest largou o bloco de notas.

— Continuaremos escolhendo as cores quando chegarmos em


casa.

Ela sorriu.

— Casa.

Priest pegou a mão dela e a beijou suavemente.

— É mais um lar agora com você aqui.

— Lidere o caminho. Me mostre como os guerreiros festejam.

*****

Cas não sabia o que estava esperando, mas o que estava vendo
atualmente não era. Ela estava de canto e observava enquanto os
homens circulavam e formavam pequenos grupos, conversando e
brincando uns com os outros. Aeson e os outros guerreiros de unidade
ajudavam Dav a arrumar longas mesas de comida e circulavam com
bandejas de bebidas. A cor cinza estava por toda parte. Tédio.

— Chato, hein?

Cas olhou para baixo e viu Meryn a olhando.

— Na verdade, sim, está chato.

Meryn apontou para a esquerda.

— A Bolhas é a minha prima, aquela que cheira ao paraíso do


café é a Izzy, e aquela que está balançando a cabeça é a Anne, super
enfermeira.

Aquela com cachos da mesma cor das pontas curtas de Meryn


olhou brava para a prima, depois lhe sorriu.

— Meu nome é Amelia. Prazer em conhecê-la.

— Sou só eu ou... — uma deusa com pele de chocolate ao leite

My
SalvatioN
Alanea Alder
disse enquanto se aproximava.

A ruiva ao lado desta apenas riu.

— Brie, seja legal.

— Eu estou sendo legal, Zoe. Eu nem disse que isso aqui parece
um clube de tricô, — disse Brie, balançando a cabeça.

— Quer entornar umas cervejas de cabeça pra baixo? — Meryn


ofereceu.

— Meryn, você mal consegue ficar de pé direito hoje em dia, muito


menos de cabeça para baixo, e não pode beber álcool, — Amelia
apontou.

— Vaca, — Meryn resmungou.

Brie estendeu a mão.

— Brie Wilson, agora Lionhart, o Ari é meu, ele está... — ela olhou
em volta. — Conversando com Aiden, — apontou.

— Você já sabe que eu sou a dona do Aiden, — disse Meryn,


sorrindo.

— Kendrick é quem está do outro lado do Aiden. Ele


definitivamente pertence a mim, — Anne disse presunçosamente.

— Oron, o fae alto com cabelo loiro escuro é meu, — Izzy disse,
apontando para o outro lado da sala. — Ele está com o irmão, Darian,
que é o companheiro da Amelia.

Meryn olhou para o alto fae.

— Como está a mão dele?

Izzy sorriu, parecendo cansada.

— Chegamos até ele a tempo. Thane conseguiu alinhar os ossos


antes que começassem a fundir errado. Não houve danos duradouros.

— Graças aos deuses por isso, — disse Anne, parecendo aliviada.

Cas se virou para Izzy.

— Seria insensível da minha parte perguntar o que aconteceu?

Izzy olhou para o chão.

My
SalvatioN
Alanea Alder
— O inimigo comentou que Oron os ajudou a encontrar um jeito
de entrar em Éire Danu. Ele deu um soco na parede e destruiu a mão.
— Quando esta olhou para cima, seus olhos estavam brilhando. — Ele é
um artista incrível. Estávamos todos com medo de que ele perdesse a
capacidade de segurar um lápis.

Cas olhou para o fae em questão. Apesar de estar sorrindo e rindo


com os outros, o verde esmeralda girava em torno de seu coração.
Virando a cabeça, ela percebeu que seu próprio companheiro também
tinha uma constante mancha azul em sua aura que ainda não havia se
dissipado. Foi algo que ela observara quando se conheceram e
honestamente pensou que teria desaparecido depois de encontrá-la.

Seus olhos se voltaram para o fae, antes de se virar para Izzy.

— Você precisa puxar a orelha dele pelas merdas que está


pensando. A aura dele está coberta de culpa, — disse ela, depois tomou
um gole de cerveja.

Os olhos de Izzy se estreitaram enquanto olhava para o próprio


companheiro.

— Mais tarde eu torturo ele na cama.

Brie riu e brindou com Izzy.

— Gage é o moreno que está com o Kincaid. Ele é meu, — disse


Zoe, acenando para ela como forma de saudação. — Não acho que ele se
sinta culpado ou algo assim.

Cas olhou para o homem e balançou a cabeça.

— Ele está em paz.

Zoe assentiu, parecendo orgulhosa.

Cas balançou a cabeça.

— Há tantos nomes.

— E essa é apenas uma cidade. Tente memorizar tipo, outras


duas, — Meryn disse, gemendo. — Preciso de uma planilha para manter
todos em ordem.

Cas olhou para todos os homens e suspirou.

— Eu estava esperando mais machismo ou algo assim. — Ela


torceu o nariz. — Isso me faz sexista?

My
SalvatioN
Alanea Alder
Meryn pensou um pouco.

— Talvez ou apenas mostra seu tesão.

Amelia cuspiu o suco que acabara de beber.

— Meryn!

Cas olhou para a mulher menor.

— Vai na onda?

Os olhos de Meryn brilharam

— Na saúde ou na doença.

Cas ergueu o punho e Meryn e Izzy bateram nele.

— Nós devíamos tocar os punhos? — Zoe perguntou, olhando


para o próprio punho.

— Claro. — Meryn estendeu a mão para Zoe, que bateu nesta.

Amelia empalideceu.

— Deuses.

— Isso vai ser bom, — disse Anne, bebendo um gole de vinho.

Brie simplesmente virou a cerveja e assentiu em aprovação.

Em voz alta, Cas gritou:

— Sem chance! Eu vi eles mais cedo, a Vanguarda


definitivamente supera os guerreiros em músculos.

Sem nem mesmo piscar, Meryn balançou a cabeça.

— Eu pessoalmente vi o treinamento dos guerreiros, a Vanguarda


teria dificuldade em acompanhar.

Ao redor deles, os homens se aquietaram, olhando ao redor para


ver quem mais estava ouvindo.

— Meryn, esses caras acabaram de sair do serviço militar.

— Bem, as unidades são como o exército.

— Eu estou te dizendo, o que vi esta manhã seria impossível de


superar.

My
SalvatioN
Alanea Alder
— Aposta comigo! — Meryn gritou, então olhou para Ramsey e
outro guerreiro que quase poderia ser seu gêmeo. — Caras!

Ambos se aproximaram.

— Qual o problema, baixinha?

— Ramsey, você e Broden podem mostrar a Cas o quão forte


vocês são? — Meryn perguntou, com os olhos arregalados e suplicantes.

Os dois homens abriram sorrisos idênticos e imediatamente


começaram a tirar as camisas.

Cas tentou manter uma cara séria.

— Agora, não me interpretem mal, o tanquinho está em dia,


mas... — Ela olhou para a multidão como se estivesse procurando ajuda
entre a Vanguarda.

Mais de um da Vanguarda deu um passo à frente, tirando as


camisas como fizeram naquela manhã.

— Ficaríamos mais do que felizes em representar a Vanguarda,


Lady Vi'Illiya, — disse o homem de peito largo, piscando um olho para
elas.

Cas apontou para os homens.

— Está vendo, Meryn?

Meryn semicerrou os olhos.

— São só alguns. Não podemos tomar uma decisão só com


alguns.

Ao redor delas, os homens tiraram as camisas, para grande


desgosto dos guerreiros acasalados que estavam juntos parecendo
estupefatos.

— Meryn! — uma profunda voz masculina rugiu.

Segundos depois, Aiden se aproximou, os olhos sombrios


enquanto a puxava para perto de si, esfregando o rosto na cabeça dela e
olhando bravo para os homens.

— Cadê o Rex? Eu quero ver os braços do Rex, — Meryn disse,


contorcendo-se sob a exuberância do companheiro.

— Como um Ancião, sinto-me obrigado a representar aqueles que

My
SalvatioN
Alanea Alder
servem no Conselho. E longe de mim desapontar as damas. — Com
uma graça sedutora, ele tirou a camisa.

Cas e Meryn o olharam fixamente.

— Puta merda! — Zoe exclamou.

Meryn parecia convencida.

— Eu disse que ele tinha os melhores braços.

Cas deu batidinhas nos lábios com o dedo.

— Mas ele não é guerreiro de unidade nem da Vanguarda.

Meryn assentiu.

— Verdade.

— O que diabos você está fazendo? — Aiden exigiu.

Meryn o olhou confusa.

— Comparando músculos. Por quê?

— O que eu te disse quando nos conhecemos, minha


companheira? — Aiden exigiu com voz grave.

— Que se eu fosse olhar para homens nus, era pra olhar pra você
primeiro.

— Bem? — Aiden disse, olhando bravo para a companheira.

— Bem? — ela exigiu de volta, puxando a camisa dele.

Rosnando, ele tirou a camisa. Meryn suspirou feliz.

— Eu estava certa, os guerreiros de unidade são os melhores.

Atrás de Aiden, os homens começaram a comparar antebraços e


bíceps, o que levou a competições improvisadas de plantar bananeira e
queda de braço.

Cas tomou um gole de cerveja, sorrindo, o cinza escuro havia


desaparecido, substituído pelo amarelo da felicidade e pelo verde grama
vibrante da animação. Ela assentiu. Eles definitivamente precisariam
adicionar almofadas naquela cor.

— Testosterona o bastante para você? — seu companheiro


perguntou, aproximando-se por trás dela. Este passou os braços em

My
SalvatioN
Alanea Alder
volta de sua cintura e puxou-a para perto para poder apoiar o queixo
em sua cabeça.

— Quase, — ela brincou.

— Você estava tão entediada assim?

— Não, mas eles estavam. Todo mundo estava cinza, indo na


direção do azul. Precisávamos agitar um pouco as coisas, — explicou
ela.

Priest beijou seu cabelo.

— Você nunca deixa de me surpreender.

Aiden a olhou.

— Isso foi para os homens?

Ela assentiu.

— Olhe para eles agora, Aiden.

O Comandante da Unidade olhou para o outro lado da sala, onde


os homens riam ruidosamente e formavam competições amistosas. O
tempo todo seus peitos estavam estufados e eles se pavoneavam.

Aiden balançou a cabeça.

— Já passei da época de tentar entender os presentes que vocês,


damas, nos trazem. — Sua expressão tornou-se dolorosa. — Você tinha
que fazer com que tirassem a roupa?

— Claro que não.

O queixo dele caiu.

— Então por quê?

Ela deu de ombros.

— Porque era mais divertido assim.

Aiden apontou para ela e Izzy.

— Meryn, de agora em diante fique longe dessas duas.

— Nem a pau, aqui é na saúde ou na doença.

Aiden beliscou a ponta do nariz.

My
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Alanea Alder
— Não tem nada de saúde ou doença aqui.

Homens cantando fizeram com que todos se virassem.

Os olhos de Meryn se arregalaram.

— Aquele é o Pip?

Atrás deles, Nigel e Neil haviam feito um Pip sem camisa flutuar
acima da multidão, e o homenzinho estava se flexionando ao máximo.

Pip apontou para o próprio braço.

— É disso que vocês precisam para chamegar, — explicou ele.

Um dos homens franziu a testa.

— Acho que se precisa de algo mais além disso. — O amigo deste


lhe deu uma cotovelada na lateral do corpo, fazendo-o ofegar.

— Oh meu Deus, eu o amo tanto, — disse Anne, observando com


um enorme sorriso.

Meryn começou a pular para cima e para baixo.

— Pip! Pip! Pip! — ela torceu.

Pip, vendo o apoio de Meryn, estendeu os dois braços mostrando


seus minúsculos bíceps.

—Vocês, homens, precisam fazer melhor se quiserem ficar no


comando dos chamegos, — ele discursou.

— Pip! Pip! Pip! — os homens rugiram.

Aiden esfregou o queixo.

— Ele realmente ficou mais definido. Vou aprimorar seu regime


de treinamento.

Brie, Izzy, Zoe, Anne, Meryn e Amelia estavam todas clamando o


nome de Pip.

Cas deu um assobio agudo em apoio.

Com as bochechas coradas, Pip virou-se para Meryn.

— Eu ganhei?

— Pode apostar que sim! — gritou.

My
SalvatioN
Alanea Alder
Nigel e Neil o flutuaram para baixo, mas ele foi imediatamente
levantado sobre os ombros dos homens e passado de mão em mão em
comemoração.

Depois que os homens se acalmaram e vestiram as camisas


novamente, Aiden ficou no bar olhando para a grande multidão de
guerreiros.

— Primeiramente. Meryn é a minha companheira, vocês podem


morrer por ela, mas é só isso.

— Aiden! — a própria gritou do fundo da sala.

— Não se preocupe, Comandante, acho que ninguém teria


problemas em se sacrificar por uma atriz tão incrível, — gritou um dos
da Vanguarda, fazendo todos os homens rirem.

Corando, Meryn riu.

— Fui pega.

Aiden assentiu.

— Ótimo. Agora, antes de prosseguirmos. Há algum esquadrão


que queira passar para o status inativo?

Ninguém se pronunciou.

Aiden sorriu com aprovação.

— Foi o que pensei. Normalmente, quando uma Vanguarda volta


ao status ativo, eles alternam com uma unidade guerreira, mas
infelizmente precisamos de todos os guerreiros que temos, dados os
eventos atuais.

Todos os homens assentiram enquanto concordavam com Aiden.

— Dito isto, gostaria de criar um status ativo da Vanguarda que


trabalhasse de mãos dadas com as unidades nas cidades pilares, —
começou Aiden. — Seis esquadrões serão designados à Lycaonia com as
designações Alfa, Beta, Delta, Épsilon, Gama etc... — Aiden olhou para
os homens. — Essas atribuições não serão baseadas em ranque. Estou
procurando voluntários com base em necessidade. — Ele esfregou a
nuca. — Um esquadrão ficará aqui já que um de seus membros perdeu
um irmão na onda de assassinatos fae. Se alguém tiver família nas
cidades pilares, gostaria de levar isso em consideração. Agora, quem
gostaria de ir para Lycaonia?

My
SalvatioN
Alanea Alder
Imediatamente três mãos se levantaram.

Aiden assentiu.

— Aqueles que servem com esses homens concordam com a


designação para Lycaonia? — Os homens assentiram. — Preciso de
mais três esquadrões para Lycaonia.

Os homens se entreolharam e três outros esquadrões avançaram.

— Quem precisa ir para Noctem Falls? — Aiden perguntou.

Desta vez, cinco esquadrões avançaram. Aiden sorriu.

— Vocês se reportarão a Adriel. Mais um?

No canto, dois esquadrões se posicionaram para fazer pedra,


papel e tesoura. O esquadrão vencedor juntou-se aos outros cinco.

— Já temos um esquadrão designado a Éire Danu. Preciso de


mais cinco, — Aiden olhou ao redor da sala.

Cas continuou observando, sentindo-se impressionada. Aiden


estava se certificando de que os homens estivessem onde queriam estar.
Não estava sendo arrogante e os colocando onde ele queria.

— Senhor, gostaríamos de ficar e continuar de olho em Cas, —


disse Reston, dando um passo à frente.

Ela sentiu lágrimas nos olhos.

— Rapazes, — ela disse suavemente.

Atrás dele, quatro outros esquadrões caminharam para ficar atrás


de Reston.

Aiden assentiu.

— Ótimo. — Este se virou e olhou para os dois esquadrões


restantes. — Homens, vocês se reportarão primeiro a Kendrick Ashwood
e Thane Ashleigh amanhã de manhã.

Os dois esquadrões restantes acenaram para Kendrick.

Aiden olhou para os homens.

— Vocês não tem ideia do quanto sua presença vai ajudar.


Obrigado. — Ele colocou a mão sobre o coração e fez uma reverência.

My
SalvatioN
Alanea Alder
Cada guerreiro de unidade ao redor da sala colocou as mãos
sobre o coração e fez o mesmo.

A Vanguarda parecia atordoada.

Reston acenou com as mãos.

— Senhor... por favor, não.

Aiden sorriu e se endireitou.

— Eu posso e vou. Como unidades guerreiras, juramos proteger


o povo das cidades pilares, mas a Vanguarda já cumpriu seu dever e
serviu. Vocês estão se voluntariando para entrar na briga. E têm meu
maior respeito e gratidão.

Reston, como os homens ao seu redor, engoliu em seco e acenou


com a cabeça em aceitação.

— Podemos comer agora? — Meryn exigiu, quebrando o silêncio.

Cas balançou a cabeça. Aquela mulher tinha um timing


impecável.

A mudança do constrangimento lilás para uma apreciação cor de


urze foi um alívio.

Priest apertou a mão dela.

— Quer sair um pouco mais cedo?

Ela examinou a sala. Todos pareciam estar numa boa situação.


Sorrindo, ela assentiu.

— Talvez dar uma passada na vila dos guerreiros para pegar


algumas coisas para você e depois ir para a Casa Illiya? Eu gostaria de
passar minha primeira noite lá.

— Parece um bom plano para mim. Vamos.

*****

Quando passaram pela porta, Eion os encontrou no saguão. E


parecia satisfeito.

— Eu não tinha certeza de para onde você iria esta noite, mas
preparei seu quarto só por garantia.

Cas franziu a testa. O quarto de sua infância fora maravilhoso

My
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Alanea Alder
enquanto crescia, mas não tinha certeza se seria grande o suficiente
para os dois.

— Cassie, eu movi suas coisas anos atrás para a suíte master, —


disse Eion gentilmente, adivinhando com precisão suas preocupações.

Cada músculo de seu corpo ficou tenso.

— Mas, a mãe e o pai...

Ele balançou a cabeça.

— Eles se mudaram deliberadamente para a ala leste depois que


você partiu. Todos os móveis da suíte master são os que eles
escolheram para você. Com o tempo, modernizei a roupa de cama e,
claro, os eletrônicos à medida que foram ficando disponíveis. — Ele
colocou a mão no ombro dela. — Eles sabiam que você voltaria para
casa e queriam garantir que pudesse assumir o controle da Casa Illiya
sem sentir qualquer tristeza.

— Onde eles foram...

Eion sorriu.

— No jardim, é claro.

Priest puxou-a para perto e ela se reconfortou no calor de seu


corpo.

— Isso é algo que você queira? — este perguntou.

Ela se virou para encontrar os olhos de Eion. Ele assentiu


lentamente.

— Eu te prometo que as coisas deles foram guardadas para você


ver mais tarde. Você ficará agradavelmente surpresa, acho eu.

Ela expirou.

— Quero ver o que eles fizeram por mim, — confessou ela,


olhando nos olhos dourado escuro de Priest. No início, pensou que eram
castanhos de tão escuros, mas adorou o fato de serem dourados.

— Então vamos ver o nosso novo quarto. — Ele sorriu e fez um


passinho de dança de brincadeira em direção às escadas.

Ela sentiu toda a tensão em seu corpo se dissipar quando se


juntou a ele.

My
SalvatioN
Alanea Alder
— Você me faz feliz.

— Ótimo, porque eu sei que não te mereço, então garantir que


esteja feliz e continue feliz é meu objetivo para toda a vida.

— Boa noite, crianças. Vejo vocês pela manhã. — Eion fez uma
reverência e voltou para a cozinha.

Ela conduziu o companheiro escada acima em direção à esquerda


para a ala oeste. A suíte master ficava no final do longo corredor e
ocupava toda a largura da casa de um lado. Quando chegaram à porta,
ela hesitou.

— Quer que eu abra? — Priest perguntou.

Ela assentiu e ele abriu a porta. Ele procurou com a mão pela
parede interior do quarto por alguns segundos antes de a luz acender.
Ela só conseguia olhar.

— Está tão diferente.

Priest sorriu.

— Que bom. Isso é bom, certo?

Ela entrou e não conseguia parar de olhar em volta. Quando


criança, as paredes eram pintadas de verde profundo com piso de
madeira escura. Havia cortinas pesadas ao longo das paredes com
janelas que impediam a entrada de boa parte da luz natural, mas tudo
havia desaparecido.

— As paredes estão lindas.

Priest lhe fez uma careta.

— Achei que você não gostasse de branco.

Ela apontou para a parede.

— Você é daltônico?

— Não. Talvez. Espere, o quê? — Ele se aproximou da parede e a


olhou mais de perto. — Parece branco para mim.

— Homens! — Ela se juntou a ele na parede. — A parede


costumava ser um verde escuro e agourento, muito opressivo. Este é
um lindo marfim levemente marmorizado com partículas de ouro e
prata. Está vendo como a luz reflete? Dá textura e profundidade a todo
o espaço. — Ela se virou e caminhou até as janelas, que
My
SalvatioN
Alanea Alder
ocupavam a maior parte do espaço da parede. — Eles costumavam ter
pesadas cortinas de tecido jacquard. Olha isso! — Ela tocou suavemente
o tecido leve e vaporoso. — Os painéis translúcidos são criação fae.
Permitem a passagem da luz, mas dão privacidade. — Virando-se, ela
finalmente deu uma olhada mais de perto na mobília. — Eles mesmos
teriam odiado isso, — disse ela, rindo. O quarto de seus pais sempre
girara em torno de um jogo de quarto de mogno sólido que dominava o
espaço; em seu lugar, um conjunto de carvalho claro parecia combinar
com o ambiente, deixando-o com uma sensação de aberto e espaçoso.

A cabeceira ia do chão ao teto. A parte acima do colchão parecia


ser um conjunto de painéis modulares inteligentes. O painel que lhe
chamara a atenção funcionava como o porta-retratos de um retrato que
ela nunca tinha visto antes. Ela se aproximou correndo e subiu na
cama.

— Priest! Venha aqui, olhe!

Priest correu para o lado dela e olhou para o que ela estava
apontando.

— Seus pais?

Ela continuou enxugando as lágrimas enquanto assentia.

— Eles parecem tão felizes aqui.

Os dedos de Priest traçaram os lábios da criança que seguravam.

— Eu consigo ver o porquê. Esta é você.

Ela assentiu e continuou investigando a cabeceira.

— Mas o que raio é isso? — Ela abriu a pequena porta de madeira


para revelar uma área de armazenamento. Havia uma bolsa de couro
em cima de um envelope. Com as mãos trêmulas, Cas pegou os dois. E
mostrou a carta.

— Quer que eu leia? — Priest perguntou.

Ela balançou a cabeça e abriu-a lentamente. Quando sentiu o


pergaminho macio sob seus dedos, soube que este tinha sido
enfeitiçado para durar. Ela retirou a carta e abriu-a.

Para nossa querida filha e tesouro mais amado,

My
SalvatioN
Alanea Alder
A casa está tão silenciosa sem você. Por mais que meu coração se
parta com a nossa separação, sei que foi a coisa certa a se fazer. Quando
você nasceu, estávamos tanto emocionados quanto aterrorizados.
Sabíamos que não duraríamos muito neste mundo e temíamos o dia em
que desvaneceríamos e a deixaríamos sozinha.

Saiba que o vazio do vácuo que cresce em nossos corações e


mentes é a única coisa que nos afasta de você. É melhor dizer adeus
agora do que se tornar alguém ou algo que você abominaria.

Pedimos a dois de nossos amigos de maior confiança que


cuidassem de você. O primeiro, claro, é Eion. Ele prometeu que
permanecerá e manterá a casa preparada para o seu retorno. À medida
que nossos dias se esgotam, encontramos muita alegria em deixar este
quarto perfeito para você. Pelo menos, esperamos que fique perfeito para
você. A segunda pessoa a quem pedimos para mantê-la segura em nosso
lugar é o amigo mais próximo de seu pai e seu athair, Ilian...

Ela ofegou e amarrotou a carta contra o peito.

— O quê? — Priest perguntou.

Ela balançou a cabeça, soluçando, incapaz de formar palavras.

— Cas, você precisa dizer alguma coisa, querida, ou vou chamar o


Eion ou a Meryn ou alguém.

Rindo em meio aos soluços do desespero dele, ela simplesmente


passou os braços em volta de seu pescoço e chorou.

Depois de alguns minutos, ela se acalmou o suficiente para


sentar-se.

— Ele cuidou de mim todo esse tempo, — ela finalmente


conseguiu dizer quando as lágrimas diminuíram.

— Quem, bebê? — ele perguntou, esfregando seus braços com as


mãos, para cima e para baixo.

— Ilian. Ele era o amigo mais próximo do meu pai e meu athair.
Ele nunca me contou.

— Faz sentido, — disse ele, assentindo sabiamente.

— Como isso faz algum sentido? — ela exigiu.

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Alanea Alder
Ele lhe piscou.

— Se eu soubesse que, por algum motivo, eu não estaria por perto


para proteger minha filha, pediria aos meus irmãos de unidade que
cuidassem dela em meu lugar. Não há melhor escolha para manter
alguém seguro.

Ela recostou-se.

— Ele entrou na Vanguarda para cuidar de mim, — ela


sussurrou. — Eu tinha que sair de Éire Danu. Ele não poderia
continuar sendo um guerreiro de unidade e cuidar de mim.

— Ele parece um bom homem.

— Eu vou matá-lo, — ela jurou com os dentes cerrados.

— Dê uma folga para o pobrezinho, querida. Deve ter sido mil


vezes pior para ele. Por quanta coisa ele não teve que passar para evitar
ser visto? — Priest apontou.

— Acho que ele acabou tendo que se apresentar depois do


primeiro stalker, — disse ela, lembrando-se de quando o encontrou pela
primeira vez.

Os olhos de Priest se estreitaram.

— Algum dia você vai me contar sobre esses stalkers.

Ela fungou.

— Mas não essa noite.

Ele balançou a cabeça.

— Não essa noite.

Respirando fundo, ela continuou lendo a carta.

...Ilian Vi'Elwin. Teríamos te apresentado na sua cerimônia de


maioridade, mas sabíamos que nosso fim estava próximo. Temos a maior
confiança de que ele cuidará de você tanto quanto nós teríamos cuidado.

Na bolsa você encontrará o anel de sinete da Casa Illiya e as


alianças de dedicação que seu pai e eu fizemos um para o outro. Temos
esperança de que, quando você encontrar seu companheiro, vocês
mesmos possam usá-las e talvez pensar em nós com frequência por

My
SalvatioN
Alanea Alder
causa delas.

Podemos estar entrando no caminho que nos leva para longe de


você mais cedo do que qualquer um de nós gostaria, mas levamos nosso
amor por você conosco. Saiba que estamos esperando pacientemente
para vê-la novamente quando chegar a sua hora de se juntar a nós.
Estamos ansiosos para ouvir tudo sobre a sua vida. Sabemos que você
fará coisas incríveis.

Com todo o nosso amor,

Sua mãe e seu pai.

Sem dizer uma palavra, ela abriu a bolsa, passou para Priest o
anel de seu pai e deslizou o da mãe no dedo anelar da mão esquerda.
Este instantaneamente se ajustou no tamanho. Ela o beijou e então
olhou para o companheiro que estava sorrindo para o anel na própria
mão.

— Vi'Elwin? Ele era o Chefe da própria Casa?

Priest deitou-se na cama.

— Se ele sabia que ficaria fora por um tempo, pode ter passado o
título.

Ela sentiu a carta escorregar de seus dedos.

— Eu achei que estava sozinha esse tempo todo. Mas eu tinha


Eion aqui me esperando e Ilian ao meu lado.

Priest cruzou as mãos atrás da cabeça e olhou para a cabeceira


da cama.

— É como um calendário do advento de coisas.

Franzindo a testa, ela se juntou a ele ao pé da cama e olhou para


cima.

— Você tem razão. Mas é lindo. — Alguns painéis eram de


armazenamento, alguns de luz e alguns até tinham mais retratos. —
Mal posso esperar para explorar tudo.

Priest apontou para o resto da mobília.

— Acho que não pararam na cabeceira da cama, meu amor.

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Alanea Alder
Ela olhou para a foto de seus pais sorrindo largamente para o
bebê que seguravam, com amor nos olhos, para o quarto com móveis
feitos sob medida.

— Priest, acho que você pode estar certo.

Ele se sentou e pegou a mão dela.

— Você sabe o que eu acho que seria perfeito agora?

Ela balançou a cabeça.

— O quê?

— Sua garrafa de vinho da minha mãe, aquele prato de


salgadinhos do Eion perto da porta e uma banheira de água quente
junto com a caixa de sobremesas que peguei no bar.

— Você, meu companheiro, é um gênio.

Ele sorriu.

— Vamos nessa.

My
SalvatioN
Alanea Alder
Capítulo sete
Cas retirou garrafas debaixo da pia e as olhou. A maioria era de
seus aromas favoritos. Ela verificou a validade e balançou a cabeça. É
claro que Eion as reporia conforme necessário.

Ela debateu por um momento, depois decidiu pelo sândalo. Era


um dos seus favoritos, e ela sabia que Priest apreciaria não ficar com
cheiro de jasmim.

— Toc, toc, — disse Priest, depois abriu a porta. Ele já havia se


despido e usava uma toalha enrolada na cintura. Nas mãos tinha uma
bandeja com salgadinhos e sobremesas e a garrafa de vinho agora
aberta. — Vou cheirar a qual flor mais tarde? — ele perguntou.

— Sândalo, seu infeliz ingrato.

Rindo, ele colocou a bandeja no balcão.

— A água já está pronta?

Ela olhou para baixo. A banheira estava quase meio cheia.


Quando se considerava os dois corpos, devia estar praticamente pronta.

— Sim, vou colocar os sais de banho agora.

Ela derramou o líquido amadeirado na banheira e ficou surpresa


com a espuma espessa que este produziu. Depois de um ou dois
minutos, ela parou a água e se virou para o companheiro, que estava
encostado na porta, observando-a com um sorriso suave no rosto.

— O que?

— Isso parece certo.

Ela pensou no que ele disse e percebeu que estava prestes a


entrar nua na banheira com ele, e nem lhe ocorreu ficar nervosa.

— Eu pensei que os acasalamentos deveriam ser uma grande


paixão? — ela perguntou, brincando nervosamente com a faixa de seu
roupão.

Ele deu de ombros e se aproximou dela.

My
SalvatioN
Alanea Alder
— Eu gosto do que temos. Prefiro estar confortável e poder rir e
conversar com você do que ficar louco depois de alguns momentos de
paixão.

— Só alguns momentos, é? — ela brincou.

Ele apontou para ela.

— Isso bem aí, é o que nos torna perfeitos. Eu te desejo...?

Ela, por sua vez, apontou para a toalha dele.

— Eu diria que sim. — Que os deuses acima a ajudassem. O que


o corpo dele inadvertidamente anunciava a deixou com água na boca.
Ela manteve o tom leve para evitar parecer desesperada. Como a
maioria dos shifters, ele portava um pouco de músculos. Mas talvez por
ser um shifter de pássaro, ele pendia para o porte mais esguio, algo
entre a constituição típica de um shifter e o físico de um vampiro. Para
ela, ele era a perfeição. Ao contrário dos fae, ele tinha cabelo castanho
escuro, mas como seu pássaro e a maioria dos fae, tinha olhos
dourados que sempre pareciam dançar com riso. Coll estava certo. Ele
era o melhor dos dois mundos.

Suas mãos em seus braços a trouxeram de volta ao presente.

— Para onde você foi?

— Pro seu corpo, — ela deixou escapar.

— Essa coisa velha? — ele perguntou, balançando os quadris.

Momentos depois, sua toalha desistiu de lutar e flutuou até o


chão.

Ela ficou olhando. Como não poderia?

— Cas?

Ele parecia uma peça de mármore.

— Cas?

A cabeça parecia tão furiosamente roxa.

— Cassandra?

Ela olhou para cima e viu que este estava rindo.

— Perdão. O que você estava dizendo?

My
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Alanea Alder
— Sua vez, minha companheira.

— Mas eu não sou mármore, — ela balbuciou.

A cabeça deste se inclinou para um lado.

— Tudo bom?

Balançando a cabeça, ela tentou se recompor. Desfez a faixa e


deixou cair o roupão.

— Doces deuses do céu, — ele suspirou.

Ela sentiu os mamilos se apertarem sob o olhar dele, e um calor


familiar começou a se espalhar de seu clitóris para fora. Ela cometeu o
erro de olhar para baixo novamente.

— Priest, ele ficou mais irritado.

— Huh?

Ela apontou para seu pênis.

— Está mais roxo.

— Confie em mim, ele não está irritado. — Respirando fundo, ele


estendeu a mão. — Minha companheira, você gostaria de se juntar a
mim na banheira?

Timidamente, ela assentiu e, segurando a mão dele, entrou


cuidadosamente na banheira e afundou-se. A água quente acalmou o
frio que seu corpo sentiu o dia todo. Gemendo, ela fechou os olhos.

— Ele definitivamente não está irritado, — ela o ouviu murmurar.

Cas observou enquanto ele levantava cuidadosamente a bandeja


de apoiar na banheira e a colocava na ponta desta antes de entrar no
meio das bolhas e se sentar. Gemendo, ele ficou confortável sentado à
esquerda dela. Ela riu enquanto entrelaçavam as pernas um com o
outro a fim de ficarem confortáveis.

Ele lhe passou uma taça de vinho tinto profundo e pegou uma
segunda para si.

Ela aceitou a taça.

— Eu normalmente não bebo tinto.

— Acredite em mim, minha mãe tem um gosto impecável. — Ele

My
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Alanea Alder
tomou um gole e estremeceu. — Excelente.

Ela tomou um gole e os taninos2 imediatamente pareceram cobrir


sua língua, mas o sabor rico e ousado pareceu se expandir pela
garganta enquanto ela bebia.

— Oh céus.

Sorrindo, ele entregou-lhe um único pedaço de chocolate ao leite.

Ela torceu o nariz.

— Eu gosto de chocolate amargo.

Ele o balançou na frente dela.

— Confie em mim.

Ela pegou o chocolate e o colocou na boca. A suavidade adicionou


uma dimensão totalmente nova ao vinho.

— Priest, você é incrível.

Ele riu.

