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A porta se abriu e um jovem que não era Fin olhou para Walker com
expectativa. Ele era uma graça, com cabelo ondulado castanho-escuro como
o do babá, mas seus olhos eram de um azul-claro suave e brilhavam com
humor. Usava uma camiseta vintage da Vila Sésamo e boxers com estampa
de tiranossauros. Walker teria ficado preocupado se não tivesse lembrado
que Fin morava com o melhor amigo de infância, Riley.
— Isso não é um sonho, então sei que você não está aqui por minha
causa — ele disse, sem o cinismo ou a desconfiança do amigo. O homem
mais velho riu com leveza e balançou a cabeça.
— Peço desculpas por vir tão tarde, mas esperava que o sr. Marshall
estivesse disponível. — Ele inclinou a cabeça e cobriu a boca com a mão.
— Ai, meu Deus. Você é... — ele sussurrou, então se virou. — Fin!
Você tem visita!
— É o Reid? Eu disse a ele que devolveria o maçarico no próximo
fim de semana. Ainda preciso dele para um projeto de ciências — Fin
resmungou de algum lugar. Walker tentou ver por cima do ombro de Riley.
Ele deu um passo para o lado e abriu um sorriso para o homem.
— Acho que é o seu chefe.
— O quê? — o rapaz respondeu do que parecia ser a cozinha. Ficava
do outro lado do balcão, e Walker ficou confuso. Ele também conseguia ver
dois quartos e um banheiro. Não estava acostumado a conseguir ver tantos
cômodos ao mesmo tempo. Fin contornou o balcão, segurando uma taça de
vinho e comendo um cupcake. — Walker? — Ele estava sem camisa, e o
chefe teria encarado as tatuagens se sua atenção não estivesse na calça de
moletom cinza desgastada que pendia dos quadris do babá. Não ficou
exatamente claro o que ele havia interrompido, mas o jovem parecia o
sonho mais molhado do patrão.
— Eu... — Ele deu alguns passos cautelosos. Walker examinou o
ambiente, observando as trepadeiras que pendiam ao longo das paredes e as
prateleiras repletas de livros e fotos emolduradas. Havia um sofá de veludo
verde e tapetes com franjas em tons dourados que chamaram sua atenção,
porque tudo era a cara de Fin. Ele não havia pensado nisso, mas agora que
estava lá, queria ver e catalogar cada detalhe da vida do rapaz longe da Casa
Killian. — Não pude dizer boa noite a você e não gosto da maneira como
deixamos as coisas — Walker murmurou. Ele olhou para Fin e sorriu,
desculpando-se. — Não consegui escapar do jantar, mas assim que cheguei
lá, queria estar com você, então fiz o mínimo e saí o mais rápido que pude.
— Você queria estar comigo? — Fin perguntou baixinho, então
respirou fundo e gesticulou com a cabeça para o amigo, que sorria para o
mais velho. — Walker, este é o Riley. Riley, este é o Walker Cameron.
— É um prazer, mas sei quando não sou necessário — Riley
respondeu com uma saudação alegre, passou por Walker e entrou no quarto
à esquerda. A porta bateu e o chefe sorriu para Fin ao tirar as luvas e
colocá-las no bolso do sobretudo.
— Espero não ter interrompido algo — ele falou.
— Você não está interrompendo nada. Estávamos acabando com uma
caixa de vinho e prestes a jogar alguns nuggets de frango e coisas
congeladas na air fryer — Fin respondeu enquanto se agarrava à taça e
cobria o peito, constrangido.
— Parece... — Walker olhou com o canto dos olhos para o padrão
intrincado no tapete entre eles. — Eu não tenho ideia do que é uma air fryer
ou o que ela faz, mas tenho certeza de que é muito mais interessante do que
a noite que minha assistente planejou.
— Pobre Nancy. Aposto que era tudo muito importante — Fin
repreendeu, mas o patrão dispensou o comentário.
— Eu pago à Nancy um salário de CEO, porque ela não precisa de
mim. Isso é mais importante.
— Isso é mais importante? — o babá perguntou e chegou mais perto.
Walker assentiu.
— Eu queria ser... outra pessoa e não o seu chefe. Não acho que você
seja inferior a mim. Na verdade, é exatamente o contrário, mas me senti um
lixo depois que nos encontramos com a Muriel no parque — ele explicou.
Fin se encolheu e gemeu.
— Não! Eu entendo. A última coisa que eu quero é ser esse tipo de
babá. E não quero fazer isso com o Reid. Ele está começando sua agência e
não quer ser associado a esse tipo de coisa.
— Você não está chateado comigo? — Walker perguntou com
cautela.
— De jeito nenhum. Achei que hoje foi um sucesso. Nós estávamos
comemorando — Fin revelou, erguendo a taça. — As meninas se divertiram
muito e você também, até Muriel aparecer. Minhas expectativas foram
superadas.
— As minhas também. Estou aliviado, mas não queria terminar
minha noite sem te ver — Walker se aproximou, pegando a mão do jovem
para que pudesse sentir o cheiro do vinho na taça. O aroma era muito doce e
ácido.
— O quê? — Fin perguntou, trêmulo. Ele engoliu em seco e
umedeceu os lábios. — Isso é muito... você quer um pouco? — ele
ofereceu, mas o patrão negou com a cabeça.
— Acho que não — ele pegou o copo, o colocou sobre a mesa e levou
a mão de Fin aos lábios. — Eu não sei o que fazer sobre isso, sobre nós,
mas não consigo parar de pensar em você — ele esfregou os lábios nos
dedos do rapaz e saboreou o tremor que correu entre eles. — Não achei que
sentiria algo de novo, e isso me assusta. Às vezes, sinto como se estivesse
recebendo uma segunda chance ou tentando algo novo. Outras vezes,
parece terrível. Como se eu estivesse recomeçando e deixando Connor para
trás. Há momentos em que digo a mim mesmo que ele gostaria que fosse
assim e quase consigo me convencer disso. Mas então penso em como as
pessoas veriam e o que poderíamos enfrentar e a situação me assusta.
— O que acontece entre nós não é da conta de mais ninguém, mas
não gosto de fazer você se sentir mal — Fin disse e passou um braço pelos
ombros de Walker. O homem mais velho balançou a cabeça.
— Você me faz mais feliz do que estive em anos. Não achei que
sentiria algo de bom de novo, mas me sinto vivo e há muita alegria quando
estou com você.
— Por que isso é terrível? — Fin perguntou com gentileza. Walker
colocou um dedo debaixo do queixo do rapaz e roçou os lábios nos dele.
— Porque eu deveria amá-lo para sempre e tenho medo de perdê-lo se
compartilhar com outra pessoa as coisas que prometi que sempre seriam do
meu marido. Não consegui ficar com outro homem desde que Connor
morreu. Tenho medo do quanto vai doer se eu perder o pouco que me resta
dele. — O homem mais velho estremeceu, desculpando-se, e Fin se
inclinou e balançou a cabeça.
— Não o deixe ir. Valorize a memória dele e o honre sendo feliz. Ele
não iria querer que você ficasse sozinho.
— Diga isso ao meu coração. Eu sei que o Connor gostaria que eu
amasse de novo, mas ainda dói.
— Não pense como se o estivesse perdendo, você só está abrindo
espaço para outra pessoa — o babá disse baixinho, e Walker sorriu.
— Ele diria a mesma coisa. Seu coração era tão grande e ele sempre
encontrava mais espaço se alguém precisasse.
— Connor era um homem maravilhoso, e eu não gostaria que você
parasse de amá-lo. Você deve se lembrar dele e honrar sua memória sendo
feliz. É o que ele ia querer.
— Eu não sei se ele aprovaria que eu ficasse me esgueirando com o
babá. Não porque você é babá, mas ele não gostaria da parte de se esconder
— Walker falou antes que uma risada suave escapasse de seus lábios. —
Ele ia amar você, mas consideraria essa situação um desastre.
— Na verdade, nós não temos escolha, e vou deixar tudo ainda mais
fácil para você — Fin declarou. Ele deu um tapinha firme e confiante no
peito do patrão. — Eu quero você, Walker, mas não quero drama. Cuidar de
suas filhas é minha prioridade e eu amo meu trabalho porque as amo.
Talvez eu ame você também, mas não vou deixar isso interferir no meu
compromisso com as trigêmeas. Elas precisam de mim mais do que você,
então o que quer que aconteça entre nós, ficará entre nós. — Ele assentiu,
pontuando a declaração com um suspiro. Walker imitou seu gesto ao tomá-
lo nos braços.
— Não sei se isso é verdade. Talvez eu precise um pouco mais de
você do que elas, mas nunca me perdoaria se estragasse tudo e fizesse com
que você nos deixasse.
— Não vou a lugar algum — Fin prometeu.
— Talvez você me ame? — Walker sentiu um tremor de esperança e
um desejo profundo de que fosse verdade.
— Sim — o babá sussurrou, murmurando as palavras contra os lábios
do chefe. — Mas podemos deixar isso guardado em um envelope para que
ninguém além de nós saiba. Não precisamos pegá-lo até estarmos prontos.
— Ah, Fin... eu... — Walker estava tonto e muito feliz. — Eu também
— ele admitiu, mas a confissão foi tensa e rouca. — Mas não sei por quanto
tempo posso esconder algo tão grande e tão lindo. Só precisou de um
passeio ao parque para que Muriel Hormsby descobrisse o que estava
acontecendo entre nós.
Fin emitiu um som calmante, lento e suave, expulsando as
preocupações de Walker para fora da sala. Ele descansou a testa contra a do
homem mais velho e se afundou nele.
— Vamos ser mais cuidadosos no futuro e as pessoas vão esquecer
tudo o que Muriel disse em uma semana. Sou seu e das meninas, mas
ninguém precisa saber o quanto eu pertenço a você.
— Caramba. Você não tem ideia do quanto preciso de você, Fin —
Walker gemeu na boca do jovem. Os movimentos se tornaram frenéticos e
os dedos dele se atrapalharam com os botões e a fivela do cinto do outro
homem. Walker afastou os lábios e choramingou quando eles colidiram
com o sofá. Os olhos do babá estavam pesados de luxúria e seus lábios
estavam inchados. Sua beleza fez com que o mais velho ficasse nervoso de
repente.
— O que há de errado? — Fin segurou o queixo do chefe e examinou
seu rosto. — Fale comigo — ele pediu. Walker fechou os olhos e esfregou a
bochecha na mão do rapaz. Ele se sentiu seguro e sabia que podia confiar
seus medos a Fin.
— Não sei se vou conseguir continuar. Eu quero gritar, você não tem
ideia do quanto quero você. Mas tenho medo de perder a coragem, ou
começar a chorar, ou terminar cedo demais, ou não conseguir terminar... e
se eu... — ele começou, mas os lábios de Fin esmagaram os seus,
interrompendo a divagação.
— E se fôssemos para o meu quarto e simplesmente deixássemos
acontecer? Eu não me importo se você mudar de ideia ou terminar em
menos de um minuto. Este é um grande passo, e acho que você foi corajoso
o suficiente por uma noite. Qualquer coisa depois disso é lucro, Walker.
— Apenas lucro — ele concordou. Fin foi tão doce quando inclinou a
cabeça para o lado e o beijou, fazendo os dedos dos pés de Walker se
curvarem. Ele parou de se preocupar com o que tudo significava ou se
estavam indo rápido demais. Fin o levou com para o quarto. Ele esbarrou na
porta, e o jovem riu contra os lábios de Walker. O babá tinha um gosto doce
e fresco e o homem mais velho estava intoxicado. Ele tirou o casaco e o
jogou em uma cadeira.
— Eu preciso de dois minutos para convencer o Riley a nos ceder o
lugar por algumas horas. Tire a gravata e fique confortável — Fin sussurrou
ao escapar dos braços de Walker.
— Certo. — Ele assentiu e obedeceu ao comando enquanto Fin
voltava para o banheiro e fechava a porta atrás de si.
Como esperava, o quarto do babá era cheio de livros e fotos. As
paredes eram repletas de prateleiras e ele ficou fascinado ao explorar. Havia
livros de quase todos os assuntos e muitas fotos de Fin em aventuras com
várias crianças sorridentes. A cama ficava embaixo da janela e repousava
sobre pallets de madeira que o rapaz encheu com mais livros. Como o resto
do apartamento, luzes e folhas emolduravam a janela e se arrastavam pelas
prateleiras mais altas. Walker sorriu para o dálmata de cerâmica no canto e
relaxou ao se reclinar na cama. Havia muitos travesseiros e uma manta feita
de flanelas antigas e camisetas cobrindo o edredom. Era macio e quente e
lembrava Fin. Tudo tinha o cheiro dele — como amaciante e cookies.
Ele lembrou que o jovem tinha tatuagens e balançou a cabeça. Esteve
tão distraído com a trilha de pelos macios que atraiu seus olhos para a parte
plana e firme do abdômen do babá. Walker estava ciente da mística
associada à calça de moletom cinza e raramente a encontrava, mas
finalmente entendeu e gostou do encanto. A porta do banheiro se abriu,
lançando uma luz suave no quarto enquanto Fin apoiava o ombro no batente
de forma casual.
— Tem certeza de que não quer beber nada? As meninas vão passar a
noite com a Agnes e ninguém espera você na Casa Killian por horas — o
jovem ofereceu. Walker balançou a cabeça e se sentou, estendendo a mão
para o jovem.
— Não vou ter problemas se pedir permissão a Pierce para ficar
acordado tarde — ele respondeu. Fin riu enquanto se afastava da porta e
caminhava até o chefe.
— Tenho certeza de que seu motorista é discreto, e Pierce não vai
falar nada, mas é um grande problema quando sai da rotina, e você nunca
faz nada espontâneo. — Fin deslizou um braço em volta do pescoço de
Walker e se sentou em seu colo.
— Eu faço quando estou com você. Normalmente não vou a
piqueniques ou ao parque, ou tomo café da manhã na sala de jantar, mas
faço essas coisas com você e as meninas agora.
— Porque eu te obrigo — Fin rebateu e ergueu a sobrancelha,
desafiando Walker a negar.
— Juro, eu não faria se não quisesse. Mas você deixa tudo muito mais
fácil e não tenho mais tanto medo, porque sei que vai fazer tudo ser
perfeito.
— Esse é o meu trabalho, mas não sei do que você tem medo. Elas
são apenas menininhas e te adoram. — Fin inclinou o rosto para trás e
traçou as sobrancelhas do outro homem com os polegares, afastando as
últimas dúvidas. O jovem estava calmo e confiante como sempre e isso
excitava tanto Walker quanto os desenhos coloridos espalhados por seu
torso e braços.
— Estou percebendo isso agora, graças a você. Não sabia que tinha
tatuagens — Walker murmurou, inclinando a cabeça para o lado. Havia as
cores do arco-íris circulando o bíceps de Fin e um arranjo de flores colorido
caía sobre seu ombro.
— Aposto que você não sabia que eu tinha um lado selvagem e
perigoso — ele insinuou.
— Selvagem e perigoso? — Walker brincou, traçando o cupcake no
peito do rapaz com o polegar. — Qual é o nome dessa gangue com a qual
você anda? — ele perguntou. Fin estreitou os olhos e apertou os lábios.
— Você está duvidando que eu tenha um lado selvagem? — ele
empurrou Walker, plantando as mãos na cama e pairando sobre ele. Mordeu
o lábio com malícia. — Você está me desafiando?
— Eu sei que você pode ser um perigo tão difícil quanto as meninas.
Isso aqui são pôneis? — os dedos de Walker passaram pela cintura da calça
de moletom do jovem. Ele também viu algum tipo de bicho de pelúcia
espreitando pela cintura da calça.
— São os unicórnios do livro infantil Where the Sidewalk Ends.
— Entendo.
— Você quer? — Fin perguntou e puxou Walker com ele enquanto
rolava na cama. Ele desamarrou os cordões da calça e deu um puxão,
soltando o moletom e dando ao outro homem um vislumbre da renda preta.
Ele pegou a mão do chefe e a pressionou contra seu estômago.
— Fin... — A voz de Walker falhou quando a luxúria e o desejo
avassalador de reivindicar o jovem aumentaram. — Eu vim me desculpar
por ser um idiota privilegiado, mas você transformou isso na minha fantasia
mais erótica — ele repreendeu. As pontas de seus dedos formigavam
conforme percorriam a renda e seu pau latejou. Os dentes de Fin cravaram
nos lábios de Walker ele gemia e balançava os quadris de forma
convidativa.
— Surpresa! Não é preciso nenhum pedido de desculpas — o babá
anunciou, expulsando o que ainda restava da tensão e permitindo que o
outro homem apenas... aproveitasse.
Fin não conseguia compreender o quanto Walker estava encantado ou
como era surreal encontrar o paraíso em um apartamento modesto em um
porão no Brooklyn. Não havia pressão, estresse ou insegurança. O quarto
do jovem era tranquilo e silencioso e não havia funcionários para atrapalhar
e nenhum lugar que qualquer um deles devesse estar. Walker estava
excitado, mas não havia expectativas, apenas um convite para explorar.
— Eu gosto mesmo daqui. Parece um sonho — ele sussurrou e se
abaixou para beijar Fin.
— Sonhei em encontrar você na minha cama, mas nunca pensei que
de fato aconteceria — o rapaz admitiu sem fôlego. Ele chupou o lábio de
Walker e recuou de novo. — Estou tentando muito não apressar as coisas,
mas preciso demais que você me toque.
— Assim? — Walker colocou a mão por baixo do algodão cinza para
poder acariciar o outro homem através da renda, mas havia uma fenda no
tecido.
— Não tem costura na virilha — Fin ofegou quando os dedos do
outro homem se enrolaram na pele quente e dura. O membro e as bolas de
Fin escaparam da fenda e encheram a mão de Walker. Ele gemeu de prazer
enquanto apertava e acariciava. — Isso! — falou e beijou o homem mais
velho em um frenesi, incentivando-o a continuar. Os dedos de Walker
desceram e foram para a fenda de sua bunda. — Sim, sim, sim! — Arrepios
se espalharam pela barriga de Fin, mas o outro homem estremeceu e ficou
com água na boca. — Nós podemos fazer o que você quiser. Gosto de
dominar e ser dominado, mas geralmente prefiro ficar por baixo, a não ser
que eu tenha bebido muito e esteja mais selvagem — ele revelou.
Uma onda de ansiedade percorreu Walker ao pensar em decepcionar
Fin. Ele umedeceu os lábios e engoliu em seco. Não sabia os nomes de
nenhuma posição além de papai e mamãe e de quatro. Ainda não tinha ideia
do que era uma Savage Fenty ou o que fariam se Fin não tivesse
preservativos, porque ele, com certeza, não tinha.
— É... perfeito, mas já faz muito tempo e nunca fui muito criativo
quando se trata de sexo. Eu sei que gosto muito de usar a boca —
murmurou.
— Funciona para mim — Fin respondeu rápido. — E eu sou criativo
o suficiente por nós dois. Pare de se preocupar. — Os dedos do jovem se
enrolaram em seu cabelo e os lábios de Walker foram guiados para um beijo
exigente. — Nós podemos ir devagar e você pode levar todo o tempo que
precisar.
— Eu realmente gostaria de provar você — Walker disse quando seus
dedos tocaram a entrada de Fin. Ele ergueu uma sobrancelha para o rapaz,
esperançoso. Não tinha certeza se sexo oral anal ainda era “legal” ou se
havia saído de moda, como os pelos no corpo nos anos 1990.
— Ótimo! — Fin assentiu, mordendo os lábios. — Eu gostaria disso
também — ele falou com tranquilidade, mas Walker percebeu a leve
oscilação em sua voz. — E qualquer outra coisa que você quiser, não que
isso não seja suficiente. Eu estou quase lá, na verdade — acrescentou.
Ele ergueu os quadris e baixou a calça de moletom, permitindo que o
homem mais velho visse o que estava fazendo com ele. Uma gota de
líquido pré-ejaculatório saiu do pau de Fin enquanto ele xingava e tremia
debaixo de Walker.
— Puta merda, isso é lindo. — A boca do homem mais velho se
encheu de água quando o resto do seu controle desmoronou. Renda preta
envolvia a pélvis de Fin e sua bunda firme e redonda. Seu pau era longo e
duro e suas bolas eram rígidas e depiladas. — Eu quero que você me diga
como gosta de ser chupado, e então acho que gostaria de foder você. Se eu
não perder o controle e gozar enquanto estiver te chupando.
— Parece ótimo também. Tudo isso parece ótimo.
— Tudo bem. Você tem... camisinha? Eu não tenho.
— Não, mas ainda tenho meus exames na mochila e estão negativos.
Você pode dar uma olhada. — Fin apontou para a mochila perto do armário.
— Sei que você está com a saúde perfeita, e eu não estive com ninguém
desde... muito antes dos meus últimos exames, então por mim, tudo bem
não usarmos preservativo. Desde que você esteja confortável com isso —
acrescentou. Confortável em senti-lo sem nada entre eles? Walker manteve
a expressão séria e concordou com a cabeça de forma calma, apesar dos
fogos de artifício em sua mente. Fin era tão confuso. Ele era adorável, com
sua cesta de luvas e cachecóis reciclados e seu cupcake e tatuagens de
unicórnio. Mas também queria realizar todas as fantasias sexuais de Walker
e queria fazê-lo sem nada entre eles. Havia uma enorme chance do homem
mais velho estar loucamente apaixonado e a caminho de uma catástrofe
romântica.
— Acho que posso trabalhar com isso — ele falou com uma risada
nervosa e uma piscadinha. — Você vai me dizer o que fazer e quando eu
fizer algo certo? — Walker perguntou baixinho e prendeu a respiração.
— Você gostaria disso? — Fin segurou o cabelo do outro com mais
força.
— Muito.
— Então me mostre o que essa boca pode fazer. Comece com a minha
bunda e vá subindo. — Ele empurrou a cabeça de Walker para baixo e abriu
as pernas. Não havia dúvida de que Fin sabia exatamente o que fazer. A
tensão terrível evaporou, deixando o outro homem maravilhado e com uma
fome insaciável. Ele esfregou o rosto por toda a barriga do babá, lambendo-
o e cheirando-o enquanto descia. — Isso é bom. Assim. — Fin assentiu ao
se deixar cair de volta na cama, então segurou a cabeça de Walker e o guiou
gentilmente, permitindo que explorasse à medida em que descia por seu
corpo.
E o corpo de Fin... era elegante, magro e elétrico, murmurando com
uma energia vibrante e inquieta e encorajava o chefe a tocar e provar tudo
que quisesse. A língua de Walker girou em torno do umbigo do rapaz,
percorreu a parte interna de seu quadril e tocou de leve a cabeça de seu pau,
roubando uma gota do líquido brilhante e fresco. Fazia tanto tempo que não
ficava completamente nu e sozinho com outro homem que não percebeu
como sentia falta de sentir outro corpo. E foi ainda mais importante porque
era Fin. Walker se tornou mais voraz conforme arrastava a língua na pele
tensa debaixo das bolas de Fin e na fenda de sua bunda.
— Isso! Aí! — Fin implorou em êxtase. Ele descansou os pés nos
ombros do homem mais velho como se fossem estribos e estivessem
realmente em um território de fantasia. Walker o manteve aberto e
mergulhou. Ele lambeu e chupou e se deleitou com o gosto do ânus de Fin e
seus gemidos desesperados e irregulares. — Ah, você é tão, tão bom,
Walker... Mais, por favor — ele balbuciou, a cabeça pendendo para o lado.
O chefe estava tão duro que teve medo de destruir sua cueca boxer. Ele
mergulhou a língua e foi recompensado com um gemido longo. O aperto de
Fin em seus cabelos era tão forte que havia uma boa chance de Walker ficar
careca. Mas ele estava se divertindo muito conforme Fin cavalgava sua
língua. — Merda! Eu estou tão perto. Coloque o dedo e me chupe...
Walker estremeceu com a onda de luxúria e alegria ao pensar em
agradar Fin e sentir o gosto de seu prazer. Um vidrinho de lubrificante foi
empurrado para ele e foi excitante deslizar dois dedos pela entrada apertada
da bunda do jovem e ouvi-lo gemer. Ele era direto e exigente, e Walker
amou. O rapaz ficou ainda mais barulhento quando o patrão o levou ao
fundo da garganta antes de chupar a fenda na cabeça de seu pau. Ele estava
entusiasmado e fez o outro homem se sentir como um super herói quando o
elogiava e implorava por mais.
— Hhmmmm... Walker. — O corpo de Fin estremeceu e suas costas
arquearam. — Eu estou quase lá — ele falou em um alerta. Seus
calcanhares cravaram na cama enquanto segurava firme nos lençóis, mas de
maneira nenhuma Walker iria soltá-lo. Ele esfregou as pontas dos dedos nas
bolas de Fin e chupou com mais força. — Walker! — o jovem gritou no
momento em que uma explosão de sêmen inundou a boca do outro homem.
Houve um gemido eufórico, mas desta vez foi de Walker. Sua cabeça
balançou lentamente à medida em que sugava e extraía cada gota do outro.
— Merda. Isso foi incrível — Fin bufou e riu, zonzo.
— Hummm... — Fin tinha um gosto incrível. Walker lambeu seu
corpo, saboreando o suor entre os peitorais e nas laterais do pescoço. Ele
chupou o queixo do rapaz, dando-lhe um momento para recuperar o fôlego.
— Você tem gosto de paraíso. Posso...? — ele sussurrou, experimentando
esfregar seu pau na parte interna da coxa do babá.
— Eu esperava que sim, mas só se você tiver certeza de que está
pronto — Fin sussurrou de volta. Ele estendeu a mão entre eles e agarrou o
membro de Walker. — Parece que você está — ele disse e passou
lubrificante no pênis de Walker.
— Eu estou pronto. Você é tão lindo e preciso te sentir. — Ele não iria
durar muito, mas ainda se sentia muito poderoso quando alinhou a cabeça
de seu pau e entrou em Fin. Ele levou o tempo necessário e deslizou para a
frente, centímetro por centímetro, até estar totalmente dentro. — Você está
bem? — perguntou quando conseguiu falar. Fin era escorregadio, quente e
apertado.
— Muito mais que bem. Você é perfeito. — Ele enrolou uma perna no
quadril de Walker e ronronou ao se acomodar embaixo dele. — Comece
devagar, mas seja bruto e vá bem fundo — ele sussurrou no ouvido do outro
homem. Os cabelos em sua nuca se arrepiaram quando começou a remexer
os quadris.
— Posso fazer isso — ele murmurou, então se perdeu no movimento
do seu pau mergulhando na entrada de Fin. Seja bruto e vá bem fundo.
