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DINORAH ZILBERSZTAJN GOTLIEB

Estudo da expressão da miostatina em modelos murinos para


doenças neuromusculares

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação Interunidades em Biotecnologia
USP/Instituto de Biociências, para obtenção do
Título de Mestre em Biotecnologia.

São Paulo
2011
Dinorah Zilbersztajn Gotlieb

ESTUDO DA EXPRESSÃO DA MIOSTATINA EM MODELOS MURINOS PARA


DOENÇAS NEUROMUSCULARES.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação Interunidades em Biotecnologia
USP/Instituto de Biociências, para obtenção do
Título de Mestre em Biotecnologia.

Área de concentração:Genética

Orientadora: Profa. Dra. Mariz Vainzof

São Paulo
2011
Ao meu querido marido e aos
meus anjos chamados pai e mãe.
AGRADECIMENTOS

Agradeço especialmente à orientadora Prof. Dra. Mariz Vainzof pela oportunidade de


realizar o mestrado em seu laboratório do Centro de Estudos do Genoma Humano na USP,
me ensinando com seu próprio exemplo o que é ser uma pesquisadora justa, cativante e
por ter muita paciência comigo.
A FAPESP e ao CNPq pelo fomento deste estudo.
Aos meu colegas e amigos do laboratório de proteínas André, Áurea, Danielle Ayub,
Lydia Yamamoto, Paula Onofre, Poliana , Camila e Vanessa por doarem alguns instantes ou
horas do seu tempo se dedicando para me ajudarem em varias etapas deste estudo, e por
contribuir para uma rotina de trabalho harmoniosa.
Aos recém chegados no laboratório Amanda, Henrique, Letícia, Priscila, Stephanie e
Thais, que já demonstraram o quanto são capazes e podem crescer muito dentro da
pesquisa acadêmica.
Aqueles que passaram, deixando suas marcas na minha vida profissional e pessoal,
contribuindo para aumentar meu conhecimento em diversas áreas.
Agradeço aos demais pesquisadores e trabalhadores do Centro de Estudos do
Genoma Humano por contribuir com a dinâmica, informática, atendimento, limpeza,
contabilidades e segurança do espaço onde foi realizado o presente estudo.
A Clarice Gotlieb, que é uma ótima sogra e ajuda em tudo que é possível.
Agradeço ao meu marido pela ajuda na revisão deste trabalho, pela compreensão e
apoio nos dias que eu precisava de concentração para finalizar o trabalho e por todos os dias
que virão e estaremos juntos colhendo os frutos de muita dedicação e carinho.
Aos meus queridos irmãos Victor (por ajudar efetivamente na dissertação)e Renato
que contribuíram de forma expressiva na minha personalidade, me ensinando muito sobre a
vida, fé e perseverança.
As minhas cunhadas e amigas Denise e Karen que participam da vida familiar com
muita alegria.
A minha sobrinha Tamar Victoria, nova integrante da família, que desde tão tenra
idade já me alegra com sua serena presença despertando muita alegria no meu coração.
Ao Todo Poderoso que provê todas as minhas necessidades.
O último porem o agradecimento mais importante:
Aos meus pais pelo amor infinito, por estarem sempre ao meu lado em todas as
situações, pela paciência, dedicação integral para a minha formação intelectual e moral,
através do exemplo de pessoas maravilhosas cuja honestidade, responsabilidade, trabalho,
esperança, espiritualidade estão sempre presentes, e porque sem eles eu não teria
alcançado este estágio da vida.
Ao acender uma tocha, reúnem-se os que buscam a luz.

Rebe de Lubavitch.
RESUMO

Zilbersztajn-Gotlieb D. Estudo da expressão da miostatina em modelos murinos para


doenças neuromusculares. [dissertação (Mestrado em Biotecnologia)]. São Paulo: Instituto
de Biociências da Universidade de São Paulo; 2010.