— O vinho é uma das paixões da minha mãe. Aprendi com a


melhor.

Ela tomou outro gole e olhou para o companheiro.

— Quer dizer que você conseguiria fazer isso com qualquer vinho?

Ele assentiu.

— Combinações? Com a maioria dos vinhos eu consigo. Prefiro ter


provado o vinho pelo menos uma vez para ter certeza, mas isso é mais
difícil de fazer com os vinhos fae mais raros, — disse ele, erguendo a
taça. — Eu tive sorte.

— Vinho fae raro?

Ele assentiu.

2 O tanino do vinho é um componente presente na casca, nas sementes e no


engaço das uvas. Agem como antioxidante natural e preservam a longevidade do
vinho. Quanto mais maturado, melhor sua sensação na boca: menos adstringente e
mais aveludado.

My
SalvatioN
Alanea Alder
— Mamãe escolheu esta garrafa quando eu era bebê, como
presente para a minha futura companheira.

— Essa garrafa tem mais de duzentos anos!

— Mais ou menos isso.

— Priest! Isto deveria ser servido no palácio ou algo assim, não


em um banho de espuma.

— É o primeiro interlúdio íntimo que estou tendo com a minha


companheira. Não consigo pensar em um momento melhor para
aproveitá-lo.

Ela tomou outro gole saudável, praticamente esvaziando a taça, e


depois entregou-a a ele.

— Encha a minha para brindarmos.

Ele virou a própria taça e encheu ambas antes de lhe devolver a


dela.

Ela a estendeu.

— A estar acasalada com o meu melhor amigo e toda noite


parecer a mais emocionante festa do pijama do mundo, com sexo
quente incluso.

— A estar acasalado com a minha melhor amiga e toda noite fazer


um sexo quente com uma excitante festa do pijama inclusa, — disse
ele, tilintando as taças.

Sem quebrar o contato visual, os dois viraram as taças.

Ela sentiu o momento exato em que o álcool começou a fazer


efeito.

— Simmm... — ela colocou a taça na borda da banheira.

Sob as bolhas, as mãos de Priest começaram a massagear seus


pés.

— É isso, eu perdi, — ela admitiu, relaxando contra a parede da


banheira, os olhos fechados.

— Perdeu o quê?

— O meu coração. Estou tão apaixonada por você que é


assustador.

My
SalvatioN
Alanea Alder
As mãos dele em volta de seu pé congelaram.

Abrindo um olho, ela viu que este a estava olhando.

— Priest?

— Eu não ofereço muito. Sou o Chefe da minha Casa apenas no


nome.

— Eu não preciso de muito. — Ela se referenciou ao redor com


um aceno de mão. — Já temos uma casa. E eu sou a Chefe da minha
própria Casa, então seria egoísta da nossa parte ter duas, certo?

Ela se sentia como se estivesse sapateando entre estar


embriagada e bêbada, e era maravilhoso depois do dia que tivera.

— Eu sou apenas um guerreiro de unidade, — continuou ele.

Ela suspirou feliz.

— Eu sei, sexy pra caralho.

Cas o sentiu gentilmente começar a puxar seu corpo em direção


ao dele até que ela estivesse confortavelmente aninhada entre suas
pernas. Ela se recostou e aproveitou a sensação dos braços dele ao seu
redor.

— Eu não sou o mais forte nem o mais rápido. Não tenho


nenhuma influência política ou poderes de bruxo. Não sou realmente
um fae ou um shifter, — ele admitiu baixinho.

Ela exalou impacientemente.

— Você é você. Isso te faz meu porque você é você. Você me faz
sorrir e nada parece te derrubar. Você tem uma mancha azul, mas tudo
bem. Eu posso te fazer feliz.

— Mancha azul?

Ela assentiu, notando que a própria cabeça parecia mais pesada.

— Está sempre no mesmo lugar, mesmo quando você está rindo.


É estranho.

— Eu sou estranho?

— Não, é estranho.

— Cas, escute, ok? Eu não sou a melhor escolha de guerreiro,


mas juro pela minha vida que sempre te colocarei em
My
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Alanea Alder
primeiro lugar. Não te negarei nada e tentarei fazer com que cada dia
seja melhor que o anterior.

— Eu sei, é por isso que eu te momo.

— Momo?

— Sim, momo muito.

Ele suspirou.

— Eu me pergunto se minha mãe sabia que o vinho seria tão forte


assim.

— Eu não estou bêbada, apenas felizmente... hmm, zonza.

Ele riu.

— Eu também estou feliz, meu amor.

Quando ela se aconchegou contra ele, sentiu evidências de sua


“felicidade” lhe cutucando a lombar.

— Era para ser tão fácil assim? — ela perguntou.

— O que? Estar acasalado? Não acho que deveria ser difícil.

— Parece que usamos trapaça.

— Não, nós só sabemos que a vida é curta e que devemos agarrar


a felicidade quando podemos.

— Agarrar a felicidade, é? — ela se virou e passou a mão em torno


de seu duro comprimento.

O fôlego de Priest se esvaiu em um longo silvo.

— Cas, bebê, você está embriagada.

— Não estou tão embriagada assim, Priest Vi’Aerdan.

— Que os deuses me ajudem.

— Ninguém pode ajudá-lo agora, — ela ameaçou de brincadeira.

Preguiçosamente, ela começou a acariciá-lo, mas percebeu que,


apesar de toda a água ao redor deles, não tinha o fator escorregadio
necessário para realmente masturbá-lo do jeito que queria.

Torcendo-se, ela destampou a banheira e a água começou a

My
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Alanea Alder
escorrer. Sorrindo, pegou os sais oleosos de banho que usara antes e
despejou uma quantidade generosa na mão.

Os olhos dourados de seu companheiro escureceram para um


castanho mel.

— Você deveria se ver. Uma tentadora sedutora.

Quando a água foi drenada o suficiente, ela envolveu-o


novamente com a mão untada com óleo e, desta vez, foi recompensada
com um gemido gutural alto.

Alternar entre longos movimentos ao longo de seu eixo e rápidos


movimentos na cabeça o fez ofegar seu nome.

— Cas... Cas... vou gozar.

Sentindo-se travessa, ela se torceu com mais força do que o


normal enquanto se inclinava e mordia o tendão entre o pescoço e o
ombro dele.

Gritando, seu companheiro gozou com força. Ela sentiu uma


viscosidade atingir seu queixo e peito entre eles.

— Deuses, isso é tão sexy, — ela sussurrou enquanto lambia


suavemente a marca da mordida.

— Jogue uma toalha sobre o meu cadáver e diga aos meus irmãos
para me enterrarem nesta banheira, — disse Priest, ofegante.

Rindo, ela recostou-se, sentindo-se orgulhosa de si mesma.

Espreguiçando-se, ela ligou o chuveiro, borrifando água gelada


em ambos sem querer.

— Ahh! — ela exclamou, rindo.

— Cas! Eu não consigo me mover!

Isso só a fez rir ainda mais enquanto esperavam a água


esquentar.

Priest tinha uma expressão trágica enquanto olhava para baixo.

— Pobre rapaz, que felicidade, daí ele teve que fugir para salvar a
própria vida.

— Pare, eu imploro, — ela ofegou com riso.

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Alanea Alder
— Aqui jaz Priest Vi’Aerdan. Ele alcançou os céus antes de morrer
congelado.

Balançando a cabeça, ela ficou sob o jato morno do chuveiro.

— Você vai sobreviver.

— Mentiras!

Ela moveu o corpo para o lado para que a água batesse


novamente no rosto dele.

— Agh!

Rindo, ela enxaguou o corpo e se lavou.

— Vamos lá, meu amor. Por mais sexy que seja estar coberta de
porra nos livros de romance, a dura realidade é que é pegajoso e fede.

— Eu não fedo.

— Priest, todos os líquidos corporais cheiram mal.

— Cuspe não tem cheiro.

— Tem sim.

— Sério? — ele perguntou, se levantando. Pegou o xampu e


começou a massagear o escalpo dela.

Gemendo, ela se inclinou contra ele.

— Suas mãos mágicas são o que está nos fazendo tomar uma
ducha e desperdiçar um banho de espuma perfeitamente bom.

— Oh, eu sei.

Ela deixou que ele a colocasse de volta na água para se enxaguar.

Quando ambos terminaram, saíram e se secaram. Priest pegou o


vinho e os petiscos, e foram para o aconchegante sofá da pequena área
de estar para relaxar.

Ele serviu outra taça a ambos e colocou a tigela de salgadinhos


entre si.

Ela tomou um gole de vinho e, com uma escova na mão, começou


a trançar o cabelo molhado. No mundo humano, cabelo do
comprimento do dela, quase sempre chamava a atenção, então ela o
usava muito preso. Ali entre os fae, era comum que o cabelo

My
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Alanea Alder
chegasse quase no chão. Era fácil chegar naquele comprimento quando
se tinha a eternidade.

— Vou retribuir o favor quando nos deitarmos, — prometeu


Priest.

Ela balançou a cabeça.

— Não foi por isso que fiz aquilo.

— Isso não significa que eu não anseio pelo seu gosto. — A


promessa sombria de prazer em seus olhos a fez cruzar as pernas
novamente.

— Prefiro deixar rolar para quando fizermos amor pela primeira


vez.

Ele assentiu lentamente.

— E isso não vai ser hoje à noite?

Ela balançou a cabeça.

— Gosto desse ritmo lento. Talvez amanhã eu faça apenas o


suficiente para mantê-lo à flor da pele o dia todo.

A toalha de seu companheiro começou a fazer uma tenda


novamente.

— Promete? — ele perguntou com uma voz sussurrada.

— Prometo manter meu companheiro duro durante a maior parte


do dia, depois levá-lo sensualmente ao clímax para ver quão longe ele
consegue gozar, — disse ela, deliciando-se com o poder que tinha sobre
ele.

— Nunca experimentei edgeplay antes.

— É assim que se chama?

Ele assentiu.

— Como você chamaria?

— Doce tortura.

— É justo uma revanche, — ele a lembrou.

— Tenho certeza que é. — Ela tomou outro gole de vinho e xingou


o elástico de cabelo quando este estourou. Colocando a mão no

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bolso, pegou outro. Depois de arrumar o cabelo, se recostou,
equilibrando a taça no colo. — O que vamos fazer amanhã?

— Tenho que me apresentar ao palácio com a Tau para


atualizações.

— Atualizações?

Ele exalou e tomou um gole saudável de vinho.

— Zoe nos informará sobre os centros de magia. Pelo que ela


disse até agora, todos estão funcionando corretamente. O que significa
que outra coisa está errada. Isso irá para uma das listas que Meryn está
mantendo. Depois a Brie vai nos atualizar sobre os nomes recém-
confirmados de Noctem Falls. — Ele começou a marcar as coisas com
os dedos enquanto continuava. — Gage perguntará sobre uma
atualização a respeito do Conselho dos Bruxos.

— Por que perguntar sobre o Conselho dos Bruxos?

— Eles aprisionaram Zoe no Templo do Fogo, tentaram forçar um


acasalamento pra cima dela, e depois tentaram levá-la de volta para
Storm Keep sob falsos pretextos, — disse ele, praticamente rosnando.

— Você é próximo de Gage, não é?

Ele piscou com a pergunta.

— A Unidade Tau é um pouco diferente. Tecnicamente, nosso


líder de unidade é o Brennus, mas obviamente ele está ocupado sendo o
Consorte, então Ari nos lidera como uma unidade de quatro homens.
Gage e eu nos esforçamos muito para ajudar a carregar esse peso e
cuidar de Kincaid.

— Por que ele precisa de cuidados? Ele parecia bastante


competente para mim.

— Ele é. Não me interprete mal, ele é um guerreiro de unidade


incrível. E mesmo que metade de seus feitiços dêem errado, seu poder
não pode ser ignorado. É só que ele é o mais novo.

— Ahh, o mais novo, — disse ela, sorrindo.

Priest exalou.

— Me lembro de quando ele apareceu. — Ele sorriu, balançando a


cabeça. — Os olhos brilhantes e arregalados, e uma personalidade
ansiosa para agradar. Quando treinávamos, ele sempre se desculpava

My
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Alanea Alder
quando seus feitiços davam errado, mas trabalhava mais duro do que
três guerreiros. Ele era tão diligente que todos nós sentimos que
tínhamos que proteger isso. — Ele recostou-se, parecendo um pouco
presunçoso. — Foi o feitiço dele que capturou dois de nossos inimigos.
Ele criou um tipo de caixa... não me pergunte os detalhes. Kendrick e
Thane começaram a falar sobre temperaturas, e eu meio que voei na
maionese, mas foi uma façanha quase impossível.

— Você está orgulhoso, — ela observou, vendo um maravilhoso


tom de magenta florescer.

— Estou. Ele lutou por tanto tempo tentando manter seus


poderes sob controle que não posso deixar de me sentir animado por ele
finalmente conseguir a ajuda que precisa.

— Então, atualizações de todos, e o que mais?

— O que quer que precise ser feito. A Meryn nos avisará.

— Meryn? Não o Aiden?

Ele deu de ombros.

— Eles meio que são a mesma coisa a esse ponto. Meryn foi quem
rastreou os armazéns e as pessoas desaparecidas. Aiden pode ser quem
formula as ordens, mas não se engane, ele está seguindo as orientações
de sua pequena companheira.

— Ela carrega muito trauma, — ela disse, observando sua


expressão.

Ele apenas assentiu.

— Ouvi dizer que ela assistiu a um orbe de comunicação onde viu


seus pais morrerem. Ela cresceu pensando que eles haviam morrido em
um acidente de carro. Ela não tinha ideia de que era parte fae.

— Isso deve ter sido difícil.

— Também há rumores de que os guerreiros de Lycaonia querem


que o cadáver da avó dela seja levado para fora da cidade para
profanarem como presente para ela.

Cas quase engasgou com o vinho.

— Está falando sério?

— Aparentemente, aquela mulher era uma péssima figura.

My
SalvatioN
Alanea Alder
— É incrível que ela tenha crescido metade de tão normal quanto
ela é.

— Tecnicamente, ela é nossa princesa agora, então estamos


torturando os guerreiros de Lycaonia dizendo que vamos ficar com ela.

— Tem mais alguma coisa que você queira fazer?

Ele a olhou e então sorriu.

— Posso ter uma surpresa para você, mas tem cinquenta por
cento de chance de você gostar ou não.

— Se você reservar um tempo para fazer algo por mim, eu vou


gostar.

— Vou lembrá-la disso amanhã.

Ela olhou para o relógio. Estava dando meia-noite apenas. Ela


ergueu a taça.

— Pelo nosso primeiro dia de acasalamento.

Ele ergueu a dele.

— Por uma eternidade de muitos mais.

Eles beberam e colocaram as taças de lado. Se levantando, ele lhe


estendeu a mão.

— Pronta para dormir?

— Pronta. — Ela se levantou e o seguiu até a cama.

Nenhum deles se preocupou com pijamas, e ambos suspiraram


felizes quando seus corpos se aninharam próximos um do outro.

— Priest?

— Sim, — ele murmurou contra sua nuca.

— A luz.

— Alexa, apague a luz.

Ela zombou por cerca de um segundo antes de a sala escurecer e


uma voz desencarnada dizer:

— Tudo bem.

My
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Alanea Alder
— Como você sabia?

— Achei que Eion ficaria tão animado quanto Merrick para


instalar recursos inteligentes para a casa. Isso deixa as coisas mais
fáceis para eles.

— Você adivinhou?

Ele bocejou.

— Sim.

Ela puxou o braço dele em volta de si e o agarrou como se fosse


um novo bichinho de pelúcia favorito.

— Boa noite, meu amor, — ela sussurrou.

— Boa noite, meu tudo.

*****

Abrindo os olhos, ela tinha que admitir, nunca dormira mais


profundamente.

— Hora de levantar, — uma voz alegre disse acima de sua cabeça.

Ela olhou brava para o companheiro enquanto este pairava sobre


ela, sorrindo animadamente.

— Não. — Ela se virou de costas para ele e puxou os cobertores


sobre a cabeça.

— Cas? Cas?

— Vá embora.

— Hmmm.

Ela ouviu a porta abrir e então fechar.

Suspirando, deixou seus olhos fecharem e começou a cochilar


novamente.

— Cassandra, hora de acordar.

Seu cérebro tentou reconhecer a voz. Ilian? Ele havia voltado?


Ilian. Seu athair! Ela estava em casa! Eion!

Ela se sentou abruptamente na cama.

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Alanea Alder
— Eion!

Seu escudeiro lhe sorriu, segurando uma xícara com vapor


emanando desta.

— Você ainda dorme como uma pedra.

— Café?

Ele assentiu e passou-lhe a xícara.

— Você assustou seu companheiro.

Ela olhou em volta.

— Onde ele está, afinal?

— Ele disse algo sobre o comandante dele ser um gênio e


chocolate, depois saiu com pressa.

— Se aquele homem voltar com chocolate ou café de qualquer


tipo, eu vou ter os filhos dele.

Eion riu.

— Achei que isso acabaria acontecendo de qualquer maneira.

Ela tomou um gole de café.

— Sim, mas vou subir isso na lista de tarefas.

Ele fez uma reverência.

— Por assim dizer. Se o jovem voltar com chocolate ou café, talvez


seja melhor você comer algo substancial antes.

— Depois do café, — ela rebateu.

— Você tem dez minutos, ou seus ovos esfriarão, — disse ele e se


dirigiu para a porta.

— Malvado.

— Naturalmente, — ele admitiu, fechando a porta atrás de si.

Ela tomou outro gole e começou a fazer contas mentais. Se ele


estava dizendo que os ovos estariam frios em dez minutos, significava
que o resto do café da manhã já estava pronto, e ele só tinha os ovos
para cozinhar, o que este começaria a fazer assim que chegasse à
cozinha. Se ela apenas usasse pó de maquiagem, poderia estar vestida e

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descer em cinco minutos.

Ela recostou-se e segurou o café contra o peito.

— Eu ainda odeio as porras das manhãs, — disse ela ao retrato


de seus pais.

Suspirando, colocou o café na mesa de cabeceira e tirou os pés da


cama.

Ao todo, ela chegou ao andar inferior com um minuto de sobra e


carregando uma xícara de café vazia.

— Ovos mexidos com queijo cheddar picante. Biscoitos ou


croissants? — Eion perguntou, colocando um prato na mesa.

Ela sentou-se e olhou para os ovos perfeitamente cozidos.

— Biscoitos.

— Suco ou mais café?

— Suco com o café da manhã, depois café.

— A tigela pequena à sua esquerda contêm a sua salada de frutas


favorita, e a travessa à direita é a travessa de carne. Temos bacon e
salsicha esta manhã. Coloquei a travessa entre você e Priest para que
ele possa comer quando voltar.

— Eion, você é incrível. Não tomo um café da manhã tão bom


assim há décadas.

Ele bufou.

— Vejo que você perdeu peso vivendo entre os humanos. Teremos


que garantir que você receba uma nutrição adequada a partir de agora.

Ela ergueu o garfo e tinha acabado de comer um bocado quando


ouviu a porta da frente se abrir e fechar. Momentos depois, Priest
apareceu na porta. Ele a viu e pareceu aliviado.

— Você está acordada. Ótimo.

Ele colocou uma caixa e um copo para viagem ao lado dela.

— Para você, meu coração.

— Café?

My
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Alanea Alder
Ele assentiu enfaticamente.

— O Peter recebeu sua primeira máquina de café expresso


recentemente. Na verdade, ele fez uma mistura própria de sabores. —
Ele apontou para o copo. — Ele disse que esse será seu mais vendido. É
o seu sabor de brownie de chocolate amargo trufado na forma de
mocha.

Ela lambeu os lábios e Eion pigarreou.

Certo. Comida de verdade primeiro.

— Eion, você pode garantir que isso permaneça quente? — ela


perguntou, mostrando o copo.

— É claro, — disse ele antes de colocá-lo em uma estufa.

Ela olhou para a caixa.

— E o que é isso?

— Algo mais leve. Um pão doce fae de framboesa regado com


chocolate amargo. Lembrei que você não come frutas fae há algum
tempo. Espero que isso ajude sua manhã a começar com um sorriso.

— Priest, quando você estiver trocando fraldas, saiba que foi obra
sua, — alertou ela, depois atacou seus ovos com gosto.

Seu pobre companheiro parecia confuso quando se sentou à


mesa.

— De quem mais seria essa obra? — ele exigiu.

— Sua.

— Por que você está me ameaçando com fraldas? — ele


perguntou, pegando quase todo o bacon.

— Não tem motivo nenhum, — ela respondeu docemente.

Atrás deles, Eion riu e depois tossiu rapidamente.

— Vocês dois voltarão aqui para almoçar?

Ela se virou para Priest, que balançava a cabeça.

— Tenho uma surpresa planejada para a Cas esta tarde e,


honestamente, não tenho ideia do que a noite nos reserva, então
também não tenho certeza sobre o jantar.

My
SalvatioN
Alanea Alder
— Entendido. Se forem voltar aqui para jantar, me avisem para
que eu possa me preparar, — disse ele, apontando para o cristal recém-
instalado no canto.

Priest sorriu.

— Posso avisar o Ari, e ele pode avisar o Leo, e ele pode te contar.

Cas ergueu o celular.

— Ou eu posso simplesmente ligar.

Os dois homens se voltaram para ela com expressões magoadas.


Meninos e seus brinquedos.

— Ou podemos usar a rede do cristal.

Eion sorriu largamente.

— É muito emocionante ser incluído nas atualizações dos


guerreiros agora.

Seu coração derreteu um pouco. Eion ficara sozinho por tanto


tempo, agora estava sendo incluído em tudo e, pela aparência das
coisas, o homem estava se deleitando.

Certificando-se de que todos os ovos haviam sido comidos e que


ela tinha comido pelo menos um pedaço de bacon, ela pegou o pão
doce.

Rindo, Eion removeu seu prato e substituiu-o por um novo. Ela


abriu a caixa e inalou profundamente. Sua boca imediatamente
começou a salivar. Atrás dela, ela ouviu Eion retirar da estufa o café
que Priest havia lhe trazido.

Enquanto ela colocava uma fatia do pão doce em seu prato, Eion
colocou o mocha ao lado de seu prato.

Dando a primeira mordida, ela teve que segurar a mesa para


conter os gemidos.

Deuses acima.

Com literal concentração, ela largou a mesa e pegou o mocha. Não


houve como esconder sua reação desta vez quando o suave, porém
amargo, chocolate lhe adentrou a boca, misturando-se com a
framboesa.

My
SalvatioN
Alanea Alder
— Oh deuses, oh deuses, oh deuses!

Priest mastigou o bacon, com uma expressão presunçosa no


rosto.

Virando-se na cadeira, ela olhou nos olhos de seu escudeiro.

— Cubra os ouvidos, — ela ordenou.

Com os olhos arregalados, Eion cobriu ambas as orelhas com as


mãos.

Ela se voltou para o companheiro.

— Eu vou te foder até você não aguentar mais hoje a noite. Não
vou parar até ficar grávida fora de temporada.

O garfo de Priest caiu no prato quando este inalou e começou a


engasgar.

Eion moveu-se rapidamente e iniciou a manobra de Heimlich.


Segundos depois, seu companheiro estava respirando novamente.

Ela olhou para o escudeiro.

— De acordo com Merrick, ele engasga com bastante frequência.

— Você! — Priest ofegou.

Ignorando sua respiração difícil, ela tomou outro gole de seu


mocha.

— Perfeição.

Eion voltou rindo para o fogão, e seu companheiro a olhou como


se ela fosse um bife gostoso e ele estivesse morrendo de fome.
Encontrando seu olhar quente, ela sorriu.

— O jogo começou, meu amor.

My
SalvatioN
Alanea Alder
Capítulo oito
Priest não parava de lhe lançar olhares de soslaio enquanto
caminhavam até o palácio. Finalmente, ela o encarou.

— O que foi?

— Você estava falando sério?

— Sobre te foder até você não aguentar mais? Sim.

— Não, sobre tentar engravidar.

Ela deu de ombros.

— Se acontecer, aconteceu. — Ela mostrou o bracelete que


ganhara de Lia. — Temos essa ajuda extra afinal.

Ele assentiu descuidadamente, parecendo muito distraído. Ela


suspirou. Será que o quebrara novamente? Então espiou sua aura.
Esperava ver o dourado do amor, mas o amarelo era a cor
predominante. Esperança, junto com muito verde-limão, medo.

— Você está com medo?

Ele piscou, depois olhou para o próprio peito.

— Você consegue ver isso, né?

Ela lhe jogou um sorriso irônico.

— Não consigo não ver.

— Certo. E sim, estou com medo de que a mulher que estou


começando a amar mais do que meu próximo fôlego fique grávida
enquanto ferals atacam. Éire Danu não é mais segura. — Ele acariciou
o próprio estômago. — Deuses, como os homens nas outras cidades
conseguem?

— Você quer dizer funcionar sem estar enfiados em segurança


em uma dimensão paralela?

Ele apontou para todos os lados para indicar a situação.

My
SalvatioN
Alanea Alder
— Agora já não é mais tão seguro. Mas sim, algo do tipo.

— Eu não tenho medo, Priest, porque tenho você, seus irmãos de


unidade, a Vanguarda, o Comandante da Unidade, aquela maluca e
genial humana e os bruxos rabugentos cuidando das coisas.

Priest a olhou e sorriu.

— Não é tão ruim quando você lembra que não estamos


sozinhos.

— Exatamente. Além disso, acho que o Comandante está


esquecendo de uma coisa muito importante, a qual planejo lembrá-lo
durante esta reunião.

Priest sorriu.

— Adoro a expressão que ele faz quando percebe que deixou algo
passar.

— Eu vivo para te fazer feliz, — ela disse, levantando a mão dele


e beijando-a.

— Eu sou tão mimado.

Os guardas à porta assentiram e permitiram que entrassem.


Priest bateu na porta dos aposentos da rainha, balançando a cabeça.

— Nunca pensei que visitaria a rainha com tanta frequência.

Brennus abriu a porta e lhes sorriu.

— Mas ficamos felizes que visitem. Entrem.

Priest soltou a mão dela e foi até uma cadeira ao lado de sua
unidade para se sentar. Ela ficou aliviada ao ver que havia uma
cadeira vazia ao lado dele. Antes de fazer qualquer coisa, ela foi até a
rainha e fez uma reverência baixa.

— Vossa Majestade, retomei minha posição como Chefe da


Família Nobre de Vi'Illiya. Renovo meu voto de fidelidade.

— Seja bem-vinda de volta, jovem Cassandra. Deixe-me te ver, —


disse a rainha, levantando-se e caminhando em sua direção.

Cas lutou para manter a expressão neutra. Havia pouquíssima


coisa na aura da rainha, e o que ela conseguia ver era um roxo
profundo e azul. Luto e desespero.

My
SalvatioN
Alanea Alder
— Deuses acima, você é igualzinha a sua mãe. Sinto tanto a falta
dela, — disse a rainha, pegando suas mãos e lhe sorrindo. O roxo e o
azul tremeluziram, enquanto a rainha lembrava de sua amiga perdida.

Seus pais começaram a desvanecer por volta dos sete mil anos
de idade. A rainha era muito mais velha. Ela se virou para ver Brennus
sorrindo para elas. Talvez ela tivesse mais tempo porque encontrara o
companheiro mais tarde na vida.

Ela estudou o núcleo da rainha e sentiu bile lhe subindo pela


garganta.

— Eu sei por que as luzes estão diminuindo, — Cas sussurrou.


Não querendo pronunciar as palavras em voz alta.

Ao redor deles, o recinto ficou em silêncio.

— Ótimo, porque até agora não encontrei nada de errado com os


feitiços, — Zoe disse animadamente.

A expressão da rainha se tornou resignada.

— Eu tinha esperanças de que estivesse errada, mas esqueci que


você compartilha o dom de sua mãe. Quanto tempo?

Ela só conseguia tremer enquanto segurava as mãos da rainha.

— Calma, criança, vai ficar tudo bem, — a rainha a puxou para


um abraço caloroso.

De repente, era como se ela estivesse sendo abraçada por sua


própria mãe novamente. Ela enterrou o rosto no ombro da rainha e
chorou como um bebê.

Segundos depois, Priest estava atrás dela, a puxando para seus


braços.

— Cas, o que foi?

Ela enxugou os olhos, recuperando a compostura. Ela só


conseguia balançar a cabeça, recusando-se a dizer as palavras.

O som de uma cadeira caindo no chão a fez se virar para encarar


a mesa. Darian estava de pé, a face completamente pálida.

— Não, — este sussurrou.

Oron voou pelo cômodo e forçou a mãe a sentar.

My
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Alanea Alder
— Não, — ele repetiu.

— O quê?! Caralho! Alguém me diga o que diabos está


acontecendo, — exigiu Meryn, parecendo assustada.

A rainha, sorrindo, olhou para Meryn.

— Eu estou desvanecendo.

— Não está não! — Darian gritou, então se juntou ao irmão ao


lado da rainha.

A rainha balançou a cabeça.

— Eu mantive a esperança de que fossem os centros de feitiço,


mas Cassandra confirmou. Estou desvanecendo, o que significa que
minha magia também está desvanecendo, deixando Éire Danu mais
fria e mais escura.

Brennus passou uma mão trêmula sobre a boca e expirou.


Movendo-se para ficar atrás da rainha, ele segurou sua mão e a beijou.

— Para onde você for, eu seguirei.

— Não! Eu acabei de te encontrar! Não é justo! — Meryn gritou,


levantando-se e agarrando a beirada da mesa com força.

Atrás desta, Ryuu colocou uma mão em sua nuca.

— Meryn, você tem que se acalmar.

— Não! Eu não vou perder mais ninguém! Não vou deixar que
isso aconteça.

— Oh, meu amor, eu sinto tanto. — A rainha suspirou. — Foi


porque perdi muitas de minhas crianças. Meu coração e alma estão
pesados com luto. Perdi tantos nos últimos dez mil anos que não acho
que consigo aguentar mais, — ela admitiu.

— Então vamos salvar o resto. Você não vai perder mais


ninguém! — Meryn prometeu e começou a brilhar de uma cor azul
ciano. — Eu mesma vou matar todos os ferals.

— Abraxas! — Ryuu gritou.

A porta do pátio se abriu com tudo e o Ancião Guardião da


Árvore apareceu, o rosto tempestuoso.

— O que aconteceu?

My
SalvatioN
Alanea Alder
— Ela precisa se acalmar, mas a magia está instável demais para
ser reprimida.

Aiden estava de joelhos no chão.

— Querida, eu vou cuidar de tudo. Apenas se acalme, — ele


implorou.

A rainha espantou a calma aceitação de sua própria situação e


virou-se para a sobrinha em dificuldades.

— Meryn, querida, por favor, acalme-se. — Ela se aproximou


para ficar ao lado de Abraxas.

— Não. Chega de perder família, — Meryn sussurrou, sua voz


surpreendentemente uniforme e calma.

— Eu estou bem aqui. Desvanecer não significa que vou morrer


imediatamente. Pode levar anos, — disse a rainha, em tom suave.

Abraxas caminhou até o lado de Meryn e pegou seu pulso.

— Deuses acima, ela está dominando a sua magia, — este


sussurrou, levantando o braço dela para que todos vissem.

Cas observou enquanto um agitado dragão azul girava em torno


do pulso de Meryn. Ela percebeu que o dragão era um espetáculo de se
ver, mas o que a prendeu no lugar foi a escuridão florescente no peito
de Meryn.

Ofegando, ela correu até a mesa e pegou um dos muitos saleiros.

— Afastem-se! — ela ordenou, enquanto desatarraxava a tampa.

Ela gentilmente levou Meryn para longe da mesa e olhou para


Ryuu.

— Afaste-se.

Ele balançou a cabeça.

— Nunca.

Descuidando da própria segurança, ela criou uma sólida linha de


sal ao redor dos três. Quando se virou, o preto estava se contorcendo e
pulsando, lutando para escapar de sua prisão. Ela nunca imaginou
que os contos de fadas ensinados por seu pai a ajudariam a enfrentar
demônios. No entanto, isso a fez pensar até que ponto o que lhe

My
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Alanea Alder
ensinaram era ficção.

Ela observou Meryn cuidadosamente, que estava terrivelmente


serena em sua raiva.

— Meryn, quem tem a melhor bunda, Broden ou Ramsey?

Meryn piscou.

— Huh?

— Pessoalmente, acho que Ramsey está em melhor forma, mas


Broden tem mais carne no popô, sabe, — ela brincou, mantendo a voz
leve.

Meryn piscou lentamente.

— O Ramsey tem a melhor bunda dos dois, — disse ela,


parecendo distraída.

A escuridão vibrou e depois estourou, dissipando-se


completamente.

O rosto de Meryn ficou pensativo.

— Mas, se estamos falando de entre os guerreiros, o Colton tem


a melhor bunda que eu já vi, — disse esta, soando mais como ela
mesma.

— O que diabos acabou de acontecer? — Aiden exigiu, colocando


o dedo do pé contra a linha de sal.

Cas olhou para a mulher menor, que agora bocejava.

— Meryn, você tem se associado com demônios?

Os olhos de Meryn se arregalaram.

— Merda.

Ryuu a encarou.

— Eu sabia! Foi quando você estava dormindo, não foi? Quando


nem o Felix nem eu conseguíamos te sentir.

Meryn virou-se para olhar para o escudeiro.

— Ele não é tão ruim.

— Deuses acima, tragam luz para onde cresce a escuridão.

My
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Concedam forças para onde a fraqueza ameaça falhar, — recitou
Brennus, com as mãos entrelaçadas e os olhos fechados.

Ao redor deles, outros se juntaram.

— Traga esperança para onde prospera o desespero e proteja


seus filhos de todo mal, — sussurrou a sala, completando a oração.

A rainha ficou de pé, as costas retas como uma vareta.