Walker fez exatamente isso. Ele manteve cada estocada profunda e bruta até
o jovem ter perdido a cabeça e estar arranhando suas costas.
— Você é tão bom. Tão, tão bom, Walker! — Fin gritou. — Agora!
Mais rápido! Mais!
— Mais? — Como poderia haver mais? Isso era tudo, e o homem
mais velho estava delirando quando se chocou contra o corpo de Fin e
lambeu seus lábios. Eles estavam tão próximos, como se fossem um só e
estivessem se fundindo. Algo nos recessos do cérebro dele notou com
felicidade que isso não parecia como perder uma parte de si mesmo. Ele se
sentiu completo pela primeira vez em anos e foi tão bom não estar sozinho.
Se sentia incrível e o corpo do rapaz era mais que incrível, mas foi a
facilidade e a segurança de confiar nele e saber que tudo seria perfeito que
tocou Walker.
E ele deu tudo de si. Colocou Fin de joelhos e o som dos palavrões e
de sua virilha batendo contra a bunda dele encheu o quarto. O jovem era
insaciável e exigente. Ele agarrou a cama e implorou por mais até que sua
cabeça pendeu para trás e seus olhos reviraram. Walker sentiu a passagem
de Fin se apertar brutalmente e foi puxado para sua liberação. Toda a
pressão e calor saíram de seu corpo quando ele gozou com um gemido
rouco. O sêmen saiu de seu pau direto para a bunda de Fin, e ele
permaneceu ali enquanto gozava e estremecia de prazer.
— Uau, Fin! Isso foi... você é tão... — Ele balançou a cabeça. Não
conseguia encontrar as palavras. Caiu para frente, apoiando a mão na cama,
e acariciou a nuca e o cabelo do jovem. Estava úmido de suor, mas cheirava
a shampoo. — Eu não achei que seria capaz de me sentir assim. Achei que
nunca mais sentiria nada.
Eles caíram na cama e o rapaz se virou para que ficassem de frente
um para o outro. Ele enrolou um braço e uma perna no corpo do outro
homem, prendendo-os. Ambos pareciam contentes em mergulhar no calor
escorregadio de seus corpos, saciados e entrelaçados. Fin acariciou a
mandíbula de Walker e deu um selinho em seus lábios.
— Nunca senti nada assim. Estive em alguns relacionamentos, mas
não duraram muito. Em geral, porque o cara não gostava do quanto eu
trabalhava ou porque eu não me via deixando o trabalho de lado para abrir
mais espaço na minha vida para ele. Mas isso já parece muito maior, como
se eu fosse desistir de tudo por você se precisasse.
— Você não tem que desistir de nada por mim — Walker falou,
fazendo o outro rir.
— Eu sei. Tenho o emprego dos sonhos e o cara dos sonhos.
— Não foi isso que eu quis dizer, mas obrigado.
— Eu sei. Mas é incrível sentir algo tão grande assim sem gerar
conflito com a minha vida profissional. Dessa vez, o cara não vai reclamar
quando eu passar muitas horas por semana no trabalho ou falar demais
sobre as minhas crianças.
— Não, não acho que ele vai. — Walker não conseguia pensar em
nada melhor, na verdade. Ele tentou imaginar como seria namorar Fin.
Mesmo que pudesse ter pena de qualquer um que tentasse ficar entre o babá
e as crianças de quem ele cuidava e com quem se importava, ele não
gostava da ideia de compartilhar Fin e ficou surpreso com a onda de
possessividade e ciúme que sentiu. Era tão raro ficar com ciúmes que se
sentia honrado e grato por Fin ser seu. — Acho que ele se sente muito
sortudo.
— Temos uma coisa muito boa acontecendo aqui — Fin disse. —
Estou focado em você e nas meninas. Não me importo com mais nada. —
Ele fez o possível para derreter o cérebro do patrão com um beijo longo e
demorado. Walker pensou em pedir ao jovem para beliscá-lo de novo, mas
isso definitivamente levaria a problemas, e ele precisava de um pouco mais
de tempo para se recuperar e sua cabeça parar de girar.
— Acho que você finalmente cometeu um erro, Fin. Sou eu quem fica
com o cara dos sonhos.
CAPÍTULO TRINTA E UM
— PARECE QUE EU fisguei um partidão — Fin disse de uma forma
arrastada. Mas se sentia como um gato que acabou de comer uma grande
tigela de...
— Venha aqui. — Os dedos de Walker passaram pelo cabelo do rapaz
e se curvaram ao redor de sua cabeça. Ele puxou de leve, e Fin ronronou
como um gato saciado enquanto escalava o corpo do homem mais velho,
esfregando o rosto no pelo escuro na barriga e no peito dele. O jovem
cutucou um mamilo com a língua e adorou o gemido pesado de Walker. Fin
o adicionou à sua coleção. Cada pequeno “ah, merda!” era precioso e era o
som mais alto e estridente que já tinha ouvido.
E Fin ouviu um coro de xingamentos quando o acordou com a boca.
Dolorido por causa da noite anterior, ele se sentiu em casa entre as coxas de
Walker. O homem realmente tinha o maior equipamento de Wall Street. O
babá acariciou e chupou as bolas do outro e tentou engolir cada centímetro
de seu pau. Ele chupou e acariciou até que Walker gozou com um suspiro
delirante. Então, o deixou assisti-lo se masturbar e gozar na barriga dele.
Emitiu sons altos e gananciosos enquanto o lambia e se deliciava com o
brilho compartilhado do pós-sexo. Iria exigir muito trabalho e prática, mas
estava empenhado em fazer Walker gritar.
— Eu não achei que fosse possível, mas você é ainda mais sexy de
manhã — Fin disse. Ele arrastou os lábios na mandíbula do outro e gemeu.
Ele amava o jeito que ardiam quando os esfregava na barba por fazer de
Walker.
— Você me vê quase todas as manhãs, e eu tenho quase quarenta e
oito anos, Fin. Vou precisar de algumas horas. — Ele agarrou a nuca do
jovem e houve um profundo gemido de prazer quando suas línguas se
enrolaram. Acordar com aquele homem era muito melhor que qualquer
coisa que Fin pudesse ter conjurado em seus sonhos e fantasias. Ele queria
parar o tempo e então poderia mantê-lo em seu quarto.
— Mas não desse jeito. — Ele passou o polegar pela mandíbula do
outro homem, arranhando o queixo e estremecendo. — Você está sempre
impecável e calmo quando desce. Eu gosto de você assim. — Fin catalogou
as linhas finas ao redor dos olhos de Walker, seu cabelo bagunçado, a barba
por fazer e o cheiro de seu corpo quente e excitado. — Gosto de estar com
você desse jeito.
— Eu também. — Walker afastou o cabelo dos olhos do rapaz e
acariciou seu rosto com os dedos. — É lindo estar tão perto de você e
finalmente poder tocá-lo.
— Você pode me tocar o quanto quiser. Quando quiser. Desde que as
meninas não nos vejam e que estejamos sozinhos — Fin acrescentou,
franzindo o nariz.
— Sabe, nunca pensei que seria capaz de fazer isso com alguém e
com certeza não pensei que faria algo assim — Walker refletiu. O rapaz não
gostou da ruga na testa do outro homem ou da maneira que ele suspirou.
— Do que você está falando?
— Normalmente, reviro os olhos quando ouço alguém falar que está
se envolvendo com um funcionário. Pensei que eu era melhor que isso.
— Claro que você é! Nós dois somos — Fin protestou ao se afastar
do peito de Walker para montar em sua cintura. — Não temos esse tipo de
relacionamento. Nós temos boas razões para manter o assunto em segredo.
— Tenho certeza de que a maioria das pessoas que têm casos se sente
do mesmo jeito.
— Justo. Mas por quê? Você está mudando de ideia? — Fin
perguntou com cautela, um alarme disparando nos recessos nebulosos de
seu cérebro. Ele quebrou seu contrato com o patrão? E se estivesse agindo
de má fé porque ele não conseguiria enfrentar Walker ou a Casa Killian se
não desse certo? Como o babá poderia estar perto do homem mais velho e
não enlouquecer de vontade de tocá-lo e cheirá-lo? — Você acha que foi um
erro? — questionou. Walker riu e passou os braços em volta do rapaz, os
girando na cama. Seus olhos brilhavam de alegria e adoração ao olhar para
Fin, apagando a maioria de suas dúvidas.
— Com certeza não, mas parece vulgar pedir para você esconder o
que temos. E não parece ser o tipo de coisa que você esconde. Eu te acho
incrível e já fez uma enorme diferença na minha vida em apenas alguns
meses.
— Mas é só disso que eu preciso — Fin disse. Ele estava deitado de
costas, mas estava sem fôlego e um pouco tonto. Então segurou a bochecha
de Walker e o beijou. — Eu só quero você e não quero que nada mude. Não
temos ideia de como as coisas poderiam ficar loucas se todo mundo
descobrisse. Vamos dar um passo de cada vez e ver como nós nos sentimos
primeiro — ele sugeriu.
— Isso é perfeito — Walker respondeu e se abaixou para poder apoiar
a testa na de Fin. — Somos só nós e este e o momento mais tranquilo que já
tive em muito tempo. O que fazemos agora? — Ele esfregou o nariz no do
rapaz, deixando-o mais quente e sonolento.
— Que tal um café da manhã na cama e uma longa soneca antes de
você ter que dirigir até Sagaponack para pegar minhas meninas? — Ele
ofereceu, e Walker sorriu. Foi tão fácil e feliz, e um sorriso que ele
guardava apenas para Fin.
— Acho que isso pode ser um sonho, mas não estou com pressa de
acordar. Você precisa da minha ajuda?
— Você sabe cozinhar? — Fin perguntou e ele balançou a cabeça.
— Conheço o básico para fazer um café e tenho um repertório sólido
de coquetéis.
— Por que não aproveita um pouco? Você pode sair do quarto e
conhecer o Riley, ou ficar aqui mesmo — o rapaz disse. Walker franziu o
nariz quando olhou para a cozinha.
— Ele pareceu ser um jovem encantador, mas não me importaria de
pular o que está fadado a ser uma troca esquisita, se estiver tudo bem. Eu
gostaria de permanecer... — ele estremeceu — nessa paz por mais algum
tempo — explicou.
— Acho que é uma ótima ideia — Fin rolou para poder imobilizar
Walker. — Relaxe e se sinta em casa.
— Tudo bem se eu tomar um banho?
— Sim! — O babá deu um beijo nos lábios do homem e rolou para
fora da cama. — Devo ter uma escova de dentes extra em uma das cestas
embaixo da pia. — Ele correu para o banheiro e se encostou na porta. —
Você pode deixá-la ao lado da minha para quando ficar aqui nas noites em
que as meninas estiverem fora. — Ele ergueu as sobrancelhas para Walker,
esperançoso.
— Vou fazer isso — ele concordou.
— Ótimo. Não vou demorar — Fin prometeu e se virou, então
escovou os dentes e lavou o rosto antes de vestir um roupão. Deixou a
escova de dentes nova sobre uma toalha de rosto limpa, mas ficou
constrangido ao olhar em volta. O box do chuveiro de Walker era maior do
que todo o seu banheiro. O espaço tinha uma banheira de tamanho normal e
um box de vidro. O ladrilho branco era impecável e a luz ambiente e os
difusores de aroma faziam o banheiro ficar sempre cheiroso. Ele decidiu
que teria que servir e foi providenciar o café da manhã. Riley estava
esperando com uma variedade de itens da padaria da esquina. — Você é
meu melhor jogador — Fin disse a ele.
— Ao que parece, o astro é você — Riley respondeu e ergueu a mão
para que Fin pudesse dar um tapa.
— Com certeza, marquei alguns pontos. — Ele não sabia por que dois
nerds do teatro estavam fazendo trocadilhos esportivos.
— Estou orgulhoso de você. Esperei até que os sons de sexo
acabassem para ligar a cafeteira. Tem suco, melão picado e alguns queijos
muito bons na geladeira que Alice trouxe da viagem a Vermont — Riley
indicou. O amigo abriu os braços e avançou sobre ele.
— Você é o melhor, e eu vou parecer um verdadeiro deus doméstico
quando voltar para o quarto com o café da manhã perfeito! — Fin bateu em
sua mão outra vez, comemorando, e começou a procurar uma bandeja.
— Vai parecer que você é do tipo para casar! — Riley comentou.
— Não! — O jovem se levantou e balançou a cabeça, apontando um
dedo para ele. — Nenhum de nós quer lidar com o tipo de caos que isso
pode desencadear. As meninas precisam de estabilidade e precisam do
Walker. Elas não precisam que o novo babá roube o pai quando acabaram
de recuperá-lo.
— Ou elas podem ganhar um novo papai!
— Esse não é o plano.
— Mas pode ser! — o amigo rebateu.
— Estabilidade é o plano. Um... fiasco entre mim e Walker não seria
legal agora. E o que acontece se não der certo? O que isso faria a elas? O
aconteceria se Reid me matasse por fazer sua nova agência ser motivo de
chacota antes mesmo de imprimir os cartões de visita?
— Talvez você esteja pensando demais nisso.
— Estou fazendo o meu melhor para apenas pensar neste momento.
Eu meio que entrei em pânico ontem e procurei um cargo de professor,
porque pensei que tinha estragado as coisas com Walker. Mas tudo está de
volta aos eixos e as questões foram resolvidas. Eu acho — admitiu. Suas
bochechas inflaram, e ele balançou a cabeça. — Esta agência pode ser uma
coisa maravilhosa para o Reid e para muitas pessoas. E o acordo que tenho
com meu chefe tem sido muito bom para eles como família. Por que eu
estragaria tudo se também estou feliz?
— Mas você está? Quanto tempo até que se esconder e mentir fique
muito difícil? — Riley perguntou. O amigo ergueu as mãos.
— Já é complicado, mas nós vamos dar um passo de cada vez e
deixar as coisas se resolverem. — Ele voltou a procurar a bandeja que Reid
comprou e então se virou. — Lá está! — Ele se abaixou e quase montou no
armário da cozinha para pegar a bandeja. Nem ele, nem Riley eram do tipo
que tomavam café da manhã na cama e raramente tinham companhia pela
manhã.
— Eu vou fazer uma previsão — Riley começou ao dar um pulo para
se sentar no balcão.
— Você precisa fazer isso?
— Não posso dizer que estava certo se não fizer.
— Certo. Acabe logo com isso. — Fin olhou para Riley. Ele
provavelmente estaria certo. Normalmente estava, porque conhecia o amigo
melhor que ninguém, até mesmo Reid.
— Vou te dar uma semana, no máximo, antes que você se canse de
guardar segredos. Você não nasceu para ser amante — ele pontuou e o outro
homem franziu a testa.
— Não. Não é assim, e posso viver com isso porque não estamos
prejudicando ninguém. Nenhum de nós é casado, e ele só está me pagando
para cuidar de suas filhas. Nós só estamos mantendo nosso relacionamento
separado e muito, muito privado — Fin disse, assentindo com firmeza.
— Uma semana. No máximo. — Riley entregou ao amigo um prato
de queijos bem arrumados.
— Nós já concordamos que as coisas estão ótimas do jeito que estão.
Vamos manter nosso relacionamento privado e ir devagar. — Fin o
agradeceu pela tigela de frutas picadas e foi encher a garrafa térmica de
café.
— Gosto mesmo dele e estou feliz por você, se vale de alguma coisa
— Riley disse de forma suave, lembrando a Fin que a relação ainda era algo
enorme, mesmo que eles estivessem mantendo em segredo.
— Obrigado. Eu não esperava por isso. Não sabia que poderia amar
tanto assim alguém que não fosse você ou o Reid. É quase a mesma coisa
com Walker, exceto que eu sempre quero ficar pelado com ele e chupá-lo.
— Uau. É realmente lindo. Mal posso esperar para encontrar algo
assim — Riley comentou enquanto dava um tapinha na mão do amigo e a
segurava.
— Você vai. E vou ficar devendo a você — Fin respondeu e apertou a
mão de Riley antes de dar os retoques finais no café da manhã.
— Voltei! — Fin anunciou quando retornou ao quarto com uma
bandeja cheia. Walker saiu do banheiro e pareceu impressionado. Ele jogou
a toalha de rosto no balcão e apagou a luz.
— Você não precisava fazer tudo isso — ele falou.
— Eu não fiz. Riley se empolgou. — Fin não queria crédito agora.
Foi contaminado pelo plano ridículo de Riley.
— Foi atencioso da parte dele.
— Confie em mim, você não quer saber onde estava a atenção dele.
Fin colocou a bandeja na cama e tirou as canecas dos bolsos do
roupão. Ele entregou uma para Walker e a encheu com o conteúdo da
garrafa térmica. Então se ocupou em preparar o café e franziu a testa
enquanto sacudia um pacote de açúcar mascavo. O homem mais velho
bebeu o café puro e parecia estar se divertindo quando se sentou na cama e
se reclinou contra os travesseiros.
— Por que parece que você quer brigar com essa caneca?
— Não foi atencioso. Ele colocou algo na minha cabeça que eu não
precisava. — Fin não queria sonhar acordado em se casar com Walker e
contar a todos que as meninas eram dele, que também era o pai delas. Isso
começaria a ficar trágico, porque o rapaz queria se apaixonar e queria uma
família. E Walker precisava de um marido. Ele estava sozinho e ansiava por
companhia, e as trigêmeas ansiavam por outro pai para amá-las e oferecer o
tipo de segurança que não podiam receber de uma babá ou de uma tutora.
Fin não queria pensar em como era triste que ele estivesse bem ali e
pronto para dar ao chefe e às meninas todo o amor e compromisso de que
precisavam, mas não podia fazê-lo. Parecia provável que Walker também
quisesse isso de Fin, mas suas mãos estavam atadas, porque poderia ser
devastador para sua reputação. Elon Musk e Jeff Bezos também não estavam
exatamente firmes ultimamente... O babá zombou. Nenhum dos dois eram
conhecidos por ter punho de ferro e autocontrole impecável.
Walker era temido por seu temperamento rígido e exigente – as
meninas resistiam a ele – e nunca faria nada tão imprudente quanto ter um
caso com o babá das filhas. Seria chocante, e investidores e acionistas
questionariam o julgamento e a confiabilidade do homem. Diferente de
Bezos e Musk, Walker não era dono de uma empresa. Ele era um financista
da maneira ambígua que muitos financistas super-ricos eram, pois construiu
sua riqueza de maneiras que muitas vezes envolviam corretagem e
transações com o dinheiro de outras pessoas. Seu julgamento era a base de
sua reputação e um relacionamento com Fin poderia colocar tudo a perder.
O babá ainda não tinha colocado o currículo no site do sistema de ensino
público, mas parecia ser uma opção em caso de emergência, ou se a
reputação de ambos estivesse em risco.
— Eu achei que iríamos dar um passo de cada vez e encontrar nosso
caminho juntos — Walker falou, arrancando Fin de seus pensamentos. Ele
assentiu e deu risada, esperando afastar a dúvida e o desapontamento.
— Não seríamos tão bons juntos se um de nós fosse o tipo de pessoa
que não se importa com as mentiras que contamos ou com quem
machucamos — Fin refletiu.
— Isso não seria tão horrível se você não fosse bom demais para
mim. Mas eu também não acharia você tão tentador — o homem mais
velho concordou e sorriu para o babá enquanto tomava seu café. Fin bufou,
como se não estivesse derretendo.
— Não diga coisas assim a menos que você esteja tentando me
seduzir.
— Me desculpe.
CAPÍTULO TRINTA E
DOIS
MAIS UMA VEZ, Walker ficou surpreso ao ver como o trajeto até a
casa da família em Sagaponack mudou de forma drástica nos poucos meses
desde que Fin chegou à vida deles. Ele ainda estava se deliciando com o
esplendor da manhã com o jovem e um pouco tonto por estar quase
chegando. Veria as filha em breve. E estava ansioso pelos chás, piqueniques
e outros passeios ao parque que viriam na semana seguinte. Walker
geralmente passava o trajeto mergulhado em culpa e desejando saber como
fazer essas coisas, porque sempre quis fazê-las.
Mas Fin sabia e estava ensinando Walker a ser o pai que as filhas
queriam desde que perderam Connor. Agora, cantava Dean Martin a plenos
pulmões e sonhava acordado com cupcakes e unicórnios. Ele se encolhia de
vez em quando ao se lembrar do olhar de Pierce quando voltou para a Casa
Killian vestindo um smoking amassado, mas nem isso era suficiente para
acabar com o clima.
Walker estava nas nuvens conforme dirigia pelos portões de madeira,
contornava a entrada sinuosa e estacionava em frente à casa de campo. O
imóvel foi construído em 1899 e só mudou de dono duas vezes, antes de seu
ancestral comprá-lo. A casa foi ampliada para nove quartos e tinha uma
cozinha completa recém-reformada. Era o esconderijo de Walker e Agnes
sempre que eles precisavam fugir da cidade. Os pisos de madeira cor de mel
e os sofás grandes e poltronas confortáveis de cores vivas evocavam
lembranças de risadas e lágrimas.
De muitas maneiras, a casa em Sagaponack era o verdadeiro lar de
Walker. As memórias favoritas de Connor estavam lá, e ele estava feliz por
as meninas terem um lugar onde pudessem correr e brincar livres. A
propriedade era situada em aproximadamente dois hectares de verde
exuberante. Como sempre, encontrou Agnes no deque dos fundos, sentada
em uma cadeira de madeira enquanto assistia às sobrinhas brincando no
jardim. As trigêmeas estavam incrivelmente fofas com vestidos de verão e
chapéus pequenos, distraindo Walker até a irmã chamá-lo. Ela usava uma
túnica, um chapéu de abas largas e óculos escuros. Suas pernas compridas
estavam esticadas e ela abraçava uma garrafa de champanhe.
— Está tão lindo lá fora, deixe-as brincarem um pouco mais. —
Agnes deu um tapinha na cadeira ao lado e ergueu o champanhe. Ela
raramente se incomodava em pegar uma taça, porque dizia que era mais
difícil perder uma garrafa inteira.
— Obrigado, Aggie — Walker falou, suspirando, e se sentou em sua
cadeira de costume. Ela ofereceu uma bebida, mas ele negou com a cabeça.
— Parece que você está pensando em muitas coisas. Por que não pega
outra garrafa e passa a noite aqui? Tenho alguns baseados para depois que
as meninas forem para a cama.
— Não desta vez. Tenho que levá-las de volta esta noite. — Assim
elas poderiam ver Fin pela manhã.
— Desembuche logo. O que há de errado?
— Nada. Eu só estou com muita coisa na cabeça no momento — ele
disse e então reconsiderou. — Passei a noite com Fin. Foi incrível, e eu não
poderia estar mais feliz, mas é complicado demais. — Ele manteve a
expressão relaxada e observou as meninas e as borboletas, apesar da batida
acelerada de seu coração.
— Walker! Isso é... eu acho que é maravilhoso! — Agnes se inclinou
para a frente para poder pegar a mão dele e se aproximou para ver seu rosto
de perto. — Por que é complicado?
— Por favor, Aggie. Ele não é alguém que seria considerado
apropriado para mim.
— De que maneira? A idade? A profissão? A classe social? — A
outra mão girou enquanto observava os olhos do irmão, esperando para
repreendê-lo por ser superficial.
— Acho que tudo isso — ele respondeu.
— Maravilhoso — a irmã disse com sinceridade e deu um aperto
firme na mão dele. — Por que você se importa com o que as pessoas
pensam? E quem vai dizer algo a você? — Agnes perguntou.
— Muriel Hormsby, talvez... — Walker retrucou, dando de ombros
com indiferença. A cabeça dela caiu para trás enquanto ria.
— Aquela velha? Ouvi dizer que está tentando casar o sobrinho
terrível, porque está cansada das despesas que ele dá. A mãe do garoto se
casou com um bancário, mas ele fugiu com a amante depois de cumprir
pena por desvio de dinheiro. Soube que ele está em Ibiza, agindo como se
tivesse vinte e cinco anos. Você consegue imaginar? Não é de admirar que o
garoto tenha acabado desse jeito.
— Ele é mesmo terrível e tem mais cabelo que neurônios — Walker
murmurou, então estremeceu. — Eu não sei o que Muriel está pensando ao
jogar aquele garoto em coma de mim.
— Ela está pensando que você pode bancar a cocaína dele,
provavelmente — Agnes adivinhou. — Eu te deserdaria se você se casasse
com aquele garoto.
— Está resolvido então — Walker respondeu. A irmã ergueu uma
sobrancelha para ele, mas o homem estava mais perturbado com a
possibilidade de estar a apenas uma viagem para Ibiza de ser tão ridículo
quanto o pai de Jonathon. Pelo menos, não sou caloteiro. Walker podia se
rebaixar a ter um caso indecente, mas nunca poderia virar as costas para
suas meninas.
— Vou te dar tempo para prepará-lo, mas mal posso esperar para
finalmente conhecer o Fin. Contratá-lo foi a coisa mais inteligente que você
fez em anos. Olhe para você, está feliz e posso dizer que está dormindo
melhor. — Um sorriso esperto se espalhou pelo rosto dela. — As trigêmeas
não param de falar dele e nós sabemos como elas eram determinadas a
acabar com todas as babás da cidade. Parece que todo mundo está muito
mais feliz desde que você o contratou — Agnes refletiu. Ele deu um olhar
duro para a irmã, mas ela se encolheu com timidez e mordeu os lábios.
— Eu não sei o que minhas filhas falaram para você, mas...
— Só disseram coisas boas.
— Ele fez maravilhas com as meninas.
— E com você, pelo jeito que está corando. Posso presumir que você
abraçou seu lado mais selvagem e encontrou a paz? — ela ofegou quando o
rosto de Walker ficou ainda mais quente.
— Já chega, Aggie. E você faz soar casual quando fala assim. Nós
devíamos ser amigos com benefícios, mas... com limites. Agora é
complicado, porque não quero mais limites. Eu quero tudo — ele reclamou.
— É o que eu sempre quis para você! — ela sussurrou e abraçou a
garrafa batendo palmas. — Meu irmãozinho está apaixonado!
— Shhh! — Walker se endireitou e se certificou de que as meninas
não pudessem ouvi-los. Elas não estavam prestando atenção na varanda,
então ele relaxou de novo. — Eu não quero que as crianças saibam. Elas já
estão cheias de esperanças, mas eu disse que não namoraria o Fin.
— Posso garantir que elas não acreditam em você. Talvez eu tenha
ouvido um plano para fazer o papai propor casamento ao novo babá. Elas
sabem que o papai reclama demais — Agnes alertou.
— Ah, não, não, não, não, não... — Walker balançou a cabeça. Essa
era a última coisa de que precisava.
