Você está na página 1de 2

Nascendo no Lótus e a Mandala dos Cinco Elementos

Retiro de Carnaval – Fevereiro de 2013


Facilitador: Henrique Lemes

A Mandala dos Cinco Elementos


Roteiro de meditação

ÉTER: Sentamos e mantemos a luminosidade do olhar. Quando cansamos, o brilho no olho


enfraquece. A mente possui a capacidade de fazer surgir o brilho no olho por si só, sem a
necessidade de algo externo. Começamos pelo reconhecimento do elemento éter: o brilho nos
olhos, a clareza da mente, um brilho que se funde com a espacialidade da mente. Na visão da
Mandala Primordial, o elemento éter corresponde à vastidão da mente, à experiência de
espacialidade.

No samsara, nos engajamos nos pensamentos e nas bolhas de realidade a partir do


elemento éter. Surge um pensamento e, sutilmente, dizemos “oh!” e entramos na corrente de
pensamentos. Os pensamentos produzem um brilho de um certo tipo em nós, e assim
entramos na cadeia de pensamentos discursivos. É através do brilho do elemento éter que
nascemos com um corpo sutil de uma identidade dentro de uma bolha particular. Se
estivermos com excesso de elemento éter, podemos ficar demasiadamente agitados e
empolgados. Na sua falta, nos tornamos apáticos e sem vida.

AR: Esse brilho da mente produz o elemento ar e nós respiramos. O elemento ar traz
movimento, uma fluidez que surge por dentro do brilho da mente. Na experiência da Mandala
Primordial, o elemento ar corresponde à expansão infinita do espaço básico, como respirar ao
contemplar a amplidão da realidade do alto de uma montanha.

Podemos também levar o elemento ar, através da respiração, para cada parte do
nosso corpo. Se estivermos com excesso de elemento ar, somos simplesmente arrastados de
um lado para o outro, literalmente ao sabor dos ventos cármicos. Na sua falta, nos tornamos
fechados e monótonos.

FOGO: Da união desse brilho sutil do elemento éter com a respiração, o movimento do
elemento ar, surge um calor interno e o nosso corpo se aquece: é o elemento fogo. O fogo
produz uma sensação de vida, nos permite ver as coisas, criar, dar significados, dar cor às
experiências. Sentimos um calor sutil preenchendo nosso corpo.

Podemos levar calor e aquecer cada parte do nosso corpo, sentindo o elemento fogo o
preenchendo. Quando nos engajamos nos pensamentos e nas bolhas que surgem na mente,
perdemos a estabilidade destes elementos e, consequentemente, a capacidade de reconhecê-
los. Se estivermos com excesso de elemento fogo, nos tornamos impulsivos, impacientes e
irritados. Na sua falta, nos tornamos apáticos e sem energia e criatividade.

ÁGUA: Do elemento fogo vem a fluidez do elemento água, uma ausência de rigidez. Sentimos
nosso corpo leve, fluido, sem tensão, pronto para agir. A natureza primordial é fluida, não-
obstruída. Podemos visualizar todo nosso corpo sendo inundado pela flexibilidade do
elemento água. Se estivermos com excesso de elemento água, afundamos nas emoções e
Nascendo no Lótus e a Mandala dos Cinco Elementos
Retiro de Carnaval – Fevereiro de 2013
Facilitador: Henrique Lemes

pensamentos, nos tornamos excessivamente emotivos. Na sua falta, nos tornamos insensíveis
e secos, sem a capacidade de flexibilizar.

TERRA: Na sequência surge a estabilidade do elemento terra, uma serenidade, uma confiança
e não oscilação do nosso movimento. Se estivermos com excesso de elemento terra, nos
tornamos rígidos, tensos. Na sua falta, oscilamos junto com as experiências, sem estabilidade
nenhuma. No samsara, todos nós aspiramos estabilizar tudo, ter experiências sólidas como
uma casa, um carro, um relacionamento, um emprego. Mas tudo se mostra impermanente.
Mas enquanto não reconhecermos a estabilidade da Natureza Primordial, não vamos
conseguir estabilizar nada. A Natureza Primordial é a estabilidade que podemos obter. É na
verdade, a única estabilidade possível.

Contemplando a Mandala dos Cinco Elementos

Para observar a mandala dos cinco elementos, precisamos apenas reconhecê-los. Ou


seja, eles já estão presentes, A dificuldade que temos em reconhecer a mandala dos cinco
elementos vem da nossa fixação em manobrar a mente conceitual, esperando reconhecer os
elementos através de um comando da mente, ou seja, através dos pensamentos discursivos. A
habilidade que precisamos desenvolver é a de gerar uma liberdade frente à aparente
“obrigação” em manobrar os pensamentos. Os elementos não são cognitivos, por isso
precisamos soltar a mente conceitual.

No samsara, todos aspiramos ter brilho para as coisas (éter), ter empolgação e respirar
desimpedido (ar), ter calor, energia para realizar o que queremos (fogo), nos movimentar
desimpedidos, de maneira fluida (água) e conseguir estabilizar as experiências que vivemos
(terra). Nosso movimento por dentro do samsara sempre é de estabilizar os cinco elementos
através do controle do javali e do galo, tendo a cobra como a ação reativa sempre que nossas
aspirações falharem.

Nossa sensação de vida, de viver, vem dos cinco elementos. Quando reconhecemos
isso, o que fazemos? Sorrimos! Apenas isso. Vemos que a aparente “concretude” do samsara
tem na sua gênese a plasticidade dos cinco elementos, não há essa solidez.

Relaxar no reconhecimento dos elementos.

Você também pode gostar