— No meu palácio, na minha própria casa, demônios ousam se


aproximar desse bebê.

Cas ficou maravilhada quando o desespero e a tristeza


desapareceram em segundo plano, ainda presentes, mas no momento,
ofuscados por uma cor que nunca tinha visto em um ser vivo. Prata.

— Ira justificada e o desejo de proteger, — ela sussurrou.

— Mãe? — Darian perguntou, indo para o lado desta.

— Posso estar desvanecendo, mas meu trabalho como rainha


não estará concluído até que eu veja esse demônio ser expurgado. —
Ela se virou para Aiden, que ainda estava esperando para pegar a
companheira. — Talvez precisemos chamar o Gavriel para cá. Ele tem
mais experiência em lidar com esses vermes.

Do lado de fora, todos podiam ver o pátio agora banhado pela luz
do dia, mais brilhante do que quando entraram. A determinação da
rainha era vista nos raios do sol.

Cas, usando o dedo do pé, quebrou a linha de sal.


Instantaneamente, Aiden pegou Meryn.

— Deuses acima, por favor, protejam minha companheira, — ele


implorou.

Meryn torceu o nariz.

— Eu estou dizendo, ele não era tão ruim assim. Ele é até legal,
na verdade.

Abraxas, a rainha e Ryuu se viraram para encará-la.

Aiden balançou a cabeça e a abraçou com firmeza, de modo que


apenas seu rostinho ficou visível.

Kendrick virou-se para Thane.

My
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Alanea Alder
— A velha magia?

Thane assentiu.

— Temos um pouco de material, volumes um e quatro de


Demonologia, mas não temos o dois e três.

Kendrick acenou com a mão.

— Eu tenho cópias.

— Olá? Ninguém está ouvindo? Eu não acho que o demônio seja


tão ruim assim, — Meryn protestou.

Cas virou-se para Meryn.

— Sua aura ficou escura como o breu agora há pouco.

Meryn deu de ombros.

— Pode ter sido ele batendo.

— Batendo?

Esta assentiu.

— Sim, aparentemente, quando pedi para falar com quem quer


que estivesse no comando lá em Noctem Falls, abri a porta de
comunicação com ele. — Ela olhou para Ryuu. — Mas eu disse pra ele
não parar meu coração mais.

Ryuu olhou para sua incumbência, descrença estampada no


rosto.

Meryn ignorou sua expressão incrédula. Voltando-se para a tia:

— Sem desvanecimento.

A rainha apenas deu um breve aceno de cabeça.

— Por enquanto eu tenho um demônio com quem lidar.

Lá fora, a luz diminuiu ligeiramente, mas permaneceu mais forte


do que naquela manhã.

Com as mãos trêmulas, Cord começou a servir grandes


quantidades de bebida alcoólica e chá.

— Com a rainha desvanecendo e um demônio por perto,


fortalecerei os outros Guardiões. — Abraxas voltou-se para Priest. —

My
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Alanea Alder
Coll e Lia podem ter encontrado uma maneira de ajudar a todos nós.
Bom trabalho.

Atrás dela, Priest fez uma reverência.

— Foi uma honra ajudá-los.

Abraxas, com uma expressão azeda no início, que rapidamente


se transformou em um sorriso, olhou para Meryn.

— De todas as coisas para você puxar do seu pai, — disse ele,


balançando a cabeça. A mão deste segurou o bracelete de madeira no
pulso de Meryn, e esta brilhou em verde vivo por um segundo, depois
retomou sua aparência normal. — Qualquer demônio terá dificuldade
em influenciá-la agora.

Ele se virou e voltou para o pátio. Ao longo do caminho, este deu


um beijo na testa da rainha, fazendo-a corar furiosamente.

— A dor pode pesar nossos galhos, mas suas raízes ainda são
fortes. Não tenha tanta pressa de partir. — Ele bateu a mão no ombro
de Brennus, e o homem endireitou-se visivelmente com vigor renovado.
— Vocês todos não estão sozinhos. Os Guardiões ainda protegem seus
filhos. — Ele encontrou os olhos de Darian e fez uma reverência
profunda antes de entrar no pátio.

Os olhos de Brennus se voltaram para a sobrinha.

— Acho que você tem algumas explicações a dar, mocinha, —


disse ele com voz firme.

— Fo-o-deu! — ela exclamou.

— Agora mesmo, — ele ordenou.

Demorou alguns minutos para que todos se acomodassem e


recebessem uma bebida para se recuperarem. Priest apresentou
aqueles que ela ainda não conhecia, mas logo todos os olhos estavam
voltados para Meryn.

— Bem? — Brennus disse, parecendo severo.

Meryn se remexeu no colo do companheiro.

— Então, ele me visitou. Daquela vez que vocês não conseguiam


me acordar.

Aiden passou de pálido a cinza de preocupação.

My
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Alanea Alder
Meryn continuou:

— E ele disse que não era o responsável por matar meus pais,
que ele só queria perguntar ao meu pai sobre algo que ele precisava
mandar fazer, mas o pessoal que ele enviou queria matar minha mãe e
meu pai. Ele nem sabia o que aconteceu, o vilão, o pai do Oron, mentiu
para ele, dizendo que ferals aleatórios atacaram. Então ele me ofereceu
um acordo.

— Não, — disse Aiden, balançando a cabeça.

— Deuses acima, você não fez isso, — disse Brennus, parecendo


doente.

Ela assentiu lentamente.

— Em troca de uma memória que eu podia escolher, ele mataria


todos os responsáveis pela morte dos meus pais e me daria essa
memória no lugar.

Ninguém disse uma palavra.

— Qual memória você não valorizava o suficiente para manter?


— Aiden perguntou sombriamente.

Meryn olhou para o companheiro, chocada com seu tom.

— Uma de um dos meus momentos mais felizes de quando eu


era criança. O dia em que fui liberada do sótão e ganhei sorvete.

Ryuu deu um passo à frente.

— Você lhe deu uma lembrança feliz?

Ela deu de ombros.

— Ele está em uma caixa seca e quente, igual o sótão. Eu lembro


de como eu queria morrer e ficar com os meus pais. Achei que ficar
trancado por centenas de milhares de anos deveria ser pior, então dei a
ele essa lembrança.

— Todas as suas memórias são preciosas, Meryn. Você não


deveria se apressar em entregá-las, — repreendeu Aiden bruscamente.

Meryn se remexeu até ficar de pé ao lado da cadeira dele. Com


uma expressão furiosa, soltou essa fúria no companheiro.

— Você não pode julgar! Você não sabe como é. Você tinha uma
mãe e um pai que te amavam. Você tinha uma casa, amigos
My
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Alanea Alder
e comida! Você não tem ideia de como esse tipo de calor suga a sua
vida. Como seus lábios secos racham e sangram. Como o cheiro da sua
própria merda e mijo evaporando em um balde no canto dá vontade de
vomitar, mas você não tem hidratação nem substância pra vomitar
porque não come nem bebe há dias. Como os insetos rastejam sobre a
sua pele para comer as crostas sangrentas das cicatrizes dos cortes
que você recebeu do cinto porque não subiu as escadas do sótão
rápido o suficiente. Ele nunca teve nenhum alívio, então sim, se eu
tivesse que dar uma lembrança a ele, dei uma que poderia ajudá-lo a
escapar um pouco. Enquanto você treinava e comia a comida do
Marius, eu rezava pela morte, então você não pode me dizer quais
memórias eu tenho que guardar.

Aiden deslizou da cadeira, os joelhos batendo no chão, e


enterrou o rosto no peito dela.

— Chega, minha companheira, eu imploro. — Ele chorou


descaradamente diante do trauma e da dor dela.

Meryn olhou para o recinto.

— Existem criaturas piores neste mundo do que demônios.

Cas observou Meryn cuidadosamente. Apesar das coisas terríveis


que havia compartilhado, ela estava brilhando em magenta, brilhando
de orgulho.

Cas bateu palmas.

— Ah, que bom para você! Você deveria estar orgulhosa, Meryn.
Você teve força para sobreviver.

Meryn virou-se para ela e piscou.

— Ah, sim, você é tipo uma decodificadora do humor.

Ela deu um tapinha no cabelo de Aiden e o beijou suavemente.

— Eu não sou estúpida e não sou fraca. Tenha um pouco de fé


em mim.

Levantando-se, ele a pegou facilmente enquanto se endireitava,


depois sentou-se novamente, segurando-a gentilmente.

— Eu tenho fé em você. É no demônio que eu não confio.

Brennus só conseguia encarar, os olhos vazios enquanto

My
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Alanea Alder
processava tudo o que ouvira. Quando piscou, seus olhos voltaram ao
foco.

— A bela mentira, — este sussurrou.

Meryn deu de ombros.

— Por que dizer a ele que a minha vida foi uma droga?

Nigel, Neil e Pip estavam surpreendentemente com os olhos


secos. E assentiram com uma compreensão que a deixou preocupada
com os meninos.

Pip moveu-se para encostar a cabeça na lateral esquerda de


Meryn.

— Os maus momentos vão embora como a noite enfrentando o


amanhecer. Você apenas tem que aguentar.

Nigel e Neil vieram do outro lado para cada um colocar uma das
mãos na perna de Meryn.

— A memória das dores da fome desaparece quando você


desfruta de novas comidas com aqueles que ama, — disse Neil.

Nigel sorriu.

— As cicatrizes se curam quando se ri com a família.

Meryn sorriu para os irmãos.

— Exatamente. A gente não pode deixar a merda marinar.

Cas balançou a cabeça, uma nova apreciação pelo humor de


Meryn.

— Tão eloquente, — brincou.

Meryn lhe piscou um olho.

Do outro lado da mesa, Amelia estava ao celular.

— Eu não me importo se é proibido, pai! Encontre uma maneira


de eu machucar aquela mulher, ou que os deuses me ajudem!

Darian estava pairando ao redor da companheira, parecendo


frenético.

— Acalme-se, querida.

My
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Alanea Alder
— Se acalma você! — ela gritou na cara do companheiro, fazendo
Darian tropeçar para trás e cair de costas.

Voltando para o telefone dela:

— Sim, mãe. Foi mil vezes pior do que você imagina. Diga a ele
para dar um jeito. Também te amo. — Ela digitou no telefone e cruzou
os braços. — No mínimo, podemos mover aquela bruxa para a fronteira
de Lycaonia. — Ela tamborilou os dedos no braço enquanto o chão sob
eles ondulava.

Kincaid fechou os olhos e o chão parou de vibrar. Sorrindo, este


se virou para Meryn e os meninos.

— Eu consegui.

Meryn fez-lhe um sinal de positivo com o dedão.

Os olhos de Thane e Kendrick se arregalaram com a explosão de


Amelia. Cas tinha a sensação de que raramente viam a despreocupada
Bolhas realmente zangada. Naquele momento, ela pôde ver que esta
realmente era prima de Meryn.

— Não sei nada sobre magia de mortos-vivos ou algo assim, mas


posso ajudar a projetar a lápide mais ofensiva e feia possível, —
prometeu Brie.

A resposta de Izzy foi a que mais chocou Cas.

— E podemos torturar qualquer um que ainda esteja vivo que


sabia que a Meryn estava sendo abusada.

Cas examinou o aposento. Os homens estavam aos pedaços, mas


as mulheres, as mulheres estavam putas.

— Bora queimar a terra, bebê! — Zoe disse, as mãos irrompendo


em chamas.

— Mais tarde, querida, — Gage disse, soprando as mãos dela em


uma tentativa de apagar as chamas.

Meryn olhou em volta, levando em consideração as reações de


todos.

— Eu não queria chatear todo mundo, — ela disse suavemente.

A rainha balançou a cabeça.

My
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Alanea Alder
— Você carregou essa dor sozinha desde que era apenas um
bebê. Já havia passado da hora de compartilhar um pouco do que
passou para que possamos ajudá-la a carregar esse fardo daqui para
frente. — A rainha olhou para a sobrinha e a expressão de orgulho
feroz em seu rosto fez Cas sorrir. — Olhe para você. Olhe como acabou
maravilhosa apesar disso. Meryn, você é um milagre.

Meryn olhou para seu escudeiro atrás de si.

— Confie em mim, por favor.

Ryuu fez uma careta.

— Ele é um demônio, — este começou.

Meryn apontou para Gage.

— E ele é um vampiro. De acordo com a maioria das lendas


humanas, ele é um monstro sugador de sangue que deveria morrer
com uma estaca no coração.

— Eu a protegerei desta escuridão, — Ryuu disse, colocando


uma mão gentil em sua cabeça.

— Talvez eu não deva ser protegida. É você mesmo que diz que
eu vejo as coisas com mais clareza do que a maioria. — Ela apontou
para o próprio peito. — Ele fez coisas erradas. Provavelmente é
responsável pela morte de milhares de pessoas, mas por algum motivo,
ele não parece do mal. Eu não consigo explicar.

— Eu serei seu escudo, — Ryuu repetiu teimosamente, depois


suspirou. — Mas serei um escudo que pode levantar quando sentir que
é necessário.

— Obrigada, Ryuu. Isso significa muito.

Aiden esfregou o rosto em seu cabelo espetado.

— Apenas me diga o que fazer, bebê, e eu farei.

Ela franziu a testa.

— Você já faz isso de qualquer maneira, — ela disse, parecendo


confusa.

Pip riu, o que fez com que Nigel e Neil também rissem.

Ao redor do recinto, o terror e o medo desapareceram, e a luz do

My
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Alanea Alder
riso fez com que explosões de amor dourado irradiassem de todos.

Cas se virou e encontrou o olhar da rainha. Esta assentiu. É


claro que ela também sentiria.

— Um milagre, — Cas sussurrou.

Kendrick e a rainha observaram Meryn, parecendo


contemplativos.

Ari, com a mão inconscientemente ainda em sua arma, se


recostou.

— Entendo então que estamos adiando a questão do demônio


por agora?

Meryn olhou ao redor. Todos estavam concordando. Ela acenou


para Ari.

— Acho que isso é o melhor por enquanto. — Esta então olhou


para a rainha. — Sem desvanecer, — repetiu.

A rainha sorriu.

— Como eu disse antes. Por enquanto.

A expressão de Meryn ficou teimosa.

— Eu perdi meus dois pais quando eles decidiram desvanecer,


Meryn.

Meryn se virou para ela, parecendo surpresa.

— Os fae realmente fazem isso?

Cas riu.

— É claro que sim. Eu sei que para os humanos a vida eterna


parece uma bênção, mas de certa forma também pode ser uma
maldição. Meus pais estavam tão cansados, tão, tão cansados. — Ela
pensou em seus últimos dias com eles. — Eu era jovem, mal tinha
chegado a maior idade quando saí e, como você, era teimosa. Eu não
queria perdê-los, mas agora, centenas de anos depois, entendo as
coisas um pouco mais.

Meryn grunhiu.

— Meryn, você já visitou uma ala de câncer?

My
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Ela balançou a cabeça.

— Nunca precisei. Parece deprimente.

Cas assentiu.

— Até pode ser, mas também foi libertador. Os humanos têm


vidas tão curtas, mas algumas dessas pessoas abraçavam o fim com
entusiasmo pelo que viria a seguir. A morte é a amiga mais íntima dos
humanos, e eles sentem isso. Mas o que eu senti em cada um deles,
mesmo naqueles que estavam se recuperando, era um cansaço
profundo. Foi o mais próximo que já vi os humanos chegarem do
desvanecimento. Eles estavam simplesmente prontos para que tudo
acabasse. Sem dor. Sem mais cada dia se misturando ao próximo. A
apatia aterroriza os faes mais do que a ameaça de morte. — Ela sorriu
para sua rainha. O único elemento permanente em sua vida, na vida
de todos os fae. — Agora percebo que o desvanecimento deve ser
comemorado, não temido.

— Mas eu vou sentir falta deles!

Cas olhou para a mulher menor.

— Isso me parece um problema pessoal.

O queixo de Meryn caiu, então lentamente, se fechou.

— Suponho que seja. Mas é uma merda.

Cas virou-se para Darian e Oron para vê-los olhando para a mãe.

Que os deuses guiem minhas palavras, que permitam que se


tornem a base para ajudá-los a enfrentar o futuro, ela orou.

— Desvanecer para o fae é como entrar na próxima sala. Eles


não desapareceram de verdade, estão apenas desfrutando de um novo
cenário. — Ela se levantou e fez uma reverência à rainha novamente
antes de se endireitar. — Nossa rainha têm trabalhado praticamente
em dobro há milhares de anos. — Ela engoliu em seco contra a própria
dor. — Se houver algo que eu possa fazer para ajudar na sua
transição, por favor, me comande, — ela ofereceu.

A rainha enxugou os próprios olhos.

— Acho que você está fazendo exatamente o que precisa ser feito.
Fique ao lado dos meus filhos e os ajude. Isso é tudo que peço.

My
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Alanea Alder
Ela colocou a mão sobre o coração e fez uma reverência.

— Servirei meus dois príncipes com prazer.

Quando se levantou, Darian e Oron pareciam cansados, mas o


terror havia se dissipado.

— Bem, isso muda um pouco o meu cronograma, — Meryn


murmurou, buscando algo debaixo da mesa.

— Que cronograma, bebê? — Aiden perguntou.

— O cronograma de coisas para fazer com o tio e a tia. Lembro-


me claramente de alguém me prometendo viagens de pesca.

Brennus sorriu.

— O que mais tem nessa lista? Porque se eu me juntar a Eamon


e você não tiver pelo menos as memórias mais básicas de uma infância
feliz, ele vai acabar comigo.

Meryn abriu seu notebook.

— Eu quero ir a um parque de diversões. Acho que a tia vai


gostar de espetinhos de salsicha empanados.

A rainha parecia preocupada.

— Você quer que eu esteja lá também?

— Dã. Também quero experimentar os carrinhos bate-bate. Eles


parecem destrutivos.

— Que tal um parque aquático? — Brie sugeriu.

Meryn meio que engasgou.

— Eu não vou nadar no mijo dos outros.

Brie riu e concordou.

— Tem isso.

Meryn hesitou.

— Mas, mais do que qualquer coisa, eu...

Brennus não foi o único a se inclinar para a frente.

— O que, querida? Você pode ter o que quiser.

My
SalvatioN
Alanea Alder
— Eu quero um natal em família de verdade. Quero ficar
acordada e tomar chocolate quente e assistir a programas de natal, e
na manhã seguinte, quero um café da manhã ENORME e abrir
presentes e comer muita comida, — Meryn disse, toda animada. — E
neve! E bonecos de neve e cantoria e ir a um concurso de suéter feio.
— Ela sorriu timidamente. — Quero saber como é ter a minha própria
família.

— Cord! — Brennus gritou. — Precisamos começar uma lista de


comidas de natal.

A rainha deu batidinhas nos lábios com o dedo.

— Também ouvi falar de trenós. Parece emocionante.

Cas observou toda a cena com admiração.

Priest apertou sua mão sob a mesa.

— Eu te disse. Do medo e terror ao amor. É o que ela faz.

— Graças a todos os deuses por isso.

— Amém.

My
SalvatioN
Alanea Alder
Capítulo nove
O assunto do natal a seguir dominou a conversação por um
tempo antes de eles, eventualmente, terem de encarar a realidade.

Aiden, parecendo completamente exausto, esfregou o rosto com


as mãos.

— Kendrick, como foi a reunião com os dois esquadrões da


Vanguarda?

— Bem. Todos eles serviram antes, então conhecem as


dificuldades de trabalhar com o Conselho dos Bruxos, — ele pausou.
— Achei que foram surpreendentemente maduros.

Aiden bufou.

— Eles são mais velhos do que os guerreiros de unidade,


Kendrick. Todos fizeram rotações completas nas cidades pilares.

— É verdade, — Kendrick concordou. — Falando em Storm Keep.


— Seus olhos se voltam para Meryn. — Você, por um acaso, não
saberia algo sobre a morte repentina de um certo funcionário do
orfanato, saberia?

Meryn cuspiu o café. Ryuu lhe passou um guardanapo. Ela


limpou o rosto e olhou para Kendrick.

— Sério?

Ao lado dela, Nigel e Neil trocaram cumprimentos e Pip dançou


na cadeira.

Kendrick franziu a testa.

— Com base nessa reação, estou supondo que você não sabia.

Meryn começou a sorrir maliciosamente e então riu.

— Talvez ele tenha morrido sozinho, — esta sugeriu


inocentemente.

— Sim, talvez ele tenha morrido cagando ou algo assim, — Nigel

My
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Alanea Alder
sugeriu.

— Ou comeu até morrer. Isso seria incrível, — Neil contra-


argumentou.

— Ou talvez, talvez ele tentou comer até morrer e teve que cagar
tanto que morreu, — Pip acrescentou, entrando na brincadeira.

Thane cobriu o rosto com a mão.

— Eu vou matar aqueles idiotas.

Meryn ficou irritada.

— Meus meninos não são idiotas.

Thane balançou a cabeça.

— Não, eles são adoráveis. Estou falando dos meus idiotas.

Kendrick piscou.

— Ah, sim. Seus irmãos. Eu tinha esquecido que eles voltaram


para casa. É tão triste ouvir sobre o funcionário. — Ele pausou por um
segundo. — De qualquer forma. — Este se virou novamente para
Aiden. — Dei ordens à Vanguarda para se infiltrar na cidade em pares,
sem revelar que dois esquadrões retornaram. Eles vão se comunicar
regularmente com Caiden. — Ele suspirou e olhou para Amelia. —
Embora ele e seus irmãos possam ficar ocupados lidando com a sua
mãe.

Amelia fungou.

— Eu não me arrependo de nada.

A rainha se virou para Kendrick.

— Alguma notícia sobre a situação de Zoe? Sei que o Conselho


dos Anciões de Lycaonia, Noctem Falls e Éire Danu fizeram
indagações. Tivemos pouca ou nenhuma resposta. — Sua expressão
ficou gelada. — Magnus também caiu num beco sem saída, por assim
dizer, no que se refere a rastrear quem pode ter sido responsável por
essa besteira do Comitê.

Kendrick rosnou.

— Beco sem saída, meu cu. Literalmente, todas as pistas que


tínhamos levavam a um cadáver ou uma cova rasa. Por mais que eu
adoraria, e quero dizer adoraria mesmo, encontrar os
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responsáveis, sinto que mais esforços nessa direção seriam um
desperdício.

— Marionetes, — Meryn disse com um rosnado na voz, igual a


Kendrick.

— Exatamente, — este resmungou. Continuando, o mesmo se


virou para a rainha: — Para aumentar a frustração, o Conselho dos
Bruxos entrou em sessões a portas fechadas há alguns dias.
Normalmente, eu pediria a Caroline que espionasse se pudesse, mas
desde que ajudou Zoe a escapar, ela teve que ir para Noctem Falls para
evitar as consequências. Eu não faço ideia do que estão tramando, mas
é algo grande. — Ele levantou a mão para esfregar a mandíbula. —
Muito grande. Eles não saem das câmaras do conselho faz dias.

Meryn suspirou alto.

— E esses babacas não são ligados em tecnologia, o que significa


que não tenho nada para hackear. Eles ainda usam cristais para se
comunicar, pelo amor de Deus. — Ela pausou e depois olhou para
Kendrick. — Alguma sorte em encontrar uma maneira de detectar
portais em formação?

Kendrick se afundou na cadeira.

— Está demorando mais do que eu esperava. Se fosse um portal


normal, eu teria acesso para ver como funcionam enchendo o saco do
Darian para criar alguns, mas os deles são diferentes, mais sombrios.
Há um elemento desconhecido envolvido que se provou ser um desafio
maravilhoso.

Anne olhou para o companheiro.

— Bem, contanto que você esteja se divertindo, suponho, — ela


falou com desdém.

Meryn riu.

Houve uma batida na porta, e a rainha rapidamente se virou


para a mesa.

— Não digam nada, por favor.

Cas entendia. Se a notícia se espalhasse de que sua rainha


pudesse estar desvanecendo, especialmente com o que estava
acontecendo, seria um caos total.

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Portia entrou, sorrindo.

— Minha rainha, temos um visitante bastante único. — Esta


suspirou, balançando a cabeça antes de franzir o nariz, depois beliscou
a pele entre as sobrancelhas. Apesar da óbvia frustração, a mulher
normalmente austera ainda estava sorrindo.

— Único? Portia, acho que nunca te ouvi descrever alguém dessa


forma.

Ela baixou a mão e deu um sorriso irônico.

— Você verá. — Ela se afastou da porta e acenou com a cabeça.

Momentos depois, o batente inteiro da porta foi preenchido.

No começo, tudo o que Cas viu foi pelo.

Quando a pessoa se virou para encará-los, depois de passar pela


porta de lado, ela percebeu que era mesmo pelo. Muito pelo.

— Puta merda, Gilheim, você trouxe um javali pra gente? —


Meryn disse, olhando fixamente para o recém-chegado.

Houve um estrondo alto quando o homem colocou o presente no


chão.

— Oh, deuses acima, — Cas sussurrou.

O indivíduo alto de cabelos negros como um corvo era, por falta


de um termo melhor, deslumbrante.

Seu torso estava nu, exibindo braços e peito perfeitamente


esculpidos, mas na parte inferior, este usava calças de pele.

— Saudações, Filha de Eamon! — Gilheim sorriu, mostrando um


conjunto perfeito de dentes brancos como pérolas.

Cas segurou o peito e percebeu que todas as mulheres à mesa


estavam igualmente afetadas.

Meryn pulou da cadeira e correu ao redor da mesa direto para o


lindo homem verde.

— Eu senti saudades, — esta disse, abraçando-o pela cintura.

O grande homem simplesmente a levantou e a abraçou com


força.

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— E eu também senti saudades suas. — Ele a colocou de volta
no chão gentilmente. Apontando para o chão, este sorriu com orgulho.
— Me lembro de como você gostou daquele que comeu na nossa aldeia.
Eu não poderia fazer menos do que te trazer um.

Ele olhou ao redor.

— Como está o pequeno Creelee?

Izzy suspirou, parecendo triste.

— Ele tem ajudado a cuidar dos elfos de Meryn, o Felix, o Feris e


o Finley. O frio não o afeta tanto quanto aos outros, então ele tem se
certificado de que tenham bastante comida e cobertores em sua
casinha.

Meryn fungou.

— Sinto falta dos meus pequenos, mas eles estão mais seguros
perto da pedra de aquecimento que a Zoe fez. — Ela olhou para o
grande animal que pingava sangue no chão e se animou um pouco. —
Pode crer! Não como javali desde a minha visita. Aposto que o Creelee
ia gostar de um pouco.

Gilheim franziu a testa.

— Seu companheiro não caça para você?

Meryn pensou por um momento.

— Ele pede brownies para mim.

Gilheim olhou para onde os homens estavam sentados, como se


estivesse avaliando cada indivíduo.

— Ah. Entendi. — Este sorriu para Meryn. — Eu caçarei para


você, para que você e sua criança continuem saudáveis.

— Olha lá, espera um minuto aí, porra, — Aiden disse,


levantando-se rapidamente.

Todos os homens presentes ficaram alertas com as implicações


não ditas.

Oron olhou para a companheira.

— Esse é o goblin que você conheceu quando se esgueirou para a


Floresta Negra?

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Izzy riu nervosamente.

— Sim, daora, né?

Cas virou-se para Izzy.

— Ele é um goblin? — Ela havia sido criada em Éire Danu e


nunca pensara em ir à Floresta Negra. Parecia que ela tinha perdido
uma boa.

Meryn assentiu em resposta à pergunta.

— Eu sei, né?

Aiden foi até a companheira e puxo-a para próximo de si.

— Eu posso caçar para a minha companheira.

Gilheim inclinou a cabeça.

— Mas caça? — O goblin então assentiu sabiamente. — É sábio


conhecer as próprias limitações. Não há vergonha em não saber caçar.
É por isso que a maioria das aldeias tem caçadores. Eu ajudarei a
alimentar a filha de Eamon, já que sou um caçador para o meu povo.

Aiden gaguejou, incapaz de formar palavras.

Meryn balançou a cabeça.

— Eu tenho estado miserável comendo frutas.

Gilheim parecia preocupado.

— Com o tempo mais frio, você vai precisar de um bom e


gorduroso pedaço de porco para se manter aquecida. — Ele olhou ao
redor da sala. Quando viu a rainha sentada com sua coroa,
perguntou: — Sra. Rainha, os fae esqueceram como sentir frio?

A rainha piscou e depois corou, pega o encarando também.

— Já faz muito tempo para nós. O seu povo se lembra?

Gilheim assentiu.

— Sim, pelas histórias passadas a cada geração. — Ele apontou


para a própria calça. — Minha amiga me fez isso. Sua família se
lembrou de como usar o pelo do animal para fazer roupas. É muito
mais quente que uma tanga.

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— Ele usava uma tanga? — Amelia se sufocou com a pergunta.

Izzy suspirou.

— Pode crer.

— Is-a-belle, — Oron grunhiu cada sílaba.

Meryn olhou para Cord.

— Cord, o que fazemos com o meu javali?

Cord já estava arregaçando as mangas.

— Já se passaram algumas décadas, mas consigo estripar isso


sem problemas.

— Sim! Podemos grelhar ele?

— Grelhar, refogar ou até fritar, — Cord assegurou-lhe com


certeza. — Parece que me lembro de alguém que queria tacos de
barriga de porco.

Meryn assentiu com entusiasmo, depois olhou para o alto


amigo.

— Você não precisava vir até aqui para me trazer um javali.

Gilheim lhe bagunçou o cabelo.

— Fui enviado aqui pelo ancião da minha aldeia. O javali foi


uma feliz coincidência. — Ele olhou ao redor. — Qual de vocês lidera
os guerreiros fae?

Aiden pigarreou.

— Esse seria eu.

Gilheim assentiu.

— Se você caça os imundos, então talvez não tenha tempo de


alimentar sua companheira. — Ele balançou a cabeça. — Mas ainda
deveria encontrar uma maneira de fornecer carne para ela.

Aiden deu um passo à frente.

— Imundos?

Gilheim abriu a bolsa na cintura e tirou mais de uma dúzia de


colares.

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Aiden pegou-os e os contou.

— Quatorze?

— Eles usam isso para se misturar com a floresta, — Gilheim


sorriu maliciosamente. — Eles subestimaram as técnicas de caça dos
goblins e os perigos da Floresta Negra.

— Gilheim, cadê o corpo mole?!

Ele pareceu magoado.

— Eu tenho corpo mole?

A palavra “não” foi falada pela sala. Os homens olharam de


soslaio para suas companheiras.

Meryn balançou a cabeça.

— O que isso significa é que é muito, muito legal você conseguir


derrotar tantos inimigos.

Gilheim coçou a nuca.

— Honestamente, não foi tão difícil.

O queixo de Aiden caiu.

— Como?

Gilheim bateu com a mão no ombro de Aiden.

— Já que você é um guerreiro e companheiro da Meryn. Posso te


mostrar as técnicas de luta dos goblins. Eu me sentiria melhor
sabendo que você pode defendê-la.

— Eu posso defendê-la muito bem! — Aiden refutou.

Brie mais ou menos empurrou Aiden para o lado.

— Ignore ele por enquanto. Eu gostaria de aprender, por favor.

Priest se levantou.

— Assim como eu. — Cas moveu-se para ficar ao lado do


companheiro. Ela não iria perder aquela sessão de treinamento.

Gilheim ficou pensativo.

— Acredito que quanto mais souberem lutar contra os imundos,


melhor. Isso beneficiaria a todos. Posso mostrar o básico.
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Embora não tenha certeza do quanto você pode aprender, você não
tem as orelhas ou o nariz de um goblin. — Ele olhou ao redor. —
Posso usar aquele espaço aberto? — ele perguntou, apontando para a
área perto da porta do pátio.

A rainha assentiu.

— Fique a vontade.

Gilheim caminhou até o espaço e fechou os olhos.

— Pode atacar.

Aiden se aproximou e hesitou. Olhando para trás, para Meryn,


ele parecia incerto se deveria realmente atacar o goblin.

Cas quase conseguia ouvir sua indecisão: “Devo machucar o


goblin com quem minha companheira fez amizade?”

— Consigo te ouvir respirando, companheiro da filha de Eamon.


Se você não atacar, eu atacarei, — Gilheim disse com bom humor.

Aiden balançou a cabeça, recuou e soltou o braço.

Gilheim facilmente deu um passo para trás. Estendendo a ponta


dos dedos, este foi capaz de desviar o soco.

— Uau! — Meryn suspirou.

Brie, que estava parada na entrada da área, balançou a cabeça.

— Como você sabia onde estaria o punho dele?

Gilheim apontou para suas orelhas pontudas.

— Eu consigo ouvir o ar se movendo.

— Essa merda é coisa de monge, — Meryn sussurrou de seu


lugar ao lado de Brie.

— De novo, — Gilheim disse, fazendo um gesto para que o outro


se aproximasse.

Aiden calculou seus passos e então, com o mínimo de


movimento possível, tentou um gancho.

Gilheim simplesmente se inclinou para trás para evitar o soco.


Jogando seu peso para trás, ele virou, acertando Aiden sob o queixo
com um chute em arco.

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— Isso é tão legal! — Meryn aplaudiu, ignorando o companheiro
no chão.

Aiden estava sorrindo quando se levantou, embora estivesse


esfregando o queixo.

— Ele está pegando leve comigo. Obrigado pela demonstração.

Gilheim abriu os olhos. Estando mais perto, Cas pôde ver o


quão lindos estes realmente eram. Íris duplas em diferentes tons de
verde cheias de gentileza.

— Sinto que talvez os shifters possam conseguir fazer isso. Não


tenho certeza sobre os sentidos dos outros, — Gilheim disse.

Gage, à mesa, se levantou e se aproximou. O mesmo apontou


para Aiden.

