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MY

SavioR
Alanea Alder
Minha Salvadora
Alanea Alder

Tradução: Lelena Dias, Eve, Simone


Revisão: Shinigami, White Dog, J.Angel, M.Caster e Aly
Leitura Final: Lelena Dias, Guinha Souza e Dadá
Relançamento: Eva

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Alanea Alder
Dedicatória

~Amor Vincit Omnia - O Amor Tudo Conquista~

Para Peggy, obrigada por todo o seu suporte, como sempre,


eu não poderia ter conseguido sem você.
Para Sabrina Stopforth, obrigada por sua incrível
dedicação. O seu trabalho compartilhando Minha Salvadora
com todo mundo realmente tornou alguns dos longos dias
suportáveis, porque eu sabia que alguém já acreditava no livro.
E para os meus leitores, cada um de vocês que comprou os
meus livros e mergulha nos meus mundos. Obrigada por amar
os meus personagens tanto quanto eu!

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Alanea Alder
Amelia sonhou com seu companheiro desde que era uma
garotinha. Toda a sua vida, visões de um príncipe dourado
aqueceu seu coração e prometeu um futuro de conto de fadas.
Ela anseia pelo dia em que finalmente ficarão juntos.

Quando o dia fatídico chega e ela conhece Darian pela


primeira vez, ela fica quase destruída por sua rejeição
inequívoca. Sua contínua negação de seu relacionamento
destinado a faz duvidar de seu próprio valor e das visões que
teve toda a vida.

Darian está oscilando no limite. Ele se recusa a reconhecer


Amelia como sua companheira e sombras continuam se
espalhando por seu coração. Ele se acostumou ao vazio em sua
alma e quase teme a enxurrada de emoções que ela provoca.

Quando uma tragédia inesperada envia Darian em espiral

para um abismo sem esperança, Amelia terá forças para


retirá-lo de lá, ou ela sucumbirá à sua própria escuridão?

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Prólogo
Trinta anos atrás

— Não tenha medo; eu estou com você. — Amelia sorriu


para o príncipe muito alto e dourado. Ela balançou o braço e
suas mãos entrelaçadas balançaram entre eles. Ao redor deles,
pequenos elfos alados cantavam e dançavam no ar. O calor do
sol pairava sobre a clareira numa luz suave e dourada. O ar ao
redor deles parecia reluzir e brilhar enquanto os animais
caminhavam pela floresta, completamente em paz. O perfume
das gardênias e das passifloras a faziam se sentir
despreocupada e contente. Ela olhou em volta maravilhada.
Mesmo nunca tendo estado lá antes, ela sabia que estava no
próprio coração do jardim dos faes na mística cidade de Éire
Danu.
— Eu sei que você não vai me machucar; você é o meu
companheiro.
O príncipe a olhou, seus olhos cor de lavanda amáveis e
gentis.
— Sou mesmo, pequenina.

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Amelia suspirou.
— Nós temos que esperar até eu crescer antes de
podermos acasalar, hein? — Até ela sabia que não se podia
acasalar quando se tinha seis anos de idade.
Ele assentiu.
— Mas não se preocupe; nós estamos conectados pela luz
dos nossos corações. Algum dia encontraremos um ao outro.
Amelia olhou para o chão.
— E se você esquecer? — Ela sabia que demoraria para
sempre até ela ser crescida. E se ele a esquecesse até então?
Seu príncipe colocou a mão sobre o coração por um
momento antes de estender o braço. Quando ele abriu os dedos,
um pequeno orbe de luz dourada pulsava em sua mão.
Sorrindo, ele levou o orbe até o peito dela, onde este se iluminou
grandemente antes de desaparecer. Imediatamente, ela sentiu a
presença gentil deste cercar seu coração.
— Agora não há como eu te esquecer, pois você leva um
pedaço da minha luz consigo, — explicou ele.
Ela colocou a mão no peito e sorriu largamente para ele.
Ela pensou nos longos anos à frente e franziu a testa.
Ele puxou a trança dela.
— O que te deixa tão triste? Se é algo que eu possa
consertar, eu consertarei, — ele prometeu.
Ela olhou para cima, sentindo-se esperançosa.
— Você pode me tornar uma adulta para que possamos
ficar juntos imediatamente?
Ele balançou a cabeça e bagunçou o cabelo dela. Ela
amava a sensação de sua mão grande e quente em seu cabelo.
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Ele a fazia se sentir especial e segura. Ela silenciosamente
agradeceu a Destino1 por enviar-lhe alguém tão gentil e
amoroso.
— Eu sei que para alguém tão jovem os anos que se
aproximam parecem muito distantes, mas na realidade, o tempo
vai passar em um instante. Antes que você perceba, eu estarei
de pé na sua frente, e nós poderemos começar nossa vida
juntos.
— Promete?
Ele se ajoelhou sobre um joelho diante dela, segurou o
rosto dela entre suas duas grandes mãos e beijou sua testa.
— Eu prometo.
— Eu não vou deixar você esquecer. Você é meu, —
declarou Amelia ferozmente.
Um sorriso de prazer transformou o rosto dele de
encantador para malandro. Ela sentiu-se corar; seu
companheiro era muito bonito.
— E você é minha. — Ele piscou antes de se levantar. Ele
estendeu a mão para pegar a dela, e ela se sentiu caindo para
trás.
— Não! — ela gritou. Ela sentiu o chão ceder e estava
caindo na escuridão, a beleza e o calor do jardim
desaparecendo.
— Eu estarei esperando. Não tenha medo, — ele falou
atrás dela.

1Aqui preferi colocar “a Destino”, pois durante várias passagens de vários dos
livros da série os personagens se referem ao destino no feminino.

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Amelia acordou ofegante e olhou ao redor do quarto. Suas
bonecas rosa e bichinhos de pelúcia pareciam tão comuns
depois de um sonho tão incrível. Sorrindo, ela pulou para fora
da cama e correu para a cozinha. Ela sabia que seu irmão,
Caiden, estaria fazendo o café da manhã antes que ele e seus
outros irmãos, Kyran e Tristan, tivessem que se apresentar para
os treinos com os outros guerreiros da unidade.
Ela derrapou até parar na frente da pequena mesa de
madeira da cozinha.
Caiden se virou para longe do fogão, um avental branco
cobrindo seu equipamento de treino.
— Por que você não está vestida, mocinha? Você não tem
muito tempo para tomar o café da manhã antes de termos que
te deixar na casa dos Armstrong para as aulas.
O convidado na mesa bufou, olhando para o avental de
Caiden.
— Sabe, Caiden, você fica adorável nesse avental. Talvez
seus irmãos devessem te dar um belo colar de pérolas para
completar o visual.
— Essa foi boa, Kendrick, — disse Tristan e levantou o
punho para que batessem nesse. Kendrick olhou para tal e
levantou uma sobrancelha. Amelia deu uma risadinha.
Tristan revirou os olhos e deixou a mão cair.
— Claro, você não dá soquinhos. Você é o Sr. Sombrio e
Misterioso.
Kyran riu.
— Eu não acho que alguém com o cabelo tão vermelho
possa se passar por sombrio e misterioso.
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Caiden serviu ovos mexidos e depois a olhou.
— Bem? — Ele apontou com a cabeça em direção ao
corredor. — Vá se aprontar.
Amelia deu pulinhos.
— A escola pode esperar. Eu tenho que te contar sobre o
meu sonho. Foi incrível! — Ela estava praticamente vibrando de
excitação.
Caiden franziu a testa e virou-se para Kendrick.
— Eu pensei que você tivesse restringido a maioria dos
poderes dela? Eu não quero que ela desencadeie outro
terremoto.
— Eu restringi. — Kendrick olhou para Amelia. — O que
aconteceu no seu sonho?
— Eu conheci o meu companheiro! — ela anunciou
alegremente.
Ao redor da mesa, Kyran e Tristan começaram a se
engasgar com o café da manhã. Caiden deixou cair a frigideira e
Kendrick começou a esfregar o queixo.
— O qu-qu-quê?! — Caiden rugiu.
Kendrick deu batidinhas nos lábios pensativamente.
— Faz sentido. O feitiço de restrição não seria capaz de
bloquear o sonho de acasalamento de um bruxo. É assim que
encontramos os nossos companheiros.
Caiden rodeou a mesa correndo enquanto Kyran e Tristan
se atrapalhavam com suas bebidas e tentavam limpar suas vias
aéreas. Ele se ajoelhou na frente dela.
— Você tem certeza? Você é só um bebê!
Amelia colocou as mãos nos pequenos quadris.
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— Sim, eu tenho certeza, e eu não sou um bebê!
— Você é o meu bebê! — Caiden gritou.
— O nosso bebê! — Tristan corrigiu. Ele e Kyran se
levantaram e se amontoaram ao redor dela.
Lembrando-se de seu príncipe, ela suspirou feliz.
— Ele era perfeito, como um príncipe.
Caiden ficou de pé, o rosto como uma tempestade. Ele
olhou para Kendrick e então apontou para ela.
— Conserte isto! — ele demandou.
Kendrick olhou para o irmão mais velho dela
categoricamente.
— Concertar isso como exatamente?
Caiden começou a andar de um lado ao outro na pequena
cozinha. Dos três, ele era o mais protetor, já que era mãe e pai
para ela. Kyran, o segundo mais velho, era o confidente dela, e
Tristan era seu companheiro de brincadeiras. Juntos, os três
cuidavam dela enquanto seus pais viajavam pelo país.
— Não há nada para consertar. — Ela franziu o cenho para
o irmão. Dos três, infelizmente, ela era a mais parecida com
Caiden; ambos eram cabeçudos e teimosos.
Caiden se aproximou novamente e colocou as mãos sobre
os ombros dela, a preocupação no rosto.
— Você está bem? Ele fez alguma coisa estranha com
você?
Amelia pensou nisso por um segundo.
— Ele colocou sua coisa em mim.
Todos os quatro homens congelaram.
O ar ao redor de Caiden começou a faiscar e crepitar.
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— Ele fez o que? — ele perguntou, sua voz soando
estranha e tensa.
— Ele colocou a luz dele no meu coração, assim ele pode
me encontrar mais tarde, — explicou ela. Ela olhou em volta,
confusa, quando os homens pareceram se inclinar para frente
com alívio. — O que? — ela perguntou.
— Nada, bebê. — Caiden pegou-a e sentou-se com ela no
colo. — Eu não posso fazer isso. Ela nunca pode se acasalar. —
Ele soltou um longo suspiro e a aconchegou perto de si. Kyran e
Tristan se recostaram em suas cadeiras e descansaram as
cabeças na mesa.
O sorriso de Kendrick era perverso quando se levantou.
— Isso me deixa eternamente grato por ter um irmão.
Atrás de si, ela sentiu Caiden rir.
— Como se você fosse menos protetor com o Keelan do que
nós somos com a Amelia?
À menção do nome de seu irmão, ela viu os olhos de
Kendrick amolecerem por um segundo antes de ficarem duros
novamente.
— Verdade, — ele concordou.
Amelia sabia que quase todo mundo em Storm Keep tinha
medo do arquivista antissocial, mas já que ele era o melhor
amigo do seu irmão, Caiden fez dele o seu Athair; ela cresceu
em torno dele. Ele podia parecer malvado e irritadiço, mas
sempre fora gentil com ela.
— Vá se vestir, bebê. Por alguma razão, eu mal posso
esperar para fazer exercícios hoje. Bater na Unidade Ómicron

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soa muito terapêutico, — Caiden comentou, colocando-a no
chão.
Kyran ficou de pé.
— Isso parece uma boa ideia. Nós vamos fazer as unidades
começarem com exercícios básicos enquanto você deixa a
Amelia na escola. — Ele e Tristan beijaram o topo da cabeça
desta e saíram pela porta dos fundos.
Kendrick suspirou.
— Tentem não quebrar muitos ossos. Eu cheguei ao meu
limite de boas ações do ano. Eu não me sinto a fim de ouvir o
pessoal do templo da água me implorar por ajuda na cura de
qualquer guerreiro musculoso que não tem o bom senso de
desviar. — Kendrick se virou para a porta.
— Eu vou me lembrar disso, — disse Caiden, empurrando-
a na direção do corredor.
Cantarolando, ela pulou pelo corredor até o quarto. Ela
conhecera seu companheiro e ele era um príncipe gentil e
dourado! Ela mal podia esperar para crescer!

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Capítulo 1

Darian observou seu oponente cuidadosamente. Em sua


mente, ele identificou a ordem de ossos a quebrar de forma a
causar mais dor. Eles estavam em um armazém abandonado e
úmido, dentro de um ringue de combate em forma de jaula. A
luz fluorescente no teto banhava tudo em uma luz implacável,
dura e lançava sombras fortes. Para ele, o mundo havia se
desvanecido em vários tons de cinza, de modo que até o sangue
que escorria de sua presa parecia preto.
Não mais o chocava pensar em seus oponentes como
presas. Em sua mente, o homem diante dele não tinha
significância. Darian sabia que sua própria alma estava tão
condenada que até mesmo essas lutas, que uma vez
mantiveram a raiva sob controle, não podiam mais ajudá-lo a
controlar seus pensamentos assassinos. Esta era outra razão
pela qual ele estivera passando tanto tempo longe de Lycaonia e
da propriedade Alfa. Quando ele finalmente perdesse o controle,
ele não queria estar perto de sua família.

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— Vamos, bonitão, isso é tudo o que você tem? — o
homem de peito largo provocou. Darian suspirou. O pequeno
humano desconsiderava sua altura e só via seu rosto. Ele
estava cometendo o mesmo erro que muitos outros cometeram
no passado. Eles viam um rosto bonito e longos cabelos loiros, e
assumiam que ele não sabia lutar.
Sem hesitar, ele deu um passo à frente e o tempo pareceu
desacelerar. Ele facilmente desviou das tentativas fúteis do
outro homem para acertar um soco. Darian puxou o braço para
trás e lhe deu um soco no peito. Ele sorriu quando ouviu ossos
se quebrarem com o impacto. Ao redor dele, ele podia ouvir as
vaias e gritos dos espectadores. Eles queriam uma morte, e ele
os daria.
Como os gladiadores da antiguidade, ele circulou o rinque,
absorvendo as exigências ensurdecedoras e desumanas pela
morte do homem. Ele caminhou preguiçosamente de volta ao
homem que estava tossindo sangue. Ele colocou o joelho nas
costas deste e puxou a cabeça do homem para trás, de modo
que ficasse dobrada em um ângulo estranho.
— Darian, não! — Uma voz jovem e masculina gritou às
suas costas.
Suas mãos doíam pela ânsia da matança e, antes que ele
pudesse ser parado, ele se retorceu e o homem caiu
frouxamente no chão. Segundos depois, ele ouviu Keelan gritar
acima da multidão:
— Obliviscaris!
A multidão se aquietou ao redor dele, e todos ficaram
parados como se estivessem atordoados. Keelan havia limpado
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suas memórias dele e desta noite. Darian deu de ombros,
levantou-se e foi até a porta. Ele a abriu com um chute e pulou
para fora do ringue, pegou uma toalha e começou a limpar o
suor e o sangue enquanto Keelan abria caminho até ele.
Quando Keelan finalmente o alcançou, seu rosto era uma
máscara de pânico e medo.
— Deuses! Darian, você o matou; você realmente o matou!
O que diabos está acontecendo?
Darian deu de ombros.
— Não se envolva. Não é nada.
— Por quê?!
— Porque, por um tempo, a luta ajudava com a raiva. —
Darian jogou a toalha no chão e pegou a própria bolsa.
— Raiva, que raiva? Por que você não veio até nós? —
Keelan exigiu.
— Você sabe o que está acontecendo, Keelan. É realmente
algo com o que vocês podem ajudar? — Darian se virou para a
saída.
Keelan agarrou o braço dele e o girou. A única razão pela
qual seu punho o atingiu foi porque Darian não estava
esperando que o menor membro de sua unidade fosse socá-lo.
— Seu filho da puta! Você vai simplesmente desistir? — O
rosto de Keelan estava vermelho de raiva.
Darian esfregou o queixo. O merdinha sabia bater.
— Eu não tenho muito tempo, Kee. Eu estou fazendo o
melhor que posso para que quando eu finalmente me
transformar, eu não esteja em casa com a Meryn e as outras
mulheres.
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Keelan se virou e olhou para o cadáver no ringue.
— Está? Você já se transformou? — Parecia que ele estava
tendo dificuldade em pronunciar as palavras.
Darian sacudiu a cabeça.
— Ainda não. Aqueles com quem eu tenho lutado no
ringue são criminosos reconhecidos. Aquele — ele apontou com
o polegar para o ringue atrás de si — gastou muito dinheiro na
semana passada subornando um juiz para evitar a prisão, eu só
me certifiquei que ele recebesse justiça.
— O que ele fez? — Keelan perguntou.
— Ele estuprou uma menina de seis anos de idade. O juiz
disse que já que ela estava vestindo um top e shorts para
dormir, ela o estava tentando. — Ele balançou a cabeça e
começou a andar até a saída.
— Você quer dizer que ele era um vilão? Isso é ótimo,
Darian! Você não matou nenhum inocente. Ainda há esperança,
— Keelan disse animadamente enquanto caminhavam para
onde ambos os carros deles estavam estacionados.
Darian se virou para o membro mais jovem de sua
unidade.
— Por que você me seguiu? — Ele tinha que saber se
estava fazendo alguma coisa na propriedade que iria delatá-lo.
Keelan revirou os olhos.
— Os outros três membros da nossa unidade estão
acasalados. Que diabos mais eu deveria fazer?
Darian destrancou o carro e jogou a mochila no banco do
passageiro.

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— Você poderia estar cortejando a sua própria
companheira, — ele sugeriu.
Keelan olhou para o chão.
— Algo não está certo. Eu sonhei com ela, claro, mas eu a
conheci, e ainda estou sonhando com ela. Nenhum dos outros
teve isso.
— Provavelmente porque você ainda não a reivindicou. É
melhor você ser grato por esses sonhos; o último salvou a vida
dela. Se você não tivesse dito para ela checar os freios do carro,
ela teria tido o acidente de carro que você viu.
Keelan olhou para cima e encarou a lua. Darian sabia que
todos os bruxos estavam ligados à lua de uma maneira que
nenhuma outra raça era capaz de explicar. Quando Keelan o
olhou novamente, os olhos do jovem bruxo estavam sérios.
— Eu não me sinto atraído por ela absolutamente, — ele
confessou.
Merda.
Darian suspirou. Ele estava contando com que Keelan se
acasalasse em seguida para que ele pudesse passar para o
próximo mundo, sabendo que todos os seus companheiros de
unidade estavam seguramente acoplados. Agora parecia que
alguém havia colocado uma pedra em seu caminho. Ele
realmente não tinha tempo para isso.
— Você já tentou ficar atraído por ela?
— Que diabos de tipo de pergunta é essa? É claro que
tentei. Nós saímos em encontros, nos damos muito bem, mas é
como se algo estivesse errado.
— Você tem tempo.
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— Você também. Todos nós estamos encontrando as
nossas companheiras, Darian. Eu sei que você tem sonhado
com a sua também. Por que você não está fazendo tudo ao seu
alcance para aguentar por ela?
Darian apenas olhou para seu melhor amigo. Keelan
estava certo; ele esteve sonhando com uma mulher. Ela era
inocente e brilhante e pura. Ela estava sempre rindo e sorrindo.
Ele não tinha o direito de amarrá-la a alguém como ele. Ele iria
arrastá-la para o inferno escuro que era o seu futuro. Ele
preferiria desistir de sua alma do que permitir que até mesmo
um pouquinho de escuridão enchesse os olhos dela.
— Eu não vou prendê-la a mim, não neste momento, Kee.
É tarde demais para mim.
— Foda-se isso! Eu não vou desistir, Darian, e é melhor
você também não desistir, — Keelan gritou.
— Ou o que, meu amigo? — Darian pressionou. Ele se
aproximou de Keelan até seus peitos se chocarem.
Os olhos de Keelan escureceram e, de repente, Darian não
estava cem por cento certo de que poderia com o jovem bruxo.
Algo em seus olhos era selvagem e indomável.
— Não me obrigue a prendê-lo, Darian, — Keelan avisou.
— Não vai chegar a isso, — Darian prometeu. A exibição de
Keelan fora aviso o bastante. Quando chegasse a hora, ele
ficaria bem longe do bruxo.
Os olhos de Keelan se iluminaram e ele sorriu.
— Ótimo. Nós vamos lutar contra isso juntos, Darian; nós
podemos fazer isso. — Keelan se virou e entrou em seu carro,
claramente interpretando mal sua promessa.
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Darian iria deixá-lo continuar a pensar que ele tinha
chance; seria mais fácil para todo mundo assim.
*****
— Porque sim! Se eu não sair da porra dessa casa eu vou
perder a cabeça e vou te fazer perder a cabeça comigo! — gritou
uma familiar voz feminina. Na manhã seguinte, Darian parou
com tudo no corredor do lado de fora da sala de jantar e
debateu consigo mesmo o quão faminto estava.
— Covarde. — Gavriel brincou quando ele e Beth passaram
por ele e entraram na zona de guerra.
Havia muito poucas coisas sobrando nesta Terra que o
faziam sorrir; Meryn era uma delas. Em raras ocasiões, ela
conseguia afastar a escuridão, mas esses incidentes eram
poucos e distantes entre si. O estômago de Darian tomou a
decisão por ele. Fortificando a si mesmo, ele entrou.
Meryn estava de um lado de sua cadeira e Aiden do outro.
Ele tinha ambas as mãos estendidas na frente de si enquanto
tentava acalmar sua companheira. Ao redor da mesa, todo
mundo estava calmamente tomando o café da manhã. Até
Penny estava encarando com tranquilidade a ameaça de Meryn,
sua língua aparecendo no canto da boca enquanto se
concentrava em espalhar chantili em seu bagel.
— Meryn, coração, você tem que se acalmar, — implorou
Aiden.
— Eu estou calma! Mas se eu não ver algo além do nosso
quarto, do seu escritório, ou da sala de jantar, eu vou começar a
ficar esfaqueadora! — Ela se sentou e cruzou os braços sobre o
peito.
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Aiden empalideceu e sentou-se ao lado dela.
— Ok, bebê, vamos para o The Jitterbug. Você não vê o
Sydney ou o Justice há algum tempo.
Meryn sacudiu a cabeça.
— Eu quero ir ver o último filme do Hobbit. Ele não vai
continuar nos cinemas por muito mais tempo, e eu não posso
perdê-lo. Eu vi todos os outros na telona. Eu não vou esperar
pelo DVD para ver o final.
Aiden olhou para onde Gavriel se sentava com Beth e
depois para Colton e Rheia. Os rostos dos dois homens estavam
ilegíveis. Todo mundo sabia que essa não era uma boa ideia,
todo mundo quer dizer, exceto a Meryn.
Beth colocou uma mão no ombro de Gavriel.
— Eu gostaria de assistir ele também. Se o medo de
sermos atacados nos impedir de fazer as coisas que queremos,
então eles já venceram.
Gavriel fechou os olhos e recostou-se na cadeira. Darian
olhou para Aiden. Ele também tinha uma expressão derrotada.
Darian observou como Keelan olhou ao redor da mesa,
seus olhos ligeiramente assombrados e seu rosto cansado.
— Nós poderíamos fazer disso uma saída em grupo. Eu
aposto que alguns dos caras das outras unidades gostariam de
ver como os humanos pensam que são os elfos. — Aiden atirou-
lhe um sorriso agradecido.
Meryn sacudiu a cabeça.
— Só se eles ficarem tipo, não sei, a cinco metros de
distância o tempo todo. Eu não quero andar por aí com uma

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enorme parede de corpos bloqueando a luz do sol. Assim eu
poderia muito bem ficar em casa.
Aiden assentiu.
— Você nem vai perceber que eles estão lá, — ele
prometeu. Ele olhou para Keelan. — Você deveria convidar a
Anne.
Keelan sacudiu a cabeça.
— Talvez na próxima vez.
Darian captou os olhares questionadores e preocupados
que Aiden estava atirando para o Colton. Colton apenas deu de
ombros. Sabendo que nada seria respondido se as perguntas
não fossem feitas, ele falou:
— Keelan, você está bem?
As mulheres se voltaram juntas para encarar Keelan; ele
estremeceu com o escrutínio delas.
— Estou bem.
Franzindo a testa, Meryn se levantou e caminhou até a
cadeira dele. Ela colocou uma mão na testa dele e depois uma
na própria testa.
— Eu não acho que ele esteja com febre.
Rheia se levantou.
— Talvez eu devesse ser a pessoa a verificar isso. — Ela
caminhou até Keelan e colocou a mão ao lado da de Meryn. Os
olhos de Keelan se lançaram ao redor da mesa para os outros
membros da unidade. Darian quase podia sentir seu desespero.
Rheia franziu a testa e Meryn começou a acariciar o cabelo
de Keelan. Darian estava disposto a apostar que em mais
alguns segundos o bruxo fugiria.
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— Bem, Rei? — Meryn perguntou.
Rheia retirou a mão.
— Não consigo perceber febre alguma. Keelan, você tem
dormido?
Keelan apenas deu de ombros.
— Pobre bebê. — Meryn abraçou a cabeça de Keelan
contra seu peito.
Darian observou e desfrutou de um raro momento de
diversão. Aiden estava rosnando, e Keelan parecia estar prestes
a se mijar.
Depois de alguns segundos, Keelan se desvencilhou de
Meryn e a olhou.
— Eu pensei mesmo que você não gostasse de mim.
Ela o olhou, chocada.
— De onde você tirou essa ideia?
Todos os homens desviaram o olhar, escondendo seus
sorrisos. Todos sabiam que Keelan era a distração favorita de
Meryn pela manhã. Penny deu uma risadinha.
Keelan deu de ombros novamente.
Ela bagunçou o cabelo dele.
— É claro que gosto de você. Na verdade, você é uma das
poucas pessoas no mundo que eu realmente gosto. Se eu não
gostasse de você, não falaria com você de forma alguma.
— Eu acho que uma saída é uma ideia maravilhosa. A
Meryn precisa de mais ar fresco, — disse Ryuu, vindo da
cozinha. Ele colocou um jarro de suco de laranja na mesa e
olhou para Rheia. — Eu ficaria mais do que feliz em cuidar da
Penny por você, se você quiser ir.
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Os olhos de Rheia se iluminaram antes dela se virar para
Colton.
— Nós nunca tivemos um encontro de verdade, — ela disse
suavemente.
Colton suspirou e passou um braço em volta dos ombros
dela. Simples assim, Darian sabia que todos iriam ver Hobbit.
Ele se levantou e pegou o telefone. Ele conhecia seu
comandante, e antes que Aiden ao menos tivesse que lhe dizer,
ele já estava ligando para o Sascha.
— Você toma conta disso, Darian? — Aiden perguntou da
mesa.
— Sim, senhor. — Darian foi para a sala de estar. Ele
sentou-se no sofá para tomar as providências de segurança.
Depois do segundo toque, ele ouviu a saudação de Sascha:
— O que?
— E olá para você também, idiota.
— Eu não estou acordado ainda, então é melhor que seja
bom.
— As mulheres querem ir ver um filme em Madison. A
Unidade Gama está encarregada da segurança. — Darian nem
tentou adocicar as coisas.
— Filho da puta! — Sascha continuou a xingar enquanto
Darian ouvia os pés do homem atingirem o chão.
— Imagino que eles vão tentar ir na matinê às dez da
manhã. Prepare os caras e nos encontrem na cidade no cinema.
— Nós estaremos lá, — Sascha resmungou.
— Até mais. — Darian desligou o telefone e deixou a mão
pousar na almofada ao seu lado. Ele deveria ter se divertido
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mais torturando o Sascha, mas não conseguia encontrar a
energia. Tudo parecia tão inútil ultimamente.
Darian sentiu um puxão em sua manga. Quando ele olhou
para baixo, viu que Felix o observava com um olhar preocupado
no rosto. Forçando seus lábios a se moverem, ele sorriu.
— Ei, amigo, qual o problema?
Felix continuou a encará-lo.
— Eu estou bem, de verdade, — prometeu Darian.
Os brilhantes olhos verdes de Felix se encheram de
lágrimas.
— Vá pra casa breve? — ele perguntou em sua pequenina
voz.
— Eu iria se pudesse. — Darian deixou o sorriso
desaparecer enquanto sua cabeça se inclinava para trás para
repousar na almofada.
Felix puxou sua manga vigorosamente.
— Eu levo.
Darian virou a cabeça para olhar para seu pequeno amigo
e levantou a mão. Usando seu dedo indicador, ele gentilmente
acariciou o topo dos cachos cor de cobre de Felix.
— Eu aprecio o sentimento, mas essa opção foi tirada de
mim há muito tempo.
Felix limpou as lágrimas com a manga do casaco.
— Sua luz está quase acabando.
Darian fechou os olhos.
— Eu sei.
— Alfa ajuda?
Darian abriu os olhos e sacudiu a cabeça.
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— Não há nada que alguém possa fazer. Prometa-me uma
coisa, Felix. Se algo acontecer comigo, prometa que vai manter
as mulheres e a Penny em segurança. Os caras podem cuidar
de si mesmos.
Felix fungou e tentou parecer másculo, o esforço arruinado
pelo fluxo constante de lágrimas rolando por suas bochechas de
querubim. Ele assentiu, em seguida, enfiou a mão dentro da
camisa. Ele revirou o pingente e segundos depois voou para
longe.
Claro, um elfo seria capaz de perceber que ele estava
desaparecendo. Eles eram parentes distantes dos faes. Darian
se levantou e colocou o celular no bolso antes de voltar para a
sala de jantar. Se estes eram seus últimos dias, então ele iria
aproveitar cada pedaço da culinária de Ryuu que pudesse.
*****
— Eu pensei que você conhecesse a história! — Aiden
exclamou, enxugando mais lágrimas do rosto de Meryn com
alguns guardanapos de papel do cinema.
Ela estava chorando tanto que não conseguia formar
frases coerentes. As pessoas estavam jogando olhares malignos
para o Aiden enquanto passavam, assumindo que ele era o
motivo pelo qual ela estava chorando.
Ele tinha que admitir que a cena parecia incriminadora
para o seu comandante. Meryn era apenas um pouco mais alta
que uma criança, e mostrava ligeiramente uma barriga de
grávida por trás de sua camiseta de desenho animado que a
fazia parecer ainda mais jovem.

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Alanea Alder
Beth e Rheia estavam uma de cada lado de Meryn fazendo
barulhos para acalmá-la. Gavriel, Colton e Keelan pareciam tão
perturbados e desamparados quanto seu comandante.
Darian pensou por um momento antes de decidir um
curso de ação.
— Meryn, você gostaria de tomar um sorvete? A loja do
outro lado da rua presumivelmente tem uma seleção realmente
boa.
Meryn parou no meio da fungada.
— Sorvete? — Ela usou a manga do casaco para limpar o
nariz.
— Sim e coberturas.
Meryn virou-se para Aiden.
— Nós podemos tomar sorvete?
Aiden assentiu freneticamente.
— Claro que você pode tomar sorvete. — Ele olhou para
Darian e pronunciou sem som a palavra: "Obrigado".
Darian deu de ombros. Quanto mais cedo Meryn se
recompusesse, mais cedo eles poderiam retornar à propriedade
Alfa.
— Nós vamos com você. Vocês, homens, esperem aqui, —
disse Beth, enquanto ela e Rheia passavam os braços pelos de
Meryn. Juntas, as três atravessaram a rua e desapareceram na
sorveteria.
— Oh. Meus. Deuses. — Aiden esfregou o rosto com as
mãos.
— Graças a Deus! Eu não sabia que ela podia chorar
assim. — Colton soltou um longo suspiro.
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— Eu não sabia que alguém podia chorar assim, — Keelan
admitiu, parecendo pálido.
— Hormônios da gravidez, — Gavriel disse simplesmente.
Os quatro homens assentiram juntos.
— Boas cenas de batalha, no entanto, — Colton declarou,
mudando de assunto.
— Me fez querer melhorar as minhas habilidades com o
machado, — admitiu Keelan.
Darian virou a cabeça e viu a porta da sorveteria se fechar
atrás das mulheres. Ele se virou e começou a escanear a área
enquanto os homens discutiam os méritos de usar um machado
ao invés de uma espada larga. Ele desejou poder morrer
honradamente em batalha, defendendo seus entes queridos,
mas ele sabia a verdade. Como as coisas estavam, ele se
transformaria e teria que ser abatido como um cachorro raivoso,
ele apenas rezava à Destino que ele não machucasse ninguém
no processo.
*****
— Pela última vez, não, você não pode voar até aqui e me
acompanhar até em casa. Eu estou bem! — Amelia Ironwood
sentiu sua pressão sanguínea aumentar. Apenas seus irmãos
podiam afetá-la tanto, tão rapidamente.
— Há relatórios de pessoas desaparecidas naquela área,
minha menina. Você está a caminho de casa de qualquer
maneira, — Caiden argumentou.
— Eu estarei em Lycaonia ao cair da noite. Eu vou às lojas
de manhã e então estarei a caminho de Storm Keep. Eu estarei
em casa antes que você perceba.
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— Venha para casa agora, — Caiden ordenou. Ela fez uma
pausa. Isso não era típico dele; ele parecia ansioso.
— Qual o real problema?
— Eu tive um sonho.
Amelia esperou que ele continuasse. Quando ele não o fez,
ela o incitou:
— E?
— E você morria, porra! — Caiden explodiu. Amelia
afastou o telefone da orelha. — Você caia na escuridão e morria.
Isso vai acontecer em breve. Em meu sonho, o calendário era
para este ano e mês, bem antes do Imbolc2.
Esta não era a primeira vez que Caiden tinha um sonho
sobre ela. Geralmente, estes eram sobre coisas menores, como
qual encontro cancelar ou qual trabalho aceitar. Ele nunca a
tinha visto em perigo antes de agora.
— Escute, eu não posso viajar muito mais hoje de
qualquer maneira. Vou me certificar de estar em Lycaonia esta
noite e sair bem de manhãzinha. Vou te ligar quando estiver na
estrada.
— Por favor, tenha cuidado, minha menina, — Caiden
implorou.
— Sempre, — ela prometeu. Ela terminou a ligação e olhou
para o celular. A conversa deles certamente estragara a noite
dela. Ela olhou em volta. Ela estava na pequena cidade humana
de Madison, no exterior de Lycaonia. Quando seus olhos

2 Imbolc é um festival gaélico que marca o inicio da primavera. Realizado


geralmente nos primeiros dias de fevereiro ou entre o solstício de inverno e o equinócio da
primavera.

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pousaram em uma sorveteria, ela fez uma dança feliz na
calçada. Sorrindo, ela atravessou a rua pulando e abriu a porta.
Uma dose enorme de açúcar sempre ajudava em situações
assim. Ela se entregaria a calorias suficientes para colocar um
shifter de urso para hibernar, ligaria para o número do conselho
que Caiden lhe dera e arranjaria uma escolta para Lycaonia.
Com um pouco de sorte, as lojas ainda estariam abertas para
algumas compras tarde da noite! Ela já havia reservado um
pernoite em uma das melhores pousadas de Lycaonia. Se ela
começasse cedo o suficiente de manhã, ela poderia ficar no spa
em Dallas por mais tempo do que planejara, especialmente se
ela fosse desistir de visitar Lycaonia por causa da premonição
de seu irmão. Ela sorriu; ela podia até mesmo conseguir que
Caiden pagasse pelo spa se ela fizesse tudo certinho.
Sortuda!
Cantarolando para si mesma, ela olhou para o freezer dos
sorvetes.
— Posso pegar algo para você? — Uma voz masculina
perguntou.
Ela olhou para cima e sorriu para o humano de meia-
idade.
— Sim, eu gostaria de uma casquinha de sorvete com três
bolas. Só que eu gostaria que a casquinha de sorvete fosse
esmagada em uma tigela com o sorvete por cima. Eu gostaria de
chiclete, nozes e chocolate com menta, por favor. — Ela
alegremente apontou para os sorvetes coloridos.
Quando ele não respondeu, ela olhou para cima. Suas
sobrancelhas estavam unidas em uma carranca.
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— Vocês duas são parentes? — ele perguntou, apontando
para o outro lado da loja.
Amelia seguiu seu dedo até onde três mulheres estavam
sentadas, tomando seus sorvetes. Amelia estava prestes a
perguntar ao humano o que ele queria dizer quando viu um
pouco de rosa na tigela da mulher menor.
Ela correu para o grupo e olhou para baixo.
— Fala sério! Chiclete, nozes e chocolate com menta? —
ela perguntou à mulher, incapaz de acreditar que alguém mais
comia sua própria criação especial.
— Sim, por quê? — Olhos verdes se semicerraram para
ela.
— A casquinha esmagada no fundo?
— Sim. Quem é você? — A pequena mulher se aproximou
mais da mulher loira que a estava olhando com incredulidade.
— Desculpe, o meu nome é Amelia Ironwood e é
exatamente isso que eu acabei de pedir. Eu nunca conheci mais
ninguém que gostasse dessa combinação.
— Senhorita, o seu sorvete, — o homem atrás do balcão
falou.
Amelia olhou para as mulheres.
— Volto logo. — Ela se virou, pagou pelo pedido e voltou
para a mesa com seu próprio sorvete. Sem perguntar, ela puxou
uma cadeira e sentou-se com elas. Ela pegou a colher e deu sua
primeira mordida. — Delicioso.
— Por que ela está sentada com a gente? — a pequena
mulher perguntou com uma carranca.
A mulher de cabelos escuros trajando uniforme médico riu.
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— Meryn, isso é rude. Ela só está sendo amigável. — Ela se
virou para Amelia. — Meu nome é Rheia Bradley, esta é
Elizabeth Monroe, e a antissocial é a Meryn McKenzie.
Amelia assentiu.
— Prazer em conhecê-las. Vocês todas moram aqui em
Madison?
Elizabeth sacudiu a cabeça.
— Não, nós moramos... um pouco para fora da cidade.
Amélia parou de buscar em sua tigela o sorvete de chiclete
e absorveu as suas palavras.
— Vocês não seriam de Lycaonia, não é? — ela perguntou,
dando um tiro no escuro. Ela havia lido o mapa; não havia nada
por trezentos e vinte quilômetros ao redor de Madison.
Os olhos de Elizabeth se arregalaram.
— Na verdade sim. É para lá que você está indo?
Amelia assentiu.
— Eu preciso ligar para um tal de René Évreux para
providenciar uma escolta até à cidade.
Meryn rosnou e esfaqueou seu sorvete.
— Não ligue para ele; ele é um completo babaca. Você pode
nos seguir. Nós vamos para a propriedade Alfa. Um dos caras
pode te mostrar como chegar à cidade.
— Isso seria ótimo! Sem ter que esperar por uma escolta,
eu definitivamente vou fazer compras hoje à noite. Whoo hoo! —
Ela acenou com a colher.
Meryn a observou com uma expressão cautelosa.
— Você é muito feliz.
Amelia assentiu.
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— É o que me disseram. É simplesmente a minha
natureza.
— Você está drogada? — Meryn perguntou sem rodeios.
— Meryn! — Elizabeth bateu no braço dela.
Amelia riu.
— Não, mas já me perguntaram isso também. — Ela se
virou para Elizabeth. — Ela disse que vocês vão para a
propriedade Alfa, vocês tem negócios lá? Vocês precisariam de
um lugar para ficar? Eu tenho um quarto na pousada Rise and
Shine na cidade, se vocês precisarem de um lugar para dormir,
— ela ofereceu.
— Não, nós moramos lá. — Meryn franziu o cenho para
ela. — Sério? Você pediria a completos estranhos para dividir
um quarto com você? E se você acordasse na banheira sem os
rins?
Amelia sorriu.
— Não seria a primeira vez, — brincou ela.
Meryn e Elizabeth a encararam enquanto Rheia começou a
se engasgar com o sorvete.
— Sério? — Meryn sussurrou, os olhos arregalados.
— Não, mas eu te peguei por um segundo, não?
Meryn franziu o cenho.
— Tem algo de errado com você. — Desta vez, nem Rheia
nem Elizabeth a repreenderam.
Amelia deu de ombros.
— Eu gosto de pessoas.
— Eu odeio pessoas, — Meryn admitiu honestamente
enquanto raspava as bordas da tigela.
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— Você está falando comigo, — Amelia ressaltou.
— Você está meio que me fazendo falar com você. Eu ainda
não sei se gosto disso. — Meryn colocou a tigela de lado.
Amelia se virou para Elizabeth.
— Vocês todas moram lá? Vocês estão acasaladas?
Rheia assentiu.
— Nossos companheiros são membros da Unidade Alfa. Eu
estou acasalada com o Colton Albright.
— Eu estou acasalada com o Gavriel Ambrosios, — disse
Elizabeth, colocando a tigela vazia de lado.
Amelia se virou para Meryn. Meryn lhe mostrou a língua.
— O que?
— Você é tão adorável. — Amelia sorriu e tomou mais um
pouco do sorvete. Meryn a lembrava de um gatinho que silvava
e cuspia.
Elizabeth se virou para ela.
— Eu também pensei assim logo depois de conhecê-la,
tanto que a adotei como minha irmãzinha.
Meryn sorriu para Elizabeth e começou a olhar para a
tigela de sorvete de Amelia. Amelia deu uma última mordida e
empurrou sua tigela meio comida para Meryn.
Meryn a olhou surpresa, seus olhos baixando a guarda.
— De verdade?
Amelia assentiu e apontou para a barriga de Meryn.
— Você está comendo sorvete por dois, a menos que eu
esteja enganada.
Meryn sorriu e puxou a tigela para perto.

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— Eu estou acasalada com o Aiden McKenzie e sim, estou
comendo sorvete por dois. — Ela se jogou no sorvete com gosto.
Amelia colocou o queixo nas mãos e observou-a comer. Ela
realmente era como um gatinho. Irritada em um segundo e
ronronando no seguinte. Ela estava prevendo compras tarde da
noite quando um pensamento lhe ocorreu.
— Espere, Aiden McKenzie. O Aiden McKenzie? O
Comandante da Unidade? — ela perguntou.
Meryn assentiu.
— Sim.
— Isso é loucura. Seu companheiro é tipo, o chefe dos
meus irmãos.
Elizabeth se virou para ela.
— Quem são os seus irmãos?
— Caiden, Kyran e Tristan Ironwood. Eles lideram as
Unidades Nu, Xi e Pi em Storm Keep.
— Que mundo pequeno, — Elizabeth murmurou baixinho.
— Verdadeiramente, — admitiu Amelia.
— Senhoras, eu sugiro que nós saíamos. Se ficarmos aqui
por muito mais tempo, os homens vão lançar um ataque total
nesta pobre loja, — Rheia disse, ficando de pé. Ela recolheu as
tigelas, incluindo a segunda tigela agora vazia de Meryn, e as
jogou fora.
— Obrigada pela escolta. Ouvi dizer que às vezes pode
levar horas para conseguir que alguém da cidade o guie até ela.
— Amelia se levantou e saiu com elas.
— Não se preocupe. Quero dizer, estamos indo nessa
direção de qualquer forma, — disse Meryn, corando.
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— Muito fofa! — Amelia puxou Meryn para um abraço. Ela
apertou a bochecha contra a dela e balançou de um lado ao
outro.
— Ela está me abraçando! — Meryn reclamou.
Rheia riu.
— E, no entanto, você não está morta.
Com as orelhas ficando vermelhas, Meryn murmurou:
— Não é tão ruim.
— De alguma forma eu sabia que seríamos amigas, —
Amelia disse, soltando-a.
Meryn a olhou.
— Como você saberia?
— Eu sou meio bruxa. Nós temos lampejos de intuição.
— Foi o sorvete, — Rheia e Elizabeth disseram ao mesmo
tempo. As quatro se entreolharam e começaram a rir.
— Ok, talvez tenham sido a escolha brilhante de sorvete.
— Amelia bateu os quadris com Meryn.
— Vamos apresentá-la aos caras, — disse Meryn, puxando
a mão dela.
Elas olharam para a esquerda, depois para a direita e
pisaram na rua. Elas só haviam dado alguns passos quando
ouviram os gritos aterrorizados dos homens. Quando Amelia
olhou para a esquerda, ela viu um carro indo exatamente na
direção delas. Segundos depois, ela sentiu o ímpeto de magia e
uma pequena explosão explodiu o capô do carro, fazendo com
que ele se desviasse para a direita, onde bateu em um poste de
luz.

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Ao lado dela, os joelhos de Meryn cederam. Amelia
rapidamente envolveu um braço firme em torno de sua cintura
para mantê-la em pé.
— Meryn! — Uma profunda voz masculina gritou.
— Rheia!
— Beth!
Enquanto os homens as cercavam, uma figura alta passou
por elas. O homem que ela assumiu ser Aiden não envolveu um
braço em torno de Meryn para apoiar sua companheira; ele
simplesmente a levantou do chão para os seus braços.
Um homem loiro segurava Rheia, e um homem
incrivelmente bonito, de cabelos escuros, verificava a Elizabeth
de cima a baixo.
Um quarto homem, de cachos ruivos, pegou a mão dela.
Seus calorosos olhos cor de mel pareciam frenéticos.
— Você está machucada? — ele perguntou.
Ela balançou a cabeça e o olhou em choque.
— Keelan?
Ele franziu a testa.
— Sinto muito, eu te conheço?
Ela sorriu largamente.
— Não, mas eu sei tudo sobre você. Seu irmão, Kendrick, é
o melhor amigo do meu irmão mais velho e é meu Athair.
— Amelia? Você é Amelia, certo? — Seu rosto se abriu em
um enorme sorriso. Keelan a puxou para um abraço de quebrar
a coluna. Ele deu um passo para trás, ainda sorrindo. Ele era
tão caloroso e aberto, o completo oposto do irmão.
Bang!
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— Sou eu. Estou feliz por ter podido te ver na minha
viagem. Só vou ficar uma noite. Tenho uma reserva no Rise and
Shine na cidade. — Amelia não podia acreditar que quase fora
atropelada em uma cidade humana. Maldito fosse o seu irmão
com suas premonições! Ele poderia ter dito “cuidado com os
carros”!
O homem de cabelo ruivo piscou.
— Você está indo para Lycaonia?
— Sim, então vou ir pra casa de manhã.
— É ótimo conhecê-la, apesar de sentir muito pelas
circunstâncias.
Bang!
— Aiden, o perímetro está seguro. Vamos levar as damas
para os SUV e voltar para a propriedade Alfa, — disse um loiro
pecaminosamente lindo, se aproximando pela direita.
O grande homem aconchegando Meryn olhou para cima.
— Boa ideia, Ben. — Ele olhou ao redor. — Onde está o
Darian?
Bang!
Todos se viraram na direção do estrondo. Keelan enterrou
o rosto nas mãos. O loiro bonito começou a rir e os três homens
com companheiras pareciam presunçosos. Amelia observou com
espanto como o guerreiro alto batia o rosto de um humano
contra o grande sinal de pare.
Ela tomou um momento para apreciar o fato de que o
guerreiro não tinha problema em manter o homem até que
corpulento no ar. Mas o que realmente a impressionou foi o fato
de que ele não tinha nenhum problema em manter o homem no
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ar a quase um metro do chão para que seu rosto pudesse bater
no sinal de pare.
— Sinto muito, isso doeu? Deixe-me fazer isso de novo, —
ela ouviu uma voz profunda ressoar.
Bang!
— Está vendo esse sinal? É vermelho. Vermelho é a cor
universal de pare. Você é daltônico? Não? Bem, mesmo que você
fosse, há quatro grandes e claras letras brancas nesta placa que
soletram a palavra “pare”. Vamos revisá-las, certo? P.
Bang!
— A.
Bang!
— R.
Bang!
— E.
Bang!
— Oh céus, — disse Elizabeth, tentando esconder um
sorriso.
— Darian, recue, — Aiden gritou do outro lado da rua.
O guerreiro dourado virou-se e, sem olhar de novo para o
homem, jogou-o sem cerimônia na calçada. Ele se aproximou,
checando o grupo deles.
— Todos estão ilesos?
Amelia sentiu-se prender o fôlego; ela reconhecia essa voz.
Olhando mais de perto, ela quase desmaiou quando viu os olhos
dele. Olhos cor de lavanda. Ele tinha olhos cor de lavanda! Ela
observou cada detalhe de seu rosto bonito. Um rosto que ela
havia memorizado em um sonho há muito tempo.
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— Você é o meu companheiro, — ela sussurrou, sentindo
seu coração disparar fora de controle.
Ele se virou para ela. Por um segundo ela pensou ter visto
um lampejo de reconhecimento e depois este desapareceu.
Ele balançou a cabeça.
— Sinto muito, você deve estar enganada. — Ele se virou
para Aiden. — Eu vou estar no carro. — Ele se afastou sem
olhar para trás.
— Mas... — ela olhou ao redor — mas ele é.
Os homens a olharam, duvidosos.
— Talvez ele apenas se pareça com o seu companheiro? —
Aiden especulou, colocando Meryn no chão.
Amelia sacudiu a cabeça.
— É ele. Eu sei que é ele.
Aiden olhou para os outros homens. Eles deram de
ombros, parecendo incertos sobre o que dizer.
Keelan se virou para ela.
— Nós vamos conversar com ele, — ele prometeu.
Meryn deu um passo adiante.
— Se lembra do que conversamos na sorveteria? Estamos
indo para lá agora. Todos da Unidade Alfa.
Todos? Amelia ficou confusa por um segundo e depois
compreendeu. Meryn estava lhe dizendo onde Darian estaria.
— Se vocês pudessem me escoltar até os limites da cidade,
eu encontro meu caminho até a pousada, — disse ela, tentando
manter a voz indiferente.
Aiden assentiu parecendo aliviado.

MY
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— Claro, sem problemas. Espero que você encontre o seu
companheiro em breve.
— Eu também, — disse ela.
— Aiden, a Gama vai lidar com as autoridades daqui. Nós
seguiremos em breve, — o loiro ofereceu.
— Obrigado, Ben. — Aiden passou um braço ao redor de
Meryn e eles se dirigiram para os carros.
Rheia e Elizabeth acenaram para ela antes de se afastarem
com seus companheiros. Embora tivessem acabado de se
conhecer, ela sabia que as mulheres lhe acreditavam. Sentindo
como se talvez ela não fosse louca e estivesse cometendo o
maior erro de sua vida, ela correu para o seu carro para seguir
seus novos amigos até Lycaonia.
Pode apostar que eu vou encontrar o meu companheiro
muito em breve, tipo, logo depois que eu estacionar, caralho.

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Capítulo 2

Amelia seguiu os SUV à sua frente e repassou a rejeição de


seu companheiro várias e várias vezes em sua mente. Mesmo
que ele não a reconhecesse, os fae podiam identificar seus
companheiros pela aura. A dela estava quebrada? Finalmente,
depois do que pareceu uma eternidade, os carros viraram para
uma estrada lateral. Ela observou quando Aiden estacionou e
saiu do carro da frente. Ele caminhou de volta à estrada
principal.
Ela lentamente parou ao lado dele e abaixou a janela do
lado do passageiro.
Ele apontou para frente.
— Lycaonia fica a cerca de dez minutos por esta estrada.
Você vai ter que estacionar no estacionamento e entrar andando
na cidade. Você precisava de alguém para lhe mostrar o lugar?
— Ela ficou comovida com o olhar de preocupação em seu rosto.
Ela balançou a cabeça.

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— Está tudo bem. Eu posso dar um jeito. Valeu pela
escolta.
Ele sorriu largamente.
— A qualquer momento. Se você precisar de alguma coisa
enquanto estiver visitando, aqui está o meu número de celular.
— Ele entregou-lhe um pequeno pedaço de papel com um
número rabiscado quase ilegivelmente neste. — Normalmente,
nós fazemos os visitantes passarem pelo conselho, mas os seus
irmãos são os meus líderes de unidade em Storm Keep. Nós
cuidamos dos nossos.
Amelia sentiu o peito inchar de orgulho. Nem todo
paranormal podia ser um guerreiro de unidade. Necessitava-se
dedicação e disciplina. O fato de que todos os três irmãos dela
não só serviam, mas também eram líderes de unidade, falava
muito sobre sua família.
— Obrigada. Os meus irmãos falam muito bem de você. —
Ela lhe sorriu e as bochechas dele ficaram rosadas.
Adorável!
Aiden pigarreou.
— Eu nunca tenho que me preocupar com as unidades em
Storm Keep; o Caiden tem um ótimo programa lá.
Amelia teve que lutar para não sorrir. Se o Comandante da
Unidade soubesse das travessuras que ocorriam, praticamente
em uma base diária, ela apostava que ele não pensaria isso.
— Foi uma maneira incrível de crescer.
Aiden riu alto.
— Aposto que sim. — Ele olhou para o céu. — Bem, é
melhor eu ir. Nós ainda temos mais algumas horas de luz do
MY
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dia, e eu quero me juntar às outras unidades para os exercícios
da tarde. Dirija em segurança.
— Obrigada, eu vou. — Amelia acenou enquanto ele
voltava para o SUV. Ela esperou até que eles estivessem
seguindo adiante antes de ligar o carro. Quando os dois SUVs
desapareceram na curva, ela deu ré com o carro e virou na
estrada lateral. Ela avançou lentamente para o caso de a
propriedade Alfa estar mais perto do que ela imaginava.
Depois de alguns minutos, Amelia viu a estrada se
abrindo. Ela estacionou o carro na lateral, o mais próximo
possível do arvoredo.
— Claro, eu vou para Lycaonia, logo após eu reivindicar o
meu companheiro, — ela murmurou para si mesma. Ela abriu a
porta do carro e saiu. Enfiou a mão no banco de trás e pegou
sua bolsa e fechou a porta, tentando fazer o mínimo de barulho
possível. Ela caminhou até poder ver uma grande propriedade.
Ao lado da casa havia um campo aberto onde os homens
estavam fazendo vários exercícios de treinamento. Sorrindo para
si mesma, ela olhou ao redor. Quando avistou um alto carvalho,
fez uma dança da felicidade. Ela içou-se para cima, subiu o
mais alto que os galhos permitiam, depois se ajeitou
confortavelmente encostada no grande tronco. Rezando para
que o feitiço não a explodisse, ela sussurrou um encantamento
que aprendera com Sederick na Unidade Omicron. Segundos
depois, ela podia ouvir claramente as brincadeiras grosseiras
dos homens.