— Eu acho que é maravilhoso. Charlotte diz que você olha para o Fin
como se quisesse comê-lo.
— Pelo amor de... precisamos ir — o irmão disse, levantando-se em
um salto, mas Agnes agarrou seu pulso e o puxou de volta. — Isto é
oficialmente um pesadelo.
— É maravilhoso — ela insistiu. — É quase como Um problema
como Maria, do filme A Noviça Rebelde, só que com Fin.
— Você não está ajudando.
— É uma pena que você não saiba cantar, porque seria perfeito — ela
disse e cantarolou parte da canção do musical e bebeu um gole de
champanhe.
— Como se resolve um problema como assassinato em plena luz do
dia? — Walker perguntou ao se endireitar e examinar os jardins para ver se
mais alguém podia vê-los. As meninas estavam distraídas com os baldes e
pazinhas e não notariam nada além de um unicórnio gigante até que o pai
fosse pegá-las.
— Pare com isso. Eu não sei por que você está ficando chateado. É
hora de voltar para o jogo e encontrar alguém.
— Eu não percebi que você estava bêbada. São apenas quatro da
tarde, Aggie — ele murmurou e a irmã riu. — Ele é o babá.
— E? Você sabe quantas pessoas têm casos com as babás? Eu ficaria
mais preocupada se você não tivesse, pelo jeito com que as trigêmeas
descrevem o Fin.
— Não é assim — Walker objetou, franziu o nariz. Com certeza era.
— Ele tem vinte e seis anos.
— Melhor ainda.
— As meninas precisam dele. Eu preciso dele — ele admitiu com a
voz suave. Agnes estendeu a mão e pegou a de Walker de novo.
— Então é melhor você não estragar tudo.
— Ele é o babá — ele repetiu de forma séria, mas a irmã deu de
ombros.
— E daí? Ele é bom para elas e, mais importante, é bom para você.
As trigêmeas só precisam de babá por mais alguns anos, mas você precisa
de um parceiro para os próximos trinta ou quarenta — ela replicou,
recebendo um suspiro exasperado de Walker.
— Isso é bem otimista.
— Besteira. Papai e tio Hamish estão na casa dos oitenta anos, e você
é a cópia deles. Todos os homens da nossa família vivem até os noventa,
então é melhor você encontrar alguém legal enquanto tudo ainda funciona.
Presumo que tudo ainda funcione. — Ela abaixou a cabeça para poder olhar
para ele por cima dos óculos escuros. Walker fez uma careta conforme se
afastava.
— Tudo ainda funciona, mas prefiro não discutir isso com você. E eu
encontrei alguém legal. Encontrei alguém que era bom demais, mas eu o
perdi — ele a lembrou e Agnes suspirou ao apertar sua mão.
— A dor é o preço que pagamos pelo amor. Nos custa tudo, mas as
memórias são um dos poucos tesouros que podemos guardar por uma vida
inteira. — Ela indicou as meninas com o queixo e Walker soltou a
respiração que estava presa em seu peito.
— Eu não sei se conseguiria sobreviver a algo tão doloroso assim de
novo, mas pelo menos eu as tenho. Elas tornam tudo melhor e parece que
ainda tenho o melhor de Connor quando estou com as nossas filhas.
— Porque você tem — Agnes falou com um aceno firme. — Você
com certeza não pode receber nenhum crédito por isso. Elas saíram ao
Connor, graças a Deus. Só se parecem com você quando estão sendo
terríveis.
— Graças a Deus — Walker concordou com uma risada. Ele foi um
terror quando criança e não havia dúvidas de que as trigêmeas eram sua
punição por aqueles pecados do passado. Ele ficou sério de novo e fungou
para parar o formigamento no nariz. — E se eu não estiver tão pronto
quanto penso que estou? E se eu estiver preso ao momento e a todas as
novidades incríveis? Às vezes, fico com medo quando toco nele. E se eu
estiver deixando Connor para trás quando me apegar a Fin?
— Ah, Walker... — ela segurou a mão dele e ficaram em silêncio por
um momento. Ele sabia que ela estava se agarrando à sua própria onda de
dor. A irmã também amou Connor. Os três eram inseparáveis até as
meninas nascerem, e Connor e Walker se estabelecerem na felicidade
doméstica na Casa Killian. Agnes ficava com as sobrinhas a cada dois fins
de semana para dar um descanso a Walker e à casa, mas também ficava com
elas porque sentia falta de seu melhor amigo. — Mais do que tudo, ele
gostaria que você fosse feliz e que vocês quatro fossem uma família de
novo. Imagine como ele ficaria triste se pudesse ver o quanto você sofreu
nos últimos anos. E pense em como ficaria entusiasmado com Fin. Ele
gostaria de alguém que mantivesse seu grande ego sob controle, mas
também amasse você e as meninas tanto quanto ele amou. As trigêmeas
acham Fin incrível e dizem que você se diverte com ele. Esse rapaz tem o
meu apoio, se vale de algo — ela acrescentou de forma atrevida.
— Vale muito. Obrigado. É um consolo saber que você não vai rir de
mim se eu decidir fazer papel de idiota e namorar o babá, como qualquer
outro idiota de Manhattan.
— Como você disse, não é assim. Você nunca foi o tipo de homem
que transa por aí e corre atrás de homens mais novos. Namorar o Fin não
vai mudar isso só porque ele é mais novo. Deixe as pessoas pensarem que
você é um desses idiotas e então prove que estão erradas vivendo feliz para
sempre com o seu adorável brinquedinho — ela provocou. Walker revirou
os olhos, mas seus lábios queriam se curvar em um sorriso. Ele pode até
não ter pretendido fazer isso, mas com certeza escolheu o brinquedinho
mais adorável de todos. Fin se superava em todos os sentidos como babá e
era incrivelmente sexy. Ele mantinha todo aquele charme sedutor escondido
debaixo de seus cardigãs e calças de veludo, mas era ainda mais irresistível
e fascinante quando os dois ficavam a sós.
— Felizmente, Fin não está interessado em namorar em público e
prefere que mantenhamos as coisas da forma mais discreta possível. Seu
foco principal são as meninas e gosto disso. Muito. Ele também não quer
prejudicar sua própria reputação ou a do irmão, mas é inflexível sobre as
coisas permanecerem o mais estáveis possível para as trigêmeas. Ele estava
certo, elas se comportam mal, porque precisam de mim e anseiam por
estabilidade emocional. Nós somos mais como uma família agora e as
crianças estão indo tão bem, então não posso arriscar.
— E se você o perder porque não se arriscou? E se alguém vir Fin
pelo que ele é e o fizer se apaixonar enquanto você está aí, enrolando?
Imagine como seria vê-lo com as meninas todos os dias depois que alguém
conquistá-lo bem debaixo do seu nariz. Literalmente.
A cabeça de Walker pendeu para trás e uma carranca confusa nublou
sua expressão. Ele não pensou em como seria se as coisas entre eles dessem
errado, e Fin seguisse em frente. Ele teria que sorrir e aguentar firme,
sabendo que o jovem poderia ter sido dele.
E se ele se apaixonar por outra pessoa e decidir que está pronto para
começar a própria família?
Claro, Fin ia querer sua própria família um dia, e ele só tinha mais
alguns anos... Walker adiou até que Connor ameaçou encher a Casa Killian
com gatos, e ele se arrependeu de ter esperado tanto tempo. Ele teria mais
energia para as travessuras das meninas se fosse mais jovem, e Connor teria
tido mais tempo com elas. Não queria que Fin esperasse, agora que estava
pensando nisso. O rapaz seria um marido e pai incrível e Walker sofria com
a ideia de outra pessoa tê-lo.
— Você me deu muita coisa em que pensar — ele admitiu, depois se
levantou para pegar as meninas e sacudir a sujeira dos cabelos e vestidos
antes de levá-las ao Range Rover. — Talvez eu não te mate.
CAPÍTULO TRINTA E
TRÊS
— EU NÃO VEJO por que isto é necessário — Fin reclamou. Ele se
virou para dar uma olhada em sua bunda no espelho e o alfaiate italiano
exigente que Pierce contratou estalou os dedos até que ele se endireitasse.
— Por que precisa ser tão apertado?
— Porque você tem vinte e seis anos e é lindo — Vincenzo disse com
alfinetes entre os lábios. O babá arregalou os olhos para ele com um ar de
repreensão antes de franzir a testa para as meninas.
— Não estou planejando que alguém me veja. Pensei que eu poderia
ficar escondido ajudando o pai e a tia de vocês se precisassem de mim, mas
não preciso usar um smoking. Vou usar minha roupa de trabalho. — Na
verdade, Fin preferia o cardigã e a calça de veludo quase invisíveis. Muriel
Hormsby estava na lista de convidados e suas suspeitas apenas seriam
confirmadas se ele aparecesse com um smoking que não podia pagar e
começasse a socializar com os convidados. Nenhum dos outros
funcionários de Walker ousaria fazer isso. O jovem sempre se opôs a usar
smoking, mas desta vez parecia uma ideia ainda pior. Pierce, o velho astuto,
estava usando a paixão de Fin pela iluminação teatral do aniversário contra
ele. O homem se recusou a aprovar seus planos para o terraço dos fundos a
menos que ele cooperasse na prova de roupa.
— Vai ser uma festa de aniversário chique, Fin! Você tem que estar
bem para não nos envergonhar — Amelia falou. A cabeça do babá virou na
direção dela e seu queixo caiu.
— Envergonhar vocês? O que há de errado com minha roupa de
trabalho?
— Você não pode usar aquilo na festa do papai! Tem que parecer um
adulto — ela completou. Beatrice e Charlotte concordaram. Charlotte
levantou uma amostra de tecido rosa choque.
— Você deveria usar algo rosa por baixo do terno! Você gosta de
rosa!
— Gosto... — o rapaz disse com franqueza. Vincenzo levantou uma
sobrancelha para ele, em dúvida.
— Talvez uma faixa na cintura e uma gravata?
— Preto está bom. Pierce sugeriu preto e é minha segunda cor
favorita — Fin respondeu, dando a Charlotte um olhar firme. Vincenzo teria
a ideia errada se as meninas não fossem cuidadosas. Tecnicamente, não está
errado, mas... — Eu ainda não entendo por que tudo tem que ser tão
apertado. — Ele se contorceu e pegou a cueca que escolheu para a prova de
roupa, e Vincenzo deu um tapa em sua mão. — Ai!
— É melhor você não usar boxers com estas calças — ele ameaçou
baixinho. Fin sabia exatamente o que usaria por baixo da calça. Nada dizia
“feliz aniversário, Walker!” tão bem quanto uma calcinha com tiras pretas
da Versace.
— Tenho tudo sob controle — o jovem retrucou e deu a Vincenzo um
sorriso largo. — Quanto tempo isso ainda vai demorar? Nós temos uma
massa de cookie descansando na geladeira.
— A receita pode descansar por mais quinze minutos. Você tem ideia
de quanto vale meu tempo? — Vincenzo perguntou com arrogância. Fin
revirou os olhos.
— Não, mas não acho que você quer fazer disso uma competição. O
sr. Cameron me paga um salário obsceno. Quero dizer, quantas provas
particulares você já fez para uma babá? — ele perguntou e depois se
encolheu. — Não responda. Isso é diferente — Fin mentiu e sorriu nervoso
para as meninas. Elas estavam a apenas um comentário de provar o quanto
ele era mentiroso. O rapaz pensou que teria uma manhã tranquila e que o
compromisso era para os vestidos das trigêmeas, apenas para ser
surpreendido por Vincenzo depois que Walker saiu para uma reunião do
outro lado de Manhattan.
O resto da prova transcorreu sem problemas, felizmente, mas Fin
ainda estava em estado de choque quando levou as meninas até a cozinha
para terminar de fazer os cookies. A brinquedoteca tinha pia, geladeira e
micro-ondas para artes e lanches, mas não tinha forno, então ele conseguiu
permissão da cozinheira e da governanta para usar um canto da cozinha da
Casa Killian. O ambiente tinha vários fornos, então não iriam atrapalhar,
desde que as trigêmeas se comportassem. Elas prometeram ser anjos para
que pudessem fazer cookies em forma de estados do país, se Fin cooperasse
durante o compromisso com Vincenzo. O babá tinha a sensação de que as
meninas e Pierce se uniram contra ele e não gostou nem um pouco disso.
— Pelo que estou vendo, você finalmente está colocando minhas
filhas para trabalhar — Walker falou quando voltou e foi conferir onde
estavam. As trigêmeas riram e acenaram para ele com dedos pegajosos. —
Acho que pode ser bom fazermos um teste... — Ele era um completo
homem de negócios ao inspecionar os biscoitos congelados nas prateleiras.
— Eu gostaria de experimentar um... Califórnia, Bea.
Ela comemorou e deslizou do banquinho para poder correr em volta
da mesa de trabalho. Beatrice levantou os braços e o pai a pegou no colo
para que ela pudesse ver os cookies. Fin se inclinou para a frente e prendeu
a respiração enquanto ela apontava o dedo. Ela hesitou sobre a Flórida, mas
não era boba, então encontrou o cookie certo e os braços do babá se
ergueram.
— Essa é a minha garota! — Fin disse e deu pulinhos. Walker
assentiu em aprovação e mastigou.
— O Califórnia está gostoso. Muito bem, querida. — Ele a colocou
no chão e bateu no queixo ao inspecionar as prateleiras novamente. O pai
pegou um dos estados quadrados e o ergueu. — Quem decorou este Texas?
— perguntou, e Amelia balançou a cabeça. Ela se esticou e apontou para o
cookie maior, com cobertura de laranja. — Este? — Walker confirmou. Ela
assentiu, e ele pareceu satisfeito ao dar uma mordida. Ele o colocou
próximo à Califórnia e seus dedos dançaram sobre o resto dos estados,
prendendo a atenção do babá. — Qual é o meu estado favorito, Charlotte?
— Walker perguntou, depois pegou um.
— Nova York! — ela gritou e riu quando houve aplausos e
comemorações da equipe da cozinha. Walker sorriu ao dar uma mordida e
piscou para Fin enquanto reunia seus estados.
— Vocês são muito espertas — o pai declarou. Ele deu a volta na
mesa de trabalho e beijou o cabelo de cada uma das meninas, então
diminuiu a velocidade ao passar pelo rapaz. Seus olhos se encontraram por
um momento quente, e Fin ansiou oferecer seus lábios. O músculo na
mandíbula do homem mais velho contraiu e o babá soube que ele havia lido
sua mente.
— Mais tarde — murmurou, apenas para Walker ouvir. Houve um
murmúrio suave em resposta quando ele fez uma reverência e os deixou.
Felizmente, o resto da tarde passou rápido e a brinquedoteca ficou
livre de desastres depois de um dia de provas de roupas e confeitos na
cozinha. Mas, em vez de se apressar, Fin se demorou enquanto guardava os
bichos de pelúcia e pendurava as fantasias. Ele não queria perder a
historinha para dormir da noite ou o momento favorito do dia de cada uma,
mas precisava de tempo para fazer um balanço de seu dia e seus
sentimentos.
Era difícil dizer se ele ainda estava irritado por ter que usar um
smoking ou se estava apreensivo por chamar mais atenção para si. Mas o
smoking e as conspirações das meninas e de Pierce só fizeram Fin se sentir
pior sobre as mentiras que ele estava contando para esconder o
relacionamento com Walker. Assim como Riley havia previsto. Exceto que
não durou nem uma semana. Só precisou de uma prova de roupa com
Vincenzo para minar sua determinação.
— Aí está você.
E lá estava ele. Walker sorriu para Fin da porta da brinquedoteca,
elegante como sempre. A gravata estava frouxa e o cabelo, bagunçado. Elas
passavam os dedos pelas mechas dele e puxavam a gravata quando o pai
lhes dava um beijo de boa noite, e esse era apenas mais um motivo pelo
qual essa era a parte do dia favorita do babá.
Mas estava ficando mais difícil ouvir através da porta. Fin desejava
que não precisasse ir embora quando as tutoras vinham buscar as meninas.
Ele queria ajudar a trançar os cabelos, acomodar as trigêmeas nas camas e
se aconchegar com elas durante a hora da história. Também queria dar um
beijo de boa noite nelas, mas não era seu papel. Suas responsabilidades
ficavam na porta da brinquedoteca assim que elas eram levadas para dormir.
— Eu tinha que cuidar de algumas coisas. — Outra mentira. Fin
sorriu e fez o possível para deixar suas preocupações e sentimentos para
mais tarde. Não deve ter se saído muito bem, porque Walker estava
franzindo a testa quando eles viraram no corredor no passeio noturno. — O
que foi? — Ele abraçou o cardigã e agiu como se não fizesse ideia de nada.
— Algo está errado.
— Não. — Fin balançou a cabeça. — Está tudo bem. Só estou
pensando demais.
Walker murmurou e abriu a porta da suíte para Fin. Havia algo
diferente ali, no entanto, e a careta do homem mais velho voltou quando ele
foi conferir se Pierce estava ali. Mas eles estavam sozinhos, então o jovem
fechou a porta e deixou o cardigã na maçaneta. O outro acenou para Fin
segui-lo até o closet.
— No que você está pensando? — Walker estava jogando o casaco na
escrivaninha quando o babá entrou no closet. Ele nunca esteve lá antes e
ficou surpreso com as longas fileiras de casacos, camisas e calças. E havia
muitos sapatos.
— Isso aqui parece uma loja de departamento masculina.
— Nunca estive em uma, mas espero que não. — Walker havia
removido a gravata e as abotoaduras. Ele dobrou as mangas e caminhou na
direção de Fin.
— Sabe, você fica muito gostoso quando...
— Pare de mudar de assunto — o patrão falou de forma brusca,
sobressaltando-o. — Notei que você faz isso sempre que é hora de falar
sobre você. — Ele pegou Fin pelo pulso e o puxou para fora do closet.
— É um dos meus superpoderes. Meu sexto sentido sempre começa a
formigar quando minha mãe ou Reid querem me dar um sermão sobre
alguma coisa. — O rapaz seguiu Walker até o sofá e se jogou na almofada
ao lado dele.
— Eu não quero dar sermão em você.
— Eu sei, mas não tenho certeza se quero falar sobre isso — Fin
admitiu. Ele levantou as mãos, desculpando-se. — Prefiro te ajudar com
seus pensamentos a me preocupar com o que está acontecendo na minha
cabeça. Meu pai diz que é uma manifestação de problemas não resolvidos
de irmão mais novo/de competência/de competitividade. Não sou tão bom
quanto meu irmão ou tão inteligente se tenho problemas e não gosto de
parecer despreparado ou inexperiente — resumiu. — Não é tão profundo
assim — ele acrescentou um sorriso atrevido, esperando que isso fosse
apaziguar Walker.
Mas não funcionou. A boca do patrão abriu e fechou várias vezes
antes de ele bufar.
— Fui bem hoje? — ele perguntou, desorientando Fin. Seu sexto
sentido definitivamente estava formigando.
— Sim... você foi ótimo. Na verdade, eu estava esperando que você
pudesse me ajudar com algumas ideias para o seu presente de aniversário
— ele disse e tentou abraçar o homem mais velho, mas Walker o virou.
— Podemos falar sobre isso mais tarde. — Walker o puxou para que
ele descansasse em seu peito. — Sabe como às vezes você me recompensa
com uma tanga ou uma calcinha com tiras? — ele sussurrou as palavras no
ouvido de Fin, fazendo-o tremer em seus braços. Houve um roçar suave dos
lábios do chefe contra o pescoço do babá antes que os dentes dele roçassem
sua pele.
— Às vezes, eu te surpreendo. Amo poder fazer isso — Fin
sussurrou. Ele teve que agarrar a coxa do outro homem quando ele lambeu
o ponto abaixo de sua orelha. — Você quer que eu faça isso agora? — Sua
voz ficou um pouco mais histérica.
— Não.
— Você quer ver minha roupa íntima? — Fin arriscou, esperançoso.
— Não. — A voz de Walker estava rouca e baixa, pontuada por um
beijo na nuca do rapaz. Mas, em vez disso, ele deveria tê-lo avisado. —
Quero que você se abra comigo para que eu possa ajudá-lo do jeito que
você me ajuda. — Mãos grandes e fortes se espalmaram nos ombros de Fin
e toda a tensão em seu corpo se esvaiu quando Walker começou a
massagear suas costas. O jovem sentiu como se fosse feito de cera e deixou
a cabeça pender e balançar.
— Ah, Deus... isso não está ajudando. — Sua fala estava arrastada.
— O quê? — As mãos do outro homem paralisaram, e ele ficou alerta
atrás do babá.
— Não. Não pare.
Mesmo que as mãos mágicas de Walker realmente não estivessem
ajudando. Ele voltou a apertar e esfregar, e Fin meio que se ressentiu pelo
patrão ser tão maravilhoso. Seus sentimentos estavam ficando confusos o
suficiente sem se apaixonar ainda mais por Walker. No entanto, ele estava
certo. Foi preciso muito trabalho duro e coragem para se abrir para Fin. O
chefe merecia a verdade. Ou, pelo menos, a maior parte. O rapaz não podia
contar sobre suas ressalvas a respeito do smoking ou sobre Vincenzo.
— Sabe o que eu disse sobre nada precisar mudar e sobre nosso
relacionamento ficar em segredo?
As mãos de Walker pararam outra vez.
— Algo mudou?
Fin olhou para a bicicleta ergométrica no canto, perto da janela. A
vida era muito mais simples quando o patrão era apenas um homem rico e
gostoso com quem Fin não se dava bem.
— Eu mudei. Pensei que podia manter tudo compartimentalizado,
mas estava errado. Meus sentimentos por você e pelas trigêmeas já estão
por toda parte.
— As meninas amam você, Fin.
— Eu sei. É o que torna tudo mais difícil. — Todas as peças para a
família perfeita estavam ali, e ele queria demais Walker e as trigêmeas, mas
ele não se encaixava. Estava fora de lugar. — Seu aniversário é em alguns
dias. Não posso revelar nada, mas as crianças e eu estamos nos divertindo
muito, então gostaria de focar nisso por enquanto, se estiver tudo bem. —
Fin tinha que garantir que o aniversário do patrão fosse perfeito. As
meninas estavam contando com ele.
— Claro, tudo bem. Há algo que eu possa fazer para ajudar? —
Walker perguntou e o rapaz balançou a cabeça. Riley, Reid e Penn foram
informados e estavam preparados para escalar a parede do pátio dos fundos
às oito horas da noite para ajudar com as luzes.
— Você poderia ajudar com uma ideia de presente. Eu comprei algo
que tenho certeza de que você vai gostar, mas quero te dar algo... divertido,
que só eu posso te dar.
— Suponho que você esteja falando de algo sexual — Walker
adivinhou, hesitante.
— Sim!
— Eu disse a você, minha imaginação é péssima. Principalmente
quando se trata de sexo. Acho que tudo o que fazemos é divertido.
— Obrigado! — Fin estava satisfeito com o rumo que a conversa
tomou. — Vamos lá. Qualquer coisa. Ou me dê algo pelo que começar —
ele pediu, mas o patrão franziu a testa.
— Não consigo pensar em nada, mas, mesmo que pudesse, duvido
que conseguiria dizer sem morrer de vergonha.
— Besteira. Você já percorreu um longo caminho. Vamos permanecer
no simples. Não precisa ser nada excêntrico. Há algo que você pensou em
fazer recentemente que nunca teria considerado antes? Ou algo que você
tentou e quer tentar de novo? Apenas algo divertido, tipo... — Fin bateu o
dedo no queixo, vasculhando suas fantasias recentes. — Eu me imaginei
coberto de glacê, como um cupcake, para que você pudesse lamber.
— Gosto disso — Walker respondeu. O rapaz balançou a cabeça e o
beijou.
— Eu estou guardando a ideia para o meu aniversário.
Houve outra pausa e o homem mais velho pareceu confuso antes de
se encolher e seu rosto ficar vermelho. Fin lhe deu um olhar de expectativa,
mas Walker negou com a cabeça, obviamente não estando pronto.
— Ah. — Ele escondeu os olhos, envergonhado. Fin se inclinou para
a frente e prendeu a respiração, antecipando algo obsceno, dada a forma
como o patrão se contorcia. — Eu pensei em fazer... coisas... no meio do
dia.
— Coisas? — Fin foi muito cuidadoso e pronunciou a palavra de
forma neutra, sem nem um pingo de diversão. O outro assentiu com rapidez
e desviou os olhos. O babá estava prestes a montá-lo como se ele fosse
aquela bicicleta no canto. — Que tipo de coisas?
— Não sei. Coisas muito... duras e obscenas — ele acrescentou
baixinho. — Em um lugar diferente. — Walker soltou uma respiração alta,
como se tivesse largado um peso.
— Certo. Uma rapidinha dura e obscena durante o dia. — O jovem
olhou para o outro homem para se certificar de que era isso mesmo, e ele
assentiu.
— Isso seria... sim.
— Maravilha! — Fin comemorou e se ajoelhou, preparando-se para
atacar. — E muito bem. Você tem sido um garoto muito bom, Walker.
CAPÍTULO TRINTA E
QUATRO
— OBRIGADO, SR. SILVERSTEIN! — Fin sussurrou ao fechar a
porta do quarto das meninas e correr pela brinquedoteca. Ele pulou por
cima da cesta de fantoches e correu porta afora. Tiveram uma manhã
bastante animada, começando com uma caminhada até a biblioteca para
deixar os livros e terminando com fantoches e poemas do livro Where The
Sidewalk Ends, de Shel Silverstein. Era sempre um sucesso quando Fin
enroscava o dedo e fingia que arrancava o próprio nariz. Exaustas de
encenar seus poemas favoritos e de darem risadinhas histéricas, as
trigêmeas entraram, alegres, na barraca e dormiram abraçadas. — Tenho
pelo menos uma hora! — O babá previu. Ele passou por uma empregada na
escada e deu um sorriso casual e amigável, apesar da agitação de seus
nervos. — Como vai, Steph?
— Muito bem. Como está o seu dia? — ela perguntou. Fin deu de
ombros como se não estivesses prestes a tirar as calças de Walker. As suas
também, se tivesse sorte. Esta era uma das muitas surpresas que planejou
para o grande fim de semana de aniversário, incluindo café da manhã e um
filme na brinquedoteca. Mas essa era a surpresa “divertida” que o chefe
escolheu.
— Até agora, tudo bem — ele respondeu conforme descia os degraus.