— Ele nos fez começar a treinar para lutar às cegas quando


chegou. Focou em ouvir movimentos, como o farfalhar de roupas e
outras coisas, mas não é isso que você está fazendo.

Gilheim balançou a cabeça.

— Goblins caçam na Floresta Negra. Temos que usar todos os


nossos sentidos. Posso tentar te mostrar o que faço, como eu disse, o
básico, mas há algumas coisas para as quais não tenho palavras. Por
exemplo, como o meu olfato trabalha com a minha audição para criar
uma imagem, — ele disse, atrapalhando-se com as palavras.

Brie colocou a mão em seu braço.

— Não, você está explicando bem. — Esta suspirou. — Sou


apenas humana com algumas vantagens por ser companheira de um
shifter. Acho que não consigo aprender isso.

— Gilheim, pode me observar? — Gage perguntou.

Gilheim assentiu e deu um passo para o lado.

Gage tomou seu lugar e fechou os olhos.

— Ok, senhor. Tente me bater, mas talvez se segure um pouco


caso isso não funcione? Prometi aos meninos que os ajudaria com o
jantar esta noite. Eu não preciso ficar de cama.

Aiden revirou os olhos, mas quando assumiu uma posição de


luta, seus olhos estavam afiados e calculistas. Novamente, tentando se

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mover o mínimo possível, Aiden disparou para frente. No último
minuto, fintou para a esquerda e depois atacou.

Gage virou a cabeça, ergueu o braço e bloqueou o golpe. Seus


olhos se abriram rapidamente.

— Porra, eu consegui.

Aiden balançou o ombro de Gage de brincadeira para frente e


para trás.

— Pode crer que conseguiu. O que fez de diferente?

Gage apontou para Gilheim.

— Foi o que ele disse sobre o olfato compensar a audição. Os


vampiros têm uma audição decente, mas eu estava me concentrando
na coisa errada. Sangue, Aiden! Sangue! Ignorei o som do tecido se
movendo e me concentrei onde estava o som do sangue fluindo. Joguei
com meus pontos fortes.

Cas estalou os dedos.

— Isso é o que eu ia te dizer e esqueci com todas as revelações


anteriores. — Ela apontou um dedo para Aiden. — Assim como os
ferals, acho que você está subestimando os cidadãos de Éire Danu.

Aiden pareceu ofendido.

— Não estou não.

Cas assentiu.

— Está, mas em sua defesa, não é o único. — Ela olhou para a


rainha, que também pareceu surpresa com a acusação. Cas
continuou: — Quantos artesãos fae você contatou para fazer
equipamentos para rastrear o inimigo? Tenho o dom de ver auras, mas
não sou a única. Você pediu ajuda às pessoas para monitorar a área?

A rainha recostou-se.

— Não pedimos.

Cas ficou mais ereta.

— Não somos uma cidade de vítimas em potencial, Vossa


Majestade. Coloque um pouco mais de fé em seus filhos. É nosso
dever protegê-la, e não o contrário.

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A rainha balançou a cabeça.

— Não posso perder mais nenhum dos meus filhos.

Gilheim foi até a rainha e colocou a enorme mão em seu ombro.

— Então você os desonra, e acredito que é melhor do que isso,


Sra. Rainha. Meryn me contou como você ama todos os seus filhos,
mesmo aqueles de nós que vivem na Floresta Negra. Mas já sabíamos
disso. Não esquecemos como você criou um lugar para vivermos em
paz. Me machucaria profundamente se você não me permitisse lutar
para defender a minha casa.

Cas deu um passo à frente.

— Vossa Majestade, é exatamente como ele diz. Esta é a nossa


casa também. É nosso direito lutar e defendê-la. — Ela se virou para
Aiden. — E a Casa Aindan? Eles fabricam armas fae.

Aiden suspirou.

— Eu fui tolo. Você está certa, não pedimos a ajuda das


pessoas.

Ari foi até Gilheim.

— Podemos assumir que a Floresta Negra está segura?

Gilheim sorriu.

— Não há imundos na nossa floresta. Lembre-se de que não são


apenas os goblins que chamam a floresta de lar. Vários fae sombrios
começaram a brincar com os imundos antes de matá-los. Eles não se
divertiam assim há um milênio.

A rainha absorveu tudo o que Gilheim disse.

— Você está certo. Tenho sido descortês com meus filhos. — Ela
respirou fundo e olhou para Meryn. — Graças ao seu discernimento,
iniciei um projeto com Portia. Do outro lado do quadro de avisos
listando nossos desaparecidos e mortos, pedi às famílias dos
assassinados que criassem murais com as realizações dos que
partiram para celebrá-los. — Ela olhou para Cas. — Eles não deveriam
ser lembrados como vítimas. São mais do que isso. Quando o anúncio
for enviado ao nosso pessoal explicando o projeto, farei com que Portia
peça voluntários para se apresentarem se tiverem um dom para
compartilhar na defesa de nossa cidade. — Virando-se para Darian,

My
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ela sorriu. — Gostaria que você organizasse esses esforços.

Darian se levantou e colocou o punho sobre o coração antes de


fazer uma reverência.

— Será como comanda.

Gilheim assentiu.

— Preciso voltar para a minha aldeia. — Ele bateu com a mão de


forma solidária no ombro de Aiden. — Não se preocupe, meu amigo.
Vou caçar para a sua companheira.

Mais uma vez, Aiden ficou sem palavras com o choque.

Gilheim passou por ele e levantou Meryn para abraçá-la antes


de colocá-la de volta no chão.

— Quando os imundos forem coisa do passado, mostrarei a você


a parte mais profunda da floresta. Acho que você achará alguns dos
habitantes sombrios divertidos.

— Isso aí! — Meryn jogou a mão no ar.

— Boa caçada, — ele acenou para os outros e saiu.

Um suspiro coletivo ecoou pela sala.

— Louvado seja, — Brie disse, balançando a cabeça.

Cas riu.

— A aura dele é quase totalmente branca. Ele não tem um osso


tortuoso no corpo.

Meryn assentiu.

— Ele é uma pessoinha do bem.

Nigel apontou para Pip.

— Ele também é quase todo branco?

Cas olhou para o jovem vampiro e balançou a cabeça.

— Ele é branco em sua maior parte, mas Mestre Pip tem uma
veia travessa de um quilômetro de largura. Na verdade, ele é um
pouco mais tortuoso do que se imaginaria.

— Foda! — Pip disse, parecendo Meryn.

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Meryn caminhou até os meninos e deu um tapinha na cabeça de
Pip.

— Estou tão orgulhosa de você.

Cas olhou ao redor da sala.

— O próximo mais próximo da inocência é aquele ali, — ela


disse, piscando um olho para Kincaid.

O bruxo corou.

— Eu não sou tão inocente assim. Também consigo ser durão.

Kendrick se levantou e se espreguiçou.

— Cas, sua habilidade consegue detectar mentiras?

Ela assentiu.

— Com certeza. Nem todos que veem auras conseguem, mas é


algo que aperfeiçoei, vivendo com humanos.

— Você poderia vir conosco interrogar nossos prisioneiros? —


Kendrick perguntou.

Cas olhou para Priest, que estava vibrando de animação. Este


assentiu.

— Nossa atividade da tarde é só mais tarde, temos tempo para


ver o quão incrível o meu irmão é.

Kincaid engoliu em seco, parecendo doente.

— Eu acho que sei abrir a caixa, mas não posso fazer


promessas.

— Caixa? — ela perguntou.

Priest apontou para Kincaid que estava sendo empurrado por


Nigel e Neil.

— Em uma de nossas incursões, ele criou aquela caixa da qual


te falei. A da super temperatura. Ele a criou em torno de dois dos
ferals que sequestraram os fae. Ele foi o único que os pegou vivos.

— Não há tempo a perder. — Kendrick apontou para a porta. —


Quanto mais cedo pudermos rastrear o resto dos faes desaparecidos,
mais cedo poderemos concentrar nossos esforços em eliminar os

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“imundos”. — Ele olhou ao redor da sala. — Quem está dentro?

Gage virou-se para Priest, que assentiu.

— Eu estou.

Gage sorriu.

— Vou ter que desistir dessa. Tenho planos com os meninos.

Ari e Brie se entreolharam e suspiraram. Brie olhou para a


rainha.

— Recebemos mais nomes ontem à noite de Vivi em Noctem


Falls. Vamos marcar os encontros com as famílias e atualizar aquele
maldito quadro de avisos.

A rainha assentiu solenemente.

Darian olhou para a companheira e depois para o irmão.

Oron sorriu.

— Você está perguntando se vou ficar aqui comendo bolo e


tomando café com nossas duas companheiras a tarde toda? Então
sim, sim, eu vou.

Darian riu.

— Babaca.

— Darian! Não chame seu irmão de babaca, — repreendeu a


rainha.

— Claro, mãe, — Darian disse agradavelmente. Em seguida,


virou-se ligeiramente para ficar de costas para a rainha e murmurou a
palavra “babaca” para Oron, fazendo o guerreiro rir.

A rainha balançou a cabeça e virou-se para o companheiro.

— Isso é influência sua.

Brennus deu de ombros.

— Eu sei.

— Nós estamos dentro! — Meryn disse, caminhando até onde


Kendrick estava.

Aiden pareceu incerto.

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— Bebê, talvez você devesse ficar aqui com a Izzy e a Amelia e
comer bolo.

— Foda-se isso. Aqueles caras estão trancados naquela caixa faz


tipo, semanas. Quero ver se ainda estão vivos. — Seus olhos se
iluminaram. — E se estiverem, quero ver em que estado estão.

Aiden suspirou.

— Ok, bebê.

— Lembre-se, talvez eu não possa fazer nada! — Kincaid gritou


enquanto Nigel, Neil e Pip o empurravam pela porta, rindo.

— Estou muito interessada em ver a aparência das auras deles,


— Cas admitiu. — Posso até compartilhar o que aprender com outros
na cidade que conseguem ver auras. Talvez isso possa ajudar na
vigilância?

— Seria mais do que temos agora, — Aiden admitiu.

— Vamos lá! Quero ver se os ferals viram zumbis se forem


deixados trancados tempo o bastante! — Meryn disse, puxando a mão
de Aiden.

Anne estremeceu.

— Com certeza eu vou ficar aqui, comendo bolo.

Kendrick beijou o topo de sua cabeça.

— Não se preocupe, meu amor, eles não ficarão por perto por
muito tempo.

— Ótimo, — ela disse, pegando a xícara de chá.

— Vamos lá! — Meryn berrou do corredor.

Cas sacudiu a cabeça enquanto ela e Priest seguiam a


impaciente mulher pela porta.

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Capítulo dez
Cas seguiu o grupo até uma construção na cidade que tinha
guerreiros parados na frente. Ela olhou questionadora para o
companheiro, o qual, por sua vez, tinha um olhar surpreendido.

— Hum, esse é o prédio que estamos usando como necrotério.

Cas parou e encarou. Seu povo estava lá dentro, frio e morto.

— O portal está logo na entrada. Não precisamos ir até a área de


armazenamento, — Priest explicou, puxando-a para perto.

— Eu estou sendo boba.

— Na verdade, você meio que não está, — Meryn disse, olhando


para o prédio. — Cadáveres não me incomodam, mas necrotérios são
simplesmente bizarros pra caralho.

Cas suspirou aliviada.

— Então não sou só eu.

— Não, — Meryn disse, fazendo um bico ao falar.

Pip se aproximou com um guarda-sol sobre a cabeça. Por que ele


precisava de um guarda-sol quando não estava claro nem chovendo,
ela não sabia, mas ele ficava surpreendentemente bem com um. O
mesmo segurou a mão de Meryn.

— Eu posso te ajudar.

Meryn derreteu ali mesmo.

— Obrigada, Pip.

Balançando as mãos dadas, eles entraram pela porta.

— Eu meio que quero um, — Cas admitiu.

— Uma criança? — Priest perguntou.

— Não, um Pip. Ele é adorável.

My
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— Receio que você esteja presa comigo, — ele disse, oferecendo-
lhe a mão.

Sentindo-se travessa, ela pegou a mão dele e a mordiscou de


brincadeira.

— Fui negligente em te torturar hoje.

Ele fechou os olhos e gemeu.

— Meus irmãos vão pensar que sou o maior pervertido do mundo


se eu entrar lá com uma ereção.

Rindo consigo mesma, ela os liderou para o prédio. Ela se


concentrou no chão e tentou não olhar muito ao redor. A ideia de que
seu povo estava morto em mesas ali dentro a deixava enjoada.

— E eu estou de calças largas hoje, então é totalmente visível, —


Priest reclamou.

Ela olhou para cima e viu que ele não estava nem um pouco
preocupado com a calça. Ele estava tentando fazê-la sorrir.

— Eu te amo, — ela admitiu. Parecia tão certo que a facilidade


de dizer as palavras não mais a incomodavam.

Ele piscou.

— Hã?

— Na verdade, este é o momento em que você deveria dizer "Eu


também te amo".

— Eu amo! Deuses, eu gostaria de poder ter um tempo a sós com


você. Sinto que dizer as palavras não é o bastante, — este admitiu.

Atrás deles, alguém pigarreou. Quando se viraram, o guerreiro


fae franziu a testa.

— Honestamente, Priest, há uma hora e um lugar para esse tipo


de coisa, — este disse, apontando para a virilha de Priest.

— Balder, eu juro, não é o que você está pensando.

— Claro. Vão em frente, todo mundo já passou.

— Balder... — Priest disse, passando pelo guerreiro em direção


ao portal.

My
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Quando Cas olhou para o guerreiro, este lhe jogou uma lenta
piscadela.

Incapaz de se conter, ela explodiu em risos.

— Deuses! Cas, você não pode fazer isso, hmm, Balder, ela só
está nervosa por estar aqui, — ele gaguejou.

Ainda rindo, ela o puxou para o outro lado do portal.

Priest parecia mortificado.

— O Balder vai me odiar.

— Duvido muito, — ela disse, enxugando os olhos.

Eles seguiram pelo que parecia ser um armazém vazio, até uma
grande caixa branca no meio do chão.

Kincaid olhou para Kendrick, desanimado.

Kendrick balançou a cabeça.

— Isso é coisa sua, bruxinho.

— Você consegue, Kincaid! — Meryn encorajou.

— Nós queditamos em você! — ecoaram os gêmeos.

Kincaid exalou.

— Certo, é igual as pedras de aquecimento. Só preciso fazer com


que ela saiba o que eu quero.

Kendrick piscou.

— Pensei termos dito a vocês dois para não fazerem feitiços não
estruturados?

Kincaid apontou.

— Você tem uma ideia melhor?

Kendrick balançou a cabeça.

— Na verdade, não.

Kincaid fechou os olhos e colocou a mão na parede em frente a


eles. Após uma respiração profunda, Cas ouviu-o sussurrar:

— Liberte.

My
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Segundos depois, a parede desabou, e o cheiro mais repugnante
que ela já sentira os atingiu.

Meryn simplesmente se inclinou e vomitou no concreto. Thane e


os gêmeos foram até ela, enquanto Ryuu a segurava gentilmente.

Aiden, vendo que estavam cuidando de sua companheira, rangeu


os dentes e entrou no local onde um único feral estava sibilando para
eles do canto. Ele se voltou para Kincaid.

— Achei que você tinha dito que tinha prendido dois?

Kincaid estava engolindo repetidamente.

— E prendi, — este respondeu fracamente.

Usando magia, Thane limpou Meryn e a sujeira, depois voltou-se


para a caixa.

— Só tem um?

Meryn tampou o nariz e olhou para dentro da caixa.

— Pois é, parece que ele comeu o outro, — ela disse, apontando


para um ponto num osso que tinha marcas de dentes entre a carne em
decomposição.

Pip estava com as duas mãos sobre o nariz.

— O cheiro daqui é pior que cocô.

Neil se estabilizou e exalou tremulamente.

— Ainda não é pior do que encontrar o Augustus Pettier no


esgoto.

Os olhos de Meryn se arregalaram.

— Sério?

Nigel assentiu.

— Sim, aquilo foi muito pior.

— Cara, — esta disse, parecendo impressionada.

O feral atacou Aiden, que facilmente afastou a mão dele,


parecendo irritado.

— Então?

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Kendrick deu um passo à frente para olhar para o feral.

— Nos diga o que você sabe.

— Por quê?

Kendrick olhou dentro da caixa.

— Nos diga o que sabe ou o selaremos de novo dentro desta


caixa. — Ele olhou para o corpo apodrecido. — Aquilo pode te manter
por mais algumas semanas.

Os olhos do feral pareciam assustados.

— Não. Qualquer coisa menos isso.

— Nos diga o que sabe e eu te matarei rapidamente.

O feral olhou ao redor como se calculasse suas chances de


escapar. Não vendo saída, ele caiu para frente.

— Tudo bem.

Cas foi se aproximar, mas seu companheiro colocou o corpo na


frente do seu. Ele não estava mais rindo nem estava preocupado com
Balder. Havia entrado em modo de proteção total. Deuses, ele era tão
sexy.

Ela estendeu a mão e a passou sobre uma das nádegas dele. Ele
se virou, deu-lhe um sorriso e depois balançou rapidamente a cabeça.

Certo, ele precisava se concentrar.

Se ele não a deixava dar um passo adiante sem ficar na frente,


ela simplesmente o empurraria para frente, permanecendo atrás. Ele
pisou onde ela precisava e ela deu uma boa olhada na aura da
criatura.

Ela pensou que esta seria puro preto, mas não era. Era um cinza
escuro coberto pelo que parecia ser uma lama marrom que continuava
borbulhando e cobrindo a aura. Ela cobriu a boca com a mão. O
movimento cambaleante aliado ao cheiro a estavam deixando enjoada.

— Por que matar tantos fae? — Aiden perguntou.

O feral riu.

— O fato de você estar perguntando significa que não sabe tanto


quanto eles temiam.

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— Quem são eles? — Kendrick exigiu.

O feral sorriu, mostrando dentes amarelos e irregulares.

— Os Eirson, é claro. Aqueles que descobriram uma maneira de


nem se tornarem ferals antes mesmo dos colares.

— Como eles conseguiram isso? — Kincaid perguntou.

O feral rosnou.

— Se eu soubesse, não precisaria do colar, não é?

Cas o olhou e ficou surpresa com o que sentiu. Ela pensou que
sentiria raiva ou mesmo tristeza pela perda das pessoas que aquele
homem havia matado, mas vendo sua raiva, seu próprio terror com o
fim que enfrentava, ela sentiu pena.

— Como você era chamado? Antes? — ela perguntou


suavemente.

O feral virou-se para ela, com expressão de choque. Então olhou


para baixo.

— Eu era Raul, já tive um lobo dentro de mim antes.

— Raul, você tem algum familiar que gostaria de avisar para que
não continuem te procurando? — ela perguntou.

Este olhou para cima, com os olhos meio enlouquecidos.

— Eles te fazem matar a própria família primeiro.

Um claro ametista cobria sua aura, sua cor para a mentira. Esta
tremeluziu. Uma possível meia mentira.

Ela recuou. Priest estendeu a mão trás de si, para pegar a dela.

— Raul, você traiu seu povo e enfrentará nossos deuses nos


próximos minutos. Se o que você nos contar ajudar a salvar outras
pessoas, pode fazer uma diferença que o ajudará no pós-vida. Onde
podemos encontrá-los? — Aiden perguntou, os olhos duros.

Raul olhou para baixo novamente.

— Os deuses nos abandonaram há séculos. Você não tem ideia


do que foi feito.

Cas viu um clarão de luz roxo claro irromper ao redor do coração

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do homem novamente.

— Onde podemos encontrar as pessoas desaparecidas? —


Kendrick exigiu novamente.

— Rede Starfire, usuário, rbircham, senha... bem, vou deixar


você descobrir isso, — ele disse antes de se lançar direto em Meryn, os
dentes apontados para sua garganta.

Em um golpe harmonioso, Aiden baixou a mão, esmagando o


crânio do homem e empurrando-o contra o chão de porcelana branca,
com sangue espirrando ao redor do crânio achatado.

Vendo a ameaça eliminada, Ryuu removeu o brilho azul do corpo


de Meryn.

Meryn olhou para o companheiro.

— Eu preciso do meu notebook!

— Eu sei, eu sei. Você precisa teclar no seu frisbee mágico.


Espere, bebê. — Ele olhou para Cas. — Ele estava mentindo?

Ela assentiu.

— Ele mentiu duas vezes ou falou de uma maneira que acreditou


que estava mentindo duas vezes. — Ela sentiu as lágrimas se
acumularem. — A primeira foi uma meia mentira. Foi quando ele disse
que te obrigam a matar a própria família primeiro. Acredito que eles
ainda estão vivos, ele temia que os usássemos contra ele ou temia que
descobrissem o que ele se tornou. A cor tremeluziu quando ele disse
aquilo. Acho que o processo de matar famílias primeiro era verdade,
mas ele não tinha matado, o que fez daquilo uma meia mentira. A
segunda mentira foi quando ele disse que os deuses nos abandonaram.
Ele não realmente acreditava nessas palavras. — Ela olhou para Aiden.
— Ele não estava mentindo quando disse que não temos ideia do que
foi feito. — Ela olhou para Meryn. — E ele não estava mentindo sobre
as informações da rede.

Meryn tinha pego a mão de Aiden e estava puxando com toda a


força, incapaz de mover o companheiro nem um milimetro.

— Ai-den!

Aiden pegou a companheira nos braços.

— Vamos, rapazes, — ele disse a Nigel, Neil e Pip. Junto com

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Pierce e Ryuu a reboque, se dirigiram em direção ao portal.

Kendrick colocou a mão no ombro de Kincaid.

— Baita trabalho bom que você fez. Se Meryn conseguir obter


pelo menos um único endereço das informações da rede, você pode ter
salvo centenas de pessoas.

Kincaid corou.

— Eu gostaria de ter descoberto como abrir a caixa antes.

Thane balançou a cabeça.

— Você não pode pensar assim. Essa coisa deixou tanto


Kendrick como eu empacados, e somos bem mais velhos que você,
Bayberry.

Priest virou-se para Kendrick.

— Você pode avisar o Ari que vou sair com a Cas por um
tempinho?

Kendrick assentiu lentamente.

— Tome todas as precauções.

— Tomarei, senhor. Eu nunca arriscaria minha companheira.


Será uma viagem muito rápida e depois voltaremos para Éire Danu.

Cas virou-se para o companheiro.

— Vamos sair de Éire Danu?

Este assentiu.

— Para ver o que quero te mostrar, sim.

Cas começou a ficar um pouco nervosa e um pouco animada.

— Senhores, — Priest disse, baixando a cabeça. Com a mão dela


na dele, este a conduziu de volta ao portal onde Balder os esperava.

O fae parecia satisfeito.

— Fizeram um bom trabalho aí dentro.

Priest estufou o peito.

— Kincaid pode ser a chave para desvendar essa coisa.

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Balder parecia igualmente orgulhoso.

— Vou garantir que ele receba sobremesas extras esta noite.

Priest apontou para o portal.

— Você pode abri-lo no meu lugar feliz?

Os olhos de Balder se voltaram para Cas, então ergueu uma


sobrancelha.

— Tem certeza?

Priest assentiu.

— Tenho. Eles têm um convidado muito especial por agora.

— Você tem seu próprio jeito de voltar, certo? — Balder


perguntou.

Priest assentiu.

— Sim, é um portal personalizado como presente da rainha.

Balder balançou a cabeça.

— Eu diria que você é mimado, mas Vossa Majestade gosta de


cuidar de nós, guerreiros. — Ele colocou a palma da mão na moldura
de pedra e um novo portal brilhou no lugar. — Divirtam-se, — ele falou
lentamente.

— Priest, para onde diabos você está me levando? — Cas


perguntou.

— Confie em mim.

— Eu confio, mas... — Ela lançou um olhar para Balder


enquanto caminhavam em direção ao portal, este estava acenando com
os dedos para eles.

— Nós vamos ficar bem, — Priest a tranquilizou.

Suspirando, ela atravessou o portal e rezou para não ter que


matar o companheiro.

*****

Ela teve que proteger os olhos depois que atravessaram o portal.

— Está tão claro aqui.

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Priest parecia triste.

— É apenas a luz do dia normal, querida.

Ela percebeu que seus olhos haviam se adaptado ao sol mais


fraco de Éire Danu. Olhando em volta, observou o ambiente para se
distrair. Franzindo a testa, apontou para um sofá gasto.

— Estamos em um apartamento?

Ela se sentiu aliviada. Não teria que matar o companheiro.

Priest assentiu.

— É meu.

— Foi o que imaginei, ou teríamos algumas explicações a dar.


Por que estamos aqui?

O local era tão genérico que parecia estranho. Não havia nada de
Priest ali. Parecia ser um local de aparências.

— Você vive aqui?

Ele balançou a cabeça.

— Não, eu aluguei este lugar porque foi o local mais próximo que
consegui, a uma curta distância de onde quero levá-la, — ele explicou.
— Vamos. — Ele foi até a porta e apontou para o corredor. — Sua
surpresa a aguarda.

Sorrindo, ela correu para alcançá-lo.

Não demorou muito para que as placas aparecessem na beira da


estrada por onde estavam andando.

Santuário de Pássaros da Baía Negra.

Correção. Ela teria que matar o companheiro.

— Priest?

— Hum?

— Aquela placa diz que há um santuário de pássaros aqui.

— Imagine isso.

— Eu vou te matar.

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— Ora, Cas...

— Horrivelmente. Enquanto você dorme. Você sabe que eu odeio


pássaros! — ela explodiu. Então o olhou. — Sem querer ofender.

Revirando os olhos para o céu, ele a puxou pelo caminho.

— Tenho alguém que quero que você conheça.

— Se for um pássaro, vou dizer ao Kincaid para te trancar em


uma caixa!

— Cas...

— Vou fazer a Meryn te adicionar em todas as listas de Mais


Procurados do país, — ela continuou, furiosa a cada passo do
caminho.

Ele suspirou.

— Você vai ver.

— Eu como pássaros, Priest. Eles não são meus amigos.

Ele a olhou sensualmente.

— Você pode me comer mais tarde.

Ela semicerrou os olhos para ele.

— Você realmente quer arriscar isso agora? — Cas perguntou,


seus olhos olhando para a virilha do companheiro.

Ele ofegou.

— Querida! Isso é cruel. Ele não te fez nada. Ele ainda está se
recuperando da água gelada da noite passada.

Ela não pôde evitar. E riu.

Priest sorriu.

— Você não está perdoado.

Ela continuou lançando-lhe um olhar maligno enquanto


passavam pelas portas de vidro deslizantes da, aparentemente muito
moderna, instalação.

— Senhor Aerdan! Se tivesse nos avisado que estava vindo,


poderíamos ter feito arranjos, pelo menos um almoço, — uma mulher

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pequena e redonda disse, alvoroçada para cima de Priest.

— Danielle, gostaria que conhecesse minha esposa, Cassandra,


— ele disse, levantando a mão de Cas para a beijar.

A mulher corpulenta virou-se para Cas e realmente enxugou os


olhos com um pequeno lenço branco.

— Ah, Deus te abençoe. Fiquei tão preocupada com esse aí,


sempre sozinho, sabe. Um menino tão bom também. Ele doa
provavelmente mais do que deveria.

— Doa? — Cas perguntou.

— Oh sim! Acho que não poderíamos nem funcionar sem a


generosidade dele. — Esta se virou para Priest. — Imagino que esteja
aqui por causa do seu amigo especial.

Priest assentiu animadamente.

— Eu gostaria de apresentar a Cassandra.

Danielle sorriu.

— Normalmente, eu teria que educá-la sobre o que fazer, mas sei


que o Sr. Aerdan aqui lhe mostrará as manhas. Por aqui.

Eles passaram pelo que pareciam ser pequenas enfermarias,


jaulas e até uma área de recreação com aros e poleiros.

Usando um cartão-chave, Danielle destrancou a porta.

— Divirtam-se, vocês dois. — Ela acenou e depois foi embora.

Priest manteve a porta aberta e ela o olhou.

— Confie em mim, meu amor.

Ao passar, ela não viu nada ameaçador, então continuou


andando até estar bem no interior.

— Lave as mãos e depois use o álcool, — Priest instruiu da pia.

Resmungando sobre mortes lentas, ela lavou e higienizou as


mãos.

Priest foi até a pequena jaula à esquerda.

— Ei, bebezinha, você sentiu minha falta?

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Bebezinha? Para o que ele estava cantarolando?

Ele abriu a gaiola e tirou uma pequena bola de penas.

— Priest, o que diabos é isso?

— Não seja tímida, Preciosa. Esta é a minha companheira. Ela


não vai te machucar, — ele disse em tom gentil.

Priest levantou a pequena coisa para que ela pudesse vê-la


claramente. Quando o ser lhe piscou os olhos, o coração de Cas se
perdeu.

— Oh meus deuses, Priest, o que é isso? — Cas perguntou,


mantendo a voz baixa para não assustar o bebê.

— Essa é a Preciosa. É uma corujinha-serra-afiada. Ela acabou


de trocar as penas.

— Oh, olha esses olhos!

— Ela é a minha amiga especial.

A pequena coruja esfregou o bico no polegar dele.

— Ela é tão pequena.

— A maioria dos pássaros é.

— Ela... ela está bem?

Priest assentiu.

— Agora sim. Ela sofreu uma leve fratura na asa, mas cuidamos
disso aqui.

Ela olhou para o companheiro enquanto este segurava o pássaro


e encostava o nariz em seu bico.

— Eles são todos abandonados, não são? Os pássaros daqui.

Sorrindo tristemente, ele assentiu.

— Eu tento ajudar o máximo que posso. Quer segurá-la?

Ela balançou a cabeça, mas mandou alguns beijos para a


coisinha. Quando a corujinha respondeu com alguns cliques, ela sabia
que era uma mulher mudada.

Ele gentilmente colocou o passarinho de volta na gaiola e o

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cobriu com um adorável cobertor de bebê rosa. Ele voltou até a pia e
lavou e higienizou as mãos novamente.

— Então, o que acha dos pássaros agora?

— Eles não são tão ruins.

— Ótimo, porque você meio que está acasalada com um.

— Foi por isso que você me trouxe aqui?

Ele assentiu.

— Isso, e porque você é muito amorosa e bonita para realmente


odiar qualquer coisa, especialmente algo que me importa
profundamente.

— Ela precisa de alguma comida? Ela não precisa de luz? — Cas


perguntou, voltando-se para a gaiola, apontando para o cobertor.

— Olhe para você, se tornando uma mãe de pássaro, — ele


brincou.

— Se teria que ter um coração de gelo e pedra para não ser


afetado por aquele nível de fofura, — ela protestou.

— Ela está bem. Lembre-se de que as corujas geralmente ficam


mais ocupadas à noite, então ela está retomando o cochilo. — Ele foi
até uma pequena geladeira e tirou duas garrafas de água. Entregou-lhe
uma e sentou-se à mesa redonda perto da janela.

Cas pegou a água e se juntou a ele.

— Vir aqui ajuda com o seu pássaro?

Ele balançou a cabeça.

— Ele e eu não nos damos bem, nunca nos demos. Não sei como
ser um pássaro e ele não fala fae.

— Danielle parecia muito confortável em te deixar aqui sozinho.

Ele sorriu.

— Há cerca de vinte ou trinta anos, obtive permissão para passar


um tempo no mundo humano para me formar em Zoologia, com foco
em Ornitologia, ou o estudo de pássaros. Achei que isso me ajudaria a
me transformar, mas não ajudou. — Ele apontou para o prédio. — Mas
conheci tantas pessoas querendo ajudar e estudar pássaros que sabia

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que havia encontrado algo que eu poderia fazer. Não importava se eu
era um shifter ou um fae. Sou o Sr. Aerdan, filantropo e especialista
em aves, por assim dizer.

— As águias lá em casa não te ajudariam? — ela perguntou.

Ele balançou a cabeça.

— Para elas eu estou morto. Uma vez tentei fazer perguntas.


Quando vi uma na cidade, passaram por mim como se eu nem
existisse. — Ele começou a brincar com a borda do rótulo da garrafa.
— As águias de Éire Danu são diferentes dos leões. Os leões se
integraram social e politicamente. Não apenas Ari e Declan servem
como guerreiros de unidade, mas também Broden e Ramsey. Eu sou o
único shifter de águia a servir como guerreiro de unidade. Elas se
mantêm isoladas de uma forma bem insular.

Cas tomou um gole de água.

— Sinceramente, até esqueci que elas moravam em Éire Danu


até conhecer você. Nunca se vê elas na cidade.

— Elas são donas dos céus e das copas. E preferem assim.

— A rainha não poderia fazer nada?

— Assim que ela ouviu o que estava acontecendo, emitiu um


decreto que impedia qualquer grupo de agir de uma forma que fosse
contra os valores dos fae.

— E como receberam isso?

— Supostamente, elas começaram a quebrar as cascas dos ovos


com filhotes fracos demais para saírem sozinhos, mas até agora
nenhum sobreviveu.

— Que mentirada.

Ele balançou a cabeça.

— A rainha insistiu que os fae observassem as eclosões durante


as três décadas seguintes após meu nascimento. Já que sou uma
anomalia tão grande, as águias acham que o método que usavam era
mais humanizado. Os bebês simplesmente adormecem em seus ovos e
morrem tranquilamente. Uma vez quebrada a casca, o bebê luta para
se libertar. Se forem muito fracos, podem sufocar por não conseguirem
manter a cabeça erguida. São simplesmente fracos demais para

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sobreviver.

— Mas... — Ela olhou para a gaiola que continha o passarinho.

A mão dele cobriu a dela.

— Ovos não eclodidos são poucos e raros. Menos de uma dúzia


desde que nasci.

— Eles têm Anciãos? Nenhum deles pôde ajudar?

Ele assentiu lentamente.

— Eles têm Anciãos e esses apoiaram as mudanças ditadas pela


rainha.