MY
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Embora ainda fosse janeiro, os homens estavam
começando a tirar as jaquetas e camisas. Ela nunca havia
apreciado mais a alta temperatura corporal dos shifters.
— Delícia, — ela suspirou feliz e enfiou a mão na bolsa.
Pegou um pequeno saco de salgadinhos e sua garrafa de
refrigerante Mountain Dew diet, seus petiscos favoritos para
viagens. — Ok, companheiro meu, onde você está? — Ela
colocou um Dorito na boca e observou atentamente a porta da
propriedade Alfa.
Ela estava terminando com seu petisco quando a porta se
abriu e os homens que ela conheceu na rua saíram. Da direção
da estrada, outro grupo de homens se aproximou, o homem na
frente era alto, grandemente constituído e tinha cabelos brancos
como a neve.
— Como foi com os humanos, Sascha? — ela ouviu Aiden
perguntar.
Sascha rosnou.
— O bastardo estava gritando sobre como ele ia processar,
bem, ele estava até que eu o convenci do contrário. — Ele sorriu
malignamente. Os homens riram.
— Obrigado pela ajuda. — Aiden se virou para os outros
homens reunidos. — Nós faremos corridas de obstáculos até
que a luz do dia acabe.
— De novo? — o loiro à sua direita reclamou.
Aiden levantou uma sobrancelha.
— Todo mundo fará corridas de obstáculos normais, exceto
o Colton; ele as fará de costas. — Ele sorriu para o loiro. —
Diferente o suficiente para você?
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O queixo de Colton caiu.
— É sério?
Aiden se virou para os homens.
— Vocês estão esperando por convites formais? Mexam-se!
— ele latiu, indo até o percurso de obstáculos. Os homens
correram para começar.
Colton ficou ao lado de Aiden.
— Não, é sério, Aiden, de costas? — ele perguntou.
Aiden sorriu.
— Pense em como a Penny ficará orgulhosa.
Colton franziu o cenho.
— Jogo sujo, velho.
— Pare de ser um bebê e vá para lá. — Aiden apontou para
o percurso.
— Droga! — Colton rosnou e correu de costas até a linha
de partida.
Um homem de cabelos escuros que exalava poder
balançou a cabeça.
— Um dia desses ele vai ficar quite com você, — ele avisou.
Aiden deu de ombros.
— Então eu vou pegá-lo de novo, é assim que o nosso
relacionamento tem funcionado por séculos.
Ela viu quando seu companheiro se aproximou do
Comandante da Unidade.
— Onde está o Keelan?
— Em sua oficina. Ele disse que estava trabalhando em
um projeto para a Meryn. — Aiden respondeu mantendo os
olhos nos homens.
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Darian deu de ombros e tirou sua camiseta preta de
manga comprida.
— Que os Deuses proíbam que nós interrompamos
qualquer coisa para a Meryn. — Ele caminhou até a linha de
partida.
Aiden assentiu.
— Exatamente.
Amelia sentiu a boca secar. Ela se aproximou mais da
beira do galho. Seu companheiro estava tão perto, mas ainda
assim fora de alcance. Em seus sonhos de infância, ele usara
um manto caro de seda creme, acentuado em tons de joias que
cintilavam à luz. Isso não era nada comparado com a visão da
grande extensão exposta de pele dourada e das calças pretas de
combate.
Quando Darian partiu da linha de partida, ela agarrou o
peito. Ele era poesia em movimento. Suspirando pesadamente,
ela foi se inclinar para trás e calculou mal onde estava no galho
da árvore. Em um momento ela estava fantasiando sobre seu
companheiro e, no seguinte, estava caindo para trás.
Amelia soltou um grito quando sua descida foi
interrompida abruptamente. O zíper de sua jaqueta lhe
pressionou no queixo enquanto ela pendia precariamente de um
galho de árvore dentado a um metro e meio do chão. Ela tentou
abrir o zíper da jaqueta, mas não conseguia fazer com que o
zíper se mexesse.
Passos que se aproximavam a fizeram olhar para cima. Era
o líder da unidade de cabelos brancos. Franzindo a testa, ele
parou à sua frente.
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Ela sorriu brilhantemente para ele.
— Olá.
Ele sorriu de volta.
— Olá. O que você está fazendo?
— Oh, você sabe, relaxando. E você?
— Fazendo exercícios com os caras. — Ele cheirou o ar. —
Bruxa?
— Mais ou menos, eu sou meio bruxa.
— Você não consegue se flutuar para baixo? — ele
perguntou, apontando para a árvore.
— Então, eu sou terrível em ser uma bruxa. Você pode me
ajudar a descer agora?
— Isso depende. Por que você está relaxando bem do lado
de fora da propriedade Alfa? — ele perguntou.
— Eu estou procurando por esse cara loiro. Ele tem cerca
de dois metros e dez de altura com longos cabelos dourados.
Sascha franziu a testa.
— Qual?
Ela piscou.
— Quantos têm?
Sascha olhou para o céu, seus lábios se movendo
enquanto contava silenciosamente. Ele a olhou e respondeu:
— Bem, seis membros faes ativos de unidade, além dos
recrutas. Depois, há o Ancião Vi'Ailean e sua guarda pessoal em
sua propriedade. Então, eu diria que tem por volta de vinte.
Amelia riu de si mesma.
— Suponho que é verdade. Eu passei muito tempo entre os
humanos ultimamente. Eu deveria ter me lembrado dos
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guerreiros de unidade. Eu estou procurando pelo Darian, aquele
com olhos cor de lavanda.
— Por quê? — Sascha perguntou, desconfiado.
— Ele é o meu companheiro.
Sascha a encarou. Ela encarou de volta. Ele piscou. Ela
piscou.
Balançando a cabeça, ele a tirou do galho.
— Sabe, antes da Meryn, isso teria parecido impossível de
acreditar. Mas agora? Nem tanto. — Ele a colocou no chão.
— Obrigada. O meu nome é Amelia Ironwood. — Ela
estendeu a mão.
Sorrindo, ele a apertou com firmeza.
— Eu conheço os seus irmãos.
— É difícil não reparar neles.
— Verdade. Vamos voltar para a propriedade e resolver
isso. — Sascha apontou para a pista de obstáculos.
— Eu não posso apenas observar por um pouco mais? —
Ela piscou-lhe as pestanas.
Sascha suspirou pesadamente.
— Ah sim, você vai se encaixar muito bem. Venha, Voyeur,
hora de encarar o seu companheiro.
Amelia apontou para o seu galho da árvore.
— Você pode pegar a minha bolsa? — Sua bolsa colorida
estava encostada no tronco da árvore, exatamente onde ela a
havia deixado.
Quando Sascha dobrou os joelhos e pulou, Amelia sentiu o
queixo cair. Ele saltou 4,5 metros na vertical, aterrissou no
galho dela, pegou sua bolsa e desceu. Ela se lembrava de pular
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para cima e para baixo em sua cozinha, no seu antigo
apartamento, tentando derrubar sua última caixa de biscoitos
recheados da marca Pop Tarts. Depois de vinte minutos e dois
utensílios de cozinha mais tarde, ela acabou pegando seu
banquinho, que estivera a 1,5 metro de distância no armário o
tempo todo.
Ele entregou-lhe a bolsa e ela o olhou.
— Pessoas altas são broxas.
Sascha sorriu.
— Para o seu bem, espero que não. — Ele se virou e
começou a voltar.
Ela estava resmungando baixinho sobre seu Pop Tarts
quando compreendeu o que ele quis dizer. O seu companheiro
era um dos homens mais altos na pista de obstáculos. Ela
parou de súbito e o olhou fixamente. Quando ele se virou e
levantou uma sobrancelha, ela começou a rir.
— Isso foi malvado. — Ela correu para alcançá-lo quando
ele começou a andar de novo.
— Eu não tenho uma companheira para me manter na
linha ainda.
Eles se aproximaram da pista de treinamento, e as
sobrancelhas de Aiden se ergueram.
— Você? Eu pensei que você estava indo para a cidade.
Amelia sorriu.
— Eu dei uma pequena desviadinha.
Atrás deles, eles ouviram xingamentos.
— O que ela está fazendo aqui? — Darian exigiu, se
aproximando deles.
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— Eu vim para convencê-lo de que somos companheiros,
— disse ela.
— Isso não vai acontecer. — Darian se virou e entrou na
casa.
Amelia olhou para Sascha e Aiden.
— Isso foi muito bem, não?
— Tem certeza de que ele é o seu companheiro? — Aiden
perguntou, parecendo não estar convencido.
Amelia assentiu.
— Tenho certeza. Eu tenho sonhado com ele desde que eu
tinha seis anos.
Aiden a ficou encarando.
— Espera. Desde que você tinha seis anos? Não
recentemente?
— Não. — Ela balançou a cabeça.
Sascha olhou para Aiden.
— Ele nunca disse nada.
Aiden franziu o cenho.
— Vá ver se ele fala contigo. Se você é a companheira dele,
então isso é algo que ele não pode evitar.
— Desejem-me sorte, — disse Amelia e se virou na direção
da casa.
— Ela vai precisar de mais do que sorte. O Darian é um
filho da puta teimoso, — ela ouviu Sascha murmurar.
Eu posso ser ainda mais teimosa.
Amelia abriu a porta e enfiou a cabeça para dentro.
— Ollláááá? — ela falou em sua melhor imitação do ator
Tim Curry.
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Ela ouviu passos na madeira antes que Elizabeth, Meryn e
um homem em traje de mordomo aparecessem, vindos de um
corredor.
— Oh, é a Bolhas, — Meryn comentou, antes de colocar
algo na boca.
Elizabeth se virou para ela.
— Bolhas?
Meryn deu de ombros.
— Ela é borbulhante.
Elizabeth apenas suspirou e se virou para ela.
— Procurando pelo Darian?
Amelia assentiu.
— Ele acabou de entrar.
Meryn riu.
— Foi isso o que aconteceu? Eu pensei que uma das
paredes havia cedido. Ele com certeza foi barulhento.
O homem com a roupa de mordomo muito bem engomada
deu um passo adiante e colocou a mão direita sobre o coração
antes de fazer uma reverência a altura da cintura.
— Bem-vinda à propriedade Alfa. Meu nome é Ryuu; eu
sou o escudeiro aqui. Se você quiser, eu posso te guiar até o
quarto de Darian.
— Isso seria ótimo.
— Suponho que você ficará para a refeição da noite. Me
permite perguntar sobre seus arranjos de hospedagem para esta
noite? — Ryuu perguntou.
Amelia hesitou. Ela não sabia.

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— Ela vai ficar aqui. Ela é a companheira do Darian, —
Meryn respondeu por ela.
Amelia virou-se para a pequena mulher e puxou-a para
um abraço.
— Ela está fazendo de novo, — protestou Meryn.
— E você ainda está viva, — brincou Elizabeth.
Amelia deu um aperto final e recuou.
— Obrigada por acreditar em mim. — Ela se sentiu melhor
sabendo que pelo menos alguém mais acreditava em sua
história.
— É claro que acreditamos em você. Por que você mentiria
sobre ser sua companheira? — Meryn perguntou, enfiando a
mão em um saquinho e colocando um pequeno pedaço de carne
seca na boca.
— Por que ele mentiria? — Amelia perguntou suavemente.
Elizabeth a empurrou na direção das escadas e Ryuu ficou
ao seu lado. Elizabeth piscou um olho.
— Por que você não descobre?
— Lembre-se, se ele ficar resmungão, bata nele com a
tampa do vaso sanitário dele. — Meryn falou atrás deles.
Amelia acenou para ela e continuou subindo as escadas ao
lado de Ryuu.
— Isso funciona? — ela perguntou suavemente ao
escudeiro.
— Evidentemente, shifters de urso são suscetíveis as
tampas de vasos sanitários, — explicou Ryuu.

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— Ahh. — Amelia tinha a sensação de que havia mais na
história, mas estava nervosa demais com a confrontação com o
seu companheiro para aprender sobre shifters de urso.
Ryuu parou na frente de uma grande porta. Amelia se
virou para ele.
— Você poderia pegar isso? — ela entregou-lhe sua grande
bolsa e o casaco.
Sorrindo, ele gentilmente os tirou dela.
— Se me permitir, eu poderia arranjar para que alguém
busque o seu veículo.
— Isso seria ótimo. Eu o deixei estacionado na lateral da
estrada que leva à propriedade. As chaves estão no bolso do
meu casaco.
— Lembre-se, estamos logo no andar de baixo se você
precisar de nós. — Ele colocou uma mão reconfortante em seu
ombro antes de se virar e voltar para as escadas.
Amelia respirou fundo. Ela não se incomodou em bater e
girou a maçaneta. Encontrando-a destrancada, ela entrou direto
e parou. Darian estava no meio do quarto, com uma toalha
enrolada na cintura. Ele não tinha notado que ela abrira a porta
ainda, já que ele estava usando uma toalha menor para secar
seus longos cabelos. Ela sentiu eletricidade percorrer seu corpo.
Hormônios malvados!
Foi só depois que Amelia desviou os olhos do corpo
hipnotizante de seu companheiro que notou o quarto dele. Ela
teve que se dar um tempo. A única razão pela qual ela não tinha
visto a selva a sua frente era porque seu companheiro estava
praticamente nu.
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Para onde quer que ela se virasse, plantas reais floresciam
e pareciam balançar com sua própria magia. Ela sentiu como se
tivesse entrado em uma densa floresta ao invés de um quarto.
Videiras subiam pelas paredes e embalavam uma grande cama
de dossel. Os móveis eram feitos das próprias plantas e ela
podia jurar que ouvira pássaros de verdade. Quando ela olhou
para cima, ficou chocada ao ver uma abobada de copas de
árvores e céu aberto além desta. Ela não conseguia nem
imaginar a quantidade de magia que havia sido necessária para
criar esse paraíso.
Ela balançou a cabeça para se libertar da magia que
sustentava seu oásis e se fortificou para encarar seu
companheiro. Ela fechou a porta atrás de si. A cabeça dele se
virou de supetão em sua direção, e ele imediatamente franziu o
cenho.
— Saia.
— Não. Eu quero saber por que você está negando que eu
sou a sua companheira. — Ela cruzou os braços sobre o peito.
— Porque você não é. — Ele sacudiu o cabelo.
— Eu sou sua companheira. Eu sonhei com você.
Ele balançou a cabeça.
— Isso é apenas um subproduto do feitiço do conselho
dando errado, — argumentou ele.
— Eu sonhei com você antes de lançarem esse feitiço. Eu
sonhei com você a primeira vez quando eu tinha seis anos de
idade, — ela sussurrou suavemente.
Ele se virou e, por um momento, trajou uma expressão
gentil no rosto, exatamente como o seu príncipe do seu sonho.
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Rapidamente, suas feições se transformaram em uma expressão
zombeteira, seus lábios se curvando em um sorriso de escárnio.
— Eu acho que me lembraria de sonhar com a minha
própria companheira.
— Evidentemente não, — ela rebateu.
Ele virou as costas para ela.
— Apenas saia. Mesmo se você for minha companheira, é
tarde demais para mim agora. — Ele caminhou até a cama e
pegou o par de calças cinza que haviam sido estendidas sobre
esta. Ele a olhou furioso. — Você se importa?
— Não, eu não me importo, — ela lhe sorriu. Ele deu de
ombros e largou as duas toalhas. — Oh. Meus. Deuses, — ela
ofegou. Ela crescera com três irmãos e passara mais tempo no
campo de treinamento em Storm Keep do que provavelmente era
saudável para uma criança pequena. Ela vira os guerreiros da
unidade em vários estados de nudez, mas aqueles breves
vislumbres roubados não eram nada comparados com a visão
lateral das costas esculpidas e da bunda firme de seu
companheiro. Parecia que seu coração bateria tanto que sairia
do peito, enquanto a masculinidade dele parecia estar
brincando de uma versão tortuosa de esconde-esconde com ela
quando ele se virou e levantou as pernas, se vestindo. Sua pele
dourada era impecável e estava simplesmente implorando para
ser tocada. Bem quando ela estava prestes a jogar a dignidade
pela janela e pular no homem, ela ouviu uma risada masculina.
— O que? — ela exigiu, sua voz falhando.

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— Você me diverte; isso é uma coisa rara hoje em dia. Nós
poderíamos nos divertir um pouco antes de você sair da cidade.
— Ele vestiu um suéter azul royal e se virou para ela.
Ela empinou o nariz.
— Como se eu fosse baratear o nosso acasalamento com
um sexo casual.
Seus olhos se endureceram.
— Não seria um sexo casual. Seria uma foda por pena.
Ela sentiu lágrimas nos olhos. Limpando a mente, ela
encarou o peito dele. Lentamente, ela imaginou o baú mental
que guardava seu dom se abrindo.
Seu poder pegou-a desprevenida e saiu de controle. Ela
rapidamente controlou suas habilidades e se concentrou em seu
companheiro.
Ele franziu a testa.
— O que você está fazendo? — Ele esfregou os braços com
as mãos para cima e para baixo.
Ela sempre foi capaz de sentir as emoções dos outros. Ela
era a única da família que era uma empata. Ao crescer, ela
odiara isso, mas agora estava contando com isso para mostrar-
lhe o que o seu companheiro estava realmente sentindo.
Ela foi bombardeada pelas profundezas oscilantes da raiva,
mas esta não era direcionada a ela. Ele estava cheio de auto-
aversão. Ele se odiava por suas palavras, por machucá-la
deliberadamente. Mas, mais fundo, além da raiva, havia uma
sensação avassaladora e urgente de medo. Ele estava se
afogando em um oceano de pavor. Ele honestamente sentia que

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estava além da redenção e faria qualquer coisa para mantê-la
longe dele, até mesmo quebrar seu coração.
— Você está com medo, — ela sussurrou, olhando-o.
Seus olhos se arregalaram de choque.
— Você é uma empata?
Ela assentiu.
— Você está com medo de me machucar. Você está com
medo de que o nosso acasalamento me destrua. — Ela deu um
passo para mais perto, e ele deu um passo para trás.
— Fique longe. Eu não quero te machucar.
— Você não vai me machucar. O fato de você ter uma
companheira significa que você não está perdido.
— Homens com companheiras viraram ferals antes.
— Você é o meu príncipe, e você não vai me machucar. Eu
posso provar isso.
Darian congelou.
— O que você disse?
— Eu disse que posso provar que você não vai me
machucar. — Ela se aproximou dele.
— Não, sobre ser um príncipe...
Ela não conseguiu ouvir o resto da pergunta dele; ela já
estava em movimento. Ela levantou a perna e deu uma joelhada
firme na virilha dele. Ela sorriu para seu companheiro enquanto
ele se debruçava, respirando ofegante.
— Veja, se você estivesse realmente perdido, você teria me
batido.
Darian tentou falar, mas as palavras não saíram. Ele
balançou a cabeça. Tentou novamente:
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— Você sabe por que eu não te bati? — ele falou de forma
sufocada, ainda inclinado.
— Porque eu sou a sua companheira, — ela disse
presunçosamente.
Ele virou o rosto para cima e ela recuou. Talvez dar uma
joelhada na virilha do seu companheiro de mais de dois metros
de altura não tivesse sido uma ideia tão boa.
— Não, porque eu não consigo me mexer. Quando eu
puder... — Seus olhos escureceram.
— Merda. — Ela deu um passo para trás.
— Corra, — ele rosnou.
Ela se virou e correu para a porta. Enquanto descia
correndo as escadas, ela gritou a plenos pulmões:
— Ryuu! Aiden! Socorro! — Ela chegou no saguão
enquanto Ryuu vinha correndo da parte de trás da casa e Aiden
e os outros saíam da sala da frente. Atrás dela, ela ouviu os
passos pesados de seu companheiro enquanto ele a perseguia.
Aiden entrou na frente dela, uma expressão preocupada no
rosto.
— O que aconteceu?
Ela subiu em suas costas e se agarrou fortemente.
Darian se aproximou deles.
— Dê ela para mim.
Aiden recuou e levantou as mãos, mantendo Darian à
distância.
— Talvez você devesse se acalmar primeiro, — Sascha
sugeriu da porta da sala da frente.

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— Me acalmar? Ela me deu uma joelhada nas bolas. Eu
ainda mal consigo sentir as minhas pernas, é um milagre que
eu esteja de pé! — ele rugiu.
Aiden virou a cabeça para ela.
— Por que você fez isso?
Amelia fez uma careta.
— Eu estava tentando convencê-lo de que ele não me
machucaria.
Os olhos de Aiden se arregalaram.
— Então você deu uma joelhada nele?
— Bem, eu imaginei que se ele não me machucasse depois
que eu batesse nas bolas dele, ele saberia que eu estaria segura
perto dele. — Ela fez uma pausa. — Não foi uma boa ideia? —
ela perguntou.
Aiden sacudiu a cabeça.
— Não.
Os três se viraram ao som de risadas ao lado deles. Sascha
estava encostado no batente da porta, com os braços ao redor
do estômago. Ele estava rindo tanto que lágrimas escorriam por
suas bochechas.
— Por que é que as fêmeas da Alfa são loucas?
Meryn deu de ombros.
— Ela fez sentido para mim.
Colton se virou para Meryn.
— Você também botou fogo no carro do Aiden quando ele
te ignorou.
Amelia olhou para Meryn.
— Parece razoável.
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Meryn sorriu.
— É, não é?
Seu comentário fez Sascha rir ainda mais
convulsivamente. Ele se endireitou e enxugou os olhos.
— Então o Darian acabou com uma versão bruxa da
Meryn.
Darian a olhou.
— Bruxa?
Amelia pensou nisso por um segundo.
— Mais ou menos.
Darian suspirou e rodeou o Aiden para arrancá-la de suas
costas.
— Como você pode ser “mais ou menos” uma bruxa? — Ele
colocou-a no chão entre eles.
Amelia lhe sorriu largamente.
— Viu? Eu sabia que você não me machucaria.
Ele a olhou, sua expressão inalterada.
Ela mostrou a língua para ele e ficou de olhos vesgos. Ele
piscou, surpreso. Sorrindo ela respondeu:
— Eu sou metade bruxa, minha mãe é humana.
Aiden se virou para ela.
— Mas o Caiden, o Kyran e o Tristan são bruxos de sangue
por completo.
Amelia assentiu.
— Nosso pai evidentemente não queria esperar para
encontrar sua companheira antes de ter filhos. Ele queria
garantir sua linhagem, então ele e outra bruxa poderosa se
reuniram e tiveram os meus irmãos. Isso deu certo para os dois
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produzirem três bruxos poderosos. Então, cerca de trinta e sete
anos atrás, meu pai conheceu a minha mãe, eles se acasalaram
e eu nasci.
Ryuu pigarreou.
— Já que superamos a iminente tentativa de homicídio,
talvez devêssemos ir à sala de jantar para o jantar?
— Tacos! Tacos! Tacos! — Meryn cumprimentou com um
bater de palmas um homem loiro menor e outro jovem em uma
cadeira de rodas.
Ryuu olhou para Meryn com um vestígio de sorriso.
— Eu não sei porque você está agindo com tanta surpresa;
você praticamente ameaçou a minha vida esta manhã se eu não
os fizesse.
Meryn revirou os olhos.
— Eu não queria tacos. A Meryn 2.0 queria tacos.
Ryuu assentiu, a expressão séria.
— Claro, essa é uma história completamente diferente
então.
Sascha se afastou da parede.
— Eu vou sair. A Gama está de folga esta noite, então a
Beta patrulhará a propriedade.
Aiden bateu nas costas de Sascha com a mão e o
acompanhou até a porta.
— Obrigado.
Sascha farejou o ar.
— Tacos, — ele fez beicinho, pesaroso.
Aiden abriu a porta.
— Você vai sobreviver.
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Sascha suspirou dramaticamente e atravessou a porta.
Aiden a fechou atrás dele. Ele beliscou a ponta do nariz.
— Crianças, cada um deles, crianças.
Elizabeth deu um passo à frente.
— Eu não sei sobre todos vocês, mas eu estou morrendo
de fome. Vamos lá, Amelia, você vai ter uma surpresa. O Ryuu
não sabe como fazer uma refeição ruim. — Ela se virou e havia
dado apenas alguns passos em direção à sala de jantar, quando
de repente tropeçou e caiu de cara no implacável mármore.
— Beth! — O homem de cabelos escuros gritou e estava ao
lado dela antes que Amelia pudesse piscar. Rheia se afastou de
seu companheiro loiro e ajudou o homem frenético a pôr
Elizabeth de pé.
— Maravilha! Eu odeio esse maldito chão! — Elizabeth
exclamou.
Rheia se ajoelhou na frente de Elizabeth. Fazendo uma
careta, ela se sentou sobre os calcanhares.
— Está quebrado. — Rheia estendeu a mão e colocou os
polegares em ambos os lados da ponte do nariz de Elizabeth. —
No três. Um... dois... — Com um rápido movimento, ela colocou
o nariz de Elizabeth de volta no lugar. Uma encantadora
menininha ao lado de Rheia estremeceu de simpatia.
Gavriel lhe entregou um lenço para conter o sangramento.
Elizabeth segurou-o contra o nariz.
— Eu pensei que você disse três! — Sua voz estava
abafada e soava anasalada.
Rheia deu de ombros enquanto seu companheiro a
ajudava a se levantar.
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— Você deveria estar acostumada com isso por agora,
Beth. Eu tive que recolocar o seu nariz no lugar três vezes desde
que me mudei para cá. Graças a Deus que você é uma shifter;
caso contrário, você estaria caindo aos pedaços agora. — Ela
pegou a mão da menininha.
O homem de cabelos escuros pegou Elizabeth no colo, seu
rosto uma máscara de preocupação. Ela deu um tapinha no
peito dele.
— Eu estou bem agora.
Ele balançou a cabeça.
— Eu vou te levar ao andar de cima para se deitar.
— Inferno que vai! É noite de taco. Sala de jantar, por
favor. — Elizabeth apontou para o corredor.
Amelia olhou para Darian.
— Então, isso acontece com frequência?
Darian fez uma careta.
— Infelizmente. Beth tem uma tendência a quase morrer
toda semana. Ela nos mantém atentos. — Ele olhou para baixo,
rindo por um momento. Então foi como se ele se lembrasse de
que tinha que manter distância. Ele se afastou dela e caminhou
em direção à sala de jantar.
Amelia observou-o enquanto ele se afastava. Saber o que
ele sentia não mudava nada. Como ela poderia convencê-lo de
que eles foram feitos para ficarem juntos?
Um braço se enrolou em volta do cotovelo dela. Ela olhou
para a esquerda, Meryn estava ao lado dela.
— Vamos lá, Bolhas, não importa o que esteja errado com
o mundo, não é nada que a noite do taco não consiga consertar.
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Amelia não pôde deixar de sorrir. Meryn podia ser
espinhosa e nervosa, mas tinha um bom coração. Mesmo que
não estivesse confortável em estar perto de novas pessoas,
Meryn fez o que pôde para fazê-la se sentir melhor.
— Obrigada, Meryn, acho que eu precisava disso, —
Amelia admitiu enquanto começavam a andar.
— Sempre a disposição, Bolhas, — Meryn respondeu antes
de se virar para ela. — Então, o que você sabe sobre explosivos?
— Meryn! — Aiden rosnou atrás delas.
Amelia não pôde evitar; ela começou a rir. A Meryn era fofa
demais!

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Capítulo 3

Por sorte, Ryuu havia deixado um lugar vazio para ela ao


lado de Darian. Keelan sentou-se do seu outro lado e lhe jogou
piscadelas de encorajamento.
Rheia virou-se para ela.
— Amelia, este é o meu companheiro, Colton Albright, e
esta é a minha filha, Penny Carmichael. — A pequena criança
acenou para ela, um sorriso brilhante no rosto. Ela acenou de
volta. Rheia continuou: — O companheiro de Elizabeth é Gavriel
Ambrosios, e o homem ruivo à sua direita é Keelan Ashwood. À
sua frente estão Jaxon Darrow e Noah Caraway; eles estão
estudando ciência de computação com a Meryn para melhor
auxiliar as diferentes unidades.
— Quem é o elfo? — Amelia perguntou apontando para o
ombro de Meryn.
Rheia virou-se para ela.

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— Você consegue vê-lo?
Todo mundo se virou para Meryn. O pequeno elfo em seu
ombro acenou para ela e girou o pingente em seu colar.
— Ei, Felix, — disse Colton.
Amelia virou-se para Colton.
— Você consegue vê-lo agora?
— Sim. Nós demos a ele esse pingente para que ele
pudesse se tornar visível para nós, embora na maior parte do
tempo ele goste de ficar invisível. Ele é realmente ligado a
Meryn, tanto que deixou sua colônia na propriedade do ancião
fae, — ele explicou.
Felix acenou para todos e virou-se para ela.
— Meu nome é Felix Skysong. Prazer em conhecê-la. —
Quando ele foi pegar o pingente novamente, Elizabeth levantou
a mão.
— Felix, na verdade, você poderia responder uma pergunta
para mim?
Felix assentiu timidamente.
Beth sorriu.
— Quando a Penny e os Carmichaels foram atacados, você
foi capaz de criar um escudo para protegê-los, mas quando a
Meryn me contou sobre o ataque dela, ela disse que você foi
procurar ajuda. Por que você não criou um escudo então?
Felix apontou para o pulso.
— Tempo? — Elizabeth perguntou.
Ele assentiu.
— O que tem o tempo? — ela perguntou parecendo
confusa.
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Felix continuava se enfiando mais nos cabelos de Meryn.
Ele não parecia querer ser o centro das atenções.
Amelia falou:
— Acho que entendi. Em casa, os elfos conseguem fazer
suas versões de feitiços, mas como são tão pequenos, há um
limite para o que podem fazer. No ataque à Penny, havia ajuda
nas proximidades ou a caminho?
— Sim, a Unidade Gama estava designada a casa. Eles
chegaram em menos de um minuto, — explicou Aiden.
— No caso da Meryn, havia alguém por perto que poderia
ajudar? — Amelia olhou em volta da mesa. Todos estavam
negando com a cabeça. — Aí está a sua resposta; ele poderia ter
protegido a Meryn com um escudo por alguns minutos, mas e
daí? Ele acabaria exausto, e o atacante ainda estaria lá. Partir
para buscar ajuda era a única maneira em que ele poderia
ajudar.
Beth sorriu gentilmente para Felix.
— Obrigada por responder, eu estava só curiosa, pois não
sei muito sobre o seu povo. Sei que você fez tudo o que pôde
para ajudar. Você é um membro incrível desta família.
Felix ficou dez tons de vermelho antes de ativar seu
pingente e se esconder nos cabelos de Meryn.
— Você sempre foi capaz de ver elfos? — Rheia perguntou.
Amelia assentiu.
— Quando eu percebi que o meu companheiro tinha mais
de dois metros e dez de altura e era loiro, liguei os pontos e
descobri que ele era fae. Eu visitava o membro fae do conselho
em Storm Keep regularmente. Ele disse que a minha capacidade
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de ver elfos fazia sentido, considerando que eu ia me acoplar
com um fae. — Amelia olhou para a lateral da cabeça de Darian.
Ele ainda a ignorava. Ela mostrou a língua para ele e Keelan
riu.
Elizabeth continuou com as apresentações.
— Eu estou criando um programa de censo para o
conselho, para que possamos localizar melhor nossos cidadãos.
Rheia é médica e trabalha com o irmão do Aiden, Adam, no que
começou como a clínica dos guerreiros, mas se expandiu para
cuidar de toda Lycaonia. A Meryn está trabalhando em integrar
tecnologia moderna em toda a cidade, não só para ajudar os
cidadãos, mas também para fornecer vigilância para ajudar a
manter a cidade segura.
Amelia estava prestes a responder quando Ryuu saiu da
cozinha movendo uma estação de taco móvel. Sua boca
começou a salivar quando o cheiro de tacos e feijão frito atingiu
seu nariz.
— Deuses! O cheiro é incrível!
Rheia beijou Penny na testa.
— Ok, docinho, hora de dormir.
Penny abraçou e beijou todos na mesa. Quando chegou em
Amelia, ela imitou o que Rheia havia feito com ela e a beijou na
testa.
— Obrigada, Penny, — Amelia disse dando um abraço na
criança.
Penny fez joinha para ela e saiu da sala de jantar.
Amelia virou-se para Rheia.
— Ela se coloca na cama sozinha?
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Rheia assentiu com orgulho nos olhos.
— Ela disse que tinha que se apressar e virar uma menina
grande para poder me ajudar quando seu irmãozinho ou
irmãzinha nascer. Ela está assumindo o papel de irmã mais
velha com muita seriedade. Além disso, ela sabe que lhe damos
um beijo todas as noites quando vamos para a cama, então ela
está feliz.
— Quando ela come?
— Como nós não jantamos antes das oito da noite, ela
come mais cedo, para que isso não afete sua hora de dormir.
Colton e eu pegamos um lanche e nos sentamos com ela na
cozinha enquanto ela janta. Ela adora receber nossa atenção
total. Estamos tentando satisfazê-la o máximo possível antes
que o bebê chegue, — explicou Rheia.
— Você também está grávida! Parabéns!
— Obrigada. Eu tenho que dizer que isso aconteceu mais
rápido do que eu imaginava, — admitiu Rheia.
— Nós praticamos muito, — brincou Colton. Rheia corou
enquanto todos riam.
Meryn foi servida primeiro e ela imediatamente começou a
inalar a comida. Quando Ryuu começou a colocar algo diferente
em seu prato, ela engoliu, rapidamente franzindo a testa.
— Ryuu, o que diabos é isso? — Meryn perguntou,
apontando para a mais nova adição enquanto Ryuu continuava
a colocar folhas verdes escuras e crocantes em seu prato.
— Couve frita, denka, ela é rica em ferro.
— Eu odeio couve. — Ela empurrou os pedaços para o
outro lado do prato.
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— Experimente, eu os fiz de forma especial. — Ele piscou
um olho para ela.
Meryn escolheu o menor pedaço, e com o nariz torcido, o
colocou na boca e começou a mastigar. Uma expressão
encantada cruzou seu rosto.
— São bons! Mais, por favor! — Ela estendeu o prato.
Amelia observou maravilhada como Ryuu encheu metade
do prato de Meryn com couve.
— Ok, eu tenho que perguntar. É realmente bom?
Meryn assentiu.
— Tem gosto de sal e vinagre. É perfeito!
— Isso parece divino. Eu amo sal e vinagre.
— Eu também! — Meryn concordou.
Ryuu sorriu.
— Ouvi dizer que vocês também tem o mesmo gosto no que
se refere a sorvetes.
Amelia virou-se para ele.
— Sim, é muito legal encontrar outra pessoa que goste de
sorvete de chiclete.
Ryuu acenou com a cabeça em concordância e rodeou a
mesa. Enquanto Amelia esperava ser servida, ela pensou em
algo.
— A Unidade Alfa tem um escudeiro porque vocês são
todos da Alfa? — ela perguntou.
Aiden balançou a cabeça.
— Não, o Ryuu serve a Meryn. Ele foi um presente da
minha mãe para o dia em que a Meryn assumirá o papel de
Lady McKenzie.
MY
SavioR
Alanea Alder
— Lady McKenzie, hein? Não parece encaixar. — Ela olhou
para Meryn.
Elizabeth suspirou.
— Nós estamos trabalhando nisso.
— Elizabeth, você está fazendo um censo para Lycaonia ou
para todas as cidades-pilares?
— Todas as cidades-pilares e, por favor, me chame de
Beth, Elizabeth é tão formal.
— Eu a chamo de Coelhinha, — Meryn disse entre
mordidas de seu taco.
Beth virou-se para Amelia, com uma expressão de dor no
rosto.
— Depois que você ganha um apelido, você fica com ele
para sempre.
— Então, eu acho que sou a Bolhas então. — Amelia sorriu
para a mesa.
Keelan riu.
— Combina com a sua personalidade.
Meryn franziu a testa.
— Os caras me chamam de Ameaça.
Keelan assentiu.
— E isso combina com a sua personalidade.
Beth e Rheia riram. Meryn franziu o cenho.
Gavriel bagunçou os cabelos de Meryn.
— Admita, ele se encaixa.
Meryn se afastou da mão dele, sorrindo.
— Só um pouquinho.
Jaxon tomou um gole de água e virou-se para ela.
MY
SavioR
Alanea Alder
— Então, Amelia, o que você faz?
— Sou cosmetologista, — anunciou ela orgulhosamente.
Os homens olharam ao redor com expressões confusas nos
rostos.
— Ela faz cabelo e maquiagem, — Rheia explicou.
Beth bateu palmas animadamente.
— Poderia me servir uma transformação! Eu estou usando
o mesmo visual há décadas.
Meryn saltou em sua cadeira.
— Você poderia me mostrar como ficar sexy? Estou
cansada de todo mundo dizer o quão fofa eu sou. Quero ser
uma femme fatale.
Aiden revirou os olhos.
— Você já é uma femme fatale.
Meryn balançou a cabeça.
— Não, não sou.
Gavriel pigarreou.
— Por definição, uma femme fatale é uma mulher bonita
que acaba trazendo desastre ao homem com quem está
envolvida. Acho que você se qualifica.
Meryn fez beicinho e empurrou sua couve frita pelo prato.
— Vocês sabem o que eu quis dizer.
Amelia saltou em sua defesa.
— Não se preocupe, Meryn. Eu tenho o tutorial de
maquiagem perfeito para você. Ele te mostrará como fazer o
olho esfumado perfeito, — ela prometeu.
Meryn olhou para cima, a emoção de volta em seu rosto.
— De verdade?
MY
SavioR
Alanea Alder
— Sim! Nós podemos abrir a minha maleta de maquiagem
amanhã. Você pode experimentar o visual que quiser.
Meryn virou-se para Aiden.
— Ha ha! Esteja preparado para se impressionar com a
minha sensualidade.
O rosto de Aiden se suavizou enquanto ele se inclinava
para beijar a ponta do nariz de Meryn.
— Você pode me impressionar a qualquer momento, bebê.
Amelia sorriu para o ursinho de pelúcia que era o
Comandante de Unidade. Se os irmãos dela pudessem vê-lo
agora.
Ryuu parou atrás dela.
— Quantos e que tipo de taco para você, itoko-sama?
Amelia franziu o cenho para ele. Do que ele a chamou?
Ele mostrou o prato de tacos. Apressadamente, ela
examinou suas escolhas.
— Um de carne e um de frango, por favor.
Cuidadosamente, ele os colocou no prato dela. Com uma
reverência, ele se moveu até seu companheiro. Ela abriu as
laterais do taco e acrescentou queijo, requeijão e pimenta-
jalapenho. Quando ela viu que alguém havia colocado um pote
de pimenta banana em cima da mesa, ela se serviu.
— Deuses, elas são iguais, — disse Aiden parecendo
preocupado.
Meryn estava lhe fazendo joinha com o polegar e
apontando para os próprios tacos.
Amelia olhou em volta da mesa; todo mundo estava
olhando para as suas escolhas.
MY
SavioR
Alanea Alder
— Não julgue. Eles combinam perfeitamente juntos.
Rheia deu uma cotovelada em Colton.
— Você não tem moral para falar, mestre do sanduíche.
— Então, Storm Keep é igual Hogwarts? — Meryn
perguntou.
Ao lado dela, Keelan começou a se engasgar com o taco.
Rindo, ela bateu nas costas dele. Ela voltou-se para Meryn.
— Na verdade, mais ou menos. A cidade de Storm Keep foi
nomeada em homenagem ao castelo que foi construído pela
única família real que nós, bruxos, já tivemos, os Stormharts.
As diferentes unidades vivem em propriedades como esta, fora
dos limites da cidade e mantêm um perímetro ao redor desta.
Há uma muralha alta e externa que circunda a cidade
propriamente dita, conectada por quatro torres de pedra
localizadas em cada ponto direcional. A parte mais pobre da
cidade fica perto das muralhas do castelo; é o lugar mais barato
para se morar, pois é mais próximo do perigo. Se algum dia
fôssemos atacados, essa parte da cidade seria a primeira a cair.
Depois disso, no caso de um ataque, todos recuam para trás do
muro do Centro da Cidade. O Centro da Cidade é onde a classe
média e os comerciantes vivem. Eles têm os melhores
restaurantes e lojas da costa oeste. Os diferentes tipos de magia
que você pode comprar lá são nada menos que impressionantes.
Indo em direção ao núcleo da cidade, você chega a Storm Keep
em si. O castelo é enorme e é o lar das casas governantes, dos
nossos membros do conselho, e da Academia de Magia.
— Hogwarts, — Meryn sussurrou, extasiada.
Keelan balançou a cabeça sorrindo.
MY
SavioR
Alanea Alder
— O meu irmão, Kendrick, trabalha nos acervos
localizados nos níveis mais baixos de Storm Keep.
Amelia virou-se na cadeira para encará-lo.
— Você é igualzinho ao seu irmão, só que ele é... mais
velho e ranzinza.
Keelan riu alto.
— Ele é um pouco ranzinza. Ele sempre disse que era
porque era forçado a trabalhar com idiotas o dia inteiro. — Ele
lhe sorriu. — Fiquei surpreso por você conhecer o meu irmão.
Ele nunca mencionou que se tornou um Athair.
Amelia franziu a testa.
— Quando foi a última vez que você esteve em casa?
Ele deu de ombros.
— Talvez quarenta anos atrás, de vez em quando
conversamos por telefone.
— Keelan! — Meryn exclamou.
Ele corou.
— Meu irmão e eu tivemos um desentendimento antes de
eu sair, então eu não me senti com muita pressa de visitá-lo.
Ele pode ser muito dominador.
Amelia balançou a cabeça.
— A única vez que eu cheguei a vê-lo sorrir foi quando ele
disse o seu nome. Você deveria visita-lo.
Keelan pareceu agradavelmente surpreso.
— Sério?
— Claro, — Aiden interveio. — Não importa o quão bravo
eu fique com o Ben, ele ainda é o meu irmãozinho.

MY
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Alanea Alder
— Mal posso esperar para provocá-lo amanhã. — Colton
esfregou as mãos. Os homens riram.
Enquanto todos continuavam jantando, Amelia pensou no
homem ao seu lado. Darian não disse uma palavra durante a
refeição. Ele comeu com um sorriso falso no rosto. Ela queria
desesperadamente o que observava com os outros casais.
Alguém com quem rir, confortar, um amante e um amigo.
— Itoko-sama? — Ryuu disse, chamando sua atenção.
— Sim? — Ela olhou para o escudeiro.
— Eu só queria te avisar de que tomei a liberdade de levar
sua bagagem para a suíte de hóspedes no andar de cima. —
Ryuu fez uma reverência.
— Obrigada, Ryuu.
Darian virou-se para ela.
— Você não pode ficar aqui, — disse ele severamente.
Aiden se levantou, atraindo todos os olhares para ele.
— Darian, eu preciso saber. Ela é ou não é?
Darian virou a cabeça para olhar para a parede oposta.
— Bem? — Aiden exigiu.
— Sim, — disse Darian, contraindo a mandíbula.
— Então você precisa cuidar da sua companheira. — Aiden
cruzou os braços.
— É isso que estou tentando fazer! — Darian berrou,
chocando a todos.
Os olhos de Aiden se estreitaram.
— Há algo que você queira me dizer?
Darian se levantou, derrubando a cadeira para trás. Ele
ergueu os ombros, encarando o comandante.
MY
SavioR
Alanea Alder
— Eu não preciso de uma companheira.
Aiden levantou uma sobrancelha e apontou com a cabeça
em direção a Meryn.
— Lembro-me de pensar exatamente a mesma coisa. Às
vezes você tem que aceitar os presentes que a Destino lhe dá.
Keelan olhou para Darian antes de se virar para ela.
— Eu vou te levar até o seu quarto, ele fica bem ao lado do
quarto do Darian.
Darian olhou com cara de paisagem para Keelan.
— Deixe isso para lá, Keelan, — ele avisou.
Keelan sorriu largamente.
— Não, não quero, — ele disse de uma maneira infantil.
Darian a olhou.
— Faça o que você quiser. — Ele se afastou da mesa e saiu
pela porta.
— Ele vai ficar bem? — Amelia perguntou nervosamente.
Gavriel assentiu.
— Todos nós passamos por algo semelhante ao encontrar
nossas companheiras. Nós falaremos com ele mais tarde. Esta é
a sua casa agora.
Ela compreendeu suas palavras.
— Deuses queridos! Eu moro aqui agora. Como vou
receber meus pedidos de maquiagem? — Ela tentou manter a
conversa leve. Ela odiava quando todos ficavam preocupados ou
chateados. Viver sua vida como uma empata a tornava um
barômetro humano de emoções, quanto mais felizes as pessoas
estavam ao seu redor, menos ansiosa ela ficava.
Meryn acenou com um taco para ela.
MY
SavioR
Alanea Alder
— Não se preocupe com as entregas. Todo o correio de
Lycaonia vai para uma caixa postal externa. Equipes
designadas vão pegar o correio todos os dias e o trazem aqui
para a cidade onde ele é classificado em caixas postais aqui. O
Ryuu pega o nosso para a gente. É assim que recebo as caixas
de assinatura do Nerd ao Cubo que o Aiden me comprou no
Natal.
Amelia soltou um grande suspiro de alívio.
— Graças aos Deuses; eu estava quase cancelando essa
coisa de acasalamento se não conseguisse receber a minha
maquiagem.
Meryn assentiu.
— Eu posso ver isso impactando uma vida. Eu morreria
sem as minhas coisas de nerd, especialmente porque eu estou
tentando decorar o berçário com coisas da hora, em vez de
coisas típicas de bebês. Você sabe quantas coisas de meninos
são decoradas com ursos? Isso seria simplesmente estranho.
— Você quer dizer, como dar a garotinhas bonecas que
parecem humanas? — Rheia perguntou ironicamente.
Meryn fez uma pausa e riu.
— Suponho que isso seja mais ou menos o mesmo, eu
nunca pensei nisso assim.
— Do que você está decorando? — Amelia perguntou.
— Será uma mistura de Star Wars e Doctor Who.
— Isso parece bacana.
— E se você tiver uma menina? — Rheia perguntou.
Meryn franziu a testa.
— Seria uma mistura de Star Wars e Doctor Who, por quê?
MY
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Alanea Alder
Beth mordeu cuidadosamente um taco, tomando cuidado
para não sujar os dedos com alguma coisa.
— Não tente entender, Rheia, é a Meryn.
— Garotas podem gostar de Star Wars e Doctor Who, —
argumentou Amelia.
Beth assentiu.
— É claro que podem, mas não acho que uma criança de
dois meses será capaz de operar a Estrela da Morte3 interativa
que ela encomendou.
Amelia riu.
— Isso é incrível.
— Não a incentive, — Beth riu.
Meryn colocou outro pedaço de couve na boca.
— Você está bem? Quero dizer, em relação ao Darian.
Amelia brincou com seu jantar.
— Ele não será capaz de dizer não para sempre. Eu sou
tão teimosa quanto ele.
— Talvez nós devêssemos nos encontrar amanhã e propor
um plano de ataque, — sugeriu Meryn.
Amelia assentiu.
— Boa ideia.
Os homens trocaram olhares preocupados.
Beth enterrou o rosto nas mãos.
— Duas; há duas.

3
Estrela da Morte é uma estação espacial bélica criada pelo Império
Galáctico na série cinematográfica de ficção científica Star Wars.

MY
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Alanea Alder
Gavriel esfregou as costas dela.
— Calma, calma, querida.
Amelia olhou para Meryn e piscou um olho, e Meryn
piscou um olho de volta.
— Que os Deuses nos ajudem, — Aiden murmurou
mordendo seu nono taco.
*****
— Aqui está, — disse Keelan, indicando o quarto ao lado
do de Darian. Agora que ela estava aqui em cima, doía saber
que eles estariam em quartos separados, sem dizer nem mesmo
"boa noite" um ao outro. Keelan abriu a porta e mostrou-lhe a
suíte de dois quartos.
— Você precisava de ajuda com as malas? — ele
perguntou, apontando para a grande e prateada mala de
rodinhas.
Amelia riu.
— Essa é a minha maquiagem.
Keelan piscou.
— E?
— Apenas maquiagem.
— Uau. Você prometeu transformações para a Meryn e a
Beth amanhã; você gostaria que eu levitasse isso para baixo
para você e colocasse no escritório do Aiden?
— Por que o escritório do Aiden? — ela perguntou confusa.
Keelan riu.
— Na verdade, é o escritório da Meryn e da Beth, mas o
Aiden fica de mau humor por horas sempre que o chamamos

MY
SavioR
Alanea Alder
assim, então simplesmente chamamos de escritório do Aiden
para manter todos felizes.
— Isso seria ótimo. Eu nunca realmente dominei a
levitação.
— Qual é o seu dom? — Keelan perguntou, sentando-se na
cama.
— Bem, além das coisas genéricas, como iluminação de
velas e bolas de fogo, sou uma empata. Posso usar magia de
terra, embora não a use desde criança. Eu quase desencadeei
um grande terremoto aos dois anos. O Caiden teve que
restringir os meus poderes, pois morávamos perto de uma falha
sísmica. — Ela sentou-se ao lado dele na cama.
— Dois poderes, isso é impressionante. Eu também tenho
dois. Premonição e magia de ar. Eu posso flutuar ou deixar o ar
denso para criar um escudo. O meu irmão, Kendrick, tem
quatro, — disse ele, orgulhoso.
— Você tem os mesmos poderes do meu irmão mais velho,
Caiden. Eu sabia que o Kendrick era poderoso, mas não tinha
ideia de que ele tinha dominado quatro poderes. Eu também
não acho que alguém em casa saiba. — Amelia estava chocada.
Até os anciãos costumavam dominar apenas três.
— Os caras daqui sabem e agora você. Ele é muito discreto
sobre seus poderes. Ele disse que tudo o que quer fazer é
registrar nossa história e ler os arquivos.
— Nós precisamos de mais homens como o seu irmão. A
política do conselho é desagradável. Usando a analogia da
Meryn sobre Hogwarts, é como se todos os anciãos estivessem
por aí usando suas varinhas, tentando ver quem é o mais
MY
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Alanea Alder
poderoso. — Amelia havia visto a política em ação em casa toda
vez que Caiden tentava conseguir algo para os guerreiros da
unidade. A primeira pergunta deles era sempre quantos de
linhagens de prestígio serviam nas unidades.
— Então isso não mudou, hein? A política foi uma das
razões pelas quais saí de Storm Keep. Eu não conseguia mais
viver lá e ficar de boca calada. O Kendrick fica bem. Ele pode
simplesmente enterrar a cabeça em alguns manuscritos
empoeirados de mil anos atrás sobre as desvantagens de usar a
magia de água em um clima árido, mas quando se trata de
pessoas que vivem aqui e agora, ele simplesmente não se
importa.
— Você disse que entrou em desacordo com o Kendrick
antes de ir embora, do que se tratava? — Amelia virou-se e
sentou-se de pernas cruzadas na frente dele.
Keelan recostou-se sobre as mãos.
— Ele não queria que eu me juntasse à Alfa.
— Você quer dizer que ele não queria que você fosse um
guerreiro de unidade?
Ele balançou a cabeça.
— Não, ele não queria que eu me juntasse à Alfa. Ele disse
que teve um sonho e que eu morreria como um guerreiro da
Unidade Alfa, mas aqui estou eu, quase duzentos anos depois,
vivinho da silva.
Amelia assentiu com entusiasmo.
— Nem me diga! Meu irmão Caiden praticamente ordenou
que eu voltasse para Storm Keep porque ele me viu, abre aspas:
“cair na escuridão”, fecha aspas.
MY
SavioR
Alanea Alder
Keelan riu.
— As premonições são tão vagas que podem muito bem ser
inúteis. Bem, na maioria das vezes são vagas. — Sua voz ficou
baixa e sua expressão ficou séria.
— O que foi, Keelan?
— Vou ter que lembrar de agradecer a Destino mais tarde
por ter trazido você aqui, não apenas pelo Darian, que tem sido
como um irmão, mas por mim também.
Amelia levantou uma sobrancelha.
Ele sorriu suavemente.
— Não, não nesse sentido. Você é uma bruxa que não é
um guerreiro de unidade. Você viveu em Storm Keep e sabe
como podem ser as coisas lá. Inferno, você até mesmo conhece o
meu irmão. Você entenderia...
— Entenderia o quê?
— A frustração que a nossa magia pode causar.
— Assumo que sua frustração gira em torno de
premonições? — Ela se inclinou para a frente e apoiou os
cotovelos nos joelhos.
Keelan assentiu e seus olhos perderam o foco.
— Eu tenho tido o mesmo pesadelo todas as noites, e todas
as noites, eu tento mudar o que acontece de maneiras
diferentes, mas nada ajuda. Eu só queria que o que quer que
esteja, ou quem quer que esteja, tentando me mandar uma
mensagem simplesmente aparecesse e dissesse de uma vez.
— Você quer dizer, em vez de: “cair na escuridão”, usar:
“evitar idiotas que ignoram sinais de pare”? — ela perguntou.
Keelan riu, seus olhos recuperando foco.
MY
SavioR
Alanea Alder
— Exatamente! Eu sabia que você entenderia.
— Tudo o que podemos fazer é o que pudermos, quando
pudermos. Vamos enfrentar o que quer que esteja por vir e, se
ficarmos presos, sempre podemos ligar para os nossos irmãos.
— Ela lhe piscou um olho.
Keelan se levantou e se espreguiçou.
— Sabe de uma coisa? Você está certa. — Ele se virou para
sair e parou. Ele voltou-se para ela. — O Darian realmente se
importa, sabe?
— Eu sei. Sou empata, lembra? — Ela deu tapinhas na
própria têmpora.
Ele estremeceu.
— Deuses, isso tem que ser horrível. Me lembre de chutar
o traseiro dele mais tarde.
— Não seria tão ruim se nós tivéssemos acabado de nos
conhecer, mas eu estive sonhando com ele a minha vida inteira.
E se ele simplesmente não me quiser? — Esse era o seu maior
medo, que ela não seria o bastante para fazê-lo querer viver, que
suas limitações destruiriam sua alma.
— Não pense assim. Quando eu tinha acabado de me
mudar, eu pensei que ele era o homem mais nobre que eu já
conheci. Você acha que o Gavriel é cortês? Darian o ofuscava do
jeito que o sol ofusca a lua. Mas ao longo dos anos, é como se
ele simplesmente tivesse ficado cansado. No entanto, eu me
recuso a acreditar que quem ele é no seu âmago mudou. Do seu
próprio jeito, ele está te protegendo. Está tão arraigado nele o
desejo de mantê-la segura que ele não vai te arriscar de maneira
alguma, nem mesmo para se salvar.
MY
SavioR
Alanea Alder
— Eu não vou perdê-lo, Keelan.
— Nós não vamos. Eu farei tudo o que puder para ajudar.
É minha esperança de que possamos ser amigos também.
Ela levantou da cama e deu-lhe um abraço.
— Eu acho que já somos.
Corando, ele sorriu.
— Descanse um pouco. Tenho a sensação de que amanhã
será um longo dia.
— Premonição? — ela brincou enquanto ele caminhava em
direção à porta.
Ele se virou e estremeceu.
— O Darian está negando sua companheira, a Meryn
prometeu ajudar e tenho a sensação de que você incentivaria
suas travessuras. Amanhã será um dia longo, — ele repetiu. Ele
se aproximou, pegou a maleta de maquiagem dela pela
maçaneta e a levou em direção à porta. Ele se virou e acenou.
Amelia riu enquanto ele saía do quarto, fechando a porta
atrás dele. Ela olhou para sua solitária mala e puxou-a para
cima da cadeira. Abrindo o zíper, ela pegou seu nécessaire e a
camisola e foi para o banheiro. Ela se despiu, dando um suspiro
de alívio quando tirou o sutiã. Vestiu a camisola e prendeu seus
longos cabelos cacheados. Tirando sua loção facial e hidratante
do nécessaire, ela começou sua rotina noturna.
Quando terminou, dobrou o jeans e a camiseta e voltou
para o quarto. Ela abriu a mala e largou as roupas dentro.
Olhando para o guarda-roupa, ela suspirou. Todas as suas
camisas eram pretas ou brancas. Suas calças eram calças
largas pretas ou jeans. Normalmente, ela não se importava com
MY
SavioR
Alanea Alder
seu visual monocromático, pensando que era arrojado, mas ela
não queria que seus novos amigos pensassem que ela estava
vestindo a mesma coisa repetidamente. Ela definitivamente
precisava ir às compras em breve. Ela olhou ao redor do quarto
e encontrou sua bolsa na cômoda. Ela fuçou dentro da grande
bolsa até encontrar seu telefone.
Ela se sentou confortavelmente na cama e recostou-se
sobre uma pilha de travesseiros macios. Ela sabia que a
conversa que estava prestes a ter seria difícil, mas esta tinha
que ocorrer. Ela destravou o telefone e pressionou o número de
discagem rápida para Caiden. Ele atendeu no primeiro toque.
— O que aconteceu? Você está machucada? Você está
morta? — ele demandou.
— Morta? Sim, eu estou ligando do meu iPhone
fantasmagórico, seu idiota. — Ela revirou os olhos.
— Não revire os olhos para mim, jovenzinha. Você nunca
liga tão tarde, o que aconteceu?
Como ele sempre sabe quando eu faço isso?
— Bem, sabe como eu disse que sairia logo de manhã?
— Sim?
— Sim, isso não vai acontecer.
— Por quê? Você está com o pneu furado? É um problema
com o carro? Você está sendo mantida como refém?
— Como você passa do pneu furado para uma situação de
refém?
— Bem? — ele exigiu, ignorando sua pergunta
perfeitamente lógica.

