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Professor Otoniel
Texto de Apoio
Disciplina: Paideia Pantaneira (UC)
CICLO PERVERSO
Nos resultados do Inaf 2018, é possível constatar que os setores da economia que mais
concentram analfabetos funcionais são o agrícola (51%), o de serviços domésticos (49%) e o da
construção civil (45%). Somados, eles concentravam 24% da força total de trabalho do país em
2017, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE-Pnad contínua
2012-2017). São profissões em que o ambiente de trabalho não estimula o trabalhador a sair
dessa condição. A remuneração tende a ser insuficiente para a sobrevivência própria e da
família, fazendo dele um dependente permanente de programas de transferência de renda.
Instala-se, com isso, um ciclo perverso: a baixa qualificação gera baixa produtividade,
resultando em baixa remuneração.
A boa notícia é que em todos os setores – inclusive nos três citados anteriormente – há um
potencial formativo a ser explorado para ajudar a reverter a situação. Entretanto, não se pode
investir apenas naqueles que ocupam os cargos mais altos. Os empregadores precisariam, em
primeiro lugar, reconhecer que o analfabetismo funcional está presente na empresa,
principalmente entre os trabalhadores que ocupam as funções mais simples. Em segundo,
investir na formação básica desses indivíduos, instituindo programas educativos e convertendo a
empresa em espaço de promoção da aprendizagem. Essa formação, por ser muito básica, pode
parecer, à primeira vista, desconectada do negócio. Por isso, é essencial um processo de
conscientização dos empresários, de modo que entendam a importância, para o indivíduo e para
as corporações, de ter uma mão de obra alfabetizada funcionalmente, o que permitirá ao
trabalhador crescer como cidadão e profissional.
Na outra ponta estão os setores que concentram o maior número de pessoas no nível proficiente
ou intermediário: o da educação (69%) e o industrial (54%). Em relação aos cargos, o Inaf 2018
detectou que a maior concentração de trabalhadores com nível proficiente (30%) está nos cargos
de chefia, como os de presidência, direção e gerência, e entre as funções de técnico, analista e
especialista. O nível intermediário é mais frequente nos postos de coordenação, supervisão e
assessoria (34%) e também nos cargos de chefia (46%). São funções que envolvem análise,
decisão, criatividade e trabalho cooperativo, entre outros, e em que o próprio espaço de trabalho
incentiva o desenvolvimento das habilidades que elevam o nível de alfabetismo. Porém, em
termos quantitativos, tais profissionais representam uma fatia muito pequena da força total de
trabalho no país. Presidentes, diretores e gerentes representam apenas 1% do total de
trabalhadores, conforme a amostra do Inaf 2018. Coordenadores, supervisores e assessores
somam 5% do total. E técnicos, analistas e especialistas são 7%. Os dados reforçam a tese de
que o investimento em capacitação da mão de obra por parte dos empregadores precisa estar
focado também na base e não apenas no topo da pirâmide.
Fonte: https://alfabetismofuncional.org.br/analfabetismo-funcional-freia-o-crescimento-
economico/