— Eles entraram em contato para te ajudar?

Ele balançou a cabeça.

— Babacas. Se eu nunca ver um na vida, não vou perder nada.

Ele estremeceu.

— Talvez tenhamos que visitá-los.

— Por que diabos iríamos vê-los se eles te tratam como merda?

— Vamos precisar de um ninho.

— Um ninho?

Ele assentiu.

As engrenagens giraram em seu cérebro e tudo se encaixou.

— Priest! Eu vou botar a porra de um ovo?

— Talvez?

— Talvez!

— Eu não acho que já houve qualquer acasalamento de águias e


faes antes, então tudo isso é um território desconhecido.

Ela apontou para a gaiola.

— É por isso que você me trouxe aqui! Eu vou ter um filhote de


passarinho. — Ela congelou. — Ah, deuses.

Priest levantou-se e contornou a mesa para se ajoelhar ao lado

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dela.

— Apenas por uma semana mais ou menos, daí eles voltam à


forma humana. — Ele pegou suas mãos. — E isso é se você chegar a
botar um ovo.

— Você está ouvindo as palavras que saem da sua boca?! Se eu


botar um ovo! Botar um ovo!

— Faz parte do que eu sou, — ele disse suavemente, parecendo


desanimado.

— Eu sei disso! É só que...só...minha mãe não cobriu o botar de


ovos quando eu era menina, Priest.

Ele lhe sorriu.

— Nem a minha.

— Não é engraçado.

— É meio engraçado.

— Precisamos falar com os Anciãos Águia.

— Eu sei.

— Vamos procurá-los agora mesmo.

Ele se levantou.

— Agora? Tipo agora, agora?

— Você realmente acha que eu vou conseguir dormir esta noite,


muito menos fazer qualquer safadeza, se eu não souber o que vai
acontecer?

Ele empalideceu.

— Você tem razão. Podemos ir para lá agora.

— A porra de um ovo, — ela balançou a cabeça.

— Cas, me desculpe.

Ela o olhou e se levantou para passar os braços em volta do seu


pescoço.

— Não se desculpe, isso não é ruim...só diferente.

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A aura deste se iluminou.

— Eu te amo.

— Eu sei, — ela disse, observando o dourado cobrir-lhe a aura.

— Essa é a parte em que você deveria dizer “eu te amo também”,


lembra?

Ela colocou a mão sobre o coração dele.

— Eu sei porque posso ver.

Ele exalou.

— Tudo bem, vamos conversar com os babacas.

— Depois voltamos para casa. Sem querer ofender ninguém, mas


preciso de um sossego depois dessa tarde.

— Talvez alguns lanches de primeira linha feitos por Eion e


Minecraft ?

Ela pulou para cima e para baixo.

— Vamos jogar num mundo novo?

— É claro.

— Parece perfeito.

Quando estavam saindo, ela olhou para o companheiro.

— Podemos decorar o ovo?

Ele franziu a testa e não respondeu.

Ela aceitaria aquilo como um não.

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Capítulo onze
— Eu odeio esse lugar, — ela disse, sem se importar se a voz
estava alta.

Depois que usaram o portal no apartamento de Priest para


retornar diretamente aos seus aposentos na vila dos guerreiros, ele
informou a Ari que estavam indo até as águias para ver um ninho.

É claro que toda sua unidade quis acompanhá-lo para mostrar


apoio.

Eles estavam agora em um lindo pátio de mármore branco


construído na copa da árvore central da cidade. Daquela altura, se
podia ver facilmente fitas coloridas indicando rotas de voo para outras
casas na árvore bem acima do solo.

— Meio sufocante, não? — Brie perguntou, olhando em volta.

— É tipo o silêncio de um museu, — Zoe disse, olhando para


seus meninos. Ame reivindicava sua mão esquerda e Yuki a direita.

Cas se apaixonara no segundo em que os vira.

— Lembrem-se, meninos, podem procurar a tia Cas se alguém


for mau com vocês, — ela os lembrou.

— Mas é a tia Brie quem tem a arma, — Ame apontou.

Cas assentiu.

— Bom ponto. — Ela olhou para cima como se estivesse


pensando. — Então que tal eu ficar encarregada dos abraços? Sou
muito boa nisso.

Ame corou e se escondeu atrás de Zoe. Quando seu rostinho


reapareceu, este assentiu.

— Sabe, eu não me importaria com ovos se eles resultassem em


crianças como vocês dois, — ela disse melancolicamente.

— Essa merda bagunça a minha mente, garota, — Brie admitiu.

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Izzy deu de ombros.

— Dez centímetros são dez centímetros, suponho. — Ela olhou


para Cas. — Qual é o tamanho do ovo?

— Não tenho a por... — Ela olhou para os meninos. — Não tenho


a menor ideia.

As mulheres ficaram juntas enquanto os homens caminhavam


até o salão do conselho para solicitar uma reunião.

— Hahaue, chichiue está de volta, — Yuki disse, apontando para


a porta do salão do conselho.

Os homens se aproximaram, cada um exibindo vários graus de


frustração em suas expressões.

Ela colocou a mão sobre o coração de Priest quando o mesmo se


juntou a eles.

— É tão ruim assim?

Este cerrou os dentes.

Ari respondeu por ele.

— Eles nunca registraram seu nascimento, então seu pedido


para conseguir um ninho está demorando mais. Honestamente, não
acho que eles saibam o que fazer.

Gage olhou bravo para cada transeunte.

— Eu conhecia seu passado, mas ouvi-los descartar tão


casualmente sua existência. — Ele se virou para Ari. — Os leões não
são assim.

Ari sibilou para um homem que zombava deles e depois se virou


para Gage.

— Graças aos deuses por isso.

Depois de alguns minutos, um shifter de águia alto e de cabelos


escuros caminhou em direção a eles.

— Priest Vi'Aerdan, correto? — este perguntou, enfatizando o


sobrenome.

Atrás dele, uma mulher radiante os observava atentamente. Ela


era mais velha, como o homem. Cas presumiu que ambos eram

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Anciãos.

Priest assentiu.

— Correto.

— Eu sou Gaius Aquilina, Ancião das Águias aqui em Éire


Danu.— Ele pegou a mão da mulher atrás de si e gentilmente puxou-a
para o seu lado. — Esta é minha companheira, Vesta.— A expressão
suave que ele tinha para a companheira derreteu como neve ao sol
quando se voltou para Priest. — Ouvi dizer que você solicitou um
ninho. Com que base?

Priest passou o braço em volta da cintura de Cas.

— Conheci minha companheira e estamos falando sobre ter


filhos. Achamos que seria melhor cuidar disso mais cedo em vez de
mais tarde.

Cas observou os dois com atenção. A aura do homem estava


pintada de vermelho, dor. Sua companheira era um redemoinho de
verde. Verde limão para o medo, verde esmeralda para a culpa e o
verde-amarelo doentio que ela associava à saudade.

— Por que um ninho deveria ir para um rejeitado como você? —


Gaius exigiu.

— Que porra? — Izzy sussurrou.

Mais tarde, Cas não seria capaz de se lembrar de ter recuado e


socado o Ancião Águia, mas de acordo com Brie, foi um golpe perfeito.
Mas se lembrava sim de ver o azul se expandir sobre o coração de
Priest, e a próxima coisa que percebeu foi que estava se movendo.

A dor percorreu sua mão e subiu por seu braço.

— Ele não é um rejeitado! Você que é um babaca! — ela gritou.

Gaius recuou alguns passos e inclinou a cabeça para trás


enquanto tentava estancar o fluxo de sangue do nariz.

Virando-se para Priest, ela ergueu a mão.

— Ele machucou a minha mão! — ela choramingou e chorou


lágrimas de frustração.

Não era justo que idiotas como aquele tivessem o poder de


machucar tanto seu companheiro.

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Priest olhou bravo para o Ancião.

— Olha o que você fez!

A cabeça de Gaius inclinou para frente em estado de choque.

— O que eu fiz? — este exigiu, em tom anasalado, ainda


apertando o nariz.

Cas se afastou de Priest e se virou para encarar o Ancião.

— Ele é o meu companheiro! Quantos você condenou à uma


meia-vida? Forçados a viverem sozinhos porque seus companheiros
foram deixados para morrer?

Gaius baixou a mão.

— Eles eram fracos demais para viver! Nunca teriam


companheiros.

— O Priest tem! Eu sou a prova disso.

Gaius não conseguia olhá-la nos olhos.

— Nós...

— Nós estávamos errados, — a voz melódica atrás deste fez com


que todos se virassem. Os olhos de Vesta estavam cheios de lágrimas.
— Estávamos errados quando abandonamos Priest. Todos os outros
ovos eclodiram sem problemas, mas o dele balançava freneticamente.
Sabíamos que ele estava vivo e lutando, mas nossas mãos estavam
atadas.

Cas a encarou. Havia tanta dor naquela mulher.

— Deuses acima, você é a mãe dele, — ela sussurrou.

Vesta balançou a cabeça.

— Eu não mereço ser chamada de mãe dele.

Gaius foi apoiar a companheira, mas esta balançou a cabeça,


negando a si mesma o conforto que o mesmo oferecia.

— A única coisa que me fez continuar foi garantir que o decreto


da rainha fosse seguido à risca da lei. — Ela encontrou o olhar de Cas.
— Nenhum outro que deveria ter vivido foi perdido, isso eu prometo.

Os joelhos de Priest cederam. Instantaneamente, Ari e Gage o

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apoiaram de ambos os lados.

Ari rosnou.

— Ele era o seu filho? — o mesmo perguntou a Gaius.

Gaius desviou o olhar.

— Ele deixou de ser meu filho quando os fae o levaram.

Cas cutucou o homem no peito. Este a olhou chocado.

— Você não quer dizer isso! — Ela apontou para ele. — Você não
mostra nada além de dor vermelha. Se realmente não se importasse,
ficaria cinza ou apático. Não há nenhuma pequena parte de você que
esteja feliz por ele ter sobrevivido?

— É claro que estou feliz que ele tenha sobrevivido! — O homem


explodiu. — Ele é meu filho!

O silêncio encheu o pátio.

Foi quando ela finalmente viu. Para ambos, por trás da dor e da
culpa havia amor e orgulho sem fim.

Virando-se de costas para os dois, ela caminhou até Priest e o


ajudou a ficar de pé. Olhando para seu rosto, murmurou as palavras:
“Eles te amam muito”. Em voz alta, acrescentou:

— É lindo.

Priest olhou para o homem.

— Eu tenho pais. Foram eles que trocaram minhas fraldas, me


alimentaram e cuidaram de mim quando eu ralava o joelho. Tenho um
pai que me amou tanto que me deu seu nome, — acrescentou
amargamente.

Cas observou enquanto um vinho profundo cobria a aura de


Gaius. Borgonha, a cor de uma dor que já durava anos.

Assim como Priest não permitiu que ela odiasse, ela também não
permitiria que ele se agarrasse a essa dor quando podia deixá-la ir.

Afastando-se de seu companheiro, ela olhou para os dois


destroçados shifters.

— Assim como um casal fae adotou Priest, um shifter, talvez


vocês dois, sendo shifters, pudessem cuidar de mim, uma fae? Perdi

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meus pais muito jovem e se vou ter um... ovo. Vou precisar de
orientação.

— Cas! — Priest gritou, girando-a. — Você não os conhece, eles...

— Essa é a questão, Priest, você também não. Não será fácil,


mas juntos podemos colmatar esta lacuna. — Ela moveu a mão dele
para a parte inferior de seu abdômen. — Algum dia teremos uma
águia... meio fae. Não quero negar família ao bebê se pudermos evitar.
— Ela olhou por cima do ombro.

As auras de Vesta e Gaius continham apenas esperança. Suas


expressões deixavam claro que estavam se agarrando a esta
desesperadamente.

Ela ficou na ponta dos pés e sussurrou em seu ouvido:

— Quanto da dor entre vocês três é realmente sobre você ser um


ovo que não eclodiu? Em vez de orgulho ferido e da perda de um filho?

Priest se afastou para olhá-la.

— Não sei se consigo...

Exalando alto, ela apontou para Vesta.

— Se eu tiver que botar a porra de um ovo, Priest, vou precisar


de ajuda, ou você não se importa com isso?

Priest acenou com as mãos na frente de si.

— É claro que me importo!

— Estou dizendo que todos estaremos as mil maravilhas


amanhã? Claro que não, mas quero que você pelo menos tente. — Sem
esperar resposta, ela encarou Gaius e enfiou o dedo na cara dele. — E
você! Seja honesto sobre como se sente pelo menos uma vez. Grande
parte da dor que vocês três suportaram é porque você não disse nada.

Ele abriu a boca e depois a fechou.

— Eu... — Este suspirou. — Você tem razão. Eu deveria ter ido


até Ciaran e Niamh e caído de joelhos implorando por ele de volta.

Vesta colocou a mão nas costas do companheiro e depois olhou


para Priest.

— Não podíamos. Nossas leis nos proíbem de reconhecê-lo.


Mas... por favor, saiba disso. Pensamos em você todos os
My
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Alanea Alder
dias. Agradeço aos deuses todas as manhãs, quando me levanto, por
Niamh ter sido forte e corajosa o suficiente para salvar meu bebê.

Cas olhou para Vesta.

— Mas as leis mudaram há séculos.

Gaius balançou a cabeça.

— O que estava feito, estava feito.

— Isso é bobagem, — Ame disse atrás de Zoe.

Tanto Vesta quanto Gaius o olharam. Vesta se ajoelhou para


ficar no mesmo nível dos dois meninos.

— O que você quer dizer?

— Foi bobagem que o amor que você tinha foi desperdiçado


porque o tio Priest nunca sentiu. Isso é bobo e triste. Não há muito
amor no mundo, sabe, — ele respondeu, mantendo metade do rosto
atrás da saia de Zoe.

Gaius olhou para Priest.

— Tio Priest?

Priest assentiu.

— Sou irmão dos meus companheiros guerreiros de unidade, tio


dos seus filhos.

Vesta engoliu em seco.

— O amor foi desperdiçado, não foi?

Ame assentiu.

— O amor foi feito para ser compartilhado. Hahaue nos diz todos
os dias que nos ama. — Ele passou os braços em volta da cintura de
Zoe.

Zoe, sorrindo suavemente, passou a mão nos cabelos dele.

— É impossível não te amar.

Vesta se levantou e caminhou até Priest.

— Não fui corajosa naquele dia, mas serei daqui em diante.


Sofrerei qualquer punição que você achar adequada, mas te direi,

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Alanea Alder
finalmente, direi as palavras. Eu te amo. Estou feliz por você. E estou
muito orgulhosa de você.

Priest enxugou os olhos.

— Eu não vou te punir, pelo amor dos deuses. Mas não sei como
prosseguir daqui.

Gaius ficou ao lado da companheira.

— Nos deixe nos encontrar com seus pais. Não permitirei que se
sintam menosprezados de forma alguma. Cumpriremos tudo o que
disserem, — o mesmo disse, parecendo resignado.

Vesta virou-se para Cas e colocou a mão gentilmente em seu


braço.

— Seu dom é um milagre. Não havia outra maneira de termos


coragem de falar o que estava em nossos corações.

— Eu não conseguia ver tanta dor e não dizer nada.

Vesta sorriu.

— Agora, você disse algo sobre um ninho?

Cas olhou brava para Priest.

— Alguém só me contou sobre isso hoje.

— Pessoal, todo mundo ainda está olhando, — Izzy disse,


acenando para um estranho aleatório.

Gaius olhou para a multidão e depois para eles.

— Eu sou o Ancião aqui e levei um soco, — este olhou para Cas.

Cas simplesmente lhe torceu o nariz, fazendo o homem mais


velho rir, para sua surpresa.

— Acho que eles estão se certificando de que tudo está bem, —


ele explicou.

Um homem que parecia estranhamente com seu companheiro se


aproximou.

— É exatamente isso o que estamos fazendo. Está tudo bem


aqui, Ancião?

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Alanea Alder
— Helios, sim, ummm, — Gaius esfregou a nuca.

Duas mulheres se aproximaram por trás de Helios.

— Pai? — aquela que parecia uma versão mais jovem de Vesta


perguntou.

Priest piscou.

— Puta merda.

Vesta hesitou e depois pegou a mão de Priest.

— Helios, Aurora, Iris, este é seu irmão mais novo, Priest.

Helios ficou olhando.

— Perdão, o quê?

Aurora olhou de Helios para Priest e vice-versa.

— Ele foi o ovo que não eclodiu, aquele que mudou tudo? Você
nunca disse que ele era nosso companheiro de ninho!

Iris se jogou em Priest, que se atrapalhou ao segurá-la.

— Estamos juntos de novo!

Gaius estava tentando lutar contra os pequenos punhos de


Aurora enquanto a mesma batia no pai.

— Havia quatro de vocês. — Ele olhou para baixo. — Aurora,


querida, por favor.

Os olhos de Helios escureceram.

— Mãe, me diga de novo por que não posso espancar o pai?

Vesta beliscou a ponta do nariz.

— Porque não foi só culpa dele, e você iria se arrepender,


eventualmente.

Gaius pareceu ofendido.

— Vesta, tenho certeza que ele se arrependeria imediatamente.

Aurora abandonou a ideia de esmurrar o pai e juntou-se à irmã


para se pendurar em Priest como um enfeite de Natal.

Priest deixou-se balançar para frente e para trás entre as duas

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mulheres enquanto Ari e Gage riam muito.

Cas foi até Helios.

— Se você é irmão dele, acho que isso o torna meu irmão


também. Eu sou Cassandra Vi'Illiya, companheira de Priest.

Helios fez uma meia reverência e beijou a mão dela em saudação.

— Que dia abençoado é ganhar tanto um irmão quanto uma


irmã.

Priest espantou o choque para apontar para Helios.

— Mantenha os lábios para si.

Helios sorriu.

— Não posso cumprimentar minha nova irmã?

Aurora revirou os olhos.

— Helios, pare de agir como um idiota e venha cumprimentar o


nosso irmão.

Brie apontou para a esquentadinha.

— Eu gosto dela.

Helios piscou um olho para Cas e caminhou até onde Priest


ainda estava espremido entre as irmãs.

Gage puxou Cas para ficar entre ele e Zoe de forma protetora.

— Helios é tipo um Priest mais alto e mais cortês.

— Eu sei ser cortês! — Priest protestou.

Cas observou a mancha azul sobre a aura do companheiro


encolher um pouco.

Priest olhou para os irmãos.

— Talvez eles não precisavam de mim tendo todos vocês, — ele


disse suavemente.

A expressão de Helios tornou-se contemplativa, então o mesmo


levantou a mão e deu um tapa na cabeça de Priest.

— Deuses, eu sempre quis fazer isso. Não dá pra fazer bem isso

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com as meninas. Elas chorariam.

Priest olhou para seu novo irmão.

— Que diabos?

Helios soprou os dedos.

— Precisa de outro? Cansou de sentir pena de si mesmo?

A boca de Priest se abriu, depois fechou, depois abriu e depois


fechou antes do mesmo sorrir.

— Obrigado. Se eu estivesse em casa, um dos meus irmãos de


unidade provavelmente teria feito a mesma coisa.

Helios olhou para Iris e Aurora.

— É para isso que servem os irmãos mais velhos. — Ele puxou


Priest contra o peito para que os quatro ficassem entrelaçados. —
Finalmente completos, — ele sussurrou. — Sempre sentimos que
faltava alguma coisa, mas não conseguíamos articular o que era.

Vesta e Gaius enxugaram as lágrimas ao ver as crianças


finalmente juntas.

Helios pigarreou e olhou em volta.

— Você é Ari Lionhart, não é?

Ari assentiu, olhando o homem atentamente.

— Ótimo. Eu gostaria de me tornar um guerreiro de unidade.


Como faço isso?

As sobrancelhas de Ari subiram até a linha do cabelo.

— O quê?

— O quê? — Priest sussurrou.

— O quê?! — Gaius rugiu.

Helios sorriu.

— Tenho um irmãozinho de quem cuidar e, honestamente, sinto


que preciso abrir um pouco as asas.

— Podemos nos juntar também? — Aurora perguntou.

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Alanea Alder
Iris torceu as mãos na frente de si.

— Mas eu não sei lutar.

Gaius se aproximou. E olhou para Helios.

— Não. — Então olhou para as filhas. — De jeito nenhum.

Aurora colocou as mãos no quadril.

— Os tempos estão mudando. O Priest serve, por que não


podemos?

— Umm, isso, — Iris acrescentou.

Ari estava esfregando a testa, preocupado, enquanto Brie ria ao


seu lado.

— Se os filhos do Ancião podem servir, isso significa que nós


podemos? — uma voz masculina perguntou na multidão.

— Adriano, você não tem ideia do que está acontecendo na


cidade, — Gaius começou.

O homem loiro deu um passo na direção deles.

— Temos sim, Ancião. A geração mais jovem visita a cidade mais


do que você imagina. Sabemos que os ferals encontraram um jeito de
entrar em Éire Danu e queremos ajudar. Não queremos ficar presos
nessas árvores para sempre.

Vesta cobriu a boca com a mão.

— Isso é o que a geração mais velha realmente temia quando


ficaram do lado da tradição, Priest. Mudança.

Gaius jogou as mãos para o alto.

— Então, eu deveria deixar todos vocês, crianças, lutarem contra


ferals?

— Sim! — Aurora gritou.

— Não! — ele gritou de volta. — Essa foi uma pergunta retórica.

A mulher cruzou os braços sobre o peito.

— Minhas asas funcionam muito bem, pai.

Priest ficou ao lado de Gaius e encarou a multidão.

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Alanea Alder
— Seu Ancião está certo. O que estamos enfrentando agora é
diferente de tudo que as unidades já enfrentaram antes. Seria suicídio
enfrentá-los sem treinamento.

Gaius bufou, parecendo justificado.

Priest sorriu maliciosamente.

— Dito isto, foi minha companheira quem recentemente lembrou


à Rainha que Éire Danu pertence a todos os seus habitantes. Tenho
certeza de que há coisas que as Águias da cidade podem fazer.

Adriano avançou com a mão estendida.

— Adriano Aetos. Acontece que sou o melhor amigo do seu


irmão. É uma honra conhecer uma águia que serve na unidade de
mais alto ranque da cidade.

Gaius olhou para Priest com surpresa.

— De mais alto ranque?

Ari passou o braço em volta de Priest.

— Somos a Unidade Tau. Respondemos diretamente ao Consorte


da Rainha, Brennus Ri'Eirlea.

Gaius sorriu suavemente.

Priest virou-se para Gaius.

— Gostaríamos de cuidar do que viemos fazer aqui, se for


possível?

Helios franziu a testa.

— Por que você veio até aqui em cima?

Priest apontou para Cas.

— Precisamos de um ninho.

Aurora e Iris gritaram:

— Um bebê! — Elas a envolveram com seu entusiasmo da


mesma forma que fizeram com o irmão.

Helios sorriu.

— Que notícia maravilhosa! Já se passaram anos desde que a

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última águia nasceu.

Cas, rindo, deu um passo para trás.

— Ainda não. Mas não queríamos esperar até o último minuto.

Helios olhou para a mãe, piscou e começou a rir.

— Para um primo distante, meu cu!

Vesta corou.

Iris e Aurora ofegaram, olhando para a mãe, e então começaram


a rir também.

Cas trocou olhares com Priest e Ari, que pareciam igualmente


confusos.

Aurora pegou sua mão e começou a puxá-la em direção a uma


grande cúpula de vidro.

— Venha! Podemos te mostrar. Este é o nosso aviário, onde


nascem nossos bebês. Mamãe já fez um ninho para você!

Priest olhou para Vesta.

— Você fez?

Olhando para o chão, esta assentiu.

— Era a única coisa que eu podia fazer.

Cas observou Priest hesitar e depois pegar a mão dela.

— Então acho que pode nos mostrar como funciona tudo isso.

Vesta chorou, mas sorriu enquanto assentia.

— É mais do que eu mereço.

Ame puxou sua saia.

— Está tudo bem compartilhar amor, lembra?

— Da boca dos bebês, — ela sussurrou, depois, olhando para


Zoe em busca de permissão, que assentiu, estendeu as mãos e Ame foi
até ela. Apoiando-o no quadril, o aninhou. — Deixe-me te mostrar onde
seu tio Priest nasceu. Ele era um lutador desde o início.

Caminhando atrás deles, de mãos dadas, ela e Priest observaram

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Ame olhar para eles e dar uma piscadela perfeita.

Priest virou-se para Ari.

— Talvez os meninos estejam passando tempo demais perto da


Meryn?

Brie chutou a parte de trás das pernas dele, fazendo-o tropeçar


um pouco, fazendo todos rirem.

Só Cas sabia que a mão que segurava a dela tremia. Mas graças
ao seu dom, sabia que era devido à animação e ao amor, não ao medo
angustiante que ele sentira quando chegaram.

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Alanea Alder
Capítulo doze
— Eles o que? — Niamh perguntou, se afundando em uma das
cadeiras da cozinha.

Depois de uma tarde turbulenta, Priest estava agora na cozinha


dos pais.

— Eles querem se encontrar com vocês. Gaius disse que não os


ofenderia por nada no mundo. — Priest ajoelhou-se ao lado da mãe. —
Eu disse a eles que vocês eram meus pais, mas — ele respirou fundo
—, eu gostaria de tentar conhecê-los, se estiver tudo bem.

Sua mãe simplesmente o puxou contra o peito e o abraçou com


força, depois o soltou para olhá-lo nos olhos.

— Tem certeza que ainda... — Ela olhou para o companheiro.


Seu pai se aproximou e colocou a mão no ombro dela.

— Sua mãe e eu entenderíamos se quisesse reivindicá-los e


tomar seu lugar com sua... família de verdade.

Priest ficou de pé, a boca seca.

— Vocês são minha verdadeira família, a menos que não me


queiram?

Sua mãe pulou da cadeira e deu uma cotovelada no estômago do


companheiro.

— Não é isso que estamos dizendo absolutamente. Só sabemos


que havia uma dor em você que não conseguíamos curar. Não se
engane, você será para sempre meu filho.

Seu pai assentiu, esfregando a barriga.

— Nosso filho, — o mesmo corrigiu. E olhou em sua direção. —


Eu falei errado, filho. O que eu quis dizer é que entenderíamos se
quisesse conhecer sua família biológica.

Priest exalou.

— Biológica. Essa é uma boa frase.

My
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Alanea Alder
Cas riu.

— Niamh, ele tem uma versão mais velha e sarcástica de si


mesmo como irmão mais velho e duas irmãs que pulam por aí
parecendo ligadonas em café.

Sua mãe sorriu.

— É difícil acreditar que ficamos com o docinho.

— Ei! Para sua informação, eu sou a personificação da doçura e


da luz, — Priest fungou indignado.

Seu pai olhou para Cas.

— Eles são igualmente dramáticos?

Cas balançou a cabeça.

— Ele definitivamente herdou isso de Niamh.

Sua mãe suspirou.

— Sou tão incompreendida. — Ela apontou para as cadeiras e


todos se sentaram novamente.

Priest não se apressou e retransmitiu tudo o que foi revelado


naquela tarde.

— Eles sentiram minha falta todo esse tempo, — ele admitiu


suavemente, ainda sem saber se acreditava nisso.

Sua mãe pegou sua mão.

— Claro que sentiram. Você é o filho deles. Não consigo nem


imaginar... — Ela estremeceu.

Seu pai bagunçou seu cabelo. Priest se abaixou sob sua mão.

Sorrindo, seu pai deu um tapinha em sua cabeça mais uma vez.

— Não foi o melhor começo, mas ter você aqui, vivo, é o melhor
resultado que seus pais biológicos e nós poderíamos ter esperado. O
fato de eles estarem dispostos a admitir seus erros e quererem seguir
em frente é incrível, Priest.

Ele olhou para o pai.

— Sério?

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Alanea Alder
— Sério. Lembre-se, as águias não vivem tanto quanto os fae.
Sua mãe e eu temos mais alguns milênios para viver. Sabemos que a
mudança não ocorre de forma rápida ou fácil. O que foi realizado esta
tarde é nada menos que um milagre.

Priest olhou para a companheira, que estava mastigando frutas


alegremente, e sorriu.

— Talvez precisássemos apenas de uma milagreira.

Sua mãe o olhou.

— Então, você conseguiu um ninho?

Ele assentiu.

— Vesta, minha mãe biológica fez um para mim. Disse que era a
única coisa que podia fazer por mim.

Sua mãe piscou para conter as lágrimas.

— Isso é adorável.

Ele segurou suas duas mãos.

— Não vou usá-lo se você não quiser.

Ela acenou com as mãos, dispensando sua preocupação.

— Estou tão feliz que eles finalmente estão te ajudando.

— Era bom mesmo, — Cas murmurou.

Priest estremeceu. Ele sabia que ela ainda estava puta com a
coisa do ovo.

— Qual o problema, querida? — perguntou sua mãe.

— Evidentemente, precisamos de um ninho porque posso acabar


botando a porcaria de um ovo, — Cas reclamou.

Seu pai se engasgou com o vinho e os olhos de sua mãe se


arregalaram.

— Quero dizer, eu sabia que poderia ser uma possibilidade, já


que nós mesmos quebramos o ovo do Priest, mas... oh céus, — sua
mãe disse, franzindo a testa.

Cas ergueu a taça enquanto Merrick corria para enchê-la.

My
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Alanea Alder
— Obrigada, Merrick.

O escudeiro assentiu.

— Se alguém merece, é você.

Seu pai se virou para ele.

— Vocês se juntarão a nós para o jantar?

Priest consultou o relógio.

— Não essa noite. Eu queria levar Cas para comprar almofadas e


depois dar uma olhada na Ameaça antes de ir para casa. — Ele olhou
para Merrick. — Você pode avisar o Eion através do cristal que
jantaremos lá? Ele está morrendo de vontade de receber mais
mensagens.

Merrick sorriu e assentiu.

Seu pai lançou-lhe um olhar.

— Almofadas?

— Meu quarto não tem cor. Algo que pretendo corrigir para a
minha companheira.

— É de fato muito simples, — concordou sua mãe.

Cas bebeu o vinho e ergueu a taça novamente.

Priest estremeceu. Ela estava realmente chateada com a coisa do


ovo.

Merrick, parecendo compreensivo, serviu-lhe outra taça.

Sua mãe olhou para sua companheira, então se levantou e foi


até o balcão lateral. Sem dizer nada, começou a fatiar um pouco do
pão fresco que Merrick havia feito. Ela o embrulhou em uma toalha e
lhe entregou. Ele murmurou “obrigado”. Ela lhe jogou uma piscadela.

— Qual o tamanho dos ovos de águia? — Cas perguntou.

— Nós podemos ver isso mais tarde, minha companheira, — ele


disse.

Seu pai franziu a testa.

— Pelo que me lembro, o ovo de Priest era mais ou menos do

My
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tamanho de um ovo de avestruz.

Os olhos de sua mãe se arregalaram e ela enterrou o rosto nas


mãos.

Cas franziu a testa.

— Ovo de avestruz... — a mesma pegou o telefone.

Priest prendeu a respiração.

— Treze centímetros! Está brincando comigo?!

— Oh, Ciaran, — sua mãe disse, balançando a cabeça.

Seu pai parecia confuso.

— O que? Ela queria saber.

Cas bebeu sua segunda taça de vinho.

— Sabe aquela promessa de eu te foder até você não aguentar


mais? Bem, pode esquecer, Sr. PênisOvo! — Ela se levantou,
cambaleou e saiu de casa.

— Porra! — Priest bateu com a cabeça na mesa.

— Sinto muito, filho, — seu pai disse com remorso.

Priest se levantou.

— Ela teria descoberto eventualmente, mas eu meio que


esperava que fosse depois desta noite.

Sua mãe apontou para a porta.

— Vá atrás da sua companheira, Meredith, e tenha uma coisa


em mente. A maioria das meninas pensa e até sonha em dar à luz.
Posso garantir que nenhum dos sonhos dela envolvia um ovo que não
arrulhasse ou se aconchegasse em seus braços depois.

Ele beijou a bochecha da mãe.

— Você sabe tudo. Obrigado, mãe.

— Estou sempre a disposição, filho.

Priest desceu a calçada da frente e olhou em volta. Ela não


poderia ter ido longe.

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Alanea Alder
Ele correu de volta para a Casa Illiya e viu Eion parado na porta.

— Ela está aqui?

Eion assentiu, a boca se contraindo.

— Para esclarecer, ela está lamentando o fato de você ter um


pênis de apenas treze centímetros? Ela estava reclamando tanto que
nada fazia sentido.

Priest foi responder e seu cérebro desligou quando tentou fazer


conversões.

— Espere, quanto é isso em polegadas?

Eion mal conseguiu evitar o riso.

— Cerca de cinco polegadas.

Priest exalou.

— Definitivamente um pouco maior. Não, ela está chateada


porque o ovo que pode acabar botando tem uma circunferência de
treze centímetros.

Eion o encarou.

— Um nascimento médio é dez.

— Oh. — Priest piscou. — Oh! Bem, merda.

Eion assentiu.

— Vou preparar dormitórios separados para você do outro lado


do corredor.

Priest gemeu.

— Ela pode me expulsar completamente da casa.

Eion apontou para trás.

— Ela está com Coll.

Priest foi até os fundos da casa e entrou no pátio.

Cas estava fungando, deitada com a cabeça no colo de Coll. Coll


olhou para cima e semicerrou os olhos.

— Tudo que sei é que ela está chateada. Se for com você, sugiro

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que vá embora, — o mesmo ameaçou.

Ele sentou-se em frente à companheira e seu coração se partiu


com as lágrimas silenciosas dela.

— Você passou por muita coisa nesses últimos dois dias, hein,
bebê?

Ela assentiu. Ele entregou-lhe o pão embrulhado em um


guardanapo. Sem palavras, ela abriu e começou a mastigar o lanche.