MY
SavioR
Alanea Alder
— Eu encontrei o meu companheiro! Isso não é
emocionante? — Ela prendeu a respiração e fez contagem
regressiva mentalmente.
Três... dois... um...
— O quê?! Aquele filho da puta! Esperando até que não
estivéssemos por perto para aparecer e roubar minha garotinha!
— Ele chamou os irmãos: — Kyran! Tristan! Façam as malas!
Vamos para Lycaonia para chutar o traseiro de algum bastardo
fae e recuperar a nossa garotinha!
— O quê?! — ela ouviu Kyran gritar.
— Filho da puta! — Tristan berrou.
Amelia olhou para o teto. Sim, eles não complicariam as
coisas absolutamente.
— Parem! — ela latiu para o telefone. Um segundo depois,
houve silêncio. — Escute, eu sou uma mulher adulta; por favor,
não interfiram.
— Você mal cresceu e só porque é metade humana. Pensei
que concordamos que você não acasalaria até ter duzentos
anos, — argumentou Caiden.
— Não! Você me disse que eu não poderia me acasalar até
ter duzentos anos. Eu o conheci. Ele é o meu companheiro.
Supere isso.
— Bastardo loiro e safado. Aposto que ele faz sapatos ou
algo assim, — resmungou Caiden.
Amelia beliscou a ponta do nariz.
— Cai-den!
— Sim?
— Onde estou?
MY
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Alanea Alder
— Lycaonia.
— E... — Ela esperou para ver se ele ligaria os pontos.
— Oh, Deuses! Você vai se mudar! — ele praticamente
choramingou.
— Ela pode fazer isso? — Kyran exigiu.
Porra de vida!
— Lycaonia é a cidade de...
— Shifters, — respondeu Tristan.
— Exatamente! — ela exclamou. — Que tipo de fae vive em
uma cidade shifter?
Silêncio.
Silêncio.
— Você tem a lista? — ela ouviu Caiden perguntar.
— Bem aqui, — gritou Tristan. — Tudo bem, então seu
companheiro bastardo fae pode ser Larik Li'Mileren da Beta,
Barak Ri'Anvial da Delta, Alanis Vi'Kilernan da Épsilon, Sulis
Ri'Orthames da Zeta, Deuses, se esse for o companheiro dela,
então ele não vai receber os duzentos dólares que lhe devo.
— Tristan! — Caiden latiu.
— Certo. Tudo o que resta são os irmãos Darian Vi'Alina
ou Oron Vi'Eirson.
Amelia sentou-se ereta.
— Espere, como eles podem ser irmãos se têm sobrenomes
diferentes?
— Deuses, é um daqueles dois imbecis grosseiros, —
Kyran grunhiu.
— Qual deles, garotinha? — Caiden perguntou.
— Como eles são irmãos? — ela repetiu.
MY
SavioR
Alanea Alder
— Pelo que ouvi, eles foram criados pelos mesmos pais
adotivos. Agora, qual deles?
— Darian.
Ela os ouviu xingando baixinho.
— Ele está te tratando bem? — Caiden finalmente
perguntou.
Ela sentiu os olhos se encherem de lágrimas. Ela queria
chorar e dizer a ele que não era justo, que toda a sua vida ela
quis seu companheiro e agora ele a estava negando. Ela queria
que seu irmão mais velho resolvesse isso, como ele sempre
fazia, mas ela sabia que ele não podia consertar isso. Ela sorriu
através das lágrimas.
— Ele tem sido tão imprevisível. Ele parece exatamente
como eu o sonhei. — Tecnicamente, suas palavras não eram
mentiras, mas seu coração ainda estava pesado.
— Ok, garotinha, nós vamos ficar fora disso. Nós não
realmente queremos estar por perto quando você está recém
acasalada; isso seria estranho. Mas se você precisar de nós para
qualquer coisa — e eu quero mesmo dizer qualquer coisa —
ligue, seja dia ou noite.
— Eu prometo. — Ela tentou manter a voz alegre e
animada.
— Além disso, não hesite em ir ao Aiden. Ele é um cara
legal. Ele vai ajudá-la da maneira que nós ajudaríamos, — disse
Caiden.
— Se houver necessidade, eu irei. Agora, se me derem
licença, estou indo para a cama. Lembre-se, eu estou três horas
adiantada em relação a vocês agora.
MY
SavioR
Alanea Alder
— Nós visitaremos em breve, — Kyran falou.
— Já sinto falta de vocês. — Desta vez, ela não conseguiu
impedir que as lágrimas caíssem por suas bochechas.
— Nós também sentimos sua falta, garotinha. Agora,
durma um pouco e faça da vida do seu companheiro um
inferno, — ele disse de forma taciturna. Ela sabia que ele estava
lutando contra suas próprias emoções.
— Boa noite, CaiKryTri, — disse ela, usando o apelido
abreviado que possuía para os três.
— Boa noite, rabugenta, — disse Tristan, fazendo-a sorrir.
Ela terminou a ligação, enrolou-se de lado e abraçou o
telefone contra o peito. Depois de alguns minutos fungando, ela
percebeu que o quarto havia ficado frio, então decidiu apagar a
luz e ficar embaixo das cobertas. Antes que ela percebesse,
estava dormindo.

MY
SavioR
Alanea Alder
Capítulo 4

Em seus sonhos, Darian não era mais seu príncipe. Ela


encarava suas costas enquanto ele se afastava dela. Ela o
perseguia por um longo e estreito corredor. Braços ameaçadores
e esqueléticos se estendiam das paredes para agarrá-la. Ela
tinha que alcança-lo antes que ele atravessasse a porta no fim
do corredor. Depois que ele atravessasse aquela porta, ela sabia
que nunca mais o veria, mas não importava o quão rápido ela
corresse, ela não conseguia alcançá-lo. Ela sentiu uma nova
onda de pânico tomar conta de si quando ele chegou à porta e
girou a maçaneta. Quando a porta se abriu, não havia nada
além de um abismo interminável e escuro. Ele abriu bem os
braços e pulou, mergulhando na escuridão onde não havia luz
para salvar nenhum dos dois. Ela correu para a porta aberta e
olhou para baixo; ele estava rapidamente se afastando dela.
Quando ela pulou atrás dele, ele a recebeu de braços abertos,
um sorriso maligno nos lábios.

MY
SavioR
Alanea Alder
Amelia acordou assustada; o sorriso sinistro de Darian
gravado em sua mente. Ela rezava para que o que viu não fosse
um aviso de que algo horrível se aproximava. A imagem do
longo corredor acertava em um ponto muito delicado no que se
referia ao estado mental atual do seu companheiro. Ela se virou
e olhou para o teto por um momento antes de pegar o telefone.
Já passava do meio dia! Ela dormira a manhã toda e, apesar
das horas extras de sono, parecia que sua cabeça estava
pesada. Gemendo, ela saiu da cama e foi para o banheiro.
Comparado ao átrio de Darian, seu quarto parecia vazio e
morto. Tinha o aconchego de um quarto de hotel, apesar da
qualidade dos móveis e dos lençóis. Ela se perguntava como
seria dormir ouvindo a magia do vento passando pelas árvores e
os pássaros cantando para você dormir todas as noites. Ela
balançou a cabeça. O que ela precisava era de um bom banho
quente. Ela ligou a água no mais quente e então diminui um
pouquinho a temperatura. Em pouco tempo, a sala estava cheia
de vapor. Ela tirou a camisola e entrou no chuveiro. Seu xampu
de tamanho de viagem servia apenas como um lembrete de que,
para todos os efeitos, ela estava numa situação incerta. Sem ser
reivindicada, ela poderia realmente chamar esse lugar de lar?
Ela terminou o banho e saiu deste. Secou-se o mais rápido
que pôde e enrolou o cabelo em uma toalha. Ela esperaria até
que este estivesse quase seco antes de passar um creme
hidratante no cabelo. Mesmo nos invernos mais frios, ela nunca
secava os cachos como um secador; se o fizesse, os cachos
naturais que herdara da mãe acabariam em uma bagunça

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armada. Mais de uma vez, quando estava crescendo, ela ansiou
por cabelos lisos como os dos seus irmãos.
De pé a frente do balcão do banheiro, ela abriu sua bolsa
de maquiagem do dia a dia. Ela seguiu sua rotina familiar de
aplicar suas bases e sombras favoritas. Cada ação trazia ordem
ao caos que ela estava sentindo. Quando terminou, ficou feliz
com o visual suave e feminino que criara. Ela desembrulhou o
cabelo da toalha e passou o creme de cabelo favorito por seus
longos cachos. Ela se inclinou e sacudiu os cabelos na raiz para
dar volume. Ficando ereta, ela mandou um beijo para si mesma
no espelho. Ela pendurou a toalha e entrou no quarto. Vinda de
um banheiro quente e úmido, seu quarto parecia frio. Arrepios a
cobriram da cabeça aos pés, enquanto ela corria nua até a mala
e tirava uma roupa casual. Meias pretas até o joelho, jeans
apertados, uma camiseta preta e um suéter preto com zíper
completavam seu visual. Sorrindo, ela pegou seu sutiã vermelho
rubi favorito e a calcinha do conjunto. Surpreendentemente,
suas roupas íntimas eram tão coloridas quanto o arco-íris.
Apenas suas roupas exteriores pareciam ser pretas e brancas.
Uma vez vestida, ela enfiou o telefone no bolso de trás,
pegou o casaco da cadeira e desceu as escadas. Ela atravessou
o saguão e seguiu pelo corredor até a sala de jantar vazia. Sem
todos à mesa, a sala parecia muito maior do que na noite
anterior. Ela ouviu sons da cozinha e seguiu as vozes. Ela
encontrou Rheia e Ryuu à mesa da cozinha bebendo chá.
Ryuu ficou de pé, sorrindo.

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— Estou feliz em ver que nem todos nesta casa se
levantam com o sol. Por favor, junte-se a nós. — Ele apontou
para uma cadeira vazia da cozinha.
Amelia pendurou o casaco nas costas da cadeira e sentou-
se. Ryuu andou silenciosamente até o armário e pegou outra
xícara e pires. Ele os colocou na frente dela e sentou-se
novamente. Rheia lhe serviu uma xícara do que parecia e
cheirava a chá verde de jasmim.
— O aroma é adorável. — Amelia adicionou cinco colheres
de chá de açúcar e mexeu levemente.
— Eu não sei como você ou a Meryn ainda tem dentes.
Vocês duas bebem seu açúcar com um pouco de chá. — Rheia
balançou a cabeça.
— Eu preciso do açúcar esta manhã. Eu geralmente me
levanto com o sol, como disse o Ryuu, mas acordei esta manhã
depois de um pesadelo me sentindo completamente
desorientada, — ela confessou.
— Existe algo que possamos fazer para ajudar? — Ryuu
perguntou.
Amelia balançou a cabeça.
— É algo que eu preciso resolver. O chá está ajudando, eu
já me sinto mais calma.
Sorrindo, Ryuu e Rheia trocaram um olhar.
Amelia franziu a testa.
— O que?
Rheia se desculpou rapidamente:
— Me desculpe. Deixe-me explicar. Este é o jogo de chá da
minha mãe. Sempre que eu precisava de um empurrãozinho, ela
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usava esse jogo, e parecia que minhas preocupações
simplesmente desapareciam.
— Está tudo bem eu usá-lo? — Amelia perguntou,
preocupada em ter se metido onde não pertencia.
Rheia riu.
— É claro que está tudo bem. De fato, talvez minha mãe
esteja cuidando de nós duas esta manhã.
— Por que você precisa de seus efeitos calmantes? —
Amelia perguntou.
— Estou preocupada com o fato de ter esse bebê; é o meu
primeiro. Como a Meryn, eu sou uma humana tendo um bebê
shifter. Ouvi dizer que às vezes as mulheres humanas podem
ter problemas no parto. — Rheia recostou-se na cadeira.
Amelia franziu a testa. Ela estava confusa. Ela poderia
jurar que conheceu a filha de Rheia na noite anterior.
— Mas a Penny...
— A Penny é minha filha adotiva. Mesmo que eu não tenha
dado à luz a ela, ela não poderia ser mais parecida comigo se
tentássemos. Então, mesmo que eu já seja mãe, nunca passei
pela experiência de dar à luz. Aposto que é muito diferente ser
quem está empurrando do que ser a pessoa a dizer para alguém
empurrar.
— Eu acho que você vai ficar bem, pelo menos você sabe o
que esperar. Você não vai entrar nessa inocentemente com
expectativas de um parto de vinte minutos antes de segurar seu
perfeito bebê, com o cabelo e a maquiagem ainda maravilhosos.
— Você está certa, mas acho que isso é uma faca de dois
gumes. Eu também sei tudo o que pode dar errado. — Rheia
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olhou para sua xícara, um cenho franzindo suas sobrancelhas
com preocupação.
Amelia sabia que não importava o que ela dissesse, Rheia
continuaria se preocupando até que seu bebê estivesse seguro
em seus braços, então ela decidiu mudar de assunto para algo
mais feliz.
— Então, você vai fazer a decoração com tema de Star
Wars e Doctor Who também? — Amelia brincou.
O rosto de Rheia se iluminou e ela riu.
— Deus, não. Colton e eu nos decidimos com um tema de
lobo bebê. Evidentemente, este é muito popular aqui em
Lycaonia no momento devido a uma sugestão que a Meryn fez a
outra mulher grávida há alguns meses. Muitas lojas na cidade
começaram a criar diferentes itens com temas shifter.
Escolhemos lobo, não apenas porque o meu bebê será metade
shifter de lobo, mas também estamos incluindo a Penny nas
decorações. O berçário do bebê terá um mural do Colton e da
Penny em suas formas de shifter pintadas em uma das paredes.
— Isso parece perfeito! Foram os meus irmãos que me
criaram, então eles fizeram a decoração do meu berçário. Como
não conseguiam se decidir em um único tema, eles decidiram
que cada um decoraria uma parede, deixando a parede com a
porta em branco para manter as coisas justas. — Ela tomou um
gole de chá e continuou: — O Caiden escolheu dragões já que
havia dominado o elemento do ar, mas não eram dragões fofos
de desenho animado; eram dragões realistas, com dentes e
corpos longos.
— Ah não! — Rheia cobriu a boca para esconder o sorriso.
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Amelia levantou a mão.
— E fica melhor. O Kyran dominou a água então pintou
tubarões na parede dele. Para finalizar, o Tristan escolheu um
vulcão em erupção para sua parede, já que havia dominado o
fogo.
A essa altura, Rheia havia cedido às suas risadas, e até
Ryuu estava sorrindo.
— Eu não consegui redecorar aquele quarto até fazer treze
anos! Mas, pelo lado positivo, não muito me assusta na vida
adulta. — Ela deu de ombros.
— Onde estavam os seus pais? — Ryuu perguntou.
— Depois que eu nasci, minha mãe percebeu que não era
do tipo maternal. Ela queria ser um espírito livre, livre das
amarras terrenas. — Amelia fez aspas no ar ao citar “espírito
livre” e “amarras terrenas”.
— Então por que ter um filho? — Rheia perguntou.
— Porque meu pai queria outro filho. Quando eu nasci, ele
me entregou ao Caiden, e ele e a minha mãe partiram em uma
aventura de amor livre. Minha mãe amante da natureza, que
usava calças boca de sino, transformou meu pai de linhagem
nobre, de uma casa governante, em um hippie nômade, embora
eu pense que ele finge porque a ama. Ele ainda os faz ficar em
hotéis cinco estrelas depois de suas “peregrinações” na floresta.
— Então a Lady Ironwood é um espírito livre? — Ryuu
perguntou, girando sua xícara.
Amelia balançou a cabeça.

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— Minha mãe também é bastante feminista, ela manteve
seu nome de solteira para grande choque e consternação do
meu pai, então não é Lady Ironwood; é Lady Camden.
— Ela parece fascinante, — Rheia disse, colocando sua
xícara de lado.
— De fato, — Ryuu murmurou.
— Ela é um espanto, vou lhe dizer isso. Não sei quantas
vezes eu agradeci à Deusa que meus irmãos me criaram, com as
paredes que davam pesadelos e tudo mais. Durante uma das
visitas dela, minha mãe me levou para uma caminhada na
natureza. Ela me fez sentar de pernas cruzadas na floresta por
horas, tentando ouvir as vozes dos espíritos. Eu não devia ter
mais de quatro ou cinco anos na época. Quando o Caiden nos
encontrou, eu estava com fome, chorando e coberta de picadas
de mosquito. — Amelia estremeceu ao pensar em como teria
sido sua vida se seus pais tivessem ficado em casa o tempo todo
para criá-la.
— Parece que você é muito próxima dos seus irmãos, —
comentou Rheia, um olhar conhecedor nos olhos.
— Você tem irmãos também?
— Sim, mas como a Penny, não por nascimento. Nós
escolhemos uns aos outros, mais ou menos como a família que
temos agora.
Amelia olhou em volta, lembrando-se da sala de jantar
vazia. Estava estranhamente silencioso, considerando quantas
pessoas moravam ali.
— Onde está todo mundo?
Rheia se levantou e se espreguiçou.
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— A Penny está na sala da frente sendo educada em casa
por sua avó. A Beth está com a Meryn, o Jaxon e o Noah no
escritório do Aiden, e os meninos estão fazendo exercícios como
de costume, embora depois do comentário da Meryn na noite
passada sobre explosivos, ouvi dizer que o Aiden quer fazer um
inventário do arsenal.
Amelia se iluminou.
— Nós temos um arsenal?
Rheia balançou a cabeça.
— Não. Só... não.
— Eles têm granadas?
Ryuu assentiu.
— Ah, sim; de acordo com a denka, elas explodem quando
você puxa o pino, não quando caem depois que você as joga.
Amelia assentiu.
— Bom saber.
— Ok, dito isso, eu vou voltar para a clínica. Seja boa e
fique longe do arsenal. — Rheia apontou o dedo para ela,
acenou adeus e saiu.
Amelia rapidamente tomou todo seu chá antes de se
levantar. Ela vestiu o casaco.
— Eu vou ver o que o Darian está fazendo.
Ryuu ficou de pé, o rosto sério.
— Cuidado, itoko-sama; a luz dele está quase apagada.
— Eu sei; é por isso que estou tentando tanto.
Ryuu foi até o balcão e pegou algo pequeno e metálico.

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— Isso é da Meryn, para os seus esforços de perseguição, e
isso é da minha parte para o café da manhã. — Ele lhe entregou
um binóculo e um sanduíche embrulhado em papel toalha.
— Obrigada pela comida. Diga a Meryn que ela é fora de
série! — Amelia aceitou os binóculos.
— Vou dizer a ela que você ficou muito agradecida. —
Amelia riu do parafraseado dele e acenou um adeus.
Ela saiu pela porta da frente e olhou para o campo aberto
onde os homens estiveram treinando ontem. Como previsto, eles
estavam neste novamente. Agindo como se ela tivesse todo o
direito de estar lá, Amelia sentou-se nos caixotes empilhados ao
lado de Aiden. Ele lhe sorriu e continuou contando, fazendo
anotações em um pedaço de papel em sua prancheta. Rheia não
estava brincando quando disse que Aiden faria um inventário.
Ela colocou o sanduíche no colo e desembrulhou as
toalhas de papel. Ryuu lhe havia feito um sanduíche de
presunto e queijo, um dos seus favoritos. Sorrindo, ela começou
a comer enquanto balançava os pés alegremente. Quando
terminou o café da manhã, enfiou os papeis toalha no bolso e
pegou o binóculo para procurar seu companheiro. Ela o
encontrou pendurado em uma corda presa a uma das torres de
exercício. Quando ele começou a fazer flexões na corda de onde
estava pendurado, ela suspirou. Quando ele virou o corpo de
cabeça para baixo e começou a se mover para cima e para baixo
em uma flexão invertida, ela teve que verificar se não havia
babado. Quando ela levantou a mão para verificar o queixo, ela
ouviu os homens começarem a rir. Ela lhes mostrou o dedo do
meio, fazendo-os rir ainda mais. A cada repetição, os braços
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dele inchavam, e ela sentia seu coração bater um pouco mais
fora de controle. Ela estava segurando fortemente os binóculos
que estavam lhe dando a visão íntima e pessoal de seu lindo
companheiro.
Quando seu companheiro de repente pulou da corda e
caminhou até Sascha, ela se perguntou o que ele estava
tramando, até Sascha apontar na direção dela. Com o binóculo
ainda sobre os olhos, ela levantou a mão e acenou. Com o rosto
turbulento, ele se aproximou. Quando ela não conseguia mais
vê-lo através dos binóculos, ela os abaixou para descobrir que
ele estava parado bem à sua frente.
Agarrando o peito, ela respirou fundo várias vezes. Quão
rápido ele andava?
— Você me assustou pra caralho!
Ele franziu o cenho para ela.
— Você é uma metade humaninha estranha.
— Meu irmão diz que sou uma “edição limitada”, muito
obrigada.
— O que você está fazendo?
— Te perseguindo.
O queixo dele caiu.
— Às claras?
Ela deu de ombros.
— Por que me esconder?
Ele a encarou, claramente sem palavras.
— Sentiu minha falta de manhã? — ela perguntou
animadamente.

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Alanea Alder
— Não, na verdade eu estava me perguntando quando você
vai embora.
— Eu não vou.
— Eu posso fazer você ir, — ele ameaçou.
Rosnando, Amelia ficou de pé sobre a caixa na frente dele.
— Aqui estão as suas escolhas, princesa. — Ela o cutucou
no peito. — Um: você acasala comigo e vivemos felizes para
sempre. — Ela o cutucou novamente. — Dois: você me mata.
Qual será? — Ela cruzou os braços sobre o peito.
— Essas escolhas são inaceitáveis.
— Que pena.
— Se você não vai embora, eu vou. — Quando ele se virou
para se afastar, ela sentiu um momento de pânico. Ele estava
certo; ele poderia sair da cidade e ela nunca mais o veria. Ele
poderia perder a alma e tornar-se um feral, ou ele podia
simplesmente esperar que ela morresse. Já que seu sangue não
era inteiramente de bruxa, ela só tinha mais quarenta a
sessenta anos de vida, no máximo. Para ele, isso seria um
piscar de olhos. Desesperada para detê-lo, ela estendeu a mão
para agarrá-lo. Infelizmente, ela não havia contado com a tábua
solta na caixa sobre a qual ela estava. Ela torceu o tornozelo e
começou a cair; ela se preparou para o impacto que nunca veio.
*****
Pelo canto do olho, ele a viu estendendo a mão para ele.
Por instinto, ele se virou para ela. Quando ela perdeu o
equilíbrio, seu corpo se moveu inconscientemente. Ele levantou
os braços e a pegou com facilidade, fazendo-a descansar

MY
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confortavelmente contra seu peito. Tudo nele gritava que era ali
que ela pertencia.
Respirando profunda e tremulamente, ele a colocou no
chão.
— Você está bem?
— Acho que a minha perna está quebrada, — disse ela,
apontando para a perna direita.
O pânico assumiu o controle.
— O que?! — ele berrou. — Precisamos levá-la à clínica! —
Os homens começaram a se reunir para ajudar.
— Só estava brincando. — Ela se levantou e fez um
sapateado curto antes de levantar uma cartola imaginária na
direção dele. — Eu estou bem.
Darian abaixou a cabeça e começou a contar mentalmente
até dez.
Um, dois, três...
— Quatro, cinco, seis... — Amelia continuou.
Chocado, ele abriu os olhos.
— Você consegue ler mentes?
Ela balançou a cabeça.
— Não, mas eu fui criada por três irmãos; eu conheço bem
esse olhar.
— Essa não pode ser a Ameliazinha sobre quem o Caiden
está sempre falando, pode? — Quinn perguntou.
— Essa seria eu, e você é...?
— Quinn Foxglove, e esse monstro é o Graham Armstrong,
— disse ele, apontando para o guerreiro extremamente grande
ao seu lado. Graham sorriu para a sua companheira. Darian se
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corrigiu mentalmente; ela não era sua companheira. Ela era
uma estranha mulher aleatória.
Amelia deu um gritinho e se lançou nos braços do
Graham. Graham riu até que olhou em sua direção. Rangendo
os dentes, Darian se forçou a respirar lentamente. Graham
gentilmente se livrou do abraço entusiasmado de Amelia.
Darian lutou contra ondas de ciúmes. Por que ele deveria
se importar com o que essa mulher aleatória fazia? Espere, o
Graham não a estava abraçando por tempo demais?
— Não que eu não aprecie o abraço, mas para que foi isso?
— perguntou Graham.
— A sua mãe me educou enquanto eu crescia. Eu ouvi
falar de você o tempo todo. — Ela saltou para cima e para baixo
enquanto segurava a mão dele.
O queixo de Graham caiu antes que ele desse um sorriso
enorme. Ele riu alto e a arrebatou em outro abraço de urso.
— Você é a Amy! — Ainda sorrindo como um idiota, ele a
colocou no chão. — Não houve uma única vez em que a minha
mãe ligou que ela não me contou sobre suas últimas façanhas.
O meu irmão, Hunter, serve sob o comando do Caiden na
Unidade Nu. É verdade que você é a recordista de velocidade da
pista de obstáculos de Storm Keep?
Amelia assentiu e soltou a mão dele para soprar sobre
seus dedos antes de esfregá-los no peito.
— Ninguém quebrou o meu recorde ainda.
— Vocês dois já terminaram? — Darian perguntou
friamente. Pelo menos ela tinha parado de tocá-lo.
Graham recuou.
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— Agora que nós sabemos que ela está bem, voltaremos
aos treinos. Prazer em conhecê-la, Amy.
Amelia balançou a cabeça.
— A única pessoa neste planeta que pode me chamar de
Amy é a sua mãe, e nós dois sabemos que você não diz não para
ela.
Graham assentiu.
— Essa é a verdade honesta dos Deuses. Bem-vinda à
Lycaonia! — Ele e Quinn se despediram e voltaram aos
exercícios.
— Talvez você e a Amelia devessem dar uma volta na
propriedade, apenas para garantir que ela está bem, — Keelan
sugeriu.
— Boa ideia, Keelan, — concordou Aiden.
— Sutil, — disse Darian, olhando para os dois homens.
Aiden deu de ombros.
— Ou a gente, ou a Meryn se envolve, e você sabe que
“sutil” é o nome do meio dela, — brincou Aiden. Darian
lembrou-se da dura lição que o Aiden recebeu sobre ignorar sua
companheira e estremeceu. A Amelia incendiaria o seu carro?
Ele olhou para vê-la lhe sorrindo. Ele não duvidaria nada dela.
Darian percebeu que não havia como ignorar a sugestão e,
sem dizer uma palavra, começou a caminhar em direção à
frente da casa. Amelia correu para alcançá-lo.
— Espere por mim, princesa.
— Pare de me chamar assim.

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— Você só pode mandar eu parar se eu for sua
companheira; caso contrário, é apenas um pedido, e um que eu
continuarei a ignorar.
Quando chegaram aos fundos da casa, ele diminuiu a
velocidade e parou. Ele se virou para encará-la.
— Por que você está tentando tanto?
Ela pareceu surpresa com a pergunta dele.
— Porque você é o meu companheiro. Por mais que os seus
instintos estejam lhe dizendo para se afastar para me manter a
salvo, os meus são igualmente altos — e provavelmente mais
obnóxios — e estão me dizendo para salvá-lo.
Darian sentiu a boca tremer. Algo nela o afetava. Ele se
virou e começou a andar novamente, mais devagar desta vez.
— Se eu soubesse com certeza de que não a arrastaria
para baixo comigo... — Ele balançou a cabeça; ele poderia não
arriscar isso mesmo então.
— Talvez esse seja o meu futuro destinado. Talvez
estejamos destinados a cair juntos.
Ele parou de repente. A cabeça virando com tudo para
encará-la.
— Isso é inaceitável.
Ela torceu o nariz.
— Você diz muito isso.
Ele voltou a andar.
— Somente ao seu redor.
Ele a sentiu agarrar a parte de trás de sua camisa.
Quando ele se virou, viu lágrimas nos olhos dela.
— Por favor, — ela sussurrou.
MY
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Incapaz de se conter, ele se inclinou na direção dela.
Quando seus lábios se tocaram, ele sentiu como se finalmente
tivesse chegado em casa. Ele passou os braços em volta dela e a
puxou para perto de seu corpo, apreciando a sensação de suas
curvas suaves pressionadas contra ele. Quando ele sentiu a
pequena centelha que era o restante de sua alma tentando se
fundir com a dela, ele interrompeu o beijo e se afastou. Sua
respiração estava irregular e laboriosa. Não havia como ele
negar que ela era sua companheira agora. Ela devia ter sentido
a fusão começar.
Ele caminhou até o grande carvalho na beira da
propriedade e colocou uma mão no tronco. Ele sentiu um pouco
de controle lhe retornar.
— Maldito feitiço, — ele sussurrou.
— Eu sonhei com você antes do feitiço, lembra? Sempre
fomos feitos um para o outro. Quase desde o momento em que
nasci, eu pertencia a você, — disse ela suavemente.
Ele respirou fundo e endireitou os ombros. Ele se virou
para encará-la. Ele devia isso a ela pelo menos.
— Eu vou te acompanhar de volta.
Eles caminharam em silêncio até ficarem à porta da frente.
— Vejo você no jantar, — disse ele, saindo da varanda.
— Isso é um encontro?
Ele se sentiu sorrir e não ousou se virar.
— Não se deixe enganar.
— Estou te desgastando, princesa.
— Você precisa encontrar alguém do seu próprio planeta,
— ele lhe disse. Ela riu e pegou na maçaneta da porta.
MY
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Ele esperou até ouvir a porta se abrir e fechar antes de
voltar para os homens.
— Suponho que ela esteja bem? — Aiden perguntou.
— Sim, ela está bem. — Darian se espreguiçou, olhando ao
redor do pátio de exercícios.
Keelan se aproximou do lado dele.
— Ela está te afetando.
— Eu não posso permitir que ela se aproxime mais. Se
você fosse meu amigo, me ajudaria a salvá-la.
Keelan desviou o olhar. Dor brilhando atrás de seus olhos.
— É porque eu sou seu amigo que estou tentando salvá-lo.
Você já parou para pensar que talvez não caiba a você? Confie
que a Destino sabe o que está fazendo.
— Se eu... — Darian hesitou, olhando em volta.
Keelan se aproximou.
— Eu vou protegê-la com a minha vida, Darian. Eu mesmo
cuidaria de você, — ele prometeu.
Darian bagunçou o cabelo de seu jovem amigo. Ele não
sentiu afeto fraterno por seu amigo em quase quarenta anos.
— Como se você pudesse me vencer, — ele brincou,
gostando da capacidade de fazê-lo. Toda vez que ele estava perto
de Amelia, era como se suas emoções fossem restauradas com o
sorriso dela.
Os olhos de Keelan dançaram com alívio por sua atitude
brincalhona.
— O meu kung-fu é forte.

MY
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— Vamos, princesa, não temos o dia todo! — Sascha gritou
do outro lado do campo de treinamento, fazendo os homens
gargalharem.
Darian ouviu Keelan sussurrando baixinho e sorriu.
Cruzando os braços sobre o peito, ele esperou.
Segundos depois, as maldições de Sascha ecoaram por
cima das risadas dos homens.
— Droga, Keelan, desfaça o feitiço agora! — ele ordenou,
batendo em uma parede invisível. Keelan havia condensado o ar
ao redor do líder da Unidade Gama.
Colton estava apontando e rindo, o que levou a raiva de
Sascha a novas alturas.
— Pobre, tigrão! — Colton brincou.
— Deixe-o lá, Keelan. Nós temos trabalho de verdade a
fazer, — disse Darian, caminhando de volta para as cordas onde
ele esteve fazendo musculação. — Eu quero ver o progresso que
você fez aumentando a força da parte superior do seu corpo.
— Claro, — disse Keelan, juntando-se a ele nas cordas.
— Bastardos! Deixe-me sair daqui!
Todo mundo voltou ao treino.
— Rapazes? — Sascha falou.
Darian segurou a corda enquanto Keelan subia.
— Gente, vamos lá, eu tenho que mijar! — Sascha gritou.
— Vá em frente, Sascha, quero dizer, não é como se as
mulheres estivessem observando, — disse Colton.
— Embora a Amelia tenha conseguido aqueles binóculos
de algum lugar, — interrompeu Gavriel, fazendo Colton rir
novamente.
MY
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Ao redor dele, os homens riram e provocaram o líder da
Unidade Gama até Aiden não suportar mais ver Sascha se
contorcer e ordenar que Keelan desfizesse a parede. Darian se
sentiu mais leve do que em anos.
Talvez eu tenha uma chance, afinal.

MY
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Capítulo 5

Amelia entrou na casa e fechou a porta. O beijo de Darian


mudou algo nela. Em sua mente, ela sempre soube que ele era
seu companheiro, mas depois de seu beijo, de repente ela se
sentia vazia sem ele. Ela sentia profundamente a separação
dele, e isso a assustava. Precisando desesperadamente de uma
distração para tirar sua mente de seu corpo ainda agitado, ela
foi em direção à cozinha.
Quando entrou, Ryuu olhou por cima do fogão.
— Existe algo que eu possa fazer por você, itoko-sama? —
ele perguntou.
Ela fez uma careta.
— O que significa isso, afinal?
Ele deu de ombros sem se comprometer.
— Este é um modo de se dirigir a alguém na minha língua
. Acho que o idioma inglês carece de termos adequados para

MY
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cobrir certos significados, — disse ele, sem explicar nada
absolutamente.
— Parece bonito.
Ryuu sorriu e fez uma meia reverência.
— Você poderia me mostrar onde fica o escritório do
Aiden? O Keelan desceu minha maleta de maquiagem ontem à
noite para que eu pudesse fazer as transformações da Beth e da
Meryn.
— Claro, um momento. — Ryuu desamarrou o avental
branco e engomado e o colocou de lado. Ele a levou da cozinha
ao saguão e seguiu por um segundo corredor do outro lado da
escada. Ele parou em uma porta fechada antes de bater.
— Entre! — ela ouviu Meryn gritar.
Sorrindo, Ryuu lhe abriu a porta e ela entrou.
— Obrigada, Ryuu.
— De nada. — Ele fez uma reverência novamente e saiu.
— Você está aqui para fazer as transformações? — Meryn
guinchou.
— Sim, minha mala deve estar por aqui em algum lugar. —
Ela olhou em volta.
— Se você quer dizer a coisa prateada, com aparência de
caixa de ferramentas, esta contra a parede, — disse Jaxon,
apontando à maleta.
— Essa mesmo. — Ela levou a maleta para a pequena área
de estar onde Beth e Meryn agora estavam sentadas.
— Está tudo bem se eu participar também? — Noah
perguntou timidamente.

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— É claro! — Amelia apontou para o assento vazio ao lado
de Meryn no pequeno sofá de dois lugares.
Meryn virou-se para Noah.
— Eu vou ficar sexy.
Noah corou furiosamente.
— Eu quero ficar bonito.
Beth riu.
— Noah, você é bonito.
— Eu gostaria de ter os seus cílios, — Amelia suspirou. —
As mulheres pagam muito dinheiro pelos cílios postiços grandes
para ficarem metade de bons como os seus.
Os olhos de Meryn se iluminaram.
— Eu quero experimentar isso.
Amelia começou a tirar diferentes paletas e pincéis da
mala.
— Então, a ordem será Beth, depois Meryn, depois Noah?
— ela perguntou.
Meryn e Noah se entreolharam.
— Podemos nós mesmo tentarmos? — Meryn perguntou.
Amelia olhou entre os dois.
— Sabe? Vamos usar o meu notebook. Vou pegar um
tutorial de maquiagem no YouTube, e vocês dois podem
experimentar. O que acham disso?
— Perfeito! Mal posso esperar para chocar o Aiden. —
Meryn sorriu maldosamente.
Amelia pegou o notebook da parte de trás da mala e se
conectou.
— Que tipo de visual você queria?
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Meryn colocou o notebook entre ela e Noah.
— Nós damos conta, você cuida da Beth.
— Tem certeza?
— Absolutamente. — Meryn começou a digitar. — Nós
apenas temos que encontrar um vídeo que queremos.
— Ok, se tiverem alguma dúvida ou precisarem de ajuda,
me avise. — Amelia passou uma bandeja de maquiagem e
produtos de beleza para eles e virou-se para Beth. — Então,
qual é o seu visual normal?
— Bem natural, eu costumo optar por cores neutras como
creme, rosa e marrom claro.
Ela avaliou os lindos cabelos loiros e olhos azuis de Beth.
— Como você se sente sobre cores ousadas?
Beth se encolheu.
— Quão ousadas?
— Confie em mim. — Amelia sorriu e começou a tirar a
maquiagem que sabia que queria para o novo visual de Beth.
— Então, Amelia, você conhece O Doutor? — Meryn
perguntou, seus olhos ainda colados ao notebook. Noah
apontou para um vídeo e ela assentiu.
— Doutor quem? — Amelia piscou um olho para Beth.
Meryn riu.
— Exatamente! — Então ela fez uma pausa. — Espere,
você realmente quis perguntar quem é o doutor, como uma
pergunta?
Amelia apenas levantou uma sobrancelha para ela, e
Meryn revirou os olhos.

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— Quais são as chances de a maioria das companheiras
assistir Doctor Who? — Beth perguntou, alinhando os lápis por
comprimento.
Amelia deu de ombros.
— Talvez o Doutor esteja reunindo todos os seus
apoiadores em um único local para que, quando chegar a hora,
possamos ajudá-lo a salvar a Terra?
Meryn olhou para cima, os olhos arregalados e o rosto
cheio de admiração.
Beth gemeu.
— Não encoraje suas malucas teorias da conspiração.
Meryn olhou para Beth.
— Algumas de minhas teorias são verdadeiras, muito
obrigada.
Beth balançou a cabeça.
— Me preocupa que você até mesmo chegue a pensar
nessas ideias malucas para começar.
Meryn deu de ombros.
— O Aiden ronca; é nisso que eu penso quando estou
tentando dormir.
— Ahh, privação de sono. Eu sabia que tinha que ter uma
explicação.
Amelia pegou sua caixinha de lenços umedecidos.
— Antes de começarmos, alguém está usando maquiagem?
— Todos os três balançaram a cabeça. — Idealmente, eu os faria
passar por uma esfoliação e hidratação antes de começarmos,
mas acho que podemos pular isso hoje. Lembre-me de

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estabelecer programas de cuidados com a pele para vocês mais
tarde. — Ela colocou os lenços na mesa.
— Este? — Meryn apontou para a tela. Noah assentiu.
Meryn começou o vídeo enquanto Amelia pegava um tubo de
primer. Enquanto o passava suavemente sobre a pele de Beth,
ela ouviu uma voz masculina em seu notebook dizer:
— E se você não gostar, não assista, porra; você sabe o que
fazer.
Amelia e Beth se voltaram para Meryn e Noah ao mesmo
tempo.
— O que vocês estão assistindo? — perguntou Beth.
— Manny Mua. Até agora, ele é demais! — Os olhos de
Meryn estavam colados no monitor.
— Mua? — Amelia riu. — Meryn, esse é o Manny M.U.A,
sigla de make-up artist, não é o sobrenome dele.
— Isso faz mais sentido, — disse Meryn.
— Ele é lindo, — Noah suspirou, assistindo o vídeo com
uma expressão sonhadora no rosto.
— Ele tem que ser bonito, — brincou Jaxon, sem desviar o
olhar de seu trabalho.
— Ele é, — Meryn e Noah responderam em uníssono.
Amelia voltou-se para Beth.
— Eu vou ter que dar uma olhada nele mais tarde. — Ela
levantou uma garrafa de base e depois outra. Beth era tão
branca que ela sabia que provavelmente teria que misturar
bases para conseguir a tonalidade correta. Ela escolheu dois
dos tons mais claros que tinha e fez testes em faixas no
pescoço. Enquanto secavam, ela encheu levemente as
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sobrancelhas com um lápis de sobrancelha. Já que ela era loira,
ela não queria ir com tonalidades muito escuras.
— Não, ele disse um pincel vinte e quatro, onde está esse?
— Meryn perguntou.
— Encontrei. — Noah mostrou o pincel de cabo preto.
Amelia teve sorte porque Beth combinava com uma base
que ela possuía. Com um pincel de ponta plana, ela espalhou a
base na pele de Beth. Ela usou seu corretivo favorito não
apenas para destacar sob os olhos, mas também para preparar
suas pálpebras. Em seguida, ela fixou a base e o corretivo com
um pó translúcido.
— Meu maldito olho está tremendo, — Manny reclamou do
notebook. Meryn riu com o vídeo.
— Eu amo ele!
Beth riu das risadinhas de Meryn.
— Ela encontraria um espírito semelhante pelo YouTube de
alguma forma.
— Meryn, eu não acho que isso esteja certo, — comentou
Noah, nervoso.
Amelia vasculhou sua mala, procurando seu blush rosa
mais pálido. Ela queria apenas uma pitada de cor nas
bochechas de Beth.
— Encontrei! — Ela abriu o estojo e pegou seu pincel mais
macio.
Beth se inclinou para trás, parecendo cética.
— Eu não costumo usar blush.
— Confie em mim, eu sei o que quero fazer com seus
olhos. — Amelia ignorou a expressão nervosa de Beth e
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acrescentou um pouco de cor. Ela terminou o rosto de Beth
adicionando um destaque brilhante para enfatizar suas altas
maçãs do rosto.
— Por que eles dizem “eu vou ir”? Ir para onde? Parece que
a maquiagem vai no globo do olho, — Meryn perguntou.
— Meryn, acho que isso pode ser demais, — disse Noah,
sua voz soando estranha.
Amelia deu de ombros e fechou o iluminador compacto.
— É só o que eles dizem. — Ela sorriu para Beth. — Agora
minha parte favorita, os olhos. — Amelia foi direto para sua
paleta personalizada e começou a estratificar e misturar cores.
— Você realmente gosta disso, não é? — perguntou Beth.
— Sim. Adoro cores e coisas vibrantes e brilhantes. Gosto
de música divertida e bichos de pelúcia fofos. Não gosto quando
as pessoas estão chateadas, então sempre tento deixar as coisas
divertidas e animadas.
— É por isso que eu a chamo de Bolhas, — acrescentou
Meryn.
Beth deu risadinhas.
— Você é borbulhante mesmo.
Amelia riu.
— Eu gosto desse apelido. Só espero que meus irmãos
nunca o ouçam; nunca mais vou ouvir meu próprio nome.
Beth revirou os olhos.
— Nem me diga! Meu tio, que eu saiba, nunca me chamou
de Elizabeth. Sempre sou chamada de Bethy.
— Os caras me chamam de Ameaça. Eu não acho que isso
seja totalmente preciso, — protestou Meryn. Atrás deles,
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ouviram Jaxon rir e cobrir isso rapidamente com uma tosse.
Beth piscou um olho para Amelia. Algo lhe dizia que Ameaça se
encaixa a Meryn perfeitamente.
Amelia inclinou a cabeça e olhou para Beth. Ela estava
quase pronta, tendo escolhido bronzes e marrons para as
pálpebras. Ela estava se debatendo sobre como Beth lidaria com
um toque de cor. Ela decidiu jogar a precaução ao vento e
acrescentou uma linda cor verde azulada à linha inferior dos
cílios. Entre o bronze e o verde azulado, os olhos de Beth se
destacavam. O resultado era exatamente o que ela estava
buscando.
— Bem, o que temos aqui? — uma voz masculina
perguntou por trás deles.
Amelia se virou e viu os homens e Rheia parados logo após
a entrada, olhando-os com sorrisos nos rostos — exceto Aiden.
— O que há de errado com a Meryn? — ele perguntou,
franzindo a testa.
Amelia e Beth se voltaram para Meryn e Noah, e o queixo
de Amelia caiu. Como as coisas ficaram tão ruins tão
rapidamente?
Meryn piscou um olho repetidamente.
— É o meu olho esfumado e sexy.
Os homens balançaram a cabeça em uníssono. Aiden
quebrou o silêncio:
— Não, bebê. Você parece um pequeno e triste panda.
— Um panda bêbado e psicótico, — acrescentou Colton.
Rheia lhe deu um tapa no ombro, uma expressão feroz no
rosto. Colton instantaneamente pareceu arrependido.
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— E o Noah? — Meryn perguntou, apontando para o loiro,
que abaixou o rosto envergonhado.
Colton assentiu.
— Está bonito. — Ele deu um joinha para Noah.
Noah corou com o elogio. Amelia sabia que ele devia estar
nervoso encarando um grupo de guerreiros enquanto usava
maquiagem.
Meryn olhou para Noah com um olho, e seu lábio inferior
começou a tremer.
— Mas nós dois assistimos o Manny. Por que ele está
bonito e eu não?
Aiden atravessou a sala e a pegou no colo.
— Vamos, sexy, vamos tomar um banho.
Meryn olhou para o rosto de seu companheiro, um olho
arregalado.
— Eu estou sexy?
Aiden acariciou seu pescoço com o nariz.
— Eu mal consigo me conter.
Meryn sorriu e o beijou por todo o rosto.
— Eu fiz isso por você.
— Eu sei.
Enquanto este passava pelos homens para subir ao
segundo andar, Keelan inclinou a cabeça.
— Por que você continua piscando para nós? — ele
perguntou.
Meryn suspirou.
— Eu não estou piscando. Acho que colei a porra do meu
olho com a cola de cílios.
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Aiden virou-se para Amelia com um olhar de pânico no
rosto.
— Azeite, — disse ela, respondendo à pergunta não feita.
Ele assentiu.
— Vamos pegar um pouco com o Ryuu. Obrigado, Amelia.
— Ele carregou Meryn para fora, dizendo-lhe novamente como
ela era sexy.
Rheia e Beth suspiraram.
— Ele é tão doce, — disse Beth, sorrindo suavemente.
Rheia olhou para Beth.
— Você parece uma modelo. Parada ao seu lado, eu pareço
uma abóbora.
Colton rapidamente puxou Rheia para seus braços e a
inclinou profundamente para trás.
— Você sempre será uma deusa para mim.
Rheia riu.
— Temos tempo para tomar um banho?
Colton rosnou baixo e a endireitou.
— Desafio aceito. — Rheia gritou quando ele a perseguiu
para fora da sala, agarrando sua bunda.
— Filhote. — Gavriel balançou a cabeça diante das
travessuras de Colton antes de caminhar até a cadeira de Beth
e pegar a mão dela. Ele se curvou sobre esta antes de beijá-la
gentilmente. — Você me deixou sem fôlego. Desejo sua
companhia no andar de cima, onde eu possa me fartar de olhá-
la por mais tempo. — Quando ele lhe lançou um olhar
abrasador por baixo das sobrancelhas escuras, até Amelia
quase desmaiou. A mão de Beth na dele começou a tremer, e ela
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assentiu timidamente. Gavriel a ajudou a se levantar e colocou
a mão dela em seu antebraço antes de escoltá-la para fora da
sala.
— Uau, — Noah suspirou, se abanando.
— Sem brincadeira. Eu vou tomar banho também, embora
não seja tão divertido quando você faz isso sozinho, —
resmungou Keelan e saiu.
Noah piscou.
— Ele disse o que eu acho que ele acabou de dizer?
Jaxon riu.
— Provavelmente. Vamos, Noah, aposto que, se formos
comoventes o bastante, o Ryuu nos servirá o jantar cedo, então
podemos fazer login para acabar com o Lennox no Call of Duty,
— disse ele, indo em direção à porta com a cadeira de rodas.
Noah pulou animadamente.
— Boa ideia, estou faminto. — Ele se virou para Amelia. —
Obrigado por me deixar usar sua maquiagem.
— Fique a vontade, e eu digo a sério. Colton estava certo;
você arrasou com esse olho esfumaçado. — Amelia podia ver
claramente que Noah tinha um interesse em cosméticos.
— Obrigado, talvez você possa me mostrar estilos
diferentes depois?
— Claro, — Amelia disse sinceramente. Poucas pessoas
compartilhavam sua paixão por criar novos visuais.
Depois que eles saíram, ela notou que só Darian estava na
porta.
— Você não vai tomar banho também? — Ela começou a
limpar seus pincéis e guardar as coisas.
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Ele se afastou da parede.
— Em um momento. — Ele entrou na sala e sentou-se no
sofá de dois lugares. Ele não disse nada, apenas a observou
enquanto ela amorosamente colocava as coisas de volta onde
pertenciam. — Isso te reconforta, não é? — ele perguntou
quando ela terminou.
— Sim. O ritual de fazer isso, as cores vivas e as
fragrâncias suaves, me fazem feliz. Gosto de deixar as coisas
bonitas. — Ela fechou a mala.
Ele se levantou e caminhou até ela, com o rosto ilegível.
— Eu gostaria de ver você fazer sua própria maquiagem,
seu ritual.
Ela engoliu em seco, sua garganta subitamente seca.
— Venha para o meu quarto depois do banho, eu vou
deixar você observar.
Ela viu os olhos dele escurecerem.
— Eu estarei lá. — Ele facilmente levantou a mala pesada
e saiu da sala.
Amelia respirou fundo. Ela o seduziria com o visual mais
sensual que conhecia. Sentindo sua confiança aumentando com
sua excitação, ela subiu correndo as escadas.
*****
Quando chegou ao quarto, ela imediatamente pegou a
mala que Darian deixara no corredor e correu para arrumar
tudo. Ela colocou a mala no meio da sala, usando-a como sua
penteadeira portátil. Ela arrastou a pesada poltrona para criar
um lugar para Darian. Satisfeita com a configuração do quarto,
ela correu para o banheiro para limpar e hidratar a pele.
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Usando grampos, ela cuidadosamente afastou os cabelos do
rosto, dando-lhe uma aparência pin-up. Ela revirou sua mala
procurando seu robe de seda rosa opaco favorito que havia
comprado por capricho na Victoria's Secret anos atrás. Saber
que tinha um companheiro no mundo em algum lugar tornava
impossível o namoro, então o robe sexy era mais para ela do que
qualquer outra pessoa; agora ela estava agradecida por tê-lo.
Ela olhou para baixo e quase gritou de pânico. Parecia que
sua mala havia explodido. Ela tinha acabado de jogar tudo de
volta quando houve uma batida na porta. Sem se preocupar em
fechar a mala, ela a enfiou embaixo do banco ao pé da cama.
— Entre, — disse ela, tentando desacelerar a respiração.
Nada se mostrava mais sexy como ofegar por ar porque se
estava tão fora de forma, que não se conseguia vasculhar sua
própria mala.
Quando Darian entrou, ela não conseguiu recuperar o
fôlego por outro motivo. Em vez de suas elegantes calças e
blusas normais, ele usava as tradicionais túnicas longas dos
fae, tão conhecidas em todo o mundo. Ao contrário do seu
sonho, essa túnica não era dourada com bordados de folhas em
tom de joias. Em vez disso, era de um preto profundo; os
punhos das mangas e da gola eram acentuados em desenhos
geométricos vermelhos rubi. Este possuía uma gola alta que
dava a túnica uma aparência formal e os tons escuros apenas
enfatizavam sua pele clara e cabelos loiros. O contraste era
quase etéreo. Ele segurava duas taças de vinho tinto.
Ele lhe sorriu e ela ficou chocada com sua reação a isto. A
princípio, ela ficou cheia de um alegre contentamento e, por um
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momento, seus medos pelo futuro desapareceram, até que ela
viu seus olhos. Eles não estavam mais com sua cor lavanda
normal; em vez disso, estavam um ametista escuro, quase
preto. Ela o estava perdendo.
Ele deslizou pela sala e sentou-se na cadeira que ela havia
lhe preparado. Nervosa, ela se sentou à sua penteadeira
improvisada, e ele entregou-lhe a taça de vinho. Ela tomou um
gole para acalmar os nervos. Como ela esperava, era um vinho
muito bom. Ela cuidadosamente colocou a taça no
compartimento superior aberto da maleta.
— Você mudou de ideia sobre me reivindicar? — ela
perguntou brincando, indicando o traje dele e o vinho.
Ele balançou a cabeça.
— Eu parei de lutar. A ideia de te ver assim, essa
intimidade, eu não conseguia ficar longe. Como uma mariposa à
chama, exceto que eu quero ser queimado. Se esses serão meus
últimos dias, eu quero que seu toque aja como o fogo que me
incendiará. Não me importo de me banhar na sua luz ardente,
sabendo que minha cremação a libertará.
Ela virou a cabeça para esconder as lágrimas. Ele desistira
completamente, e ela não sabia como salvá-lo. Como se dava a
alguém a vontade de viver? Ela lentamente pegou seu vinho e
tomou outro gole. Se ele estava tão pronto para libertá-la, ela
teria que lhe mostrar algo pelo qual valia a pena viver.
Ela jogou fora sua ideia de um visual sensual; ele já estava
banhado em escuridão suficiente. Ela pegou seu pó com cheiro
de rosa e espanou levemente o peito e o pescoço, enviando sua
fragrância suave por todo o quarto.
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— Eu acho que você está sendo terrivelmente injusto; acho
que eu deveria ter uma opinião, considerando que este é o meu
acasalamento também.
Ele levou a taça à boca, um leve sorriso nos lábios.
— Você é jovem demais para apreciar a injustiça da vida.
Ela deu de ombros e puxou a gaveta de baixo onde
guardava os óleos. Ela nunca os usava em clientes, mas
descobriu que, mesmo que os óleos enfeitiçados não fossem
aplicados diretamente em quem ela estivesse trabalhando, só os
aromas já ajudavam. Ela pegou seus dois óleos mais poderosos.
Um era um presente de seus irmãos, o outro ela mesma havia
feito. O “Amor Fraterno” era uma mistura de incenso, mirra,
sândalo e lilás, essências associadas à proteção. Todos seus três
irmãos haviam derramado seu amor e energia nesse óleo, tanto
que simplesmente tocar a garrafa a fazia sentir saudade de
casa. A “Noite de Verão” era uma mistura de gardênia, jasmim,
rosa, gerânio e baunilha, fora inspirada em seu sonho de
Darian quando criança, quando caminhavam juntos nos jardins
dos fae. Ela esperava que as propriedades do amor e da
fertilidade com as propriedades de proteção do “Amor Fraternal”
ajudassem a guiar e proteger seu acasalamento.
Ela esfregou algumas gotas de cada óleo no interior dos
pulsos e os levantou para esfrega-los levemente atrás da orelha
e no pescoço. Ela espiou e ficou satisfeita ao ver que Darian
tinha relaxado visivelmente e estava sorrindo suavemente. Ela
voltou à sua tarefa em mãos.
— Gosto de usar um pó leve à noite, algo com um pouco de
luminosidade. Este é chamado de “Esperança de Luz”. — Ela
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usou um pincel para passar o pó no rosto. — Muitas pessoas
pensam que você tem que usar um visual mais sombrio quando
sai à noite, o olho esfumaçado que a Meryn estava tentando
fazer, por exemplo, mas isso não é verdade. Cores mais claras
têm seu lugar quando o sol se põe. — Ela pegou uma paleta de
sombra para os olhos. — Essa cor é chamada de “Desejo do
Coração”; tem uma linda cor de ouro champanhe. — Ela usou
um pincel pequeno e macio para aplicar a cor em toda a
pálpebra. — Este se chama “Amor cintilante”. — Uma cor creme
perolada, ela usou para destacar o osso da testa, o olho interno
e o centro do lábio. Uma a uma, ela escolheu cores brilhantes
nomeadas a esperança, ao amor e a luz. Quando terminou, se
virou para ele. Sua taça de vinho vazia estava no chão ao lado
de sua cadeira, esquecida. Ele não sorria mais, mas segurava
desesperadamente os dois braços da cadeira, como se estivesse
lutando contra um inimigo invisível para ficar sentado.
— Você não gostou? — Ela se virou e olhou no espelho. Ela
parecia jovem e dourada. Ela usara o visual muitas vezes no
passado, quando queria se sentir mais perto dele.
Ela estendeu a mão e lentamente removeu os grampos,
deixando seus cachos caírem onde quisessem, e as mãos dele
nos braços da cadeira quebraram a madeira. Ela colocou os
grampos de lado e cruzou as mãos no colo.
— Você gosta sim.
Ele respirou fundo tremulamente.
— Você parece um anjo inocente. Tudo o que você fez foi
pura magia. — Ele soltou os braços da cadeira e se levantou.