— E prestes a melhorar — acrescentou baixinho. Ele cantarolou Parabéns
pra você ao virar no corredor. A porta do escritório de Walker estava aberta,
e Fin olhou para trás para verificar que estava sozinho antes de se
aproximar e escutar. Havia apenas o toque suave do teclado, então foi em
frente e espiou pela porta. Walker estava desacompanhado e levantou a
mão, gesticulando para que o jovem entrasse.
— Você precisa de algo? — ele perguntou, se recostando na cadeira.
Fin ronronou suavemente, então fechou a porta e a trancou.
— Na verdade, sim. — O babá desabotoou o cardigã e tirou uma
embalagem de lubrificante do bolso. — As meninas estão dormindo e a
tutora Jasmine está com elas enquanto cumpro uma tarefa na minha hora de
almoço. Quer se divertir comigo, aniversariante? — ele perguntou e ergueu
o lubrificante.
— Aqui? — Walker parecia um tanto escandalizado.
— Em um lugar que não é aqui ou um quarto — Fin citou. O outro
homem processou suas palavras por apenas um momento antes de se
levantar e segurar a gravata.
— Mas meu aniversário é só amanhã.
— Você quer ter essa conversa de novo? Podemos dar voltas e mais
voltas, assim como fizemos com o bolo de panquecas, ou podemos transar.
Quer uma rapidinha safada? — Fin perguntou com a voz lasciva. Os olhos
do patrão baixaram para a sua agenda, e ele rabiscou algo antes de assentir.
— Sim, eu quero. — Ele se levantou e foi tirar o casaco conforme
dava a volta na mesa, mas Fin ergueu as mãos e se apressou para detê-lo.
— Fique aí. Bem desse jeito! — ele pediu. Walker congelou e ergueu
uma sobrancelha para o rapaz.
— Não seria mais confortável no sofá?
— É provável, mas vai ser mais indecente na sua mesa e com você
usando seu terno perfeito. Quero que você acabe comigo sem amassar a
calça nem bagunçar o cabelo — Fin explicou conforme se aproximava e o
empurrava de volta para a cadeira. Ele tirou o cardigã e a camiseta. Houve
uma batida suave na porta e os dois se viraram naquela direção.
— Estou ocupado. Não quero ser incomodado pela próxima hora —
Walker disse e gesticulou para Fin continuar. Ele pegou o rosto do chefe e o
beijou com força.
— Vou fazer valer muito a pena — prometeu.
— Você sempre faz — Walker gemeu, deixando os joelhos do babá
fracos. Fin caiu entre as pernas dele e sibilou com apreço, esfregando as
mãos nas coxas do homem mais velho.
— Tire para mim — o jovem ordenou com um sorriso sensual.
— Tirar? — As mãos de Walker tremeram quando ele o obedeceu e
abriu o cinto e o zíper.
— Não estou aqui para te servir, Walker. Quero ver o que você pode
fazer comigo sem destruir esse terno.
— Entendo. — As palavras soaram irregulares quando o homem
enfiou a mão na cueca e puxou o pau para fora. Ele já estava duro, e Fin
salivou quando se aproximou, ainda de joelhos.
— Bom garoto — o rapaz sussurrou e o pau do chefe saltou. —
Agora, foda a minha boca, Walker, e não tenha medo de ser rude. — Ele
colocou as mãos nas costas abriu bem a boca.
— Fin! — Desta vez, o homem mais velho estava escandalizado, mas
um fio do líquido pré-ejaculatório surgiu na ponta de sua ereção quando
umedeceu os lábios, nervoso.
— Vá em frente, não seja tímido. Eu quero que você bagunce meu
cabelo e me sufoque com o seu...
— Tudo bem! — Walker estendeu a mão hesitante e a colocou na
cabeça do babá.
— Medroso — Fin sussurrou. O patrão revirou os olhos e passou os
dedos pelo cabelo do jovem. Ele segurou a cabeça de Fin, mas seu toque
ainda era hesitante, quase um apoio, conforme o puxava para mais perto. —
Vamos lá. É a primeira vez que faço algo assim durante o dia. Quero que
seja muito quente e atrevido — o babá o informou.
— Ah, merda! Fin! — O peito de Walker pesou por um momento
antes de seu aperto ficar mais forte e Fin rir quando seu rosto foi esmagado
contra um calor forte e duro. O homem mais velho ergueu a cabeça do babá
e a inclinou para trás antes que o de empurrar seu pau para dentro da boca
de Fin. O jovem gemeu em êxtase. Ele envolveu os lábios no pau de Walker
e engasgou quando a cabeça chegou ao fundo de sua garganta. O homem
mais velho arfou, xingou e elogiou enquanto Fin chupava de forma
barulhenta. Seus lábios queimaram ao se esticarem em volta do calor de
Walker e sua mandíbula doeu, mas era com estar em um paraíso. Ele podia
ouvi-lo lutando e se esforçando para manter a compostura. A outra mão do
homem mais velho agarrou o apoio de braço da cadeira e os nós de seus
dedos ficaram brancos. — Fin! — ele rosnou e afastou seus lábios.
— Isso foi tão bom! — ele ofegou para Walker e limpou a saliva do
queixo. — Eu quero que você me coloque sobre a mesa e me foda desse
jeito. — Ele mal conseguiu terminar de falar as palavras e Walker o
levantou e o beijou de forma selvagem. O patrão abriu o zíper de Fin e
baixou a calça dele.
— Como vou conseguir trabalhar aqui sem pensar nisso? — ele
reclamou. Seus dedos passaram pela fenda do traseiro do babá e apertaram
a parte de trás de sua tanga.
— Isso vai ser um grande problema para você, não é? — Fin fez
beicinho e então arquejou quando o outro o girou e seu peito bateu na mesa.
Ele mordeu o lábio e gemeu com alegria à medida em que os dedos
escorregadios de Walker circularam e lentamente pressionaram a entrada
apertada de sua bunda. — Não se atreva a ser gentil — ele disse. Fin riu
quando o chefe deslizou a tanga para o lado e segurou sua bunda aberta
para que pudesse entrar com força e ir bem fundo. Ele agarrou o cabelo do
jovem com firmeza, estabelecendo um ritmo brutal que tocava nas bolas de
Fin a cada golpe rápido. — Estou prestes a gozar em cima da sua mesa e
fazer você me alimentar com isso.
— Fin! — Walker ficou na ponta dos pés, preenchendo o rapaz ao
máximo enquanto o líquido quente inundava seu núcleo.
— Ah, sim! — Os olhos de Fin reviraram quando cada nervo de seu
corpo se apertou com mais e mais tensão, e então tudo se rompeu. Ele
tampou a boca para abafar um grito conforme o sêmen bombeava para fora
de seu membro, espirrando na capa da agenda e no tampo de vidro da mesa.
— Fin — Walker sussurrou em seu cabelo. Ele o segurou com
firmeza contra o peito e lutavam para recuperar o fôlego. O homem saiu
com cuidado de dentro de Fin e beijou sua têmpora. — Foi incrível, mas eu
me sinto profundamente em conflito.
— Por quê? — Fin se inclinou para poder examinar o rosto do chefe.
— Porque isso foi selvagem demais e gostei mais do que deveria.
— Você não tem ideia de quantas vezes eu imaginei você me punindo
bem assim. Foi perfeito! — Fin colocou a mão para trás para pegar o sêmen
antes que pudesse escorrer por sua coxa. Ele gemeu e lambeu os dedos para
limpá-los e observou Walker olhando com admiração e confusão. — O quê?
O outro riu, incrédulo.
— Você é babá!
— Huuhummm... — Fin resmungou enquanto chupava o polegar. —
Babás podem ser bastante safados quando estão de folga.
— Eu não fazia ideia.
— Nem eu — ele confessou com uma piscadinha. — Acabei de
inventar isso. Vou correr até a cozinha e pegar um sanduíche antes que as
meninas acordem. Amo você — ele acrescentou.
— Espere! — Walker segurou o rosto de Fin para outro beijo. — É
isso?
— O quê? — Os olhos do rapaz se fecharam lentamente quando seu
cérebro finalmente entendeu o que disse. Ele não queria falar as palavras
em voz alta. Fin pensou em voltar atrás e rir, mas não queria fazê-lo. — Eu
quis dizer isso, mas não significa que temos que fazer algo a respeito. Nós
podemos guardar a questão no envelope junto com a outra coisa. — Ele
rezou em silêncio e ficou irritado consigo mesmo por ter se deixado levar
mais uma vez quando era para ser uma surpresa divertida. O chefe riu com
leveza, mas o riso se transformou em um suspiro satisfeito quando seus
braços apertaram Fin.
— Eu também amo você — Walker falou com ternura. — Nós não
deveríamos... conversar? — ele perguntou, estremecendo. Fin balançou a
cabeça e deu um tapinha no peito do outro homem. Era muito para absorver
em trinta minutos e o babá queria que Walker tirasse um tempo para
processar os grandes desenvolvimentos emocionais. Os primeiros “eu te
amo” e as primeiras rapidinhas diurnas eram grandes passos em qualquer
relacionamento, mas o patrão ainda estava de luto enquanto navegava por
essas águas.
— Não depois dessa escapadinha. Podemos conversar mais tarde. —
E Fin tinha que manter sua confusão emocional contida até dar a Walker a
festa de aniversário dos sonhos das meninas. Ele se abaixou e ajeitou calças
de veludo cotelê. — Isso foi absolutamente perfeito e vamos repetir, mas
preciso comer algo. Fiquei com fome durante toda a manhã toda para que
nós pudéssemos fazer isso.
— Ah, droga. Vá! — Walker insistiu e o ajudou a arrumar as roupas e
a si mesmo. Ele verificou o corredor para ter certeza de que estava vazio e
deu um beijo rápido nos lábios de Fin antes de empurrá-lo para fora do
escritório.
— Não poderia ter sido melhor — Fin disse para si mesmo,
caminhando pelo corredor com as mãos nos bolsos. Ele tentou dar um
pulinho feliz antes de virar para as escadas e engoliu um palavrão por causa
da pontada de dor na bunda. — Mas não estou disposto a mais nada além de
um chamego esta noite.
CAPÍTULO TRINTA E
CINCO
WALKER TEVE “RAPIDINHAS diurnas” no passado, e elas foram
atrevidas e divertidas, mas nunca assim. Ele não sabia quem Fin conjurou
quando entrou no escritório e ordenou ao patrão que “tirasse tudo”. Mas não
pode ter sido ele. Walker não recebia sexo oral de babás e gozava neles no
escritório.
Exceto que ele fez exatamente isso e amou. Ele estava bastante
esgotado e leve quando afundou na cadeira com um uísque na mão. Walker
remarcou uma ligação com um de seus consultores financeiros e passou
uma hora sozinho com seus pensamentos. Todos giravam em torno de Fin à
medida em que revia seu último encontro várias vezes.
Eu estou transando de novo, Walker reparou. Ele esperou que sua
mente desse algum tipo de indicação de como se sentia, mas sua
consciência permaneceu em silêncio. Com certeza, estava gostando da
situação e amava tudo sobre a pessoa com quem estava transando, mas não
sabia como se sentia sobre si mesmo e as coisas que fez.
Ele esperava que houvesse alguma culpa e muitas dúvidas, mas não
havia nenhuma. De alguma forma, as coisas que fez com Fin não envolviam
as partes de seu coração e alma que usava com Connor. Elas pareciam
seções distintas que ocupavam lugares totalmente diferentes dentro de
Walker. Talvez porque mudou tanto pela dor e depois por Fin, que sentia
que ele não era mais o mesmo.
O sexo com certeza era diferente. Foi incrível com Connor e Walker
aproveitou uma maré de sorte nesse quesito antes de se conhecerem. Mas
ele tinha uma apreciação bastante nova pela sensação de outro corpo nu e
entrelaçado com o dele. O gosto da pele, do suor, da saliva e do esperma era
muito mais forte e intoxicante depois de anos sozinho. Walker desligou e
trancou tudo, mas agora seus nervos vibravam de ansiedade e havia uma
necessidade latente por Fin. Não importava que tivesse acabado de ter o
rapaz e ainda pudesse sentir seu gosto. Os ecos de seus gemidos abafados
ainda soavam em seus ouvidos, mas ele desejava tocar o jovem e vê-lo
gozar de novo.
A rapidinha diurna não foi a primeira coisa que veio à mente de
Walker quando Fin pediu por ideias “divertidas”, mas era muito menos
intimidador. Apesar de uma libido muito saudável e uma vontade abundante
de agradar Connor, havia várias coisas que ainda não tinha experimentado,
inteiramente por causa de sua falta de imaginação. E ele pensou que teria
tempo para reunir coragem e dizer ao marido que queria tentar coisas novas.
Ele não sabia como explicar que queria aprender mais sobre si mesmo e
sobre o que mais ele poderia gostar no sexo, porque sexo com Connor era
muito bom, e não porque Walker não estava satisfeito com o que faziam.
Ele não tinha pensado muito nessas experiências até que se apaixonou pelo
marido. Então, queria tentar de tudo, mas não verbalizou, porque pensava
demais quando se tratava de sexo e de se expressar.
Agora, Walker era mais velho e mais sábio. Ele sabia o quanto
procrastinar custou a ele. Mas não significava que estava mais corajoso. O
céu era o limite com Fin, tudo o que precisava fazer era pedir, como acabou
de aprender. O jovem já o havia apresentado a uma nova obsessão por
lingerie. E, pelo visto, ele gostava de ser elogiado e de ser submisso
também. Mas ainda não havia dito a Fin que queria ser comido.
Nunca teve a chance de tentar com Connor, porque perdeu a coragem
de contar a ele, mas perguntaria ao babá em breve. Infelizmente, essa era
uma conversa que teria que esperar até que eles tivessem mais tempo,
porque Walker tinha a sensação de que essa era a calmaria antes da
tempestade de aniversário. Fin e as meninas estavam encarregados de
mantê-lo distraído, então passou os últimos dias fingindo que não sabia da
quantidade de visitantes entrando e saindo da casa.
Era uma pena que Walker não pudesse pedir o que de fato queria de
aniversário. Mas os adultos raramente conseguiam, porque, em geral, eram
muito educados ou tinham muito medo de admitir que só queriam ficar
bêbados e assistir O Senhor dos Anéis sozinhos ou serem dominados pelo
babá. Se alguém tivesse perguntado no ano passado ou no retrasado, teria
dito que queria passar a noite com as meninas, aconchegados no sofá com
uma grande tigela de pipoca e seus filmes favoritos. Ele nunca pôde pedir
por isso, porque precisaria de pelo menos uma babá e possivelmente uma
tutora como apoio. Agora, Walker queria a mesma coisa. Exceto que,
depois que as meninas estivessem dormindo, ele poderia encher Fin de
champanhe até que estivesse selvagem e ver o que aconteceria.
O pensamento de tentar isso com Fin era incrível, porque não se
preocupava se seria bom ou não, mas também era estressante. O rapaz
saberia o que fazer e o ensinaria. E já sabia que podia ser bom, porque
gozou no chuveiro apenas com seus dedos várias vezes depois que Fin
contou que era submisso e dominador.
Ele não foi gentil consigo mesmo. Sempre que pensava em Fin tão
perto, deslizando fundo em sua bunda, Walker perdia o controle. Seus dedos
quentes e escorregadios viraram o pau de Fin, mergulhando na sua entrada
enquanto suor e sêmen escorriam por suas pernas. Ele imaginou lamber Fin
todo, até limpá-lo depois que terminasse e então ouvir que ele era um bom
garoto. Walker repetiu as palavras várias vezes, ouvindo a voz do babá em
seu ouvido até gozar na parede do chuveiro.
Mas como alguém pedia por isso de aniversário? Essa era a parte
estressante para Walker. Ele mal conseguia pedir por sexo. Pedir a Fin para
com firmeza, do jeito que fez com Fin no escritório era impossível. Walker
ficava tonto só de pensar. Ele desmaiaria antes que as palavras saíssem de
sua boca. Não era hedonista e sua educação de internato e medo de se
divertir não permitiam que ele usasse esse tipo de linguagem ou pedisse por
esse tipo de atenção.
— Você não é mais aquele homem. É diferente agora e tem o Fin —
Walker disse, balançando a cabeça ao apoiar os pés no canto da mesa e
voltar a imaginar as palavras safadas e os gemidos ofegantes do babá. — É
seu aniversário. Você deveria fazer um pedido.
CAPÍTULO TRINTA E
SEIS
ESTAVA TUDO SILENCIOSO. Muito silencioso para a hora da
soneca, então Fin espiou o quarto das trigêmeas. As meninas ainda estavam
na tenda de princesa, com os ursinhos de pelúcia, mas sentadas de pernas
cruzadas e sussurrando.
Nada bom...
Fin entrou no quarto na ponta dos pés e e caminhou pela lateral da
barraca para que elas não o vissem. As luzes estavam baixas, então não
poderiam ver sua sombra através do tecido rosa. Havia luzinhas lá dentro e
o babá conseguia distinguir as formas das meninas. Elas eram como
pequenos vaga-lumes em uma jarra rosa-claro, e ele ficou encantado ao
ouvi-las rir e tramar algo.
— E se a gente dissesse que Charlotte estava se escondendo e não
conseguimos encontrá-la e depois trancássemos eles em um armário? —
Beatrice sugeriu. Fin tinha pena de quem quer que fosse o alvo delas. Ele
ficou feliz por ter ouvido seus instintos e ido verificar as trigêmeas. Uma
pequena espiadinha poderia ajudá-los a evitar uma catástrofe...
— Fin sabe como arrombar fechaduras — Amelia apontou. Os
sentidos do jovem vibraram, e ele arregalou os olhos.
— Nós poderíamos encher a fechadura de queijo! — Charlotte disse,
e Fin presumiu que fosse ela aplaudindo. Com certeza, foi Amelia quem a
silenciou.
— Fique quieta ou ele vai nos ouvir! Como vamos saber que eles vão
se beijar?
— Talvez papai beije o Fin se ele destrancar a porta a tempo da festa
— Charlotte falou. A cor sumiu do rosto do babá. Ele era o alvo delas.
— Mas ele não vai conseguir fazer isso se você encher a fechadura de
queijo, bobinha — Beatrice rebateu, resultando em um forte suspiro de
Amelia.
— Como vamos colocá-los no armário ao mesmo tempo? — ela
perguntou, cansada. Fin decidiu que preferia fugir e fingir que não as ouviu.
Ele se arrastou de volta para o corredor e para a brinquedoteca. O
rapaz fez o possível para ignorar a pontada de culpa enquanto ia até a mesa
de arte para arrumar e reabastecer os equipamentos. Ele encontrou um
bilhete dobrado entre pedaços de cartolina e seu coração afundou quando o
desdobrou. Ele e Walker estavam representados em cores vivas com giz de
cera. As lágrimas inundaram os olhos de Fin enquanto ele traçava o terno
cinza encorpado do chefe e o coração que os circulava.
— Ah, não... — Fin se escorou na beirada da mesa. Elas não
entenderiam como isso era impossível, mas o jovem gostaria de poder dar
às meninas o que queriam. Ele tinha a sensação de que ficariam encantadas
em ver ele e Walker de mãos dadas ou se beijando. Elas iriam adorar ver
como o pai era carinhoso e atencioso e a maneira como ria quando Fin o
provocava. Droga, Riley. Por que você sempre tem que estar certo? Houve
uma batida na porta e a fantasia da família feliz desapareceu.
— Elas estão dormindo há muito tempo? — Walker perguntou. O
babá balançou a cabeça e fungou para clarear a visão quando o outro
homem fechou a porta com cuidado atrás de si.
— Elas ainda não dormiram. Você tem que ver isso. — Ele ergueu o
desenho enquanto Walker o puxava para seus braços. O patrão fez um som
de reconhecimento, mas sorriu ao admirar o papel.
— Eu acho que é coisa da Beatrice. É como ela desenha meus ternos
— ele falou.
— É fofo que você consiga diferenciar os desenhos das meninas —
Fin gemeu e afundou no peito do homem mais velho, então beijou sua
bochecha. — Mas isso é muito triste, Walker.
— Por quê? Eu acho que seu cardigã está bem alegre. É rosa e tem
um coração — ele comentou e apontou para o coraçãozinho no bolso.
— O desenho é perfeito. Mas esta situação é muito triste. Eu ficava
mal com a mentira, mas não achei que estivéssemos machucando alguém.
Estou começando a me sentir egoísta. Nós estamos nos escondendo, porque
temos medo das ramificações sociais, mas imagine como elas ficariam
felizes. As meninas ficariam tão empolgadas, mas mantemos isso só entre
nós.
— Eu achei que você não queria que ninguém soubesse. Você disse...
— Walker franziu a testa ao se afastar e Fin assentiu de imediato.
— Eu não quero. Ainda acho que chamaria muita atenção e você
deveria estar mais focado nas meninas. Não em nós — ele respondeu. — Só
me sinto péssimo, porque não podemos dividir isso com elas.
— Nós poderíamos, se quiséssemos, mas teríamos que encontrar uma
maneira de garantir que elas não contassem a ninguém — Walker ofereceu,
mas parecia tão perturbado quanto Fin com a ideia. O babá negou com a
cabeça.
— Com certeza, não. Elas não conseguiriam evitar, e eu nunca
esperaria que elas mentissem ou escondessem algo por nós. — Ele deixaria
a Casa Killian antes de permitir que as meninas mentissem por ele e Walker.
Fin ainda não tinha enviado sua inscrição para o sistema escolar, mas fez
algumas ligações e foi informado de que poderia escolher entre vários
cargos. Isso não o animou, porque nenhuma dessas posições chamou sua
atenção, mas ele estava pensando em um emprego como professor de
segunda série. Não ficaria feliz, mas poderia aguentar por Walker e as
trigêmeas. Ele só não sabia como contar ao chefe que estava pensando em
voltar a dar aulas.
— Bom. Eu também não, e não haveria chance de isso funcionar. —
Walker estava distante enquanto dobrava o desenho e o colocava no bolso
interno do casaco.
— Desculpe. Eu não queria te desanimar no seu aniversário. — Fin se
esticou em direção aos lábios do patrão, mas ele o afastou.
— Você e eu temos definições muito diferentes de tristeza. Nossa
família sobreviveu a coisas piores — Walker respondeu com firmeza.
— Espere. Eu não quis dizer...
— Eu preciso ir. — O outro homem ergueu uma mão, sinalizando que
tinha terminado. Fin sabia quando era hora de pressionar ou manter sua
posição, e esse não era o momento.
— Sinto muito. Por favor, não esqueça que você deve me encontrar lá
embaixo às sete horas.
— Não vou esquecer. E estarei vestido com um smoking — Walker
disse e fez uma reverência, então se afastou da sala e deixou o babá
sozinho. A porta se fechou com suavidade atrás dele, e Fin gemeu ao se
sentar na beirada da mesa de artes.
— Bom trabalho, Fin. Você o fez se sentir culpado e muito triste no
dia do aniversário. — Ele esfregou a têmpora quando sua cabeça começou a
doer. — Vou descobrir como consertar isso — ele prometeu, mas enquanto
examinava a brinquedoteca, sabia que era hora de tomar uma atitude. — Eu
tenho que deixá-los.
CAPÍTULO TRINTA E
SETE
PIERCE PARECIA QUE ia ter um aneurisma enquanto murmurava
desculpas sobre uma confusão em uma entrega e o atraso no jantar. Mas,
nesta noite em particular, Walker não se importou com o incômodo que era
vestir um smoking. Em geral, ele preferia que o mordomo supervisionasse
todos os pequenos detalhes, como o colete, as abotoaduras e o nó da gravata
borboleta e do lenço. Isso permitia que a mente do patrão vagasse, então
podia praticar um discurso ou fazer um checklist mental de última hora
sobre quem bajular e quem evitar antes de um evento formal importante.
Mas Walker não queria que sua mente vagasse enquanto se vestia
para o que provavelmente seria sua festa surpresa de aniversário. Ele captou
pequenos fragmentos de conversas sussurradas e percebeu sinais
reveladores de preparativos ao longo de toda a tarde. O homem ansiava em
segredo por tudo o que Fin e as meninas tinham planejado, então ficou feliz
em fingir que não sabia de nada. Mas, depois de se retirar da brinquedoteca,
ficou satisfeito por ter algo tedioso para fazer, como vestir um smoking,
para que pudesse se distrair.
Ele foi grosseiro com Fin e saiu correndo de lá, porque queria contar
às meninas. Ficou animado com a ideia de não dar a mínima para as
consequências e ceder à alegria do momento. Porque era assim que era
amar o jovem. Walker queria gritar e comemorar e às vezes sentia vontade
de rodopiar, como as filhas, de tão feliz que ficava quando Fin entrava na
sala. Então, o babá trouxe a realidade de volta para ele e estourou sua bolha
imaginária e feliz.
Isso teria tornado a noite verdadeiramente especial e as meninas
teriam ficado muito felizes, mas Fin estava certo. Eles virariam suas vidas
de cabeça para baixo de maneiras que nenhum deles poderia prever. Walker
se perguntou se havia uma chance de não ocorrer um desastre e se lembrou
da conversa com Agnes. Ela também estava certa. Connor não iria querer
que ele se segurasse se houvesse uma chance de ser feliz.
O marido nunca deu a mínima para a sociedade ou sobre manter as
aparências. Ele se apaixonou de forma platônica por Agnes quando se
conheceram na Tisch, a escola de artes da Universidade de Nova York, e
depois acabou se apaixonando por seu irmão mais novo quando ela o levou
à casa de campo nas férias de inverno. Ele não queria compartilhar a irmã e
sua tradição favorita de inverno, até que ela empurrou Connor pela porta da
frente. Foi amor à primeira vista, mas Connor amou Walker apesar de sua
riqueza e boa educação.
Ele fugiu de Fin, porque parecia que estava decepcionando as
meninas e Connor de novo. Ele estava desapontado consigo mesmo por ser
tão rápido ao concordar com Fin e fazer o que era mais fácil e confortável.
— O que estou fazendo? — perguntou ao espelho. — Estou
decepcionando todos que importam. — Ele percebeu e aceitou que as
pessoas teriam que cuidar de suas próprias vidas ou irem para o inferno.
Walker deu um passo para trás e deu uma última olhada em seu reflexo,
então assentiu. Ele já se sentia mais leve e estava sorrindo ao sair correndo
de quarto para encontrar Fin no hall de entrada. — Tenho que dizer a ele
antes de cumprimentar qualquer um — decidiu. Ele estava sorrindo quando
chegou ao saguão e às escadas, mas congelou quando viu Agnes. — O que
você está fazendo aqui? — Ele arqueou as sobrancelhas conforme admirava
o vestido de renda azul-gelo. Era um design elegante de um ombro só com
uma cauda dramática. Seu cabelo grisalho estava preso em um coque mais
solto, e Walker achou que ela parecia uma princesa.