As afecções neuromusculares humanas constituem um grupo heterogêneo de doenças


genéticas caracterizadas por degeneração muscular progressiva, levando ao
desenvolvimento de fraqueza muscular e perda de capacidade motora. Mutações em
vários genes resultam na deficiência ou perda de função de diversas proteínas musculares
de importância significativa para o bom funcionamento do músculo. Algumas das doenças
associadas a alterações nestas proteínas são as distrofias musculares progressivas e as
miopatias congênitas.Entre os modelos naturais conhecidos para distrofias musculares
humanas estão: o camundongo Dmdmdx, que apresenta deficiência total da proteína
distrofina no músculo, modelo da distrofia muscular de Duchenne; o camundongo Lama2dy-
2J
/J, que apresenta deficiência da proteína α2-laminina, modelo da DM congênita 1A; o
camundongo Largemyd, com defeito na via de glicosilação da proteína α-DG, modelo da DM
congênita tipo 1D; e o camundongo SJL/J, com deficiência da proteína disferlina, modelo
da distrofia das Cinturas tipo 2B. Todos constituem excelentes modelos para estudos
histológicos e fisiopatológicos e vêm sendo utilizados para testar terapias. A proteína
miostatina, é um membro da superfamília de fatores de crescimento TGF-β. Ela age como
regulador negativo (inibidor) do crescimento muscular. Diversos estudos sugerem a
inibição da miostatina como parte de tratamentos para recuperação de massa muscular
degenerada em doenças como as distrofias musculares. Entretanto, ainda não é
conhecido o real papel da miostatina no quadro distrófico. Portanto, o presente trabalho
teve como objetivo avaliar a expressão desta proteína nos diversos modelos de
degeneração muscular através da avaliação de diferentes músculos de camundongos das
linhagens distróficas Dmdmdx, SJL/J, Largemyd e Lama2dy-2J/J. Para tal, quantificamos o
mRNA da miostatina e do gene endógeno GAPDH por técnica de PCR em tempo real, e
comparamos os resultados de expressão com o padrão de degeneração e regeneração de
cada músculo e linhagem, através da avaliação histopatológica.Observamos que em
camundongos normais, a miostatina é menos expressa no músculo gastrocnêmio do que
no diafragma, refletindo um músculo mais sujeito a lesão. Nas quatro linhagens de
camundongos distróficos, independentemente da mutação ou do grau de degeneração do
músculo, a miostatina é menos expressa do que em camundongos normais. No músculo
distrófico, a expressão da miostatina é inibida tanto no músculo gastrocnêmio como no
diafragma, sem diferença entre os dois. A analise comparativa da degeneração e
regeneração muscular com a expressão da miostatina mostrou uma maior correlação com
o padrão de degeneração do que com a regeneração.Nossos resultados sugerem que o
processo de degeneração, quando iniciado, e independentemente de seu grau, causa
molecular primária, ou músculo afetado, parece atuar de forma similar na inibição da
expressão da miostatina, possivelmente como estímulo a regeneração do dano.

Palavras-chave: Distrofias musculares. Camundongos Modelos. Miostatina.


ABSTRACT

Zilbersztajn-Gotlieb D. Myostatin expression in mouse models of neuromuscular


diseases.[Masters thesis (Human Genetic)]. São Paulo: Instituto de Biociências da
Universidade de São Paulo;2010.

Human neuromuscular disorders are a heterogeneous group of genetic diseases, caused by


mutations in genes coding sarcolemmal, sarcomeric, and cytosolic muscle proteins.
Deficiencies or loss of function of these proteins leads to variable degrees of progressive
loss of motor ability. Several animal models, displaying phenotypes observed in
neuromuscular diseases, have been identified. These models generally present physiological
alterations observed in human patients and can be used as important tools for genetic, clinic,
and histopathological studies. Among them, the Dmdmdx mouse, which has total deficiency of
dystrophin in the muscle, is a model for Duchenne muscular dystrophy; Lama2dy2J/J mouse,
which has a deficiency of protein α2-laminin, is a model of congenital DM 1A; Largemyd
mouse, defective in α-DG protein glycosylation pathway, is a model of congenital DM type
1D, and SJL/J mouse, with deficiency of the protein dysferlin, is a model of the limb girdle
muscular dystrophy type 2B. The protein myostatin, a member of the growth factors TGF-β
superfamily, is a negative regulator (inhibitor) of muscle growth. Several studies have
suggested the inhibition of myostatin as a therapeutic strategy for the stimulation of the
regeneration of the dystrophic muscle. However, the expression and role of myostatin in the
dystrophic muscle is still not totally elucidated. Therefore, the main objective of this work was
to evaluate the expression of this protein in two different muscles of four mouse models for
muscle degeneration, as compared to normal controls. The included dystrophic mice strains
were: Dmdmdx, SJL / J, Largemyd and Lama2dy2J/J. The relative expression of the myostatin
mRNA was analyzed in the gastrocnemius and diaphragm muscles by real time PCR, the
results were correlated with the histopathological findings of each muscle. It was
observed that in normal mice muscles, myostatin is less expressed in the gastrocnemius
than in the diaphragm, reflecting a muscle most prone to lesions. In the four strains of
dystrophic mice myostatin expression is reduced, independently of the primary molecular
defect or the degree of degeneration of the studied
muscles, with a similar pattern in both gastrocnemius as diaphragm muscles. The
comparative analysis of the histopathology of the muscles with the expression of myostatin
showed a stronger correlation with the pattern of degeneration then regeneration. Our results
suggest that, when started, the process of degeneration of the muscle, independently of the
primary molecular defect, or degree, seems to act in a similar pathway leading to the
inhibition of the expression of myostatin in the affected muscles, possibly as a stimulus to
regeneration of damage.