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— Você continua usando termos como jovem, inocente e
anjo para me descrever, mas isso não está certo. Eu vi tanta
escuridão que sinto que minha alma está manchada com ela. Se
há alguém nesta terra que pode ajudá-lo a lutar contra seus
demônios, sou eu, mas você nem me deixará tentar ajudá-lo. —
Ela levantou-se para encará-lo.
Os traços dele se tornaram uma máscara rígida; se foi o
seu sorriso fácil.
— Quem te mostrou escuridão? Por que seus irmãos não
te protegeram?
— Não os culpe. A escolha foi minha; toda vez foi minha
escolha. — Ela se abraçou com força. Se ele soubesse, ela ainda
seria seu anjo inocente? Ele desistiria completamente? Ela virou
as costas para ele.
— Diga-me, — ele exigiu.
Ela balançou a cabeça.
— Você não ganhou o direito de pedir isso de mim. Você
me nega a cada momento e espera o privilégio da minha
confiança. Não funciona assim, Darian.
— Se alguém te machucou... — Sua voz estava afiada e
fria.
Ela se virou e lentamente se aproximou dele. Quando ficou
diretamente à sua frente, ela estendeu a mão e a colocou sobre
o coração dele.
— O que você faria, meu príncipe? E se eu lhe dissesse
que, sem o seu amor, eu passaria o resto da minha vida presa
em um inferno de minha própria criação? Que nem mesmo
perder a minha alma poderia se comparar ao pesadelo que eu
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passaria todos os dias sem você, perdida em um ciclo inevitável
de tormento e abuso? Se você não está disposto a viver por
mim, está disposto a lutar por mim?
Ele engoliu em seco, repetidamente.
— Você pede demais.
— Só peço o que me foi prometido há muito tempo.
Ele estendeu a mão e retirou a mão dela do peito.
— Não há mais nada em mim que possa te salvar. — Ele
passou por ela e saiu do quarto.
Ela ficou lá, incapaz de se mover. Ela manteve a respiração
calma. Ela não choraria. Quantas vezes o pensamento de
arruinar sua maquiagem agiu como uma armadura? Seu
companheiro pensava que não tinha mais nada para lhe dar,
mas ela sabia que isso não era verdade. Se ele não conseguia
ver a luz de sua própria alma, ela se tornaria um espelho e
refletiria sua própria luz de volta para ele. Se sua luz estivesse
muito fraca, ela acenderia as chamas do coração dele. Ela
nunca desistiria, não até que ele estivesse seguro.
Deusa, me ajude.

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Capítulo 6

Sozinha, Amelia desceu as escadas para a sala de jantar.


Ela havia colocado um simples vestido branco e enfiado o
telefone no bolso. Decidiu deixar o cabelo solto; Darian gostava
mais assim. Quando entrou na sala de jantar, percebeu que era
a última a descer. Os homens se levantaram e se sentaram
novamente quando ela o fez.
— Desculpe a minha demora toda, — disse ela em voz
baixa.
— Não tem problema, Aiden e eu mesmo acabamos de
descer, — disse Meryn enquanto abria um rolinho fumegante.
— Acabamos de chegar também. Tivemos que colocar a
Penny pra dormir, — admitiu Rheia, lhe sorrindo.
Meryn deu uma mordida enorme no rolinho.
— Vocês dois são como um conjunto de preto e branco.
Você está linda. Eu nunca vou conseguir fazer minha
maquiagem ficar assim, — ela suspirou.

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Amelia olhou entre si e Darian e percebeu que Meryn
estava certa; eles se complementavam perfeitamente. Ela forçou
um sorriso.
— Você vai conseguir, é só questão de prática. Você tirou
toda a cola? — Ela desdobrou o guardanapo e o colocou no colo.
— Sim. O Aiden me incentivou a manter os olhos fechados
no chuveiro. — Meryn olhou para seu companheiro agora
corado.
— Meryn! Quantas vezes eu tenho que te dizer, sem
conversa sobre sexo na mesa! — Aiden exclamou.
O rosto de Meryn se tornou uma máscara de inocência.
— Eu não disse nada sobre sexo, você disse.
Colton engasgou com a água e Rheia bateu nas costas
dele.
Aiden rosnou para o amigo.
— Cale a boca, vira-lata.
— Pena que o Jaxon e o Noah comeram antes. Tenho
certeza de que esses jovens apreciariam as dicas, — comentou
Gavriel.
Aiden lançou-lhe um olhar bravo.
— Et tu? 4
— Aiden, eles sabem que fazemos sexo. Eu não fiquei
assim por concepção imaculada. — Meryn apontou para sua
barriga arredondada.
— Não, você ficou assim de quatro, se bem me lembro, —
comentou Aiden presunçosamente, pegando sua água.

4 Referência a “Et tu, Brutus?” ou “Até tu, Brutus?”, frase supostamente dita por
Júlio César ao ser traído por seu próprio filho.

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— Aiden! — Meryn gritou, ficando vermelha vivo.
Desta vez, foi Colton que bateu levemente nas costas de
Rheia, enquanto esta tentava rir e engolir seu rolinho ao mesmo
tempo.
— Touché. — Gavriel levantou sua taça de vinho para o
comandante que piscou para o vampiro.
— Não acredito que você disse isso! — Meryn disse, seus
olhos arregalados. Ela o olhou por um segundo e depois
começou a rir. — Isso foi incrível. — Ela levantou o punho para
o companheiro.
O punho de Aiden era enorme perto do pequenino de
Meryn, mas ele bateu suavemente nos nós dos dedos dela antes
de se inclinar para beijar seu nariz.
— Há vantagem no estilo cachorrinho, se é que me
entende. — Colton sacudiu as sobrancelhas, parecendo
satisfeito, até que Rheia o golpeou na cabeça.
— Você quer dizer estilo filhotinho? — ela brincou.
O queixo de Colton caiu. Ao lado dela, Keelan havia caído à
direita e estava deitado no banco da cadeira ao lado de si, rindo
tanto que não emitia som algum. Darian cobriu a boca, mas
Amelia estava disposta a apostar que ele estava escondendo um
sorriso. Todo mundo na mesa estava tendo dificuldade para
respirar por causa do riso.
— Filhotinho? Filhotinho?! Vou te mostrar o que é
filhotinho mais tarde, — Colton murmurou baixinho.
Rheia se inclinou para perto dele.
— Desafio aceito.
Colton rosnou e mordeu um rolinho no meio.
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Meryn limpou os olhos com o guardanapo e olhou para
Darian.
— Você parece mais relaxado do que eu já vi há meses.
Você gostou de tomar banho também?
Ele simplesmente balançou a cabeça.
Amelia brincou com seu rolinho.
— Ele me viu me arrumar para o jantar. Muitos maridos se
sentam para ver suas mulheres se maquiando. Muitos me
disseram que acham isso calmante.
— Não há nada calmante em tentar tirar cola das
pálpebras da sua companheira, — resmungou Aiden.
Amelia riu da imagem de Meryn com um olho fechado.
— Eu acho que você encontrou um caso extremo.
— Eu gosto de ver a Beth escovar os cabelos à noite.
Concordo, é muito calmante, — admitiu Gavriel.
Aiden olhou para o corte curto, estilo duende, da Meryn e
suspirou. Ele olhou em volta da mesa.
— Eu recebi um telefonema do meu pai. O conselho vai
devolver o colar original do nosso corpo nojento e o colar do pai
da Penny para nós. Eles querem que os analisemos novamente.
Os homens gemeram.
— Por quê? O que diabos eles acham que vamos
encontrar? Já mexemos nessas coisas mil vezes, — reclamou
Colton.
— Por acaso eu concordo com você; no entanto, no
momento, eles são a nossa única pista em relação aos nossos
ferals canalhas. Então, vamos analisá-los novamente. — Aiden

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recostou-se, parecendo tão frustrado quanto o resto de sua
unidade.
Amelia franziu a testa.
Ferals canalhas?
Ela falou:
— Sinto muito, mas o que você quer dizer com ferals
canalhas?
Aiden trocou olhares surpresos com Gavriel e Colton.
— Os seus irmãos não lhe disseram? — ele perguntou.
Ela balançou a cabeça.
— Eles tendem a não me contar as coisas mais sombrias.
O Caiden mencionou muitos sequestros nessa área, e é por isso
que ele queria que eu voltasse para casa imediatamente.
— Quando foi a última vez que você esteve em casa? —
Gavriel perguntou.
— Ano passado. Voltei para Storm Keep depois de morar
em Atlanta por alguns anos, mas não consegui ficar parada.
Então arrumei uma mala e minha maleta de maquiagem e
decidi visitar cada uma das outras cidades-pilar. Viajei por todo
o país por um tempo, esta foi minha primeira cidade a visitar.
— A Destino trabalhando duro de novo, — disse Beth.
Amelia virou-se para ela.
— O que você quer dizer?
Beth sorriu.
— A mesma coisa aconteceu com Meryn e eu.
Meryn riu.
— No meu caso, eu joguei um dardo num mapa.

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— Então eu fui trazida aqui? — Ela olhou para Darian, que
não disse nada.
— Todas nós estamos sendo trazidas para cá. O feitiço foi
lançado para os guerreiros conseguirem companheiras. Eu, por
exemplo, sou grata por isso. — Beth olhou para Gavriel. Ele
levantou suas mãos unidas e beijou os nós dos dedos dela.
Amelia queria mais informações sobre os ferals. Ela
estendeu a mão para o lado e puxou a camisa de Darian. Ele a
olhou surpreso. Ela conseguia dizer que ele não esperava que
ela o tocasse.
— O que está acontecendo com os ferals? — Ela não
conseguiu esconder o tremor da voz. Ao crescer, ela tivera
pesadelos com os monstros de olhos vazios contra os quais seus
irmãos lutavam.
A reação dele ao medo dela foi imediata e inconsciente. Ele
estendeu a mão para o lado, afastou a mão dela de sua camisa e
a apertou na dele.
— Você tem medo deles?
Ela assentiu.
— Mais do que a maioria, eu acho. Tudo o que eu tinha ao
crescer eram meus irmãos, e os três são guerreiros de unidade.
Se havia algo que pudesse tirá-los de mim, eram os ferals. Eu
os odiava e temia quando criança.
Darian olhou para Aiden, que assentiu.
— Ela precisa saber, agora mais do que nunca,
especialmente já que ela é sua companheira. Ela pode acabar
sendo um alvo como a Beth ou a Rheia.
— Alvo? — ela chiou.
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Darian respirou fundo.
— No ano passado, notamos que os ferals começaram a se
comportar de maneira estranha. Eles estavam atacando em
grupos com líderes visíveis, recebendo ordens e tinham funções
cerebrais mais altas do que o normal. Alguns usavam colares
que agora sabemos que lhes permitem reter de alguma forma as
habilidades que deveriam ter perdido quando se tornaram
ferals; isso lhes dá habilidades que nunca deveriam ter, como
ficar invisíveis. Quando a Meryn chegou, ela começou a
compilar informações e viu padrões que tínhamos deixado
passar. Ela descobriu que casais de shifters estavam
desaparecendo de repente, especialmente os casais que
esperavam bebês. Quando ela ampliou a busca, vimos que os
desaparecimentos não se limitavam apenas aos municípios ao
redor de Lycaonia, mas estavam ocorrendo em todo o país.
— Graças a Rheia, fomos capazes de descobrir
recentemente que o colar não apenas lhes dava novas
habilidades, mas também interrompia a deterioração de seus
corpos. Eles não mais cheiravam como um feral e podiam se
passar por um paranormal normal.
Amelia sentiu-se começar a tremer.
— Como nosso povo não sabe disso? Eles têm o direito de
saber.
Darian apertou a mão dela.
— Porque eles entrariam em pânico, e porque não há lugar
seguro ao qual possam ir.
— Darian, — Aiden repreendeu.
Darian balançou a cabeça.
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SavioR
Alanea Alder
— É verdade, e você sabe disso. As mulheres foram
atacadas aqui duas vezes, a Rheia na clínica duas vezes. Com
esses colares, eles podem ir e vir sem serem detectados. Vou
dizer o que todos pensamos há meses: estamos estritamente na
defensiva, e também não fazendo um bom trabalho nisso.
Temos que esperar que eles ataquem, porque não podemos ir
ataca-los. — Darian soltou a mão dela e passou os dedos pelos
cabelos com frustração.
Amelia olhou em volta, incrédula.
— Por que não criaram um feitiço de detecção?
Keelan balançou a cabeça.
— O Ancião Airgead tentou e diz que é impossível. O que o
feitiço detectaria? Sangue de um feitiço de sangue? Todos nós
temos sangue.
— Nem o Ancião Airgead conseguiu encontrar um
caminho? — ela perguntou, sentindo-se abalada.
— Não. Os bruxos das unidades aqui em Lycaonia estão
lançando tudo o que conhecemos nesses malditos colares para
fazê-los revelar seus segredos para nós, para que possamos
descobrir como eles são feitos, uma pista, qualquer coisa! —
Keelan bateu com o punho na mesa.
Amelia virou-se para Darian.
— Como podem combatê-los? Como podemos vencer?
— Eu vou te contar como, — Meryn declarou, ficando de
pé de um pulo. — Descobrimos onde estão esses bastardos
assassinos e, em seguida, lançamos uma bomba nuclear
diretamente na...

MY
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Alanea Alder
— O jantar está pronto. — Ryuu interrompeu da porta da
cozinha. Ele olhou para Meryn, que tinha um punho levantado
no ar. — Denka, você sabe que não é bom para o bebê você ficar
tão agitada antes de uma refeição.
— Uh, Meryn, você continua falando sobre explosivos. Eles
são apenas figuras de linguagem, certo, bebê? — Aiden
perguntou.
O ignorando, Meryn fez beicinho e se sentou, cruzando os
braços sobre o peito.
— Você arruinou o meu momento, Ryuu.
— Como vou viver comigo mesmo? Purê de batatas? — ele
perguntou suavemente, segurando uma colher sobre o carrinho
de comida.
Meryn se iluminou.
— Sim, por favor, e muito. Oh! Você também pode
misturar as ervilhas no meu?
— Bebê? — Aiden cutucou.
— Desista, Comandante, é uma causa perdida, —
aconselhou Colton.
Aiden pegou sua taça de vinho.
— Claro. — Ryuu serviu uma grande porção de purê e
misturou uma colher cheia de ervilhas. Sem perguntar, ele
acrescentou dois pedaços grandes de bolo de carne.
— É melhor adicionar um terceiro, — Meryn disse,
observando todos os seus movimentos.
Os olhos de Ryuu se arregalaram.

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Alanea Alder
— Seu consumo de comida não pode ser normal. — Ele se
virou para Rheia. — Por favor, verifique se ela está com uma
tênia.
— Ei! Eu tenho um parasita sim, mas é meio humano,
meio shifter de urso e futuro Senhor do Tempo5, muito
obrigada. Então, por favor, Ryuu, a Meryn 2.0 gostaria de outro
pedaço de bolo de carne e atum.
Os olhos de Ryuu se arregalaram.
— Atum e bolo de carne?
O medo de Amelia sobre o terrível desenvolvimento dos
ferals evaporou enquanto ela observava Meryn brigar com seu
escudeiro. Meryn estava completamente imperturbável pelas
mudanças alarmantes dos ferals, porque, tendo estado ali
apenas por alguns meses, isso era tudo que ela chegou a
conhecer.
Ao redor da mesa, todos estavam sorrindo para a pequena
humana, e Amelia percebeu que talvez as companheiras
realmente tivessem sido levadas até ali por um motivo. A atitude
de Meryn e sua nova perspectiva eram necessárias para impedi-
los de ficar muito sobrecarregados. Isso lhe deu esperança,
porque não havia como a Destino a fazer percorrer todo esse
caminho depois de sonhar com seu companheiro por mais de
trinta anos apenas para levá-lo embora.

5 Os Senhores do Tempo são uma raça fictícia da série de ficção científica Doctor
Who, e são assim chamados por seu domínio da tecnologia de viagem no tempo e sua
percepção não-linear dele.

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Alanea Alder
— O atum parece bom para mim também, — Amelia
concordou, sentindo como se um grande peso tivesse sido tirado
de seus ombros.
— Na verdade, eu também, Ryuu. Desculpe. — Rheia
corou.
Ryuu beliscou a ponta do nariz.
— Alguém mais? — Todo o resto balançou a cabeça. Ryuu
franziu o cenho para Rheia e depois para Meryn, mas quando
seu olhar se voltou para Amelia, ele pareceu confuso. — Eu sei
porque as duas têm desejos estranhos, mas você não está
grávida.
Amelia deu de ombros.
— Eu experimento qualquer coisa uma vez. Eu vivo no
momento. A vida é muito curta para não comer bolo de carne
com atum.
Ryuu balançou a cabeça.
— Duas, há duas.
Beth acenou com a cabeça.
— Eu sei, Ryuu, vai ficar tudo bem, — disse ela de uma
maneira reconfortante.
Ryuu endireitou as costas.
— Damas, se me derem um momento para servir o resto
da mesa, voltarei com seus pratos adicionais.
Meryn sorriu maldosamente.
— Mas não vou adicionar do lado; vou colocar no topo.
Ryuu suspirou e continuou a servir a mesa.
— Sim, denka, é claro.
Gavriel recostou-se na cadeira.
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— Amelia, posso perguntar, quantos anos você tem?
— Trinta e seis, por que?
— Estou apenas curioso. O Ryuu e a Beth estão certos,
você e a Meryn têm uma visão muito otimista e simples do
mundo, — explicou Gavriel.
— Droga! Você é mais velha que eu. Exceto pela Penny, eu
ainda sou a mais nova. Até o Jaxon e o Noah são mais velhos,
— Meryn rosnou.
Aiden beijou o pescoço de sua companheira, fazendo-a rir.
— Meryn, sabe, sendo humana você é tratada de acordo
com a idade dos humanos, não dos paranormais.
— Exatamente, — Amelia concordou. — Para um
paranormal, a idade é apenas um número, a menos que você
tenha irmãos.
— Amém, — disse Rheia.
— Ou pais, — concordou Beth.
— Sim, a menos que você tenha parentes homens movidos
a testosterona, as idades não significam nada, assim como as
datas de validade dos alimentos, — acrescentou Amelia.
Todo mundo a encarou, exceto Meryn, que apenas
assentiu e comeu uma enorme porção de suas ervilhas e purê
de batatas.
— O que? — Amelia perguntou, olhando em volta.
Keelan inclinou-se à frente.
— Você quer dizer que as idades e as datas de vencimento
são iguais porque ambos são números?
— Não, eu quis dizer que ambos são números inúteis. As
idades são uma unidade de medida inútil para raças que podem
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viver milhares de anos e as datas de vencimento são inúteis
porque são apenas para manter as aparências.
Meryn assentiu novamente.
— Verdade.
Aiden virou-se para ela, parecendo horrorizado.
— Não, bebê, elas não são apenas para manter as
aparências.
Meryn torceu o rosto e se virou para Amelia.
— Sério?
Amelia deu de ombros.
Aiden assentiu vigorosamente.
— Sim!
Meryn pensou sobre isso por um momento.
— E os picles? Picles não expiram, não é, Ryuu?
— Não os embalados pela NASA para a exploração
profunda do espaço, denka. Você queria o atum puro ou
misturado com maionese como se fosse para um sanduíche? —
ele perguntou quando terminou de servir Aiden, antes de encher
novamente sua taça de vinho. Keelan riu.
Meryn olhou para ela e Rheia.
— Com maionese? — Amelia e Rheia assentiram.
Ryuu fez uma meia reverência.
— Voltarei em um momento com o seu atum.
Meryn virou-se para Rheia.
— E os remédios? Eles realmente estragam?
Rheia assentiu.
— Sim, às vezes eles perdem a potência e às vezes
desenvolvem efeitos colaterais perigosos.
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— Ryuu! — Aiden berrou.
— Vou verificar tudo, — respondeu Ryuu da cozinha.
Aiden pegou sua taça de vinho novamente.
O resto do jantar transcorreu em ritmo lento, enquanto
todos discutiam os acontecimentos do dia. Quando a refeição
terminou, Meryn se espreguiçou.
— Venha, Pond, é hora da noite de cinema.
— Por que você a chamou de Pond6? — Colton perguntou.
Rheia deu um tapinha no braço dele.
— É uma coisa de Doctor Who.
— Eu ainda não cheguei na mesma parte que a Penny.
Rheia riu.
— Você vai. Você é seu parceiro favorito para assistir
Doctor Who depois da Meryn.
Keelan rapidamente concordou com a noite de cinema.
— Ótima ideia, Meryn. Acho que devemos assistir a algo
engraçado, animador e alegre. — Ele piscou para Amelia. Ela
sentiu seu coração derreter um pouco. Keelan estava tentando
tanto ajudar seu amigo.
— Legal, que tal Endiabrado? — Meryn sugeriu.
— Eu nunca ouvi falar desse; sobre o que é? — Keelan se
inclinou para frente.
— Um cara vende sua alma ao diabo por sete desejos, —
respondeu Meryn.
Keelan a olhou com os olhos arregalados.
— Como isso é feliz e animador?

6 Amelia Jessica "Amy" Pond é uma personagem fictícia interpretada por Karen
Gillan na série britânica de ficção científica, Doctor Who.

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— É engraçado, — ela protestou.
Amelia se esforçou para manter uma cara séria.
— Vou ter que passar. Vou me retirar cedo para poder
tomar café da manhã com todos vocês amanhã.
Meryn bateu palmas.
— Ótimo! Vamos visitar a Adelaide amanhã. Eu posso
apresentá-las.
— Quem é Adelaide?
— É a mãe do Aiden. Seu escudeiro, Marius, faz o melhor
bolo que eu já comi. — Meryn deu um tapinha na barriga.
Gavriel reclinou-se à frente.
— Você vão dirigindo?
Beth balançou a cabeça.
— Nós íamos caminhar.
Ele empalideceu.
— Mas é uma caminhada de trinta minutos. Há animais e
galhos e raízes expostas. — Os olhos de Gavriel pareciam um
pouco selvagens.
Beth colocou uma mão reconfortante em seu braço.
— Eu vou ficar bem.
— Sim, se elas tiverem problemas, a Meryn sempre pode
voltar aqui para nos dizer que a Beth caiu no poço, — brincou
Colton.
— Que porra eu sou? A cadela Lassie? Você é o cachorro,
— Meryn respondeu.
— Eu não sou um cachorro! — Colton protestou.
Gavriel virou-se para Aiden.
— Há poços?
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Rindo, Beth balançou a cabeça.
— Tudo bem, vamos dirigindo.
Meryn deu de ombros.
— O que funcionar. — Ela se levantou. — Ok, vamos
assistir um filme.
Amelia viu Beth compartilhar um olhar com Ryuu. Ambos
olharam para Meryn e depois para ela.
— Meryn, antes de irmos, eu gostaria de verificar uma
coisa, — disse Beth, apontando para a cadeira de Meryn.
Meryn franziu a testa e sentou-se.
— Se isso é sobre os cupcakes de chocolate, eu não sabia
que eles eram seus, — disse ela nervosamente.
Beth balançou a cabeça.
— Não, isso não é sobre cupcakes. — Ela esperou até Ryuu
estar atrás de Meryn. Agora Amelia estava começando a ficar
nervosa.
Beth respirou fundo.
— É que eu não pude deixar de notar as semelhanças
entre você e a Amelia, então me aproximei do Ryuu para ver se
ele tinha alguma suspeita. Quando ele concordou com a minha
hipótese, comecei a fazer umas pesquisas.
Meryn levantou a mão.
— Uau, espere, Coelhinha. Suspeitas sobre o que? — Ela
olhou para trás e encarou seu escudeiro. — Com o que você
concordou?
— Meryn, qual era o nome de solteira da sua mãe? —
perguntou Beth.
Todos se viraram para encarar Meryn.
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— Camden, por quê?
Amelia sentiu seu estômago revirar enquanto ofegava.
— Isso é impossível.
— O que? — Meryn perguntou novamente.
Beth virou-se para Amelia.
— Eu verifiquei os registros de nascimento. Em 1952, Lily
Camden nasceu de Estelle e William Camden. Dez anos depois,
em 1961, Violet Camden nasceu.
Amelia se levantou.
— Isso é impossível! Se minha tia Violet tivesse um filho,
minha mãe teria me dito que eu tinha um primo! — ela insistiu.
— O que diabos está acontecendo? — Meryn gritou,
pulando da cadeira.
Ryuu colocou a mão na parte de trás do pescoço dela e,
instantaneamente, o rosto de Meryn ficou sereno; ela sentou-se
novamente na cadeira.
— Calma, denka, você precisa ficar calma.
Meryn balançou a cabeça de um lado para o outro
lentamente e se inclinou para frente, removendo efetivamente a
mão dele de seu pescoço.
— Pare com essa merda de ninja sorrateiro.
Os olhos de Ryuu dançaram, embora ele não sorrisse.
— Claro, denka, vou usar minhas habilidades furtivas de
ninja o mínimo possível.
Amelia se recusava a acreditar no que estavam lhe
dizendo. Sua mãe podia não ser perfeita, mas ela teria lhe dito
sobre um primo de sua idade. Ela pegou o telefone e ligou para
o irmão. Como sempre, ele atendeu no primeiro toque. Ela
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Alanea Alder
sentiu uma mão quente na parte inferior das costas. Quando
olhou para baixo, ficou surpresa ao ver Darian apoiando-a
gentilmente, olhando em volta da mesa.
— Por que você está chateada? — Caiden perguntou
imediatamente. Ele sempre teve a estranha capacidade de saber
quando ela precisava dele.
— Você sabe alguma coisa sobre a família da minha mãe?
— Eu sei que você tinha uma tia que era cerca de dez anos
mais nova que a mãe e que ela e o marido morreram no início
dos anos oitenta.
— Eles tiveram algum filho?
— Não.
Amelia virou-se para a sala para encarar Beth.
— Você deve estar errada.
— Amelia, o que está acontecendo aí? — Caiden exigiu.
— Eles estão dizendo que a mãe da Meryn é minha tia, —
explicou ela.
— O que?! — Meryn explodiu, finalmente juntando as
peças.
— Espere aí, por um acaso nossos pais estão visitando
agora, deixe-me colocar a mãe no telefone. — Todos ouviram
passos altos na pedra, uma conversa abafada, e então sua mãe,
Lily, estava ao telefone.
— Amelia, você está aí, bebê?
— Estou aqui.
— Qual a aparência da Meryn?
Amelia virou-se para Meryn e realmente a olhou. Por que
ela não tinha notado isso antes? Ela avaliava o rosto das
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Alanea Alder
pessoas como profissão! Ela e Meryn tinham a mesma estrutura
óssea, o mesmo nariz e lábios. Quando ela olhou atentamente,
pôde ver que facilmente elas poderiam ser parentas. A única
diferença eram os olhos e os cabelos. Meryn tinha brilhantes
olhos verdes, enquanto Amelia tinha os mesmos olhos cinza-
prateados de seus irmãos e pai.
— Quando seu cabelo está comprido, como ele é? —
Amelia perguntou, mal conseguindo dizer as palavras. Meryn
não conseguiu responder. Ela apenas deixou as lágrimas
caírem. Amelia soube então que elas compartilhavam os
mesmos cachos castanhos. — Ela se parece comigo, só que tem
um corte curto estilo duende e sem cachos, e brilhantes olhos
verdes como...
— Como eu, — sua mãe disse, fungando. — A Meryn pode
me ouvir? — ela perguntou.
— Sim, você está no viva voz.
— Meryn, coração, quem a criou?
— Minha avó. Eu a odiava, só para você saber. — Meryn
cruzou os braços sobre o peito, parecendo defensiva.
Lily soluçou.
— Oh, Violet, eu falhei com você.
— Lily, Lily, querida, qual é o problema? Quem está
falando? — Amelia ouviu o pai exigir.
— Pai, sou eu.
— Amelia? O que está acontecendo, diabos?
— Me dê o telefone, Marshall. — Segundos depois, sua
mãe estava de volta. — Meryn, querida, eu sinto tanto! Se eu
soubesse, eu teria movido o céu e a Terra para levá-la a Storm
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SavioR
Alanea Alder
Keep. A última vez que vi a Violet foi dois anos antes de ela
morrer. Ela não estava grávida então. Quando soube da morte
dela, liguei para a minha mãe, e ela me disse que eu não era
bem-vinda para voltar para casa. O funeral tinha terminado e
ela nunca mais queria me ver. Ela nenhuma vez falou algo
sobre cuidar da criança da Violet, porque sabia que se tivesse
falado, eu teria ido buscar você.
— Por quê? — Amelia perguntou.
— Porque minha mãe não era uma pessoa muito legal. Ela
acreditava que eu estava a um passo do diabo porque pensava
diferente do que ela pensava. Eu praticamente criei a Violet
depois que ela nasceu. Ela era a única coisa que me mantinha
naquela casa. Eu me recusava a deixar a Violet sozinha.
"Quando a Violet tinha treze anos, minha mãe e eu
discutimos. Ela me deserdou e me expulsou de casa. Jurei a
Violet que voltaria quando ela fizesse dezoito anos e a tiraria de
lá.
"Era a década de setenta, então eu vaguei, pegando carona
e acampando com os amigos. Eventualmente eu conheci o seu
pai. Dois anos depois de acasalar com ele, quando a Violet tinha
dezessete anos, eu cumpri minha promessa. Seu pai e eu
voltamos para casa para ver a Violet e fazer os preparativos para
ela se mudar de lá no décimo oitavo aniversário. Mas, para
minha surpresa, ela já havia se casado e se mudado com o
marido.
"Quando estávamos nos despedindo, ela me fez prometer
que, se alguma coisa acontecesse com ela e ela tivesse filhos, eu
cuidaria deles. Eu jurei a ela que cuidaria, e nenhum filho da
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Alanea Alder
minha irmãzinha moraria naquela casa. — O veneno na voz de
sua mãe a assustou; ela nunca a ouvira soar assim.
Aiden parecia doente enquanto encarava Meryn, que havia
enterrado o rosto nas mãos.
— Bebê?
Meryn não olhou para cima; ela apenas continuou
balançando a cabeça atrás das mãos.
— É só que, quando imagino como minha vida poderia ter
sido diferente se eu tivesse sido criada em Storm Keep, fico com
muita raiva. Se a mãe da Amelia soubesse sobre mim, eu
poderia ter uma irmã e irmãos, uma família que me amasse. Eu
não teria passado fome ou me preocupado que meu único par
de sapatos não durasse o inverno. Eu teria sido querida. —
Meryn falou engasgadamente entre soluços. Aiden puxou Meryn
para seu colo e passou os braços enormes em volta dela como
se quisesse protegê-la de suas próprias memórias. Ryuu passou
a mão gentilmente pelos cabelos dela, em um esforço de
confortá-la.
Amelia viu as expressões chocadas ao redor da mesa e
percebeu que Meryn nunca tinha dito a ninguém exatamente o
quão ruim sua infância tinha sido. Ela sentiu as próprias
lágrimas escorrerem pelo rosto.
— Já chega! Marshall, eu não ligo para suas regras de
magia! Vamos desenterrar a minha mãe e você a trará de volta à
vida para que eu possa acabar com ela! — Lily gritou.
Amelia sentiu seus olhos se arregalarem. Sua mãe estava
falando de magia negra.

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SavioR
Alanea Alder
— Lily, meu doce, acalme-se. Você sabe que não podemos
fazer isso. — Mesmo pelo telefone, ela podia sentir o choque do
pai.
— Kyran! Tristan! Não fiquem aí parados; peguem nossas
malas do nosso quarto e leve-as de volta para o carro. Graças a
Deus que ainda não desfizemos as malas.
— Lily... — O pai dela estava tentando chamar a atenção
da mãe.
— Hoje, meninos! A minha sobrinha está chorando, e o
meu bebê está chorando! Vamos para Lycaonia depois de
quebrar o cadáver da minha mãe!
— Lily...
— Marshall, não fique aí parado, ajude os meninos com as
malas.
— Sim, amor. — Depois de alguns momentos de silêncio,
ela ouviu a mãe respirar fundo. Em toda a sua vida, ela nunca
ouvira a mãe levantar a voz, nem uma única vez. Ela
normalmente era muito descontraída e seguia o fluxo, sempre
sorrindo. Amelia gostou deste novo lado da mãe. — Meninas,
escutem-me. Há tanta coisa que quero lhes contar, mas não
posso agora. Só saibam que foram reunidas por um motivo.
Fiquem perto uma da outra. Chegaremos aí em breve.
Meryn fungou.
— Você realmente vai bater na Estelle?
— Eu sei que não podemos usar magia negra para trazê-la
de volta, mas entrarei em contato com a cidade lá de casa para
fazer arranjos para mudar o túmulo dela para nossa

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Alanea Alder
propriedade. Dessa forma, podemos profaná-lo sempre que
quisermos, — Lily prometeu.
Meryn sorriu fracamente.
— Eu gostaria disso.
— Mãe, talvez você deva aproveitar esta oportunidade para
trocar de roupa antes que o pai traga as malas pra baixo, — eles
ouviram Caiden sugerir. — Você já passou o dia inteiro com
essas roupas, viajando.
— Você é um menino tão bom, Caiden. Acho que vou fazer
exatamente isso. Até breve, meninas.
— Lembre-me de nunca irritar essa mulher, — Caiden
murmurou.
— Bem, nós sabíamos que a Meryn herdou a loucura de
algum lugar. Evidentemente, é hereditário, — disse Colton,
piscando um olho para Meryn, fazendo-a sorrir.
Amelia sentou-se na cadeira fazendo barulho.
— Eu tenho uma irmãzinha-prima.
Meryn se iluminou.
— Eu tenho outra irmã!
— Comandante, se você algum dia precisar de dicas sobre
como lidar com essas duas, me avise. Tenho mais de trinta anos
de experiência na criação da Amelia, — ofereceu Caiden.
Aiden pigarreou.
— Na verdade, há uma maneira de saber se elas estão
mentindo?
Caiden riu.
— Faça uma pergunta a ela.

MY
SavioR
Alanea Alder
Aiden virou Meryn em seu colo até que ela estivesse lhe
olhando.
— Bebê, você está brincando com explosivos?
Meryn olhou para o teto, revirando os olhos
exageradamente.
— Onde eu conseguiria explosivos para brincar? — Aiden
sorriu e relaxou.
— Senhor, ela fez contato visual? — Caiden perguntou.
— Não, — Aiden respondeu franzindo a testa.
— Ela não fez contato visual e respondeu com uma
pergunta, — confirmou Caiden.
Aiden engoliu em seco.
— O que isso significa?
Caiden riu.
— Isso significa que você está fodido. Ela está construindo
uma bomba.
— Ei! — Meryn protestou.
Amelia sorriu. Ela não se sentia tão esquisita agora;
alguém pensava como ela.
— Que tipo de bomba? — ela perguntou.
Meryn apenas se virou para ela e sorriu.
— Sim, embora eu ande pelo vale da sombra da morte... —
Colton entoou dramaticamente.
Darian passou um braço em volta dos ombros dela como
apoio. Não querendo desperdiçar um único momento de sua
afeição, ela se inclinou sobre seu corpo e foi recompensada
quando ele a puxou para mais perto. Ela não sabia o que havia
mudado com ele, mas aceitaria o que pudesse conseguir.
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Alanea Alder
— Eu vou deixar vocês irem. Papai parecia um pouco
chocado mais cedo. O Kyran, o Tristan e eu vamos ajudá-lo a se
adaptar. Nós criamos a Amelia, então não ficamos tão chocados
com as ideias da mãe, mas eu não acho que o pai já a viu tão
brava.
Amelia bufou.
— Eu nunca ameacei ressuscitar os mortos para espancá-
los.
— Sim, ameaçou. Tecnicamente, você ameaçou bater no
Morgan Fiero até a morte e então bater nele de novo enquanto
ele se recuperava, basicamente a mesma coisa, — a lembrou
Caiden.
Ela riu alto. Ela não ouvia o nome Morgan Fiero há anos.
Ao lado dela, Darian ficou rígido.
— O que ele fez com ela?
— Ele ficava puxando o sutiã dela, tentando fazê-lo sair. O
Kyran estava prestes a intervir quando a Amelia se virou e
descarregou completamente nele quatorze anos de técnicas que
aprendeu nos vendo treinar. Foi necessário o Kyran e outro
guerreiro de unidade para tirá-la de cima dele. Desde que
Amelia tinha onze anos até os dezoito, escondemos todas as
armas da casa.
— Eu não era tão ruim, — ela respondeu.
— Continue dizendo isso a si mesma, minha menina. Há
uma razão pela qual homens crescidos têm medo de você, —
Caiden brincou.
— Mas ela é tão borbulhante, — disse Beth, usando a
expressão de Meryn.
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— Sim, e é isso que a torna tão assustadora. Ela nunca
parou de sorrir seu sorriso agradável quando quase
transformou o pequeno Morgan Fiero numa polpa no tapa. Eu
juro que ela deveria ter nascido ruiva. É como um aviso
universal de que a pessoa com quem você está falando poderia
perder a cabeça a qualquer momento, — Caiden suspirou.
— Duas, há duas delas, — Keelan sussurrou.
— Está prestes a ter três. A mãe dela está a caminho para
uma visita. Duas gerações de loucura. — Caiden riu alto. — O
Kyran, o Tristan e eu estávamos planejando uma visita a
Lycaonia para ameaçar o Darian sobre como tratar a nossa
garotinha, mas a Lily ir aí é mil vezes melhor.
— Quase três gerações! — Meryn disse brilhantemente,
apontando para a barriga.
— Senhor, posso solicitar uma transferência para Storm
Keep? — Colton parecia preocupado.
— Negado, — Aiden resmungou.
— Por falar nisso, tenha uma ótima visita. — Caiden riu de
novo e desligou.
— Filho da puta! — Aiden rosnou. — Ele está gostando
disso.
Meryn praticamente saltou em seu colo.
— Eu vou conhecer a minha tia e o meu tio. Eu tenho
família!
Amelia a olhou e compartilhou um sorriso largo. Mesmo
que ela tivesse irmãos, Meryn era diferente — ela era como ela.
Ela assistia Doctor Who e comia picles vencidos. De repente, ela

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Alanea Alder
não se sentia sozinha ou com saudades de casa, não quando
tinha uma irmãzinha-prima que era igual a ela!
— Meryn, vamos pular o filme e ir para a cama. Você
passou por muita coisa hoje à noite, — sugeriu Aiden.
Meryn imediatamente pareceu alarmada.
— Mas... — Ela olhou para Amelia.
Amelia sorriu.
— Eu não vou a lugar nenhum, especialmente agora que
encontrei meu companheiro e minha irmãzinha-prima.
Colton franziu a testa.
— Esse não é um termo real.
Amelia e Meryn se viraram ao mesmo tempo para encará-
lo. Ele imediatamente capitulou e levantou as mãos em sinal de
rendição.
— Eu mesmo escreverei ao Webster para adicionar o termo
no dicionário.
O riso de Meryn foi interrompido por um bocejo. Ryuu a
levantou do colo de Aiden e a colocou em pé.
— Venha, denka. Deixe seu companheiro subir para
aquecer seu lado da cama enquanto eu preparo um bom copo
de leite quente para você.
Amelia percebeu que Ryuu só chamava ela e Meryn por
um termo japonês.
— Ryuu, você chama Meryn de denka e eu de itoko-sama,
por que temos nomes especiais?
O sorriso de Ryuu era misterioso.
— Eu tenho o comprometimento de servir a casa da Meryn
enquanto viver, isso inclui qualquer pessoa que compartilhe os
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laços de sangue, como você. Denka é o título com o qual Meryn
estava confortável que eu usasse, ele significa Lady. Itoko-sama
é uma maneira muito formal e educada de dizer prima.
O queixo de Amelia caiu.
— Isso significa que você sabia quase desde o começo.
Ryuu assentiu.
— Eu seria um pobre escudeiro, de fato, se não pudesse
identificar os membros da família de minha incumbência. O
vínculo que compartilho com a denka me permite monitorar sua
saúde e humor, mas também me diz quando alguém da sua
linhagem está por perto.
Meryn fez uma careta para seu escudeiro.
— Nós ainda precisamos trabalhar em suas habilidades de
comunicação.
Ele fez uma reverência.
— Acho que cronometrei perfeitamente. — Ele estendeu o
braço. Ela suspirou e colocou a mão no seu antebraço, e o
deixou levá-la para a cozinha. Eles estavam quase na porta
quando ela parou de repente e se virou.
— Você não vai se esquecer de acordar cedo amanhã, vai?
Mal posso esperar para te apresentar à Adelaide. Será a
primeira vez em toda a minha vida que apresentarei alguém da
família.
A alegria no rosto de Meryn trouxe lágrimas aos olhos de
Amelia.
— Eu não perderia isso por nada, — ela prometeu.
— Sim! — Meryn lançou um punho no ar e entrou na
cozinha com Ryuu.
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— Esta noite foi muito esclarecedora, — observou Gavriel.
Darian levantou-se e estendeu o braço para Amelia.
— Você me permite acompanhá-lo até lá em cima?
Ela colocou a mão no braço dele e se levantou.
— Sim, por favor.
— Graças aos Deuses por não haver noite de cinema. —
Keelan exalou e se levantou.
— Nós sairemos primeiro. — Darian disse e os levou em
direção à porta.
— Boa noite para vocês dois. Parabéns, Amelia, por
encontrar mais família, — Colton falou atrás deles.
— Obrigada! — ela gritou de volta.
Ela ainda estava pensando em Meryn quando eles
chegaram ao seu quarto. Quando Darian abriu a porta e entrou
com ela, ela percebeu onde eles estavam. Ele fechou a porta
atrás deles e os olhos dela se arregalaram. O que diabos seu
companheiro estava tramando?

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Capítulo 7

— Darian? — Ela o olhou interrogativamente. Ele não


falara muito durante o jantar, mas procurou confortá-la quando
esta precisou dele durante as revelações surpreendentes. A ação
lhe falou muito, mas ela tinha que ter certeza de que
significavam o mesmo para ele.
— Você sabe o quão perto eu estou? — ele perguntou,
encostando-se na porta.
— Sim, de fato, estou chocada por você não ter se
transformado ainda. Sua força de vontade deve ser imensurável.
— Dificilmente, apenas me rodeei de coisas que ajudam.
— Como seu átrio? Notei mais cedo na floresta que sua
aura se aliviou quando você tocou na árvore.
— Você pode ver auras?
— Não da mesma maneira que os fae vêem. Vocês só
conseguem ver as auras e a luz da alma de seus companheiros.

