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ANALFABETISMO FUNCIONAL FREIA O CRESCIMENTO ECONÔMICO.

Professor Otoniel
Texto de Apoio
Disciplina: Paideia Pantaneira (UC)

Segundo dados do Inaf 2018, um em cada quatro trabalhadores do país é considerado


analfabeto funcional, cenário que impacta o setor produtivo brasileiro tanto em época de crise
como nos momentos de aquecimento econômico.
No Brasil, quando o mercado de trabalho está aquecido e há empregos disponíveis,
fica menos evidente o impacto da qualidade da mão de obra no desenvolvimento econômico do
país. Em tempos favoráveis, as empresas contratam em maior volume e preocupam-se menos
com a qualificação de seus funcionários. Com isso, mesmo os trabalhadores com baixo nível de
alfabetismo encontram seu posto, ainda que assumindo funções de menor complexidade. Como
não há preocupação com o crescimento profissional desses trabalhadores, o investimento na sua
qualificação é praticamente nulo.
Nos períodos difíceis, a conta chega em dobro. Os trabalhadores menos qualificados
são os primeiros a perder o emprego. Caso tivessem oportunidade de sair dos níveis mais baixos
do alfabetismo funcional quando contratados, o cenário em tempos amargos poderia ser menos
traumático, uma vez que, na época de fartura, o crescimento seria mais sustentável. Nas
condições atuais, porém, perdem as empresas e os indivíduos.
No caso do Brasil, o analfabetismo funcional vem diminuindo lentamente, como mostram os
dados do Indicador da Alfabetismo Funcional (Inaf), calculados desde 2001. Porém, eles ainda
se encontram em patamares altos, sobretudo entre a população mais velha, que teve menos
oportunidades educacionais na juventude. Os dados de 2018 apontam que um quarto dos
trabalhadores (25%) que têm entre 15 e 64 anos é de analfabetos funcionais – ou seja, não
consegue ler ou escrever muito além de um bilhete simples, apenas reconhece os números e faz
cálculos muito básicos e tem dificuldades, por exemplo, para resolver problemas do dia a dia
que envolvam comparar e operar números na casa dos milhares.

CICLO PERVERSO
Nos resultados do Inaf 2018, é possível constatar que os setores da economia que mais
concentram analfabetos funcionais são o agrícola (51%), o de serviços domésticos (49%) e o da
construção civil (45%). Somados, eles concentravam 24% da força total de trabalho do país em
2017, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE-Pnad contínua
2012-2017). São profissões em que o ambiente de trabalho não estimula o trabalhador a sair
dessa condição. A remuneração tende a ser insuficiente para a sobrevivência própria e da
família, fazendo dele um dependente permanente de programas de transferência de renda.
Instala-se, com isso, um ciclo perverso: a baixa qualificação gera baixa produtividade,
resultando em baixa remuneração.
A boa notícia é que em todos os setores – inclusive nos três citados anteriormente – há um
potencial formativo a ser explorado para ajudar a reverter a situação. Entretanto, não se pode
investir apenas naqueles que ocupam os cargos mais altos. Os empregadores precisariam, em
primeiro lugar, reconhecer que o analfabetismo funcional está presente na empresa,
principalmente entre os trabalhadores que ocupam as funções mais simples. Em segundo,
investir na formação básica desses indivíduos, instituindo programas educativos e convertendo a
empresa em espaço de promoção da aprendizagem. Essa formação, por ser muito básica, pode
parecer, à primeira vista, desconectada do negócio. Por isso, é essencial um processo de
conscientização dos empresários, de modo que entendam a importância, para o indivíduo e para
as corporações, de ter uma mão de obra alfabetizada funcionalmente, o que permitirá ao
trabalhador crescer como cidadão e profissional.

ALFABETISMO E COLOCAÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO


É possível analisar a questão também pelo ponto de vista dos trabalhadores. Uma das maiores
dificuldades que o analfabeto funcional enfrenta é a inserção no mercado de trabalho. A procura
por um emprego ou uma atividade remunerada pode ser frustrante: é difícil aparecer uma
colocação e, quando ela surge, geralmente é em postos com pior remuneração. Dados do Inaf
2018 mostram que apenas 46% dos entrevistados que se encontravam nos níveis mais baixos de
alfabetismo, na época da pesquisa, estavam trabalhando; já entre os proficientes, esse índice era
de 71%. Ao fazer o cruzamento entre o nível de alfabetismo e a situação de trabalho, percebe-se
que, entre os desempregados ou que procuram o primeiro emprego, a incidência de analfabetos
funcionais é maior. A tabela a seguir mostram esses números por nível de alfabetismo (Tabela
1)

Tabela 1 – População por situação de trabalho e nível de alfabetismo


(% por nível de alfabetismo)

Analfabeto Rudimentar Elementar Intermediário Proficiente Total


BASE 155 433 688 495 231 2.002
Está trabalhando 46% 48% 55% 60% 71% 56%

Está desempregado ou 14% 27% 24% 21% 18% 22%


procura 1º emprego
19% 12% 10% 7% 5% 10%
É dona de casa
12% 7% 3% 3% 0% 4%
Está aposentado

Não trabalha ou outra 8% 7% 7% 8% 6% 7%


situação (1)
Total 100% 100% 100% 100% 100% 100%

Na outra ponta estão os setores que concentram o maior número de pessoas no nível proficiente
ou intermediário: o da educação (69%) e o industrial (54%). Em relação aos cargos, o Inaf 2018
detectou que a maior concentração de trabalhadores com nível proficiente (30%) está nos cargos
de chefia, como os de presidência, direção e gerência, e entre as funções de técnico, analista e
especialista. O nível intermediário é mais frequente nos postos de coordenação, supervisão e
assessoria (34%) e também nos cargos de chefia (46%). São funções que envolvem análise,
decisão, criatividade e trabalho cooperativo, entre outros, e em que o próprio espaço de trabalho
incentiva o desenvolvimento das habilidades que elevam o nível de alfabetismo. Porém, em
termos quantitativos, tais profissionais representam uma fatia muito pequena da força total de
trabalho no país. Presidentes, diretores e gerentes representam apenas 1% do total de
trabalhadores, conforme a amostra do Inaf 2018. Coordenadores, supervisores e assessores
somam 5% do total. E técnicos, analistas e especialistas são 7%. Os dados reforçam a tese de
que o investimento em capacitação da mão de obra por parte dos empregadores precisa estar
focado também na base e não apenas no topo da pirâmide.

Fonte: https://alfabetismofuncional.org.br/analfabetismo-funcional-freia-o-crescimento-
economico/

ORIENTAÇÕES: Atividade a ser desenvolvida no caderno.

1) Leia o texto com atenção e retire suas conclusões.


2) Escreva um texto com cuidado sem erros de escrita do processo de interpretação.
3) Quais suas conclusões sobre o tema: ANALFABETISMO FUNCIONAL FREIA O
CRESCIMENTO ECONÔMICO.
4) Durante a leitura marque as palavras que desconhece e busque seu significado.

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