Keywords: Muscular dystrophies. Mouse models. Myostatin.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 17
1.1 O MÚSCULO NORMAL ..................................................................................................... 17
1.1.2 O tecido muscular no desenvolvimento embrionário .......................................... 17
1.1.3 O tecido muscular maduro .......................................................................................... 18
1.1.4 Regeneração muscular ................................................................................................. 22
1.2 O MÚSCULO DISTRÓFICO .............................................................................................. 23
1.2.1 Distrofias musculares progressiva ........................................................................... 23
1.2.2 Modelos animais para distrofias musculares ......................................................... 25
1.2.2.1 Distrofinopatias ........................................................................................................... 26
1.2.2.2 Deficiência de alfa 2 laminina .................................................................................. 26
1.2.2.3 Disferlinopatias ........................................................................................................... 27
1.2.2.4 Defeitos de glicosilação ............................................................................................ 27
1.3 MIOSTATINA ....................................................................................................................... 28
1.3.2 Expressão da Miostatina durante o desenvolvimento ........................................ 29
1.3.3 Função da miostatina e associação com doenças .............................................. 30
1.3.4 Inibição da Miostatina como abordagem terapêutica .......................................... 31
2 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 33
3 MATERIAL E METODOLOGIA ...................................................................................... 34
3.1 OBTENÇÃO DOS ANIMAIS E MANUTENÇÃO DA COLÔNIA.................................. 34
3.2 EXTRAÇÃO DE DNA E GENOTIPAGEM....................................................................... 34
3.3 SELEÇÃO E PREPARAÇÃO DOS MÚSCULOS .......................................................... 36
3.4 PREPARAÇÃO DE LÂMINAS HISTOLÓGICAS .......................................................... 36
3.5 HISTOLOGIA ....................................................................................................................... 37
3.5.1 Coloração de Hematoxilina-Eosina (HE) .................................................................. 37
3.5.2 Coloração com Picro Sirius® ....................................................................................... 37
3.6 ESTUDOS MOLECULARES ............................................................................................. 38
3.6.1 Extração de RNA total ................................................................................................... 38
3.6.2 Síntese de cDNA total ................................................................................................... 38
3.6.3 Análise de Expressão da miostatina ......................................................................... 38
3.6.4 PCR em Tempo Real (Q-PCR)- quantificação relativa da expressão
da miostatina ............................................................................................................................ 39
4 RESULTADOS ..................................................................................................................... 40
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA .............................................................................. 40
4.2 ANÁLISE DE EXPRESSÃO DA MIOSTATINA ............................................................. 41
4.2.1 Análise semiquantitiva.................................................................................................. 41

4.2.2 Análise quantitativa da expressão da miostatina por PCR em tempo real


(qRT-PCR) ................................................................................................................................. 45
4.2.2.1 Padronização da metodologia para os genes em estudo ................................ 45
4.2.2.2 Análise da Miostatina nos músculos diafragma e gastrocnêmio
do grupo controle..................................................................................................................... 47
4.2.2.3 Análise da Miostatina nos músculos diafragma e gastrocnêmio
dos diferentes grupos de animais distróficos................................................................. 49
4.2.2.4 Teste com normalizador específico para cada músculo .................................. 50
4.2.2.5 Análise da miostatina por linhagem (diafragma + gastrocnêmio) ................ 52
4.2.2.6 Análise comparativa da miostatina nos músculos diafragma e
gastrocnêmio em cada linhagem distrófica (um só normalizador – C5746D) ........ 52
4.3 Análise Histopatológica ................................................................................................... 53
5 DISCUSSÃO ......................................................................................................................... 61
5.1 A MIOSTATINA COMO ALVO PARA TERAPIAS ........................................................ 61
5.2 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA .............................................................................. 62
5.3 ESTUDO DA EXPRESSÃO RELATIVA DA MIOSTATINA ......................................... 64
5.3.1 Escolha do gene endógeno ......................................................................................... 64
5.3.2 Análise Semi quantitativa da miostatina.................................................................. 65
5.3.3 Análise por PCR em tempo real ................................................................................. 65
5.3.3.1 Análise da Miostatina nos músculos diafragma e gastrocnêmio
do grupo controle..................................................................................................................... 66
5.3.3.2 Análise da Miostatina nos músculos diafragma e gastrocnêmio
dos camundongos afetados ................................................................................................. 67
5.4 ANÁLISE HISTOPATOLÓGICA ....................................................................................... 69
5.5 CORRELAÇÃO ENTRE EXPRESSÃO DA MIOSTATINA E PADRÃO
DE DEGENERAÇÃO E REGENERAÇÃO MUSCULAR .................................................... 70
6 CONCLUSÕES .................................................................................................................... 72
REFERÊNCIAS........................................................................................................................ 73
17

1INTRODUÇÃO

1.1O MÚSCULO NORMAL


NORMAL

1.1.2 O tecido muscular no desenvolvimento embrionário

No início do estágio embrionário, na fase de nêurula, na parte paraxial da

mesoderme forma-se os somitos, dos quais originam os tecidos muscular, ósseo,

cartilaginoso e dérmico. O destino de cada região dos somitos é especificada por fatores

secretados pelos tecidos adjacentes e sua localização em relação a eles.