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Eu posso ver cores diferentes ligadas às emoções. Está ligado à
minha empatia.
Ele assentiu.
— Interessante. Para responder à sua pergunta sobre se
meu oásis ajuda, sim ajuda. Sou fae, um filho da terra. As
plantas ajudam a nos trazer luz.
Ela deu um passo à frente.
— Então por que você não volta para o jardim fae, aquele
do meu sonho? Aquele lugar tem que ter luz suficiente para
ajudar.
Suas sobrancelhas se uniram em uma careta.
— Você continua mencionando um sonho de quando você
era criança, em que estávamos claramente nos jardins dos fae,
mas eu não me lembro desse sonho. Os únicos sonhos que me
lembro de ter tido com você são os que aconteceram
recentemente. Neles, você é adulta e está sempre rindo.
— Eu já os tive também, mas o que sempre volta para mim
é o primeiro. Eu tinha seis anos e estávamos em um jardim.
Você prometeu que não iria me esquecer. — Ela olhou para o
chão. Toda a sua vida, ela temera que ele a esquecesse. Talvez,
à sua maneira, ela soubesse que isso aconteceria.
Darian se afastou da porta e a puxou para seus braços.
— Eu nunca a machucaria intencionalmente. Se eu fiz
essa promessa, lamento muito mais do que você imagina por
não me lembrar de um sonho tão bonito. — Ele beijou o topo da
cabeça dela.
— Eu pensei que você não queria nada comigo? Que você
queria que eu “encontrasse alguém do meu próprio planeta”. —
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Ela inclinou a cabeça para trás e olhou para o rosto bonito
dele. Ele parecia tão dividido.
— Se eu fosse metade do homem que costumava ser, eu te
mandaria embora. Faria qualquer coisa para mantê-la segura,
mas me sinto atraído por você. Quanto mais estou com você,
mais quero viver, combater essa escuridão insidiosa em meu
coração. Só não vejo como isso vai acabar bem para nenhum de
nós. — Ele apoiou a testa na dela e ela passou os braços em
volta de sua cintura.
— Se estar comigo afasta a escuridão, nunca saia do meu
lado. Se você precisar de um motivo para viver, faça isso por
mim, faça pelos nossos futuros filhos. Por favor, não assuma
que eu ficaria melhor sem você, não agora.
“Você teme que, se estivermos ligados, você se tornar um
feral arrastaria minha alma com a sua, mas o que você não
percebe é que eu de bom grado pularia nas profundezas do
inferno para estar com você. Se eu te perdesse, não seria capaz
de viver neste mundo sozinha. Eu tiraria minha própria vida
para estar com você.
Os braços dele a abraçaram mais, apertando-a com força.
— Não diga essas coisas, — disse ele, com a voz
embargada.
Ela se afastou e levantou as mãos para segurar o rosto
dele.
— Não há outro para mim e nenhuma vida sem você, então
tome uma decisão. Devemos viver ou morrer?
Ela viu um lampejo de medo nos olhos dele antes deste ser
substituído pela determinação.
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— Você nunca vai desisitir, não é?
— Nananina não. — Ela estalou os lábios na palavra “não”.
Ele sorriu gentilmente.
— Então acho que tudo o que posso fazer é ficar ao seu
lado por toda a eternidade.
— É bom ter objetivos de vida. — Ela estava sorrindo tanto
que suas bochechas doíam.
Balançando a cabeça, ele a pegou nos braços.
— Eu não posso, em sã consciência, reivindicá-la ainda,
quero ver se estar perto de minha companheira é suficiente para
me afastar do limite.
— Então faça amor comigo. — Ela riu da expressão
chocada dele. — Se estar perto de mim ajuda, pense no que
fazer amor comigo poderia fazer?
Ele riu alto e seu coração disparou. Quando ele a olhou,
ele usava a mesma expressão malandra pela qual ela se
apaixonara quando criança.
— Eu vim aqui esta noite para te dizer para ficar longe,
mas não posso mais lutar contra a tentação. Não posso recusar
sua oferta de paraíso; não sou forte o suficiente. — Ele a deitou
suavemente na cama.
— Eu estive esperando minha vida inteira por você, —
disse ela, sentando-se. Ela estendeu a mão e abriu o zíper do
vestido. Quando olhou para cima, ele a estava olhando com
olhos arregalados.
— Como assim, você esperou? Você não pode ser...
— Ser o quê? Virgem? Deixe-me explicar melhor: tenho
três irmãos mais velhos extremamente superprotetores e três
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meio-irmãos extremamente superprotetores. Suas bússolas
morais tendem a se quebrar se estiverem irritados o suficiente.
Tenho seis unidades de guerreiros que destruiriam alegremente
qualquer cara que eu namorasse que cometesse o erro de me
machucar. Para completar, eu sonho com você desde os seis
anos. Namorar nunca foi realmente uma opção para mim.
Então, sim, sou virgem, mas isso não significa que eu não tenha
cuidado de mim, se é que você me entende.
A boca de Darian se abriu e fechou, depois se abriu e
fechou novamente. Ele piscou uma vez antes de um sorriso sexy
aparecer.
— Isso significa que você tem brinquedos?
Amelia tirou os sapatos de um chute e os jogou sobre o
lado da cama.
— Talvez. — Ela tirou o vestido e o jogou no chão. Quando
estava de sutiã e calcinha, deitou-se apoiada nos cotovelos e
cruzou as pernas nos tornozelos, ficando confortável. — Você
vai me deixar esperando por muito mais tempo, princesa?
Com um rosnado baixo, Darian lentamente começou a
desabotoar o roupão.
— Deite-se e feche os olhos.
Amelia relaxou, deitou-se de costas e fechou os olhos. Ela
esperou e ouviu atentamente, tentando descobrir o que ele
estava fazendo. Ela ouviu o farfalhar do tecido e assumiu que
ele havia tirado o roupão. Ela queria abrir os olhos.
— Mantenha-os fechados. — Sua voz profunda veio da
direita dela. Ele andou até aquele lado da cama. Amelia
estremeceu com o tom dele.
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Depois de alguns minutos, sua mente se transformou em
uma confusão agitada. Onde ele estava? O que ele estava
fazendo?
— Você está pensando em mim? — Suas palavras agora
vieram do pé da cama.
— Darian, eu não entendo, o que você está fazendo? — Ela
queria abrir os olhos e obrigá-lo a vir para a cama. Seu corpo
estava contraído em antecipação ao toque dele, sabendo que
estava prestes a fazer amor com seu companheiro.
— Estar com um amante é muito diferente de “cuidar de si
mesma” por conta própria. O fato de eu ser aquele a ensinar a
diferença me deixa agradecido. Vou ir com calma e apresentá-la
ao ato de fazer amor.
Ela sentiu os dedos dele no tornozelo. Casualmente,
preguiçosamente, ele começou a passar os dedos pela perna
dela até o joelho e voltou a descer. Ela se sentiu completamente
descontrolada, apesar de que tudo o que ele estava fazendo era
tocar sua perna.
— Darian… — Mesmo para seus próprios ouvidos, sua voz
soou tensa.
— Eu aposto que você nunca teve tempo para explorar
cada centímetro do seu próprio corpo. Como poderia? Você já
parou para apreciar a maneira como seu corpo muda enquanto
se prepara para amar?
Amelia balançou a cabeça. Seu interior estava
tremendo. Tudo o que ela queria era que ele a penetrasse o mais
rápido e forte possível. Ela precisava dele
desesperadamente. Ela se contorceu, apertando as pernas.
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— Você está imaginando o que eu farei com você? Você viu
meu pau quando eu estava me vestindo. Você está se
perguntando como ele se parece duro e pingando por você? — A
voz dele veio da sua esquerda. Ele estava circulando a cama.
Ela engoliu em seco, com a garganta seca.
— Sim.
Com o mais leve dos toques, ela sentiu os dedos dele em
seus quadris quando este puxou sua calcinha.
— Você queria me dar uma razão para viver, e agora eu
tenho uma. A Destino me deu meu próprio pedaço do céu, e eu
o guardarei ferozmente.
Ele abriu suas pernas e ela quase desmoronou quando
sentiu a língua dele deslizar entre suas dobras e mordiscá-la
suavemente.
— Você tem o gosto dos mais doces néctares. Se
pudéssemos parar o tempo, você me deixaria ficar aqui? Eu
poderia me deliciar contigo por horas e nunca me fartar. — Ele
começou com toques deliberados sobre o clitóris, levando-a à
loucura.
— Darian! Por favor! Não me provoque mais, — ela
implorou.
Ela sentiu o corpo dele se mover entre suas pernas,
enquanto as mãos dele deslizavam sob seu corpo para liberar o
fecho do sutiã. Ele o puxou do corpo dela, expondo seus seios.
— Como uma mulher pode ser tão perfeita? — Sua voz
estava mais alta agora que ele estava mais perto.
Sua boca quente envolveu seu mamilo, e ele o puxou e
torceu sem piedade. Quando a mão dele se estendeu entre seus
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corpos para circundar seu clitóris, ela gritou e se empurrou
contra ele querendo mais, precisando de mais.
— Abra seus olhos, meu amor, — ele sussurrou.
Os olhos dela se abriram para vê-lo debruçado sobre si, os
olhos cor de lavanda brilhando.
— Meu amor?
— Como eu poderia não amar a mulher louca que me fez
cair de joelhos para provar que eu não a machucaria? Como eu
poderia não amar a mulher que está disposta a descer ao
inferno em vez de me perder? Eu tenho muito pouco a lhe
oferecer, nem mesmo um futuro certo, e você me dá a cada
momento a sua confiança, sua fé, seu corpo. Como eu não
poderia te amar? — Ele enterrou o rosto entre o pescoço e o
ombro dela.
— Eu te amo há tanto tempo, — ela soluçou. Parecia um
sonho tê-lo aqui com ela. Amelia enrolou os braços em volta da
cabeça dele e as pernas em volta de sua cintura. Ela nunca o
soltaria.
Ele se afastou para olhá-la.
— Eu gostaria de poder te dar mais.
Ela fungou e deixou as lágrimas caírem sobre as têmporas.
— Tudo o que eu sempre quis foi você.
— Eu não te mereço.
Ela começou a protestar, e ele a beijou levemente nos
lábios.
— Eu não mereço. Eu sei disso. Mas, se a Deusa quiser,
terei tempo suficiente nesta Terra para compensar a tristeza que
te causei.
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— Eu gostaria de ter te encontrado há um mês, — ela
sussurrou.
Quando ele percebeu que ela estava se referindo ao seu
ciclo de concepção, seus olhos se encheram de lágrimas.
— Eu não posso fazer nada menos do que tentar aguentar
pelo próximo ano. Nada poderia me honrar mais do que você ter
meu filho.
— Eu vou te cobrar isso, princesa. — Ela sorriu.
Os olhos dele dançaram e este se inclinou para beliscá-la
na clavícula, fazendo-a rir.
— Precisamos conversar sobre esse apelido que você me
deu.
— Eu gosto dele. — Ela sorriu.
— Você também precisa de um apelido, — disse ele,
beijando seu pescoço.
Ela suspirou.
— Eu tenho um.
Ele se afastou e a olhou.
— Qual é?
Ela balançou a cabeça.
— Não, eu nunca vou te dizer. Isso nunca vai me deixar
em paz.
O sorriso dele era malicioso.
— Eu vou descobrir. — Ele se abaixou e segundos depois,
ela o sentiu começar a penetrá-la. Ela ergueu os quadris para
acabar com o lento empalamento. Ele manteve contato visual e
riu. — Nada disso. Você esteve no controle a vida toda; é a
minha vez.
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Polegada por polegada, enquanto ele a esticava, ela
percebeu duas coisas. Um: os brinquedos sexuais não se
comparavam ao calor na carne que ela sentia. Dois: ela deveria
ter usado brinquedos maiores. Ela estava prestes a dizer para
ele parar quando seu corpo se esticou novamente, se
acomodando ao tamanho dele. Ela soltou um suspiro de alívio.
Os olhos dele estavam cheios de preocupação.
— Você está bem? Devo parar?
— Você para e eu te mato. Apenas me dê um segundo para
me ajustar.
Seus olhos enrugaram quando ele sorriu, e ele a beijou na
ponta do nariz.
— Confia em mim?
Ela assentiu. Ele aceitou sua palavra. Ele se inclinou e
mordeu seu pescoço enquanto mergulhava profundamente
nela. A dor da mordida transformou a sensação de queimadura
dele a esticando em prazer, e seu corpo entrou em curto-circuito
entre a dor e o prazer.
— Deuses! Sim! Mais, Deuses, mais!
Com um ritmo deliberado, ele a adentrou e saiu, cada
impulso fazendo os dois gritarem. Ela nunca se sentira assim. O
tempo que ele passava sem tocá-la aumentara seu desejo em
proporções inimagináveis. Cada vez que ele não a tocava,
intensificava cem vezes as vezes que ele o fazia.
Quando ele começou a aumentar o ritmo, ela sabia que ele
estava perto. Ele estendeu a mão entre eles e colocou um dedo
em ambos os lados do seu clitóris. Toda vez que seus
quadris avançavam, ele a acariciava com seus
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movimentos. Quando Darian jogou a cabeça para trás e rugiu,
ela facilmente o seguiu.
Por alguns segundos, ambos desfrutaram da sensação de
estarem entrelaçados antes que ele se afastasse dela. Sorrindo
como um garoto, ele a olhou. Respirando pesadamente, ela lhe
mostrou o dedo do meio. Rindo, ele foi em direção ao banheiro e
voltou com uma toalha.
Ele a limpou gentilmente, beijando sua barriga e usando o
dedo para fazer cócegas em sua abertura. Quando ela se
contraíu involuntariamente, gemeu. Ela sentiria tudo isso
amanhã. Ele jogou a toalha no banheiro, voltou para a cama e a
puxou para a curva de seu corpo.
— Está tão calmo, — ele murmurou.
— Eu também achei, depois de visitar o seu quarto. — Ela
bocejou e se aconchegou no peito dele.
— Você vai se mudar para o meu quarto amanhã.
— Oh, eu vou, é? — Ela cutucou a lateral dele, fazendo-o
rir.
Ele se afastou para poder olhá-la nos olhos.
— Você me daria a honra de se mudar para meus
aposentos?
— Sim, meu príncipe. — Ela bocejou novamente e ficou
confortável. Pela primeira vez desde que o conheceu, ela
adormeceu esperançosa do futuro.
*****
Amelia acordou na manhã seguinte com beijos suaves no
rosto. Quando ela abriu os olhos, Darian lhe estava sorrindo.
— Bom dia, dorminhoca.
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— Que horas são? — Ela se sentou e viu que ele já estava
vestido com seu uniforme preto.
— Nem sete. O café da manhã é às oito. Pensei que você
gostaria de tempo para se arrumar. — A diferença nele era
incrível. Havia vida em seus olhos, e ele não parara de sorrir.
— Você parece…
Ele riu.
— Eu mal me reconheço. Acordei esta manhã e a
escuridão quase desaparecera. Não me sinto tão bem há anos.
— Então ela ainda está aí?
Ele assentiu.
— Talvez ela sempre estará presente, o que significa que
você terá que me ajudar a mantê-la afastada. — Ele lhe sorriu e
puxou o lençol que cobria seu corpo.
— Darian! Seu cão assanhado! O que foi que eu criei? —
Ela pulou da cama e correu para o banheiro.
— Precisa de ajuda? — ele ofereceu.
— Não, obrigada. Se você vier aqui, eu não farei nada.
Seu riso masculino foi interrompido quando ela fechou a
porta.
Homens!
Ela repetiu os eventos da noite anterior. Apertando as
pernas, ela balançou a cabeça. Ligou o chuveiro e rapidamente
passou pelas etapas de se arrumar. Colocou a maquiagem e
sorriu com a aparência nova. Ela adorava seu trabalho, mas
não sentia vontade de fazer um visual completo todos os
dias. Enrolada na toalha, Amelia entrou no quarto e pegou sua
mala. Darian a observou se arrumar.
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— O que aconteceu com a sua mala?
— Eu estava com pressa tentando me preparar para você
ontem à noite.
— Então sua mala explodiu?
Ela assentiu.
— Basicamente.
Amelia vasculhou suas roupas e tirou seu jeans favorito e
um suéter creme. Ela estava se debatendo entre seu conjunto
de cueca feminina verde e o azul quando ouviu Darian pigarrear
atrás dela.
— Azul.
Ela se virou. Ele estava olhando para o conjunto de renda
azul marinho como se fosse o tesouro mais raro do planeta.
— É o azul, então. — Ela se levantou e deixou a toalha
cair, rapidamente vestiu o sutiã e a calcinha e podia jurar que
ouviu seu companheiro choramingar. Curvando-se, ela ajustou
os seios. Ela pegou um par de meias, vestiu-as e depois vestiu o
jeans. Finalmente, ela vestiu o suéter.
— Calor! — Ela aconchegou o rosto no decote.
— Vamos, amor, eu posso sentir o cheiro do café da
manhã daqui. — Darian levantou-se e estendeu o braço.
Ela imaginou como seria a vida com ele. Ele nunca saberia
como ela estava feliz por ele acompanhá-la até o café da manhã.
Amelia cantarolava alegremente quando eles entraram na
sala de jantar. Os homens se levantaram, acenaram para ela e
sentaram quando ela o fez.
— Ela está viva! — Beth declarou com um sorriso.

MY
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Alanea Alder
Amelia piscou, pensando que Beth estava se referindo à
noite incrível que tinha compartilhado com Darian. Sua
confusão deve ter sido aparente porque Meryn elaborou:
— Você acordou antes do meio dia. — Meryn bocejou.
Ryuu já estava distribuindo xícaras de bebidas
fumegantes. Ele se virou para ela.
— Itoko-sama, o que você gostaria antes do café da
manhã?
— Antes do café da manhã?
Darian riu ao seu lado.
— Aprendemos a apaziguar a fera antes de começar a
comer. — Ele apontou para uma Meryn de olhos turvos que
estava soprando sua caneca.
— A fera, hein? — Ela se virou para Ryuu. — Eu vou só
tomar uma xícara de café.
Ryuu assentiu e pegou uma garrafa.
— Creme? Açúcar? — Ele pegou a xícara dela. Enquanto
servia, o rico cheiro de café encheu o ar.
— Sim, por favor, ambos e muito de cada.
Ryuu colocou leite em uma pequena jarra no carrinho de
servir. Ele colocou a jarra e uma tigela de açúcar em uma
pequena bandeja de prata e as colocou ao lado da xícara de café
dela.
— Obrigada, tem um cheiro incrível. — Ela levantou a
xícara e inspirou profundamente.
Ryuu assentiu, sua expressão atenta.
— Levamos nosso café muito a sério por aqui.

MY
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— Graças aos Deuses! Ryuu, posso tomar o que você
normalmente serve a Rheia? O café com o expresso? — Keelan
caiu na cadeira. Ryuu foi imediatamente para a cozinha.
— Qual é o problema, amigo? O João Pestana7 acabou
contigo? — Colton riu.
Keelan o olhou com um olhar assassino.
— Por que caralhos você está tão feliz? — ele rosnou.
Colton recuou como se tivesse sido eletrocutado. Todos ao
redor da mesa ficaram olhando. Para Amelia, Keelan se parecia
ainda mais com Kendrick do que o normal.
Colton ficou de pé, os olhos arregalados, e olhou para sua
companheira.
— Conserte ele! Ele pegou o vírus Meryn!
Rheia revirou os olhos e puxou seu companheiro de volta
para sua cadeira. Penny riu das ações do pai.
Meryn rosnou.
— Eu não sou contagiosa, imbecil.
Ryuu entrou na cozinha, uma caneca alta na mão.
— Eu fiz este extra forte. — Ele a colocou na frente do
bruxo e recuou.
Com os olhos semicerrados, Keelan tomou seu primeiro
gole e fez uma careta, mas continuou bebendo. Seus olhos se
abriram lentamente e ele piscou, olhando ao redor da mesa.
— O que há para o café da manhã?

7 João Pestana, ou Sandman (Homem de Areia) em inglês, é um personagem mítico


do folclore europeu, que se diz por pessoas para dormir jogando um pó mágico em seus
olhos.

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— Temos uma variedade de pães e doces, — Ryuu
respondeu se virando para voltar para a cozinha.
Keelan assentiu e bocejou.
— Parece bom.
Aiden o olhou.
— Tudo certo? — ele perguntou com uma voz muito
neutra.
— Sim, eu só estou resolvendo umas coisas. Oh! Tome, eu
terminei ontem à noite quando não conseguia dormir. — Ele se
levantou e caminhou para o outro lado da mesa, parando na
frente de Meryn. Ele entregou-lhe algo, e ela olhou este por um
segundo, olhou para ele e depois de volta para baixo, e
gritou. Ela pulou da cadeira e se jogou em Keelan, abraçando-o
com força.
Amelia trocou olhares com Darian, que deu de
ombros. Amelia voltou-se para Meryn.
— Meryn, o que é isso?
Meryn estava pulando para cima e para baixo, tentando
beijar o rosto de Keelan. Aiden a pegou e a colocou de volta na
cadeira. Ela estava tão entusiasmada que estava praticamente
tremendo. Keelan voltou para a cadeira e sentou-se.
— Ele me fez uma chave de fenda sônica! — Meryn acenou
com o objeto cilíndrico de metal.
Beth virou-se para Keelan.
— Eu não sabia que você conhecia tanto de ciência.
Keelan deu de ombros e tomou outro gole de café.
— Quem precisa de ciência quando se tem magia?
Meryn virou a chave de fenda nas mãos.
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— O que isso faz?
— Eu gravei o som que a chave de fenda sônica produz do
programa; toca isso quando você pressiona o botão, — ele
explicou.
Meryn parecia abatida.
— Só isso?
Keelan balançou a cabeça.
— Não, ela toca esse som quando você pressiona o botão
verde e lança um feitiço de atordoamento quando você
pressiona o botão branco. Cada feitiço está definido para
nocautear um vampiro adulto, a raça paranormal menos
suscetível a choque elétrico. Acho que tem cem cargas
armazenadas. Quando acabar, Ryuu poderá recarregar para
você.
Meryn discretamente começou a olhar para o seu
companheiro, seu dedo tremendo sobre o botão.
— Não, — disse Aiden.
— Mas...
— Não, Meryn, você não pode testar isso em mim. — Aiden
deu-lhe um olhar severo e beijou sua testa.
Amelia percebeu que sua irmãzinha-prima estava
morrendo de vontade de ver a chave de fenda em ação.
Meryn se virou e olhou para Colton.
— Não, — disse Rheia.
— Vocês não são divertidos. — Meryn colocou a chave de
fenda ao lado do prato, mas continuou olhando-a com desejo.
— O café da manhã está servido, — Ryuu anunciou
enquanto levava o carrinho. Um por um, todos escolheram o
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que queriam. Amelia estava indecisa. Ela queria um pãozinho,
mas também queria algo doce.
Darian se inclinou.
— Pegue os dois.
Ela beijou sua bochecha e fez o que ele recomendou. Ela
escolheu um bagel de queijo asiago e um pão doce dinamarquês
de framboesa e queijo creme.
— Olha só quem está beijoqueira esta manhã, — provocou
Meryn.
Amélia olhou para cima e Meryn piscou um olho. Ela
sorriu de volta e mostrou a Meryn um sinal de positivo com o
polegar. Os homens riram.
Darian virou-se para ela.
— Por falar na noite passada, você disse que tinha três
irmãos e três meios-irmãos. Pelo que sei, Caiden, Kyran e
Tristan são os únicos Ironwoods que eu conheço.
— Bem, tecnicamente, Caiden, Kyran e Tristan são meus
meio-irmãos. Thane, Justice e Law não são meus parentes
absolutamente; são meio-irmãos do Caiden, Kyran e Tristan.
Mas, crescendo, nunca se fez distinções e todos cuidaram de
mim.
Ela ouviu um garfo cair e olhou para Colton que a estava
encarando.
— O que?
— Você não quer dizer o Thane, Justice e Law Ashleigh? —
ele engasgou.
— Sim, por quê? — ela olhou em volta confusa; até Darian
parecia impressionado.
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— Porque eles são como fantasmas. Eles trabalham
completamente fora do sistema e não reportam a ninguém.
Francamente, eles muito fodões. — A voz de Colton estava cheia
de reverência.
Meryn olhou para Aiden.
— Mais alguém que você esqueceu de mencionar?
Aiden balançou a cabeça.
— Bebê, ninguém lhes diz o que fazer. Mesmo o conselho
não pode ordenar que façam nada; eles vivem de acordo com
seu próprio código. A cada cinquenta anos mais ou menos, eu
faço uma oferta para que eles se juntem a uma unidade, mas
sempre declinam.
— Então, como eles estão relacionados aos seus irmãos? —
Gavriel perguntou.
Amelia espalhou queijo creme no pão doce.
— Os irmãos Ironwood e os irmãos Ashleigh têm a mesma
mãe. Os irmãos Ashleigh nasceram cerca de mil e quinhentos
anos antes do Caiden, mas, diferentemente dos irmãos
Ironwood, os irmãos Ashleigh são trigêmeos.
— Os rumores são verdadeiros então, — disse Gavriel,
esfregando o queixo.
— Isso explica a força deles, — acrescentou Aiden.
— Porque isso é especial? — Meryn perguntou. Rheia era a
única além dela que parecia confusa.
Amelia percebeu que elas não sabiam porque eram
humanas.
— Meryn, nascimentos múltiplos são realmente raros entre
os paranormais. A essência do que somos tende a exigir todos
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os recursos da mãe no útero. Os shifters têm seu animal,
vampiros sua força, fae sua luz e bruxos sua magia.
Geralmente, em casos de vários nascimentos, um bebê se torna
dominante e mata tragicamente seus irmãos, tomando todos os
nutrientes. Gêmeos são raros e trigêmeos são considerados
presentes divinos.
— Temos um conjunto de gêmeos servindo nas unidades,
não é? — Meryn perguntou.
Aiden assentiu.
— Sim, Nigel e Neil Morninglory, eles são bruxos gêmeos
de Storm Keep.
— Como foi crescer com lendas como irmãos mais velhos?
— Colton perguntou, seu rosto iluminado com adoração
heróica.
Amelia riu alto.
— Difícil. Eu costumava ligar para o Thane o tempo todo
para reclamar que o Caiden me odiava e não queria que eu me
divertisse. O Thane me deixava chorar e desabafar e depois
explicava o quanto Caiden me amava porque não me deixava
pular das ameias do castelo, como os meninos. Mesmo não
sendo parentes de sangue, eles me mimavam terrivelmente.
— Você acha que eles vão gostar de mim?— Meryn
perguntou com uma voz estranhamente baixa.
Amelia a olhou e então lembrou que Meryn agora era da
família. Ela havia esquecido um fato tão importante depois de
estar com Darian.

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— Eles vão te amar loucamente! Especialmente o Thane.
Ele é como você e o Kendrick; eles também não gostam de
pessoas.
Aiden engasgou com seu pão doce.
— Deuses! Ela é parente deles agora.
— Ha ha! Espere até eu dizer a eles que você me trancou
no seu porta-malas. — Meryn sorriu.
Aiden ficou branco como leite.
— Escute, bebê...
Amelia ouviu um rugido em seus ouvidos, e parecia que
gelo cobrira seu coração.
— Você fez o que? — ela perguntou com os dentes
cerrados. Parecia que o chão havia se movido sob seus pés.
Num momento ela estava olhando para Aiden, no outro,
Darian a virou e tomou posse total de seus lábios. A língua dele
brincou com a dela, e ela sentiu sua raiva sumir. Quando ele se
afastou, a preocupação em seu rosto era clara de se ver.
— Você está bem?
— Sim, obrigada pela ajuda. — Amelia não podia acreditar
no que quase fizera.
— O que acabou de acontecer? — Beth perguntou,
segurando a mesa.
Envergonhada, Amelia cobriu o rosto. Ela quase perdera o
controle de sua magia como uma criança destreinada.
— Sinto muito! Eu não perdia o controle assim há um
tempo. Normalmente eu não fico brava assim. É só que a ideia
da pobre Meryn trancada...

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Colton riu. Ela tirou as mãos e o olhou brava. Ele levantou
as mãos em sinal de rendição.
— Você não entendeu a história completa. Aiden a colocou
no porta-malas depois que ela o nocauteou com a tampa do
vaso sanitário e usou a cabeça dele como uma sacola de
kickboxing8. Ela acabou amassando a merda do porta-malas.
Amelia piscou e lentamente começou a sorrir.
— Ryuu chegou a mencionar mesmo que shifters de urso
eram suscetíveis a tampas de vasos.
Aiden rosnou.
— Qualquer um seria. Essas coisas são pesadas!
— De novo! — Penny gritou, seu rosto brilhando de
animação.
Rheia balançou a cabeça.
— Não, Docinho de Coco, o chão tremendo não é bom para
a casa. — Penny franziu a testa parecendo desapontada.
Aiden piscou um olho para a criança pequena.
— Que tal dar a sua avó algumas horas de folga hoje à
tarde e você pode me ajudar a treinar os homens novamente?
Penny se animou e recompensou Aiden com um sorriso.
— Sim!
Aiden parecia que dançaria na cadeira se pudesse. De tão
orgulhoso de si por fazer a criança sorrir.
Amelia sentiu a excitação de Penny e pôde
compreender. Os dias em que ela brincava com as unidades de
seu irmão eram algumas de suas melhores lembranças da

8 Kickboxing, se refere a um grupo de artes marciais e esportes de combate em pé


baseados em chutes e socos.

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infância. Ela teria que dar algumas dicas a Penny antes de
partirem.
Meryn bateu palmas.
— Muito bem, se não tivermos mais nenhuma revelação ou
terremoto prestes a acontecer, vamos para a casa da Adelaide.
Se acertarmos o tempo, podemos tomar um segundo café da
manhã com o Marius.
Ryuu olhou para sua incumbência.
— Não é possível que você esteja com fome.
Amelia riu.
— Eu acho que ele não sabe sobre o segundo café da
manhã9, — disse ela com um sotaque exagerado, fazendo Meryn
rir.
Ryuu virou-se para Rheia:
— Tem certeza de que ela não tem uma tênia?
Rheia balançou a cabeça.
— Receio que não. — Ela se virou e beijou Penny na
testa. — Vamos te instalar na sala da frente antes de eu ir para
a clínica.
— Você não vem conosco? — perguntou Beth.
Rheia balançou a cabeça.
— Eu gostaria. Mas vamos receber um dos dois colares de
volta do conselho. Vamos fazer testes em culturas vivas para ver
o que acontece. Que divertido.
Colton olhou para Aiden, e Aiden assentiu.

9 Referência a Senhor dos Anéis (Lord of the Rings), respondendo a Aragorn, Pippin
pergunta pelo segundo café da manhã, ao que Merry acrescenta que Aragorn não sabe
sobre o segundo café da manhã.

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— Eu já coloquei a Delta e Zeta para vigiar a clínica.
Épsilon e Beta têm patrulha, e a Gama se juntará a nós para o
treinamento. Enviei os recrutas de volta para o Adair pelo resto
da semana para ajudá-lo a treinar os cadetes mais novos. Eles
ajudarão nos exercícios. — Colton pareceu aliviado.
Meryn sorriu maldosamente.
— A Gama está chegando?
Aiden assentiu.
— Eles devem chegar a qualquer momento.
Meryn se levantou.
— Vamos.
Todos caminharam em direção à porta da frente. Ryuu
entregou casacos para Beth, Meryn, Rheia e ela.
Darian agarrou sua mão e deixou os outros passarem por
eles no corredor. Ele segurou o rosto dela.
— Você tem certeza de que está bem?
Ela virou o rosto e beijou o centro da palma da mão dele.
— Sim, eu estou bem. Divirta-se com os meninos.
— Graças a você, eu me divirtirei. Eu não me alegrava com
a companhia dos meus amigos há muito tempo, obrigado.
— E nem vou cobrar, — ela brincou.
De mãos dadas, entraram no saguão. Colton estava se
despedindo de Rheia e Penny. Quando ele caminhou até a
porta, ela soltou a mão de Darian, aproximou-se da menininha
e se ajoelhou à sua frente.
— Ei, Penny.
— Olá, — Penny respondeu com uma voz adoravelmente
doce.
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— Eu fui criada pelos meus irmãos, e eles costumavam
deixar eu ajudar nos treinos também. Quer algumas dicas?
Penny assentiu com entusiasmo.
Amélia se aproximou, certificando-se de que nenhum dos
homens estava ouvindo.
— Eles estão acostumados a serem os mais altos; se você
precisar contorná-los, vá na vertical. Eles quase nunca olham
para cima. — Penny assentiu. — Além disso, se é uma questão
de velocidade e parece que eles estão prestes a ganhar
vantagem, faça parecer que você está prestes a cair. Eles vão
desacelerar instintivamente e tentar pegá-la. — Amelia piscou
um olho para a criançinha. Penny lhe deu um joinha e levantou
a mão. Amélia bateu com a mão aberta na mão aberta dela.
Rheia a observou enquanto se levantava.
— Devo me preocupar?
Amelia balançou a cabeça.
— Não, se eu sobrevivi, ela também vai sobreviver. Os
shifters são mais resistentes que as bruxas.
— É justo. — Rheia virou-se para a filha. — Seja uma boa
garota.
— Tá!
Darian aproximou-se por trás dela e passou os braços ao
seu redor.
— Seja uma boa garota, — ele sussurrou em seu
ouvido. Ela estremeceu e se virou em seus braços.
— Apenas para você.
— Ok, parem com isso vocês dois, tem olhos virgens por
aqui!
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Amelia e Darian se viraram para ver Sascha encostado na
porta. Amelia estava prestes a dizer a ele o que ele podia fazer
quando Meryn passou por ela em direção à porta. Sem parar,
ela estendeu a chave de fenda sônica e surpreendeu o líder da
unidade. Ele caiu no chão com um baque alto.
Meryn pulou, jogando o punho no ar.
— Sim! Essa merda é incrível!
Aiden suspirou, mas a ameaça de sorriso no canto de sua
boca mostrava que ele na verdade não estava muito bravo.
— Meryn, nada de atordoar os homens. Precisamos deles
capazes para a proteger, — ele repreendeu gentilmente.
Ela deu de ombros.
— Valeu a pena. — Ela passou por cima do corpo de
Sascha e inclinou a cabeça para trás para receber um
beijo. Aiden riu e deu-lhe um.
Keelan passou pelo corpo de Sascha, com cara de
presunçoso.
— Funcionou melhor do que eu esperava.
Aiden virou-se para o Colton.
— Arraste-o para o percurso de treino.
Colton agarrou o tornozelo de Sascha.
— Eu nem vou reclamar sobre arrastar essa bunda
pesada. Valeu a pena vê-lo cair. — Ele se virou e estava prestes
a dar o primeiro passo quando a voz de Rheia o deteve em
cheio.
— Não deixe a cabeça dele bater em cada degrau. Eu não
tenho tempo para cuidar dele hoje.
Colton fungou.
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— Você acabou de arruinar a minha manhã.
Rheia lhe deu um sorriso malicioso.
— Eu te compenso depois.
Ele imediatamente se iluminou e soltou o tornozelo de
Sascha e agarrou o membro da unidade Gama pelas costas de
sua jaqueta.
— Vamos, velho, hora de treinar.
Darian se inclinou para perto.
— E você ficou incomodada com um pequeno tremor. Esta
é a vida cotidiana na propriedade Alfa.
Amelia sorriu.
— Eu amo isso!
Ryuu passou por eles com as chaves do carro.
— Senhoras, quando estiverem prontas. — Ele fez uma
reverência.
— Ei, Penny, o Felix vai ficar com você hoje. Mantenha-o
aquecido, — Meryn disse. Amelia viu o pequeno elfo voar até
Penny e se sentar em seu ombro.
— Tá! — Penny disse aconchegando bem o elfo.
Meryn virou-se para Amelia e Beth.
— Vamos botar pra quebrar!
Darian a beijou gentilmente e a acompanhou até a porta.
Ela tinha uma nova irmãzinha-prima e estava mais perto
de reivindicar seu companheiro. As coisas definitivamente
estavam melhorando.

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Capítulo 8

Amelia se sentou com Meryn na traseira do carro, e Beth


sentou-se na frente com Ryuu. Amelia pegou o telefone.
— Qual é o seu nome no Facebook? Vou enviar uma
solicitação de amizade.
Meryn torceu o rosto.
— Eu não estou no Facebook.
— O que? — Amelia e Beth perguntaram ao mesmo tempo.
Meryn deu de ombros.
— Além de vocês, eu não tenho amigos, e moro com vocês,
então nunca vi a necessidade.
— Mas você é um gênio da informática, usou o Facebook
para rastrear possíveis casais de shifters, — disse Beth,
parecendo chocada.
— Eu usei o perfil do Facebook do Aiden, — explicou
Meryn.
Amélia virou-se para ela.

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— Você não está em nenhuma mídia social?
— Não, nunca precisei. Eu envio e-mails para o Adair e
mando mensagens para Aiden e meus minions, e é isso.
Amelia franziu a testa.
— Minions?
Beth falou:
— Ela quer dizer Noah e Jaxon.
— Onde eles estavam afinal? Eles não estavam no café da
manhã, — Amelia perguntou.
— Eles estão trabalhando em seu primeiro projeto solo,
construindo o banco de dados para a Beth usar para rastrear as
informações do censo. Na verdade, eu deveria checá-los. —
Meryn pegou seu telefone. Seus dedos pequenos se moviam
rapidamente enquanto ela enviava sua mensagem. Segundos
depois, ela começou a dar risadinhas.
Beth virou-se na cadeira com um olhar desconfiado.
— O quê?
Meryn apenas sorriu. Quando o telefone tocou novamente,
ela olhou para baixo e começou a gargalhar.
Amelia olhou para Beth, que deu de ombros.
— Diga, Meryn, — Beth ordenou.
— Estou enviando mensagens picantes para o Aiden. —
Ela continuou a digitar.
Amelia franziu a testa.
— Por que isso é tão engraçado?
Beth gemeu e recostou-se na cadeira.
— Deixe o Keelan em paz. Você sabe que ele está tendo
uma manhã difícil.
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— Hã? — Amélia olhou de Meryn à Beth.
Beth voltou-se para encará-la.
— O Aiden nunca lê suas mensagens de texto. Ele sempre
pede ao Keelan para fazer isso porque os dedos do Aiden são
grandes demais para digitar.
Amelia virou-se para Meryn.
— E você sabe disso?
Meryn sorriu.
— Sim. Eu sempre sei quando é o Keelan, porque ele
baixou um pacote de emoticons que tem ursos. Ele nunca diz
“eu te amo” de volta, ele apenas envia um urso e um coração. É
divertido brincar com ele.
— Você é má! — Amelia disse rindo.
Meryn deu de ombros.
— Não há mais nada para fazer.
— Você poderia estar estudando os livros de história que
eu comprei para você, — lembrou Beth.
Meryn olhou para cima.
— Eu já terminei aqueles. Na verdade enviei o Noah à
Mystic Tomes para comprar mais. Encontrei algo muito
interessante mencionado em um dos artigos. O potencial de
diversão é ilimitado. A história paranormal é fascinante. Decidi
deletar toda a memória de História dos EUA para dar espaço
aos volumes paranormais.
— O que você quer dizer com deletar? — perguntou Beth.
Meryn de uma batidinha na têmpora.
— No meu cérebro. Livrei-me de todas as informações
inúteis, como história dos EUA, estatísticas e trigonometria.
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— Meryn, a história dos EUA é importante, — rebateu
Beth.
Meryn balançou a cabeça.
— Não, não é. É tudo mentira de qualquer maneira. Pedi
ao Gavriel para verificar algumas das histórias que li nos livros
de história paranormal e ele disse que estavam corretas. Eu
acreditarei em alguém que realmente esteve lá, em vez de nas
coisas que aprendi quando criança.
Amelia virou-se para ela.
— Como o quê? — Ela estava fascinada. Ela aprendeu a
história paranormal da mesma forma que toda criança
paranormal, mas Meryn foi criada como humana. Poderiam ter
lhe dito qualquer coisa.
— Por exemplo, você sabia que, nos livros de história da
humanidade, eles não mencionam que George Washington fez
um acordo com os habitantes locais para lutar contra os
britânicos? E por habitantes locais, quero dizer guerreiros de
unidade? Gavriel conhecia a porra do Paul Revere10! — Meryn
falou.
Beth pareceu surpresa.
— Conhecia?
Meryn assentiu.
— E o Darian tirou uma folga da Unidade Alfa para ser um
pirata! Quão legal é isso?

10
Paul Revere foi um artesão, ourives e industrialista estadunidense,
destacado por trabalhar como mensageiro durante as batalhas de Lexington e Concord.

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Amelia sorriu. Talvez ela pudesse convencer o Darian a
vestir uma camisa com babados e botas de couro mais tarde.
O estômago de Meryn roncou.
— Espero que o Marius tenha comida.
— Você tem certeza que não está comendo por cinco? —
Beth brincou.
Meryn lhe mostrou a língua.
— Pelo menos eu não vou ter um jackalope11.
Beth se irritou.
— Eu não vou ter um jackalope. Pensei que tivéssemos
decidido que ele ou ela seria um coelho com presas?
Amelia não conseguiu segurar suas risadas.
— E quanto a Rheia? — ela perguntou.
Meryn sorriu.
— Lobisomem.
Beth bufou e riu.
— Eu vou mesmo dizer a ela que você disse isso. E o
futuro bebê da Meryn?
Amelia pensou nisso por um segundo.
— Ela irá ter um Ewok12!
Beth perdeu toda a compostura e começou a rir
incontrolavelmente.

11 O Jackalope ou lebrílope, no folclore, diz-se ser um cruzamento entre uma


jackrabbit (lebre) e um antílope, que viveria na Califórnia e é normalmente retratado como
um coelho com galhadas.

12
Os ewoks são uma raça originária do universo fictício dos filmes Star
Wars.

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Meryn franziu a testa por um segundo e depois ficou
pensativa.
— Isso não é tão ruim, mas e se for um menino?
— Chewbacca13, — Amelia disse, limpando os olhos. As
risadas de Beth eram contagiosas.
— Pare, eu não consigo respirar! — Beth engasgou.
— Isso é foda. — Meryn assentiu alegremente e olhou para
Amelia. — E o seu futuro bebê?
Amelia deu um tapinha na barriga.
— Vou ter um Legolas que entra na Grifinória.
Meryn a olhou brava.
— Eu meio que te odeio pra caralho agora.
— Que peninha, — Amelia brincou rindo.
— Ok, cansei. Vamos voltar para casa, — Beth estava
tentando recuperar o fôlego.
Meryn balançou a cabeça.
— De jeito nenhum! Temos que ir hoje na Adelaide. É o dia
do círculo de costura.
Amelia balançou quando o carro perdeu o passo. Ryuu
rapidamente recuperou o controle.
— Me desculpe, denka, o que você acabou de dizer?
— Temos que ir à reunião do círculo de costura de hoje, —
insistiu Meryn.
Os olhos de Beth estavam arregalados.
— Você está se sentindo bem?

13 Chewbacca é um personagem da série de filmes Star Wars.

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— Por que você está perguntando se ela está bem? —
Amelia perguntou.
— Porque ela absolutamente odeia esse círculo de costura,
— informou Beth.
— O quê? Eu não posso mudar de idéia? — Meryn tentou
parecer inocente.
— Não, — Beth e Ryuu disseram juntos.
— Bem, já estamos parando, então é tarde demais. —
Amelia apontou para fora da janela.
— Que os Deuses nos ajudem, — Beth sussurrou
baixinho.
— He-he-he. — Meryn esfregou as palmas das mãos.
Amelia lutou contra o desejo de se benzer, e ela nem era
católica.
Ryuu estacionou e saiu para abrir as portas para elas. Ele
ajudou Meryn a sair do carro e caminharam até a porta da
frente. Antes que pudessem tocar a campainha, a porta se abriu
para revelar um senhor mais velho em trajes semelhantes aos
de Ryuu.
— Marius! Senti sua falta! — Meryn abraçou o homem pela
cintura.
— E eu também senti sua falta, Pequena Senhorita. Entre
e se aqueça. — Marius manteve a porta aberta e todos
entraram.
— Oh, que bom, estão aqui! Antes de irmos para o salão,
vocês, meninas, vêm comigo, — uma voz feminina chamou.
Amelia olhou e uma linda mulher loira estava se
aproximando rapidamente deles.
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— Marius, pode trazer um bule de chá para o escritório de
Byron?
— Claro. — Marius fez uma reverência e foi para os fundos
da casa.
— Aquele é o Marius Steward, ele é o escudeiro aqui, e esta
é a mãe do Aiden, Adelaide, ou como todo mundo a chama,
Lady McKenzie. — Meryn indicou a mulher bonita. — Mãe, esta
é a Amelia Ironwood. Você nunca vai adivinhar o que
descobrimos...
Adelaide colocou um dedo sobre os lábios de Meryn.
— Vamos para o escritório, querida. Você pode me dizer lá.
— Ela piscou um olho para as três e liderou o caminho.
Ninguém disse nada até Adelaide fechar a porta e remover
uma chave de latão do gancho para pendurá-la dentro de um
círculo mágico.
— Pronto, agora a sala está à prova de som. Tirei a ideia do
perímetro que Keelan fez para a propriedade Alfa. Com tanta
coisa acontecendo, Byron precisava de um lugar onde pudesse
ter conversas particulares.
Ryuu juntou seus casacos e saiu para pendurá-los.
Beth ficou à vontade em uma das poltronas.
— E por que precisamos ter uma conversa particular?
Adelaide apontou para as outras cadeiras e Amelia e
Meryn se sentaram.
— Agora, antes de começar, o que você ia me dizer,
querida? — Ela sentou-se perto de Meryn.
Meryn saltou para cima e para baixo em sua cadeira.

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Alanea Alder
— Descobrimos que a Amelia é minha prima, minha prima
de verdade! Nossas mães eram irmãs.
Adelaide empalideceu. Beth estalou a língua.
— Confie em mim, eu sei.
Amelia virou-se para Meryn, que parecia tão confusa
quanto ela.
— O quê? — Meryn exigiu.
— Meryn, você se lembra da reação que tivemos quando
anunciei que a havia adotado como minha irmãzinha? —
perguntou Beth.
— Sim, todo mundo pirou porque eu estava ligada a duas
casas principais... Oh, agora são três. — Meryn dedilhou os
dedos no braço da cadeira.
— Quatro, Meryn, lembra? Eu tenho dois conjuntos de
irmãos, os Ironwoods e os Ashleighs, — Amelia a lembrou.
Adelaide ofegou, com a mão na garganta.
— Como?
Amelia virou-se para Lady McKenzie.
— Eu sou a meia-irmã dos Ironwoods. Os Ironwoods são
meio-irmãos dos Ashleighs. Ambos os conjuntos de irmãos
serão muito protetores comigo e a Meryn.
— Interessante, não é? — Beth disse, recostando-se na
cadeira.
Houve uma batida na porta antes de Marius e Ryuu
entrarem com uma bandeja de chá. Ryuu fechou a porta atrás
deles e ajudou a servir uma xícara a todas. Meryn fez beicinho
para Marius, que imediatamente colocou uma cesta de biscoitos

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na mesa ao lado de Meryn. Ela atacou a cesta cantarolando
alegremente.
Beth tomou um gole.
— Mas você não sabia disso quando nos trouxe aqui. O
que você tinha para nos dizer que exigia um feitiço à prova de
som?
— Oh, querida, não sei bem como lhe dizer isso. — Ela
respirou fundo e olhou para Meryn por um segundo antes de se
virar para Amelia e Beth. — Meninas, vocês seguem a coluna da
sociedade, Querido Gentil Leitor?
Amelia e Beth balançaram a cabeça.
Adelaide franziu a testa.
— Foi o que pensei. Nas últimas semanas, as colunas
menosprezaram sistematicamente um certo grupo de mulheres.
— Ela fez uma pausa e olhou para as mãos enquanto as
remexia.
Os olhos de Beth se estreitaram.
— Que grupo de mulheres?
Adelaide suspirou.
— Vocês todas. As companheiras da Unidade Alfa. Nada
específico, claro. Tudo é dito em uma linguagem muito vaga,
mas todo mundo sabe de quem eles estão falando.
— O que estão dizendo? — Amelia perguntou. Ela podia
não acompanhar a coluna Querido Gentil Leitor, mas sabia que
era uma das publicações paranormais mais antigas e populares
do mundo. O que quer que fosse, estava sendo visto nas quatro
cidades-pilares.

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— Eu me recuso a repetir todo aquele disparate. Aqui está
a edição da semana passada. — Adelaide entregou a Beth um
jornal dobrado. Era o jornal de Lycaonia, O Observador. Os
olhos de Beth passaram rapidamente pelo papel. Todas as cores
desapareceram lentamente de seu rosto, e após suas bochechas
ficaram perigosamente vermelhas.
— Como eles ousam! — Beth ficou de pé, as narinas
dilatadas.
— O que estão dizendo? — Amelia perguntou.
— O que eles não estão dizendo? Um artigo insinua que a
razão pela qual os ferals estão atacando mais é porque os
homens da Unidade Alfa estão acasalando com “mulheres de
má reputação”.
— As pessoas ainda usam esse termo? — Amelia franziu a
testa.
— Eles não poderiam ser mais claros se tivessem usado
nomes reais. Qualquer pessoa com meio cérebro pode descobrir
que “a humana, cujas iniciais são MM, acasalada com o shifter
de urso” é a Meryn! Eu não vou deixar que eles se safem com
isso! Isso é difamatório! — Beth andava de um lado para o outro
em frente à lareira.
Adelaide balançou a cabeça.
— Gostaria que fosse assim tão simples. A identidade da
pessoa ou pessoas que escrevem nesta coluna tem sido o
segredo mais bem guardado em nosso mundo há séculos. Como
sua identidade está oculta, eles podem dizer o que querem com
impunidade, e as pessoas aceitam o que foi impresso como
verdade.
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Beth virou os olhos brilhando de raiva.
— Todos sabemos que a Daphne Bowers está por trás
deste ataque.
Adelaide assentiu.
— Mas não há como provar isso. Daphne provavelmente
usou sua vasta rede social para inundar os fofoqueiros com
essas “histórias” ridículas e cheias de ódio, pela possibilidade de
os autores da coluna escolherem uma para publicação.
Meryn se levantou e se espreguiçou. Ela pegou um último
biscoito e colocou na boca. Mastigou e engoliu em seco e sorriu
para todos.
— Vamos andando. Não queremos deixar o círculo de
costura esperando.
Adelaide ficou de pé e colocou a mão na testa de Meryn.
— Deuses, ela está doente?
Beth jogou o jornal no assento vazio e parou para respirar
fundo.
— Ela disse algo semelhante no carro pelo caminho. Eu
culpo a Meryn 2.0.
Meryn pegou a mão de Adelaide e a puxou em direção à
porta.
— Vamos!
— Ok, querida, vamos acabar logo com isso. — Adelaide
beijou Meryn na bochecha, e todos eles se dirigiram para a sala
de estar da frente. Meryn acenou alegremente para todos e
sentou-se ao lado de Adelaide. Beth sentou-se atrás de Meryn
para deixar Amelia sentada ao lado da prima.

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Todo mundo disse olá e começaram seus projetos. Vários
cobertores de bebê estavam sendo feitos, juntamente com dois
conjuntos de cortinas e alguns vestidos. Amelia observou com
curiosidade enquanto Meryn continuava checando seu
telefone. Estaria esperando uma mensagem de resposta do
Keelan?
Depois de meia hora, Marius bateu na porta e entrou,
carregando uma pequena bandeja de prata.
— O jornal, minha senhora. — Ele segurou a bandeja
enquanto Adelaide pegava o jornal com tanto entusiasmo
quanto ela teria se fosse um rato morto.
— Obrigado, Marius, — Adelaide disse fracamente.
Ele fez uma reverência, colocou a bandeja na mesa lateral
e se juntou ao Ryuu ao lado da porta.
— Deveríamos ler a coluna Querido Genril Leitor, —
Daphne sugeriu, sorrindo para todos.
— Talvez devêssemos nos concentrar em nossos projetos
em vez disso. Temos tantos cobertores de bebê para terminar, —
rebateu Adelaide.
— Eu acho que devemos fazer a Rosalind ler em voz alta
para nós. Vai entreter aqueles de nós que não estão costurando,
— sugeriu Meryn.
Beth e Adelaide encararam Meryn horrorizadas. Amelia se
recostou e esperou. Agora era o momento da verdade; o quanto
Meryn era parecida com ela? Se suas ações fossem alguma
indicação, a merda estava prestes a ficar muito feia, e muito
rápido.
Rosalind riu e aceitou o jornal de Adelaide.
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— Oh, céus, vamos ver o que está acontecendo no mundo
paranormal esta semana. — Seus olhos percorreram a coluna, e
cada grama de cor sumiu de seu rosto. Ela balançou um pouco
na cadeira. — Talvez a Lady McKenzie esteja certa; devíamos
apenas nos concentrar em nossos cobertores. — Ela estava
dobrando o jornal para colocá-lo na cadeira ao lado dela quando
Daphne riu de forma desagradável.
— Vamos, querida, não nos deixe em suspense. Estou
morrendo de vontade de ouvir o que foi relatado esta semana, —
Daphne murmurou com uma voz doce.
— E-eu... — Rosalind gaguejou.
— Vá em frente, Rosalind, não nos deixe esperando, —
Meryn solicitou.
— Bem... o artigo principal é muito escandaloso! O Querido
Gentil Leitor relata que uma certa Lady DB foi vista no
consultório de um cirurgião plástico humano passando por um
procedimento conhecido como vaginoplastia. O artigo continua
explicando que esse é um tipo de cirurgia para apertar as partes
femininas que foram usadas em excesso. — Ofegos encheram o
ar, mas Rosalind não havia terminado. — O artigo termina
dizendo que Lady DB pode estar sob investigação por — ela
engoliu em seco — suspeita de praticar atos indecentes com
animais de fazenda. — Sua voz parecia ecoar por toda a sala.
Amelia se virou, os olhos de Beth pareciam estar prestes a
sair de sua cabeça. Isso estava ficando interessante.
— Isso é absurdo! — Daphne gritou, pegando o jornal. Ela
o arrancou das mãos de Rosalind e começou a rasgá-lo em
pedacinhos, deixando pedaços de papel voarem por toda
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parte. Ao redor da sala, sussurros e risadas abafadas encheram
o ar.
Daphne parecia como se tivesse aumentado de tamanho
quando seu lobo pareceu assumir o controle, e seus olhos se
fixaram em Meryn. Rosnando, ela seguiu na direção delas. Em
segundos, Adelaide e Ryuu estavam em pé na frente delas para
impedir o avanço de Daphne.
— Saia do meu caminho! Eu sei que essa putinha está por
trás disso! — Daphne sibilou.
Meryn piscou, um olhar inocente no rosto.
— Eu não tenho ideia do que você está falando. Mas já que
você está ficando tão chateada, você está confirmando que é a
“DB”? — ela perguntou inocentemente.
Daphne gritou de raiva e se lançou em direção a
Meryn. Adelaide levantou a mão e simplesmente a empurrou
para trás com um empurrão no peito.
— Fique longe da minha filha, — ela avisou com um
rosnado baixo.
Daphne zombou.
— O que você vai fazer? Você não pode colocar um dedo
em mim sem arriscar o assento de Ancião do seu companheiro.
O degenerado ao seu lado, posando de escudeiro, não pode me
tocar ou corre o risco de ser deportado de Lycaonia. — Quando
ela sorriu, revelou um conjunto de caninos totalmente
estendidos.
Amelia sentiu a sala começar a se fechar. Os rugidos que
ela ouvira durante o café da manhã retornaram. Gelo começou
a se formar ao redor de seu coração e começou a se espalhar
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por seu corpo. Ela ficou como uma raiva tão fria que queimava
ao expandir em sua alma. Ela abriu caminho entre Adelaide e
Ryuu. Quando ela sorriu para Daphne, ficou satisfeita quando a
mulher mais velha se encolheu.
Daphne cometeu o erro de olhar na direção de Meryn. Foi
o suficiente para desencadear a fúria de Amelia. Movendo-se
mais rápido do que jamais havia se movido na vida, seu braço
disparou e ela agarrou Daphne pela garganta. Puxando força da
terra, ela facilmente levantou a mulher do chão, mantendo-a à
distância de um braço.
No fundo de sua mente, Amelia ouviu Beth conduzir as
outras mulheres para fora da sala. Ela não se importava com
quem estava lá. Tudo o que ela queria era destruir a mulher à
sua frente. Como ela ousava ameaçar sua família?! A escuridão
ao redor de seu coração lhe sussurrou, dizendo que se ela não
matasse Daphne, a mulher machucaria sua irmãzinha-prima.
— Me solte! — Daphne ofegou.
— Por que eu deveria? Você vai machucar a minha família,
— disse Amelia em uma voz monótona.
— Que família? Eu nem te conheço! — Os lábios de
Daphne começaram a ficar azuis.
Amelia sorriu. Ela achou que a cor parecia bonita.
Uma mão quente em seu braço quebrou sua linha de
pensamento. Ela virou a cabeça lentamente para olhar para
Ryuu.
— Itoko-sama, pense em como a Meryn ficaria triste se
você fosse exilada de Lycaonia. — Sua voz estava calma e
nivelada.
MY
SavioR
Alanea Alder
— Ela quer machucá-la, — protestou Amelia.
Ryuu balançou a cabeça.
— Eu nunca permitiria que isso acontecesse. Você pode
soltá-la. — Ele apertou a mão, e calor correu do pulso dela até o
ombro. Ela voltou-se para Daphne.
— Deuses! Os olhos dela estão pretos! Socorro! Alguém me
ajude! Ela é uma feral! — Daphne balbuciou.
Lentamente, Amelia abaixou Daphne no chão e a
soltou. Daphne caiu para trás soluçando e apertando a
garganta.
— O conselho saberá disso! — ela resmungou e correu da
sala.
Amelia caiu de volta em seu assento, horrorizada com o
que quase tinha feito. O calor de Ryuu começou a derreter
lentamente as partes frias de sua alma. A realidade a estava
alcançando. Ela quase matara alguém. Ela cobriu o rosto com
as duas mãos, incapaz de olhar para qualquer um.
— Isso foi a coisa mais foda do caralho! — Meryn disse
animadamente.
— Meryn! Você não vê que Amelia está chateada? — Beth
repreendeu.
Amelia olhou por trás das mãos para ver a expressão
confusa de Meryn.
— Por que ela está chateada?
— Por quê? — A voz de Amelia falhou. — Eu ia matá-la,
realmente matá-la, — ela sussurrou. A verdade era quase
demais para suportar.

MY
SavioR
Alanea Alder
— Pena que não matou. Essa cadela vai causar problemas
mais tarde; isso eu sei. É melhor matá-la agora, — disse Meryn
enquanto vasculhava a cesta de biscoitos.
— Normalmente, eu não aprovo violência, mas, neste caso,
minha peculiar filha está certa. Essa mulher é melhor morta. —
Adelaide parecia cansada.
Marius apareceu na porta, a boca se retorcendo de segurar
o riso.
— Todas as damas foram embora. Acho que você achará
interessante que a maioria delas se ofereceu para defender
Amelia se isso for ao Tribunal. Todas elas me confidenciaram
que Daphne saiu da linha ao ameaçar uma humana grávida que
não era de maneira alguma responsável pelo que foi impresso
no O Observador.
Adelaide sentou-se abruptamente em um sofá.
— Graças aos deuses por isso.
Amelia chegou mais perto de Meryn e descansou a cabeça
no ombro desta. Sem olhar, Meryn estendeu a mão e deu um
tapinha na cabeça dela, seu foco ainda na cesta de
biscoitos. Talvez o que ela fez não fosse loucura afinal. Ninguém
parecia particularmente chateado por ela quase ter matado
alguém.
Beth ficou na frente de Meryn, com os braços cruzados
sobre o peito.
— Seu pequeno demônio! Como você conseguiu que esse
artigo fosse para o O Observador?! — Beth exclamou antes de
cair na gargalhada.
Meryn riu.
MY
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Alanea Alder
— O que você quer dizer?
— Veja aqui, Beth, você sabe que não há como ela poder...
— Adelaide parou no meio da frase. Ela ofegou e cobriu a boca
com as duas mãos. — Você queria participar do círculo de
costura esta semana.
Amelia bocejou, emocionalmente esgotada.
— E você estava checando seu telefone o tempo todo.
Pensei que estivesse checando mensagens de texto, mas estava
checando a hora. Você sabia que o jornal seria entregue hoje à
tarde.
Ryuu e Marius a olharam fixamente. Ryuu, em uma
demonstração incomum de emoção, começou a rir. Ele se
inclinou contra Marius, cujo bigode cinza tremia enquanto
tentava esconder o sorriso.
— Fala logo, Ameaça! — Beth pegou a cesta de biscoitos de
Meryn, que a olhou brava.
— Tudo bem! Lembra de como eu disse que encontrei algo
interessante nos livros de história? Foi uma referência
à coluna Querido Gentil Leitor. Depois disso, assinei o jornal e
comecei a ler todas as colunas. Quando as coisas desagradáveis
sobre nós começaram, fui à biblioteca em Lycaonia com o Noah
e olhei todas as edições anteriores do O Observador, e notei uma
tendência que começou há cerca de cinco anos: muitos dos
principais artigos foram extraídos de fontes encontradas no
Facebook e em painéis de mensagens online dirigidos por
paranormais. Eu tinha pego todo esse conteúdo tentando
encontrar correlações com as pessoas desaparecidas, então
quase todos os artigos eram familiares. A Daphne pode ter
MY
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Alanea Alder
inundado a cidade com fofocas, mas tudo que eu precisei fazer
foi colocar com cuidado um ou dois documentos de referência
online e o resto é história. — Meryn pegou a cesta de biscoitos
de volta da Beth, que a encarou chocada.
— Mesmo se você tivesse colocado algo em um quadro de
mensagens, eles teriam verificado as fontes antes de imprimir
isso no jornal, — disse Beth.
Meryn assentiu.
— Não foi muito difícil criar um site de negócios para um
cirurgião plástico. Eu até hackeei o site dos Cirurgiões Plásticos
da América e adicionei o nome dele. Para todos os efeitos, ele é
tão real quanto você ou eu online. O departamento de polícia foi
fácil, pois eu já havia feito isso no ano passado. Foram
necessários dois segundos para criar um relatório policial feito
por um agricultor local preocupado.
Amelia sentou-se ereta e abraçou Meryn apertado.
— Seu pequeno gênio!
Meryn franziu a testa, olhando para Beth.
— Ela está fazendo isso de novo.
Beth deu de ombros e pegou um biscoito.
— Ela é da família, pode fazer.
Meryn suspirou.
— Verdade.
Amelia soltou sua irmãzinha-prima e recostou-se
novamente. Perder o controle tinha sido aterrorizante. Ela não
pôde deixar de notar que só começara a ter esses episódios
depois de fazer amor com Darian. Era como se um pouco da
escuridão dele tivesse penetrado nela. Nunca antes ela sentiu
MY
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tanta raiva. Se era isso que seu companheiro enfrentara
sozinho, era um milagre que ele ainda não havia se
transformado.
Ryuu se aproximou e fez uma reverência profunda diante
de Meryn.
— Bem bolado, denka, bem bolado, de fato.
Adelaide deu tapinhas no queixo.
— Mas isso nos ajuda ou nos machuca?
Amelia assistiu com espanto quando Meryn se encolheu e
começou a fungar, enxugando os olhos como uma criança.
— Mas Ancião Vi'Ailean, eu não fiz nada. Ela veio para
cima de mim e eu estava com t-t-tanto medo! Sou apenas
humana; tive medo pelo meu bebê! — Meryn caiu no
prato. Segundos depois, ela fungou dramaticamente, secou os
olhos e voltou a comer seus biscoitos. Amelia levantou a mão
silenciosamente. Meryn tocou na sua palma com a esfarinhada
dela e sorriu.
— No máximo, isso deve silenciar a facção que estava
alimentando os boatos sobre a Unidade Alfa perder sua eficácia.
Aqueles que estão no jogo verão isso pela jogada de poder que
foi. Excelente trabalho, Meryn, — elogiou Beth.
— Vaginoplastia, — Meryn bufou.
Isso foi o suficiente para Amelia cair numa gargalhada
incontrolável. Beth se encolheu numa bola de riso, sentanda no
outro lado de Meryn.
— Oh, meninas, vocês são boas para o meu coração, —
disse Adelaide.