— Me disseram para aparecer um pouco antes das sete usando algo
chique — ela o informou.
— Você está deslumbrante — ele falou enquanto beijava sua
bochecha.
— Feliz aniversário, irmãozinho. Você está elegante como sempre.
— Você costumava me provocar e uma vez disse que eu parecia um
funcionário de hotel — ele lembrou, e os olhos da irmã brilharam quando se
lembrou de como ele parecia esquisito em um smoking quando era
adolescente.
— Você só tinha pés, e o pescoço era muito comprido, coitadinho!
— Corajoso da sua parte falar sobre os pés — ele retrucou. O queixo
de Agnes caiu, e ela deu um tapinha nele.
— Não comece! Não foi minha culpa ter herdado os pés enormes do
papai.
— Com certeza, herdou — Walker murmurou e se inclinou para
observar os saltos prateados e finos da irmã. Ele assobiou.
— Pare com isso, ou este vai ser seu último aniversário — ela rosnou
e pegou o braço do homem. Então olhou em volta e se aproximou. —
Finalmente conheci o Fin e... uau! Cheguei cedo para ver as meninas e
assisti à aula de dança mais fofa de todas na brinquedoteca. Ele estava
ensinando Beatrice a dançar valsa, e eu quis devorá-lo na mesma hora. Ele é
perfeito e vou tornar o resto da sua vida um inferno se você não se casar
com ele.
— Acalme-se. — Walker verificou os corredores, a sala de jantar
espaçosa e a sala de estar para se certificar de que ainda era seguro. — Eu já
decidi que não podemos mais manter a relação em segredo. Quero contar às
meninas e viver em paz com ele. Não posso mais me preocupar com o que
as pessoas pensam de mim. Não se isso significar que não posso ficar com
ele — Walker disse à irmã. Agnes levou a mão ao coração e suspirou.
— Eu estou tão feliz. Não achei que ele corresponderia às descrições
das meninas, mas é ainda mais adorável. E mais gostoso. E me fez
reconsiderar a maternidade para que pudesse contratá-lo...
— Maravilhoso. Se você puder manter essa história em segredo até eu
ter a chance de resolver as coisas com o Fin, eu ficaria grato. — Walker
olhou para trás de Agnes e quase desmaiou quando viu o rapaz no final do
corredor. O babá estava vindo do terraço e tudo desacelerou quando ele
sorriu para o chefe. Fin havia trocado o cardigã e a calça de veludo cotelê
por um smoking bem-ajustado e o cérebro de Walker parou por completo.
— Huuumm... — Ele não conseguia se lembrar sobre o que estavam
falando ou aonde estavam indo. Tudo o que sabia era que Fin estava
incrível. O homem mais velho sentiu um desejo avassalador de se esfregar
no rapaz naquele smoking. Ele queria começar lambendo seus mocassins de
couro envernizado. Os sapatos tinham um acabamento brilhante e Fin os
estava usando sem meias.
— Aí está o homem da noite! — O babá aplaudiu e correu na direção
deles, tirando Walker da fantasia indecente e o trazendo de volta à
realidade. Agnes riu ao apontar para o irmão.
— Manter em segredo? Querido, você tem cerca de quinze minutos
antes que todos que enxerguem aqui descubram por conta própria. Sua
expressão não esconde nada. Nem suas calças — ela acrescentou de forma
lasciva, e Walker a empurrou de leve.
— Você está incrível, Fin — Walker elogiou. Ele pegou as mãos do
jovem e desejou que estivessem indo para algum lugar privado. E se fosse à
prova de som seria ainda melhor. Fin segurou as mãos de Walker e
examinou seu rosto.
— Sobre antes... — ele começou, mas Walker balançou a cabeça.
— Não foi sua culpa. Você estava certo sobre nós, sobre mim, sobre
sermos egoístas, e entrei em pânico, então saí antes que você dissesse outra
coisa que eu não queria ouvir.
— Eu entendo... — Fin respondeu e arregalou os olhos para o outro
homem antes de gesticular com a cabeça na direção de Agnes. — Há algo
que eu gostaria de te dizer, mas é particular — ele completou, sussurrando
desculpas a Agnes.
— Ah! Essa é a minha deixa. Depois eu volto, e boa sorte! — Ela deu
um beijo estalado na bochecha de Walker, pegou a saia do vestido e correu
para as portas do terraço. Fin riu ao vê-la sair.
— Sua irmã é tão maravilhosa quanto imaginei — ele comentou.
— Agnes disse a mesma coisa sobre você. Ela te acha perfeito e disse
que eu seria um tolo se te deixasse escapar — Walker falou enquanto
segurava as mãos do jovem. — Ela está certa. Sei que vai ser complicado e
que pode até ser um pouco esquisito quando as pessoas souberem, mas não
quero mais me preocupar com isso.
— Nós não precisamos. — Fin levou as mãos do homem mais velho
aos lábios para poder beijá-las. — Não vai ser complicado, porque vou
embora. — Ele estava muito animado e mordeu o lábio para conter um
grito.
— O quê? Não! — Walker não deveria ter gritado, mas estava em
pânico e já podia ouvir o choro das meninas.
— Só vou deixar de ser babá. — Fin o tranquilizou, mas Walker bateu
na própria testa.
— Eu não entendo, mas todos vão me matar
— É temporário. Vou voltar, e dessa vez, para sempre. Ou até você
decidir que já está cansado de mim — Fin acrescentou com timidez.
— Nunca vou me cansar, mas do que você está falando? — Walker
permaneceu com a mão na testa.
— Eu recebi uma proposta para ser professor da segunda série em
uma escola pública a apenas algumas quadras daqui. Pensei que se nos
mantivermos em segredo por cerca de seis meses, ninguém faria muito
alarde se você decidisse começar a namorar um professor jovem e gostoso.
Se você não se importar em namorar um simples professor do ensino
fundamental — ele brincou.
— Me importar? — Walker estava tonto de novo. De jeito nenhum
ele deixaria Fin aceitar aquele trabalho, mas ficou profundamente
emocionado. — Você disse que não gostava de ensinar em sala de aula, sem
contar que seria uma grande redução de salário.
— Eu não me importo. Vou ficar com você e as meninas, e ainda vou
trabalhar com crianças.
— Por cerca de noventa por cento menos do que você ganha agora —
Walker argumentou.
— Você está se esquecendo da parte em que eu fico com o homem
dos meus sonhos e as trigêmeas — o rapaz disse com presunção. Ele deu
um tapinha no peito de Walker, distraindo-o por um momento.
— E as meninas? Elas vão ficar sem o babá se você se demitir.
— Eu posso conseguir um substituto. Reid sabe que as crianças
mudaram e que elas vão cooperar, porque você vai estar aqui para ajudá-las
na transição. Vamos explicar para elas que é apenas temporário e que eu
ainda vou aparecer nos fins de semana para vê-las. Assim, se elas contarem
aos amigos, não vai haver problemas, porque você vai estar namorando um
professor em vez do babá delas.
— Eu amo você, mas não posso te deixar fazer isso — Walker
respondeu, então abaixou a cabeça e beijou Fin.
— Eu também te amo, e é a solução perfeita. Eu ia esperar até
amanhã para contar às meninas e a todos os outros, porque hoje é a sua
noite — o rapaz disse e deu um passo para trás para oferecer o braço ao
chefe. — Vou acompanhá-lo até a porta, mas depois temos que fingir que
não estamos só esperando a festa acabar para arrancar as roupas um do
outro. Não vou mais poder flertar com você assim que sairmos, mas se
lembre de que você me deve uma dança mais tarde. — Fin mordeu o lábio
enquanto seus olhos se fixavam nos de Walker, comunicando suas
intenções. O outro homem gemeu.
— Imagino que haja muita gente lá fora e nós tenhamos que ficar na
festa.
— Todos estão lá fora. Pierce transformou o jardim dos fundos em
uma festa de aniversário enquanto você estava se vestindo. É melhor agir
como se estivesse maravilhado e dar todo o crédito às meninas. Foi ideia
delas. Fui apenas o intermediário e transmiti seus desejos a Pierce. Ele fez
quase tudo que elas pediram, menos o castelo inflável e a guerra com balões
de água. Mesmo que eu tenha insistido que você iria amar um castelo
inflável.
— Não teria, mas agradeço tudo o que você fez e a sábia decisão do
Pierce — Walker falou. Ele colocou um dedo sob o queixo de Fin e o
beijou. — Já é o melhor aniversário que tive em muito tempo. Nós vamos
voltar a essa conversa mais tarde, quando estivermos sozinhos de novo,
porque não quero esperar meses para assumir algo incrível.
— Você não quer? — Fin choramingou. — Precisamos ir. Você pode
apenas fingir por mais algumas horas e depois voltamos a conversar?
— Eu não sei se posso prometer qualquer coisa, Fin. É a primeira vez
que o vejo em uma roupa sob medida e agora está difícil pensar direito.
— Sério? — o rapaz perguntou sem fôlego e girou na direção dos
lábios de Walker. A porta se abriu, e eles se afastaram rapidamente.
— Vocês vêm? — Agnes os apressou, batendo o pé com impaciência.
— As meninas estão quase entrando e exigindo a presença de vocês. Como
ousam nos deixar esperando quando há um bolo?
— Já estamos indo! — Fin riu e a enxotou. — Ela é ótima, e nós
vamos resolver isso assim que tivermos um momento para nós. — Ele
beijou a bochecha do chefe, dispersando sua atenção. — Lembre-se de
parecer surpreso — ele completou antes de abrir a porta.
— Certo... — Walker respondeu, mas sua voz sumiu quando
observou o mar de convidados em roupas formais, a explosão de luzes e
lanternas de papel decorando as árvores, o bolo de aniversário de seis
andares e a banda do outro lado da piscina. — Como vocês fizeram isso em
uma hora?
— Nós entramos furtivamente ontem à noite enquanto você dormia
para colocar as luzes, e o Pierce cuidou de tudo na cozinha — Fin explicou.
— As meninas fizeram tudo isso — ele disse em voz alta. Walker aplaudiu
ao descer os degraus e procurou por elas. As trigêmeas estavam com Agnes
perto do bolo e correram para o pai quando ele se ajoelhou e abriu os
braços. Elas pareciam anjos vestidas em lilás.
— Feliz aniversário, papai! — elas comemoraram ao colidirem contra
ele. O coração de Walker se encheu de alegria ao ser abraçado pelas três.
Ele enterrou o rosto em cachos pretos e beijou a bochecha de cada uma.
— Obrigado. Vocês se superaram — Ele sorriu para Fin, que
aguardava atrás das meninas, então tocou o nariz de Amelia. — Vamos dar
uma olhada neste bolo.
— Sim! Sim! Sim! — Charlotte ergueu os braços e rodopiou.
— Posso ajudar a cortar? — Amelia perguntou.
— Você vai ter que me ajudar. Nunca cortei um bolo tão grande —
Walker respondeu conforme se levantava e as levava para mais perto da
mesa. Alguém entregou uma faca a ele, que ficou momentaneamente
impressionado enquanto a multidão se aproximava. Walker não podia ver
Fin ou Agnes, mas todos os seus contatos comerciais estavam lá, incluindo
os contadores, que eram a maior parte da equipe em Nova York, seu
personal trainer e inúmeras socialites que ele mal conhecia... Até Muriel
Hormsby estava lá. O que significava que seu sobrinho terrível estava por
perto. — É muita gente — ele observou.
— Podemos contar com uma ajudinha da banda? — Fin perguntou e
se posicionou atrás do chefe e das meninas. — Parabéns para você... — Fin
começou e todos os presentes se juntaram a ele. As meninas estavam
eufóricas, então Walker assumiu uma expressão corajosa e sorriu, apesar de
um estar com um pressentimento ruim. Ele tinha a sensação de que as
coisas estavam prestes a dar muito errado.
CAPÍTULO TRINTA E
OITO
TALVEZ CONVIDAR TODOS os contatos de Walker não tenha sido
a melhor ideia, a julgar pelo olhar desorientado em seu rosto, mas ele estava
lidando bem com a situação. As meninas estavam radiantes, porque todo
mundo apareceu e se vestiu com as melhores roupas para desejar um feliz
aniversário ao pai delas.
Ele fingiu que a faca era pesada demais para segurar sozinho e deixou
que as filhas o ajudassem a cortar a primeira fatia. Ele deixou cada uma
provar um pouquinho antes de dar uma mordida e então entregou seu prato
para Agnes.
— Me permitam fazer um brinde, então todos podem voltar a
aproveitar a noite — Walker anunciou.
Pierce se materializou com uma taça de champanhe para Walker
enquanto a equipe de funcionários da cozinha percorria o espaço com taças
para os convidados. Fin recebeu a sua e a ergueu em direção ao chefe. Seus
olhos se fixaram por um momento antes de Walker pigarrear e olhar ao
redor.
— Obrigado por virem e fazerem esta celebração ser muito especial
para a nossa família. Eu estava esperando algo um pouco mais discreto, mas
minhas filhas se superaram. Elas fizeram um trabalho incrível planejando
tudo isso e quero agradecer a elas e a todos que ajudaram a tornar isso
possível. — O olhar de Walker cruzou com o de Fin antes de examinar a
multidão e encontrar Pierce perto do bolo. Ele curvou a cabeça para o
mordomo e o babá ergueu a taça. — Por mais um ano e mais uma volta ao
redor do sol. Vamos torcer para que desta vez dê certo — ele disse. Todos
riram e brindaram.
A música recomeçou, e Walker foi engolido pelos convidados
ansiosos para cumprimentá-lo. Ele suportou tudo com um sorriso nos
lábios, e Fin fez uma anotação mental para acrescentar isso à lista de
motivos pelos quais o patrão foi um garoto muito bom. Ele sentiu uma
pontada de excitação, cantarolou junto com a música e esperou que a
multidão ao redor de Walker diminuísse o suficiente para dar outra olhada
nele em seu smoking. Ninguém usava um smoking como Walker Cameron
III.
— É melhor você ir lá e resgatar meu irmão — Agnes comentou,
aparecendo ao lado de Fin. Ela estava com outra fatia de bolo, mas o jovem
negou com a cabeça.
— Vou pegar um pedaço depois — ele falou, recebendo uma bufada
de desdém da mulher.
— Eu não trouxe para você. — Ela comeu um pedaço e os olhos se
estreitaram enquanto checava o irmão. Fin teve apenas pequenas trocas com
ela, mas já estava completamente apaixonado pela irmã mais velha de
Walker. Ela tinha quase cinquenta anos e o jovem estava atraído pelo brilho
de malícia em seus olhos cinza-claros. Agnes era o oposto do irmão em
quase todos os sentidos, mas eles poderiam ser gêmeos e tinham os mesmos
trejeitos. Ela tinha espírito livre, era muito honesta e uma protetora feroz de
seu irmão caçula. — Você não vai poder dançar se estiver comendo bolo.
— Nem você. — Fin piscou e estendeu a mão.
— Não comigo — ela retrucou, mas pontuou com um sorriso travesso
e inclinou o queixo para Walker. — Vá e salve meu irmão.
— E se eu preferir dançar com você? — Fin perguntou de forma
suave e lhe deu uma leve cutucada. Mesmo que adorasse a ideia, o plano de
Agnes era terrível.
— E se eu fosse da máfia em segredo? Já que estamos falando de
mentirinhas! — ela sussurrou, animada e gesticulou para Fin. — Rápido, o
convide para dançar antes que alguém faça isso. Eu já vi quatro gays
solteiros precisando de um marido rico, incluindo aquele horrível do
Jonathon. Você sabia que a tia Muriel está contando a todo mundo que
Walker está de volta ao mercado agora que as filhas estão se comportando
bem?
— Isso é... — Fin estremeceu ao ficar na ponta dos pés e tentar
encontrar o chefe. — Tenho certeza de que ele pode lidar com esses
homens. — Ele não ficaria satisfeito com o babá se seu aniversário se
transformasse em uma série de encontros rápidos.
— Ah. Eu estava esperando que você ficasse com ciúmes e tornasse
esta festa interessante.
— Ei! Eu planejei a maior parte da festa! — Fin protestou.
— E o fez com perfeição. Mas não planejou nenhum fogo de artifício
e a vida do meu irmão anda muito parada.
— Não. Você está falando com o homem errado. — O jovem
estendeu a mão de forma desafiadora. — Não vou fazer uma cena. Prometi
às meninas que esta noite seria perfeita e seria tudo sobre elas e Walker.
— Você pode ser um babá brilhante, mas pelo visto, não entende as
cabecinhas travessas daquelas irmãs tão bem quanto pensa. Elas não
estavam planejando uma festa de aniversário. Você é a Cinderela e Walker é
o Príncipe Encantado.
— O quê? — Fin balançou a cabeça. — Ah, não... — Seu rosto
esquentou conforme olhava em volta e depois para seu novo smoking. — O
que aconteceu com o meu sexto sentido? Eu deveria ter previsto essa
situação. Estava tão distraído com a festa e com Walker — ele murmurou
para si mesmo, então olhou para Agnes. — A última coisa que quero é
desapontá-las, mas seu irmão não pode virar a vida dele de cabeça para
baixo por minha causa. Isso deixaria tudo uma... bagunça!
— Por que você diz que isso como se fosse uma coisa ruim? E você?
O que quer? — ela perguntou. A mulher entregou o que restava de seu bolo
a um garçom que passava e pegou a mão do jovem. — Finja que Walker
não se importa se o mundo dele está de ponta cabeça ou se está uma
bagunça. Finja que você não se importa com o que os outros pensam. O que
você quer, Fin? — Agnes o puxou para seus braços e o fez rir quando
conduziu a dança. Walker lhe disse que a irmã teria sido a rebelde da
família se os Camerons fossem do tipo que reconhecesse mau
comportamento. Fin queria que seu amante pudesse ser tão livre quanto ela,
mas ele tinha responsabilidades diferentes. O babá também tinha as suas.
— Se isso fosse um livro de romance ou um filme, eu iria atrás dele.
Eu vou atrás. Apenas... de modo sensato — retrucou, mas franziu a testa
quando um homem elegante e mais velho se aproximou de Walker. Ele
gesticulou, como o se estivesse para dançar, mas o outro homem recusou,
pegou Charlotte no colo para que pudesse girá-la com as outras pessoas
dançando. Fin não percebeu que estava segurando a respiração. — Eu amo
o Walker e as meninas — ele continuou e balançou a cabeça. — Tenho um
plano e já pedi minha demissão — ele acrescentou com olhar pesado.
— Ah, Fin. Você é mesmo perfeito — Agnes comentou, suspirando.
A música chegou ao fim, e ela abraçou o rapaz. — Vamos ver o que
podemos fazer para ajudá-lo — ela sussurrou. Fin teria preferido ficar o
mais longe possível, mas ela não o soltava. — Walker! Aqui! — Ela acenou
enquanto arrastava o jovem. Ele ficou feliz em ver as trigêmeas de novo,
mas foram rapidamente cercados.
— Pare de se mexer, Cameron! — Muriel Hormsby gritou, e eles se
viraram. Ela abriu caminho na multidão, parecendo um flamingo enorme
com seu turbante e vestido fúcsia brilhante. Um de seus punhos cheio de
joias estava fechado em volta do pulso de Jonathon. Fin sentiu uma pontada
de compaixão. — Feliz aniversário, meu garoto. Me beije. — Ela ofereceu
a bochecha, e Walker a beijou de forma obediente.
— Obrigado por vir — ele falou com suavidade.
— Eu não teria perdido essa festa linda. É ótimo reabrir a casa, agora
que não está mais de luto.
— Muriel! — Agnes sibilou e mordeu os lábios. — Você está
adorável. O nariz é novo? — Ela se recuperou conforme se inclinava para
beijar a bochecha de Muriel.
— Onde estão seus modos, Agnes? Você se lembra de Jonathon?
— Claro — ela murmurou e olhou para o jovem. Suas unhas
cravaram no braço de Fin e ambos sorriam para Jonathon. Seu cabelo estava
cheio de gel e o smoking preto tinha um acabamento brilhante de cetim. Ele
também decidiu descartar o uso de camisa e todos foram presenteados com
a visão dos mamilos com piercings adornados por uma corrente de
diamantes pretos. — Você está... demais — Agnes engasgou.
— Ele é famoso no Instagram — Muriel comentou com arrogância.
Seu foco voltou para Walker, e ela sorriu com doçura para ele. — Vocês
dois deveriam dançar. Jonathon estava me dizendo agora mesmo que acha
que você está muito em forma para um homem da sua idade. Não é mesmo?
— ela perguntou ao sobrinho, mas ele estava olhando para um dos garçons.
Fin seguiu o olhar do rapaz e imaginou que fosse o grandão com a bunda e
as coxas musculosas. — Jonathon! — a mulher chamou sua atenção, e ele
se assustou e assentiu.
— Sim. — Ele revirou os olhos e ergueu a mão, como se não
soubesse o que mais fazer com ela. Ninguém sabia, e todos balançaram as
cabeças.
— Jonathon adoraria dançar com você, Cameron — Muriel declarou.
Walker fez uma careta, mas ela não percebeu ou pareceu não se importar
com o fato de Jonathon não estar prestando atenção. Ela deu uma
cotovelada nele e o empurrou para o homem mais velho.
— Com certeza adoraria! — Jonathon disse com outro revirar de
olhos.
— Já prometi esta dança a Beatrice — Walker disse e pegou a filha
nos braços e escapou.
— Quer dançar comigo, Fin? — Amelia perguntou. Ela ficou na
ponta dos pés e estendeu as mãos para o babá, mas ele sentiu como se
estivesse sendo salvo quando a pegou no colo.
— Ano que vem, nós não vamos convidar tanta gente — ele disse, e
ela riu ao abraçar seu pescoço e segurar sua mão. Fin a guiou em um giro e
arriscou um olhar para Walker. Ele estava rindo e rodopiando com Beatrice.
Ele mal podia esperar até que os dois estivessem sozinhos e fosse sua vez.
O chefe parecia tão bonito e feliz, deixando Bea fascinada.
— Ano que vem, deveríamos fazer uma festa na casa de campo só
para nós. Mas ainda vamos ter o bolo gigante.
— Foi tudo ideia sua — Fin a lembrou e Amelia tinha um ar
presunçoso ao sorrir.
— Nós só queríamos que você e o papai se vissem com smokings e
dançassem com a gente. E queríamos um bolo gigante.
— Vocês nos manipularam. Como está o bolo? — ele perguntou à
menina.
— Muito bom. Mas acho que não vai sobrar muito — ela pareceu
triste, então Fin deu um beijo em sua testa e riu.
— Ano que vem, vamos ter um bolo inteiro só para nós! — ele
prometeu. A música foi parando e o jovem ficou desanimado quando
terminou e teve que devolver Amelia para a família.
— Nós não queremos uma festa enorme no ano que vem — Amelia
os informou.
— Com certeza, não — Agnes disse e gemeu. — Deus, lá vem a
Muriel de novo.
— É Dean Martin? É o favorito de Jonathon! — Muriel insistiu
quando a banda tocou You're Nobody 'Til Somebody Loves You, mas
Jonathon deu de ombros.
— Eu prefiro Lana Del Rey e Kendrick Lamar. Sinceramente, não
tenho ideia de quem é este.
— Vocês sabem como as crianças são sarcásticas hoje em dia —
Muriel retrucou com um aceno de desdém.
— Não... eu acho que estou velho demais e meio por fora — Walker
pegou Amelia, e ela olhou para a mulher.
— É a minha vez — ela afirmou com uma inclinação esnobe do nariz.
A menina passou um braço em volta do pescoço do pai e apontou para os
outros casais dançando.
— Se vocês nos derem licença — ele falou e, em seguida, saiu
correndo com Amelia.
— Minha vez! — Os braços de Charlotte se agitaram enquanto ela
pulava na frente de Fin.
— Eu ficaria honrado, senhorita. — Ele se curvou em uma pose
dramática antes de pegá-la no colo. — Você está feliz com a sua festa? —
ele perguntou. Charlotte assentiu, distraída com os vestidos e as joias por
alguns momentos. Fin teve a sensação de que ela estava prestes a pular de
seu colo e ir em outra direção, então teve que se manter firme.
— Nós deveríamos fazer uma festa ainda maior quando você se casar
com o papai — ela declarou.
— Não! — Fin exclamou e ofereceu às pessoas ao redor um sorriso
fixo e enorme. — Desculpe. Isso foi uma loucura. Ela está brincando. —
Ele balançou a cabeça e os levou para mais perto da banda. A multidão era
menor ali e a música tornaria mais difícil que qualquer um ouvisse. — Eu
sei que parece legal que eu e seu pai nos casemos, mas isso pode ser muito
complicado. — O babá não queria dizer nada até que ele e Walker tivessem
a chance de conversar e tomar uma decisão juntos.
— Complicado é ruim?
— Nem sempre. Mas você não tem ideia de quanto caos estaríamos
causando. As pessoas vão querer saber tudo sobre nós e pode ter muita
gente tirando fotos suas — ele explicou, mas Charlotte se animou.
— O papai disse que eu amo caos e amo tirar fotos!
— Eu sei que você não se importaria com o caos... nem suas irmãs,
agora que penso nisso. Vocês gostam de nos ver sofrer. — Ele percebeu.
— Nós gostamos quando o papai está feliz. Ele era feliz o tempo
todo, mas nosso outro papai morreu e o papai ficou muito triste. Ele não
fazia barulho, mas chorava muito. Então ele parou de chorar, mas ficou
muito mal-humorado. Ele parou de ser bravo quando você veio cuidar de
nós. Ele está feliz de novo, e eu gosto do jeito que ele olha para você o
tempo todo — Charlotte refletiu. Fin a tranquilizou e beijou seu cabelo.
Então teve que colocá-la no chão, porque não se sentia estável.
— Ah, Charlotte... — O rapaz roçou o polegar na bochecha dela. —
Eu te amo muito, querida. Prometo que vamos resolver isso e seremos
felizes.
A música terminou e Charlotte decidiu que essa era sua deixa. Ela deu
um puxão forte na mão de Fin antes que ele fosse arrastado pela multidão.
— Estou vendo o papai e a Agnes! — ela disse.
— Devagar!
— É a sua vez de dançar com o papai! — ela anunciou. Fin balançou
a cabeça de um jeito frenético e implorou em silêncio a Walker para que ele
fizesse alguma coisa.
— Talvez seu pai pudesse convidar a Agnes para dançar — o babá
sugeriu. O outro homem sorriu como se fosse dizer algo provocador, mas
ficou irritado quando Muriel reapareceu.
— Você já teve sua vez com todas as meninas, Cameron. Seja um
bom anfitrião e dance com um de seus convidados. — Ela fez beicinho.