Ele olhou para Coll.

— Ela tem medo de botar um ovo porque está acasalada com um


shifter de águia.

— Isso é ridículo, — Coll zombou.

Cas sentou-se.

— É?

Coll assentiu.

— Cas, você é fae.

— Eu sei.

Coll apontou para sua barriga.

— Você é uma garota.

Ela assentiu.

— Eu também sei disso.

— Você já tem seus ovos. Ele só vai fertilizá-los, — Coll apontou


com o polegar para Priest.

Cas esfregou os olhos.

— Sério?

Coll sorriu.

— Estou disposto a apostar minha pedra de aquecimento


favorita. Biologicamente você não tem o que é preciso para criar um
ovo de águia.

Cas segurou a barriga.

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— Eu já tenho ovos.

— Sim, você nasceu com eles.

Ela olhou para Priest.

— Você ficaria desapontado se tivéssemos um bebê de verdade?


— Seus olhos se arregalaram. — Quero dizer, um bebê em forma
humana.

Ele riu e agarrou o pulso dela para puxá-la para seus braços,
fazendo o pão voar.

— Eu não me importo se teremos um ovo ou um bebê. Eu nem


me importo se adotarmos como meus pais fizeram. A única coisa que
me importa é a sua felicidade, e se tivermos filhos, a saúde deles, só
isso.

— Você realmente ia me levar para comprar almofadas?

— Na verdade, eu ia te levar para comprar tecidos e mandar


fazer nossas coisas.

Coll se levantou e deu um tapinha na cabeça de cada um deles.

— Vocês dois são boas crianças. Estou orgulhoso do que


conquistaram hoje.

— Conhecer os pais biológicos dele?

Coll balançou a cabeça.

— Vocês abriram a casca do ovo em que as águias estavam


presas e lhes mostrou que era possível coexistir com outros. Sinto as
árvores muito mais leves hoje.

Priest deu de ombros.

— Eu só queria um ninho para a minha companheira.

Cas zombou.

— Isso é o que você queria. Eu queria dizer aos seus Anciãos


para comerem merda e morrerem.

Coll deu uma risadinha.

— Ela é doce, mas não a irrite.

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Priest levantou-se e ajudou-a a se levantar.

— Se sairmos agora, poderemos chegar à Baba’s antes que ela


feche.

Cas parecia confusa.

— Não há outras lojas?

— Nenhuma na qual os guerreiros estejam dispostos a comprar.


A maioria dos alfaiates esnobou Oron quando ele voltou. Baba foi a
única que vendeu roupas para Izzy quando ela chegou, apenas com as
roupas do corpo. Então, apoiamos a Baba em troca.

Coll ficou na ponta dos pés e beijou a bochecha de Cas.

— Vá em frente e faça uns ovos mexidos ou algo assim.

Seu companheiro empalideceu.

— Acho que sei por que Aeson parou de servir ovos por um
tempo.

Balançando a cabeça, ele acenou para Coll e conduziu a


companheira para longe das Casas Fundadoras e Nobres.

Cas gemeu.

— Não acredito que eu disse aquilo na frente dos seus pais.

Ele esfregou as costas dela.

— Eles não se importaram.

— Eu me importo.

— E você merece o tempo que precisava para processar. — Ele


consultou o relógio. Se eles se apressassem, poderiam passar no Brick
Oven e depois ir à Baba’s. — Venha, minha companheira. Conheço
uma substância que fará você se sentir melhor.

— Drogas?

— Melhor.

Quando chegaram à frente da padaria, sua companheira ofegou.

— É tão fofo!

Ele abriu a porta e ela praticamente correu para dentro.

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Peter ergueu os olhos do balcão, deu uma olhada no rosto
marcado de lágrimas de Cas e depois de volta para ele. E estendeu a
mão.

— Cartão de crédito.

Suspirando, ele pegou a carteira e o entregou ao grande padeiro.

— O primeiro pedido tem que ser cobrado do meu pai na Casa


Aerdan. Todo o resto pode ir para a conta que você configurou.

— Oh, eu gosto disso, e disso, e daquilo, e ah! Querido! Olha os


brownies!

Priest sorriu.

— Tudo o que ela quiser será cobrado do meu pai, — ele disse,
sorrindo diante da exuberância dela.

Peter riu e anotou suas informações do cartão de crédito. Lhe


devolveu seu cartão e se virou para Cas.

— Tudo bem, querida. Diga a Peter o que precisa.

Priest franziu a testa.

— Você não precisa falar assim.

Cas o ignorou e sorriu para Peter.

— Você é o feiticeiro que criou essas maravilhas?

— Eu mesmo.

— Vou levar dois de tudo daqui até... aqui, — ela disse,


passando o dedo pelo mostruário.

Peter riu.

— Vocês, guerreiros, são ótimos para os negócios.

Cas se virou para ele.

— Deveríamos comprar algo para a Meryn? Ela pode precisar de


açúcar extra trabalhando naquela rede.

Ele se inclinou e beijou a testa da companheira.

— Você é um génio.

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Peter olhou por entre os dois.

— Qualquer coisa para a Princesa Meryn é por conta da casa.

Cas olhou para o mostruário.

— Talvez as trufas de mocha?

Priest balançou a cabeça.

— Ouvi dizer que ela teve que limitar a ingestão de cafeína.

Peter inclinou-se sobre o balcão.

— Eu uso um extrato de mocha. Não há cafeína além da


existente no chocolate.

Cas assentiu.

— Vamos pegar uma dúzia... — Ela olhou para as caixas atrás


dele. — As caixas são tijolos?

Peter sorriu.

— Eu mesmo projetei.

— Se pedir o suficiente, dá pra fazer uma parede, — sua


companheira sussurrou para si mesma.

Priest olhou para Peter, que assentiu. Sua companheira poderia


ter quantas caixas quisesse.

— O que você gostaria agora e para onde gostaria que o resto


fosse enviado?

— Já que estaremos fazendo compras perto da hora de fechar,


deveríamos levar alguma coisa para a Baba? — Cas perguntou.

— Não é uma má ideia. Eu quero permanecer do lado bom dela.

Peter assentiu.

— Se for para a Baba, tenho em estoque o cheesecake de


morango favorito dela. Posso embalar alguns para você.

— Obrigado, Peter, — Priest disse, observando a companheira


analisar uma remessa e depois a outra.

— Peter? Posso pegar os brownies para agora? Envie metade do


restante para a vila dos guerreiros e a outra metade para a Casa Illiya.

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Alanea Alder
— Claro que pode, querida, — ele disse, abrindo uma de suas
caixas para a viagem.

— Você gosta demais de flertar com as nossas companheiras, —


Priest resmungou.

— Elas são o ponto alto do meu dia, guerreiro. Deixe este


humilde velho desfrutar da presença de tanta beleza, — Peter falou
lentamente.

Cas corou lindamente com as palavras do padeiro.

Em seu peito, Priest sentiu seu pássaro se remexer infeliz. Ele


colocou a mão no peito, surpreso.

Cas se virou para ele.

— Você está bem?

— Meu pássaro está sendo rabugento.

Ela lhe beijou o peito.

— Depois de entregarmos a guloseima de Meryn, iremos para


casa, tudo bem? — ela perguntou, jogando-lhe um olhar ardente.

— Eu estarei inteiro amanhã?

— Definitivamente não.

— Graças aos deuses, — ele sussurrou.

Peter lhes jogou uma piscadela e lhes passou suas guloseimas.

— Tenham uma boa noite.

Balançando a cabeça, Priest levou a companheira até a Baba’s.

*****

— Estou surpreso que você tenha optado pelo azul-petróleo, —


ela disse, olhando para Priest.

Ele deu de ombros.

— Gosto de todos os tons de azul.

Foi um prazer conhecer Baba. A mulher mais velha ouviu o que


ela tinha a dizer sobre certas cores e fez algumas sugestões sobre
maneiras discretas de adicionar cores às suas áreas de estar.

My
SalvatioN
Alanea Alder
Já fazia algum tempo que Cas não se sentia tão feliz. Ela não
tinha certeza de quanto daquilo era devido ao brownie que comera ou
ao alívio por não ter que botar um ovo, mas tinha certeza de que estava
flutuando pela rua.

— Em breve, — Priest murmurou contra a lateral de seu


pescoço, causando arrepios em sua espinha.

— Não tão em breve quanto eu gostaria.

Priest acenou para os guardas nas portas do palácio, e seguiram


pelo corredor até os aposentos da rainha.

Seu companheiro bateu e esperou. Momentos depois, um Darian


de aparência preocupada abriu a porta. Franzindo a testa, o mesmo
olhou para ele e depois para ela.

— Como vocês sabiam que havia um problema?

A mão de Priest foi para a arma, e ela olhou além do príncipe


para ver todos sentados à mesa olhando para Meryn.

Brennus os olhou.

— Cassandra, graças aos deuses que está aqui.

Ela e Priest correram para dentro e Darian rapidamente fechou a


porta atrás deles.

Cas deu uma olhada em Meryn e inalou bruscamente.

— Oh não.

Aiden segurou uma das mãos dela, parecendo frenético.

— O que há de errado com ela?

Exteriormente, Meryn estava olhando para frente, piscando de


vez em quando, mas não estava reconhecendo que eles haviam entrado
na sala.

Cas olhou para a aura dela.

— Está totalmente preta.

— E se derramarmos sal na garganta dela? — Izzy sugeriu.

Ryuu estava com as duas mãos nos ombros de sua incumbência.

My
SalvatioN
Alanea Alder
— É como se algo estivesse me impedindo de chegar até ela. —
Ele apontou para a pulseira dela, que brilhava em verde claro. — Não
tenho ideia se está funcionando.

— É claro que está funcionando, — disse uma voz profunda do


outro lado da sala. Momentos depois, Abraxas entrou, franzindo a
testa de forma agourenta. — O demônio não será capaz de influenciar
seu coração.

Cas olhou para a pequena área de estar. Kendrick e Thane


estavam inclinados sobre livros e Amelia chorava baixinho nos braços
da Rainha.

Cas olhou, piscou, esfregou os olhos e depois olhou mais de


perto.

— Ela está...

— O quê? — Aiden exigiu.

— Ela está rindo, — Cas lhes disse, observando enquanto a aura


de Meryn rodopiava e então gargalhava em rosa e amarelo.

— Ela riria mesmo, essa merdinha maluca, — Brie disse,


balançando a cabeça.

Priest foi até o líder de sua unidade.

— Ari, o que fazemos?

Ari apontou para o outro lado da mesa.

— Por enquanto, nada.

— Gage e Zoe?

Ari suspirou.

— De volta à vila dos guerreiros. Estou grato pelos meninos não


estarem aqui.

Cas virou-se para o escudeiro de Meryn.

— A saúde dela?

Ryuu exalou lentamente.

— Melhor que nunca. A pressão arterial dela está perfeita.

My
SalvatioN
Alanea Alder
Ela se sentou e continuou a monitorar a aura de Meryn.

— Nós temos café? — Cas perguntou.

Ela tinha a sensação de que precisariam.

*****

— Uau! Cara, eu estava trabalhando em algo! — Meryn fez


uma careta para o belo demônio que a sequestrara novamente.

— Peço perdão, mas senti que lhe devia um presente por me


defender tão adoravelmente, — ele brincou, depois indicou que se
sentasse.

Ela se jogou no sofá e suspirou enquanto se afundava.

— Eu gostaria de poder ter isso no mundo real, são tão


confortáveis.

— Eu também, — ele comentou.

Ela piscou.

— Ah, sim, sinto muito por isso.

Ele dispensou suas preocupações. Então a olhou


especulativamente.

— Você estava muito brava antes. Foi assim que chamou minha
atenção.

Meryn deu de ombros.

— Não foi nada.

— Ora, minha querida, pensei que já tínhamos passado das


mentiras.

— Temos que estar se você não consegue mentir, certo?

Ele riu.

— Exatamente. Pense nisso como usar condições equitativas.

Ela riu. De jeito algum havia condições equitativas com aquele


cara.

— Como eu estava dizendo. Você estava muito brava. É algo no


qual posso ajudar?

My
SalvatioN
Alanea Alder
Meryn piscou.

— Sem chance. Eu fiz um acordo em um momento de fraqueza,


você não vai me deixar toda confortável para eu vender a minha alma
ou algo assim.

Ele franziu a testa.

— Meryn, por que diabos eu iria querer sua alma? Ela já está
bem danificada, na verdade.

— Essa doeu, cara.

— Você já deveria saber que minha moeda é um pouco diferente.

— Recordações?

— E favores. Embora você tenha pago pela troca da última vez,


ainda me liberou para fazer algo que funcionasse fortemente a meu
favor. Eu sinto que, além de suas palavras corajosas, você ganhou um
dos meus favores.

Meryn se esticou e estalou as costas.

— O que você pode fazer?

— O que não posso fazer?

— Sair da sua caixa, — ela respondeu.

Ele a olhou.

— Isso foi muito direto da sua parte.

Ela piscou.

— Isso é ruim?

Ele balançou a cabeça.

— Eu continuo tentando tratá-la como uma humana, esse é o


meu erro. O que posso fazer por você?

— Não muito no momento. Estou trabalhando em algumas


coisas de rede. Aiden e o amendoinzinho estão legais, — ela disse,
apontando para a barriga.

— Você ameaçou matar muitos ferals antes, todos eles, se bem


me lembro.

My
SalvatioN
Alanea Alder
Meryn sentiu-se corada. Ela queria matar os ferals para que sua
tia não ficasse estressada e desvanecesse, mas não achava que isso
ajudaria agora.

— Não acho que isso vá importar agora.

— Então devemos chamar de favor devido?

— Claro.

— Então vou te deixar voltar.

— Voltar? Merda, por quanto tempo dormi dessa vez?

Ele balançou a cabeça.

— Você não está dormindo, apenas olhando para o nada.

— Cara, isso é totalmente suspeito.

— Eles sabem sobre mim agora de qualquer maneira.

— Ah sim.

— Você fechará a porta entre nós, Meryn?

Ela pensou sobre sua pergunta e balançou a cabeça.

— Eu mantenho o que disse. Não acho que você seja mau. Você
faz coisas ruins, mas não porque tem um baita tesão nisso, é apenas
um meio para um fim, certo?

Ele assentiu.

— Sim.

— Então vou esperar e ver esse final antes de tomar minha


decisão final sobre você.

— Talvez seja tarde demais até lá, — ele alertou, enquanto a sala
começava a desaparecer.

— Aí é dose mesmo.

Sua sedutora risada masculina ecoou em seu coração e em seus


ouvidos enquanto ela piscava e olhava ao redor da mesa.

— Merda.

*****

My
SalvatioN
Alanea Alder
Cas largou a xícara de café.

— A escuridão desapareceu completamente, ela deve ser ela


mesma novamente.

— Eu estou bem, pessoal, de verdade, — Meryn disse, virando-se


de um lado para outro sob as inspeções preocupadas de Aiden e Ryuu.

— Meryn, é verdade que o demônio te contatou? — perguntou a


rainha.

Meryn assentiu.

— Ele disse que sentiu quão brava eu fiquei mais cedo e


perguntou se eu precisava de ajuda para matar os ferals. Eu disse a
ele que eu estava de boa. Então ele disse que ficaria me devendo um
favor.

Aiden balançou a cabeça.

— Não, você não estava de boa! Você não respondia!

Meryn ergueu o dedo.

— Meu coração não parou e eu não fiquei dormindo por uma


eternidade e depois acordei com a bexiga estourando. Isso foi melzinho
na chupeta.

— Não foi não! — tanto Aiden quanto Ryuu gritaram ao mesmo


tempo.

Meryn revirou os olhos e olhou em volta. Avistando assim a


pequena caixa de tijolos.

— Guloseimas?

Cas empurrou a caixa para mais perto.

— Nós os trouxemos para ajudar com as coisas da rede. Essas


são as trufas de mocha do Peter.

Meryn pegou a caixa e abriu a tampa.

— Isso aí.

Pip colocou a mão no braço dela.

— Você está bem mesmo, mesmo?

My
SalvatioN
Alanea Alder
Ela assentiu.

— Sim. Eu não mentiria para você, Pip. No momento, o cara


demônio é legal. Talvez no futuro ele não seja legal, mas por enquanto,
queremos as mesmas coisas, então ele não vai me matar.

Pip assentiu lentamente.

— Isso é... bom?

— Com certeza! Eu prefiro um cara gostoso sendo honesto sobre


a possibilidade de me matar do que um babaca mentiroso dizendo
coisas legais enquanto me apunhala pelas costas, em qualquer dia.

Pip pensou sobre isso.

— Tá bom.

Nigel colocou a mão na cabeça dela.

— Você nos chamaria se precisasse de ajuda, certo?

Meryn enfiou uma trufa inteira na boca e assentiu.

— Ooo es no-oo, — disse a mesma com a boca cheia, apontando


para seu escudeiro. E engoliu. — Onde está meu notebook?

Neil pegou-o da ponta da mesa e lhe entregou.

Gemendo, ela o abriu.

— Essa merda é inútil.

Atrás dela, Aiden ainda estava andando de um lado ao outro e


reclamando sobre comportamento imprudente. Ryuu ainda não tinha
tirado as mãos dos ombros dela.

Abraxas olhou para ela e assentiu.

— Você está lidando bem com ele. Lembre-se de que tem meu
favor se ele decidir agir de acordo com seus impulsos mais baixos.

Ela fez um sinal de positivo ao Guardião.

— Pode deixar!

Suspirando e balançando a cabeça, ele voltou para o pátio.

Brennus olhou para a sobrinha.

My
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Alanea Alder
— Você está realmente bem?

— Não. Meus olhos doem vendo essa bagunça, — ela


resmungou, apontando para o notebook.

Ari riu.

— Soa como a Meryn para mim.

Meryn olhou para onde Priest, Ari e Brie estavam sentados.


Ergueu as mãos e fez duas armas de dedo.

— Piu Piu!

Brie balançou a cabeça.

— Sim, é ela mesma.

Aiden bateu na mesa ao lado de Meryn, fazendo seu notebook


tremer.

— Chega de demônios!

Meryn suspirou.

— Cara.

— Não me venha com isso, Meryn. Você não tem ideia do que
eles são capazes! — Aiden gritou.

Meryn pegou uma brilhante vareta prateada.

— Vá em frente. Continue gritando.

Aiden olhou e depois apontou para sua pequena companheira.

— Essa deve ser a influência do demônio.

Ari não foi o único que riu abertamente.

Pip olhou para Aiden, inclinando a cabeça com confusão no


rosto.

— Ela te ameaça o tempo todo.

Aiden olhou para o rosto sério de Pip.

— Eu sei, é só que...

Meryn abaixou a vareta.

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Alanea Alder
— Aiden, você me ouviu dizer algo como: “Oi! Demônio gostosão,
venha tomar conta do meu cérebro quando eu tiver linhas de código
para decodificar!”?

— Não, — Aiden resmungou.

— Exatamente. Eu não instiguei esse pequeno interlúdio, então


não me enche o saco!

Aiden desabou na cadeira ao lado dela.

— Nada pode acontecer com você. Eu deixaria de existir.

— Eu sinto o mesmo, garanhão. Agora, traga-me um café porque


seus boquetes noturnos foram suspensos enquanto eu trabalho para
decodificar essa rede.

Um rubor subiu pela nuca de Aiden.

— Como queira, bebê.

Izzy gargalhou.

— Sim, ela está bem.

Brie se inclinou para frente.

— O sistema deles é tão bom assim? Achei que nada te


empacava.

Meryn engasgou dramaticamente.

— É ruim demais. É repugnantemente funcional pelo que é, o


que significa que nada está onde e como deveria estar. É a porra de um
pesadelo.

Kincaid recostou-se, parecendo preocupado.

— Espero que consigamos algo com isso.

Meryn bufou.

— Cara, mesmo que não consigamos nada, ver um feral tão


exausto por ter sido preso e comer seu amigo fez todo o esforço valer a
pena.

O jovem bruxo se animou.

— Tem isso, acho.

My
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Alanea Alder
A rainha empalideceu.

— Ele o quê?

Meryn olhou para cima com olhos brilhantes. Ela ergueu as


mãos e imitou o ato de comer espiga de milho.

— Ele estava tipo nom nom nom no fêmur do outro cara. Tinha
marcas de dentes e tudo mais entre os pedaços de carne podre. — Ela
fez uma pausa. — Ferals fazem cocô? Talvez parte do cheiro fosse dele
cagando carne podre digerida.

Ari vomitou seco.

A rainha ficou imóvel.

— Isso parece... desagradável.

Brie enxugou os olhos enquanto continuava a rir da situação do


companheiro.

Amelia manteve um guardanapo na boca. Atrás do guardanapo,


seus olhos sorriam.

— Vou aceitá-la como ela é, não importa o que aconteça.

Meryn mandou um grande beijo para a prima.

— Idem. — Ela suspirou. — Talvez eu tenha uma atualização


amanhã no café da manhã.

Cord fez uma reverência.

— Ouvi falar de sua viagem hoje cedo. Devemos retirar os ovos


do cardápio? — ele perguntou, os olhos brilhando.

Meryn olhou para Cas.

— Você realmente vai botar um ovo? E se sim, posso ver?

Ela balançou a cabeça.

— Fiquei incerta por um tempo, estava prestes a me tornar


celibatária bem rápido, então Coll, meu Espírito Guardião, disse que
eu teria um bebê humano, já que sou fae.

Meryn ficou pensativa.

— Tem shifters de galinha? — a mesma perguntou do nada.

My
SalvatioN
Alanea Alder
Aiden balançou a cabeça e se inclinou para frente, deixando a
testa repousar sobre a mesa.

— O quê? É uma pergunta válida. Se há águias, pode haver


galinhas, — Meryn protestou.

A rainha riu enquanto balançava a cabeça.

— Acredito que não, Meryn.

A pequena mulher ajoelhou-se na cadeira e virou-se para olhar


para o escudeiro.

— Você não me alimentaria com nuggets de shifter, não é?

Ele deu de ombros.

— Depende de quão bravos eles te deixaram.

Meryn suspirou feliz.

— Você me entende tanto.— Girando, ela sentou-se novamente.

Ao seu lado, Aiden batia lentamente a cabeça na mesa.

Priest se levantou.

— O perigo iminente acabou?

Ari assentiu.

— Por quê? Encontro quente?

Priest sorriu.

— Você notou que Cas disse que ela quase se tornou celibatária.

Ari acenou para eles.

— Vão fazer ovos, — este brincou.

Cas olhou para Brie.

— Seu companheiro te comprou os últimos brownies de mocha


do Peter?

Os olhos de Brie se estreitaram.

— Ele ainda não pegou nada pra mim do Brick Oven.

O queixo de Ari caiu.

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— Golpe baixo.

Cas deu de ombros.

— Só estou preocupada com os golpes do Priest. — Ela piscou


um olho para Brie, que piscou de volta. Cas conduziu seu companheiro
para fora do recinto, fechando a porta atrás de si.

— Acho que os feriados serão incríveis, — ela disse enquanto


voltavam para a Casa Illiya. Ter irmãs de guerra, por assim dizer,
quando se tratava de lidar com os guerreiros estava se tornando uma
das coisas mais divertidas que vivenciara em anos.

— Quase posso garantir isso, — Priest prometeu.

My
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Alanea Alder
Capítulo treze
Cas sentiu um contentamento profundo que lhe aqueceu o
coração e manteve um sorriso em seu rosto. Ela olhou para o
companheiro e viu que seu rosto também continha um leve sorriso, e
seus olhos brilhavam de felicidade.

— Que tal adiarmos nossa noite de jogos e relaxarmos na Casa


Illiya esta noite? — ela sugeriu.

Priest assentiu distraidamente.

— O que você quiser, querida.

Você, seu bobinho. Eu quero você.

Ela tinha planos de seduzir o companheiro. Só precisava ficar


sozinha com ele por um tempo e isolar-se do mundo por uma noite.

— Me pergunto o que o Eion fez para o jantar, — ela pensou em


voz alta.

— Conhecendo o senso de humor dele, frango, — adivinhou


Priest, fazendo-a rir. Na verdade, não era uma ideia tão absurda.

Ao chegarem em casa, foram até a cozinha.

— Chegamos! — ela gritou.

Eion apareceu da área de estar lateral.

— Bem-vinda ao lar, querida. Está tudo bem agora? — o mesmo


perguntou, levantando uma sobrancelha.

Ela rodeou a ilha e deu um abraço em seu escudeiro.

— Sim. Desculpe por te preocupar mais cedo.

Ele lhe beijou o topo da cabeça e depois a conduziu até a mesa


onde tigelas e travessas de comida a esperavam.

Priest juntou-se a ela à mesa.

— O cheiro está incrível, Eion.

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Alanea Alder
— Eu ia servir frango assado, mas pensei que isso poderia ser
insensível, dados os acontecimentos de hoje, — disse Eion antes de
levantar a tampa do prato central.

Priest riu pelo nariz e apontou para Eion como se dissesse: "Eu te
avisei".

— Cord, do palácio, nos presenteou com uma deliciosa carne de


porco. Ele disse que não conseguiriam consumir tudo antes que
estragasse e, sendo algo tão bom, seria um desperdício congelá-lo. Os
visitantes da Vanguarda também gostaram.

Priest esfregou as mãos.

— Caramba!

Eion começou a cortar o lombo e sucos escorreram da carne,


espalhando aromas deliciosos pelo ar.

Cas ergueu o prato. Eion a serviu, então serviu Priest.

Em seguida, acrescentou uma grande porção das cenouras e


batatas que preparara. Olhando em volta, ela sorriu ao ver a salada. Em
uma grande tigela separada, ela serviu-se de uma porção generosa de
verduras e legumes enquanto Eion acrescentava batatas ao prato de
Priest.

— Como estão os caras?

Eion sorriu.

— No início foi estranho ter outras pessoas aqui, mas descobri


que é muito agradável. Eles acordam mais cedo do que você, então isso
não interfere de forma alguma em meus deveres de servir.

Ela olhou e viu que Priest só tinha carne de porco e batatas no


prato.

— Pelo menos experimente uma salada, — sugeriu ela.

Priest deu de ombros e, usando o pegador, colocou duas folhas no


prato.

Atrás dela, Eion riu.

— Acho que é um começo.

Ela ouviu o estalo de uma rolha e um vinho branco lhe foi servido.

My
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— Obrigada, Eion.

Depois de servir Priest, ele colocou a garrafa em um refrigerador.

— Estarei na área de estar se precisarem de mim. Deixem a


bagunça. Limparei mais tarde.

— Você já comeu?

Este assentiu.

— Eu me deliciei com os cortes de porco que a Vanguarda


defumou mais cedo. Aproveitem. — Ele lhe jogou uma piscadela e saiu.

Sorrindo, ela tomou um gole de vinho. Hora de começar a torturar


seu companheiro.

*****

Priest estava na metade de sua carne de porco quando olhou para


cima e viu a expressão de êxtase no rosto de sua companheira
enquanto a mesma gemia por causa da salada. Instantaneamente, seu
corpo reagiu.

— Eu entendo essa reação pela carne de porco, mas pela salada?


— ele perguntou, tentando ignorar o próprio corpo.

— Não subestime o quanto eu ansiava por frutas e vegetais fae


enquanto estava fora. — Ela ergueu o garfo e envolveu-o com a língua,
buscando um pouco de molho.

— Cas, — ele começou, então estremeceu quando a voz falhou.


Ele pigarreou e continuou. — Diga-me quais são seus favoritos e eu
pegarei alguns para você.

— Você é um doce.

Ele sorriu e foi dar outra mordida quando ela começou a colocar
as cenouras fatiadas na boca e lamber os dedos após cada bocado.

Contorcendo-se na cadeira, ele tentou ficar confortável.

Ela o olhou.

— Tem certeza de que não quer experimentar as cenouras? Eion


as assa. São bem incríveis.

— Não. Estou bem.

My
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Alanea Alder
Quando ela pegou uma fatia de porco e começou a sugar o suco
da carne, ele derrubou o garfo. Se ele tivesse estado mastigando,
provavelmente estaria engasgado... de novo.

— Deuses acima, isso é bom! — ela exclamou.

— Uh-huh.

— Droga! — ela franziu a testa para a camisa, o suco da carne de


porco havia caído na parte frontal.

Suspirando, ela a tirou pela cabeça e se levantou para ir até a pia.

— Eion sempre diz para usar água fria, acho eu.

— Uh-huh.

A comida foi oficialmente esquecida.

Ele só conseguia encará-la. Sua pele pálida estava levemente


tingida com tons dourados. Suas costas estavam cobertas pela cascata
de longos cabelos loiros que sempre o faziam pensar em sobremesa. O
cheiro doce de madressilva o provocou quando ela caminhou até a pia.

Agora que a blusa dela fora removida, ele viu que ela usava um
sutiã simples de renda branca com um pequeno laço rosa no meio. Os
montes de seus seios enchiam os bojos acetinados, e ele achava que
nunca tinha visto algo tão lindo na vida.

Virando-se, ela lançou-lhe um olhar caloroso. Em seguida,


passou o polegar por entre os seios antes de colocá-lo na boca para
chupá-lo.

— Mais sucos, — explicou ela.

— Uh-huh.

Neste momento, sua companheira estava rindo e observando-o


atentamente.

— Meu pobre companheiro. Como estão suas três células


cerebrais funcionais?

— Desligaram quando você começou a gemer, — ele admitiu


livremente.

— Eu ia te provocar e seduzir, mas caramba, você é adorável


demais assim. — Ela lhe estendeu a mão. — Priest, quer me levar para

My
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Alanea Alder
cima e fazer amor comigo?

Priest se levantou tão rápido que derrubou a cadeira. Ele ignorou


sua mão e simplesmente a pegou no colo.

— Passe pela sala de jantar para chegar às escadas e não teremos


que desfilar na frente do Eion, — disse ela, apontando para a porta
mais distante.

— Certo.

Praticamente correndo, as escadas voaram sob os pés de Priest


até chegarem ao quarto. Ela se inclinou e abriu a porta. Entrando, ele
fechou a porta com um chute atrás de si. Ele foi até a cama e sentou-a
gentilmente. Ao vê-la sentada ali de sutiã e calça, o olhando, o cabelo
espalhado pelas cobertas e as bochechas rosadas, ele sabia que aquele
momento ficaria para sempre gravado em seu coração e mente.

Ajoelhando-se, ele pegou os sapatos dela e os tirou um de cada


vez. Tirou-lhe as meias e tocou-lhe as calças. Dando uma piscadela, ela
as desabotoou e as tirou até ficar apenas de sutiã e calcinha.

Não querendo perder um único momento, ele começou a tirar a


roupa. Quando chegou às calças, o zíper passou por cima do tecido
lateral e se enroscou nos pequenos dentes de metal.

Franzindo a testa, ele puxou, depois puxou novamente. A coisa


não se movia.

— Priest, vai se juntar a mim? — ela perguntou, riso na voz.

— Sim, me dê só um segundo.

Ele puxou o zíper repetidamente, implorando a todos os deuses


que conhecia que o ajudassem.

Na cama, sua linda companheira estava rolando e rindo de sua


situação.

Ele parou suas tentativas de fazer o maldito zíper abrir e


simplesmente a observou.

— Você é quase linda demais de se olhar, — disse ele, observando


a longa extensão de pele que agora lhe estava exposta.

— Você também. Quando suas roupas me deixam te olhar, — ela


brincou.

My
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Priest olhou em volta e, quando confirmou que sua mala de
viagem estava no canto, simplesmente arrancou o tecido do corpo.

Na cama, sua companheira inalou bruscamente e a risada


cessou. Ela agora o observava com olhos famintos. Indiferente à
situação das roupas de amanhã, ele retirou imprudentemente seu traje
incômodo e, finalmente nu, caminhou em direção à companheira.

Quando ela foi pegar seu pênis, ele balançou a cabeça.

— Minha vez.

Ela rapidamente tirou o sutiã e a calcinha e recostou-se sobre os


cotovelos.

— Eu sou toda sua.

Ele subiu na cama e simplesmente a puxou para seus braços. E


não conseguiu conter seus gemidos quando suas peles quentes se
tocaram. Ele os entrelaçou, querendo tanto contato quanto pudesse.

Ela envolveu as pernas em volta de sua cintura, e ele pôde sentir


como ela estava molhada por como banhava seu abdômen.

Ele colocou a mão entre seus corpos e separou suas dobras,


procurando aquele pequeno nó especial que a faria gritar. Quando o
encontrou, o circulou preguiçosamente e a respiração dela acelerou. Só
quando ele ignorou a parte superior e massageou os dois lados é que
ela começou a se contorcer embaixo dele.

— Priest! Não assim, por favor, — ela implorou. — Eu te quero


dentro de mim.

Inclinando-se para trás, ele a olhou no rosto. Ela estava


completamente corada de paixão e de olhos semicerrados.

— Eu te amo, Cassandra Vi'Illiya. Acho que te amei antes mesmo


de te conhecer. Te amarei pelo resto de nossa existência e, quando
chegar a hora de partirmos deste mundo, te amarei no pós-vida.

Ela estendeu a mão trêmula para traçar sua testa.

— Eu te amo, Priest. Você traz uma leveza ao meu coração e à


minha vida que eu não sabia que precisava. Eu anseio por suas risadas
e seus sorrisos. Nos una, meu amor, para que nunca mais tenhamos
que nos separar, — implorou ela.

My
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Alanea Alder
Usando a mão, ele guiou o pênis até a abertura dela e a penetrou
lentamente. Sua companheira, chegando ao fim de sua paciência,
ergueu os quadris e empalou-se completamente.

— Issso, — ela sibilou.

Ele começou devagar, retirando-se em um ritmo constante, mas


quando a cabeça dela começou a se debater de um lado ao outro, ele
sabia que ela estava pronta. Sem aviso, ele a estocou com força.