MY
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Alanea Alder
Meryn se levantou e se espreguiçou, esfregando a parte
inferior das costas.
— É melhor voltarmos para casa. Eu meio que quero estar
lá quando o Aiden ouvir o que aconteceu.
— Para que ele saiba que você está bem? — perguntou
Adelaide.
Meryn balançou a cabeça.
— Não, para que eu possa vê-lo surtar.
— Oh céus. — Adelaide balançou a cabeça e abraçou
Meryn com força.
Amelia e Beth ainda estavam sorrindo.
Meryn virou-se para Ryuu.
— Estou com fome.
Ele suspirou.
— Claro que está. Você só comeu sem parar a manhã toda.
— Eu quero um sanduíche do Colton, parece ser a única
coisa que satisfaz a Meryn 2.0, — Meryn disse, um olhar
sonhador em seu rosto.
Amelia virou-se para Beth.
— Sanduíche do Colton?
Beth estremeceu.
— Um sanduíche louco que o Colton e o Aiden criaram
quando crianças. Tem manteiga de amendoim, maionese, picles,
queijo e carne seca.
Amelia lambeu os lábios.
— Isso, na verdade, parece meio bom.
Ryuu olhou de Meryn para Amelia.
— Eu acho que preciso de um adicional pelo risco.
MY
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Alanea Alder
— Bola pra cima, escudeiro, você tem sammiches pra fazer.
— Meryn sorriu maldosamente para Ryuu.
— Claro, denka.
— Senhoras, seus casacos. — Marius apareceu na porta
com seus casacos.
— O telefonema para o Byron deve ficar interessante, —
Adelaide riu.
— Diga ao papai que eu disse oi. — Meryn tinha um braço
na manga do casaco, mas continuava girando em círculo,
tentando encontrar a abertura para a outra manga. Ryuu a
parou de girar e segurou o casaco aberto para ela.
— Vocês, garotas, fiquem a salvo, — disse Adelaide
enquanto as acompanhava até a porta.
— Nós vamos, — elas responderam em uníssono e
sorriram umas as outras.
— Definitivamente preciso de um adicional pelo risco, —
Ryuu murmurou baixinho enquanto se dirigiam para o carro.
Amelia continuou sorrindo, mas por dentro estava
preocupada. Bem quando ela começou a sentir a escuridão em
seu coração começar a clarear, ela temeu que o pouco de luz
que Darian tivesse voltaria a se tornar escuridão.

MY
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Capítulo 9

— Aguente firme, Darian, eu te ajudo com isso, — Oron


falou do outro lado do campo de treinamento. Darian olhou
para cima e assentiu. Ele esperava que seu irmão dissesse algo
mais cedo, mas ambos decidiram manter o fato de serem irmãos
em segredo para manter sua rainha segura.
Oron ficou ao lado dele enquanto levantavam seu
equipamento de peso para carrega-lo de volta ao galpão. Aiden
queria o percurso limpo antes de Penny sair para brincar. Uma
vez dentro do galpão, Oron virou-se para ele.
— Irmão, sua luz... — ele começou.
— Eu sei.
— Por que você não reivindica a sua companheira? Fundir
suas almas pode te impedir de se transformar. — Oron sentou-
se em um dos caixotes.
— É tarde demais, irmão, — disse Darian em um tom
sombrio.

MY
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Alanea Alder
Oron socou a lateral de uma caixa, quebrando facilmente
as tábuas.
— Não diga isso. Deixe-me ir até a mãe...
— Não. — Darian balançou a cabeça.
— Vocês dois são tão teimosos, — amaldiçoou Oron
baixinho.
— Eu prometi a Amelia que aguentaria o máximo que
pudesse, mas a luz que recebi dela já está desaparecendo e a
escuridão está voltando. — Darian suspirou. Ele queria tanto
poder dar a Amelia um filho, mas em seu coração ele sabia que
não sobreviveria até o próximo solstício de inverno.
— Quando eu...
— Não! — Oron se levantou e ficou de costas para ele.
— Irmão, por favor... — Darian disse baixinho.
Quando Oron se virou para encará-lo, seu queixo estava
cerrado.
— Quando eu me transformar, me prometa que você levará
Amelia a Éire Danu. Ela estará segura lá. — Darian lhe sorriu.
— Por favor.
Com lágrimas nos olhos, Oron assentiu.
— Juro por minha honra que ela ficará segura.
— Obrigado, ajuda saber que ela será cuidada. — Darian
se levantou. — Vamos lá, não deixemos o comandante
esperando.
Oron hesitou.
— Você tem certeza de que nada pode ser feito?

MY
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Alanea Alder
— A escuridão é muito grande. Mesmo se eu tivesse
permissão para voltar para casa, os portais nunca me
aceitariam.
— Nós poderíamos tentar.
— Quando chegar a hora, não hesite em me matar. Eu não
serei mais eu. A escuridão já está sugando tudo o que me faz
ser quem eu sou. Não deixe que ela tome a minha honra. —
Darian colocou a mão no ombro do irmão.
— Aguente firme, — Oron implorou.
— Eu vou, o tanto que puder. — Ele deixou cair a mão e
caminhou em direção à porta. — Vamos, velhote, eu ainda
tenho vida o suficiente em mim para chutar a sua bunda. — Ele
se virou e viu o irmão engolir em seco e forçar um sorriso.
— Velhote? Só porque eu costumava trocar as suas
fraldas... — Oron sorriu.
Darian estremeceu.
— Não deixe os caras ouvirem você dizer isso.
O sorriso de Oron desapareceu.
— Devia ser eu, eu sou o mais velho. Eu não deveria ter
que ver meu irmãozinho evanescer.
Darian olhou para os campos de treinamento onde os
homens riam e brigavam entre si.
— A Destino não comete erros. Se esse é o meu destino,
deve ser por uma razão.
Oron acompanhou seus passos.
— Isso não significa que eu tenho que gostar, — ele
resmungou.
Darian balançou a cabeça.
MY
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Alanea Alder
— Eu não acho que ela se importa se você gosta.
Eles caminharam juntos em silêncio de volta aos campos
de treinamento. Ele estava feliz por ter tido a chance de falar
com o irmão. Saber que Oron cuidaria de Amelia tirava um
grande peso de seus ombros.
— Tudo bem, homens, se reúnam! — Aiden gritou. Ao lado
dele, Penny parecia ainda menor enquanto acenava para os
guerreiros que os circundavam.
Aiden estava prestes a falar quando um zumbido os levou
a olhar em direção a Keelan. Ele franziu a testa e puxou um
telefone do bolso.
— É a Meryn, — ele disse, destravando a tela.
Aiden lhe acenou.
— Diga a ela que a verei mais tarde. — Ele voltou-se para
os homens. — Temos uma ajudante especial hoje. A Penny
concordou em ajudar a treinar vocês, brincando de esconde-
esconde.
Darian voltou sua atenção de seu comandante para
Keelan. O jovem bruxo estava corando furiosamente e olhando
para Aiden com uma mistura de medo nervoso e pânico.
— Senhor, talvez você deva responder a isso, — disse
Keelan, estendendo o telefone.
Aiden balançou a cabeça.
— Mais tarde.
Keelan olhou para o telefone com uma expressão dolorosa,
telefone este que tocou novamente. Ele rapidamente digitou algo
e depois enterrou o telefone no fundo da mochila de Aiden.

MY
SavioR
Alanea Alder
Sascha gemeu e se levantou de onde estava apoiado contra
a parede de escalada.
— Bom dia, raio de sol! — Aiden falou alegremente. — No
momento perfeito. Estamos prestes a treinar com a Penny,
então levante a sua bunda sarnenta, — ordenou Aiden.
— Droga, Ameaça, — Sascha resmungou, avançando com
os pés instáveis.
Ao redor dele, os homens riram.
— Ok, madames, aqui estão as regras. Não se esconda em
casa e não se esconda no arsenal; ele está fora dos limites da
nossa garota aqui. Fora isso, divirtam-se. — Aiden tocou um
apito e Sascha fez uma careta. Os homens se dispersaram
enquanto Penny tapava os olhos.
Oron bateu punhos com ele e saiu correndo. Darian não
conseguia reunir a energia para ficar animado. Ele caminhou
em direção às árvores ao lado da pista de obstáculos e ficou
confortável na base de um dos bordos.
Não demorou muito para ele ouvir um farfalhar à sua
frente. Ele não conseguia ver a Penny, mas conseguia ver o
Felix. De fato, ele e Oron eram os únicos que podiam. A
atrevidinha estava usando o elfo para procurar por ela.
Felix estava embrulhado da cabeça aos pés em roupas e
Penny usara um laço de cabelo enrolado em tecido para manter
um pequeno aquecedor de mãos firmemente preso à cintura do
elfo. Felix parecia estar se divertindo como nunca.
— Isso é trapaça, — disse ele calmamente.
Segundos depois, Penny surgiu à vista, um olhar culpado
no rosto. Ele piscou um olho para ela e ela se iluminou.
MY
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Alanea Alder
— Não se preocupe comigo, não vou contar. Vou esperar
até que o jogo esteja quase terminado e vou voltar para o
percurso. Vou dizer ao Aiden que você me encontrou. Só quero
ficar aqui mais um pouco.
Penny sorriu e lhe fez um sinal de positivo com o polegar.
Darian percebeu que, embora ela tivesse começado a falar mais,
ela ainda revertia a sinais manuais para a maioria das
interações.
Penny se virou e estava prestes a continuar procurando
quando ele a deteve.
— Penny, — ele chamou baixinho. Ela lhe olhou.
— Sim? — sua voz era clara e doce.
— O Oron é como eu, ele pode ver elfos. Quando éramos
meninos, ele sempre se escondia em carvalhos. Procure por ele
lá. Use o Felix como um chamariz e você o pegará.
— Fodão! — Penny gracejou, jogando o punho no ar, assim
como sua tia adotiva favorita.
Darian riu.
— Não deixe sua mãe ou seu pai ouvirem você dizer isso.
Penny sorriu e sumiu de vista. Ele observou Felix acenar e
seguir atrás de sua amiga. Darian confrontara sua morte
iminente por anos, mas vendo Penny, isto estava realmente
começando a tomar forma em sua cabeça, ele nunca a veria
crescer. Ele nunca saberia que tipo de mulher ela se tornaria.
Pela primeira vez ele teve medo.
— Eu não quero ir, — ele sussurrou.
*****

MY
SavioR
Alanea Alder
Como prometido, Darian saiu da floresta quando percebeu
que a maioria dos homens havia sido encontrada. Ele se
aproximou de Aiden.
— Ela encontrou todo mundo? — ele perguntou.
Aiden assentiu, parecendo orgulhoso.
— Claro. Os homens estão pasmos. — Aiden riu e virou-se
para ele. — Ela te encontrou?
Darian assentiu.
— Com certeza.
— O último a ser encontrado é o Colton. — Aiden apontou
para onde o resto dos homens estavam sentados fazendo piada
uns com os outros.
Eles ouviram uma gargalhada à direita, e Penny saiu
correndo da direção das árvores até Aiden. Ela correu até ele
com os braços levantados. Aiden a pegou e a sentou em seu
braço. Segundos depois, Colton emergiu das árvores. Ele viu
quem estava segurando sua filha e fez uma careta.
Ele foi até eles abanando um dedo.
— Ela trapaceou! — Colton acusou.
Aiden levantou uma sobrancelha para Penny, que deu de
ombros. Aiden voltou-se para Colton.
— O que ela fez?
A carranca de Colton se transformou em um sorriso de
admiração.
— Eu sabia que ela não sabia exatamente onde eu estava,
então ela fingiu tropeçar em um galho. Quando eu saí do meu
esconderijo, ela apareceu como um macaco, me pegou e correu.
— Ela te pegou de jeito, Colton! — Ben gritou.
MY
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Alanea Alder
Colton riu.
— Pegou mesmo. — Ele pegou sua filha de Aiden. — Onde
você aprendeu a fazer isso?
— Tia Amelia, — ela respondeu. Os homens ao seu redor
gemeram.
— Elas estão infectando a próxima geração, — reclamou
Sascha.
— A Meryn parece ter mais os pés no chão do que a
Amelia, — disse Quinn. Ele lançou um olhar de desculpas para
Darian. — Desculpe, Darian, mas a sua companheira parece
sim um pouco excêntrica.
— Sim, bem, a Meryn fica “esfaqueadora” e não pensa
duas vezes em atordoar um tigre perfeitamente inocente, —
Sascha resmungou.
— Ok, homens, é isso por hoje. Unidade Alfa, vá ao meu
escritório para a revisão do colar, — ordenou Aiden. — O
conselho o deixou aqui enquanto todos estavam escondidos.
Darian voltou para a casa com os outros e viu Colton
deixar Penny na sala da frente. Ele a deixou com seu livro de
colorir antes de se juntar a eles no corredor. Uma vez no
escritório de Aiden, eles ficaram confortáveis nas cadeiras que
Meryn havia encomendado.
— Colton, você pode pegar o colar? Eu o coloquei na gaveta
inferior direita, — Aiden pediu, colocando sua bolsa ao lado de
sua cadeira.
— Claro, chefe. — Colton pegou o colar e o girou ao redor
do dedo. Darian observou o pé de Colton escorregar em um dos
gizes de cera de Penny e ele derrubar o colar na madeira.
MY
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Alanea Alder
— Está quebrado? — Aiden perguntou. Todos se
amontoaram em volta do colar, olhando para o chão.
— Não houve luz verde, então acho que está tudo bem, —
especulou Colton, exalando aliviado. Ele o pegou e gentilmente
o levou para a área de estar.
— Bem? — Aiden perguntou.
— Ainda é um colar, — respondeu Colton.
— Espertinho. — Aiden bateu em Colton amigavelmente.
Gavriel recostou-se.
— Eu concordo com o Colton neste caso, Aiden. O colar
não mudou nenhum pouco desde o dia em que o encontramos.
O Adam derramou todos os produtos químicos da clínica sobre
o colar, e todos os bruxos das unidades tentaram todos os
feitiços que conheciam para tentar entende-lo. Não sei o que o
conselho espera que façamos.
Aiden pegou o colar da mesa de café.
— Por mais frustrante que seja a realidade, isso é tudo o
que temos, cavalheiros. O Darian estava certo mais cedo.
Estamos constantemente na defensiva, e um dia desses eles vão
nos pegar desprevenidos. Cinco meses atrás isso não era um
problema, mas temos mulheres e crianças aqui agora, nossas
mulheres e crianças. Não podemos permitir que nenhum desses
bastardos vença. Então, quebrem a cabeça, o que mais
podemos fazer?
Darian tentou pensar em algo, qualquer coisa que
pudessem fazer. Ele olhou em volta e cada homem tinha uma
expressão séria semelhante. O problema era: como procurar por
algo que você não tem certeza de que existe para começar?
MY
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Alanea Alder
*****
— O Sascha está sendo tão sensível, — Meryn observou.
— Você o eletrocutou, — Beth a lembrou enquanto Ryuu
pegava seus casacos.
— Bebêzão. Vamos lá, ele disse que eles estavam no
escritório do Aiden. — Meryn virou para o longo corredor.
Amelia seguiu Meryn ao lado de Beth até o escritório de
Aiden. Ela não tinha certeza de como iria contar a Darian que
poderia ter acidentalmente iniciado uma confusão política ao
agredir uma matriarca de uma família shifter fundadora.
Antes de chegarem à porta, ela ouviu um zumbido em seus
ouvidos. Quando Meryn abriu a porta, Amelia teve que dar um
passo para trás. Gritos, ela ouviu gritos. Passando pela Meryn,
ela se jogou no cômodo primeiro para proteger sua irmãzinha-
prima de qualquer ameaça que estivesse causando esses gritos.
Os homens se levantaram de um pulo e pegaram suas
pistolas, os olhos percorrendo a sala.
— O que? — Aiden exigiu.
Amelia olhou em volta. A sala estava vazia, exceto pelos
homens, mas os gritos ainda enchiam o ar. Cobrir seus ouvidos
não ajudava a aliviar o barulho. Darian estava ao seu lado antes
que ela percebesse que estava caindo. Ele a segurou em pé e ela
começou a sacudir a cabeça.
— Faça parar! — ela gritou, tentando ser ouvida acima da
cacofonia de gritos intermináveis.
Darian, parecendo aterrorizado, segurou o rosto dela entre
suas mãos.
— Faça o que parar?
MY
SavioR
Alanea Alder
— Os gritos! Eles estão simplesmente gritando e gritando e
gritando! — Ela chorou quando ondas de desamparo,
desesperança e medo a tomaram.
— Ninguém está gritando, meu amor. — Darian passou a
mão pelos cabelos dela de forma reconfortadora. Ele se virou
para Aiden. — Me ajude!
Os homens se entreolharam impotentes.
— Mova-a para o sofá, — sugeriu Gavriel.
Darian a pegou no colo e começou a carregá-la em direção
ao sofá. Os gritos ficaram mais altos.
— Pare! — Amelia soluçou. Ela fechou os olhos com força e
rezou. Ele deu outro passo à frente e ela gritou quando sua
cabeça explodiu de dor.
— Pelo amor de Deus, pare! Ela está sangrando! — Meryn
gritou.
No fundo, ela podia ouvir o som de uma criança
aterrorizada chorando.
Darian deu um passo para trás, depois outro. Os gritos
estavam lá, mas menos intensos. Lentamente, um passo de
cada vez, os gritos foram ficando cada vez mais abafados. Logo
eles se tornaram um clamor sombrio e depois nada. Ela abriu
os olhos. Quando olhou em volta, percebeu que Darian a
carregara para o saguão. Colton estava no chão, segurando uma
Penny assustada contra o peito, balançando-a para frente e
para trás.
— Melhorou quando eu saí da sala, não? — perguntou
Darian.
Amelia assentiu.
MY
SavioR
Alanea Alder
— O que diabos tem naquela sala?
Ela ouviu fungadas à sua esquerda e viu Meryn chorando
com Aiden ao seu lado.
— Eu estou bem, — Amelia disse, com a garganta
machucada por causa de seus próprios gritos.
— Você começou a sangrar pelos olhos, ouvidos e nariz.
Você não está bem, porra! — Meryn gritou.
Amelia piscou com espanto.
— Sério? — Ela tocou a mão no rosto e esta voltou
ensanguentada. — Essa é nova.
— Eu liguei para a clínica, a Rheia está a caminho. Ela vai
querer examinar a Amelia e, é claro, verificar a Penny. Lhe
demos um baita susto. — Beth parecia pálida. Gavriel a tinha
rodeado com um braço.
Keelan foi até Colton e começou a fazer as bonecas de
Penny dançarem. Penny enxugou os olhos, mas sua cabeça
nunca saiu do peito de Colton. Ela observou as bonecas se
apresentarem e começou a se acalmar.
Amelia descansou contra o peito largo de Darian. Ela se
sentia como um macarrão molhado.
— Sinto muito por ter te assustado, Penny, não foi
intencional. — Ela fez um gesto para Darian colocá-la no chão.
Ele o fez, mas ficou perto.
Amelia se ajoelhou no chão, onde Colton estava sentado
com Penny no colo.
— Você sabe como você é uma shifter?
Penny assentiu.

MY
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Alanea Alder
— Bem, eu sou uma bruxa. Um dos meus dons é a
empatia, o que significa que às vezes eu posso ouvir e sentir
coisas que os outros não podem. Esse não é um dom legal como
o do Keelan. — Amelia apontou para suas bonecas dançantes.
— Mas eu aprendi a aproveitar ao máximo meu dom, ajudando
as pessoas. Às vezes — isso não acontece com frequência —,
mas às vezes o que alguém está sentindo pode me
sobrecarregar, e eu fico com medo. Você pode me perdoar por
gritar?
Penny se soltou dos braços de Colton e se envolveu em
torno de Amelia. Ela deu um tapinha no topo de sua cabeça.
— Tá bem. Tá bem.
Amelia abraçou Penny apertado, tomando cuidado para
não derramar sangue na pequena criança. Um pano molhado
apareceu à sua esquerda. Ela olhou para cima e assentiu para
Ryuu.
— Obrigada. — Ela se afastou e começou a se limpar. Ela
mexeu o nariz e olhou para o pano vermelho e rosa. — Eeeeca.
— Ela mexeu os lábios, fazendo Penny rir.
A porta se abriu e Rheia entrou. Ela viu as expressões de
todos e o pano ensanguentado de Amelia.
— Se divertindo sem mim?
— Mamãe! — Penny se lançou em Rheia, que a pegou no
colo e a apoiou no quadril.
— Ei, Docinho de Coco, ouvi dizer que você se assustou.
— Tô bem agora, mas a tia Amelia se machucou. Conserta
ela. — Penny apontou para Amelia.

MY
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Alanea Alder
— Eu estou aqui para fazer exatamente isso. — Ela olhou
em volta. — Talvez devêssemos ir ao escritório?
— Não! — Todos responderam de uma vez.
Rheia piscou.
— Ou não. — Ela olhou para Colton. Amelia sentiu pena
dele, ele tinha a aparência dos próprios sentimentos dela. Não
devia ter sido fácil consolar uma criança histérica.
— Penny, você pode sair com a gente. Podemos assistir
Como Treinar o Seu Dragão de novo. — Jaxon ofereceu. Noah
estava muito perto do amigo. Da perspectiva deles, deve ter
soado como se alguém estivesse sendo assassinado no escritório
de Aiden.
Penny assentiu e se remexeu para descer.
— Conserte tia, — ela ordenou à mãe, com as mãos nos
quadris.
— Sim, senhora. — Rheia sorriu e beijou a testa da filha.
— Posso sugerir que vocês todos se retirem para a sala da
frente? Vou trazer um chá calmante, — sugeriu Ryuu.
Todos assentiram e se dirigiram à sala de estar frontal.
Amelia estava de pé um pouco vacilante e Darian passou um
braço em volta de sua cintura para firmá-la.
— Vamos lá, Colton, — Rheia disse.
— Deixe-me aqui, eu não consigo me mexer, — Colton
disse do chão.
— Se a pessoa que estava sangrando pode andar, você com
certeza pode. — Ela cutucou seu companheiro com o pé.
Gemendo, Colton se levantou e puxou Rheia para seus
braços.
MY
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Alanea Alder
— Eu nunca, jamais, quero ouvir nossa filha gritar assim
novamente.
O rosto de Rheia se suavizou.
— Meu pobre companheiro. Vamos ajudar a Amelia e
depois podemos nos deitar, — ela prometeu.
Quando todos estavam sentados e cada um segurava uma
xícara de chá, Aiden se levantou.
— Eu acho que é seguro dizer que a Amelia estava
reagindo ao colar.
— Concordo. Quanto mais perto eu chegava, mais ela
gritava. Quando me afastei, ela se acalmou, — Darian disse,
segurando a mão dela.
— Por que apenas Amelia teve uma reação? — Colton
perguntou.
— Ela é a única empata a estar perto do colar? — Meryn
perguntou.
Aiden balançou a cabeça.
— O Tobias Laurel, da Delta, também é um empata. Ele
não teve reação.
Rheia apontou uma lanterna nos olhos de Amelia e ela
piscou. Rheia franziu a testa.
— Você já teve esse tipo de reação antes?
— No meu trabalho anterior eu ficava sobrecarregada, mas
era principalmente depressão. Eu não tinha reação física. — Ela
tomou um gole de chá.
— Trabalho anterior fazendo maquiagem? — perguntou
Beth.
Amelia balançou a cabeça.
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Alanea Alder
— Não. Antes de me tornar cosmetologista, eu era
psicóloga. Eu usava meu dom de empatia para diminuir o
trauma de vítimas de estupro. Eu me especializei em casos de
crianças. O efeito colateral de usar meu dom assim é que eu
sofro o trauma por um curto período de tempo. Chegou a ser
demais. Eu tive que desistir para permanecer sã.
— Oh meu Deus. — Rheia parecia doente. — As coisas que
você deve ter vivenciado.
Amelia deu de ombros.
— Não eram minhas lembranças. As crianças tinham as
cicatrizes de verdade. Elas me mostravam todos os dias qual é a
verdadeira força ao escolher viver.
Darian apertou a mão dela.
— Foi isso que você quis dizer, não é? Quando disse que
tinha sua própria escuridão.
Amelia assentiu.
— Eu não era forte o suficiente para continuar. Depois que
meus irmãos vieram e me buscaram, eu me cerquei de coisas
brilhantes e coloridas, isso me ajudou a me recuperar.
— Então, seja o que for o colar, é pior do que as
lembranças que você tem daquelas pobres crianças? —
perguntou Beth.
Amelia engoliu em seco. Ela nem tinha pensado nisso
assim.
— Sim. O que quer que seja aquele colar, é mil vezes pior
do que qualquer coisa que eu já senti antes.
— Bem, que se foda essa porra, — Meryn comentou
categoricamente.
MY
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Alanea Alder
Keelan pediu licença.
— Volto logo.
— Então, o que fazemos? — perguntou Beth. Ninguém
respondeu.
Segundos depois, Keelan apareceu na porta.
— Está rachado! Quando o Colton o deixou cair, o colar
deve ter rachado, o que explicaria porque Tobias não teve uma
reação.
— Bom trabalho, Keelan! — Aiden disse. Ele se virou para
ela. — Eu odeio pedir isso, mas você pode tentar voltar lá?
— De jeito nenhum, Aiden. Você está pedindo demais! —
Darian protestou.
Amelia se fortaleceu.
— Eu tenho que tentar. Estou preparada agora. Não vou
ser atingida inesperadamente. Entrarei um pouco de cada vez.
Os olhos de Darian estavam duros. Ela sabia que ele
estava mais irritado com a situação do que com seu
Comandante de Unidade.
— Você tem certeza? — Ele emoldurou a bochecha dela
com uma mão.
Ela esfregou a bochecha contra a mão dele.
— Tenho.
Aiden e os homens se levantaram.
— Senhoras, esperem aqui.
— Até parece.
— Sem chance!
— Vai sonhando. — Meryn, Beth e Rheia responderam.
Aiden beliscou a ponta do nariz.
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— Tudo bem. Vamos todos.
Amelia esperou até que todos saíssem para o escritório.
Ela se virou para o Darian.
— Segura a minha mão?
— Você nem precisa perguntar. — Ele pegou a mão dela e
a beijou gentilmente.
— Estamos prontos! — Aiden gritou.
— Vamos nessa. — Amelia se levantou e Darian caminhou
com ela.
Quando chegaram perto do escritório, ela sentiu a primeira
onda de náusea. Ela respirou pelo nariz e continuou andando.
No momento em que chegou na porta, ela podia ouvir os gritos,
mas estes não eram esmagadores.
Usando seu dom, ela estendeu a mão para eles. Ela passou
pelo terror e tentou ouvir as palavras sendo gritadas.
Brian! Penny! Meu pobre bebê!
Amelia recuou, continuou andando para trás até as costas
baterem na parede do corredor.
— Bem? — Aiden gritou.
— É a voz de uma mulher que eu ouço, uma delas de
qualquer forma. Ela está gritando pelo Brian e Penny, —
respondeu ela.
Ela ouviu um grito baixo antes de Rheia aparecer na porta
de olhos arregalados.
— O que você disse?
— Esta mulher está apavorada. Ela continua chamando
pelo Brian e a Penny e dizendo: “Meu pobre bebê”. — Amelia

MY
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observou a reação de Rheia cuidadosamente. Rheia começou a
tremer, Colton apareceu atrás dela.
— Ela fala da sua Penny, não é? — Amelia perguntou
gentilmente.
Rheia assentiu.
— Eu acho que é a mãe da Penny, seu companheiro se
chamava Brian. Eles foram assassinados há quase dois anos. —
Ela se virou para Colton. — Isso poderia explicar porque ela
conseguia ver o pai quando ele estava invisível, talvez ela
pudesse sentir sua mãe?
Colton assentiu.
— Faz sentido.
O coração de Amelia perdeu o passo. Era impossível, mas
não havia outra explicação. Passando por Rheia, ela correu para
a sala, sem prestar atenção à dor abrasadora que rasgava sua
mente. Ela cambaleou para frente e pegou o colar. Ela o girou e
quebrou contra a mesa de café. O silêncio que se seguiu foi
ensurdecedor. A luz verde brilhou e os gritos se foram.
Seus joelhos cederam com todo o peso da verdade por trás
do colar. Num momento ela estava de pé à mesa de café, no
outro ela estava deitada de costas com Rheia inclinada sobre ela
de um lado e Darian do outro.
— Você precisa diminuir sua frequência cardíaca, Amelia,
— Rheia disse segurando seu pulso.
— Onde está o Aiden? — ela gritou.
— Aqui.

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Ela olhou além de Darian e viu Aiden por perto. Ela
começou a soluçar, não conseguia dizer as palavras; era terrível
demais para dizer.
— Está tudo bem, meu amor, apenas descanse. — Darian
esfregou suas costas suavemente.
Ela balançou a cabeça repetidamente. Nada ficaria bem
novamente. Como tais abominações se infiltraram naquele
mundo sem ninguém perceber? Ela se encolheu numa bola e
chorou.
— Leve-a para cima, Darian; o que quer que ela tenha a
dizer pode esperar, — ela ouviu Aiden dizer.
— Não! Não pode esperar. — Ela virou a cabeça e olhou
para o Comandante de Unidade. — Eram almas, almas reais.
Presas no momento aterrorizante de seu assassinato. Cada
miçanga naquele colar era uma pessoa! — ela chorou.
O som de choro suave encheu a sala. Os homens fizeram
tudo o que podiam para reconfortar suas companheiras. Keelan,
o único sem uma companheira chorosa, por padrão foi quem
ligou para Byron e explicou o que eles haviam descoberto.
Amelia estava deitada passivamente no chão nos braços de
Darian. Ela queria chorar. Ela queria se opor à Destino por
permitir que tal coisa acontecesse, mas estava sem lágrimas.
Ela olhou para cima.
— Minha cabeça dói, — ela sussurrou.
— Rheia? — Darian chamou.
Rheia olhou para baixo e deu a Amelia um sorriso fraco.
Os olhos e o nariz de Rheia estavam vermelhos de tanto chorar.
— Em uma escala de um a dez, quão ruim está?
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— Trinta. É o começo de uma enxaqueca. — Amelia
manteve os olhos fechados contra a luz.
— Merda. Eu não tenho nada para enxaquecas na clínica;
os paranormais não as tem. Eu posso prescrever uma receita se
alguém puder pegar o remédio, — Rheia ofereceu.
Darian beijou a testa de Amelia.
— Eu irei. Se bem me lembro, o Duck In tem um grande
balcão médico.
Amelia sorriu levemente.
— Farmácias. Se chamam farmácias.
— Se você estiver indo à loja, pode pegar um pouco de
chocolate? — Beth perguntou em voz baixa.
— E Cheetos de jalapenho? — Meryn perguntou fungando.
— Vamos colocar as mulheres na cama e sair, — disse
Aiden, ficando de pé com Meryn nos braços.
Keelan se juntou a eles.
— Na verdade, eu prefiro ir àquela loja humana miserável
do que responder a mais perguntas do conselho. René Evreux é
um babaca de primeira classe.
— Então está resolvido. Nos encontramos no saguão em
dez minutos. — Aiden saiu da sala com Meryn.
Darian levantou-se, pegando Amelia e seguiu seu
comandante escada acima. Ele abriu a porta do quarto e o
cheiro das flores da noite imediatamente começaram a aliviar
um pouco da dor. Ele gentilmente a colocou na cama.
— Há mais alguma coisa que você precise? — ele
perguntou, afastando os cabelos do rosto dela.

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— Chocolate, por favor. Para quando eu me sentir melhor.
— Ela abriu os olhos e lhe sorriu.
— Claro. Eu ouvi falar da magia do chocolate humano.
Voltarei com uma seleção para você, — ele prometeu.
— Volte logo.
— Sempre.
Quando a porta se fechou atrás dele, Amelia fechou os
olhos e parou de lutar para ficar acordada. Ela estava cansada
demais para enfrentar a nova realidade sem o Darian.

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Capítulo 10

Darian e os homens ficaram no SUV por alguns minutos,


absorvendo as novas informações. Depois de alguns minutos,
Aiden ligou o carro e saiu da garagem.
— O que é uma enxaqueca? — Colton perguntou, virando-
se para ele.
— Tem que ser ruim, a Amelia avaliou trinta em uma
escala de dor de um a dez, — respondeu Darian. Ele odiava
deixá-la quando ela estava com tanta dor, mas o único lugar
que tinha o remédio dela era a loja humana.
— Keelan, — Aiden latiu.
Keelan suspirou e pegou o telefone. Ele tocou na tela
várias vezes.
— Aqui diz que as causas exatas são desconhecidas, mas
as dores de cabeça da enxaqueca podem causar dor intensa,
sensibilidade à luz e ao som, dor nos olhos, náusea e vômito. —
Keelan engoliu em seco. — Elas parecem horríveis. Amelia pode

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ser metade bruxa, mas ela também é metade humana e
suscetível a essas coisas. Diz aqui que o estresse é um fator que
contribui.
Darian sentiu-se mal. Sua pobre companheira! Como ela
conseguia sobreviver a uma coisa dessas?
— Aiden...
Aiden assentiu e lhe olhou pelo espelho retrovisor.
— Chegaremos lá em breve. Eu sei que você está ansioso
para voltar. Eu me senti da mesma maneira quando soube que
a Meryn estava tendo seu ciclo. Me matava saber que ela estava
em casa sozinha com seu útero virado do avesso, mas como
antes, temos que pegar o que a Amelia precisa para superar
isso.
Colton balançou a cabeça.
— Eu não consigo acreditar que a sua companheira é uma
psicóloga. Eu pensei que ela fosse uma versão borbulhante e
alegre da Meryn. Eu não acho que poderia fazer o que ela fez.
Ela é meio que incrível.
Orgulho por sua companheira brotou nele.
— Ela é, não é? — Darian se viu mais uma vez percebendo
que sua companheira merecia muito mais do que aquilo que ele
tinha a oferecer. No entanto, ele manteria sua promessa para
ela e tentaria permanecer na luz pelo tempo que pudesse. Era o
mínimo que ele podia fazer por uma criatura tão altruísta.
Não cedo o bastante eles estavam entrando no
estacionamento do Duck In.
— Armas? — Keelan perguntou.
Aiden assentiu.
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— Mas que sejam pequenas. O Bart me disse que
deixamos os outros humanos nervosos quando estamos
visivelmente armados.
Gavriel sorriu.
— Faz sentido, já somos muito maiores que o humano
comum. Mesmo sem armas, acredito que somos intimidantes.
Eles saíram do carro e verificaram suas pistolas antes de
entrarem na loja.
— Aiden, meu garoto! O que os tirou de casa hoje,
cavalheiros? — Bart falou por trás do balcão.
Eles se aproximaram do homem mais velho. Darian se
adiantou.
— Eu preciso de algo do seu balcão médico. Minha
companheira está com enxaqueca e nosso médico me deu isso
para pegar o remédio dela. — Ele mostrou a receita que Rheia
havia lhe dado.
Bart apoiou os óculos no nariz e pegou o pedaço de papel.
— Sinto muito mesmo por ouvir isso da sua mulher.
Venha comigo, garotos. Vou lhes mostrar onde fica a farmácia.
Bart saiu de trás do balcão e lentamente caminhou até os
fundos da loja.
— Bill! Bill! Eu tenho uma pres-cri-ção para você. — Bart
gritou por cima do alto balcão.
Um homem não muito mais jovem que o Bart espiou por
cima do balcão.
— Bem, me dê isso aqui! — Bill estendeu a mão e Bart lhe
deu o pedaço de papel.
Bill olhou o papel de cima a baixo.
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— Hmmm. Hmmm. Sumatriptano, hein? Alguém deve ter
uma enxaqueca. — Ele olhou para os homens. — Para quem é
isso?
Darian se aproximou.
— Minha companheira.
— Hmmm. Me dê quinze minutos, — disse Bill de forma
curta, antes de desaparecer atrás de seu alto balcão.
— Se comportem, garotos. Nada de travessuras como da
última vez, — Bart avisou balançando um dedo para eles.
— Não, senhor, — afirmou Aiden, acenando com a cabeça
para o homem mais velho.
— Boa. — Bart voltou para a frente.
Os homens ficaram parados em frente ao balcão por
alguns minutos antes de começarem a passear. Colton fez
Keelan se contorcer, mostrando-lhe diferentes caixas de
preservativos, e Gavriel descobriu o corredor que continha
chocolate importado. Sentindo que tinham descoberto tesouros
perdidos, eles encheram os braços de barras enroladas em
papel colorido e foram para a frente. Eles colocaram a variedade
de chocolate e o pacote de Cheetos de jalapenho para Meryn no
balcão, sorrindo uns para os outros triunfantemente. Bart
olhou para as seleções e balançou a cabeça. Assim que
finalizaram as compras eles voltaram para a farmácia.
— Eu me pergunto o que é isso? — Colton perguntou,
apontando para uma cadeira de aparência estranha.
Todos se reuniram em torno desta. Gavriel se aproximou
para ler o texto na máquina.

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— Diz aqui que você passa o braço por esse punho e ele diz
qual é a sua pressão arterial.
Todos se entreolharam antes de se virarem para encarar o
Keelan. Keelan começou a se afastar lentamente.
— De jeito nenhum!
Darian e Colton se entreolharam e cada um agarrou um
braço.
— Não seja assim, Kee. Vamos ver o que acontece, — disse
Colton com um sorriso diabólico.
Eles o colocaram na cadeira com esforço e deslizaram seu
braço no punho antes de recuar.
Aiden franziu a testa.
— Nada está acontecendo.
— Prescrição para Amelia Ironwood, — anunciou Bill.
Relutantemente, Darian voltou para o balcão.
Bill entregou a ele um pequeno saco de papel com vários
pedaços de papel grampeados neste.
— Você pode pagar aqui atrás, — Bill disse.
Darian pegou a carteira e entregou o cartão de crédito.
Enquanto esperava o cartão passar, ele começou a ler o papel
anexado ao medicamento.
Tenha cuidado ao usar se estiver grávida, planejando
engravidar, estiver amamentando ou após a menopausa.
Pode causar alterações mentais ou de humor, alucinações,
batimentos cardíacos acelerados, febre, perda de coordenação,
espasmos musculares, aumento da transpiração, náusea, vômito
ou diarreia.
Que diabos!
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— Senhor! Senhor! Este pacote diz que nenhuma mulher
grávida, que planeja engravidar deve tomar este medicamento.
— Darian acenou com o pacote para ele.
— Ela está gravida?
Darian balançou a cabeça.
— Não.
— Então você não precisa se preocupar. Assine aqui. —
Bill passou a ele o recibo. Rangendo os dentes, Darian rabiscou
seu nome.
— Ha! Você precisa apertar o botão, — ele ouviu Colton
dizer.
— Eu não gosto disso, — disse Keelan em voz baixa.
— Tenha uma boa noite. — Bill deu um sorriso duro e
desapareceu atrás do balcão.
Darian pegou o telefone e ligou para Rheia. Ela atendeu no
segundo toque.
— Olá?
— Rheia, estou preocupado. As instruções deste
medicamento afirmam que ele pode causar certos efeitos
colaterais.
— Ela vai ficar bem, Darian. Apenas traga o remédio para
casa. Se você estiver tão preocupado assim, eu vou checá-la a
noite toda, — ela prometeu.
— Rheia, o remédio disse que poderia causar alucinações!
— Darian apertou o pacote em sua mão.
— Eu sei, eu sei. Apenas o traga para casa, Darian. Está
tudo bem, eu prometo. — Rheia desligou e Darian franziu a
testa para o telefone.
MY
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Alanea Alder
A medicina humana pode te matar!
— Gente, meu braço dói, — Keelan disse, se remexendo no
assento.
Darian se aproximou para ver que a mão de Keelan estava
começando a ficar de um tom roxo avermelhado escuro.
— Isso deveria acontecer? — Darian perguntou a Aiden,
que deu de ombros.
— Ok, pessoal, essa merda dói, tire isso! — Keelan disse
puxando o braço, tentando retirá-lo do punho.
— Basta pressionar o botão de liberação, — Bill falou.
Colton olhou em volta e apertou o botão. Ele olhou para
Keelan.
— Bem?
— Ainda está apertando! — Keelan gritou.
— Eu vou buscar o Bart. — Gavriel se ofereceu e foi para a
frente.
— Tire isso de mim! — Keelan gritou histericamente.
— O que temos aqui? — Bart perguntou.
— Nós não conseguimos tirar o braço dele dessa
engenhoca. — Aiden apontou para Keelan.
— Você apertou o botão?
— Sim, — disse Colton pressionando o botão novamente.
Bart esfregou o queixo.
— Bem, que apuro isso. — Ele virou-se para a farmácia. —
Eu te disse que essa droga de coisa estava quebrada, — ele
gritou.
— Eu não consigo sentir meus dedos, — Keelan
choramingou.
MY
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Gavriel virou-se para Aiden.
— Temos uma espada no carro.
Os olhos de Keelan se arregalaram e ele começou a lutar
ainda mais para se libertar.
Bart virou-se para o Gavriel.
— Uma espada de verdade? — Seus olhos brilhavam de
curiosidade, fazendo-o parecer mais um garotinho do que um
velho grisalho.
Gavriel piscou um olho.
— Você realmente não precisa de dois braços, não é, Kee?
— Colton brincou.
— Preciso sim! — Keelan gritou de volta.
— Poderíamos tentar cortar o punho, — sugeriu Aiden.
Keelan balançou a cabeça.
— Você vai arrancar o meu braço!
— Não seja bobo, Keelan. Se arrancarmos o seu braço, vai
ter sangue para todo lado, — Aiden o censurou.
Keelan tinha acabado de começar a hiperventilar quando
Darian teve uma ideia. Ele deu um passo à frente e se inclinou
para perto do amigo.
— Você é um bruxo que domina o ar; você consegue
esvaziar o punho? — ele perguntou.
Segundos depois, Keelan puxou o braço do punho azul e
deslizou do pequeno banco para se sentar no chão.
— Eu odeio ir à loja. Eu odeio ir à loja. Eu odeio ir à loja...
— Keelan repetiu várias vezes.
— Ei, loirinho! — Uma voz impertinente chamou. Darian
virou-se para ver Bill acenando para ele. — Dê isso a ele. Vai
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acalmá-lo. Se você contar a alguém que eu te dei isso, eu vou
negar. Normalmente eu não faria isso, mas a culpa é minha por
não consertar aquela coisa. — Bill colocou um pequeno
comprimido em sua mão.
— Isso causará alucinações, náusea, vômito, febre...?
Bill revirou os olhos.
— Apenas dê isso a ele. — Ele se virou e desapareceu
novamente.
Darian olhou em volta. Ele viu uma estande de água
engarrafada e pegou uma. Ele foi até Keelan e se ajoelhou.
— Aqui está, Keelan. Isso vai ajudar. — Ele lhe entregou o
pequeno comprimido e a garrafa de água aberta. Keelan nem
sequer perguntou o que era; ele apenas engoliu.
— Como está o braço? — Aiden perguntou.
Keelan olhou para cima, seus olhos um pouco menos
frenéticos.
— Eu consigo movê-lo. — Ele estendeu o braço e o girou.
Aiden virou-se para Darian.
— Você pegou o remédio da Amelia?
— Sim, embora eu tenha preocupações sobre dá-lo a ela.
— Darian franziu a testa.
— Confie na Rheia, ela não lhe daria nada que fosse
prejudicial, — disse Colton.
— Ora essa, o garoto está bem? — Bart disse apontando
para Keelan, que havia caído de lado, a boca aberta e babando.
— Keelan! — Colton se ajoelhou e verificou a pulsação
deste.
Bart virou-se para o balcão da farmácia.
MY
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— O que você deu ao garoto? — ele demandou.
— Só uma coisinha para acalmar seus nervos, embora não
deveria ter feito efeito tão cedo, geralmente demora de trinta a
quarenta minutos para haver esse tipo de reação, — Bill disse,
espiando por cima do balcão.
— Pegue ele, Colton. Vamos levá-lo para casa, — disse
Aiden.
Colton colocou Keelan em uma posição sentada e passou o
braço do bruxo em volta do pescoço.
— Vamos, garoto, vamos para casa.
— Eu tento tanto, mas nada muda, — Keelan murmurou
incoerentemente antes de desmaiar novamente.
— Eu sei, eu sei. — Colton assentiu e se levantou. — Nós
vamos levá-lo para casa e então você pode mimir.
— Ele está apagado, — Gavriel observou.
— A única coisa que poderia contribuir para esse tipo de
reação é a possível privação do sono. Ele tem dormido? — Bill
perguntou.
Ou pode ser que afete os bruxos mais rapidamente do que
os humanos. Darian balançou a cabeça. Confie no Keelan para
descobrir da maneira mais difícil.
Os homens se entreolharam.
— Ele disse no café da manhã que estava tendo
dificuldades para dormir ultimamente, — disse Gavriel.
— Então estou feliz que ele esteja dormindo um pouco
agora, — disse Aiden antes de se virar para Bill. — Você tem os
meus agradecimentos.
Bill dispensou os agradecimentos de Aiden.
MY
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— Ele deve ficar bem de manhã.
Aiden assentiu e eles caminharam para a frente da loja.
Colton colocou Keelan na parte de trás do SUV e fechou a
porta.
— Colton, você não poderia colocá-lo em um assento? —
Aiden perguntou franzindo a testa.
— Ele vai ficar bem, apenas dirija com cuidado, — disse
Colton pulando no assento traseiro.
Quando estavam voltando, o silêncio encheu o carro.
— Você sabe que ele nunca mais vai à loja conosco depois
disso, certo? — perguntou Darian.
Isso foi todo o necessário, primeiro Gavriel e depois Aiden
começou a rir. Colton colocou as mãos atrás da cabeça e deu
risadinhas.
Darian balançou a cabeça e sorriu.
Havia maneiras piores de passar a noite.
*****
Amelia abriu os olhos quando ouviu Darian voltar. Ela
esteve dormitando desde que ele saiu.
— Eu te acordei? — ele perguntou, parando abruptamente.
— Não, estou acordada há um tempinho. Teve algum
problema para pegar o remédio? Eu não lhe dei nenhum
documento meu.
Ele balançou a cabeça.
— Não, eu consegui pegá-lo sem problemas. — Ele colocou
uma garrafa de água na mesa de cabeceira, abriu a sacola de
papel e pegou uma pequena garrafa. Ele quebrou o selo
inviolável e gentilmente tirou uma pílula para ela. Ele lhe
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entregou o remédio. Ela colocou a pílula embaixo da língua com
gratidão, desejando que esta se dissolvesse e fizesse efeito o
mais rápido possível. Abrindo um olho, ela olhou ansiosamente
para a água, mas sabia que teria que esperar até que a náusea
diminuísse para tomar um gole.
— Eu vou dormir no quarto de hóspedes. — Ele se virou
para sair.
— Por favor, fique. — Tudo no que ela conseguia pensar
era Darian lhe rodeando com os braços e nunca indo embora.
Ela queria que os problemas do mundo parassem na porta do
quarto deles e os deixassem em paz.
Silenciosamente, ele tirou a roupa e subiu na cama atrás
dela. Em qualquer outra ocasião, ela teria feito qualquer coisa
para seduzir seu companheiro. A única noite de amor deles a
deixara com vontade de mais, mas ela mal conseguia manter os
olhos abertos.
— Durma, meu amor. Amanhã é um novo dia. — Ele lhe
beijou o ombro e a puxou para perto de seu corpo.
Quando o remédio começou a fazer efeito, aliviando a
enxaqueca, ela soltou um suspiro de alívio; o sono não estava
muito longe.
*****
— Como diabos você drogou o Keelan? — Rheia exigiu,
verificando as pupilas do Keelan a manhã seguinte, no café da
manhã.
— Eu dormi maravilhosamente, — disse ele, bocejando.
— Você ficou completamente inerte, eu pensei que você
tinha parado de respirar uma hora ontem à noite. — Rheia
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olhou brava para seu companheiro, que riu. Colton engoliu o
riso e voltou a atenção para a omelete.
Amelia se espreguiçou.
— Eu me sinto ótima também. Não há vestígios de dor de
cabeça agora.
Rheia terminou com Keelan medindo sua pulsação.
— Chega de Valium para você.
— Sim, senhora. — Ele sorriu timidamente.
Rheia sentou-se, colocou a maleta médica no colo e
guardou sua lanterna clínica penlight.
— Eu preciso conversar com o Adam mais tarde e criar
uma lista de medicamentos e de quão diferente os paranormais
reagem a eles.
Gavriel se inclinou para frente.
— Não querendo estragar o bom humor de ninguém — ele
se virou para Aiden: —, mas o que fazemos agora? — Todo
mundo ficou quieto.
Aiden recostou-se na cadeira.
— O conselho reclamou o colar restante do Adam e o tem
sob guarda. Agora que eles sabem com o que estão lidando,
estão iniciando uma nova série de testes.
— Você está brincando comigo, certo? — Amelia disse,
sentindo sua pressão subir.
Aiden estremeceu.
— Quem me dera.
— Aiden, aquele não é mais apenas um colar. Aquelas
miçangas são pessoas! Elas estão presas em um momento de
puro terror, temos que destruir o colar e libertá-las!
MY
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Aiden virou-se para ela com tristeza no rosto.
— Se dependesse de mim, isso teria sido feito ontem. Mas
o conselho assumiu a investigação; está fora das minhas mãos.
— Então, o que fazemos? — Meryn perguntou calmamente.
— Nós fazemos o que sempre fazemos. Você e a Beth
assumirão o meu escritório para fazer a sua mágica de
computador. A Penny irá para a escola. A Rheia irá para a
clínica e os homens começarão os exercícios matinais. — Ele
olhou para Amelia. — Você deve descansar. Eu estou exausto
hoje só de te ver ontem.
Rheia assentiu.
— Eu concordo, Amelia. Você fica tranquila hoje.
Amelia deu uma olhada em seu companheiro. Enquanto se
preparava esta manhã, ela notou que ele estava ainda mais
arredio do que o normal. Ele parecia mais vazio agora do que
antes de terem feito amor.
— Eu gostaria de ver todos vocês treinando, se estiver tudo
bem? Eu fico confortável no campo de treinamento. Eu cresci
em um. — Ela deu a Aiden seu sorriso de dez mil megawatts de
brilho.
Ele lhe sorriu de volta.
— É claro, mas sem participar. Ouvi dizer que você tem
vários recordes de velocidade em Storm Keep.
— Vou apenas observar, — ela prometeu.
Aiden se levantou.
— Ok, pessoal, vamos começar o nosso dia.