— A festa é nossa. Nós planejamos tudo — Amelia informou a ela e
desafiou o velho dragão a dizer o contrário. Muriel recuou por um
momento, e Fin esperou que ela tivesse coragem de contradizer Amelia
Grace Maxwell Cameron. Walker imobilizou a mulher com um olhar duro,
desafiando-a a incomodar sua menininha.
— Claro que sim! — Muriel disse com desdém enquanto se
recuperava. — Eu acabei de dizer a Jonathon que esta deve ser a festa do
ano. Não falei, Jonathon?
— Não sei. É boa, eu acho — Jonathon respondeu antes de lançar
para Fin um olhar apreciador e acenar. — E então?
— Não. — Fin balançou a cabeça e o encarou com desgosto. Muriel
bateu no sobrinho com sua bolsa de contas.
— Se você não convidar aquele homem para dançar, eu cancelo seus
cartões de crédito — ela o ameaçou. Jonathon gemeu e se curvou em uma
postura derrotada conforme se virava para Walker.
— Isso não será necessário — o homem mais velho respondeu,
tentando interrompê-lo.
— Eu insisto! — Muriel exclamou, empurrando Jonathon. Ele
esbarrou em Walker e arrumou o cabelo de forma dramática. O outro
grunhiu e estendeu a mão, claramente pronto para encerrar a discussão. Fin
lançou um olhar nervoso a Agnes, e ela estava roendo a unha do polegar
com o que ele imaginou ser uma mistura de medo e prazer.
— Eu prefiro que não — Walker resmungou.
— Ela não vai calar a boca se não dançarmos — Jonathon murmurou.
— Você deveria mesmo dançar com alguém — Muriel indicou.
Agnes e Fin notaram a contração do maxilar de Walker à medida em que
sua raiva fervia e os dois se prepararam.
— Pelo amor de... não! Eu não quero dançar com o Jonathon! — ele
gritou, fazendo tudo parar ao redor deles. — Só tem um homem com o qual
quero dançar e é o Fin — Walker falou e estendeu a mão para o jovem com
uma risada irônica. — É meu aniversário, mas não posso dançar com o
homem que eu amo porque ele é meu babá.
— Walker! — Fin ofegou e pulou quando Agnes o cutucou nas
costelas.
— Não o interrompa!
— Mas ele está falando de mim! — ele sussurrou de volta.
— Eu sabia! — Muriel anunciou e olhou em volta para se certificar
de que todos estavam olhando.
— Não posso evitar, Fin. — Walker ergueu as mãos e deu de ombros.
— É meu aniversário. Já dancei com as minhas filhas. Tudo o que quero
fazer agora é dançar com você.
— Tem certeza? — o babá perguntou baixinho. Ele estava com medo
de olhar ao redor e ver quantas pessoas ouviram e estavam encarando. O
chefe estendeu a mão e sorriu daquele jeito secreto, do jeito que sorria só
para Fin. Sua barriga revirou quando ele mordeu os lábios e lutou contra as
lágrimas.
— Não posso perder mais tempo me preocupando com o que as
pessoas pensam. Dance comigo, Fin. — Ele sorriu e o rapaz achou que seus
joelhos iam ceder. Havia tanto amor e calor nos olhos de Walker.
— Tudo bem — Fin murmurou e pegou a mão do outro homem. Ele
puxou Fin para seus braços e a festa desapareceu.
— Ano que vem, vou passar meu aniversário com você e minhas
meninas. Agnes, Amelia, Beatrice, Charlotte e você. É isso — Walker
afirmou, então bufou com sarcasmo. — E provavelmente Pierce —
acrescentou. Fin riu e estava com olhos cheios de lágrimas quando
concordou.
— Parece perfeito. — Ele deslizou um braço em volta do ombro do
outro homem e arriscou um rápido olhar ao redor deles. As meninas
pulavam e se abraçavam enquanto Agnes enxugava os olhos com um lenço.
Muriel estava fazendo beicinho e Jonathon não estava à vista. Fin notou
alguns olhares curiosos e alguns sorrisos de reconhecimento, mas percebeu
que não se importava com eles ao observar as trigêmeas. A alegria delas era
contagiante e o babá riu quando descansou a cabeça no peito de Walker. —
O que nós estamos fazendo? — ele olhou para o chefe, que deu de ombros.
— Eu não sei você, mas estou dançando com o homem que amo e
pensando em como vou passar o resto do meu aniversário quando a festa
acabar.
— Tenho algumas ideias — Fin respondeu, a voz trêmula de emoção.
Ele não sabia como seria o amanhã, quando todos soubessem que Walker
Cameron III estava namorando seu babá, mas estava muito orgulhoso de
seu homem. Ele escolheu a própria felicidade acima das expectativas da
sociedade e de Muriel. E Fin estava muito orgulhoso, porque Walker era
dele e todos sabiam disso. — Eu ainda estou muito preocupado, mas isso é
inacreditável. Não acredito que agora estamos dançando e... namorando!
— Só namorando? — ele perguntou, e Fin deu um tapa em seu braço
de brincadeira.
— Pare com isso! Eu não sei o que estamos fazendo, mas agora todo
mundo sabe. Ou vão saber até amanhã à tarde.
— Acho ótimo. Isso significa que podemos sair para jantar amanhã à
noite ou levar as meninas para um lanchinho no próximo fim de semana
sem nos preocuparmos com quem pode nos ver. De agora em diante, tudo
que me importa é você e as meninas. Nós moramos na maior cidade do
mundo, e eu quero viver nela com a minha família. Você é meu, é parte da
minha família e nós não vamos mais nos esconder na Casa Killian.
— Eu amo você e amo sua família maluca — Fin sentiu como se
estivesse sonhando quando apoiou o queixo no ombro de Walker. O homem
mais velho suspirou feliz quando sua mão se abriu nas costas do rapaz. Ele
estava segurando Fin tão perto, de forma tão possessiva e afetuosa, que não
haveria dúvidas sobre a natureza do relacionamento deles ou sobre os
sentimentos do aniversariante.
— Eu estou tão feliz, talvez você seja a única pessoa na cidade
disposta a nos aturar.
A música terminou, mas Walker se recusou a soltá-lo. Ele continuou
dançando por várias músicas e ignorou o resto dos convidados, até que
Agnes deu um tapinha em suas costas.
— Está ficando tarde. Vou ajudar a preparar as meninas para
dormirem, mas você deveria agradecer a seus convidados antes de eles irem
embora.
— Acho que sim — o irmão disse, suspirando. Ele levou a mão de
Fin aos lábios e a beijou.
— Walker! — o rapaz sussurrou. O outro homem apenas sorriu e
esfregou os lábios nos nós dos dedos dele.
— É meu aniversário. Tenho autorização. Você me espera lá em
cima? — ele perguntou, e Fin assentiu. — Ótimo. Eu ficaria muito feliz se
você estivesse nu, mas vou deixar você escolher — ele sussurrou e deu um
beijo na bochecha do jovem antes de deixá-lo.
— Ah, definitivamente vou estar nu. Você foi um garoto muito bom
esta noite — Fin disse com um aceno da cabeça firme, depois disparou no
meio da multidão para ajudar Agnes e dizer boa noite às meninas.
CAPÍTULO TRINTA E
NOVE
— ELAS REALMENTE SÃO especiais e não sei o que vou fazer
quando não quiserem mais passar os fins de semana comigo — Agnes
comentou enquanto passava o braço em volta de Walker e descansava a
cabeça em seu ombro. Ele cumpriu seu dever e agradeceu a todos os
convidados, mas mal podia esperar para dar um beijo de boa noite nas
meninas e colocá-las na cama. Elas estavam pegando no sono, e Walker se
sentiu muito abençoado e orgulhoso de sua pequena família. Era o melhor
presente que ele poderia ganhar depois de anos fazendo quase tudo errado.
— Do que você está falando? Elas sempre vão querer ficar com você.
— Não, não vão. Elas vão ter jogos nos fins de semana e vão querer
passar mais tempo com os amigos quando começarem a viver as próprias
vidas. E está tudo bem! — Agnes disse, mas fungou. Walker franziu a testa
para as belas adormecidas. Elas já tinham crescido tão rápido e quase o
deixado para trás. Ele finalmente estava recuperando o atraso e pegando o
jeito das coisas, mas sabia que elas continuariam crescendo e mudando.
— Não é mesmo justo, não é? Quando você pensa que tem tudo o que
quer, o tempo começa a tirar isso de você.
— Talvez eu tenha errado em não ter meus próprios filhos — Agnes
disse com a voz suave. O irmão ficou bastante atordoado, mas a
possibilidade aqueceu seu coração e ele sorriu, encantado com a ideia de ser
um tio carinhoso.
— Sabe, nunca é tarde para adotar. Sempre há uma criança à espera
de um lar e de alguém para amá-la — ele falou e beijou sua cabeça.
— Não me encoraje, Walker. Tenho quase cinquenta anos — ela
rebateu, mas ele já podia ouvir os neurônios trabalhando na cabeça da irmã.
O homem não tinha dúvida de que ela seria uma mãe maravilhosa. Ela era
uma tia fenomenal e dedicada às trigêmeas, apesar da natureza impetuosa e
rebelde delas. As meninas também foram boas para Agnes.
— Nós sempre vamos estar aqui e tenho certeza de que podemos
encontrar uma babá excelente para você, se estiver preocupada em como
vai se virar sozinha.
— Talvez... mas você já pegou o melhor babá da cidade.
— Sim, mas eu devo a Reid Marshall um pedido de desculpas e um
grande favor depois do dano que causei à sua agência esta noite.
— Não vai ser tão ruim. Esta noite foi incrivelmente romântica e não
vai demorar muito para que todos vejam como vocês são perfeitos juntos —
Agnes previu e fechou a porta do quarto, então colocou o braço ao redor de
Walker. Ela ia dormir em seu antigo quarto para poder levar as meninas à
casa de campo depois do café da manhã.
— Eu espero que você esteja certa. Mas ele vai ter que encontrar um
substituto para o Fin.
— Tenho a sensação de que ele não vai se importar. Na verdade,
suspeito que vai ficar muito feliz pelo irmão — ela agarrou o braço dele e
ficaram contentes em permanecer em frente à janela panorâmica na galeria.
Um dos funcionários da equipe de Pierce andava de um lado para o outro
no terraço, berrando ordens. Todos os vestígios da festa de aniversário de
Walker seriam limpos antes que os últimos convidados pegassem os casacos
e entrassem em seus carros. — Você vai pedir Fin em casamento?
Houve um imediato e retumbante sim.
— Eu tenho que me casar com ele — ele amava o rapaz e eles eram
uma família agora. O mundo saberia o que Fin significava para Walker e as
meninas. E o babá seria respeitado como marido de Walker e teria toda a
proteção que o status trazia. — Não sabia se algum dia estaria pronto, ou se
gostaria de estar de novo, mas posso fazer isso com Fin.
— Eu estou muito orgulhosa de você e sei que Connor também está.
— Acho que sim. Eu tive medo de esquecê-lo ou substituí-lo, mas
posso sentir que é o que ele quer para mim.
— Como se pudéssemos esquecê-lo. — Ela tentou ficar séria, mas
uma lágrima escorreu pelo canto do seu olho e rolou pela bochecha. —
Toda vez que Charlotte faz uma cena ou me faz rir, eu o vejo e sei que ele
está rindo conosco. E o jeito que o nariz de Amelia enruga quando está
sendo teimosa é totalmente Connor — Agnes comentou, fazendo o irmão
rir.
— Todo mundo acha que ela herdou o lado travesso de mim, mas ele
era mestre nisso. Você se lembra daquele ano em que quase nos matamos?
— Caramba, achei que as pegadinhas nunca iriam acabar e não sei
como alguém não foi parar na cadeia ou no hospital. Era como morar em
uma fraternidade — Agnes balançou a cabeça e riu. — Você se lembra de
quando estávamos no Vale de Isère, na França, e ele encheu seu capacete de
esqui com creme de barbear? — Ela cobriu a boca e Walker jogou a cabeça
para trás enquanto gargalhava. Agnes agarrou o rosto do irmão e fez o
possível para silenciá-lo. — Você vai acordar as meninas! — ela sussurrou
e riu baixinho. — A sua reação foi impagável.
— Passei o dia todo com o cabelo grudento e com cheiro de perfume
ruim — ele resmungou, mas não conseguiu manter uma expressão séria. Ele
deu um selinho na irmã e ambos suspiraram.
Walker deu um riso discreto.
— Beatrice tem a mente brilhante dele, e eu sempre vou culpá-lo
quando ela fizer perguntas que não sei responder.
— Eu estou tão feliz por você. Estava preocupada, mas você nunca se
dissesse que precisava de ajuda. Você nunca teria aceitado o auxílio de Fin
se não fosse pelas meninas.
— Você deve estar certa — Walker admitiu. — E você? Não pode
continuar tendo casos com seus treinadores e transando com esposas-troféu
solitárias.
— Acho que não te perguntei nada.
— Eu quero que você seja feliz, Agnes.
— Eu me apaixonei por um homem uma vez e foi o pior erro que já
cometi — ela respondeu e o irmão murmurou, pensativo.
— Então tente se apaixonar por uma mulher. Foi há muito tempo e
você é uma pessoa diferente agora.
— Eu sou, e posso dizer que as mulheres podem ser tão
inescrupulosas quanto os homens. Você me deserdaria se soubesse com
quantas esposas-troféu eu já transei. Elas são presas fáceis no country club,
porque já estão bêbadas e só querem um motivo para irritar os maridos.
— Sério, Agnes.
— Eu sei. Sou terrível, Walker. Às vezes, consigo pegar duas de uma
vez se forem melhores amigas e uma delas acabou de descobrir sobre uma
nova amante.
— Você está tentando estragar meu aniversário? — Walker
perguntou, e ela franziu os lábios reflexiva.
— Acho que não deveria contar a você sobre o que aconteceu na van
do bufê então...
— Esta é uma boa hora para dizer boa noite. — O homem deu um
beijo em sua testa. Ela mostrou a língua antes de beijá-lo de novo. — Boa
noite, pirralha — ele disse e a virou para que pudesse subir as escadas.
— Boa noite. Eu estou muito orgulhosa de você.
Ele esperou até que ela saísse e voltou para a janela. Walker
relembrou sua declaração na festa e tudo o que havia acontecido desde que
Fin chegou, e também estava orgulhoso de si mesmo. Nada disso teria
acontecido sem o babá, mas ele assumiu o risco e colocou a si mesmo e sua
família em primeiro lugar. Tudo em uma só noite. E agora, o rapaz o
esperava em sua suíte. Na suíte deles.
— Em breve — Walker prometeu a si mesmo e foi dar boa noite a
Fin.
CAPÍTULO QUARENTA
— TOMEI A LIBERDADE de enviar seu smoking para a lavanderia
e as... outras roupas estão na escrivaninha no closet — Pierce informou Fin
em um tom baixo e seco. O jovem o encontrou esperando na suíte de
Walker com um roupão na mão, e instruções para “cuidar de todo o seu
conforto”.
— Obrigado... — Fin disse hesitante, então jogou as mãos para cima.
— Nós temos que fazer isso? É estranho e não gosto. Você ainda é meu
superior e não quero que faça coisas para mim.
— Sinto muito, senhor, mas receio que isso me deixaria muito
desconfortável e tornaria meu trabalho desnecessariamente complicado. Eu
também gosto dos limites tradicionais e previsíveis — Pierce explicou,
depois pigarreou. — Não que eu não tenha visto a sabedoria em seus
métodos. Sou grato por tudo que fez pelo sr. Cameron e pelas meninas. Na
verdade, estou bastante satisfeito com a forma como as coisas aconteceram.
E estou muito feliz por você... Fin.
— Obrigado, Pierce. Isso significa muito. Sei o quanto você se
importa com esta família — Fin respondeu. Ele sorriu para o mordomo, que
mal piscou de volta para ele. O jovem presumiu que isso era o mais
próximo de um sorriso que ele era capaz de dar. — Acho que vou só esperar
aqui — Fin abaixou a cabeça, liberando Pierce para que ele pudesse sair
correndo da sala.
O rapaz riu com leveza, mas o sorriso sumiu quando analisou o
ambiente. Ele espiou da sala de estar algumas vezes, mas nunca tinha
passado da porta do quarto de Walker. Assim como o resto da suíte, a
enorme e antiga cama de dossel de mogno e todo o estofamento eram
envoltos em veludo cinza. Grandes poltronas de couro estavam ao lado da
lareira, onde o fogo crepitava e estalava de forma convidativa. Havia pisos
e balcões de mármore combinando com o estofamento no banheiro, que
parecia um refúgio. A decoração lembrava Fin dos ternos de Walker.
— Podemos redecorar, se for muito escuro para você — Walker falou,
se aproximando em silêncio enquanto ele admirava uma obra preta e branca
de Jackson Pollack sobre a cama.
— Eu adoro — o babá se virou nos braços do chefe. — Como você
está?
— Estou mais feliz do que pensei ser possível. E você? — ele
perguntou, inclinando a cabeça quando devolveu a pergunta e examinou o
rosto de Fin.
— Estou um pouco anestesiado, mas de um jeito bom. Preocupado
com você. Muita coisa aconteceu esta noite — o jovem relatou. Walker
assentiu lentamente, concordando.
— Verdade... mas me sinto muito melhor agora que não somos mais
um segredo. Posso seguir minha vida e me concentrar nas coisas que
realmente importam sem me preocupar com o que o mundo vai pensar.
— Isso é realmente incrível — Fin concordou com um sorriso
malicioso. — Mal posso esperar para contar aos meus pais e meus amigos.
Eu tenho um namorado insanamente gostoso agora.
— Você acha que eles vão aprovar? — o outro homem perguntou. Fin
apertou os lábios, analisando.
— Meus amigos vão achar ótimo, porque você é você. Tenho a
sensação de que meus pais não vão ficar muito animados, mas vão ficar
bem quando te conhecerem. eles vão amar as meninas e podem ficar muito
empolgados para passarem um tempo com elas. Os dois ficam atrás de mim
e do Reid, insistindo para termos filhos logo, porque “eles não estão ficando
mais jovens”. Mas os horários deles são ridículos, então Reid e eu
geralmente vamos juntos ao Park Slope e fazemos um lanche com os dois
no primeiro domingo de cada mês.
— Ah. — Walker fez uma careta ao calcular e perceber que Fin
perdeu os últimos dois domingos porque as meninas não estavam com
Agnes. — Por que você não me contou?
— Eu planejava contar assim que as coisas estivessem calmas o
suficiente por aqui, então não seria grande coisa. Meus pais entendem que
crianças precisam de mais tempo e atenção durante mudanças importantes.
— Acho que podemos dispensar você por algumas horas no domingo,
mas eu gostaria de conhecer seus pais e de conversar com seu irmão —
Walker anunciou. Fin deu de ombros e concordou.
— Eu tenho que apresentá-lo a Reid em breve, e sei que meus pais
vão querer te conhecer assim que ficarem sabendo sobre a noite de hoje.
Geralmente, vou à casa do Reid nas minhas manhãs de folga. Quer ir
comigo amanhã? Quero ver o quanto ele acha que isso vai ser ruim e me
desculpar.
— Com certeza eu deveria ir com você, visto que fui eu quem contou
a todo mundo. Pensei em algumas maneiras de ajudar e consegui bons
contatos para ele — Walker disse, surpreendendo o jovem.
— Isso é ótimo. Talvez ele possa mudar a percepção das coisas se as
pessoas pensarem que vocês dois também são amigos...
— Seremos depois de amanhã, e vou consertar as coisas — o outro
homem prometeu, mas Fin lançou um olhar impaciente.
— Consertar? Você fala como se não tivesse feito a coisa mais
incrível do mundo hoje. O Reid vai ficar irritado comigo por dormir com o
cliente, mas ele adora arrumar a bagunça. Nada o faz mais feliz do que
resolver problemas. É por isso que esta agência é perfeita: ele ajuda
famílias, juntando-as com o babá perfeito para suas necessidades, e ajuda
babás queer a encontrarem casas onde de fato se encaixem.
— Parece um empreendimento digno, e estou feliz em dar meu apoio.
E você? O que quer fazer? — Walker perguntou, e Fin franziu a testa,
confuso.
— O que você quer dizer? Tudo está perfeito aqui. Não quero mudar
nada.
— Eu esperava que muita coisa mudasse — o homem mais velho
disse com cautela enquanto afrouxava a gravata e ia para o closet. O jovem
balançou a cabeça e foi atrás dele.
— Por quê? Agora todo mundo sabe e as coisas vão se ajeitar.
— Vão, mas você não pode mais trabalhar para mim, Fin.
— Não! Este é o melhor emprego que eu já tive e ninguém mais vai
me contratar quando descobrirem que estou namorando meu último chefe.
— Eu estava esperando que você permanecesse... em uma função não
oficial.
— O quê? — Fin ergueu a mão. — Isso não está indo na direção que
eu esperava e estou começando a sentir dor de cabeça.
— Você realmente achou que ainda seria babá das meninas na
segunda-feira e apenas as levaria para a biblioteca, como sempre? —
Walker perguntou de forma delicada. Este de fato foi o pensamento do
rapaz e ele e assentiu.
— Sim! Eu achei que faríamos exatamente isso e então as pessoas
veriam que nem é tão estranho assim e logo perderiam o interesse — ele
explicou, arregalando os olhos para Walker com esperança. — Eu poderia
reorganizar um pouco a nossa rotina e as meninas nem iriam notar que
seríamos discretos por algumas semanas.
— Eu gostaria que você morasse conosco de agora em diante. — O
outro homem tirou o casaco e o deixou na escrivaninha para Pierce. — Isso
vai exigir muito mais do que reorganizar nossa rotina. Quero que você seja
parte da nossa família, não um funcionário.
— Ah... — O jovem cambaleou. — Você quer mesmo oficializar as
coisas — ele murmurou, e Walker riu.
— Fin! Eu acabei de assumir para todo mundo que estou apaixonado
por você e que você é o único homem com quem eu quero dançar.
— Acho que seria estranho se eu não me mudasse... Não é como se
você e as meninas pudessem morar comigo e o Riley — o babá refletiu.
— Não. Mas ainda precisaríamos que você cuidasse de nós — Walker
o lembrou, fazendo-o se sentir muito melhor. Em vez de ser contratado pelo
homem mais velho para cuidar das trigêmeas, elas também seriam de Fin.
— Há algo mais que você gostaria de fazer? Talvez uma função como a do
Reid e trabalhar em casa — Walker sugeriu. A cabeça do rapaz se inclinou
e ele murmurou pensando na situação.
— Eu sempre me perguntei quanto tempo levaria para arrecadar
roupas que seriam descartadas por outras pessoas... Talvez pudesse
transformar isso em algo concreto. — Ainda que Fin nunca tivesse pensado
no que faria quando tivesse sua própria família, ele estava profundamente
preocupado com o quanto a fast fashion contribuía para a poluição e a
lotação de aterros sanitários. E ele era apaixonado por reaproveitar roupas
descartadas, produzindo peças quentes para aqueles que precisavam.
— Acho que é uma ideia maravilhosa, e eu ficaria feliz em investir
nisso, assim você poderá contratar mais pessoas para ajudá-lo — Walker
ofereceu. Fin comemorou e agarrou seus ombros.
— Um dos abrigos para os quais eu envio peças ajuda mulheres a
aprenderem a ler, conseguirem diplomas escolares, entrarem em programas
de treinamento profissional, se candidatarem a faculdades... Tudo o que
precisam para uma segunda chance. Eu poderia começar assim!
— Sonhe alto e contrate quantas pessoas você quiser. Fico feliz em
investir — Walker disse. Ele se inclinou para tirar os sapatos e as meias, e o
rapaz estremeceu quando o outro homem se levantou e andou até ele. —
Você trouxe de volta minha vida. É a minha vez de realizar alguns dos seus
sonhos.
— Eu só fiz o meu trabalho — ele rebateu, mas se inclinou para
Walker quando ele o puxou para perto.
— Nós tivemos doze babás em três anos, Fin. Eu sabia que você era
diferente no momento em que entrou nesta casa.
— Eu fiquei tão irritado com o quanto você era gostoso, porque tinha
certeza de que ia odiá-lo — o babá admitiu. Ele mordeu os lábios quando
desabotoou a camisa do agora ex-patrão. — Você foi um bom garoto esta
noite.
— Fui? — Walker perguntou e, desta vez, a voz dele vacilou e se
desfez. Fin assentiu e começou a tirar as calças dele.
— Muito bom. — Ele abriu o zíper e gemeu quando colocou a mão
dentro da calça encontrou o pau de Walker. — Você merece realizar um
desejo de aniversário muito especial.
— É? — o outro ronronou.
— Hum... — Fin chupou o queixo dele enquanto o masturbava. —
Tudo que você quiser, Walker. Tudo. — Ele sentiu o membro do homem
pulsar contra sua mão. — O que quer que seja! Me conte! — Fin implorou.
Walker assentiu, os olhos pesados, então abaixou a cabeça e roçou os lábios
nos do jovem.
— Eu planejei perguntar... — Ele umedeceu os lábios, nervoso, e Fin
gostou do jeito que a língua tocou a dele. Walker estava ficando mais
quente e tremia ao beijar o rapaz. Ele podia sentir o homem mais velho
reunindo coragem e isso o deixou ansioso e faminto.
— Por favor, pergunte.
— Eu estava pensando se você poderia... se talvez a gente pudesse...
— Walker fechou os olhos com força e xingou. — Você bebeu muito esta
noite? — ele deixou escapar e Fin franziu a testa em confusão.
— Na festa, não, mas bebi um pouco do seu uísque enquanto estava
esperando. Eu realmente queria ficar nu, mas Pierce estava por perto. Por
quê?
— Você diria que já bebeu o suficiente para ficar mais selvagem? —
o outro homem perguntou. Havia uma histeria em sua voz que deixou Fin
sem saber o que fazer.
— É possível... Por quê? — ele perguntou, cauteloso. Não queria
dizer nada que pudesse desencorajá-lo. Walker respirou fundo.
— Porque, se você estivesse vontade de... me dominar, eu não me
importaria — ele disse rápido.
— Dominar você? — Fin repetiu e então entendeu. — Ah! Você quer
que eu... — ele falou, e Walker fechou os olhos e assentiu.
— Se você acha que teria interesse em fazer isso — ele completou
com os dentes cerrados.
— Interesse? — O jovem riu e tocou o rosto de Walker. — Eu não
tinha ideia de que você queria isso, mas tenho muito interesse. — Ele estava
duro conforme guiava a mão de Walker para sua calça. Fin o ajudou a
afrouxar o cinto e então abriu o roupão para que o outro homem pudesse
ver o quanto ele estava interessado. — Por que não me disse nada?