— Deuses! Sim!

Ele a sentiu estender a mão e cravar as unhas em suas costas.


Dentro de seu peito, seu pássaro se mexeu. Pela primeira vez na vida,
este parecia passivo e curioso.

— Mais, — sua companheira exigiu.

Ele manteve as estocadas profundas até ver a expressão dela se


contorcer de frustração. Pondo a mão entre si, ele colocou o dedo médio
e o indicador de cada lado do clitóris dela.

— Caraalhooo! — ela gritou.

Ele manteve o ritmo até sentir os espasmos dela ao seu redor. Só


então se inclinou para morder-lhe a lateral do pescoço.

O gosto do sangue dela em sua língua fez seu pássaro gritar


dentro de si.

Acima deles, partes de suas almas afluíram para se fundirem


como uma. Giraram juntas antes de se separarem e retornarem para si.
A essência que se dirigiu à sua companheira tinha asas espectrais. A
que se dirigiu a ele era uma nuvem de arco-íris.

Quando a nuvem colorida cobriu seu coração, ele sabia que


estavam conectados para toda a eternidade.

Ele caiu para o lado, ainda profundamente dentro do corpo dela.


Respirando com dificuldade, a puxou para perto.

— Ele te machucou? — ele perguntou.

— Seu pau? Não, ele foi perfeito, — disse ela, suspirando


alegremente.

Ele se retirou, fazendo com que ambos silvassem com a perda.

My
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Alanea Alder
— Não, o meu pássaro, ele te machucou?

Ela esfregou o peito.

— Não. Ele parece estar fazendo um ninho agora. Ficando


confortável.

Ele foi rolar e se levantar na beira da cama e calculou mal.


Quando caiu no chão, houve silêncio, então o rosto de sua companheira
o olhou do colchão.

— Você está bem?

— Sim. Minhas pernas simplesmente esqueceram de como ser


pernas por um segundo. — Ele se endireitou e cambaleou até o
banheiro. Deixou a água escorrer até esquentar. Depois de se limpar,
levou de volta alguns panos molhados e secos para Cas.

Quando ela terminou, os devolveu para ele.

— Priest, eu meio que ainda estou com fome. Na verdade, estou


faminta agora.

Ele andou e jogou os panos na pia. Pegando uma toalha, a


enrolou na cintura.

— Vou descer para pegar nossos pratos.

Ao abrir a porta, viu que uma bandeja cheia da comida do jantar


os esperava. Sorrindo, ele a pegou e a levou para a cama.

— Eu adoro escudeiros.

Cas corou, mas depois riu.

— Ele sempre foi incrível.

Ele colocou a bandeja na cama e os dois caíram de boca nela de


forma arrebatadora.

— Como ele era quando você era criança? — Priest perguntou,


curioso sobre a infância dela. Ele comeu um bocado de carne de porco e
suspirou feliz.

— Ele era uma mistura maravilhosamente estranha de segundo


pai e irmão mais velho. Às vezes eu precisava de um parceiro de crime,
e ele estava presente para mim, mas outras vezes ele arruinava tudo.
Acho que ele me mimou mais do que deveria, sabendo que eu perderia

My
SalvatioN
Alanea Alder
meus pais jovem. Ele queria que eu tivesse nada além de lembranças
felizes enquanto crescia. E você e Merrick?

Priest franziu o cenho para a salada no garfo que ela lhe estendia,
depois comeu um bocado. E ficou surpreso com a quantidade de sabor
na combinação dos vegetais. Ele mastigou e engoliu.

— Bem, você conheceu meus pais.

Ela assentiu.

— Merrick era tipo a voz da razão em casa. Sempre que minha


mãe tinha uma ideia maluca, era ele quem a dissuadia e a colocava em
um território mais razoável. Ele apoiou meu pai quando ele teve que
cercear minha mãe e, basicamente, durante toda a minha infância, ele
me lançou expressões desesperadas e sofridas, como se dissesse: "Eu
amo a sua mãe, mas por favor, não puxe pra ela. Eu só consigo lidar
com um".

Cas riu.

— Deve ter sido lindamente caótico.

Ele assentiu.

— Acho que é por isso que pouca coisa me afeta. Fui criado na
provação caótica produzida pela minha mãe.

— Ela tem um coração de ouro puro, — Cas refutou.

Ele assentiu.

— Claro que tem. Mas em torno desse coração gira uma


tempestade de ideias e planos prontos para serem executados.

— E seu pai?

— Ele a mimava o tempo todo. Acho que ele nunca lhe disse não.

— Isso é lindo.

— Porque ela conseguia o que queria?

— Não, seu idiota. Porque isso significa que ele a aceita, com caos
e tudo. Tipo Aiden e Meryn. Você sabe que aquela mulher o deixa
maluco, mas isso não importa para ele.

— Você pode me deixar maluco quando quiser, — ele ofereceu,


inclinando-se para mordiscar sua marca de mordida.

My
SalvatioN
Alanea Alder
Ela se virou e lhe beijou a ponta do nariz.

— Tenho a sensação de que pode ser você quem vai me deixar


louca.

Deitando-se, ele deu um tapinha na própria barriga cheia.

— É só nós dois sermos loucos, — ele sugeriu, depois bocejou.

— Priest, coloque a bandeja no chão. Estou cansada.

Sentando-se, ele passou as pernas por cima da cama e se


levantou. E ficou agradavelmente surpreso quando as mesmas
cooperaram. Ele pegou a bandeja e a levou até a longa cômoda.
Tremendo por causa do frio noturno, ele correu de volta para se
aconchegar com a companheira.

Ela o buscou e este passou o braço em volta da cintura dela.

— Você é tão quentinho.

— É só para isso que eu sirvo?

— Sim.

Quando ele lambeu a parte de trás da orelha dela, ela guinchou e


lutou para se afastar.

— Eu me vingarei! — Ele balançou a língua de um lado ao outro.

— Não! — ela gritou, rindo sem fôlego.

Ele foi capaz de lamber a nuca dela uma vez antes de rir demais
para continuar.

— Para que mais eu sirvo?

— Sexo! — ela gritou.

Ele aceitaria isso.

— Ótimo. — Ele se acalmou e puxou-a para perto novamente.

— Priest?

— Sim, bebê?

— Nunca mude.

— Não vou, — ele prometeu.

My
SalvatioN
Alanea Alder
Capítulo quatorze
— Nada vai conseguir me incomodar hoje, — disse Priest
enquanto caminhavam de mãos dadas em direção ao centro da cidade.

— Nada? Devo ter feito um ótimo trabalho ontem à noite então, —


disse Cas com um sorriso largo.

— E que trabalho.

A noite passada fora tudo o que ele sempre sonhara sobre ter
uma companheira ao seu lado. E não foi só o sexo. Foi tê-la ao seu lado.
Ela o completava de maneiras que ele não conseguia explicar. Ele
esfregou o peito onde a luz dela agora aquecia seu coração. Apertando
os olhos, ele viu cores bem fracas passarem com cada pessoa.

— Fica mais fácil.

— Eu adoro isso porque faz parte de você.

— Eu senti seu pássaro me aceitar ontem à noite. Acho que ele


gosta de mim.

— Ele é um babaca, — disse Priest, balançando a cabeça.

Ela bateu no braço dele com a mão livre.

— Não diga isso.

Ele a girou e a inclinou para trás no meio da rua.

— É só que eu não gosto de falar sobre meu pássaro.— Ele


acariciou seu pescoço com o nariz e depois endireitou os dois. — Olha,
vamos ajudar a catalogar voluntários fae, comer um almoço incrível no
Dav's e depois ir para a vila dos guerreiros para jogar e comer
lanchinhos antes de nos entregarmos a um sexo espetacular durante a
noite.

— Não me ameace com diversão.

— Teremos um dia perfeito, — disse ele com um amplo sorriso.

— Priest! Relatório! — Ari gritou do outro lado do pátio.

My
SalvatioN
Alanea Alder
Franzindo a testa, ele se aproximou correndo.

— O que aconteceu?

— Vamos, as ordens serão dadas no Dav’s, — disse este, depois


levou o telefone ao ouvido. — Gage, leve essa bunda ao Dav’s. — Ele
desligou e trocou olhares preocupados com Brie.

Priest gemeu.

— Que porra que foi agora?

Quando chegaram no Dav’s, Aiden estava na frente de um


inquieto Kendrick enquanto Anne falava com alguém ao telefone. De
lado, Darian reclinava-se contra a parede com uma expressão assassina
no rosto.

— Quem vamos matar? — ele perguntou.

Aiden e Kendrick o olharam.

— O Comitê, — respondeu Kendrick.

— Bem, merda, vamos nessa, — disse ele, pegando a arma.

— Isso só aumentou a sua classificação, — disse Meryn, limpando


o telefone.

— Que classificação?

— Classificação de guerreiros sexys, — explicou ela.

Quando Gage, Zoe, os meninos e a maior parte da Unidade Chi


entraram, Dav fechou a porta e a trancou.

— Vá em frente, Comandante, — disse o mesmo, deixando a placa


em “Fechado”.

— Pelo menos chegamos no Dav’s, — Cas ressaltou.

Rindo, ele balançou a cabeça. Olhando ao redor, todos os seus


irmãos de unidade, a maior parte da velha guarda, os transferidos de
Lycaonia e a Vanguarda estavam presentes. Os únicos que faltavam
eram Ellais e seu esquadrão.

— Quem está patrulhando? — ele perguntou.

Aiden balançou a cabeça.

My
SalvatioN
Alanea Alder
— A patrulha está suspensa pela próxima meia hora. Precisamos
nos reorganizar.

— Não podemos só ir logo?! — Kendrick exigiu.

— Dê-me apenas mais cinco minutos, então podemos ir. Você


sabe que Colton não vai deixar nada acontecer, — disse Aiden. E
colocou uma mão no ombro de Kendrick. — Nem eu .

Kendrick exalou e depois assentiu de forma curta.

Aiden olhou para os homens.

— Ontem, o Comitê chegou à Lycaonia com o pretexto de


investigar nosso novo perímetro. Esta manhã, começaram a fazer
exigências impossíveis. Foi então que meu pai me contatou. Ele relata
que o Conselho dos Anciãos atrasou o máximo que pôde, mas sentem
que já passamos do ponto de negociações e reuniões. Meu pai prevê que
farão alguma coisa mais ou menos na próxima hora. — Ele olhou para
Ben e Sascha. — Todas as unidades de Lycaonia devem retornar a
Lycaonia comigo. — Os homens assentiram. — Sascha, você deve levar
a Gama e ir diretamente para a Mansão do Conselho e apoiar meu pai,
René e Celyn.

Sascha assentiu.

— Apoiá-los contra quem?

— Qualquer força que o Comitê tenha convidado para Lycaonia,


— explicou Aiden.

Sascha assobiou.

— Temos certeza de que queremos nos envolver com eles?

Aiden rosnou.

— Eles estão tentando levar o Keelan.

O rosto de Sascha passou de agradável a ameaçador.

— Permissão para matar primeiro e dizer “vai se foder” depois?

Aiden assentiu.

— Tecnicamente, não vou ordenar que se envolva... — ele


começou.

Sascha ergueu a mão.

My
SalvatioN
Alanea Alder
— Aiden, nós não fazemos política. Se brincarem com guerreiros,
vão ver o que é bom pra tosse.

— Mais pontos para o Sascha, — disse Meryn, ainda ao telefone.

Aiden a ignorou.

— Eu voltarei com Kendrick e Darian. Passaremos primeiro pela


Mansão do Conselho e depois nos encontraremos com Gavriel. Ele já
deve ter saído de Noctem Falls para se encontrar conosco na
Propriedade Alfa. — Ele olhou para Ari. — Estou deixando você no
comando.

Ari engoliu em seco e assentiu.

— Sim, senhor.

Aiden voltou-se para a Velha Guarda.

— Continuem ajudando nas patrulhas, especialmente na Cidade


da Fronteira. A maioria dos faes que retornaram da vida entre os
humanos se mudaram para lá, então há mais pessoas para proteger.

Dav assentiu.

— Você cuide do seu garoto. Nós vigiaremos a cidade.

Finalmente, Aiden olhou para Reston.

— Patrulhas ativas, 24 horas por dia.

Reston sorriu.

— Nós cuidamos disso, Aiden. Vá cuidar dos negócios.

— Vamos, Meryn, — Aiden disse, apontando para Darian.

— Não.

— O que você quer dizer com não?

— Eu quero dizer não. Vou ficar aqui.

— O quê? — Aiden olhou para a companheira, parecendo confuso


e um pouco magoado.

Ela mostrou o pulso.

— Você realmente me quer perto daqueles babacas quando ainda


tenho a minha arma e poderes recém-descobertos?

My
SalvatioN
Alanea Alder
Aiden empalideceu.

— Bom ponto. — Ele olhou para Ryuu, Pierce e os meninos. —


Deixo a coisa mais preciosa para mim sob sua guarda.

Pip abraçou o braço de Meryn.

— Vamos nos encontrar com os fae, encomendar novas armas e


comer. Melzinho na chupeta!

Aiden assentiu, parecendo aliviado, então olhou para o quarteto.

— Armas?

Meryn franziu a testa.

— Talvez eu devesse ir com você. Posso garantir a morte de todos


eles e culpar os hormônios da gravidez.

— Quer saber? Você está certa. Fique aqui e se divirta


conhecendo os voluntários fae. Estarei de volta antes que você perceba,
meu amor. — Aiden beijou-a suavemente e depois colocou a mão em
sua barriga. — Comporte-se, Amendoinzinho.

— Vá arrasar, papai! — Meryn disse em voz estridente, fazendo os


homens rirem.

A maioria das unidades se dispersou, deixando a Tau, Chi e o


esquadrão de Reston no bar.

Aiden acenou com a cabeça para Darian e o portal para Lycaonia


se abriu. Aiden estava atravessando quando Meryn perguntou:

— Onde estão os strippers?

— Mery... — A voz de Aiden foi cortada quando o portal se fechou,


com ele do outro lado.

Em poucos instantes, Meryn pegou seu notebook e o abriu. Ela


digitou por alguns segundos, então ouviram uma suave voz masculina
perguntar:

— Estamos preparados. Quais são as nossas ordens, Meryn?

Ari, Gage e Priest rodearam a mesa e olharam para o notebook de


Meryn. Uma pequena janela com dois jovens estava no canto superior
esquerdo.

— Têm olhos no interior?

My
SalvatioN
Alanea Alder
— Negativo. Desde que usamos as câmeras da cidade, todos os
imbecis ficaram tecnologicamente conscientes, — explicou o loiro com
uma expressão de desgosto no rosto.

— Nós temos! Eu consegui! — Uma garotinha colocou a cabeça na


frente da câmera ao lado do moreno, que a pegou no colo.

Meryn franziu a testa.

— Fez o que, Penny?

— Oi, tia!

— Ei, garotinha. O que você fez?

— Sim, querida, o que você fez? — uma mulher, fora da tela,


perguntou.

— Ei, Rheia.

— Ei, querida. Presumo que o Aiden já tenha saído.

— Sim, acho que ele estava indo para a Mansão do Conselho


antes de voltar à Propriedade Alfa.

— O Gavriel está aqui.

— Olá, solnyshko moya, — uma voz profunda cumprimentou.

— Ei, Gavriel. — Meryn apontou para a tela. — De volta à


garotinha. O que você fez?

— Ontem, quando eu tava pintando, ouvi o Jaxon e o Noah dizer


que queriam ter olhos no interior, daí eu disse po tio Graham que
queria ver o Papa Byron, então ele me levou no lugar do conseio. Eu
consegui ir na sala onde todo mundo parecia bravo. Dei um abraço no
Papa Byron e deixei seu carrinho lá. — Ela se endireitou
orgulhosamente. — Ele pode ouvir e pode ver. — Ela olhou para baixo.
— Eu ajudei?

— E como ajudou, caralho! — Meryn exclamou.

— Penelope Carmichael! Como você soube fazer isso? — Rheia


perguntou.

Penny apontou para a tela.

— A tia sempre diz que você tem que saber das merdas pra
mandar nas merdas.

My
SalvatioN
Alanea Alder
Priest, junto com a maioria dos homens que ficaram no bar,
desatou a rir.

— Onde você deixou o carrinho, garotinha?

Penny olhou em volta.

— Onde está o Felix?

— Ficou frio aqui, então ele não está se sentindo bem, — explicou
Meryn.

— Ele tem um aquecedor de mão? Posso mandar meu lacinho


fofinho, — Penny perguntou, parecendo preocupada.

Meryn bateu com a mão na testa.

— É claro! — Ela sorriu para a garota. — Não se preocupe, a tia


vai cuidar do Felix. Você pode me dizer onde deixou o carrinho?

— Debaixo da mesa.

— Bom trabalho!

— Vou ligá-lo, Meryn, — o loiro disse, e momentos depois, uma


segunda janela apareceu, desta vez no canto superior direito. Era uma
transmissão de vídeo do que parecia ser a parte de madeira de baixo da
mesa e muitos sapatos.

— O Conselho ficará ocupado pelo menos durante a próxima hora


formulando uma resposta às nossas demandas. Diga a eles para
reunirem os homens, depois entrarem e recuperarem nosso pacote, —
ordenou uma voz desconhecida.

Meryn fez um sinal e o loiro assentiu.

— Estamos mutados.

Pegando o telefone, ela discou e esperou.

— Eles estão em movimento, indo em direção à Propriedade Alfa.


Mova a Gama como apoio.

— Entendido, Ameaça, — respondeu Sascha, e ela desligou o


telefone. Olhando para o notebook.

— Gavriel... — Meryn começou.

— Ninguém entrará nesta casa e viverá, — o mesmo prometeu.

My
SalvatioN
Alanea Alder
— Eu quero você no quarto com o Keelan. Vimos caralhos de
portais sombrios por aqui. Não confio que não farão um portal direto
pro quarto dele.

Apenas o silêncio respondeu.

— Ele desapareceu, porra. Quão rápido ele é?

— Não faço ideia, Jaxon, mas é fodástico.

— Fod ástico, — Penny repetiu.

— Querida, é fodástico, uma palavra,— Rheia corrigiu


distraidamente.

Meryn assentiu enquanto digitava.

— Sim, a menos que você queira enfatizar o quão legal algo foi,
então pode dizer fod... ástico.

— Fodástico! — Ame disse à esquerda de Meryn. De pé, ele estava


com a visão na altura do notebook.

Os olhos de Penny se arregalaram.

— Eles são da minha idade! Eles podem vir brincar?

Yuki olhou para Zoe, do outro lado de Meryn.

— Podemos ir brincar?

Zoe assentiu.

— Talvez depois que essa bagunça com o Comitê acabar.

Penny olhou diretamente para a câmera.

— Vai logo e concerta isso, tia.

— Estou trabalhando nisso, GMET. — Ela pegou o telefone e


discou mais uma vez. — O caminho para o inferno está aberto, — disse
ela ameaçadoramente.

— Noah, estamos testemunhando uma merda de alto nível, —


disse Jaxon, parecendo animado.

Meryn sorriu.

— Eu simplesmente gosto de fazer coisas boas para aqueles de


quem gosto.

My
SalvatioN
Alanea Alder
— Tipo o tio Aiden?

Meryn balançou a cabeça.

— Gosto de fazer coisas boas para ele porque ele tem uma língua
preênsil.

Do outro lado do bar, mais de um homem cuspiu a cerveja que


estava tomando.

— O que é preênsil? — Penny perguntou, pronunciando a


palavra.

Meryn piscou e percebeu o que havia dito.

— Hum, sabe quando você mostra a língua para o tio Aiden e ele
sempre vence, porque quando ele mostra a língua, ela é toda retorcida?

— Sim.

— É isso.

— Oh. Daora.

— Meryn McKenzie! Como você conseguiu enfiar meses de


corrupção em uma reunião de cinco minutos no zoom? — Rheia
exclamou.

Meryn deu de ombros.

— Talento, acho. — Ela ergueu o dedo. — Ouça.

— Quem destrancou a porta? — uma voz masculina exigiu da tela


de vídeo do carrinho.

— Quem é você?

— Você não tem permissão para entrar aqui!

— Ora, ora, não se afoitem. Temos um convite especial da nossa


cher.

— Por que você está fechando a porta?

Em segundos, o som de tiros atravessando silenciadores foi


ouvido no microfone do carrinho.

— Noah, abra nossa linha e desligue o vídeo do carro, — disse


Meryn, desligando o telefone.

My
SalvatioN
Alanea Alder
— Tudo certo, — disse Noah.

— Ei, meninos, — disse Meryn como saudação.

Risadas masculinas foram ouvidas.

— Como nos velhos tempos, cher.

— Debaixo da mesa há um carrinho de brinquedo. Você pode


pegá-lo e ir até a cafeteria que te falei? Esse é o seu ponto de saída.
Pode deixar o carrinho com o proprietário.

Houve um farfalhar quando o carro foi pego, e então tudo ficou


silencioso novamente.

— Avise aos nossos amigos que voltaremos em breve, — solicitou


o homem.

Ela pegou o telefone e digitou uma mensagem.

— Vou avisar. — Ela olhou para a tela. — O Noah cortou a


conexão.

— Conexão terminada.

— Meryn, você acabou de... — Ari começou.

Ela lhe sorriu.

— Eu o quê?

Ari olhou para baixo horrorizado.

— Meryn, estamos ouvindo tiros lá fora, — Jaxon anunciou de


repente.

— Rheia, leve Penny para o quarto de Keelan. Não só o Kendrick


enfeitiçou aquele quarto de tudo quanto é jeito, mas o Gavriel está lá
morrendo de vontade de matar alguém. Não há lugar mais seguro.

Penny foi tirada do colo de Jaxon.

— Sentimos falta de ter você em casa. Volte logo, ok? — Rheia


disse.

— Estou fazendo o meu melhor.

Vários rugidos foram ouvidos, e então um relampejo vermelho


pôde ser visto brilhando ao redor dos jovens, devido ao que estava

My
SalvatioN
Alanea Alder
acontecendo lá fora.

Meryn riu.

— Aiden e Kendrick estão aí.

— Vou levar a Formiguinha para cima. Te amo.

— Beleza, beleza, também te amo. Noah, consegue me dar uma


atualização visual?

Noah se levantou e desapareceu de vista. Com uma voz mais fraca


do outro lado da sala, começou a reportar:

— Hum, o Aiden acabou de arrancar a cabeça de um cara, e jogou


pro Colton, que chutou ela em outro cara e... Meryn! Eles nocautearam
esse cara... espere. Não, eles estão celebrando. O cara que foi atingido
pela cabeça decepada está morto. Kendrick está lançando chamas das
mãos. Isso é tão legal! — Ele ficou quieto por um segundo. — Hum.
Podemos precisar de um novo paisagismo antes do verão. Merda. O
Aiden está gritando com o Sascha. Ele definitivamente descobriu que
você os redirecionou. — Eles ouviram um “eep!”. — Ele está entrando.

— Jaxon, vou desconectar. Execute a linha de comando Mágico de


Oz.

— Tchau, Meryn, se cuida.

— Você também.

Ela apertou vários botões e Campo Minado apareceu em seu


notebook antes de ela fechá-lo e guardá-lo.

— Beleza. Agora estou com fome, — anunciou ela.

Priest só conseguia encará-la. A aura de Meryn estava brilhando


rosa de felicidade. Naquela manhã, durante o café da manhã, Cas havia
lhe repassado a maioria das principais emoções e cores. Rosa, ele tinha
certeza, era felicidade. Ele observou como ela cantarolava enquanto
olhava ao redor da sala. Não estava nem um pouco incomodada com os
sons do Comitê sendo assassinado. Considerando o que o Comitê vinha
fazendo ultimamente, ele também não conseguia se importar.

— Mocinha, você pode ter o que quiser, — disse Dav, passando-


lhe o cardápio.

Ari olhou em volta.

My
SalvatioN
Alanea Alder
— Homens, nós nunca iremos, e quero dizer nunca mesmo, falar
sobre isso novamente.

Pip parecia confuso.

— Falar sobre o quê?

Ari foi responder e então sorriu.

Pip saltou na cadeira.

— Eu peguei ele!

Alguns minutos depois, quando Meryn estava na metade de suas


iscas de frango, um portal se abriu no bar. Um Aiden furioso e um
Darian risonho o atravessaram.

— Oi, bebê! — Meryn disse, cumprimentando o companheiro com


entusiasmo.

— Eu... você. — Ele exalou. — Eles... quem? — Ele inalou e


expirou novamente.

— Quer um bolinho de batata? — ela perguntou, segurando um.

Suas narinas se alargaram, sua boca em uma linha reta e tensa.

— Coma enquanto pode. Vai precisar de toda a energia possível


para o que planejei para você esta noite.

Meryn olhou o companheiro cuidadosamente.

— Você diz isso no sentido de que eu vou “ser fodida até desmaiar
por te dar um presente incrível” ou no sentido de que eu vou “levar
palmadas, daí vou ser fodida até desmaiar por te dar um presente
incrível”?

Ele apenas lhe sorriu.

— Querido?

— Talvez um pouco de açúcar também, — disse ele, puxando o


prato de biscoitos para mais perto.

Ela estremeceu e pegou um punhado de biscoitos.

Ele se sentou e puxou-a para o colo.

— Será que eu quero saber?

My
SalvatioN
Alanea Alder
— Não, — ela disse, enunciando o “ão” de forma engraçadinha.

— Tudo bem.

Darian simplesmente fez uma reverência profunda para Meryn,


então sentou-se em frente a eles.

— Dav, um copão do seu melhor.

Meryn levou um bolinho à boca de Aiden, que cedeu e comeu.

— Você assustou o Noah? — ela perguntou.

Aiden revirou os olhos.

— Aquele merdinha tem uma espinha dorsal de aço. Me encarou


de frente. — Ele riu. — Campo Minado, bebê? Até eu sei que ninguém
joga esse jogo.

Ela colocou um bolinho na boca.

— Cadê o Kendrick? — ela perguntou, a boca cheia de batata.

— O Larik da Beta vai mandá-lo de volta. Ele queria garantir que


o Keelan estava bem.

— E o Gavriel? — ela perguntou, passando-lhe outro bolinho de


batata.

Ele o aceitou, mastigou e engoliu.

— Vai ficar em Lycaonia. A Beth vai voltar em alguns dias quando


terminar de ajeitar as coisas em Noctem Falls.

O telefone de Meryn tocou. Olhando para baixo, esta sorriu e


respondeu.

— Ei, Magnus. Estou com você no viva-voz, mas estamos com os


guerreiros, então é de boas.

— Meryn, minha filha mais doce e querida. O que posso te dar de


presente?

— Hmmm. — Ela olhou para Zoe. — Que tipo de pedras você


precisaria para fazer pedrinhas de aquecimento para os elfos usarem?

Os olhos de Zoe se arregalaram. Então deu um passo à frente


com entusiasmo.

My
SalvatioN
Alanea Alder
— Basalto ou esteatito são maravilhosas para reter calor e liberá-
lo lentamente, quando muito.

— Magnus, você tem algum basalto ou esteatito nos níveis?

— Não temos muito esteatito. Geralmente é encontrado na região


dos Apalaches. Mas foram encontrados depósitos de basalto aqui na
cidade. De quanto precisa?

— O suficiente para fazer pequenos aquecedores de corpo para


todos os elfos para não ficarem doentes.

— Sebastian, mande um mensageiro até o Nível Cinco para ver o


que temos em nossos estoques, — disse Magnus, depois voltou ao
telefone. — Vou presentear Aleksandra com as pedras como um
presente entre nações. Agora, o que posso fazer por você, pessoalmente?

— Como sabe que mereço um presente? — ela perguntou.

Houve silêncio.

— Certo, poderes de super príncipe e coisa e tal. — Ela hesitou. —


Você pode vir me visitar quando chegar a hora do meu bebê? — ela
perguntou baixinho.

Magnus estalou a língua.

— Eu já ia fazer isso de qualquer maneira. — Houve um pouco de


silêncio antes de Magnus falar novamente. — Vou lhe enviar algumas
joias. Percebi que enquanto estava aqui, você só usava o que o vestido
fornecia. No mínimo, como princesa, você precisa de uma tiara.

— Você é incrível!

— E você, minha querida, me poupou semanas de dores de


cabeça.

— Mesmo se você tiver que substituir o chefe da Família


Fundadora pelo Regis de novo?

Magnus riu sombriamente.

— Eu esqueci completamente que o Jourdain estava no Comitê!


— A risada profunda ouvida no telefone foi tão contagiante que Meryn
começou a rir. — Também te enviarei alguns chocolates importados.
Que criança encantadora! Adeus, querida.

— Tchau, tchau. — Ela digitou no telefone e pegou outra isca de

My
SalvatioN
Alanea Alder
frango.

Ari a olhou.

— Você realmente tem o cartão Regalis dele, não é?

— O cartão de visita dourado brilhante com rabiscos? Sim. Eu


queria trocá-lo por espetinhos de carne ilimitados, mas ele me disse
para guardá-lo para algo mais importante, — explicou ela.

Priest a encarou. Receber um cartão Regalis significava que toda


a raça dos vampiros tinha uma dívida com ela.

Ame puxou a mão de Zoe.

— Hora dos voluntários.

— Droga! Gage, depressa. Eu queria ver quem vai comparecer ao


pedido da rainha, — disse Zoe, pegando a mão de cada um dos
meninos.

Gage se levantou e colocou a mão na lombar da companheira.

— Presumo que estamos bem? — ele perguntou, olhando em


volta.

Meryn assentiu, em seguida, enfiou uma isca inteira na boca


antes de apontar para a porta, indicando a Aiden que queria sair
também.

Gage riu e conduziu a companheira em direção à saída.

Aiden balançou a cabeça para suas travessuras e beijou seus


cachos castanhos e espetados antes de se levantar, pegando Meryn no
colo enquanto se endireitava.

— Darian?

— Voltarei ao palácio para atualizar a mãe, depois estarei no


centro da cidade organizando os voluntários.

Aiden, abraçando Meryn, olhou para Nigel, Neil e Pip.

— Vamos lá, rapazes.

Ari olhou para Aiden.

— Hum, senhor...

My
SalvatioN
Alanea Alder
Aiden sorriu.

— Você ainda está no comando por hoje. Diga aos homens para
abandonarem o protocolo de emergência e voltarem às patrulhas
normais.

— Sim, senhor, — Ari disse, então piscou um olho para Meryn.

Meryn esfregou as mãos.

— Finalmente! Super armas fae.

Aiden balançou a cabeça, sorrindo.

— O que você quiser, meu amor.

Priest olhou para Cas.

— Então, nossos planos estão um pouco fora de ordem, mas que


tal pegarmos frango para viagem e irmos ao centro da cidade para
ajudar onde pudermos?

— Parece perfeito para mim.

My
SalvatioN
Alanea Alder
Capítulo quinze
Cas enfiou a mão no saco que continha as iscas de frango e
apontou para onde um dos fae montara uma barraca para criações de
argila.

— Vamos dar uma olhada ali.

O pedido da rainha por voluntários fae se transformara em uma


exposição de artesanato. Além da fila de homens e mulheres esperando
para registrar talentos com Darian para a defesa da cidade, muitos dos
artesãos montaram estandes improvisados para mostrar novos itens
criados com o Sombreamento em mente.

Cas se aproximou da barraca e ficou surpresa.

— São lindos.

O homem fae atrás do balcão sorriu.

— Temos trabalhado com os jovens Kincaid e Zoe para enfeitiçar


itens como pedras. Esses vasos de argila são projetados para reter e
irradiar calor de uma forma moderna.

Cas olhou para uma peça em particular, envidraçada em um


verde vivo.

— Eu gostaria deste, por favor.

Ele assentiu.

— Cobro e envio para a Casa Illiya? — este pediu confirmação. O


mesmo pigarreou. — Não quis parecer presunçoso, mas você é
igualzinha a sua mãe.

— Acho isso um elogio. — Ela sorriu. — E sim, para a Casa Illiya


seria maravilhoso. Mal posso esperar para adicionar isso ao nosso
quarto. — Ela olhou em volta. — Você tem alguma coisa em azul
marinho?

Ele tirou um vaso de tamanho médio debaixo do balcão. O centro


tinha uma espiral cortada para permitir ver o brilho da pedra interior.

My
SalvatioN
Alanea Alder
— Foi necessário três aplicações de tinta, mas finalmente
consegui esse azul profundo que está vendo.

Cas passou a mão sobre tal. As bordas eram perfeitamente lisas.

— Mande a conta deste para a Casa Illiya, mas por favor envie-o
para a vila dos guerreiros, para Priest Vi’Aerdan.

— Sim, senhora. — Ele assentiu e começou a embrulhar cada


objeto em papel protetor.

Cas agradeceu e olhou para ver o que continha a próxima


barraca. Ao seu lado, Priest a seguiu, um sorriso no rosto. O homem
era ridiculamente fácil de manter feliz.

— Você gostou daquele para o nosso quarto na vila dos


guerreiros?

Ele assentiu.

— Eu nunca teria escolhido algo assim, mas posso ver facilmente


que combinaria com as outras decorações que você encomendou de
Baba.

— Lady Vi’Illiya, posso interessá-la em alguns sinos dos ventos?


— uma voz feminina a chamou.

Cas sorriu e ela se aproximou.

— Bellia, estou surpresa que se lembre de mim, — disse Cas,


cumprimentando a mulher calorosamente.

Bellia apontou para os olhos de Cas.

— Você é igualzinha a sua mãe.

Cas ficou feliz com a comparação. E olhou para o que a mulher


estava vendendo.

— Sino dos ventos?

Bellia assentiu.

— Foram enfeitiçados para captar e refletir a luz. Mantém os


espaços iluminados e alegres.

Depois de examinar uma caixa inteira de estoque, Cas


finalmente encontrou meia dúzia em cores que poderia usar.