MY
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Amelia virou-se para Darian e agarrou sua mão. Quando
ele olhou para baixo, seus olhos estavam desprovidos de
emoção.
— Eu vou torcer por você, ok?
Ele assentiu e soltou a mão da dela, indo em direção ao
saguão. Ela tinha que fazer alguma coisa. Ela o estava
perdendo! Mas ela não tinha ideia do que fazer ou a quem
recorrer. Ela debateu sobre ir até o Aiden quando a conversa
com Caiden surgiu em sua mente. Darian tinha um irmão!
Talvez Oron pudesse ajudar. Respirando fundo, ela foi para o
corredor e tirou o casaco do armário. Se o Oron não pudesse
ajudar, ela não sabia o que faria.
Ela saiu e procurou nos rostos dos homens. E se ele não
estivesse ali naquele dia? Ela se arriscou e se aproximou do
primeiro guerreiro fae que viu.
— Oron?
O guerreiro lhe olhou e sorriu.
— Não, eu sou Larik Li'Milerlen, da Unidade Beta. Oron é
aquele trabalhando com as cordas. — Ele apontou para o
guerreiro sem camisa fazendo exercícios de batalha com cordas.
— Obrigado!
— A disposição.
Ela atravessou o campo de treinamento até o irmão de seu
companheiro.
— Olá, — disse ela.
— Olá, pequena. Fiquei me perguntando quanto tempo
levaria antes que você me procurasse. O Darian te falou sobre
mim? — Oron perguntou, colocando as cordas grossas no chão.
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Ela balançou a cabeça.
— Não, eu ouvi sobre o seu relacionamento do meu irmão,
Caiden.
— Irmãos são coisas engraçadas, não são? As únicas
pessoas no mundo inteiro pelas quais você morreria de boa
vontade, mas também são as únicas neste mundo que
conseguem te enlouquecer. — Ele lhe sorriu, seus olhos
castanhos cheios de vida e luz.
Ela não pôde evitar sua reação. Ela sentiu o rosto retorcer
enquanto lágrimas surgiam em seus olhos.
Oron olhou em volta em pânico.
— O que quer que eu tenha dito que te chateou, eu sinto
muito.
Ele passou um braço em volta dela e a abraçou de uma
maneira que a lembrou de seus irmãos. Esse pensamento
trouxe uma nova onda de lágrimas.
— Shhiiiu, querida, está tudo bem. Diga-me qual é o
problema. Eu farei o que puder para ajudar. — Oron pegou a
camisa que retirou e começou a secar o rosto dela com
batidinhas, acidentalmente cutucando-a nos olhos.
— Ai! — Ela pegou a camisa e secou as lágrimas. Sua
expressão abatida a fez sorrir. Ele era muito ruim nisso.
— Me dê licença enquanto eu vou pedir ao meu
Comandante da Unidade que me dê um chute no traseiro. —
Oron suspirou e foi se afastar.
Ela riu e lhe puxou o braço.
— Sinto muito, eu não quis te assustar. Embora eu ache
muito engraçado que algumas lágrimas o deixaram tão agitado.
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O rosto de Oron se suavizou.
— Minha mãe sempre nos ensinou que as lágrimas de uma
mulher não tinham preço e só deveriam ser derramadas em
momentos de grande alegria.
— Essa é a mãe do Darian também?
Oron assentiu.
— De certa forma.
— Ela seria capaz de ajudá-lo? Ele está tão perto. Hoje de
manhã ele nem me notou. — Ela estremeceu com a lembrança.
De repente, Oron era todo negócios.
— Eu não quero ser invasivo, mas ele te reivindicou?
Ela balançou a cabeça.
— Ele não quer se arriscar a se transformar e destruir a
minha alma. Nós tivemos intimidade, no entanto. — Ela corou
furiosamente. — Pareceu ajudar por um tempo, mas hoje parece
quase como se ele estivesse pior por causa disso.
— Pode haver uma maneira, mas ele não vai gostar, —
Oron disse.
— Nem quero saber. Eu faço o Aiden e o Colton amarrem
aquela bunda grande dele se for necessário, — ela se irritou.
Oron riu.
— Minha mãe vai gostar de você. — Ele vestiu a camisa
antes de se ajoelhar para mexer na bolsa de ginástica. Ele
pegou uma pequena bolsa de couro, abriu e a virou de cabeça
para baixo. Um grande anel de prata ornamentado caiu em sua
mão. — Normalmente, um fae retorna a Éire Danu a cada trinta
ou quarenta anos para reabastecer sua luz. Nós absorvemos a
luz e a magia da cidade. Essa é uma das principais razões pelas
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quais a cidade é fechada para forasteiros. Cerca de seiscentos
anos atrás, o Darian teve uma discussão com a nossa mãe. Ele
havia tido um sonho no qual se juntava à Unidade Alfa e
apoiava o novo Comandante da Unidade aqui em Lycaonia.
Nossa mãe ficou furiosa, principalmente porque estava
aterrorizada. Darian sempre foi o gentil, o poeta. Ele era um
espadachim competente, mas não era um guerreiro.
“Ele a desobedeceu e ela o baniu de Éire Danu. Uma das
principais razões pelas quais sua luz está quase exaurida é
porque ele não vai para casa tem quase seiscentos anos.
Amelia se sentiu confusa.
— Então por que ele simplesmente não vai para casa
agora? Certamente está tudo bem depois de todo esse tempo.
Oron sacudiu a cabeça.
— Tirando o fato de que a minha mãe e o meu irmão são
duas das criaturas mais teimosas da face desta terra de Deus,
por alguma razão, a luz do Darian está mais fraca do que
deveria estar. Nenhum fae jamais esteve tão escuro sem ter
cometido um grande pecado. Se ele tentasse passar pelo portal
para Éire Danu como está, o portal o rejeitaria. É uma medida
de segurança para manter os ferals fora da cidade.
— Então o que podemos fazer? — Amelia sentiu como se
não houvesse esperança.
— Isso foi antes de ele te encontrar. Podemos tentar algo
que nunca foi feito antes. Como eu disse, nenhum outro fae já
ficou tão escuro sem cometer um pecado, então nunca tivemos
esse tipo de cenário antes. Mas por você ser sua companheira,
se você atravessar o portal com ele, o portal poderá reconhecer
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a sua luz e ver o Darian como um fae acasalado e deixá-lo
passar.
— E se ele não reconhecer? — ela perguntou baixinho.
— Isso poderia matar vocês dois.
— Eu não tenho medo por mim, mas ele nunca vai aceitar
isso. — Ela esfregou o rosto com as mãos.
Oron emoldurou o rosto dela.
— Quanto tempo ele tem?
Amelia estava prestes a responder quando ouviu um
rugido desumano à direita. Oron olhou e teve apenas tempo o
suficiente para empurrá-la para fora do caminho antes que o
Darian o derrubasse no chão.
— Ela é minha! Minha! Minha! — Darian rosnou e cuspiu.
— Acho que isso responde a pergunta, — disse Oron e
grunhiu quando o punho de Darian fez contato com seu
estômago.
— Darian, pare! — Ela não se mexeu a tempo e foi
derrubada no chão por seus corpos violentos.
— Quinn! Teia de Emaranho! — Oron gritou, lutando com
Darian tentando mantê-lo sob controle.
Amelia viu um guerreiro se aproximar correndo já
recitando um feitiço. Ela sentiu uma agitação e sua magia
respondeu! Ele estava usando magia de terra.
Trunculi Laqueumin!
Oron saiu do caminho de um salto quando centenas de
finas raízes de gavinha saíram do chão e se entrelaçaram em
torno de Darian. Seu companheiro rosnou e sibilou, seus olhos

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completamente pretos. Ela puxou os joelhos contra o peito,
incapaz de enfrentar a realidade de que o havia perdido.
— Oron! — Aiden gritou correndo até eles.
— Eu tenho que levá-lo para casa, senhor. É sua única
chance.
Aiden a ajudou a se levantar.
— Não desista ainda. Eu não tenho o hábito de perder
homens, e não vamos começar agora. — Ele beijou a testa dela.
Oron procurou no chão o anel de prata que havia pego
antes. Ele o pegou e o colocou no dedo anelar direito. Ele pegou
Darian facilmente e o jogou por cima do ombro. E estendeu a
mão.
— Amelia, depressa!
Assustada, ela pegou sua mão.
Ele a olhou.
— Pense nele, e em sua mente, mantenha-o na luz.
Ela fechou os olhos e lembrou-se de sua aparência
andando com ela nos jardins dos faes. Ele tentando não sorrir
de algo que ela disse. O olhar em seu rosto quando ele
finalmente admitiu seus sentimentos e a maneira como ele
parecia brilhar enquanto a olhava enquanto faziam amor.
Ela sentiu seu corpo estremecer e sacudir. Escuridão e
gelo pareciam perfurar seu corpo, e quando ela estava prestes a
ceder à dor, esta se foi. Ela abriu os olhos e piscou.
Olhou em volta. Eles estavam em um grande pátio. Um sol
aconchegante estava no céu e centenas de flores floresciam ao
redor deles. Elfos de todas as formas e tamanhos cintilavam ao
redor gritando a plenos pulmões.
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— Pare! Quem ousa invadir o jardim real de Vossa
Majestade?
Vossa Majestade?
Amelia olhou para o grupo de guerreiros fae muito
grandes, vestidos com uniformes idênticos abatendo-se sobre
eles.
— Oron! — ela sussurrou urgentemente.
Oron colocou um Darian ainda sibilando e cuspindo sobre
os paralelepípedos e ficou de pé mostrando toda sua altura.
— Pegue eles! — Os guardas os cercaram. Um par de mãos
a agarrou e a afastou de Oron. Ela viu horrorizada quando um
guarda ergueu uma espada de prata radiante sobre o pescoço
de Darian.
— Oron! — ela gritou.
Oron agarrou o guerreiro pela garganta e levantou-o do
chão.
— Você não estava prestes a machucar meu irmãozinho,
estava? — Ele olhou para onde ela estava sendo contida por um
guarda. — E tire suas mãos da minha irmã! — ele ordenou.
— Você não tem autoridade aqui. Como ousa trazer esse
feral imundo para os jardins da Rainha! — Um guarda disse
tirando o capacete.
— Malcolm, você é o Capitão da Guarda? A mãe deve ter
ficado desesperada depois que eu saí. — Oron disse, seu tom
insultante.
O capitão parou em cheio.
— Príncipe Oron?
Príncipe?
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Ao redor deles, os guardas congelaram instantaneamente.
As mãos que a seguravam soltaram-na em choque. Ela
imediatamente voltou para o lado de Darian.
— O que está acontecendo aqui? — Uma suave voz
feminina exigiu.
— Vossa Majestade, o Príncipe Oron voltou, trazendo um
feral e uma bruxa com ele, — relatou o capitão.
— Oron? Feral? — Uma figura alta e esbelta pisou na luz.
Amelia nunca tinha visto uma mulher mais bonita na vida. Ela
encarnava cada fantasia humana de como eram os faes. Essa
mulher era a Rainha dos Faes e o coração de sua raça.
A rainha olhou para os pés de Oron e soltou um baixo
gritinho.
— Darian! Meu filho! — Ela se aproximou correndo e caiu
de joelhos.
— Príncipe Darian? — os homens ao seu redor
sussurraram.
Oron se ajoelhou ao lado da rainha.
— Você pode ajudá-lo, mãe? Esta é a companheira dele,
Amelia. Ela é a razão pela qual fomos capazes de fazê-lo cruzar
o portal.
A rainha não respondeu. Ela acenou com a mão sobre
Darian, e ele se aquietou instantaneamente. Segundos depois,
as raízes se foram e ela o puxou para seus braços. Ela
descansou a cabeça deste em seu peito e balançou para frente e
para trás, gemendo baixinho.
— Isso é tudo culpa minha! Eu nunca deveria ter dito o
que disse. Por favor, Deusa, não castigue o meu filho pela
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minha tolice. Pegue minha luz, deixe-a passar para ele. — Uma
luz quente os envolveu.
Oron levantou-se e caminhou até Amelia, que assistia
chocada. Ele passou um braço em volta dela e a abraçou.
— Se alguém pode salvar o meu irmão, é ela.
Limpando as lágrimas, ela também orou à Deusa.
Por favor. Por favor, não o tire de mim. Acabamos de nos
encontrar, eu preciso de mais tempo.
Depois de alguns minutos, a rainha olhou para cima,
confusa.
— Eu não entendo. Isso deveria estar ajudando. — Ela lhes
olhou. — Ele a reivindicou?
Amelia balançou a cabeça.
— Ele não se atreveu. Ele sabia o quão perto estava.
A rainha balançou a cabeça.
— É como se um pedaço de sua luz estivesse
completamente desaparecido.
O coração de Amelia perdeu o passo.
— O que você disse?
A rainha piscou.
— Ele tem um buraco em sua aura, o núcleo de sua luz se
foi, não se apagou, se foi. Normalmente, isso não seria tão
crítico já que os faes retornam regularmente a Éire Danu para
recarregar sua magia, mas ele não esteve em casa. — A voz dela
falhou.
Amelia deu um passo à frente.
— Eu tenho o pedaço! Ele me deu quando eu era criança,
para que ele pudesse me encontrar. — Ela apertou o peito.
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— Venha aqui! — A rainha ordenou.
Amelia se ajoelhou ao lado de Darian.
A rainha hesitou.
— Isso pode doer.
— Eu não ligo, ajude-o!
A rainha assentiu e levantou uma mão pálida e esbelta.
Amelia olhou para baixo quando uma pequena esfera de luz
dourada foi tirada de seu peito. Ela sentiu sua perda, mas sabia
que poderia viver sem ela, Darian não.
Amelia viu a rainha empurrar delicadamente a esfera para
dentro do peito de Darian. O corpo deste estremeceu uma vez e
voltou ao chão. Ele deu um suspiro trêmulo de alívio, e seu
rosto ficou em paz.
— Graças à Deusa! Está funcionando! — A rainha
continuou a banhar Darian em luz. Amelia sentiu uma onda de
tontura. Oron apareceu ao seu lado imediatamente ajudando-a
a ficar deitada.
— Amelia, Amelia, você pode me ouvir? — Uma voz suave
chamou.
Amelia assentiu com grande esforço.
— Você precisa parar de lutar e deixar seu corpo
descansar. Ele tem que se ajustar à ausência da luz de Darian.
Durma, filha minha, e quando acordar, seu companheiro estará
lhe esperando.
— Promete? — Amelia perguntou.
— Eu prometo, querida, agora durma.
Amelia descobriu que quando a Rainha de todos os Faes
lhe diz para dormir, você dorme.
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Capítulo 11

Amelia acordou devagar e instintivamente se virou para a


bela voz masculina. As palavras eram familiares; ela já as ouvira
antes. Palavras suaves cantavam sobre a chama de uma vela e
um amor que suportaria o vento e a chuva. Saindo de seus
sonhos e entrando em sua vida. Quando ela abriu os olhos, o
canto parou.
— Como você está se sentindo? — Darian perguntou, sua
voz suave e gentil.
Ela olhou nos encantadores olhos cor de lavanda dele e
começou a chorar. Ele era o príncipe de tanto tempo atrás. Ela
devia estar sonhando.
— Oh, meu amor, não chore. Eu posso suportar qualquer
coisa, exceto a visão de suas lágrimas. Por que você está tão
chateada? — Ele a puxou para seus braços e a esfregou nas
costas.

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— Você é o meu príncipe dos sonhos, o que significa que
devo estar sonhando. — Ela fungou. — Você provavelmente está
realmente morto, e eu surtei, e isso é uma alucinação!
— Você realmente é parente da Meryn, não é? — ele
perguntou antes de inclinar a cabeça dela para trás. Lenta e
deliberadamente, ele começou a lhe beijar o rosto — a testa,
entre as sobrancelhas, cada pálpebra, o nariz e, finalmente, os
lábios.
Ela piscou para ele.
— Isso é real?
Ele se apoiou para cima, apoiado na mão e sorriu.
— Você e o meu irmão conseguiram alcançar o impossível
me trazendo para casa. Mamãe devolveu a luz que eu lhe dei e,
estando em Éire Danu, consegui restaurar minha luz interior.
— Ele sorriu. — Eu me lembro agora, daquele sonho de tanto
tempo atrás. Depois que eu lhe dei minha luz, acordei e a
memória de você e do sonho desapareceu. Eu pensei que estava
me tornando um feral, mas, na realidade, estava me adaptando
a perda da minha luz.
Amelia ofegou e sentou na cama.
— Oh minha Deusa, isso é tudo culpa minha! Se eu não
tivesse...
Darian a acalmou colocando um dedo sobre seus lábios.
— Lembro-me de me sentir completamente em pânico
enquanto você me encarava, tão pequena e inocente. Quando vi
o medo em seus olhos com a ideia de ser esquecida, eu nem
parei para pensar, te dei minha luz. Se vamos culpar alguém, a
culpa deveria ser posta completamente sobre mim. Mas, em
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minha defesa, eu não fazia ideia de que perder a minha luz por
um período tão curto de tempo enquanto eu não conseguia
visitar Éire Danu quase me tornaria um feral.
Amelia não conseguia acreditar na diferença nele. Ele
estava sorrindo e brincando; ele parecia exalar simpatia. Ela
não gostou. Ela sonhara com seu príncipe e pensara que ele era
o que ela ansiava, mas se apaixonara por seu guerreiro sombrio
e mal-humorado.
— Você está carrancuda. — Ele sentou-se e o lençol
escorregou à sua cintura.
Corando, ela percebeu que havia sido despida também. Ela
se virou, envergonhada.
— Ei, o que é isso? Por que está se afastando de mim?
Ela não conseguiu fazer contato visual com ele. Parecia
que ela estava na cama com um estranho.
— Amelia? — A voz de Darian não estava mais tão afável.
Continha uma ponta de preocupação.
Quando ela olhou para cima, suas sobrancelhas estavam
franzidas, e ele estava franzindo a testa. Ela jogou os braços em
volta do pescoço dele.
— Você é você! — ela gritou.
— Claro que sou. — Os braços dele a envolveram e ele a
puxou para o colo para que esta se sentasse entre suas pernas.
— O que está acontecendo?
— Eu sinto que não te conheço quando você está sorrindo.
Gosto mais do seu rosto carrancudo. — Ela fungou e usou o
lençol para limpar o nariz.

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— Meu rosto carrancudo? Deuses do céu, que
acasalamento torto que eu lhe provi, onde você não me
reconhece a menos que eu seja um bastardo mal-humorado. —
Darian aninhou a cabeça dela em seu peito.
— Eu gosto de você mal-humorado, — ela murmurou.
Ele se afastou e a olhou bravo.
— Assim?
Ela riu.
— Muito melhor.
Suas feições se suavizaram.
— Vou ter que lhe apresentar ao meu rosto sorridente para
que você reconheça os dois.
Amelia deu de ombros.
— Você parece matreiro quando está sorrindo.
As sobrancelhas dele se ergueram.
— Matreiro? Matreiro! Eu vou te mostrar o que é matreiro!
— Ele começou a lhe fazer cócegas sem piedade.
— Eu me rendo! Me rendo! — ela gritou.
— Eu até fiz serenata para você, — ele resmungou,
puxando-a para se deitar ao lado dele.
— Você cantou Michael Bolton.
— Eu não vou invejar um colega bardo que tenha escrito
as palavras para descrever perfeitamente meus sentimentos. —
Ele virou de lado e lentamente começou a traçar o dedo pelo
corpo dela. — Como você está, de verdade?
A respiração dela ficou presa na garganta, e toda sua
atenção estava na ponta do dedo dele, fazendo círculos
preguiçosos em volta do seu peito.
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— Bem, — ela conseguiu guinchar. Ela sentiu umidade
começar a se acumular entre as pernas. Ele mal a estava
tocando e ela mal conseguia pensar.
— Amelia, eu gostaria de te reivindicar, se você estiver
disposta, — disse ele, espalmando a mão sobre o coração dela.
— Não há nada que eu queira mais! — Ela estivera
sonhando com esse momento a vida toda. Ela finalmente seria
reivindicada.
Os dedos dele percorreram seu corpo até roçarem sua
abertura. Ele a provocou enquanto sua boca chupava e
beliscava seu peito.
Quando ele se moveu sobre ela, ela lhe sorriu. Ele se
abaixou e a penetrou. Ela ofegou e jogou a cabeça para trás.
Não havia dor, apenas a agradável sensação de estar cheia e
completa.
— Para cada lágrima que a fiz derramar, prometo a você
um milhão de sorrisos, — ele sussurrou, penetrando fundo. —
Para cada momento de dúvida e dor, eu te darei horas de
prazer.
Ele manteve contato visual enquanto seus corpos se
fundiam.
— Eu não posso mudar o passado, mas posso lhe dar meu
futuro. — Devagar, ele se enterrou no próprio núcleo dela. Ele
estava prolongando cada momento até que este colidisse com o
próximo, cada onda de prazer sem fim. — Prometo ser seu
melhor amigo, seu amante e o pai de seus filhos, colocando
suas necessidades e as necessidades delas acima das minhas.

MY
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Alanea Alder
— Ele parou, agora completamente dentro dela, e se inclinou
para beijá-la gentilmente.
Justo quando ela pensou que não aguentava mais o ritmo
lento, ele começou a brilhar. Ele jogou a cabeça para trás, os
músculos do pescoço contraídos. Quando a esfera de luz se
alargou para incluí-la, seu corpo detonou. Pequenas explosões
de prazer percorreram sua espinha, fazendo-a gritar de
satisfação.
Ela sentiu sua alma se erguer e se fundir à dele. Onde eles
haviam sido duas peças incompletas, agora estavam inteiras.
Quando eles se separaram, a luz que era o pedaço de suas
almas juntas flutuou de volta para o peito dela, carregando um
pedaço dele consigo.
Respirando pesadamente, Darian se retirou de seu corpo e
caiu para o lado.
— Obrigado, meu amor.
Amelia não conseguia bem recuperar o fôlego. Ela estava
deitada olhando para o teto coberto de plantas.
— À disposição.
Ele riu uma vez e gemeu quando se sentou na cama. Sobre
pernas instáveis, ele cambaleou para o que ela assumiu ser o
banheiro. Ela teve certeza disso quando ele voltou alguns
minutos depois com um pano de linho cor de creme.
Ele ficou ao pé da cama, uma expressão presunçosa no
rosto enquanto olhava para o corpo dela.
— Deuses, você é linda.
— Assim como você. — Ela lhe sorriu.

MY
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Ele gentilmente a limpou e voltou ao banheiro com o pano.
Ele se sentou na beira da cama e afastou os cabelos do rosto
dela gentilmente.
Amelia olhou ao redor do quarto. Este a lembrava do
quarto dele na propriedade Alfa, só que mais extravagante.
Todos os móveis ali eram brancos com detalhes em prata e
ouro.
— Onde estamos?
— Meus aposentos no palácio.
— Você não foi embora quase seiscentos anos atrás?
Ele assentiu, um olhar triste no rosto.
— Minha mãe deve ter mantido esse quarto todo esse
tempo.
— Ela ficou muito perturbada mais cedo quando pensou
que você estava morrendo.
Ele assentiu.
— Mal posso esperar para encontrá-la. Fomos convidados
para um jantar adiantado.
— Jantar? Que horas são? — Ela piscou e olhou em volta
procurando um relógio.
Ele fez uma careta.
— Eu acho que você quer dizer, que dia?
— Para de brincadeira.
Darian riu.
— É o dia depois do qual você me trouxe aqui. Eu acordei
algumas horas atrás. Alguém teve a gentileza de deixar uma
bandeja de comida na porta, então eu comi enquanto estava

MY
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Alanea Alder
sentado com você. Se você não acordasse a tempo para o jantar,
eu ia chamar um curandeiro.
— Quanto tempo temos antes de irmos encontrar a sua
mãe? — ela perguntou, sentando-se.
Ele olhou pela janela a posição evanescente do sol.
— Em cerca de trinta minutos.
— O que?! — ela gritou e voou da cama. — Onde está o
banheiro? Onde estão as minhas roupas? Eu preciso da minha
maquiagem!
Ele se levantou e colocou as mãos nos ombros dela para
impedi-la de circular freneticamente.
— Acalme-se. Há uma túnica para você pendurado no
banheiro. No balcão, há uma cesta; tudo o que você precisa
fazer é dizer o que precisa, e este aparecerá.
— Até maquiagem?
Ele assentiu, e ela percebeu que ele estava tentando não
sorrir.
— Até maquiagem.
Ela se afastou dele e correu para o banheiro.
— Amelia? — Ele parecia preocupado.
— Vinte e oito minutos até eu jantar com a sua mãe, que
por acaso é a rainha de todos os fae, e eu tenho um pouco do
seu esperma escorrendo pela minha perna! Por que eu estou
explicando isso? — ela bateu a porta do banheiro com tudo.
Homens!
Ela podia ouvir seu riso desenfreado por trás da porta
fechada. Ela levou um segundo para apreciar que ele conseguia
rir antes que ela pulasse no chuveiro.
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Amelia saiu e se secou rapidamente. Lamentou não ter
mais tempo. A toalha parecia uma nuvem do céu. Ela se
envolveu em sua suavidade e caminhou até o balcão. Ela olhou
para a cesta branca simples. Ela a pegou e virou. No lado de
baixo, escrito em fae, havia um feitiço. Sorrindo, ela a colocou
de volta no lugar. Ela respirou fundo e começou a recitar todas
as coisas que ela normalmente usaria para se arrumar. Um por
um, os itens começaram a aparecer.
Ela estava terminando sua rotina de maquiagem quando
ouviu uma batida na porta.
— Entre.
Darian abriu a porta e ela esqueceu temporariamente do
que estava fazendo. Ele estava vestido com uma túnica de seda
creme, e seu cabelo havia sido puxado para trás pela metade
superior em um rabo de cavalo e tranças. Ele usava uma coroa
de folhas de ouro e prata, que acentuavam perfeitamente os fios
de ouro e prata em sua túnica.
— Deuses, você está requintado, — ela suspirou.
— Eu estava prestes a dizer a mesma coisa sobre você. —
Ele apontou para o corpo dela envolto em uma toalha.
Rindo, ela deixou a toalha cair e observou com satisfação
enquanto ele engolia em seco. Ela estendeu a mão para trás
dele para pegar sua túnica. Esta era de uma cor cinza-prata
acentuada em verde esmeralda. Ela a passou por cima da
cabeça e teve um momento de surpresa quando as roupas
íntimas apareceram sob a túnica.
— Todas as roupas fae têm um pouco de magia nelas. —
Ele estendeu o braço. — Vamos?
MY
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Amelia virou-se para olhar no espelho uma última vez.
Seus cachos castanhos estavam se comportando dessa vez, e a
túnica fazia seus olhos parecerem prata líquida. Ela voltou-se
para ele e colocou a mão no cotovelo dele.
— Vamos.
*****
— Darian! — A rainha se jogou nos braços de Darian.
— Olá, mãe.
Amelia viu como Darian deitou a bochecha no topo da
cabeça da mãe e a abraçou com força.
— Eu sinto tanto! — A rainha soluçou em seu peito.
— Não há nada pelo que sentir, — ele lhe assegurou.
Um homem tão alto quanto seu companheiro deu um
passo à frente e gentilmente desentranhou a rainha do filho.
Darian estendeu o antebraço e o homem apertou-o.
— Brennus.
O belo fae sorriu.
— Darian.
Darian se virou e estendeu uma mão para ela, urgindo-a à
frente.
— Mãe, Brennus, tenho o prazer de apresentar a minha
companheira, Amelia Ironwood. Amelia, esta é a minha mãe,
Aleksandra Vi'EireDan, e seu companheiro e consorte, Brennus
Vi'Eirlea, líder de unidade da Unidade Tau e comandante de
todas as unidades de Éire Danu. Seu meio-irmão, Celyn
Vi'Ailean, é o ancião fae de Lycaonia. — Darian a levou adiante
com um empurrão suave.

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Lembrando-se de suas lições de conduta, ela fez uma
reverência profunda.
— Vossa Majestade.
— Me chame de Aleksandra ou, de preferência, mãe. —
Aleksandra a puxou para um abraço caloroso.
— Brennus está bem para mim. — O guerreiro piscou um
olho.
— E você pode me chamar de Super Irmãozão, — brincou
Oron.
— Venha. O Cord fez todos os seus pratos favoritos,
Darian. — Ela se virou para Amelia. — Cord é o meu escudeiro.
Ele conhece Darian e Oron desde que chegaram ao palácio.
Eles entraram em uma sala de jantar menor, onde a mesa
estava posta para cinco. Amelia não conseguia parar de olhar
em volta. Ela pensou que havia muita magia em Storm Keep,
mas mesmo a cidade das bruxas não se comparava ao palácio
dos fae. Em todos os lugares para os quais ela se virava, feitiços
eram usados para iluminar corredores, girar ventiladores e
impedir que as flores frescas murchassem. Parecia que toda
superfície brilhava.
Já sentados, um fae com o cabelo mais escuro que ela já
vira entrou na sala, com lágrimas nos olhos. A maioria dos fae
tinha cabelos loiros em tons que variavam de branco a dourado.
O cabelo deste homem era como a cor umbra queimada e
igualmente bonito.
— Príncipe Darian, — disse ele, a voz embargada.

MY
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Alanea Alder
— Cord! É tão bom vê-lo novamente! Eu senti falta da sua
comida. — Darian se levantou e abandonou toda formalidade
para puxá-lo para um abraço.
Aleksandra virou-se para ela.
— Eu me acasalei com Brennus apenas setecentos anos
atrás. Cord atuou como pai do Oron e do Darian antes disso, —
explicou ela.
Darian soltou seu velho amigo e sentou-se.
O escudeiro enxugou os olhos.
— Que vergonha.
— Nem pense nisso, velho. Estamos todos felizes por
Darian ter voltado para casa, — disse Oron, dando um tapinha
nas costas do homem.
— Jovem atrevido. — Cord bateu na mão de Oron,
fazendo-o rir.
Amelia virou-se para a mãe de Darian.
— Eu não sei se está tudo bem perguntar, mas qual a
relação entre todos vocês?
Aleksandra olhou para Darian e Oron, e os três
começaram a rir. Ela se virou para Amelia.
— É um pouco confuso, não é? — Ela olhou para Darian.
— Você gostaria de explicar ou eu explico?
— Você conta a história melhor, mãe. — Darian passou
um braço em volta dos seus ombros, ficando confortável.
Aleksandra pensou por um momento.
— Suponho que tudo começou logo após a Grande Guerra.
Eram tempos sombrios; tantas pessoas perderam a família. Não
houve vencedores naquela guerra, apenas perdedores. Os fae
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Alanea Alder
voltaram dos campos de batalha para descobrir que as coisas
em casa haviam mudado também. As pessoas estavam dando
mais deferência às famílias que se provaram em batalha em vez
das estabelecidas linhagens nobres.
Ela fez uma pausa e olhou para Darian e Oron antes de
continuar:
— Antes da guerra, a Casa Eirson era a mais próxima do
trono, mas eles haviam tomado algumas decisões ruins e
perdido o favor do povo, enquanto a Casa Alina ganhou a
confiança do povo ao trazer para casa tantos pais e filhos. — Ela
fez uma pausa, novamente olhando para Oron.
Ele assentiu.
— Eu conheço bem a história, mãe, você não vai machucar
meus sentimentos ao contar.
— Eu te amo, querido.
— Eu sei.
A rainha continuou:
— Uma noite, os membros da Casa Eirson decidiram
eliminar completamente todos os membros da Casa Alina e
culpar uma casa menor, a Casa Liordon. — Amelia ofegou.
Aleksandra a olhou. — Você conhece essa família?
Amelia assentiu.
— Sim, Aedan Li'Liordon serve na unidade do meu irmão
mais velho, Caiden, em Storm Keep.
A rainha sorriu.
— Seu irmão, Aeson, serve aqui na Unidade Chi. Eles são
meninos muito bons.
— Eles são, — Amelia concordou.
MY
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Alanea Alder
— Como a Casa Liordon não era uma casa de destaque, o
chefe da Casa Eirson imaginou que ninguém questionaria sua
palavra quando chegasse a hora de relatar as mortes da Casa
Alina.
Amelia se inclinou para frente.
— O que aconteceu?
A rainha sorriu para Oron.
— Ele não contava com o coração nobre de um garoto de
dez anos, seu próprio filho. Oron ouviu os planos ao acaso, mas
foi pego tentando sair furtivamente da casa para avisar alguém.
Ele foi trancado no porão até quase de manhã, quando
conseguiu se libertar. Ele correu imediatamente à casa Alina e
entrou furtivamente por uma janela traseira, que por acaso era
a janela do quarto das crianças. Oron gentilmente pegou o bebê
e saiu pela janela novamente. Ele ouviu o som de berros e gritos
de homens e decidiu correr e pedir ajuda. Ele chegou ao palácio
carregando o único membro sobrevivente da família da Casa
Alina.
Amelia virou-se para seu companheiro.
— Você?
Ele assentiu.
— Se o Oron não tivesse ido verificar a casa primeiro, eu
teria sido assassinado com a minha família. Ele realmente é um
super irmãozão. — Ele piscou um olho para Oron.
Amelia sorriu agradecida para Oron. Ela sabia que ouvir
essa história tinha que trazer lembranças dolorosas para o
guerreiro.

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Alanea Alder
— Claro que ele é, ele sempre cuidou de você. — A rainha
tomou um gole de água. — Devido ao testemunho do Oron, os
membros da Casa Eirson foram banidos de Éire Danu, sendo-
lhes negada para sempre a luz dos fae. Decidir o destino deles
foi a mais fácil das duas tarefas que eu tinha ante mim. Depois
que o fae desonesto foi banido, ainda me restavam dois
garotinhos que não tinham família nem lar. Eu entrevistei
inúmeras famílias dispostas a cuidar do bebê Darian, mas
ninguém aceitava o Oron. Eles não queriam ser associados a
uma Casa tão traiçoeira. Eu observei o Oron e o Darian de
perto, e o que vi fez minha decisão.
— O que você viu? — Amelia perguntou.
— Vi um garotinho dedicado a um bebê que ele insistia ser
seu irmão. Perguntei a Oron qual família deveria ficar com o
Darian e ele disse...
— Você só pode entregá-lo a uma família que tenha muitos
meninos. Ele precisará de um irmão mais velho, — Oron disse
baixinho.
A rainha assentiu.
— E eu disse: “é uma boa coisa que eu tenha decidido
adotar vocês dois. Você pode ser o irmão mais velho dele."
Oron recostou-se.
— Esse foi o dia mais feliz da minha vida. Jurei naquela
noite que eu nunca deixaria nada acontecer com o meu
irmãozinho. E Deuses, como ele colocou esse juramento à
prova! Eu nunca vi uma criança entrar em tantas brigas e
situações perigosas em todos os meus dias. — Ele se virou para

MY
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Amelia. — Parece que eu tenho cabelo loiro, mas na verdade é
branco. Foi isso o que ele fez comigo.
Amelia riu.
— Eu não era tão ruim, — Darian bufou.
— Eu comecei a beber cedo por sua causa, — argumentou
Oron.
— Rapazes! — A rainha bateu palmas.
— Desculpe, — disseram juntos.
A rainha olhou para Amelia e piscou um olho, e ambas
riram.
— Sinto muito interromper, mas o jantar está pronto, —
anunciou Cord enquanto servo após servo traziam tigelas de
sopa quente e pratos de legumes grelhados. Para Amelia, tudo
tinha um cheiro incrível.
— Irmãos podem ser o maior presente e a maior dor na
bunda, — disse Brennus enquanto levantava sua colher.
Amelia, Darian e Oron assentiram. A rainha pareceu
chocada.
— Brennus, olha a língua.
Brennus sorriu.
— Eu esqueci, meu amor, que não há como dois guerreiros
como o Oron e Darian, ou uma mulher criada por guerreiros
como a Amelia já ter ouvido a palavra “bunda” antes.
Aleksandra suspirou.
— Eu queria, pelo menos, dar uma boa impressão à
Amelia.
Amelia deu pouca importância a suas preocupações.

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— Ele está certo. Eu fui criada por meus irmãos e
praticamente todos os guerreiros de Storm Keep. Não há muito
que possa me chocar.
A rainha ficou pensativa.
— É mesmo; você é uma Ironwood... hummm... isso deve
significar que você também conhece os Ashleighs? — ela
formulou isso como uma pergunta.
Amelia assentiu.
— Apesar dos laços de sangue de verdade, eu considero os
Ironwoods meus irmãos e os Ashleighs meus meio-irmãos.
— Talvez, se a Amelia ficasse aqui por um tempo,
pudéssemos atrair os Ashleighs a morar aqui, — sugeriu
Brennus.
Amelia balançou a cabeça.
— Com o que descobrimos, eles serão necessários para o
conselho e para o Aiden McKenzie agora mais do que nunca.
A rainha olhou para Oron, que deu de ombros.
— Como assim, querida, com o que vocês descobriram?
Amelia olhou rapidamente para Darian. Ela não deveria
dizer nada?
Darian se inclinou para frente.
— Mãe, um feitiço à prova de som, por favor.
Parecendo abalada, ela ordenou que a maioria dos criados
saíssem e depois cruzou as mãos à frente. Uma luz branca
prateada brilhou em seu corpo e encheu a sala.
— Pronto. — Ela assentiu para Darian.

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Alanea Alder
— Um dia antes de chegarmos aqui, a minha unidade
estava investigando o colar dos ferals para o conselho, — ele
começou.
Brennus assentiu.
— Todos nós lemos o relatório do Aiden de que os colares
podem parar a decomposição de um feral, mascarar seu
perfume e dar-lhes habilidades.
A mandíbula de Darian contraiu.
— O que descobrimos naquele dia, graças às incríveis
habilidades de empatia da Amelia, é que cada miçanga nesses
colares é uma alma.
Oron os olhou fixamente enquanto a rainha ofegava.
Brennus balançou a cabeça.
— Nós teríamos recebido um relatório do Aiden se isso
fosse verdade.
Darian trocou olhares com Oron.
— Não sabemos quais novas informações poderiam ter sido
reveladas enquanto estivemos aqui ou quais são as ordens do
conselho.
Para Amelia, parecia que a luz na sala diminuía um pouco
com as tristes notícias, como o sol se escondendo atrás de uma
nuvem. Ela se virou para Darian.
— Eu quero ir para a casa e ver a Meryn. — Ela não era
uma irmãzona-prima por muito tempo, mas Amelia não podia
suportar a ideia de algo acontecendo com sua peculiar
irmãzinha-prima.
A rainha lhe olhou com um olhar interrogativo.

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Alanea Alder
— Você está preocupada com a Meryn McKenzie. Que laços
você tem com ela?
Amelia sorriu.
— Ela é a minha irmãzinha-prima! Tecnicamente, minha
prima, nossas mães eram irmãs, mas já que eu nunca tive uma
irmã antes, eu a reivindiquei como minha irmãzinha-prima.
Oron começou a rir, piando alto e batendo na mesa com
uma mão.
— Cale a boca, Oron! — Darian rosnou.
— Oh, isso é demais! Você acasalou para dentro daquela
loucura! Ela já tentou te eletrocutar? — Oron o interrogou.
— Você acasalou para dentro dessa loucura também,
Super Irmãozão, — brincou Amelia.
O riso de Oron parou imediatamente.
— Isso não é engraçado. Sério? Aquela louca ameaça
humanazinha é minha irmã agora?
A rainha sorriu.
— Ameaça? Eu realmente tenho que conhecer essa
mulher. Eu acho que nunca ri tanto quanto quando o Oron
estava me contando sobre o acasalamento dela com o Aiden
McKenzie.
Oron riu.
— Confie em mim, os guerreiros da unidade desfrutam de
cada segundo vendo aqueles dois juntos.
A rainha virou-se para Darian.
— Você não teria conhecido o Comandante da Unidade.
Você nunca conheceria a Meryn ou conheceria a sua

MY
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companheira se tivesse me ouvido. — Ela desviou o olhar,
envergonhada.
Darian caminhou até a cadeira dela e se apoiou sobre um
joelho ao lado desta.
— Eu senti como se tivesse traído tudo o que você fez por
mim no dia em que saí. Eu simplesmente não conseguia
explicar o impulso que eu tinha de sair. Você me perdoa pela
preocupação e dor que eu lhe causei?
A rainha o abraçou forte.
— Só se você me perdoar por lhe dizer que a única opção
que você tinha era ficar ou ser banido para sempre, eu nunca
deveria ter lhe dado esse ultimato. Eu simplesmente não
conseguia ver como meu gentil filho poderia durar como
guerreiro. Oron sim, mas você, meu doce garoto, não suportava
ver as pessoas se machucando.
— Ei! — Oron protestou.
A rainha se afastou de Darian quando ele se levantou e
olhou para seu filho mais velho.
— Você sempre foi um guerreiro, meu filho, desde o dia em
que te conheci até esse exato segundo.
— Sim, seu bruto, — brincou Darian.
Sua mãe o cutucou nas costelas.
— Seja legal com o seu irmão, eu me lembro bem que ele
salvou sua bunda mais de uma vez.
— Mãe! — Darian protestou, ficando vermelho.
— Diz pra ele mesmo, mãe. — Oron assentiu.
A rainha se levantou, balançando a cabeça.

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— Milhares de anos de idade e vocês ainda agem como
crianças. — Ela ficou na ponta dos pés e beijou a bochecha de
Darian. — Por mais que eu queira mantê-lo aqui por meses
conversando, claramente precisam de você em Lycaonia. Acho
que está na hora de você ficar com isso. — Ela enfiou a mão no
bolso da saia e tirou um anel de prata. Quando Darian olhou
para baixo, ele empalideceu e deu um passo para trás.
— Mãe, não. — Ele balançou a cabeça.
— Eu já tive essa conversa com o Oron. Ele sabe que não
pode herdar já que o nome de sua família foi retirado de nossos
registros...
— Você poderia ter seus próprios filhos, — interrompeu
Darian.
A rainha balançou a cabeça e Brennus levantou-se para
ficar atrás dela.
— Nós consultamos cada bruxo com o dom da premonição;
eu nunca vou conceber.
Brennus colocou um braço em volta dos ombros dela como
apoio e olhou para Darian e depois Oron.
— Além disso, nós temos nossos próprios filhos. A Destino
faz as coisas por uma razão, você acha coincidência que a sua
mãe o adotou, sem que ela soubesse na época que não podia ter
filhos?
A rainha deu um passo à frente e pegou a mão de Darian.
Ela colocou o anel na palma dele e fechou seus dedos ao redor
deste.
— Você é o meu herdeiro. Este anel pode levá-lo a
qualquer cidade pilar através dos portais fae, juntamente com
MY
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Alanea Alder
cidades humanas específicas. Este também atuará como um
anel de sinete, permitindo que você fale por mim e seja
reconhecido como meu herdeiro.
Darian lançou um olhar desesperado para Oron, que
levantou as mãos sorrindo.
— Não olhe para mim, irmãozinho, nós dois sabemos que
eu não sirvo para a diplomacia. Eu gostaria, no entanto, de uma
promoção à guarda pessoal quando você assumir o comando.
Brennus deu a volta na cadeira de sua companheira para
se ajoelhar na frente de Amelia. Ele pegou as duas mãos dela
nas dele.
— Apenas respire, querida, ser um consorte não é tão
ruim. Na maior parte do tempo, eu apenas fico ao lado dela
sendo bonito. Eu sei que você pode fazer isso.
Amelia olhou além de Brennus para Darian, e eles
compartilharam um momento de puro pânico. Ela respirou
fundo lentamente várias vezes, como Brennus instruiu e foi
capaz de sorrir tranquilizadoramente para seu companheiro.
— Pense desta maneira: existe mais alguém em quem você
confia para fazer isso? — ela perguntou.
Ele imediatamente começou a sorrir.
— Eu acho que posso fazer qualquer coisa se você estiver
ao meu lado.
— Mesmo enfrentar o conselho em relação a possíveis
acusações que posso ou não estar enfrentando por tentar matar
uma matriarca de uma família shifter? — ela perguntou
sorrindo brilhantemente.
Darian piscou.
MY
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— Sério?
Amelia deu de ombros.
— Ela estava ameaçando a Meryn.
Oron virou o rosto, seu corpo inteiro tremendo com
risadas. Darian deixou cair a cabeça para trás enquanto
contava mentalmente.
— Cinco... seis... sete... — ela disse em voz alta.
Ele fez uma careta para ela, e ela riu.
— Aí está o meu carrancudo!
Brennus levantou-se e Amelia se levantou com ele.
A rainha riu e então seus olhos se encheram de lágrimas.
— Oh céus, eu disse a mim mesma para não chorar. Vocês
podem visitar a qualquer momento agora.
Darian a puxou para um abraço.
— Visitaremos toda semana. O que acha?
Aleksandra assentiu e recuou.
— E traga a humana louca também.
Oron ficou de pé.
— Isso eu tenho que ver.
Darian deslizou o anel no dedo e virou-se para Oron.
— Você faz as honras?
— Claro. — Oron se afastou da mesa, levantou a mão e um
portal de luz prateada apareceu. — Estou pronto quando
estiveres.
Darian beijou a bochecha da mãe e apertou o antebraço de
Brennus.
— Vou enviar uma atualização assim que puder. —
Brennus assentiu.
MY
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Darian estendeu a mão para Amelia e eles foram até Oron,
que estendeu as duas mãos. Darian pegou uma e ela a outra.
Juntos, eles passaram pelo portal.

MY
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Capítulo 12

Diferentemente da jornada para Éire Danu, voltar para a


propriedade Alfa foi muito mais fácil. Não houve uma sensação
de choque ou frio. Foi tão fácil quanto passar de um cômodo
para outro. Num segundo eles estavam na sala de jantar real,
no outro estavam entrando no campo de treinamento de onde
haviam saído. Os homens estavam fazendo exercícios noturnos
antes do jantar.
Darian virou-se para Oron e Amelia.
— Vamos manter os desenvolvimentos recentes para nós
por um tempo, — disse ele, olhando para o seu anel. Amelia e
Oron assentiram.
— Aiden! O Darian voltou! — Keelan gritou antes de se
aproximar correndo.
Amelia viu Darian puxar o jovem bruxo para um abraço
fraternal.

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Alanea Alder
— Obrigado. Obrigado por tudo o que fez para me salvar,
mesmo quando eu não queria me salvar. — Ele soltou Keelan e
bagunçou seu cabelo.
Corando furiosamente, Keelan se afastou da mão de
Darian.
— Não seja ridículo. É claro que eu tentaria te salvar. Você
é o único que fica do meu lado.
Darian sorriu.
— Estou de volta.
Keelan sorriu largamente.
— Boa!
Aiden, Colton e Gavriel deram um tapinha nas costas de
Darian. Aiden exalou, parecendo aliviado.
— Estou contente que você esteja bem.
Ele se virou para Amelia.
— Então, como foi a sua primeira viagem à cidade fae?
— Eu conheci a Rainha.
— Não conte a Meryn; ela ficará irritada por dias. — Aiden
revirou os olhos.
— Onde ela está? — Amelia olhou em direção à casa.
— Ela e Beth estão lá em cima no quarto, tentando decidir
onde colocar uma Tardis, seja lá o que isso for. — Aiden deu de
ombros.
Amelia riu. Ela mal podia esperar para ver o berçário.
Imediatamente após esse pensamento, ela constatou que esta
era realmente a sua casa agora. Sorrindo, ela se virou para
Darian.

MY
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Alanea Alder
— Acho que posso me mudar oficialmente para cá agora,
hein? — ela brincou.
— É melhor mesmo. — Ele a puxou para perto e a beijou
apaixonadamente.
Os homens ao redor deles começaram a gritar e assobiar.
Todo mundo se aquietou e olhou em volta quando um
telefone começou a tocar. Quando todos os olhos se voltaram
para Keelan, seus olhos se arregalaram.
— Merda! Esse é o seu telefone, Aiden! — Ele o pegou e o
entregou a Aiden.
— Aiden aqui... Diga de novo?... A caminho. — Aiden
desligou e rodeou a boca com as duas mãos. — Todas as
unidades, reportem!
Amelia ficou perto de Darian quando os homens
começaram a se aglomerar. Aiden estendeu o telefone depois de
colocá-lo no viva-voz. Ele olhou para cima.
— Os ferals estão atacando a cidade, — disse ele de forma
breve.
— Olá? — Sascha gritou.
— Qual é o seu status? — Aiden gritou no telefone.
— Está uma porra aqui, senhor! Estamos sendo atingidos
por todos os lados. Solicitando apoio o mais rápido possível! —
Tiros e gritos quase abafavam a voz de Sascha.
— Estamos a caminho! — Aiden desligou o telefone e ele
havia acabado de se virar para encará-los quando uma grande
explosão abalou o grupo. Amelia teria caído se Darian não
tivesse o braço em volta dela.

MY
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Tossindo e afastando a poeira do rosto, os homens
correram para os fundos da casa. Um enorme incêndio subia na
lateral de um pequeno prédio.
— Meryn! — Aiden rugiu.
— Não fui eu! — Meryn respondeu. Todo mundo se virou e
olhou para cima; Meryn e Beth estavam olhando com os olhos
arregalados por uma janela aberta.
— Deuses, eles estavam tentando pegar o arsenal, — disse
Colton.
— Essas paredes grossas de um metro e vinte parecem
valer o esforço agora, não? — Aiden perguntou. Os homens
procuraram mangueiras de água e extintores de incêndio.
Aiden rugiu alto chamando a atenção de todos:
— Épsilon, Delta, sigam para a cidade para ajudar a
Gama. Eles estão encurralados e há uma tonelada de civis no
fogo cruzado. Gavriel, verifique a Zeta; eles estavam na patrulha
do perímetro. Colton, coloque o meu pai no telefone. Precisamos
de todos os homens que ele puder reunir na cidade, e eu
gostaria que ele viesse aqui para proteger a propriedade. Todos
os outros, vamos apagar esse fogo!
Amelia virou-se para Darian.
— Aposto que o Ryuu tem um extintor de incêndio na
cozinha.
Ele assentiu e trabalhou com Oron, desenrolando a
mangueira. Ela se inclinou e o beijou rapidamente.
— Volto logo.
Ela correu pelos degraus dos fundos e passou pela porta,
olhou em volta da cozinha e decidiu verificar primeiro debaixo
MY
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da pia. Quando ela se ajoelhou, os cabelos na parte de trás do
seu pescoço se ouriçaram. Quando ela se virou, estrelas
explodiram atrás de seus olhos, depois nada.
*****
— Senhor, o Kade verificou; o fogo apagou. — Lorcan, o
líder de unidade da Beta, reportou.
Darian recuou e limpou a testa. Levou quase meia hora
para apagar o incêndio completamente. Aiden não ficou
satisfeito até que o bruxo de fogo confirmou que este estava
apagado.
— Bom trabalho, — disse Aiden, com o rosto tão
manchado quanto o de todos os outros.
— Parece que vocês estão se divertindo sem mim, — disse
uma voz profunda. Darian se virou e sorriu. Byron e seus
antigos membros da unidade estavam rodeando a casa.
— Pai, graças a todos os Deuses! O que você sabe? —
Aiden limpou as mãos nas calças antes de puxar o pai para um
abraço.
Byron deu uma batidinha nas costas do filho e soltou-o.
— Gama, Épsilon e Delta estão fazendo o melhor que
podem na cidade. Os ferals estão vindo em ondas, o que
significa que ainda não estão sendo esmagados, e sim estão
lutando sem parar. — Byron acenou para seus velhos amigos,
John Younger e Abraham Carter. — Eles vieram da cidade. A
maioria das ruas foi bloqueada, mas ainda há muita gente presa
em prédios.
Gavriel se aproximou.
— Eu chequei com a Zeta. Eles não viram nada.
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Aiden amaldiçoou baixinho.
— Que os Deuses amaldiçoem aqueles colares! Faça com
que abandonem o perímetro e se dirijam para a cidade.
Patrulhas são inúteis neste momento.
Gavriel assentiu e pegou o telefone e se afastou para
reimplementar a Unidade Zeta.
Byron virou-se para Aiden.
— Eu coloquei em ação todos os guerreiros aposentados ou
inativos da cidade. A maioria já havia se vestido e entrado na
briga com a Gama.
Aiden pareceu aliviado.
— Aceitamos qualquer ajuda possível. — Quando Gavriel
se juntou a eles novamente, Aiden olhou para os homens. —
Vamos conversar com as damas e seguir para a cidade.
Darian não precisava ouvir isso duas vezes. Todos eles
correram para a frente da casa e entraram.
— Meryn! — Aiden chamou.
Meryn, Beth e Ryuu desceram as escadas.
— É verdade que há ferals na cidade? — Meryn perguntou.
Aiden franziu a testa.
— Como você sabia disso?
Meryn mostrou um walkie-talkie militar.
Aiden suspirou.
— Sim, estamos prestes a ir para lá agora.
Darian olhou em volta. Quando viu Jaxon e Noah saindo
do escritório e Amelia não estava com eles, ele começou a ficar
nervoso.
— Onde está a Amelia? — ele perguntou.
MY
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Todo mundo congelou.
— Amelia! Amelia! — Darian gritou, seu estômago se
retorcendo dolorosamente.
Ele correu para a cozinha, para onde ela disse que iria.
Seu mundo inteiro ruiu ao seu redor quando ele viu as portas
do armário sob a pia abertas e o tapete enrolado e torcido. Ele
olhou em direção à porta e seu coração parou quando viu gotas
de sangue no chão.
Ele jogou a cabeça para trás e rugiu. Sua mente se
estreitou em um único propósito: ele tinha que encontrar sua
companheira. Braços fortes envolveram seu peito e o
derrubaram no chão. Ele lutou e rosnou, tentando se libertar.
— Darian, irmão, você tem que se controlar! Você não vai
ajudá-la perdendo a cabeça assim! — uma voz gritou em seu
ouvido.
Lentamente, ele recuperou os sentidos. Ele olhou em volta,
e seus companheiros de unidade estavam em pé ao seu redor
parecendo preocupados. Meryn lhe olhou, carrancuda.
— Levante a sua bunda gigante e vá encontrar a minha
irmãzona-prima!
Ele deu um tapinha nas mãos entrelaçadas de Oron no
seu peito e seu irmão o soltou. Ele se levantou e puxou Meryn
para um abraço.
— Eu vou trazê-la para casa.
Darian observou Oron desaparecer pelo corredor. Para
onde seu irmão estava indo?
Ela deu um passo atrás.

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— Claro que vai, agora vá logo com isso. — Ela fez um
movimento de enxotar com a mão.
Aiden virou-se para o pai.
— Você pode assumir como Comandante de Unidade?
Byron assentiu.
— Você nem precisa perguntar, mas você sabe, filho, que o
resto do conselho não vai gostar de você sair de Lycaonia
quando a cidade está sob ataque.
Aiden rosnou.
— Eu estou no comando das unidades, não eles. Unidade
Alfa fora. Beta, você deve se reportar ao meu pai. Vocês estão de
guarda aqui até voltarmos.
Os homens sacaram suas pistolas ao ouvirem o som de
botas pesadas no corredor. Oron foi o primeiro a aparecer na
porta da cozinha. Ele sorriu para Aiden.
— Eu trouxe reforços.
Todos saíram para o saguão, onde dezesseis guerreiros fae
estavam, de armadura de ouro polida.
— Vossa Majestade, a Rainha Aleksandra, Dos Fae,
ofereceu a assistência de sua guarda pessoal. — Oron piscou
um olho para Darian, que nunca ficou tão aliviado na vida.
Dezesseis guerreiros fae podiam causar muito estrago.
Fechando os olhos, ele se concentrou em seu vínculo com sua
companheira. Ele soltou um suspiro lentamente e se concentrou
na luz dela. Ele abriu os olhos e olhou em volta. A sala parecia
mais brilhante ao leste.
— Delícia, — Meryn disse comendo os guerreiros com os
olhos.
MY
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— Meryn, pare de olhar! — Aiden latiu.
— Não.
— Não? — ele perguntou incrédulo.
— Não. Porque eu tenho que me concentrar em algo ou
vou ficar muito chateada, muito rápido porque alguém invadiu
a nossa casa de novo para sequestrar a minha irmãzona-prima!
— Meryn rugiu de volta para seu companheiro.
— Aiden... — Colton começou a parecer ansioso.
Aiden virou-se para John Younger.
— Você pode levar metade desses homens para a clínica e
escoltar a Rheia e o meu irmão para a cidade? — John assentiu
e guiou metade dos fae para fora da porta.
— Aiden, eles deveriam vir aqui, — protestou Colton.
— Eles deveriam, mas não vão. Você sabe tão bem quanto
eu que eles insistirão em ir aonde são necessários, pelo menos
dessa maneira estarão protegidos, — rebateu Aiden.
Aiden virou-se para o Oron.
— Vá com eles e converse com a Gama na cidade.
Oron sacudiu a cabeça.
— Não.
Aiden levantou as mãos.
— Por que todo mundo está me dizendo não?
Oron verificou o clipe na arma e a colocou no coldre.
— Normalmente, eu obedeceria a qualquer comando que
você desse, mas eu vou com o meu irmão recuperar a minha
irmã. — O tom de Oron não deixava margem para qualquer
argumento.