— Porque esse sou eu. Eu nunca... porque estava muito assustado
para pedir.
— Uau. Você realmente está se superando esta noite — o rapaz
comentou. Ele saiu do closet, levando Walker junto. — Eu estou muito
orgulhoso. Você foi um garoto muito bom esta noite. — Ele deslizou o
roupão pelo corpo e o deixou cair no chão enquanto iam para a cama. Os
olhos de Walker desceram para a cueca com tiras de Fin e gemeu em
apreciação.
— Muito bom, mas são bem discretos para você — ele brincou.
— Pierce contratou um alfaiate italiano arrogante para fazer meu
smoking, e ele disse que me mataria se eu usasse a roupa íntima errada. Ele
foi firme para que eu tivesse atenção e a calcinha não marcasse — Fin
explicou e ganhou uma bufada pensativa de Walker.
— Pelo jeito, foi o Vincenzo.
— Você o conhece?
— Sim. É o meu alfaiate. Provavelmente vou receber a conta desse
smoking na semana que vem.
— Feliz aniversário! — Fin comemorou, se desculpando.
— Foi um aniversário feliz, e a melhor parte foi ver você naquele
smoking.
— Sério? Talvez eu precise usar mais alguns... quanto uma coisa
dessas custa? — o jovem perguntou.
— Cerca de doze mil dólares — Walker arriscou, fazendo o queixo de
Fin cair.
— O quê?! — Ele balançou a cabeça. — Eu deveria ter pedido a ele
para colocar um elástico na cintura e acrescentar mais bolsos para guardar
comida, porque vou ter que ficar com esse smoking até os noventa anos
para fazer seu dinheiro valer.
— Não se preocupe com isso. Vamos fazer mais alguns smokings e
ternos sob medida. Você não pode usar um smoking como aquele em todos
os eventos. Vai precisar de algo mais conservador para eventos relacionados
a negócios e à política. Possivelmente algo mais informal para festas de
entretenimento...
— Do que você está falando? Não preciso ir a todos esses eventos e
não preciso de mais smokings — Fin disse, esperando encerrar o assunto,
mas Walker assentiu.
— Senti muita falta de ter alguém para me fazer companhia e
reclamar comigo quando tenho que ir a esses eventos. E pretendo te exibir,
agora que contei ao mundo todo sobre você — ele alertou enquanto tirava a
camisa. As orelhas de Fin ficaram vermelhas e ele sentiu um pouco de
náusea ao pensar em mais smokings e ternos.
— Há muitos botões... são tão apertados e coçam — ele sussurrou
segurando os ombros de Walker, que gemeu solidário e parou para que Fin
pudesse tirar a calça e a cueca.
— Você estava incrivelmente sexy, se isso ajuda.
— Um pouco — Fin admitiu. Pelo menos, ele não parecia um
instrumento miserável, apenas se sentia como um. — Eu deveria ter sido
mais legal com o Vincenzo.
— Por quê? Ele não é pago com gentileza. Eu também não o acho
agradável, mas ele faz ternos perfeitos, como você comprovou esta noite.
— Você não precisa ficar me elogiando, vou para casa com você esta
noite — Fin respondeu. Ele os girou e colocou Walker na cama. O jovem
sentiu como se fosse seu aniversário quando tirou a cueca e rastejou por
cima do outro homem.
— Esta também é a sua casa agora. — Ele capturou os lábios do rapaz
para um beijo profundo e demorado. Fin murmurou e descansou a testa na
de Walker.
— Eu estou tão animado para morar com você e as meninas, mas o
resto me assusta e me dá vontade de fazer xixi nas calças.
— Podemos pedir a Vincenzo para fazer uma fralda para você — o
outro ofereceu.
— Certo, se é disso que você gosta — o babá rebateu, fazendo Walker
gargalhar. Ele se agarrou a Fin e foi excitante de um jeito novo. Ver a
alegria do homem mais velho enquanto ele enxugava os olhos e recuperava
o fôlego era melhor que sexo. Era um tipo totalmente diferente de
intimidade ficar com alguém assim, rindo enquanto estavam nus. Sentia o
corpo de Walker vibrar contra o dele e a maneira que os pelos de seu peito
roçavam a pele e os mamilos de Fin era deliciosa. Walker acariciou as
costas do rapaz, e o puxou para mais perto.
— Até onde sei, não, mas tento qualquer coisa com você — ele disse.
O jovem deu uma risada baixa que se transformou em um ronronar.
— Isso é tão sexy. — Ele inclinou a cabeça para chupar o lóbulo da
orelha de Walker e deu uma mordida. — É muito sexy quando você me diz
do que gosta e sobre o que está curioso.
— Tudo, Fin — ele murmurou. Walker estendeu a mão e tateou a
mesa de cabeceira até encontrar a gaveta. Fin rosnou de forma encorajadora
enquanto lambia e mordia o pescoço e o ombro do outro homem.
— Brinquedinhos? — Fin sussurrou, pairando sobre o mamilo de
Walker.
— Sim — ele murmurou de volta. Um tubo de lubrificante caiu no
colchão e Walker acariciou o cabelo de Fin. Ele resmungou em aprovação
enquanto sua língua girava, fazendo o homem mais velho ofegar e se
contorcer debaixo dele.
— Eu tenho braçadeiras na minha casa. — Fin foi recompensado com
um gemido de dor quando mordiscou seu mamilo.
— Isso!
— Um garoto tão bom — o jovem murmurou e deslizou para o outro
peitoral, então lambeu.
— Fin! — o pau de Walker vibrou entre eles e o homem se contorceu
embaixo do rapaz.
— Shhhh! — Fin foi descendo, acariciando, chupando e lambendo.
Walker xingou, gemeu e se contorceu, repetindo seu nome. Era todo o
poder de que Fin precisava. Não havia nada mais excitante do que ser o
homem que fazia Walker Cameron estremecer de prazer e implorar. Ele
apreciava a vulnerabilidade do homem mais velho e sua confiança. — Você
é tão bom, Walker. — Ele lambeu a cabeça do pau do outro, feliz por ele ter
compartilhado as coisas que o assustaram no passado. Ele não o estava
recompensando por ser um dos homens mais poderosos de Manhattan ou
por sua riqueza. Todo mundo fazia isso. Fin encorajava e elogiava Walker
pelas coisas sobre as quais era mais inseguro e que mais importavam para
ele.
— Obrigado! — Walker ofegou e se contorceu na cama enquanto Fin
o levava mais fundo na garganta. Ele o tocou em seu íntimo e depois o
acalmou. O rapaz usou palavras, os lábios, a língua e os dedos para
provocar a confiança e a luxúria do outro. Adorou as bolas de Walker e
chupou e lambeu avidamente sua entrada até ele estar rouco e tremendo.
Então, perguntou se ele gostaria de experimentar balanços, plugues, gaiolas
e restrições... e Fin recompensou Walker por cada admissão ofegante.
— E você gosta que eu brinque com os dedos? — Fin perguntou
devagar e deslizou com gentileza dois dedos pela entrada apertada da bunda
de Walker. Ele assentiu em um frenesi e sua cabeça foi de um lado para o
outro no travesseiro enquanto Fin entrava mais fundo e girava. — Ah, você
é tão bom, e tão, tão apertado. — A voz do babá era rouca e fraca. Seu pau
doía, e ele temeu não poder durar muito quando Walker começou a cavalgar
seus dedos.
— Por favor! Fin! — ele choramingou e estendeu a mão. Isso não
ajuda! Fin agarrou a base do próprio pau e respirou através de uma onda de
pressão. Seus nervos tremeram e ele já estava muito perto.
— Só um momento — ele disse de forma tranquila, apesar de seu
coração estar batendo forte. Cobriu cuidadosamente seu pau com
lubrificante e avançou, de joelhos, alinhando a cabeça na entrada de Walker.
Ele foi para frente e ambos gemeram quando Fin deslizou com lentidão
para dentro. — Puta merda, é apertado — o rapaz falou, sufocado. O outro
homem assentiu e os dedos dos pés se curvaram quando Fin flexionou os
quadris.
— Mas é muito bom! — ele disse, trêmulo. Walker soltou palavrões e
agarrou o edredom de veludo.
— Muito bom! — Fin concordou. Suas mãos se espalharam pelas
coxas do homem mais velho enquanto empurrava os quadris, estabelecendo
um ritmo estável. Ele manteve as estocadas superficiais, porque só
conseguia aguentar pouco atrito. O jovem estava por um fio, então
massageou as bolas de Walker e o masturbou com mãos trêmulas e
escorregadias.
— Caramba, Fin... eu não aguento! — Walker balançou a cabeça e a
bateu contra o travesseiro. Fin agradeceu em silêncio aos deuses do sexo e
investiu mais rápido. Ele apertou o pau de Walker quando eles gritaram e
gemeram o nome um do outro. — Fin! — Walker exclamou à medida em
que suas costas se erguiam da cama e o sêmen saía de seu pau e se
derramava sobre o punho do rapaz.
— Isso! — Finalmente, ele o fez gritar. Fin se soltou e se estilhaçou.
Ele gozou, inundando a passagem de Walker. Fin estremeceu e engoliu uma
série de palavrões, depois riu ao cair para a frente. O homem mais velho o
pegou e ajeitou em seus braços enquanto os rolava na cama.
— Você sempre sabe. — Ele beijou Fin e havia muita gratidão e
satisfação nos lábios e no toque de Walker.
— Porque você confia em mim o bastante para me mostrar e me
dizer. Você não tem ideia do quanto eu amo isso e o quanto você me excita.
— Só com você, Fin. Você torna tudo fácil e faz com que me sinta
seguro.
— É meu trabalho agora — ele respondeu com um bocejo. — Eu te
amo, e tudo o que quero é fazer você feliz.
— Eu também te amo, Fin. Você me faz mais feliz do que eu achava
ser possível. — Walker passou os braços em volta dele e os dois
sussurraram planos e se beijaram até caírem no sono.
CAPÍTULO QUARENTA E
UM
— POR QUE VOCÊ está aqui tão cedo? Achei que dormiria até tarde
depois da noite de ontem — Reid Marshall perguntou pelo interfone.
Fin piscou para Walker e deu um leve aperto em sua mão, aliviando
um pouco a ansiedade. Ele estava determinado a causar uma boa impressão,
porque o outro homem sabia o quanto ele amava e admirava o irmão mais
velho. Mas tinha medo de que eles não tivessem começado bem com a
revelação na festa. Fin disse que ia esperar até falar com Reid para decidir
se aquilo era um escândalo. Ele parecia surpreendentemente relaxado,
sorrindo para Walker enquanto esperavam na varanda. Fin suspirou para ele
com um ar sonhador conforme se inclinava para o interfone.
— Não consegui contar tudo, e Walker está comigo. Achamos que era
hora de vocês dois se conhecerem — ele explicou e a fechadura abriu meio
segundo depois. Fin abriu a porta para ele e acenou para que entrasse. —
Bom dia, Norman! — o rapaz disse ao homem idoso atrás da mesa. Ele
acenou com a cabeça, mas seu queixo caiu sobre o peito e um ronco alto
ecoou pelo saguão.
Walker ficou encantado com os azulejos preto e branco de mármore e
o corrimão de ferro forjado ornamentado. Ele observou o enorme lustre de
cristal, mas seguiu Fin quando ele deu um puxão em sua mão. Eles
contornaram o lado esquerdo da escada e viraram no longo corredor. Walker
estava apreciando a vista do jardim quando avistou uma versão mais velha e
mais contida de Fin esperando por eles. Ele estava encostado na porta com
os braços cruzados enquanto estudava o homem mais velho com uma
curiosidade perspicaz e penetrante. As mangas de sua camisa estavam
erguidas, ele usava gravata e o cabelo estava cuidadosamente aparado, mas
ele era sem dúvidas o irmão mais velho de Fin.
— Você tem lugar na mesa para mais um, certo? — Fin segurou o
ombro do irmão. — Reid, este é o Walker. Walker, este é o Reid. Preciso de
mais café — ele afirmou ao passar por eles. Reid lançou para o outro
homem um olhar de sofrimento.
— É bom te conhecer — Walker disse e estendeu a mão.
— Eu gostaria de dizer que ele me falou muito sobre você, mas não é
o caso — Reid respondeu, cansado. — Entre. Há muito espaço e muita
comida, desde que Riley não apareça. Ele come o suficiente para três
pessoas. — Reid sorriu e acenou para ele entrar, mas Walker podia sentir
seu olhar fixo nele. É por isso que você está aqui, lembrou a si mesmo. Ele
admirou o conforto peculiar da sala de jantar reformada e do jardim de
inverno ao passar por um sofá e poltronas de couro desgastado e entrar na
cozinha. Trepadeiras e orquídeas os cercavam e uma luz suave entrava pelas
janelas do jardim de inverno. Um clarinete tocava em algum lugar do
apartamento, impressionando Walker, e Fin estava comendo uma framboesa
que pegou em uma tigela no balcão.
— Fin me disse que sua festa foi um sucesso — Reid comentou,
irônico. Ambos perceberam as bochechas do caçula corarem quando serviu
o café.
— Estava indo maravilhosamente bem e exatamente como eu
planejei, até Walker resolver ser romântico. — Ele fez beicinho de
brincadeira, então passou a Walker uma caneca de café preto e deu a ele um
sorriso conspiratório. Ele estava se divertindo, mas o homem mais velho
estava ficando mais ansioso a cada momento.
— Eu soube — Reid respondeu com um gesto impaciente. — É por
isso que não pensei que você apareceria neste fim de semana. Por que você
está aqui mesmo? — Ele pegou o açucareiro na prateleira ao lado da
geladeira e olhou para Fin com expectativa, passando o utensílio para ele.
Fin procurou uma colher em uma gaveta e franziu o nariz.
— Nós decidimos que não há motivo para eu aceitar aquele trabalho
como professor, já que não preciso mais de um disfarce, mas também não
vou mais ser babá das meninas.
— Então... você não vai mais trabalhar? — Reid perguntou, incapaz
de esconder sua preocupação. Fin lhe deu um olhar duro e balançou a
cabeça.
— Eu estaria subindo pelas paredes até o final do dia. Vou cuidar das
trigêmeas e trabalhar na Casa Killian. Walker vai me ajudar a criar o
negócio de reciclagem de peças de inverno, então vou poder vender roupas
reformadas com doações agregadas. Você sabe, uma daquelas empresas que
compram algo e doam algo. Assim, posso conseguir maiores quantidades de
roupas usadas e fornecer ainda mais peças de inverno e cobertores gratuitos
para abrigos e casas de repouso — ele explicou.
— Isso é ótimo! — Reid disse e olhou para eles. — Por que você
precisou vir de Manhattan para me dizer isso? Não que eu não esteja feliz
por vocês — ele acrescentou. Fin apontou para Walker enquanto mexia seu
café.
— Walker sentiu que devíamos desculpas a você e queria ser
apresentado oficialmente. Desculpe por estragar meu primeiro e único
trabalho na agência. Espero não ter prejudicado a reputação da sua nova
empresa — ele respondeu com uma careta de dor. Reid se encostou no
balcão e cruzou os braços. Ele piscou para Fin, sentindo sua exasperação, e
Walker soube tudo o que precisava sobre Reid: ele amava Fin com todo seu
coração, mas o caçula o levava ao limite. O homem mais velho nunca
compreendeu tanto outro ser humano quanto o fez enquanto eles trocavam
olhares perplexos. Ele mal podia esperar para apresentar Reid a Agnes,
apenas para que eles pudessem se lamentar juntos.
— A agência vai ficar bem. Tudo o que me importa é que você esteja
feliz e fazendo o que é certo para você.
— Eu concordo — Walker interrompeu. — Fin só estava
considerando aquele trabalho de professor por minha causa, então pedi a ele
que encontrasse algo pelo qual fosse apaixonado e que lhe desse satisfação.
— Você começou bem, Cameron — Reid murmurou e balançou a
cabeça indo em direção a uma das cadeiras em volta da mesinha no canto.
— Já tenho o trabalho de longo prazo perfeito para o Riley. Temos Penn e
Penny a bordo. E também tenho dois novos caras com currículos excelentes
vindo para entrevistas mais tarde, então não estou preocupado. Parece que
há muitos babás queers na cidade.
— É uma notícia excelente, mas eu gostaria de ajudar o máximo que
puder, já que sou parcialmente responsável — Walker ofereceu e o outro
homem pareceu surpreso.
— Eu agradeço, mas não acho que o relacionamento de vocês vai ser
tão ruim para a agência quanto você espera. No mínimo, pode ser algo bom
estar conectado a Walker e Agnes Cameron. Vocês são muito influentes —
ele observou. Walker assentiu e colocou a mão dentro do casaco para retirar
dois cartões de visita.
— Também acho que sim. Se estiver tudo bem, contratei uma
empresa de publicidade e uma equipe para cuidar das relações públicas para
você. Também encontrei dois clientes em potencial e você deve ter notícias
deles em breve.
— Uau — Reid deixou escapar.
— Uau — Fin concordou e então deu a volta na ilha de aço
inoxidável para dar uma olhada nos cartões. — Você disse que tinha
contatos, mas quando fez tudo isso? — ele perguntou ao se sentar ao lado
de Reid. Walker deu de ombros com desdém e se virou para Fin.
— Fiz um pouco de controle de danos ontem à noite enquanto
estavam todos na festa e querendo puxar meu saco.
— Isso é... — Reid suspirou alto e esfregou a nuca. — Enorme. Acho
que está mesmo acontecendo. Eu tenho minha própria agência — ele disse,
incrédulo. Fin sorriu para Walker e esfregou as costas do irmão. Havia tanta
gratidão naquele sorriso, mas também havia uma boa dose de promessa.
Você foi um garoto muito bom.
— Isso é exatamente o que você precisa e você vai ajudar muitas
pessoas — Fin disse a Reid.
— Eu não sei por que não pensei em ter minha própria agência antes,
mas parece certo e as coisas continuam se encaixando. — O irmão parecia
um pouco emocionado, mas Cameron esperava que isso trabalhasse a seu
favor.
— Eu também estava esperando que você me desse sua bênção —
Walker falou devagar e se inclinou para pegar a mão de Fin. — Não posso
propor a ele oficialmente até que as meninas me ajudem a escolher um anel,
mas gostaria da sua permissão primeiro.
— O quê? — Fin gritou. Seu lábio tremeu, e ele fungou alto.
— Puta merda, vou me casar com você — Reid disse, então arfou
quando o caçula lhe deu uma cotovelada.
— Você fez isso ser ainda mais romântico — Fin repreendeu, mas
seus olhos brilharam e ele fungou de novo enquanto piscava para Walker.
— Me desculpe. Isso é um sim? — o outro homem perguntou e
depois abaixou a cabeça com esperança e Fin assentiu.
— Claro que eu vou me casar com você.
— Acho que perdi algo. — Um jovem alto e vestido de maneira
conservadora entrou na cozinha com um jornal debaixo do braço. Ele era
lindo, com cabelos escuros e olhos azuis brilhantes por trás das lentes
redondas de um óculos com armação de metal.
— Este é meu colega de quarto e parceiro de negócios, Gavin Selby.
Gavin, este é Walker Cameron — Reid anunciou.
Walker se levantou para apertar a mão do homem mais jovem e
semicerrou os olhos para ele.
— Selby? Você parece familiar. Seu pai é...? — ele parou quando Fin
e Reid tossiram e balançaram a cabeça de forma negativa, encerrando a
conversa, mas despertando o interesse de Walker por um momento. Os
Selbys de Scarsdale também eram bastante influentes. Ele se lembrava de
algo sobre um neto que havia deixado a família por uma briga com o
patriarca, Randolph Selby Sr.
A expressão de Gavin permaneceu distante, e ele parecia
desinteressado ao preparar seu café s se sentando ao lado do homem mais
velho.
— Eu estou afastado da minha família e não tenho contato com eles
há anos. Que história é essa de Fin se casar?
— Cameron me pediu a bênção — Reid contou.
— Uma decisão questionável da parte de Cameron, mas presumo que
ele saiba onde que está se metendo — Gavin falou enquanto examinava o
jornal.
— Shhh! — Fin levou um dedo aos lábios. — Ele também fez
algumas coisas muito generosas para ajudar a agência — acrescentou, e isso
provocou uma reação em Gavin. Ele soltou o jornal e olhou para Reid.
— Generoso quanto? Preciso fazer contratos? Como vai ser para os
nossos impostos? — ele perguntou.
— Vou garantir que todos os contratos necessários cheguem até você
ao fim do dia — Walker o tranquilizou. Reid acenou com desdém conforme
se levantava.
— Vamos comemorar antes que ele se dê conta. Fin encontrou
alguém que está disposto a ignorar os inúmeros defeitos dele e nós temos
tudo o que precisamos para fazer esta agência decolar. Parece que somos
oficialmente homens de negócios. — Ele voltou com uma garrafa de
Prosecco e taças de champanhe para acompanhar a jarra de suco na mesa. A
campainha tocou no apartamento e Reid inflou as bochechas ao olhar para a
geladeira. — Deve ser o Riley. Talvez tenhamos comida suficiente se eu
fizer omeletes... — Ele saiu correndo da cozinha, deixando Fin encarregado
de servir o Prosecco.
— Você sabe que as meninas não vão conseguir guardar segredo
sobre o assunto, elas vão contar para todo mundo em Manhattan — Fin
avisou, mas Walker não se importava mais.
— Que bom. Isso vai me poupar o trabalho de colocar um anúncio no
jornal. Eu quero que celebremos como uma família, sem nos preocupar com
o que os outros pensam. — Ele não sentia um pingo de preocupação e era
libertador viver apenas para fazer sua família, Fin e ele mesmo felizes.
— Você vai se casar? — Riley gritou enquanto corria para a cozinha.
Fin largou a garrafa e girou para poder pegar o amigo quando se jogou nele.
— Eu ainda não consigo acreditar! — Fin estava rindo, e eles
começaram a chorar e pular. Houve uma risada suave quando um homem
grande com uma barba cheia se juntou a eles. O longo cabelo loiro
ondulado estava preso em um coque e ele usava um macacão e uma
camiseta desbotada do Led Zeppelin, além de chinelos de couro, e Fin
comemorou ao correr para ele. — Eu vou me casar, Penn!
— Parabéns! Eu soube. — o outro homem disse, bagunçando o
cabelo de Fin com afeto. Ele pegou a mão de Walker e deu um sorriso
receptivo e abertamente curioso. — Então você acha que é bom o bastante
para o nosso Fin? — ele perguntou com uma risada fácil. O mais velho
negou com a cabeça, então se levantou e apertou a mão de Penn.
— Tenho certeza de que não, mas pretendo trabalhar nisso todos os
dias. Walker Cameron.
— Pennsylvania Tucker. Mas todos me chamam de Penn. — Ele
segurou a mão de Walker e analisou seus olhos. Normalmente, Walker teria
ficado preocupado ou ofendido, mas achou calmante quando Penn o
encarou e murmurou baixinho. — Acho que você vai servir. Bem-vindo à
família — ele falou e o puxou para um abraço. Walker franziu a testa e deu
um tapinha nas costas de Penn.
— Obrigado. Sempre me perguntei como seria fazer parte de uma
comunidade — Walker disse. Penn riu quando o soltou e deu um soquinho
de brincadeira em seu ombro.
— Tenho a sensação de que vamos ser amigos.
— Eu gostaria disso — Walker respondeu e saiu do caminho quando
Reid voltou com outra cadeira. Gavin se arrastou no assento da janela para
que Penn pudesse se sentar no meio, enquanto Reid foi buscar mais taças de
champanhe.
— Riley trouxe mais Prosecco e Penn trouxe seus famosos rolinhos
de canela — ele anunciou. Riley comemorou quando se sentou na terceira
cadeira e bateu no tampo da mesa.
— Você pode colocar isso aqui. Eu vou ser o padrinho, certo? — Seus
olhos estavam arregalados quando encararam Fin. Ele e o irmão assentiram.
— Reid e Gavin têm um ao outro, e achei que estaria ao seu lado
quando você encontrasse alguém. Se algum dia encontrar alguém e decidir
se casar — Fin disse.
— Provavelmente não vou. — Riley deu de ombros e ergueu a mão.
— Eu sou amaldiçoado.
— Muito doce — Fin explicou a Walker.
— Consigo ver como isso pode ser um problema... — Walker disse,
mas balançou a cabeça para Reid e Gavin. Eles imitaram o gesto,
concordando, e Reid deu um tapinha encorajador nas costas de Riley.
— Eu não quero te namorar, mas acho que você é quase perfeito.
— Talvez você possa deixar isso por escrito para eu mostrar ao
próximo cara que me deixar na friendzone.
— Tem alguém em mente para ser seu padrinho? — Penn provocou
Walker, mudando de assunto. Ele ergueu as sobrancelhas para o homem
mais velho e deu um puxão sugestivo em uma das tiras de seu macacão. —
Talvez eu esteja disponível.
— Não vou ter um padrinho — Walker falou. — Vou pedir a Agnes
para ficar comigo no altar.
— É perfeito — Fin concordou e suspirou feliz para o noivo. Walker
sorriu para ele enquanto tomava um gole de café.
— As coisas tendem a ser assim quando eu estou com você.
EPÍLOGO
NOVE MESES DEPOIS, primavera, uma casa de campo em
Sagaponack, Nova York...
FIM
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Erin Stewart sabe que enfrentar a festa de aniversário de casamento
de seus pais não será nada fácil. Ela sabe que vai se deparar com segredos
doloridos e muita tensão familiar. É por isso que contrata Steph Mitchell,
uma atriz linda de morrer, para fingir ser sua namorada. Serão apenas cinco
dias. E com a ajuda de Steph, ela pode enfrentar a situação, certo?
Ela só não esperava que o romance de mentira parecesse tão real.
Também não previu que a atração ficaria fora de controle, com
consequências vertiginosas para todos. E no final, vai precisar descobrir se
Steph é seu destino ou sua ruína.
— EU NÃO VOU.
Erin tomou o resto do gim Sevilla da taça de boca larga e se
recostou, fechando os olhos.
— Não vai? À festa de aniversário de quarenta anos de casamento
dos seus pais? — A descrença estampava o rosto de Morag. — Eu vou,
mesmo sozinha. Seus pais fazem festas incríveis. Lembra do aniversário de
sessenta anos da sua mãe, que tinha a escultura de gelo com vodca e o
karaokê com banda ao vivo? — Ela acenou e a manga do suéter rosa-claro
prendeu no pacote aberto de salgadinhos, fazendo-os girar na mesa. Morag
pegou antes que caíssem no chão e na boca do cachorro do pub, um
labrador chocolate chamado Freddo.