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Alanea Alder
— Esses são incríveis.

A mulher deu de ombros.

— A necessidade é a mãe de toda invenção. Todos nós estamos


nos adaptando, — rla disse, apontando para os outros artesãos. —
Quer que envie estes para a Casa Illiya?

Cas assentiu.

— Vou separá-los para cada casa mais tarde.

Ela se despediu e agarrou a mão do companheiro.

— Para onde quer ir? Sinto que monopolizei nosso tempo.

Priest apenas sorriu.

— Qualquer lugar é bom desde que eu esteja com você.

Ela olhou em volta.

— Que tal vermos o que Gage e Zoe estão tramando? — ela


perguntou, apontando para o pátio.

Ele assentiu.

— Vamos nessa.

Se aproximando, ela percebeu que Zoe estava conversando


animadamente com um senhor mais velho. Ame e Yuki brincavam
alegremente com pequenos cristais, e Gage observava sua
companheira com uma expressão de adoração. Olhando para Priest,
ela viu que ele a observava com uma expressão igualmente adoradora.
Talvez fosse uma coisa de guerreiros de unidade?

— Boa tarde, Zoe, rapazes, — Cas cumprimentou.

— Oi, Cas! Este é meu bom amigo, Dirk Vi’Eirlindol. Ele faz um
trabalho incrível com cristais, — ela disse emocionada.

O velho apenas grunhiu.

Cas inclinou a cabeça.

— É um prazer conhecê-lo, sou Cassandra Vi’Illiya.

Os olhos do homem se arregalaram.

— Filha de Eibhlhin? — Ele balançou a cabeça. — Claro que é.

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Alanea Alder
Olhe para você.

Cas ergueu uma sobrancelha para o fae mais velho.

— Eu me olharia, como você sugeriu, mas não há espelhos por


perto.

Dirk piscou e depois soltou uma gargalhada.

— E aí está a inteligência e o humor de Caelin. Você faz bem ao


coração deste velho. Te ver em casa me lembra que a vida dá um jeito,
não é?

Ela riu junto com ele quando este a comparou ao pai.

— Você os conhecia bem?

— Sim, conhecia. Surpreendeu a todos quando você nasceu. —


Ele olhou para Priest. — Vocês, garotos, parecem estar encontrando
companheiras toda vez que pisco.

Priest sorriu.

— É sorte apenas, eu acho.

— Hahaue, olhe, — Ame disse, mostrando seu cristal. Este


mudara de cor do branco para o azul.

— É lindo. O que dizemos? — Zoe perguntou.

Ame e Yuki se viraram para Dirk e fizeram uma meia reverência.

— Obrigado, — disseram em uníssono.

Dirk corou um pouco e bagunçou o cabelo de cada menino.

— Eles são bons meninos. Me lembram meu sobrinho. Tão


educado quanto se pode ser. Ele também gostava dos meus cristais
que mudam de cor.

— Hahaue, podemos dar a ele um presente de “obrigado”? —


Yuki perguntou.

Zoe assentiu com uma expressão confusa no rosto. Estava claro


que ela não tinha ideia do que os meninos dariam de presente ao fae
mais velho.

Sorrindo, os meninos deram as mãos e fecharam os olhos.


Momentos depois, grandes e fofos flocos de neve começaram a flutuar

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Alanea Alder
suavemente do céu.

A expressão de Dirk era de admiração.

— Eles que fizeram isso? — o mesmo perguntou.

Zoe assentiu.

— É a magia deles.

Ao redor do pátio, as pessoas paravam e olhavam maravilhadas.


Sob seus pés, as passarelas ficaram brancas à medida que a neve
suave começou a se acumular.

— Priest, tanto Ari quanto Darian parecem que estão prestes a


surtar. Quer ajudá-los um pouco? — Gage perguntou.

Priest virou-se para ela e ela o incentivou a ir em frente.

— Vou ficar aqui com a Zoe e os meninos. Vá se certificar de que


nossos destemidos líderes não sofram cortes de papel.

Dirk gargalhou novamente.

— Sim, aí está Caelin, com certeza.

Enquanto os meninos conversavam com Dirk sobre as cores, Zoe


se aproximou.

— O que aconteceu mais cedo não parece real. Menos de uma


hora atrás... — Ela acenou com a cabeça para onde Meryn estava
caminhando em sua direção.

Cas assentiu silenciosamente.

— Ela é tão pequena, mas tão incrível.

— E louca.

Meryn olhou de Cas para Zoe e vice-versa.

— Quem é louca?

Cas apontou diretamente para ela.

— Ah, sim, provavelmente. De qualquer forma. Aiden queria


ajudar o Darian já que a fila estava ficando mais longa. Cada fae quer
descrever em detalhes o que conseguem fazer. Está demorando uma
eternidade para listá-los.

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Alanea Alder
— Nossos dons são complicados, — acrescentou Dirk, olhando
para Meryn.

— Cara, se são tão complicados, eles precisam digitar essa


merda e trazê-la consigo, — rebateu Meryn.

— Cara? — Dirk perguntou, suas sobrancelhas quase


desaparecendo na linha do cabelo.

— Nunca ouviu essa antes? É tipo uma expressão de gênero


neutro para alguém, com uma inflexão de gíria, — explicou Meryn.

— Eu dificilmente sou um “cara”, — este resmungou. — Eu sou


Dirk Vi’Eirlindol. Chefe da Casa Eirlindol.

Meryn deu de ombros.

— Bom para você, acho.

Atrás de Meryn, Ryuu e Pierce exibiam idênticos sorrisos


presunçosos por sua atitude indiferente.

— Meryn! Veja o que encontramos! — Pip gritou enquanto os


meninos se aproximavam correndo.

Dirk empalideceu.

— Meryn?

Cas escondeu um sorriso ao perceber que ele estivera corrigindo


a própria princesa.

A mulher em questão virou-se para os meninos.

— O que acharam?

Pip ergueu um longo xale e enrolou-o no pescoço.

— É fofucho!

Meryn estendeu a mão e tocou o material cinza-azulado.

— É super macio! E a cor combina muito com você, Pip.

— Sério?

— Sim. — Ela olhou para Nigel e Neil. — Vocês encontraram


alguma coisa?

Neil mostrou um pequeno disco de cerâmica.

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— Isso mantém seu chá ou café na temperatura perfeita. Eu
comprei um para você também.

Nigel mostrou o que parecia ser uma simples haste de metal.

— Você coloca isso na água do banho e ela fica quente, não


importa quanto tempo você fique nela.

— Onde você conseguiu isso? — Cas e Zoe perguntaram ao


mesmo tempo.

— Do outro lado da mesa de registro, — disse Nigel, apontando


para o outro lado do pátio.

— Hahaue, — Yuki sussurrou baixinho.

O medo em sua voz fez com que todos se voltassem para o


garotinho.

— O que foi, meu amorzinho? — Zoe perguntou suavemente.

— Tem pegadas, mas não tem ninguém, igual a última vez, —


este sussurrou.

Como um só, o grupo virou-se para o centro do pátio e observou


com horror vários conjuntos de pegadas vindos em sua direção.

Segundos depois, Zoe gritou e foi puxada para trás,


desaparecendo completamente.

— Hahaue! — Ame gritou.

Ao redor deles, as pessoas congelaram, sem saber o que estava


acontecendo.

— Zoe! — Gage gritou, correndo em sua direção, apenas para ser


atacado por uma força invisível. Sangue apareceu em seu peito quando
foi jogado no chão.

Meryn subiu no topo do balcão mais próximo.

— Aiden! Pegaram a Zoe! — ela gritou.

Do outro lado do pátio, Aiden e Priest começaram a andar, mas


também foram atacados por forças invisíveis.

Ao redor deles, pessoas eram derrubadas e atiradas.

O ar ao redor de Meryn brilhou de repente em um azul vivo, e


um pedaço do chão foi exposto quando um corpo
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invisível aterrissou. Alguém atacara, sem saber que Meryn estava
protegida.

Dirk puxou Meryn para seus braços.

— Cassandra, venha até mim! — ele ordenou.

Ela balançou a cabeça.

— Não posso. Sou a única que consegue ver a Zoe. Proteja-os! —


ela disse, examinando a rua, procurando por uma aura em particular.

Dirk assentiu.

— Escudeiro, você vai ficar dentro ou fora?

— Fora! — Ryuu gritou.

Colocando Meryn de pé, ele passou um braço em volta de Ame e


Yuki e puxou-os para perto. Nigel e Neil se afastaram, deixando Pip
com Meryn. Segundos depois, os cinco foram envoltos em cristal. Ryuu
levitou e pousou no topo, incendiando tudo com luz azul.

Pierce pulou na rua e tirou Gage da briga.

Cas se virou para os gêmeos.

— Eu posso segui-la!

— Então vá! Estamos com você, — gritou Neil.

Cas exalou e finalmente viu a esfera vermelha brilhante que era


Zoe. Na periferia do centro da cidade, a esfera parou de se mover e o
vermelho mudou para bege. Cas sabia que Zoe havia sido nocauteada.
A menos de um quarteirão de distância, um portal sombrio oscilava de
forma instável.

Bombeando os braços e as pernas mais rápido do que nunca, ela


conseguiu alcançá-lo. Sem hesitar, se lançou direto na aura bege,
derrubando-a no chão.

Atrás dela, Nigel estava com as mãos levantadas. Uma mão


segurava um grande escudo de barro, a outra um martelo. Neil tinha
várias vinhas crescendo do solo que usava como chicote.

— Vamos, Zoe, acorde! — Tateando cegamente, ela procurou o


rosto da mulher e bateu suavemente neste.

— Cas, o que aconteceu? — esta perguntou, arrastando as

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palavras.

— Os vilões te pegaram e te deixaram invisível. Como faço para


desfazer isso?

— Colar? — Zoe perguntou fracamente.

Enquanto Cas procurava freneticamente pelo pescoço de Zoe,


sentiu garras lhe rasgando as costas. Gritando de dor, passou os
braços em volta de Zoe para mantê-la segura.

— Solte ela! — uma voz ordenou.

Cas não conseguiu conter as lágrimas. Ela não era uma


guerreira. Estava ferida e com medo.

— Priest! — ela gritou do fundo da alma.

Um grito desumano ecoou nos edifícios. As mãos que tentavam


afastá-la de Zoe congelaram.

— Atire nela! Temos que sair daqui! Podemos curar a bruxa mais
tarde, se for necessário.

Ela ouviu o primeiro tiro. O fogo floresceu de suas costas para


fora. Ela ouviu o segundo tiro, mas a sensação foi mais como um soco.

A escuridão começou a rodeá-la e ela trancou as mãos no lugar.


Eles teriam que cortar a porra dos braços dela para pegar a Zoe!

Acima, o céu escureceu quando algo passou por cima deles.

— Puta merda, por favor, deuses, que seja um dos nossos, —


Neil orou.

Ela sentiu a terra tremer quando algo pousou atrás de si, onde o
pequeno beco em que estava se abria para o centro da cidade.

Abrindo um olho, ela olhou para trás e não conseguiu entender o


que estava vendo. A criatura era quase tão alta quanto os prédios de
dois andares ao seu redor. Seu corpo estava coberto de penas em
vários tons de cinza, e avançava sobre pés com garras. Ela fechou os
olhos. Se não visse o monstro, este não a veria.

Outro guincho impiedoso reverberou ao redor deles.

Dentro de seu peito, ela sentiu uma vibração.

Abrindo os olhos, Cas viu que a fera estava sendo atacada por

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agressores que o mesmo não conseguia ver em sua tentativa de
chegar... até ela.

Ela se concentrou no pouco de luz que compartilhara com o


companheiro na noite anterior. Esta brilhava intensamente por trás da
plumagem espessa.

— Priest! Procure suas auras! Lama marrom sobre cinza! Mate-


os, querido! — Ela se engasgou com as lágrimas. — Mate cada um
deles!

Seu guincho de raiva não era mais assustador, mas sim


reconfortante.

A princípio, houve um guincho de resposta acima, depois dois,


depois três. Uma cacofonia de gritos de pássaros encheu o ar. As
Águias de Éire Danu haviam respondido ao chamado dele.

Iris e então Aurora pousaram em forma humana, com asas atrás


de si como anjos vingadores.

Na frente destas, Gaius, Vesta e Helios desembainharam lâminas


e avançaram.

— Desculpe por isso, pessoal, — gritou Nigel, depois soltou uma


torrente de respingos de lama.

De repente, os inimigos invisíveis ficaram muito visíveis.

Batendo as asas, Helios e Gaius levantaram voo e começaram a


empalar seus inimigos a cada passo.

Priest simplesmente os despedaçava. Como uma criança furiosa


arrancando a cabeça de uma boneca, ele simplesmente lhes arrancava
membro por membro.

Vesta se ajoelhou ao lado dela.

— O que está segurando?

— Sou eu, a Zoe.

— Você pode soltar agora, Cassandra, — Vesta disse em tom


calmo.

Cas balançou a cabeça e olhou para a esquerda. O portal


permanecia.

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— Eles vieram atrás dela, — Cas sussurrou.

— Cassandra, companheira do meu filho. Você está morrendo.


Por favor, solte, — implorou Vesta.

Cas deitou a cabeça em Zoe, mantendo os braços travados no


lugar.

Ela ouviu um estalo e de repente Zoe pôde ser vista. Lágrimas


lhe escorriam pelo rosto.

— Eu estou bem, Cas! Por favor!

Somente quando o portal desabou e desapareceu ela relaxou e


caiu totalmente sobre a bruxa.

— Ela precisa de um curandeiro! Agora! — Vesta gritou.

O monstro que era seu companheiro lançou-se para o céu e


depois voou de volta para o pátio.

Ela foi levantada suavemente e colocada de bruços ao lado de


Zoe.

— Mãe, ela perdeu muito sangue, — Aurora se preocupou.

— Mantenha as mãos pressionadas com força, — ordenou Vesta.

Ela ouviu fungadelas e sabia que devia ser Iris chorando por
causa de seus ferimentos.

Acima deles, o bater constante de asas ficou mais alto enquanto


Priest pousava. Em cada garra carregava dois guerreiros que se
remexiam. Sem cerimônia, os soltou na sua frente.

— Cas! — Luca gritou ao ver o estado em que ela se encontrava.

Estendendo a mão, ele se atrapalhou com o equipamento de


comunicação.

— Ilian, Cas foi baleada. Precisamos de ajuda.

Pelo aparelho, ela ouviu uma voz que lhe era tão familiar quanto
a de Eion.

— Faça o que for preciso! Está me ouvindo, Luca?! — Ilian


ordenou.

Ela sentiu as mãos de Luca sobre suas feridas.

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— Eu posso parar o sangramento. Eu poderia até curar as
feridas se ela não tivesse balas dentro de si! — Luca gritou. — Ela
precisa de mais do que eu posso oferecer.

— Você não parece muito bem, não é, querida? — o outro


guerreiro perguntou, ajoelhando-se do outro lado dela.

— Heath, certo? — ela perguntou, sentindo-se mais fraca.

— Você tem uma boa memória, mas considerando que sou um


dos guerreiros mais bonitos da vila, posso ver porque se lembraria de
mim, — disse ele, os olhos brilhando.

— Eu estou morrendo, não estou?

Heath assentiu.

— No momento, sim.

Priest gritou atrás deles e depois bateu com as garras no prédio


próximo a eles.

Heath bufou.

— Você quer derrubar pedaços de pedra nas feridas dela? — este


exigiu, olhando bravo para o pássaro incrivelmente grande.

Gaius ficou ao lado de Priest.

— Ele está em sua terceira forma. Raramente se pode


argumentar com eles assim.

Priest abriu bem o bico.

— Se você gritar mais uma vez, vou te dar diarreia por um mês,
— ameaçou Heath.

Priest fechou o bico.

— Ele não é fofo? — Cas perguntou para ninguém em particular.

— Você sabe que é amor, — disse Neil.

— Sim, porque nesse momento ele é um verdadeiro pesadelo


ambulante, — concordou Nigel.

Heath se virou para Luca.

— Diga a Ilian para pedir a Meryn ou Aiden para providenciar

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um portal direto para Noctem Falls, — ele ordenou.

Luca transmitiu a mensagem e eles esperaram.

— Não dói, — ela sussurrou.

— Isso não é exatamente uma coisa boa, querida, — Heath disse


com preocupação nos olhos.

— Eu quero o Priest.

Heath o olhou.

— Ela quer você, e sua enorme bunda plumada não vai caber no
beco, então controle essa merda. Isso é uma ordem.

Gaius balançou a cabeça.

— Ele não vai...

A criatura que ela sabia que era seu companheiro se dobrou e


gritou de dor. Eles podiam ouvir ossos estalando enquanto este lutava
contra seu pássaro.

Ela se concentrou no pedaço dele que estava dentro de si.

— Está tudo bem, meu amor.

Priest de repente estremeceu e voltou à sua forma humana


normal.

Sem dizer uma palavra, Helios tirou as calças e as ofereceu ao


irmão, deixando-o ali parado de cueca boxer. Gaius tirou a camisa e
ajudou Priest a se vestir para se proteger do frio.

Trêmulo, Priest cambaleou em sua direção. Tomando-lhe a mão,


lhe jogou um sorriso trêmulo.

— Isso não estava na nossa lista de coisas para fazer hoje.

Ela sorriu e fechou os olhos.

— Eu estava realmente... ansiosa...

— Para o sexo espetacular? Eu sei, — brincou ele, enxugando os


olhos com a mão livre.

— Não... idiota. Nossa... jogatina de Minecraft... — ela disse,


então abriu os olhos para olhá-lo.

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— Está liberado o transporte! — Luca disse, com a mão no
ouvido. — Temos que levá-la ao centro da cidade. O portal está aberto
e a esperam em Noctem Falls.

Heath o encarou.

— Não podiam abrir um portal aqui?

Luca balançou a cabeça.

— Eles tentaram no fim da rua. Algo residual do outro portal


formou um bloqueio. O centro da cidade foi o local mais próximo que
conseguiram.

— Precisamos mantê-la plana.

— Helios, segure os braços da Aurora, — ordenou Vesta.

Cas sentiu algo se movendo por baixo de sua barriga.

— Gaius...

— Estou aqui.

Momentos depois, ela estava deitada sobre seus antebraços


enquanto caminhavam rapidamente em direção ao portal. Priest
segurava-lhe a mão, andando de costas.

— Zoe... baleada? — ela perguntou, olhando em volta.

— Eu estou aqui, Cas. Você não consegue me ver, mas estou


logo atrás de você com Nigel e Neil. Eu não fui baleada. As balas estão
com você. Eu estou segura, — disse ela, e então começou a soluçar
com choro. — Estou s-s-segura por causa de v-v-você.

— Cansada.

— Eu sei que está, querida, mas precisa aguentar um pouco


mais, — disse Heath do outro lado de Vesta. As mãos dele e de Luca
brilhavam enquanto caminhavam.

Quando saíram do beco, Cas não pôde deixar de sorrir. Os ferals


haviam escolhido o dia errado para sua tentativa de sequestro.

Guerreiros pairavam sobre cadáveres para onde quer que ela


olhasse.

No entanto, nenhum deles fora abatido por balas.

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Um feral tinha bandas de ferro enroladas ao redor do corpo.

Outro parecia praticamente mumificado em linho, apenas com


os olhos visíveis.

Dois haviam sido empalados por cristal.

Três pareciam ter morrido por causa de estilhaços de vidro.

— Gage? Onde ele está? Se ele estivesse bem, teria vindo atrás
de mim, — perguntou Zoe, olhando em volta freneticamente. — Onde
estão os meus meninos?!

— Por aqui! — Darian disse ao lado do portal. — Já


atravessaram o Gage. Ele foi imediatamente para a cirurgia. Estão
esperando Cas agora. Meryn colocou os meninos no Nível Um com Pip,
— explicou ele. — Avery e Warrick estão esperando para levá-la à sala
de espera no Nível Seis, onde fica o hospital.

Este olhou para Priest.

— Seus irmãos estarão logo atrás de você, — ele prometeu. —


Vou providenciar para que seus pais e Eion sejam levados até você. —
Ele acenou para que seguissem. — Agora vão.

Cas fechou os olhos diante da luz dourada forte do portal.


Quando atravessaram, estava confortavelmente escuro e fresco.

— O que nós temos? — uma voz feminina exigiu.

— Dois ferimentos de bala e marcas de garras nas costas dela, —


explicou Luca. — Ela já está em choque.

— Coloque-a na maca. Em um, dois, levante!

Cas sentiu algodão frio contra a bochecha.

— Eu tenho que ficar com ela! — Priest gritou.

— Você fará mais bem a ela aqui, fora do caminho, filho, — disse
uma suave voz feminina.

— Deixe elas trabalharem, Priest. Ela está nas melhores mãos


possíveis, — disse Vesta.

— Te amo, — Cas disse, sentindo-se fraca.

— Deuses, eu também te amo, bebê! Lute! Está me ouvindo?


Lute!

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Ela bufou.

— Esse é o seu... trabalho.

— Ela tem senso de humor. Eu já gosto dela. Tudo bem, pessoal,


vamos começar a festa!

Cas fechou os olhos enquanto todos começavam a se mover ao


seu redor.

Ela esperava sobreviver. Ela ansiava verdadeiramente por


lanchinhos e sua jogatina de Minecraft.

*****

O primeiro dia foi um inferno. Seus pais sentaram-se um de


cada lado dele. A própria presença deles o manteve com os pés no
chão. Eion e Ilian permaneciam contra a parede, como sentinelas,
como se fossem lutar contra a própria morte para proteger sua
companheira.

No segundo dia, um Gage gravemente ferido caiu de joelhos na


frente dele, onde se sentava na sala do hospital e soluçou em
agradecimento. Zoe e os meninos o levantaram, mas não conseguiram
convencê-lo a voltar para o próprio quarto. A equipe do hospital
colocou uma cadeira reclinável no canto para ele. Gage recusava-se a
ficar a mais de alguns metros dele. Priest sentiu alívio por seu irmão
mais próximo estar consigo.

No terceiro dia, Ari o fez tomar banho e vestir as próprias


roupas. Brie e Aeson se revezaram para alimentá-lo à força. Kincaid de
alguma forma fez jasmim florescer ao longo de uma parede. O cheiro
era calmante e o ajudava nas longas horas da noite. Gage não
precisava mais da cama do hospital e se revezava com Ari na vigília
ininterrupta com ele.

No quarto dia, sua família biológica pairou do lado de fora da


porta. Olhando para seus pais, os mesmos assentiram. Seu pai acenou
para que entrassem e imediatamente abraçou Gaius. Sua mãe, é claro,
desatou a chorar por causa de Vesta. Tanto sua mãe quanto seu pai
começaram a chorar agradecidos por Gaius e Vesta terem estado lá
para ajudá-lo. Priest os observou e sabia que não importava mais o
que acontecera no passado. Quando ele e sua companheira mais
precisaram, sua outra família esteve lá para ajudá-los. Merrick estava
trabalhando em dobro para alimentar a todos.

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Finalmente, no quinto dia, ele sentiu o próprio pássaro se agitar.
Olhando para cima de onde estava deitado com as mãos entrelaçadas,
ele viu a companheira tentando acordar. É claro que seu pássaro
gostava mais de sua companheira. Ele estava de bem com isso.

— Olá, linda, — ele sussurrou.

Ela piscou.

— Eu morri?

Ele assentiu.

— Sim.

— Que merda.

Ele simplesmente levou a mão dela à testa e então a beijou.

— Você não tem ideia.

— Zoe?

— Segura, tudo graças a você.

— Era preciso.

— Eu sei. Estou tão orgulhoso e tão bravo com você.

— Mais alguém foi levado? Ferido?

Priest balançou a cabeça.

— Só o inimigo. O povo de Éire Danu se defendeu.

— Me lembro de ver alguém enrolado em um lençol, — disse ela,


depois se esforçou para se sentar.

Ele fez sinal para que ela se deitasse e apertou o botão para
chamar a enfermeira.

— O fae que fez isso faz magia com tecidos.

— Oi! Como está nossa garota? — uma voz animada perguntou


da porta.

— Ei, Ellie. Ela está acordada, — anunciou Priest. Ele conhecera


Ellie durante sua última visita ao hospital de Noctem Falls. Ele sabia
que não deveria confiar mais nela do que nos outros médicos, mas ser
companheira de um companheiro guerreiro de unidade o fazia se sentir

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à vontade.

A mulher assentiu, sorrindo.

— Estou vendo.

Ela caminhou até o outro lado da cama.

— Olá, Cassandra. Meu nome é Dra. Eleanor Douglas. Não fui


sua cirurgiã, mas ajudarei na sua recuperação. Como está se
sentindo?

Priest olhou preocupado para a companheira.

Cas se espreguiçou um pouco.

— Eu me sinto bem, na verdade.

Ellie assentiu.

— Você se curou lindamente quando tiramos as balas de você.

— Eu dormi por quanto tempo?

Ellie olhou para o relógio.

— Hoje é o quinto dia, acredito.

O queixo de Cas caiu.

— Se eu me curei lindamente, então por que fiquei apagada


cinco dias?

— Perda de sangue. Seu corpo simplesmente precisava de tempo


para se recuperar. Você queria tentar se levantar?

Priest avançou abruptamente.

— Não! Ela deveria ficar deitada.

A boca de Ellie se contraiu.

— Entendo. — Ela foi até a porta e fez sinal para alguém


avançar.

Ari e Gage entraram. Vendo Cas acordada, abriram sorrisos


jubilantes.

Ari virou-se para Ellie.

— Plano A?

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— Sim, — esta disse.

Gage apareceu à sua esquerda e Ari à direita.

— Pessoal?

Eles o seguraram firmemente antes que ele sentisse uma picada


na nuca. Quando Ellie apareceu em seu campo de visão, estava
jogando fora uma seringa.

— Por quê? — ele perguntou, enquanto a sala girava.

— Ela dormiu. Você não, — explicou Ellie. — Coloque-o na


poltrona reclinável.

Ari e Gage o levantaram e o ajudaram a se deitar na cadeira


reclinável.

— Ei, Ellie, você me chamou? — uma voz feminina perguntou.

— Sim. Serenity, você pode usar sua magia para ajudar o


sedativo?

Uma linda ruiva pairou sobre ele.

— Oh, coitadinho. Você está exausto.

— Ele está? — Priest ouviu sua companheira perguntar.

— Meryn evitou o quarto porque achou que ele tinha virado um


zumbi, — disse Ellie, sorrindo. — Ela odeia zumbis.

— Quem não odeia? — Cas perguntou.

Ele sentiu uma mão fria na testa.

— Apenas descanse. Sua companheira está segura e, quando


você acordar, poderá voltar para casa. Suas famílias estão te
esperando por lá. — Ela colocou um cobertor sobre ele e o envolveu.

— Tudo bem? — ele disse, antes de fechar os olhos.

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Capítulo dezesseis
Cas não pode evitar o sorriso enquanto Priest fazia beicinho para
Aeson.

— Eles deixaram ela me nocautear, — o mesmo reclamou.

— Não! — Aeson exclamou, não parecendo nem um pouco


chocado.

— Eu fui traído, — seu companheiro continuou.

Ela percebeu que ele se sentia “especialmente” traído quando


estava com fome e queria ser um pouco mimado.

Ao voltar para casa, eles foram cercados na Casa Illiya por seus
pais e sua nova família pássaro. Ela parara de dizer biológica porque
parecia muito clínico. Entrando na casa, ela viu Ilian andando
nervosamente na sala de estar de um lado ao outro e simplesmente
abriu os braços.

— Obrigado, athair.

Ele passou os braços ao redor dela e a segurou com força.

— Chega de quase morrer, mocinha, — ele ordenara com uma


voz carregada de emoção.

Naquela noite, ela disse a Priest que sua mancha azul havia
desaparecido. A tristeza pertencia ao seu pássaro por ter sido rejeitado.
Mas depois de se unirem para salvá-la, este parecia estar melhor.

Isso fora há dois dias. Eles estavam atualmente na vila dos


guerreiros para tirar uma folga da família, mas ela subestimara o
quanto seriam cuidados pelos próprios guerreiros.

Leon colocou um prato de panquecas na frente deles.

— A compota de framboesa está quase pronta, ou temos xarope


de bordo, — disse este, colocando uma jarra pequena de cerâmica
branca ao lado do prato.

Priest atacou as panquecas, criando uma pilha de seis, as quais

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depois mergulhou em xarope. Ela colocou dois no próprio prato e
esperou pela compota.

Alguns minutos depois, Leon colocou uma tigela ao lado dela.

— Recém saído do fogão.

Ela pegou a mistura de frutas cozidas e cobriu as panquecas.

Atrás deles, Heath entrou. Ao vê-los, o mesmo sorriu.

— Como está se sentindo?

Ela se levantou e lhe deu um grande abraço. Ela se lembrou de


sua atitude equilibrada e de como lidara com Priest em sua forma mais
instável.

— Melhor, graças a você.

Ele balançou a cabeça.

— Os médicos merecem esse elogio. — Ele a conduziu de volta


para a cadeira e depois sentou-se do outro lado dela ao balcão de café
da manhã.

— Priest, pensei que tivesse dito que no seu sonho você tinha
visto ela sendo despedaçada. Mas ela quase morreu devido aos
ferimentos de bala, — disse Heath, pegando três panquecas para si
mesmo com uma garfada.

Cas virou-se para o companheiro.

— Você viu o quê?

— Pouco antes de te conhecer, sonhei que você era despedaçada


por muitas mãos. — Ele fez uma careta. — Por que não recebi um
aviso sobre ferals armados?

Ela recostou-se.

— Eu estava ficando sobrecarregada. Nos meses anteriores ao


decreto da rainha, eu tinha tantos clientes e estava tentando ajudar a
todos. Embora eu não seja uma empata, algumas de suas histórias me
assombravam. Acho que você estava vendo o que eu estava
vivenciando naquele momento. Nos meus sonhos, você era a luz que
me refrescava.

— Então os sonhos não são proféticos? — Kincaid perguntou,

My
SalvatioN
Alanea Alder
quase desesperadamente.

Priest balançou a cabeça.

— Acho que não. Meryn disse que os sonhos às vezes também


podem funcionar como metáforas.

Kincaid assentiu.

— Metáforas. Certo. Claro.

— Tudo bem aí, bruxinho? — Heath perguntou.

— Nunca estive melhor, — ele respondeu quase rápido demais.

Heath, Leon e Aeson responderam:

— Uh-huh.

Cas se virou para Aeson.

— Houve alguma repercussão pelo Comitê acabar


aleatoriamente?

Leon riu alto.

— Quem sobrou que pode reclamar? Enviamos uma mensagem e


ela foi ouvida.

Priest enfiou uma enorme garfada de panquecas na boca.

Heath cobriu as próprias panquecas com xarope.

— O Kendrick conseguiu voltar? — este perguntou.

Aeson sorriu.

— Sim, e aparentemente quer enviar a Priest a conta para a


terapia que os gêmeos precisam depois de ver a terceira forma do
Priest.

Seu companheiro inalou indignado e começou a engasgar.

Heath continuou mastigando enquanto se levantava e começava


a manobra de Heimlich.

Segundos depois, um pedaço de panqueca meio mastigada


disparou pela cozinha.

Priest ofegou por ar.

My
SalvatioN
Alanea Alder
— Isso... isso não é justo.

Heath balançou a cabeça.

— Eu posso precisar de terapia. Certifique-se de nunca fazer isso


na frente das crianças. — O mesmo sorriu. — Mas foi incrível. Ouvi
dizer que o Gaius apresentou seu nome como futuro Ancião Águia por
causa disso.

Priest estremeceu.

— Sem chance.

Leon a olhou.

— Priest é alérgico à responsabilidade.

Priest jogou um guardanapo em Leon.

— Eu faço meu trabalho. Só não estou me oferecendo para


trabalhar mais.

— Então, e agora? — Cas perguntou.

Aeson apontou para o prato dela.

— Termine seu café da manhã.

— E daí o quê?

— Acho que você e Priest têm alguns jogos para jogar, — disse
ele, apontando para o balcão atrás de si. — Tenho lanchinhos prontos
para os dois.

Cas sentiu os olhos se encherem de lágrimas.

— Obrigada.

Heath colocou a mão na cabeça dela.

— Viva um dia de cada vez e aproveite cada segundo.

Priest pegou sua mão.

— Nós vamos fazer isso.

My
SalvatioN
Alanea Alder
Epílogo
Kincaid pegou uma panqueca e foi em direção à porta.

— Tem certeza que está bem, bruxinho? — Aeson perguntou com


olhos semicerrados.

— Sim, eu estou bem. Vou conversar com Kendrick para ter


aulas adicionais.

— Tudo bem, mas se eu descobrir que está mentindo... — Aeson


deixou a ameaça pairar entre si.

Kincaid engoliu em seco. De todos seus irmãos de unidade,


Aeson era o maior mãe coruja de todos.

— Não é nada ruim.

Aeson o encarou.

— Eu não estou assustado.

Heath o encarou.

— Está bem então. Estou saindo.

— Estamos aqui se precisar de nós, — disse Cas com olhos


simpáticos. Ele lhe jogou uma piscadela e seus irmãos pareceram
relaxar com sua natureza brincalhona.

Ele acenou com a panqueca para eles e saiu pela porta da frente.

Embora a cidade ainda estivesse escura e as pessoas ainda


estivessem de luto, as ruas pareciam mais leves. Mais pessoas se
cumprimentavam enquanto passavam. Ou paravam para comparar
histórias de batalhas.

Tinha sido um desastre e quase perderam Cas, mas a cidade se


unira e isso ajudava de alguma forma.

Ele pensou em seus sonhos da noite anterior.

Crianças. Ele viu a companheira cercada por muitas e muitas


crianças.

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Alanea Alder
Isso não poderia ser ruim, certo?

My
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Alanea Alder

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