MY
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Alanea Alder
— Tudo bem! Darian, você já tem uma direção? — Aiden
perguntou.
— Leste. Nós vamos para o leste, — respondeu Darian.
— Ok, homens, se movam! — Aiden gritou.
Aguente firme, meu amor, estou chegando!
*****
Amelia piscou enquanto acordava lentamente; ela não
tinha ideia de por quanto tempo estivera inconsciente. Toda vez
que tentava acordar, parecia que estava tentando subir uma
ladeira escorregadia. Cada vez que pensava poder abrir os
olhos, escorregava de novo e perdia a noção do tempo. Quando
ela finalmente conseguiu abrir os olhos e mantê-los abertos, a
adrenalina induzida pelo pânico acabou com quaisquer traços
persistentes de lentidão.
— Ah. Ela está acordada, — uma voz masculina disse à
sua direita.
Ela olhou em volta e não viu ninguém. Ela tentou se mover
e percebeu que estava presa a uma placa de aço. Algemas de
metal a prendiam no pescoço, cintura, pulsos, coxas e
tornozelos. Ela se torceu e puxou, mas não adiantou. Ela estava
presa.
— Eu não tentaria escapar se fosse você. As bordas de
metal nesses punhos podem ser afiadas. — A voz desencarnada
advertiu.
— Quem é você? Onde você está? — ela gritou.
— Não precisa gritar, querida. Olhe para a direita. Você vê
uma pequena caixa?
Ela assentiu.
MY
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Alanea Alder
— Bom. Aquela caixa de som está projetando a minha voz.
Se você olhar para cima, por cima da porta, verá uma câmera. É
assim que eu posso vê-la.
Ela olhou para cima e viu uma câmera branca presa na
parede acima da porta.
— Por que eu estou aqui? — Ela queria mantê-lo
conversando enquanto convocava sua magia. Com um pouco de
sorte, ela poderia convocar algumas videiras da terra para
libertá-la.
— Você está aqui porque é valiosa. Além disso, se está
pensando em usar sua mágica para se libertar, sinto que é meu
dever lhe dizer que isso não adiantará nada. Na verdade, isso
me ajudará enormemente. Eu lhe diria para olhar por cima da
cabeça, mas, bem, você não pode. — Houve uma leve risada
masculina. — O que você não pode ver é que está amarrada em
um tubo de metal. Há um grande cristal acima da sua cabeça
que coleta e armazena mágica. Em menos de uma hora, ele
estará pronto para te absorver inteira. Nessa hora, seu
companheiro e os companheiros de unidade dele devem chegar
aqui para resgatá-la.
— Foi por isso que você me trouxe aqui, para pegar a
Unidade Alfa? Porque essa foi a coisa mais idiota que você
poderia ter feito. Eles vão te foder!
— Tsk, tsk, querida, olha a língua. Vai ser muito difícil
para eles me foderem quando eu não estou nem mesmo nas
proximidades. O complexo inteiro em que você está foi
abandonado com o único objetivo de destruir a Unidade Alfa.

MY
SavioR
Alanea Alder
"Quanto ao motivo de a trazermos aqui, digamos apenas
que você sempre acabaria aqui. Na verdade, tínhamos uma
equipe pronta para desviar o seu carro da estrada nos arredores
de Lycaonia.
— Por quê? Não há como vocês saberem que o meu
companheiro estava na Unidade Alfa.
— Nós não a trouxemos aqui para pegar a Unidade Alfa.
Eles são apenas a cereja do bolo.
Amelia engoliu em seco.
— Por causa de quem você me trouxe aqui?
Houve mais risadas.
— Seus irmãos, querida, todos os seis. Não há nada que
eles não fariam pela irmãzinha.
— Seu filho da puta! Deixa eles em paz! — ela gritou.
— Receio que essa simplesmente não seja uma opção. Nós
fizemos grandes avanços no aprimoramento de nossas técnicas.
Seus irmãos representam um recurso muito valioso, do qual
simplesmente não podemos prescindir. Faz todo sentido abater
os descendentes das duas mais fortes famílias bruxas
remanescentes. Quando o seu companheiro chegar aqui,
detonaremos um feitiço que arrancará as almas dos corpos de
qualquer pessoa viva na instalação. Nós passaremos por aí, as
pegaremos, e seguiremos alegremente o nosso caminho. A
Unidade Alfa não mais existirá. As unidades restantes ficarão
sem comandante. O Ancião shifter sofrerá a perda de um filho, e
eu terei a moeda de troca perfeita para negociar com os seus
irmãos.

MY
SavioR
Alanea Alder
— Mas você disse que esse feitiço arrancará a alma de
todos nesta instalação, como você pode negociar com os meus
irmãos então?
— Porque eles negociarão pela sua alma. Você tem ideia de
como é difícil manter um refém? É muito mais fácil trabalhar
com almas. Agora, em breve você sentirá uma leve picada antes
que dor exploda por todo o seu corpo. Eu pessoalmente não
vivenciei o que você está prestes a vivenciar, mas as bruxas
anteriores gritaram muito, então eu imagino que seja muito
doloroso. Adeus, minha querida.
— Espera! Espera! — Ela lutou contra o metal quando
ouviu a máquina sobre ela começar a ligar.
Darian, fique longe!
*****
— Eu não gosto disso, — Meryn grunhiu. Beth concordou.
Algo não parecia certo.
Meryn se virou para Lorcan.
— Vá ajudar o Aiden. Nós temos o Byron e o Abraham
aqui, sem mencionar Ryuu e alguns guerreiros fae fodões. Nós
ficaremos bem; Aiden precisará de você mais do que nós.
Lorcan parecia dividido. Beth conseguia perceber que ele
estava ansioso para seguir o Aiden. Ele olhou em volta e
encontrou os olhos de Byron.
— Você acha que realmente ficarão bem aqui?
Byron assentiu.
— Sim, a Meryn está certa. Temos homens suficientes
aqui. Vá ajudar o meu filho.

MY
SavioR
Alanea Alder
Parecendo aliviado, Lorcan latiu a ordem para sair. Ele e o
resto da Unidade Beta rapidamente se dirigiram para a porta.
Depois que eles saíram, Meryn virou-se para ela e sorriu.
— Fase um concluída.
Que os Deuses os ajudassem; ela estava planejando algo!
Meryn pegou seu walkie-talkie.
— Gamma Kitten One, Gamma Kitten One, aqui é a
Ameaça, câmbio.
Beth olhou para Byron, que começou a esfregar o queixo e
sorrir. Ele sabia que ela estava tramando algo também.
— Ameaça? Por que você está usando os rádios? — Sascha
exigiu.
— Gamma Kitten One, você não disse câmbio. De qualquer
forma, eu estava te avisando que eu, Papai Urso e amigos,
Coelhinha, Rodas, Bonitinho, e Garotinha estamos indo aí,
câmbio.
— Diabos que está! Me ouça, Ameaça, fique aí! É perigoso
aqui!
Beth conseguia imaginar as veias na testa de Sascha
ficando proeminentes.
— O que foi isso, Gamma Kitten One? O sinal está caindo.
Estamos a caminho. Ameaça câmbio e desligo. — Meryn
desligou o walkie-talkie antes de se virar para Byron. —
Presumo que você aprove.
Ele assentiu.
— Faz sentido reunir todos para que não tenhamos
recursos divididos.
Meryn sorriu.
MY
SavioR
Alanea Alder
— É por isso que você é fodão jogando jogos de estratégia.
— Ela se virou para Jaxon, Noah e Penny. — Vamos nessa.
Beth balançou a cabeça e pegou a bolsa de Meryn. Ryuu já
havia recolhido seus casacos e estava esperando no corredor.
Eles acabaram levando três SUVs para a cidade. Beth nunca
tinha ficado tão assustada como quando se dirigiram ao centro
da cidade. As Unidades Gama, Delta e Épsilon, juntamente com
guerreiros voluntários, haviam criado uma grande barricada em
frente a Mansão do Conselho, iluminada por holofotes. Fora ali
que a cidade realizara o Baile do Soltíscio de Inverno em
dezembro. Famílias com casas e empresas próximas haviam ido
até ali em busca de proteção.
Quando Sascha os viu se aproximando, Beth pôde vê-lo
xingando de onde ela estava.
— Maldição, Ameaça! Você está tentando nos matar? —
Sascha gritou.
Meryn cruzou os braços.
— Onde estão as unidades Delta e Épsilon? Por que a
Gama está defendendo essa barricada sozinha?
Sascha lançou um olhar para Byron, que simplesmente
levantou uma sobrancelha. Sascha voltou-se para Meryn.
— Eles estão ajudando a defender postos de controle em
toda a cidade, há muitas pessoas assustadas por aí.
— Exatamente! — Meryn disse.
— O que? — Sascha perguntou, olhando entre Meryn e
Byron.
Byron deu um passo à frente.

MY
SavioR
Alanea Alder
— Eu aprendi uma coisa ou duas da Meryn aqui sobre
combate urbano a partir de um jogo de estratégia que jogamos
online. Os métodos da Meryn são extremamente simples, mas
funcionam sempre.
— Que método? — Sascha perguntou.
Meryn pegou seu walkie-talkie e ligou-o novamente.
— Cachinhos Dourados, Papai Noel e Quarterback
venham, câmbio.
Sascha sorriu com os codinomes dos outros. Segundos
depois, Graham Armstrong, Santiago Diaz e Markus Aiken
responderam.
— Ameaça, quem lhe deu permissão para criar esses
codinomes malucos? — Graham resmungou.
— Calma, Cachinhos Dourados. Aqui estão as suas novas
ordens. Coordene com os voluntários trabalhando com as suas
unidades e comece a mandar os civis para a Mansão do
Conselho. O Rodas e o Bonitinho estão montando um mini
posto de comando dentro da mansão; eles os guiarão usando o
sistema de vigilância para evitar bolsões de ferals.
— Eu te amo pra caralho, Ameaça, — disse Santiago,
fazendo Meryn sorrir.
— Dividam as ruas e comecem a se mover, cavalheiros, —
ela ordenou.
— Sim, senhora, — eles responderam.
Sascha balançou a cabeça.
— O que faríamos sem você? — Ele olhou ao redor. —
Cadê a Beta?

MY
SavioR
Alanea Alder
— Urrariam e bateriam no peito. Eu mandei a Beta para
ajudar o Aiden. — Meryn olhou em volta. — Onde está a Rheia?
Sascha apontou para a Mansão do Conselho.
— Ela está lá com alguns dos feridos.
Meryn se virou e foi até Penny.
— Entre lá, garota, sua mãe está te esperando. — Ela
olhou para um dos guerreiros fae. — Ela é a sua única
responsabilidade. Você é a nova sombra dela, entendeu? — O
guerreiro bateu com o punho no peito e estendeu a mão para
Penny e a acompanhou para dentro.
Meryn olhou para os sete guerreiros fae restantes.
— O resto de vocês decide quem protegerá a Beth e eu, e o
resto deve se reportar ao Sascha. Nosso foco principal é levar o
maior número possível de pessoas para cá, onde é seguro.
Um dos guerreiros deu um passo à frente.
— Meu nome é Doran Ri'Eirlea, irmão do Brennus, o
consorte de nossa Rainha. Eu ficarei e a protegerei. Minha
rainha foi muito clara em suas ordens de que nada lhe
aconteça. — Ele também levantou o punho e bateu no peito,
fazendo a armadura ressoar como um sino.
— Bem, tudo certo então. Doran, você fica comigo. Todos
os outros, suas ordens vem do Sascha. — Meryn virou-se para
Byron. — Você pode vigiar a barricada?
Ele a olhou sem piscar.
— O que você vai fazer?
Ela deu de ombros.
— Nada.
Ryuu pigarreou.
MY
SavioR
Alanea Alder
— Denka, acho que todos sabemos que isso é mentira.
Meryn suspirou.
— Sem explosivos, é tudo o que posso prometer.
Byron apertou o nariz da mesma maneira que Aiden fazia
quando ficava irritado.
— Tudo bem, mas se algo acontecer com você, a Adelaide
vai me esfolar e usar meu pelo como tapete. Não se ponha em
perigo, mocinha.
— Pffft, eu faria isso? — Ela levantou a mão quando viu
suas expressões duvidosas. — Deixa pra lá. — Ela se virou e se
afastou com Ryuu e Doran a reboque.
— Ela nos salvará ou será a morte de todos nós, — disse
Byron, dando um grande suspiro. Ele se virou para Beth. — E o
que você vai fazer?
— Vou entrar. Estou acostumada a coordenar grandes
grupos de pessoas de quando trabalhei com o meu tio em
Noctem Falls. Logo, teremos muitas pessoas assustadas
procurando alguém para lhes dizer o que fazer, — ela disse
olhando para os pequenos grupos que já estavam chegando.
Byron bateu a mão no ombro dela.
— O Gavriel tem muita sorte de ter você.
Ela sorriu.
— Eu sinto o mesmo em relação a ele.
Beth piscou enquanto observava Meryn passar por eles
usando um capacete verde do exército e carregando uma arma
nas costas.
Queridos Deuses no céu!

MY
SavioR
Alanea Alder
— Meryn, o que diabos você está fazendo? Onde você
conseguiu esse capacete? — Sascha rugiu.
— Estou ajudando, e peguei o capacete de uma das
sacolas atrás dos sacos de areia, legal, não é? — ela perguntou,
batendo os nós dos dedos no capacete.
Beth não teve coragem de lhe dizer que ela parecia uma
criança brincando de soldado. O capacete continuava
deslizando sobre seus olhos.
— Ajudando? Ajudando como? Droga, Ameaça, essa arma
é maior que você! — Sascha disse, tentando puxar a arma das
costas dela.
Meryn recuou.
— Está tudo sob controle! — Ela se escondeu atrás de
Ryuu e correu para dentro da Mansão do Conselho, Ryuu e
Doran a seguindo.
Sascha fez uma careta e colocou a mão sobre a barriga.
— Meu estômago dói. Como o Aiden faz isso o tempo todo?
Beth deu um tapinha no braço dele.
— Ela vai ficar bem. Ela esteve praticando com a Penny e o
Colton. Aiden a proibiu de usar armas de fogo depois que ela
acidentalmente atirou nele, mas ele ficou de boas com ela
aprendendo a usar um rifle.
Sascha lançou-lhe um olhar azedo.
— Um rifle de sniper de alta potência?
Eles ouviram homens gritando à direita. Beth e Sascha se
viraram para ver um pequeno grupo de três ferals caindo sobre
eles.

MY
SavioR
Alanea Alder
— Merda! Eles devem ter passado pela Delta! — Sascha
levantou a arma, mas antes que pudesse disparar os três ferals
caíram, um após o outro.
O walkie-talkie de Sascha estalou.
— Gamma Kitten One, você viu isso? Eu os peguei!
Câmbio.
Beth riu. Sascha balançou a cabeça em derrota.
— Bom trabalho, Ameaça. Te devo uma.
Lentamente, em pequenos e grandes grupos, toda a cidade
foi evacuada para a Mansão do Conselho. Beth ficou do lado de
fora para ajudar a orientá-los, tentando manter os vizinhos
juntos. Como todas as unidades haviam voltado à mansão, ela
estava prestes a entrar quando olhou para cima e viu uma
espessa névoa branca começar a rolar na direção deles de todas
as ruas laterais.
Ela correu até o Sascha.
— O que é isso?
Sascha balançou a cabeça.
— Eu não faço ideia.
— Gamma Kitten One, você pode avisar a todos que eu
peguei emprestado alguns dos seus marshmallows e estamos
criando essa névoa. Câmbio. — A voz de Meryn quebrou o
silêncio.
Sascha pegou o rádio e olhou para o telhado.
— O que é isso, Ameaça?
— Eu não vejo ferals há algum tempo. Foi quando me
lembrei que alguns podiam estar invisíveis. Então, eu fiz dois
dos nossos amigos bruxinhos usarem magia de terra e magia de
MY
SavioR
Alanea Alder
água para criar uma névoa à base de farinha e cola. Essa merda
vai grudar em tudo. Então, se você vir uma mancha branca sem
rosto vindo em sua direção. Atire nela. Câmbio.
— Atirar em bolhas brancas e sem rosto. Entendido,
Ameaça, Gamma Kitten One câmbio e desligo.
Beth lhe sorriu.
— Sabe, agora que você usou esse codinome, você está
preso a ele por toda a eternidade.
Sascha deu de ombros corando.
— Me apeguei a ele.
Beth olhou para a rua.
— Não querendo estragar a sua noite, mas você tem bolhas
brancas sem rosto aparecendo na rua.
Sascha deu um sorriso maligno e virou-se para os homens
ao seu redor.
— Queimem aqueles filhos da puta, cavalheiros!
Beth colocou os dedos nos ouvidos quando dezenas de
armas de calibre diferentes começaram a disparar ao seu redor.
Ela correu para dentro para ajudar a manter as pessoas calmas.
Ela não podia deixar Rheia e Meryn fazerem todo o trabalho.

MY
SavioR
Alanea Alder
Capítulo 13

Darian verificou sua arma e ficou de pé com as costas


contra a parede. A luz da Amelia os havia levado para uma
clínica abandonada.
— Darian, tem certeza? — Aiden sussurrou.
Ele assentiu.
— Você vai tê-la de volta, eu prometo, — Keelan
sussurrou.
Darian olhou para o amigo.
— Você teve uma premonição? — ele perguntou, mantendo
a voz baixa.
O sorriso de Keelan foi triste.
— Algo assim. Quando chegar a hora, não hesite.
Certifique-se de que o Aiden saia.
— Keelan, o que... — Darian começou.
— Saía! — Aiden sussurrou em voz alta.
Colton tomou a dianteira e verificou a porta. A sorte estava
do lado deles; a porta estava destrancada. Furtivamente, eles
seguiram pelos corredores escuros. Darian conseguia perceber

MY
SavioR
Alanea Alder
que a falta de resistência estava deixando todos extremamente
nervosos. Ele estava prestes a se concentrar em Amelia para
obter uma direção quando ouviram gritos.
— Amelia! — Darian silvou. Os homens correram em
direção ao som dos gritos. Foi necessário tudo de si para Darian
resistir ao desejo de entrar correndo na sala. Aiden ergueu um
punho e espiou pela porta aberta. Ele assentiu e eles correram
para dentro.
Darian viu com horror como sua companheira se contorcia
de dor sob um cristal brilhante. Keelan correu à frente e
apertou uma série de botões. A luz do cristal diminuiu, e as
correias prendendo sua companheira foram liberadas.
Gavriel se virou para Keelan.
— Como você sabia como fazer isso?
— Eu vi isso em um sonho, — Keelan disse, puxando uma
alavanca para baixo que desligou o dispositivo inteiro.
Darian pegou Amelia quando ela tombou para frente.
Quando ela abriu os olhos e o viu, começou a chorar.
— Está tudo bem, meu amor, você está segura agora. —
Darian pegou-a nos braços.
Seus olhos estavam desfocados enquanto ela balançava a
cabeça.
— Armadilha. É... uma... armadilha, — ela sussurrou.
Keelan agarrou o braço de Darian e empurrou-o na direção
da porta.
— Corre!
Eles apenas haviam chegado mais ou menos na metade do
corredor quando uma luz brilhante apareceu atrás deles. Darian
MY
SavioR
Alanea Alder
olhou para trás, e uma grande esfera brilhante apareceu no
meio do corredor.
Keelan parou e firmou os pés. Erguendo a mão esquerda,
ele começou a conjurar um feitiço.
— Keelan, venha! — Darian gritou.
Keelan levantou a cabeça e o olhar em seu rosto era
pacífico.
— Lembre-se do que eu lhe disse: não hesite. Colton, tire o
Aiden daqui. — Atrás dele, Darian ouviu Aiden lutando com
Gavriel e Colton enquanto eles praticamente o carregavam pelo
corredor.
Keelan sorriu.
— Adeus, meu amigo. Diga ao meu irmão que ele estava
certo, mas essa foi a única maneira que eu vi onde todos vocês
sobreviviam. Diga a ele que sinto muito pelo que fiz, mas eu
faria novamente. — Atrás de Keelan, a esfera pulsava. Ele se
virou para Darian, com lágrimas nos olhos. — Vá!
Darian segurou Amelia firme enquanto se virara e deixava
o amigo para trás. Lá fora, Gavriel e Colton haviam prendido
Aiden no chão para impedi-lo de voltar para dentro. Do nada,
Lorcan e a Unidade Beta correram até eles vindos do
estacionamento.
— Onde estamos? — Lorcan gritou.
— Bomba! — Colton gritou.
Kade, o bruxo da Unidade Beta, teve apenas tempo
suficiente para erigir um escudo quando uma onda de impulso
bateu neste. Esta jogou os homens no chão, empurrando-os
vários metros para trás.
MY
SavioR
Alanea Alder
Demorou alguns minutos para o zumbido em seus ouvidos
parar. Ele gentilmente colocou Amelia no chão. Ela chorava
incontrolavelmente nas próprias mãos. Ele se levantou sobre
pernas instáveis e piscou, tentando tirar as formas escuras de
sua visão.
Ele apenas conseguia distinguir as silhuetas dos outros
homens ficando de pé e balançando as cabeças.
Lorcan virou-se para ele:
— Onde está o Keelan?
— Guarde a Amelia! — Darian gritou.
Ele não respondeu à pergunta de Lorcan, porque não
queria dizer tal coisa em voz alta. Se ele falasse em voz alta, isso
se tornaria real. Ele passou por Lorcan e correu com Aiden de
volta para o prédio. Virou a esquina e derrapou até parar. Lá,
no meio do corredor, estava o corpo amassado de Keelan.
— Não! Não, Keelan! Seu idiota! — Darian correu adiante e
pegou o amigo nos braços. — Aiden, ajude-o!
Aiden estava sentado no chão, com os cotovelos nos
joelhos e o rosto nas mãos. O comandante deles estava
chorando? Ele não podia estar chorando, porque isso
significaria que eles haviam perdido o Keelan.
Ele sacudiu o Keelan.
— Acorde!
Atrás dele, Oron tentou tirar gentilmente Keelan das mãos
de Darian.
— Não! — ele empurrou Oron para longe.
— Ele disse que estava tendo o mesmo pesadelo há
semanas, e toda noite ele tentava mudar o resultado. Essa deve
MY
SavioR
Alanea Alder
ter sido a única série de eventos que ele permitiria que
acontecesse. Ele disse que essa era a única maneira de todos
nós sobrevivermos, — disse Amelia, com lágrimas escorrendo
pelo rosto.
Ele puxou Keelan para cima e gritou em seu rosto:
— Você sabia! Seu filho da puta! Você sabia e se sacrificou
de qualquer maneira! — Ele ouviu sua voz falhar e não se
importou.
— Levante-o! Precisamos levar o Keelan de volta para
Lycaonia, talvez possamos descobrir o feitiço para desfazer o
que quer que seja isso, — disse Lorcan.
— A voz no autofalante disse que o feitiço arrancaria a
alma do corpo de qualquer coisa viva no edifício, criando esferas
de alma. Ele disse que eles coletariam as almas de todos os
membros da Unidade Alfa. — Amelia estremeceu.
Aiden ergueu os olhos de suas mãos.
— Eles estão com a alma dele? — Sua voz estava quase
irreconhecível. Amelia podia ver a imagem de um urso semi-
imposto sobre seu corpo. A raiva de Aiden era quase palpável.
Lorcan olhou em volta, confuso.
— Por que eles simplesmente não nos mataram no
estacionamento quando ficamos todos atordoados por alguns
minutos?
Amelia olhou para cima, os olhos distantes.
— Eu não acho que eles teriam arriscado uma briga com
duas unidades. Além disso, acho que eles têm planos para as
suas almas.
Colton puxou Aiden para este ficar em pé.
MY
SavioR
Alanea Alder
— Nós vamos recuperar a alma dele.
Aiden assentiu.
— Sim, vamos, logo antes de eu destruir cada um deles, —
ele prometeu.
Os homens assentiram, se entreolhando.
Oron ajudou Darian a se levantar, mas Darian se recusou
a entregar Keelan. Ele levou o corpo do amigo para o carro e
gentilmente o colocou no banco de trás.
Aiden virou-se para Lorcan.
— Como você soube que deveria vir?
Bishop, o vampiro da Beta, balançou a cabeça. Ele se virou
para Gavriel e Aiden.
— As suas companheiras. Elas estavam inquietas e
disseram que algo estava errado. Elas nos mandaram atrás de
vocês.
Aiden pareceu chocado.
— Ela nunca deixa de me surpreender.
Lorcan deu um tapinha no ombro de Aiden.
— Espere até ouvir isso. Sascha nos manteve atualizados
enquanto dirigíamos para cá. Meryn moveu todos da
propriedade Alfa para a Mansão do Conselho, evacuou a cidade,
depois começou a se instalar no telhado como uma franca-
atiradora antes de trabalhar com os bruxos para soltar esse
feitiço de partículas que tornou visíveis todos os ferals
invisíveis.
Aiden abriu a boca e a fechou.
Gavriel balançou a cabeça e virou-se para o Bishop.
— Como você nos encontrou?
MY
SavioR
Alanea Alder
Bishop esfregou a nuca.
— Pelos localizadores de GPS que Meryn nos fez instalar
em todos os veículos.
— Vamos nessa ajudar a minha irmãzinha-prima, —
Amelia disse, sua voz soando plana.
Darian virou-se para sua companheira.
— Amor? Você está bem?
Ela assentiu distraidamente.
Kade se aproximou e colocou uma mão gentil no ombro
dela; ele imediatamente a puxou de volta como se tivesse sido
queimado.
— Deuses acima, a magia dela está completamente
descontrolada. É como se algo a tivesse despojado de toda
instrução ou restrição que ela construiu para controlar sua
magia. O que diabos eles fizeram com ela?
Darian emoldurou o rosto dela com ambas as mãos.
— Querida? Você sabe em que máquina estava?
Ela assentiu, os olhos desfocados.
— Ele disse que ela roubaria toda a minha magia.
Kade virou-se para Darian.
— Precisamos levá-la para o Quinn. Ele usa a magia de
terra igual a Amelia. Ele pode ajudá-la a controlar sua magia.
De uma vez, os homens estavam se movendo.
Oron sentou-se ao lado do corpo de Keelan. Ele encontrou
os olhos de Darian e assentiu. Darian sabia que seu irmão
cuidaria de Keelan enquanto ele ajudava sua companheira.
Quando Amelia estivesse bem, ele enfrentaria o que tinha
acontecido. Mais tarde, ele enfrentaria isso mais tarde.
MY
SavioR
Alanea Alder
*****
Nos arredores da cidade, Darian ouviu Colton começar a
amaldiçoar.
— Nós temos companhia, — disse Gavriel do banco do
motorista, de olho no espelho retrovisor.
— Talvez eles tenham mudado de ideia sobre uma briga. —
Aiden estalou os nós dos dedos.
O telefone de Colton vibrou e ele o atendeu colocando-o no
viva voz, era Lorcan.
— O que você quer fazer, Comandante?
— Acelere. Vamos nos distanciar um pouco. Então eu
quero encostar e transferir o Keelan e a Amelia para o seu
veículo. Seu único objetivo é levá-los ao Adam e o Quinn o mais
rápido e seguramente possível. A Unidade Alfa vai lidar com os
nossos convidados, — disse Aiden, o rosto sombrio de emoção.
— Entendido, — Lorcan confirmou antes de desligar.
Aiden virou-se em seu assento para encarar Darian.
— Eu entenderia se você quiser ir com a Amelia.
Darian olhou ao redor; sua pobre companheira olhava
fixamente para o espaço, com lágrimas escorrendo levemente
pelas bochechas. Ele beijou o topo de sua cabeça e depois se
virou para Aiden.
— Não. Eles me devem pelo que fizeram com a minha
companheira e pelo que fizeram com o Keelan. Com alguma
sorte, a alma do Keelan está com eles, e podemos libertá-lo.
Aiden assentiu e se virou no assento. Gavriel pisou no
acelerador e a van atrás deles ficou cada vez menor. Após cerca
de dez minutos, Gavriel parou o SUV e os homens se moveram
MY
SavioR
Alanea Alder
rapidamente. Darian teve tempo de beijar Amelia antes de
Lorcan pegá-la no colo e leva-la até o SUV deles. Larik, o
guerreiro fae da Beta, assentiu para Darian, seus olhos
passando rapidamente pelo anel de prata na mão direita de
Darian. Larik levantou o punho contra o peito em saudação
antes de pegar Keelan. Darian confiava em todos os seus irmãos
de unidade igualmente, mas sentiu-se aliviado por ser outro fae
cuidando de Keelan e Amelia.
Portas se fecharam com força e o SUV carregando a pessoa
mais importante de sua vida, sua companheira, virou à
esquerda e acelerou em direção a Lycaonia. Todos, incluindo
Oron, voltaram ao SUV.
Aiden olhou em volta.
— Vamos tirar isso da estrada principal. Não quero que
nenhum inocente se machuque.
Gavriel assentiu e virou à esquerda na mesma estrada em
que o outro SUV acabara de desaparecer. Eles dirigiram devagar
por cerca de oito quilômetros antes de verem a van escura vindo
rapidamente atrás deles. Gavriel encostou na lateral da estrada
e os homens saíram. Eles pisaram na estrada e viram a van se
aproximar cada vez mais. Menos de um quilômetro e meio antes
que a van os alcançasse, esta parou abruptamente, e a frente do
carro caiu sobre si mesma como um acordeão. O vapor do
radiador criou uma nuvem que mal era vista na luz cinzenta do
amanhecer.
— Bem, não se vê isso todos os dias, — disse Oron,
olhando para os destroços com os olhos semicerrados.

MY
SavioR
Alanea Alder
Depois de alguns minutos, as portas da van se abriram e
homens saíram tropeçando. Eles olharam para cima e viram os
cinco guerreiros da unidade em pé no meio da estrada e
correram à frente. Segundos depois, como seu carro, eles
colidiram com uma força invisível e, com sangue espirrando,
seus corpos caíram no chão.
— Bem, raios me partam; o Ancião Airgead deve ter
descoberto um feitiço de perímetro. — Colton assobiou sua
admiração.
Gavriel inclinou a cabeça e observou como os ferals
completamente atordoados tentaram novamente correr até eles,
apenas para serem nocauteados com o impacto contra a
barreira.
— Por mais que eu adoraria vê-los fazendo isso o dia todo,
nós temos ferals atacando a cidade. — Ele sacou a arma.
Colton olhou para os homens no chão e suspirou.
— Isso não parece certo. Eles deveriam estar espumando
pela boca e tentando nos morder.
— Pense nisso como matar um rato em uma armadilha, é
apenas uma maneira mais rápida de exterminar, — disse Aiden,
sacando sua arma.
Todos os cinco homens se aproximaram e miraram. O som
de tiros abalou a manhã tranquila de inverno. Eles verificaram
cada corpo e o carro atrás da alma de Keelan. Não a
encontrando, um por um, eles arrastaram os corpos para dentro
da vala para preparar o enterro mais tarde e voltaram para o
SUV.

MY
SavioR
Alanea Alder
— Aposto que foi um bruxo na cidade que surtou durante
o ataque que criou o perímetro, — disse Colton, olhando pela
janela.
— Precisamos descobrir quem foi para sabermos das
condições. Nenhum perímetro é perfeito, nós aprendemos isso
com o... — Aiden engoliu em seco.
— Com o Keelan, — Gavriel disse, terminando a sentença
do comandante.
— Uma coisa de cada vez, Aiden. Vamos proteger a cidade
e garantir que nossas companheiras estejam seguras primeiro.
Então vamos deixar o seu pai tentar descobrir quem violou a lei
e lançou um feitiço por toda a cidade enquanto descansamos
um pouco, — disse Colton, apoiando a mão no ombro do amigo.
Aiden apenas assentiu.
Todo mundo ficou quieto pelo resto do caminho até a
cidade.
*****
Amelia olhava para fora da janela enquanto Lorcan
manobrava o SUV pelo estacionamento. Ninguém falou
enquanto eles paravam numa vaga e saíam. Larik pegou Keelan
e gentilmente o tirou do veículo. Amelia observou; para ela,
parecia que ele estava dormindo. Ela se lembrou do sorriso dele,
do jeito que ele brincava com Darian, da preocupação com o
amigo e do jeito que ele piscava um olho para ela, fazendo-a se
sentir integrada. Ele era o doce, o gentil. Por quê? Por que isso
tinha acontecido com ele?
— Amelia, hora de ir, — Lorcan disse, estendendo a mão
para ela.
MY
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Alanea Alder
Sem palavras, ela a aceitou, e ele a ajudou a sair do SUV.
— Você consegue correr? — ele perguntou.
Ela o olhou e piscou.
— Eu vou aceitar isso como um não. Vamos, querida,
vamos levá-la até o Quinn, ele pode ajudá-la a controlar essa
magia. Você vai se sentir mais com os pés no chão então. —
Lorcan a levantou com facilidade e começou a correr com seus
homens pelos becos de paralelepípedos de Lycaonia.
Apenas alguns dias atrás, sua única preocupação era se
ela teria ou não tempo suficiente para ir às compras. Agora, ela
havia perdido um amigo e estava sendo carregada pelo que
parecia uma zona de guerra.
Ela olhou para frente e viu guerreiros de unidade correndo
em direção a eles. Eles se encontraram com o grupo e os
cercaram, atuando como uma escolta.
— Ouvimos dizer que vocês estavam trazendo uma carga
preciosa, — disse Ben a Lorcan.
— A Amelia precisa do Quinn e o Keelan... acho que nada
pode ser feito por ele. Mas prometi ao Aiden que tentaríamos, —
disse Lorcan.
O loiro pegou um walkie-talkie.
— Gamma Kitten One, aqui é o Adonis, deixe o Raposinha
em espera para receber a Irmãzona-Prima, câmbio.
— Eu tenho um ódio do caralho que você ficou com Adonis
e eu fiquei com Gamma Kitten One! — uma voz masculina
reclamou.
— Fale com a gerente, — disse o loiro, irreverentemente. —
Câmbio e desligo.
MY
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Alanea Alder
— Ben, quem é Raposinha? — Lorcan perguntou enquanto
corriam.
— O Quinn, esse é o nome que a Meryn deu a ele porque
seu sobrenome é Foxglove14.
— Deuses, eu nem consigo imaginar o codinome que ela
me deu, — disse Lorcan.
— Lorelei, — Ben disse com um sorriso.
Lorcan fez uma careta.
— Eu tinha que perguntar.
O grupo correu para a praça da cidade. Dois guerreiros se
separaram para interceptar quatro ferals que atacavam. Lorcan
diminuiu a velocidade e finalmente parou depois que eles
ficaram atrás de uma barricada alta. Ele a colocou de pé.
— Você está bem para ficar de pé?
Ela assentiu. Ao seu redor, os homens começaram a latir
ordens. Os tiros eram quase ininterruptos, enchendo o ar com o
cheiro acre de pólvora.
— Gamma Kitten One, o que aconteceu com o Key Largo?
Por que ele teve que ser carregado para a Mansão do Conselho,
câmbio? — a voz de Meryn exigiu à sua esquerda.
Ela viu Sascha pegar o walkie-talkie. Ele respirou fundo.
— Nós falaremos sobre isso mais tarde, Ameaça, não por
walkie-talkies.
— Deixe-me falar com a minha irmãzona-prima, — Meryn
ordenou.
Sascha lhe entregou o pesado walkie-talkie preto.
14 Fox significa raposa e glove significa luva, mas interessantemente a palavra
Foxglove significa Dedaleira, a qual é uma flor.

MY
SavioR
Alanea Alder
— Ei, você está bem?
Amelia assentiu.
— Eu posso ver você assentindo apenas porque estou te
espiando com a minha mira; você tem que apertar o botão para
falar, — disse Meryn.
Amelia apenas olhou para baixo. Ela não conseguia
arranjar o desejo de falar.
— Gamma Kitten One, o que há de errado com ela?! —
Meryn parecia frenética.
Sascha gentilmente pegou o walkie-talkie dela e olhou para
o telhado.
— Ela passou por uma provação. Nós temos, qual diabos é
o codinome dele... — Sascha franziu o rosto — Raposinha, isso
mesmo. Nós temos o Raposinha vindo para ajuda-la com a
magia dela. Ela ficará bem, Ameaça, prometo.
— É melhor você não estar fodendo comigo.
Sascha fez uma careta para a direção do telhado.
— Eu foderia com alguém que está me olhando através da
mira de um rifle de sniper?
— Bom ponto. Ameaça câmbio e desligo.
Sascha revirou os olhos e recolocou o walkie-talkie no
cinto. Ele urgiu Amelia até os degraus que levavam à Mansão do
Conselho.
— Vamos entrar, o Quinn chegará em breve.
Ela assentiu e o seguiu docilmente. A cada passo que
dava, a pressão aumentava em sua mente. Por todo o corpo, ela
começou a sentir cortes, ossos quebrados, ferimentos de bala e
concussões. Ela cambaleou para trás, fazendo Sascha parar.
MY
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— Qual é o problema?
O medo das mães por seus filhos, a raiva impotente dos
pais, os filhos chorando, tudo fluía por ela como se as emoções
fossem dela mesma. Raiva e medo inundaram seu coração.
— Gamma Kitten One, responda, câmbio.
— Esse não é um bom momento, Ameaça, — ela ouviu
Sascha dizer.
— Arranje tempo. Os ferals estão se reunindo do lado de
fora da praça. Acho que eles vão fazer um ataque maciço ao
prédio, — Meryn relatou.
— Gamma Kitten One, aqui é Adonis. Eu posso confirmar
esse relatório. Além disso, as ruas estão vazias. Os ferals não
estão mais recebendo reforços, câmbio.
— Atenção a todas as unidades, voltem para as escadas da
Mansão do Conselho. Todos os grupos de reconhecimento
retornem à base.
Sascha virou-se para Amelia.
— Eu tenho que voltar.
Ela assentiu.
— Ok.
Sascha se virou e correu de volta para a barricada,
levantando sua arma. Um por um, os guerreiros de unidade
correram para a praça pelas ruas laterais e saltaram na
barricada para se posicionar.
Amelia deu um passo para mais perto da mansão. As
emoções a inundaram, mas em vez de se afogar, ela se
concentrou na própria raiva. Ela transformou o desespero e o
medo das pessoas em sua própria força. Quando a represa
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estourou dentro dela, ela a deixou. A confusão rodopiante
parou, e houve apenas um vazio abençoado. Pela primeira vez,
sua empatia ajudaria, não a impediria.
Ela desceu os degraus até a barricada. Ela viu os ferals
começarem a avançar. Ela subiu a barricada e começou a
atravessar a praça vagarosamente, como se estivesse indo de
uma loja para outra.
— Amelia! — ela ouviu Meryn gritar.
Ela olhou para os ferals que se aproximavam. Eram eles
que estavam roubando a alma das pessoas. Eles estavam
machucando e matando pessoas inocentes. Foram eles que a
machucaram e mataram Keelan. Calmamente, ela levantou a
mão direita, a sua mão de poder, e pela primeira vez em toda a
sua vida, ela soltou sua mágica.
A própria máquina que eles usaram para tentar roubar
sua magia havia quebrado todas as amarras posicionadas para
restringir sua magia. Ela era capaz de usá-la contra eles agora;
ela os faria pagar.
Sob seus pés, ela sentiu a terra começar a se mover e
ondular como uma onda crescente. Ela a persuadiu, a chamou
como à uma criança amada. Paralelepípedos voaram no ar
quando grandes mãos de lama se estenderam e agarraram os
ferals, o avanço destes, antes aterrorizante, parou
abruptamente.
“Amelia. Querida, você tem que parar.” Uma voz familiar
disse em sua mente.
“Não, eu não quero.”

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“Eu sei que você não quer, mas precisa parar. Se não parar,
machucará alguém, e eu sei que você não quer isso.”
“Sim, eu quero, Athair! Eu quero machucar todos eles! Eu os
quero mortos!”
“Acalme-se e deixe-me ajudá-la a guardar a sua magia.
Algo removeu toda proteção que eu coloquei para você.”
“Não!”
“Amelia Violet Ironwood, você fará o que eu digo.” A voz era
firme, intransigente.
“Eles mataram o Keelan!”
Ela gritou e sua magia de terra começou a apertar e
retorcer os corpos que segurava nas mãos de lama.
Segundos depois, uma tremenda onda de magia fluiu por
ela. Fogo irrompeu da lama, incinerando os ferals quase que
instantaneamente. Ela se deixou baixar a mão. A magia de fogo
do Kendrick a tinha drenado de poder. Ela sabia que, de alguma
forma, inadvertidamente ele a havia usado para canalizar sua
própria magia para destruir aqueles que mataram seu
irmãozinho.
Ela ficou sozinha na praça. Os ferals agora eram estátuas
macabras de cinzas. Um pequeno corpo trombou com suas
costas, e ela sentiu braços envolverem sua cintura.
— Amelia, Amelia, Amelia! Não me deixe sozinha! Você é a
única família que eu tenho, — Meryn implorou, encharcando
suas costas com lágrimas.
— Há muita dor, Meryn, a dor de todos. — Amelia deixou a
cabeça cair para frente. Ela não tinha forças para continuar
mais. Qual seria o ponto?
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— Dê-me cinco minutos. Eu entro e nocauteio todos
aqueles imbecis na Mansão do Conselho para você não sentir a
dor deles, — implorou Meryn.
— Compartilhe sua dor, meu amor.
Amelia olhou para cima e viu seu companheiro
caminhando em sua direção. O sol da manhã estava nascendo
atrás dele e parecia incendiar seus cabelos, dando-lhe uma
auréola dourada. Ao redor dele, a Unidade Alfa entrou na praça.
Aiden gentilmente afastou Meryn dela. Darian lhe emoldurou o
rosto com ambas as mãos e olhou para baixo.
— Se houver muita dor, deixe-me compartilhá-la. Se você
achar muito difícil dar um passo à frente, eu te levo. Você não
me deixou desistir; estou retornando o favor. — Ele se inclinou
e beijou suavemente cada pálpebra.
Só de estar perto dele fazia desaparecer o horror da noite,
como as estrelas desaparecendo com o nascer do sol. Ela
suspirou.
— Eu estou tão cansada.
— Então vamos para casa. — A voz do seu companheiro foi
a última coisa que ela ouviu antes de fechar os olhos e deixar a
escuridão toma-la.
*****
Amelia dormiu até o final da tarde e ficou chocada ao ver
que ainda estava na Mansão do Conselho quando acordou. Ela
olhou ao redor a partir do catre onde estava, tentando encontrar
Darian, mas ele não estava à vista. Ela se levantou e dobrou o
cobertor de lã cinza, deixando-o no catre. Ela olhou ao redor do
salão de dança lotado antes de avistar um rosto familiar.
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Ela viu Sascha ajudando um casal com seus filhos e
correu até ele.
— Onde estão todos? Por que ainda estamos aqui?
Sascha rosnou quando a pequena família se afastou.
— Aiden está com o Conselho desde esta manhã, e
nenhum dos membros da unidade vai sair daqui sem ele. Eles
nem o deixaram descansar um pouco.
“Meryn e Beth acordaram cerca de uma hora atrás e tem
ajudado a tranquilizar as últimas famílias e a fazê-las voltar
para suas casas. Rheia está ao lado de Keelan desde que
acordou. A última notícia que tive foi que o Gavriel finalmente
chegou no limite e, ele e a Unidade Alfa invadiram a sessão do
conselho para pegar o Aiden. Eles devem sair em breve. —
Sascha acenou com a cabeça em direção às pesadas portas de
madeira.
— Obrigada, acho que é melhor eu encontrar a Meryn.
— Ei, Amelia, — Sascha chamou.
— Sim?
— Nós todos realmente sentimos muito pelo Keelan. Ele...
ele era como um irmãozinho para todos nós. Eu faria qualquer
coisa para tê-lo acordado e me eletrocutando de novo. — Sascha
virou a cabeça, os olhos se enchendo de lágrimas.
— Obrigada, — ela disse simplesmente e se afastou para
encontrar sua irmãzinha-prima.
Depois de alguns minutos, ela sentiu tentáculos de sua
empatia começarem a reavivar. Ao seu redor, as emoções das
pessoas estavam aumentando. Aproveitando a magia quase
depleta, Amelia respirou fundo e facilmente empurrou sua
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empatia de volta para a caixa mental onde normalmente a
mantinha. Ela não sabia o que fazer com sua magia de terra,
mas, considerando que ela havia destruído a praça da cidade,
ela não achava que esta causaria problemas tão cedo. Ela olhou
para o sol poente. Ela estava começando a pensar que eles
nunca seriam capazes de ir para casa.
Ela andou por aí até encontrar Meryn e foi até onde ela,
Beth, Penny e Rheia estavam ao redor da maca onde Keelan
estava. Meryn chorava baixinho enquanto afastava os cabelos
de Keelan do rosto deste. Ryuu estava atrás dela, uma mão
reconfortante em seu ombro. Penny olhava a cena com olhos
tristes, estendendo a mão ocasionalmente para dar um tapinha
na bochecha de Keelan.
— Eu posso mantê-lo vivo, mas não sei por quanto tempo.
Um corpo não foi feito para viver sem uma alma, — explicou
Adam. Todos assentiram.
— Nós cuidaremos dele, — Meryn prometeu ferozmente.
As grandes portas de madeira se abriram com um rangido
e, com rostos tempestuosos, Aiden, Gavriel e o resto da Unidade
Alfa se aproximaram do pequeno grupo.
— Estamos indo embora. Adam, você pode providenciar
transporte para levar o Keelan de volta à Propriedade Alfa? Ele
não deve, repito, não deve ser transferido para o centro médico
aqui na Mansão do Conselho para ser estudado. —Aiden rosnou
as palavras, seus caninos superiores espreitando pelos lábios.
O rosto de Adam ficou sombrio de raiva quando soube dos
planos do conselho para Keelan e ele assentiu.

MY
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— Estaremos logo atrás de você. Onde você quer que ele
seja acomodado?
— Em seu próprio quarto, — respondeu Aiden.
Ryuu deu um passo à frente.
— Quando você chegar à propriedade, me avise, eu farei
tudo o que puder para ajudar.
Aiden olhou para o escudeiro com uma expressão azeda.
— E onde você estava quando a minha companheira
estava atirando em ferals com um maldito rifle de sniper? — ele
exigiu, a exaustão acrescentando uma ferroada em suas
palavras.
Ryuu jogou-lhe um olhar plano.
— Segurando sua munição.
Aiden rosnou novamente com frustração.
— Vamos para casa!
Eles acabaram levando dois SUVs de volta para a
propriedade Alfa. Darian segurou a mão de Amelia com força
enquanto tudo de repente parecia apanhá-la. Uma vez em casa,
os casais se separaram, cada um indo para sua própria suíte
para lamentar a perda de Keelan e se recuperar dos eventos
traumáticos do dia anterior.
Darian a levou pelas escadas para o quarto deles. Ele
abriu a porta e ela entrou.
— Esta é a primeira vez que eu estou aqui desde que me
tornei sua companheira. — Tanta coisa havia acontecido em
apenas alguns dias.

MY
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Alanea Alder
— Abençoado Imbolc, — ele sussurrou, se aproximando
para abraçá-la com força. Ela inclinou a cabeça para trás para
repousá-la em seu peito.
— Eu não me sinto muito abençoada. O Keelan...
— Está vivo. Enquanto ele estiver respirando, há
esperança.
— Isso não é o mesmo. Ele não estará na mesa da sala de
jantar com medo da Meryn ou me dando um joinha. — Amelia
deixou as lágrimas caírem.
Ela sentiu a respiração trêmula de Darian.
— Nós teremos que lembrar de tudo o que acontecer, para
que possamos contar a ele quando ele voltar.
Amelia segurou as mãos dele onde estavam enganchadas
em sua cintura.
— Você está certo. Ele não se foi, apenas não está aqui
agora. — Ela se virou para encará-lo e enxugou os olhos. Ela
olhou nos olhos cor de lavanda dele enquanto uma ideia
começou a se formar. — Vamos reunir todos.
A expressão de Darian era duvidosa.
— Acho que todos precisam de um tempo sozinhos no
momento.
Amelia balançou a cabeça.
— Reúna todos e diga a eles para deixarem as luzes
acesas. Eu preciso encontrar o Ryuu!
Ela deu um pulinho, roçou o queixo dele com um beijo, e
saiu correndo pela porta e desceu as escadas.
— Ryuu, — ela chamou.
Ryuu entrou no saguão vindo da sala da frente.
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— Sim, itoko-sama?
— Precisamos de velas, muitas velas! É Imbolc! — ela
decretou. Ela sentiu uma explosão de energia que tinha certeza
de vir por ela estar completamente sobrecarregada, mas não se
importou.
Sorrindo, Ryuu fez uma mesura.
— Claro, essa é uma ideia maravilhosa. — Ele se apressou
a sair enquanto todos começaram a descer as escadas,
parecendo intrigados.
— Vocês deixaram suas luzes acesas? — ela perguntou ao
grupo.
Todos assentiram, mas ela viu que Rheia e Meryn
pareciam confusas.
Ela se aproximou de Meryn enquanto Ryuu começou a
distribuir as velas.
— Imbolc ou o que às vezes é chamado de Apresentação do
Senhor, é uma celebração da luz. Marca a passagem do inverno
para a primavera e o renascimento do sol. Nós acendemos todas
as luzes da casa e acendemos velas para dar as boas-vindas ao
calor do verão. — Ela se virou para o grupo. — Eu sei que não é
fácil se sentir alegre no momento, e está tudo bem, mas pensei
que, se iluminássemos a Propriedade Alfa, talvez o Keelan
pudesse encontrar o caminho de casa com mais facilidade.
Ao seu redor, um pouco a princípio, todos começaram a
sorrir.
— Eu também! Eu também! — Penny disse pulando para
cima e para baixo. Ryuu entregou-lhe uma vela de LED sem
chama. Todos ansiosamente começaram a acender as velas.
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— Vamos manter uma luz acesa até que ele venha para
casa, — disse Aiden, com lágrimas nos olhos.
Darian estava atrás dela. Ele se inclinou e sussurrou:
— Você é a minha luz, a minha salvadora. — Ele apontou
para o grupo. — Só você poderia tirar as pessoas da dor assim.
Ela virou o rosto para olhá-lo.
— No meu momento mais sombrio, você veio a mim como
um anjo de ouro. Você é o meu príncipe e o meu salvador
particular.
Amelia se virou e olhou em volta do pequeno círculo deles.
Todos seguravam suas velas acesas e se confortavam na
companhia uns dos outros. Como uma família, eles mantinham
vigília por aquele que estava faltando entre eles, o guerreiro
caído que havia sacrificado muito para que eles pudessem viver.

MY
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Epílogo

Mais tarde naquela noite, todos se retiraram para a sala de


estar frontal. Depois da vigília à luz de velas, se separar pareceu
algo muito solitário. No fundo passavam desenhos animados
enquanto Jaxon pintava com Penny.
Aiden ergueu os olhos da cópia mais recente do The
Observer. Daphne Bowers havia feito uma vaginoplastia! No que
estava se tornando o mundo deles? Ele ouviu a porta da frente
abrir e fechar. Um pequeno movimento chamou sua atenção, e
ele olhou para cima para ver um Noah de expressão muito
culpada passar correndo pela porta com algo grande enfiado
debaixo do braço.
— Aiden... — Gavriel murmurou.
Aiden suspirou.
— Eu vi. — Ele estava especialmente ciente de que sua
companheira não estava à vista.
Alguns minutos depois, Noah entrou na sala e foi direto
até Jaxon. Ele se sentou, pegou um giz de cera e começou a
colorir como se sua vida dependesse disso.

MY
SavioR
Alanea Alder
Aiden pôs o jornal de lado e cruzou os braços sobre o peito.
Ele encarou a porta e esperou.
O que diabos ela está tramando agora?
Ele não teve que esperar muito. Segundos depois, Meryn
passou casualmente pela porta tentando parecer casual, muito
casual. Debaixo do braço havia uma grande tábua de madeira.
— Meryn, — Aiden chamou. Sua companheira parou em
cheio.
Ela se virou e sorriu brilhantemente.
— Sim?
— O que você tem aí?
— Um tabuleiro Ouija. — Ela se virou como se para
continuar andando.
Aiden franziu a testa.
— O que você está fazendo com um tabuleiro Ouija?
Meryn deu de ombros. Ele estava começando a entender os
dar de ombros dela. Este era o dar de ombros de: “Eu
provavelmente não deveria estar fazendo o que estou prestes a
fazer, mas vou fazer de qualquer forma”.
— Amelia me deu uma ideia de acender uma luz para o
Keelan encontrar o caminho de casa. Eu vou usar o tabuleiro
Ouija para chamar o seu espírito de volta.
Aiden ouviu Amelia dar um risinho.
— Era uma metáfora.
Meryn deu de ombros novamente. Esse era o dar de
ombros de: “Eu não me importo”.
— Tanto faz. — Ela se virou e foi em direção às escadas.
Colton pigarreou.
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— Eu não sou especialista em espíritos e ocultismo, mas
estamos falando do Keelan. Se, por algum milagre, sua alma
encontrou o caminho de volta para a Propriedade Alfa, a Meryn
Vodu com um tabuleiro Ouija, fazendo encantamentos o
assustaria a ponto de fazê-lo voltar de onde veio.
— Denka, deixe-me carregar isso para você. — Aiden ouviu
a oferta de Ryuu. Apenas uma vez, ele gostaria que aquele
maldito escudeiro mantivesse sua companheira longe de
problemas.
Aiden se levantou e estava indo para o saguão quando
ouviu batidas na porta.
— Eu atendo! — Meryn gritou.
— Meryn, pare. Deixe-me atender. Poderia ser perigoso! —
Aiden correu à frente, os outros homens e suas companheiras
atrás dele.
Meryn jogou-lhe um olhar exasperado.
— Os vilões não batem.
As batidas pesadas na porta sacudiram não apenas o
batente da porta, mas também a parede ao seu redor. Meryn
engoliu em seco e se afastou da porta.
— Ok, talvez eles batam assim.
Aiden olhou para trás de si. Colton havia sacado sua arma;
ele acenou para Aiden, que se voltou para a porta e a abriu. Ele
olhou para o visitante. Incapaz de acreditar em seus olhos, ele
sentiu seu estômago revirar e seu coração apertar. Não podia
ser.
Meryn passou voando por ele para abraçar o estranho.
— Keelan!
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Aiden a puxou de volta e a enfiou atrás de si, nos braços
de Ryuu.
— Aiden! O que você está fazendo? É o Keelan! — Meryn
disse batendo em suas costas.
Atrás dele, Amelia ofegou.
— Kendrick?
O homem jogou para trás o capuz do casaco, os olhos
cheios de poder e raiva.
— Onde está o meu irmão?

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