Erin se lembrava. Bebeu vodca demais, ficou chateada, tropeçou e
quase caiu do palco no meio de uma versão empolgante de The one and
only, de Chesney Hawkes. Mas ela disfarçou como uma profissional e
contornou a multidão com o microfone sem fio. Os parentes comentavam
sobre isso até hoje.
— Também me lembro de pensar que foi um pouco trágico não ter
uma parceira para me acompanhar.
Morag a olhou boquiaberta.
— Você tinha a mim! — A careta demonstrava sua indignação.
Erin franziu a testa e deu um tapinha no braço da melhor amiga.
— Eu sei, e você é a melhor. Naquela época, eu tinha vinte e sete
anos. Se você está solteira na casa dos vinte, tudo bem, Mas nada mudou
em dez anos. Não consigo enfrentar as perguntas da minha família sobre
meu status de relacionamento. Fica pior a cada ano. Além disso, você sabe
como são as coisas com meus pais. Eles são alegres demais e determinados
a mostrar que está tudo bem. Então, sim, vou para outro lugar. — Para
onde?, se perguntou, mas decidiu em um instante: — Vou para as
Seychelles. Só eu, o sol e meu coração solitário. Não vou ser a aberração de
trinta e sete anos na festa dos meus pais.
Morag inclinou a cabeça para trás e riu alto. O Falcon, lugar favorito
delas, estava lotado. Duas mulheres na casa dos cinquenta anos, usando
roupas de caminhada e sentadas na mesa ao lado, se viraram para olhar, e
Morag acenou.
Erin cobriu o rosto. Morag sempre foi assim.
— Devo pegar outra bebida ou você vai ficar ainda mais piegas? —
Morag colocou alguns cachos atrás da orelha direita. Ela se levantou, sem
esperar por resposta e se virou para Erin antes de sair. — Gim-tônica com
limão extra para a rainha do drama?
Erin bufou.
— Gim normal, por favor. Esse com sabor de laranja me fez desejar
chá e torradas. — Os ombros dela caíram. — Sei que tenho que ir, mas não
quero. Por que você não vem comigo e finge ser minha namorada?
Morag hesitou.
— Se a Patsy e o Duncan não me convidarem apenas por minha
personalidade brilhante, vou ficar bem ofendida. — Ela fez uma pausa. —
E embora seu plano seja ótimo, todos os seus amigos e familiares me
conhecem. Eles também sabem que sou hétero. Dificilmente vou me sentir
atraída depois de todos esses anos, não acha?
Erin iria para a festa. Estava apenas desabafando, e Morag sabia
disso. Mas por que o status de seu relacionamento era algo tão essencial?
Teve sucesso em todos os outros aspectos da vida, não era suficiente? Não
de acordo com sua avó.
Meu último desejo é ver você estabelecida, foi o que ela disse na
última vez que se encontraram. Se Morag queria drama, Erin aprendeu com
a melhor. Sua avó estava em forma, longe de bater as botas.
Morag voltou com o gim para Erin e sauvignon blanc para ela.
Arqueou a sobrancelha para a amiga enquanto se sentava.
O sexto sentido de Erin pareceu despertar. Aquele olhar no rosto de
Morag normalmente indicava problemas.
— Sabe, o que você acabou de dizer me fez pensar. Sobre eu fingir
ser sua acompanhante.
Erin piscou.
— Vai fazer isso?
— Claro que não. Para começar, o que o Tim diria?
— Você só saiu com ele algumas vezes.
— Não vou ser sua acompanhante.
— Estraga prazeres.
— Não, isso me fez pensar sobre um podcast que ouvi
recentemente. Aquele sobre relacionamentos. — Morag seguiu em frente.
— Estavam entrevistando um cara... me esqueci o nome dele. Ele estava
falando sobre uma agência que montou para pessoas que precisam de
acompanhante ou encontro.
— Não vou contratar uma garota de programa para ir à festa dos
meus pais. — Erin tinha padrões, e isso não era negociável. Ela não era
Richard Gere em Uma linda mulher.
— Não estou falando de uma garota de programa! — Morag tomou
um gole de sua bebida. — Além disso, quem faz isso hoje em dia? Elas são
acompanhantes. — Ela bateu na mesa. — Voltando ao meu ponto.
— Aquele em que você me diz para contratar uma garota de
programa?
— Não! Esse cara tem uma agência onde você pode contratar atores
profissionais para ocasiões como essa. Não é uma agência de
acompanhantes. São atores desempregados que estão cansados de trabalhar
como figurantes. Você não precisa dormir com ela, nem mesmo beijá-la. A
garota só vai acompanhar você pelo fim de semana inteiro e fingir ser sua
namorada. Se pensar bem, é perfeito.
— É desesperador.
Morag deu a ela um olhar penetrante.
Erin piscou, então franziu a testa.
— Não estou desesperada!
As vizinhas de mesa se viraram novamente. Era a imaginação de
Erin ou elas se inclinaram dessa vez?
Morag bufou.
— Não, o pub todo acredita nisso. Você acabou de gritar, o que é
sempre a melhor maneira de convencer as pessoas.
Erin revirou os olhos.
— Mesmo se eu contratasse uma atriz, como faria meus pais
acreditarem? Nos falamos toda semana. — Eles estavam acostumados com
o fato de ela estar solteira, então, não podia simplesmente aparecer com
uma mulher.
— Diga que conheceu alguém um mês antes. Não é como se você
morasse na esquina deles, não é? Eles vivem nas Terras Altas. A última vez
que fomos até lá, levamos quatro horas. A menos que tenham câmeras no
seu apartamento, ninguém vai saber que você não está transando com
alguém.
Erin considerou, então fez uma careta.
— De jeito nenhum. Temos muito em que pensar. — Sua empresa
de decoração em Edimburgo, a Female Flecks, estava com a agenda lotada
há meses. Reforma era algo que nunca saía de moda, e uma empresa de
decoração dirigida por mulheres era diferente o suficiente para conseguir
um fluxo constante de clientes. — Além disso, não são apenas meus pais. E
o Alex? Eu também teria que mentir para ele.
— E daí? Ele e a Wendy estão muito ocupados correndo atrás das
crianças para se preocuparem com sua vida amorosa. Além disso, tenho
certeza de que eles ficariam felizes com a distração. Algo empolgante e
novo para falar que não envolva treinamento para usar o penico ou birras de
crianças.
Isso era verdade. Erin sempre se sentiu na sombra do irmão porque
ele tinha um emprego como médico, além de esposa e filhos. Não
importava que ela administrasse sua própria empresa. Na sua cabeça, Alex
sempre a superava.
Então, é claro, havia Nadia.
— Sei que eles ficariam felizes por mim, mas pode piorar se
descobrirem que é mentira. — Ela enfiou duas batatas fritas com queijo e
cebola na boca enquanto sua mente girava com possibilidades. — Sou
sempre a estranha. Minha mãe e meu pai, Alex e Wendy. Até as trigêmeas
têm uma à outra.
— Então mude a narrativa. Qual é o problema? Você nunca levou
ninguém para casa. Faça diferente desta vez.
Erin sempre pensou que já teria conhecido alguém a essa altura da
vida e apresentado à família. Mas ela costumava vasculhar a cidade em sua
busca pelo amor verdadeiro. Contratar alguém para interpretar sua
namorada seria pior que aparecer sozinha? Além disso, as tensões
familiares sempre aumentavam em ocasiões especiais. Havia muitas coisas
não ditas. Talvez uma pessoa nova mudasse os holofotes.
— Que tal se eu fosse pesquisar a respeito? Falar com esse cara ou
alguém com quem ele trabalha. Descobrir os detalhes. — Morag inclinou a
cabeça. — Não é como se você não pudesse pagar. Está sempre me dizendo
que tem dinheiro, mas não tem onde gastar. Por que não considera um ato
de autocuidado? Algumas pessoas meditam, outras vão para um fim de
semana no SPA. Você pode contratar uma namorada linda para o fim de
semana para aliviar a pressão e tornar tudo mais suportável.
Erin imaginou a cena em sua cabeça: entrar na festa com alguém ao
seu lado em vez de ficar sozinha. O poço do desespero esquentou em seu
estômago. Seria bom. Caramba, seria uma mudança radical, e isso
significaria que sua tia Helena não viria até ela e acariciaria seu braço de
forma conspiratória, dizendo que não havia nada de errado em ser
solteirona, assim como ela.
Erin se ajeitou na cadeira. Talvez contratar alguém fosse melhor.
Sem sentimentos. A mulher faria o que ela quisesse. Teria controle total,
algo pelo qual vinha lutando desde... bem, desde que sua vida mudou.
Além disso, Morag tinha razão: ela podia pagar.
— Tudo bem. Pode pesquisar. Mas não acho que vai dar certo. Por
um lado, quem quer que eu contratasse teria que ser queer. Ou então, uma
atriz muito boa.
— Você quer uma namorada queer de mentira? — A melhor amiga
franziu a testa. — Não ouviu a parte sobre serem atores?
Erin apertou as mãos.
— Sei disso. Mas se a pessoa fosse queer as coisas seriam mais
fáceis. Ela compreenderia a questão da pressão familiar.
Morag deu a ela outro olhar penetrante.
— A pressão familiar que você está sofrendo está só na sua cabeça.
Seu irmão te ama. Seus pais também. — Ela fez uma pausa. — Sei que isso
é por causa da Nadia também...
— Pare. — Erin enrijeceu. Seu coração ainda acelerava, mesmo
depois de tantos anos. — Isso é sobre mim e minha incapacidade de ter um
relacionamento. — Ela atraiu o olhar de Morag. — Mas você tem razão, ir
com alguém seria bom. Faça contato e veja o que encontra.
CAPÍTULO DOIS
— STEPH, PEGUE!
Steph olhou para cima bem a tempo de ver uma lata dourada de
spray para cabelos voando em sua direção, mas não rápido o suficiente para
impedir que atingisse sua bochecha.
— Caramba, Jody! — Steph pegou a lata no chão empoeirado do
provador. Ela esfregou o rosto enquanto se levantava. — Por que está
jogando spray de cabelo em mim? — Ela olhou para sua fantasia: um
macacão verde chamativo, corda verde na cintura e folhas falsas cobrindo-a
dos ombros aos pés. Não era um visual que pretendia repetir tão cedo.
— Porque você precisa dele para o visual pé de feijão completo. —
Ela disse a última palavra como se estivessem prestes a entrar na passarela
da semana de moda de Paris. — Além disso, estava jogando para você, não
em você.
Jody estava na frente da amiga, vestida como uma bugiganga de
Natal. Sua estrutura de um metro e oitenta dois estava coberta por uma
esfera vermelha, o rosto e cabelo estavam pintados de dourado e luzes de
fada piscavam no topo de sua cabeça. Ela estava ridícula.
— Ainda não consigo acreditar que sou cinco centímetros mais alta
que você e não consegui o papel de pé de feijão. — A indignação cruzou o
rosto de Jody.
— O que posso dizer? Tenho experiência com isso.
Jody sorriu.
— Precisa refazer o cabelo verde antes de usar aquele spray
também.
Steph deu um tapinha no cabelo, sabendo que Jody estava certa. Sua
carreira como atriz chegou ao ponto em que estava no coro da peça João e o
pé de feijão, em Croydon, interpretando três papéis diferentes, incluindo o
aldeão, a vaca e o sábio pé de feijão falante. Estavam prestes a entrar na
primeira música, e esse era o grande momento do pé de feijão. No palco,
João cantava sobre estar perdido e não saber para onde ir. Steph se olhou
em um espelho. Ela entendia sua situação.
— Você vai beber comigo hoje à noite?
Steph assentiu.
— Vou. O Michael vai também. Ele disse que tem um trabalho para
mim.
Jody levantou uma sobrancelha.
— Ainda não consigo acreditar que ele desistiu de atuar.
Steph, Michael e Jody se conheceram na escola de teatro. As
carreiras de Jody e Steph ficaram unidas desde então, mas Michael se
cansou da insegurança no trabalho e começou um negócio, alugando atores
para pessoas que precisavam de encontros de mentira. Ela não o via há
alguns meses, mas a julgar por seu perfil no Instagram, a empresa estava
indo bem. Hoje à noite, Michael viria vê-la com uma oferta que ela não
poderia recusar. Ela pensaria a respeito. Ele tentou oferecer trabalhos a ela
antes, mas seus horários nunca batiam. Além disso, Steph não considerava
o que Michael fazia como um trabalho adequado de atriz. Claro, essa peça
podia não ser o lugar onde se imaginou aos trinta e sete anos, mas ao menos
ainda estava no palco e tinha sua carteirinha do Sindicato de Atores. O
negócio de Michael não era nada além de um serviço caro de
acompanhantes. Ainda não estava tão desesperada.
Na verdade, ainda estava na ativa.
Melhor isso que nada.
— Não tenho certeza do que ele quer me oferecer, mas foi muito
insistente. Talvez ele tenha um papel que será minha grande chance. Talvez
seja a minha hora de brilhar.
Quando Jody assentiu, sua fantasia tilintou.
— Está realmente na minha hora de brilhar! — Ela apertou um
botão na coxa e as luzes que cobriam seu corpo piscaram rápido demais.
Steph virou a cabeça e agradeceu por não sofrer de enxaqueca. Se
fosse sua mãe, ela não aguentaria aquilo.
— Todos em seus lugares! — Aquele era Ron, o diretor de palco.
Ele tinha cabelos grossos, da cor do suco de cenoura que Steph adorava,
mas que raramente podia comprar. Também tinha uma ruga tão profunda
entre as sobrancelhas que devia ter nascido com uma carranca. — O público
adorou a primeira metade, a julgar pela quantidade de sorvete que estão
comendo agora. Esgotaram o de chocolate e baunilha. Arrasou!
Finalmente algo para se orgulhar.
Ele se virou para Steph, acenando para sua fantasia.
— Você precisa de mais folhas. Perdeu alguma no primeiro ato?
Ela assentiu. Ron também tinha uma memória terrível. Isso
acontecia todas as noites.
— Elas caem no número do grande grupo. São giros demais.
Ele franziu a testa e a ruga aumentou.
— E seu cabelo precisa ficar mais verde. — Ele olhou ao redor. —
Marion! Precisamos deixar a Steph tão verde que os marcianos a verão do
espaço!
Marion apareceu com mais folhas, espetando-as no corpo de Steph.
Em seguida, pegou o spray de cabelo, cobriu os olhos da moça e borrifou,
cobrindo todo o cabelo de verde. Ela recuou, acrescentou um pouco mais de
cor e sorriu.
— Marciana pronta.
— Você é o pé de feijão mais sexy que já vi — Jody disse enquanto
passava com seus colegas bugigangas. — Lembre-se: tequila mais tarde!
Steph assentiu enquanto duas árvores de Natal humanas passavam
correndo. Então Harry, que interpretava João, apareceu ao seu lado
abotoando o short depois de uma rápida ida ao banheiro.
Steph desviou o olhar.
— Chamada de três minutos, pessoal! — Rony gritou. — Fiquem
em posição! — Ele apontou para Steph e depois para Harry. — Vocês dois
estão juntos. Fiquem assim, certo?
A cabeça de Steph vagou para o que Michael queria falar com ela. O
que quer que fosse, tinha que ser melhor que atuar como pé de feijão pelo
terceiro ano consecutivo. Sim, ela tinha um metro e sessenta e cinco, mas já
estava ficando estereotipado.
— Eu já disse que verde é a minha cor favorita? — Harry
perguntou. Eles esperavam nos bastidores, o resto do elenco já estava
cantando e dançando.
— Todas as noites, há trinta e três dias — Steph respondeu. Ele era
fofo, mas cansativo.
— O João e o pé de feijão estão prontos? — Ron sussurrou, fazendo
Steph pular. Algumas folhas caíram no chão. Em segundos, Marion
apareceu e as colocou de volta rapidamente.
Ron deu um sinal de positivo, seguido de um largo sorriso.
Hora do show.
***
Steph viu Michael assim que entrou na festa. O homem malaio e
musculoso de um metro e oitenta e três não era difícil de identificar. Além
de começar sua própria agência de atuação não muito ortodoxa, Michael
também instalou uma academia em casa. Agora, sempre que tinha alguns
minutos sobrando, malhava. Ele não precisava de atenção masculina,
mesmo que os homens com quem saísse não parecessem ficar muito tempo.
Ela se aproximou e deu um abraço nele. Depois da noite que teve,
em que escorregou na água e quase caiu no fosso da orquestra, foi ótimo ver
um rosto familiar. Embora, infelizmente, não tão familiar quanto gostaria.
Esse era o problema com o trabalho teatral: sempre que Steph estava de
folga, seus amigos estavam trabalhando e vice-versa. Michael sabia tudo a
esse respeito, pois essa também foi sua vida dois anos antes.
— Exatamente a mulher que eu queria ver! — Michael beijou sua
bochecha e segurou uma mecha de seu cabelo, anteriormente castanho. —
À propósito, seu cabelo ainda está verde.
— Risco do trabalho.
Ele tinha cheiro de perfume caro misturado com fumaça e beijar sua
bochecha a fazia sentir como se tivesse acabado de passar o rosto por uma
lixa. Steph não tinha ideia de como as pessoas conseguiam beijar um
homem.
— Como está meu pé de feijão favorito?
— Extremamente perspicaz. — Steph pegou sua mão e o puxou em
direção à cozinha. Quando chegaram, os dois cumprimentaram algumas
pessoas. Ela pegou duas garrafas de cerveja de um balde de gelo no balcão
e se dirigiu para o jardim. Mesmo em dezembro, o ar fresco era bem-vindo.
Steph engoliu em seco, olhando para o céu escuro. Se ao menos houvesse
um pé de feijão mágico e sábio a quem pudesse recorrer para receber
conselhos e terapia de vida. Michael estava tão perto quanto ela. Eles
caminharam até uma fileira de dormentes de trem antigos que se alinhavam
a uma parede de canteiros de flores e se empoleiraram na beirada.
— Me diga novamente que há vida após a atuação. — Ela abriu as
garrafas e deu uma a Michael.
Ele tomou um gole antes de responder.
— Eu digo toda vez que nos vemos, mas você está determinada a
fazer essa carreira dar certo. Admiro isso. É uma coisa boa. Mas, às vezes, é
preciso saber a hora de mudar o rumo. Tentar algo novo. Como a minha
agência. — Ele tirou do bolso um maço de Marlboro Gold, acendeu um
cigarro e tragou. — É por isso que quero falar com você. — Para alguém
obcecado pelo próprio corpo, fumar parecia uma sabotagem ao seu esforço.
— Você foi muito enigmático ao telefone.
— Recebi um pedido muito específico. Uma cliente precisa de
alguém para atuar como sua namorada por um fim de semana. É a
comemoração de aniversário de casamento de seus pais. Ela tem trinta e
sete anos, é uma empresária de sucesso. O problema é que ela é lésbica e
pediu, se possível, por uma atriz queer. — Ele umedeceu os lábios. — Não
posso pedir aos atores do meu cadastro que declarem a sexualidade deles e
não vou ligar para descobrir. Mas então pensei em você.
— Não estou no seu cadastro.
— Eu sei. Mas você mesma disse que atuar paga pouco, ao contrário
da minha agência. Fiz um orçamento para esta mulher com o preço mais
alto, por conta da exigência em encontrar uma atriz queer, e ela nem sequer
vacilou ao aceitar. Bem, foi a amiga que falou comigo. — Ele ergueu a
mão. — Sei que você já rejeitou minha oferta antes, mas isso é diferente.
Você estaria me fazendo um favor pessoal. Além do mais, eu pagaria bem
pelo trabalho. Você ganharia em cinco dias o que levaria dois meses para
ganhar no palco.
Os ouvidos de Steph se aguçaram.
— Dois meses? Não é de se admirar que eu esteja ouvindo tanto
sobre seu serviço de nossos colegas.
Michael deu a ela um olhar compreensivo.
— A gente precisa tentar coisas novas na vida.
— Não sei. — Steph realmente queria desistir? Ela dizia isso o
tempo todo, mas era o sonho de sua vida. — Não tenho experiência nesse
tipo de trabalho.
— Você é ótima em improvisação, e isso é tudo de que precisa.
Lembra da vez em que você derrotou todos aqueles caras no desafio de
improviso? Você até tentou fazer stand-up e foi ótima. Deveria fazer de
novo.
— E ser mais um pouco chutada pela vida? Trabalhar com stand-up
é difícil. Especialmente quando se é mulher.
— E ser atriz é fácil?
Ele tinha razão.
Alguma coisa fez cócegas no pescoço de Steph, e ela deu um pulo,
bateu com a mão nas costas e girou. Um arrepio percorreu sua coluna.
Michael inclinou a cabeça e a olhou de um jeito divertido.
— Pode parar de sorrir e verificar se não tem uma aranha assassina
nas minhas costas? — Ela contorceu os ombros e balançou os quadris como
se estivesse girando um bambolê.
Michael se levantou e acariciou suas costas.
— Está tudo bem. Não tem nada aí.
Steph verificou mais uma vez, então eles se sentaram novamente.
— Eu não pediria se não achasse que você pode fazer isso. —
Michael lhe deu um olhar suplicante. — São cinco dias fingindo ser alguém
diferente. Você treinou a vida toda para isso. Se formou em atuação. E você
é lésbica! Além do mais, vi uma foto da mulher e ela é atraente. Fingir ser
namorada dela por cinco dias não vai ser difícil. Fingir olhar para ela como
se quisesse atacá-la? Facílimo.
Steph franziu a testa.
— Mas por que ela quer uma atriz lésbica? Pessoas heterossexuais
também podem interpretar gays. Tipo Suranne Jones em Gentleman Jack —
ela disse, colocando a mão no quadril. — Ela não espera nada além, não é?
— Claro que não! Já disse, é só atuação. Acho que ela só quer
alguém que entenda as pressões de ser lésbica e lidar com a família.
Steph pensou nisso por um momento.
— Vou deixar uma coisa bem clara: não vou dormir com ela. —
Sempre suspeitou que aquilo fazia parte do acordo.
Michael revirou os olhos.
— Não estou te contratando para se prostituir. É um trabalho de
atuação, e você é uma atriz altamente experiente. Além disso, todos nós
sabemos que você não consegue ir para a cama sem se apaixonar, então
imploro que não faça isso... pelo bem de todos.
Steph bufou.
— Posso fazer sexo casual sem me apaixonar! — Ela estava
mentindo, e os dois sabiam.
A risada de Michael ecoou no ar.
— Claro que pode. — Ele tomou um gole de sua cerveja. — De
qualquer forma, que trabalho você tem agendado?
— Estou naquela nova peça no Old Vic a partir de fevereiro, uma
semana após o término da atual. Vai até abril. Me inscrevi também para
fazer uma corrida escolar pelo país a partir de dez de maio, mas isso é algo
que eu realmente não quero. Vai durar dois meses. Uma atuação sobre
saúde sexual voltada para adolescentes. Mas o pagamento era acima do
normal e entrei em pânico. Estou tentando esquecer o fato de que vou
interpretar clamídia. — Foi para isso que ela estudou por quatro anos na
escola de teatro? Não.
Michael bufou mais um pouco.
— Isso é tentar coisas novas, mas às vezes, suas escolhas de vida me
fazem querer gritar. — Ele chamou sua atenção. — Este trabalho é para o
início de maio, então nossas agendas estão alinhadas. É como se estivesse
escrito nas estrelas. — Ele apontou um dedo na direção dela. — Garanto
que é melhor que interpretar clamídia. Quer saber o outro grande ponto?
Além do pagamento?
— Qual é?
— Fica nas Terras Altas da Escócia.
Steph engoliu em seco. Michael sabia o que aquela área significava
para ela. Ele conhecia a conexão.
— As Terras Altas. — Sentiu algo vibrar em seu peito.
Ele assentiu.
— Lochcarron, para ser mais preciso. Lembra de quando fomos até
lá?
— Como eu poderia me esquecer? — Steph sorriu. Eles foram no
verão do segundo ano da escola de teatro e acamparam ao longo da costa.
Foram mordidos por mosquitos e sofreram com a comida. A mãe de Steph
havia feito a viagem alguns anos atrás e disse que a situação alimentar havia
melhorado muito e o cenário era igualmente espetacular. Steph sempre quis
voltar, mas nunca encontrou o momento certo. Agora, ele estava sendo
colocado em suas mãos.
Ela respirou fundo. Poderia atuar por cinco dias, alugar um carro e
fazer uma viagem por conta própria. Visitar o lugar que significava tanto.
Afinal, ela era meio escocesa.
— Não consigo me lembrar de Lochcarron com precisão, você
consegue? Todos os nomes de lugares são um pouco confusos. Eu me
lembro de Skye e Ullapool, mas não muito mais.
Ele balançou a cabeça.
— Foi há quase vinte anos. Mas tenho certeza de que tudo voltará à
tona quando você chegar lá.
— Ainda não concordei. — Mas ela sabia que o faria. Assim como
Michael, pelo sorriso em seu rosto.
— É a Escócia, paga bem e vai ter comida e bebida de graça o fim
de semana inteiro. E, aconteça o que acontecer, não pode ser tão ruim
quanto quando você conheceu os pais de Andrea, pode?
Steph respirou fundo. Mesmo três anos depois, conhecer os pais de
sua ex ainda tinha esse efeito sobre ela.
— Você está certo, não pode ser. — Ela rangeu os dentes, então
tomou uma decisão. — Tudo bem, eu aceito. Onde essa mulher mora?
Michael sorriu, vitorioso, a pegou e a girou.
— Sabia que você era a minha melhor amiga por um motivo. — Ele
colocou Steph no chão. — Pelo que sei, em Edimburgo. Vocês terão que
chegar juntas, então terá que dirigir de Edimburgo a Lochcarron para, pelo
menos, firmar as histórias. Não que a rainha do improviso precise de muita
preparação, claro.
— Você deveria vir depois e me encontrar. Poderíamos refazer nossa
viagem à Escócia.
— Essa ideia é ótima. Contanto que você não caia em um lago de
novo.
Steph riu da lembrança. Estava frio pra caramba.
— Fiz isso, não é? — Ela fez uma pausa. — Essa noite, quase caí no
fosso da orquestra também.
— Posso pedir que você tente não cair ou quebrar nada neste
trabalho? Só então irei ao seu encontro.
— Vou tentar o meu melhor.
— E podemos ficar em hotéis e não em barracas desta vez?
— Desde que você pague.
Ele sorriu, então se curvou.
— Será um prazer, madame.
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