Figura 1-A mesoderme de um embrião no estágio de nêurula pode ser dividida em partes que darão origem
aos diversos compartimentos, órgãos e tecidos do corpo. Em laranja esta destacada a região
paraxial de onde serão formados grupos de células mesodérmicas chamadas somitos. Duas regiões
dos somitos sofrem influencia de fatores secretados nas suas proximidades que induzem a formação
do miótomo e consequentemente das células precursoras musculares.
FONTE: modificado Gilbert (2000).

A secreção parácrina de fatores específicos induz duas regiões dos somitos a

sintetizarem fatores de transcrição miogênica bHLH (Basic helix-loop-helix) se

caracterizando em miótomos assim dando origem aos mioblastos.

Os mioblastos, células precursoras do músculo,tornam-se alongados, se alinham e

se fundem para formação de miotubos multinucleados, resultando em células muito longas

chamadas fibras musculares.


18

Figura 2-No
o miotoma os mioblastos, células precursoras musculares, proliferam, sintetizam proteínas
miogênicas bHLH, se alinham e se fundem para a formação de miotubos multinucleados.
FONTE: modificado Gilbert (2000)

A determinação dos mioblastos,


mioblastos, e sua diferenciação em miotubos são controladas

por diversos fatores de transcrição miogênicos (MYFs) pertencem à família protéica HLH

(helix-loop-helix),
helix), que têm um papel fundamental na miogênese e na regeneração. Dentre

estes, o MyoD (antígeno de dif


diferenciação miogênico – MYF3) atua na regulação da

expressão de genes em tempos diferentes durante a miogênese e é essencial no reparo

de lesões musculares, uma vez que participa da ativação das células satélite (CS) (Hawke

e Garry, 2001). O MYF5, estruturalmente


estruturalmente relacionado ao MyoD, também atua na

determinação dos mioblastos durante o desenvolvimento embrionário, auxiliando na

proliferação das CS (Hawke e Garry, 2001). A miogenina (MYF4) é um fator essencial

para a diferenciação de células totipotentes em músculo. A miogenina e MYF6 determinam

a linhagem miogênica e modulam a diferenciação final das CS; O Pax7 (paired box

transcription factor 7), expresso em CS quiescentes e em proliferação. A expressão da

miostatina é detectada nos miótomos, desde o início


início da miogênese e permanece até a

formação do músculo esquelético adulto.


adulto Acredita-se
se que este gene deve controlar o

número de fibras, seu calibre e tamanho durante a miogênese embrionária, fetal e pós-
pós

natal (Kambadur et al.,


., 1997).

1.1.3O
1.1.3O tecido muscular
muscular maduro

As fibras musculares constituem três tipos de tecidos musculares: estr


estriado

esquelético, estriado
ado cardíaco e liso.

Cada músculo é composto de muitos feixes de fibras musculares. Cada fibra tem

diâmetro que varia entre 10 e 100μm, é formada por muitas miofibrilas de diâmetro
di de 1 a
19

2μm, que correm longitudinalmente à fibra muscular. Por sua vez as miofibrilas são

compostas por miofilamentos. É nos miofilamentos que se encontram as estruturas

contráteis do músculo chamadas sarcômeros.

Figura 3-Organização do músculo esquelético. Cada músculo é composto de muitos feixes de fibras
musculares. Cada fibra muscular é composta por muitas miofibrilas, as quais são compostas por
miofilamentos.
FONTE: modificado Johnson e Raven, 2002.

Os sarcômeros são constituidos principalmente por dois tipos de filamentos:

filamento espesso, composto pela proteína miosina; filamento fino, formado por

monômeros de actina, nebulina, tropomiosina e troponina. A organização destas proteínas

revela sob microscopia eletrônica um padrão de bandas claras e escuras que se repetem

ao longo dos miofilamentos (Figura 4).

Banda A

Filamentos finos Filamentos espessos

Figura 4-Eletronmicrografia de fibra muscular. A linha Z serve como bordas dos sarcômeros claramente
visualizados em cada miofibrila. Os filamentos espessos compõem a banda A, os filamentos finos
fazem parte da banda I e da banda A, sobrepondo os filamentos espessos. Na região central da
banda A chamada por banda H, não há sobreposição dos filamentos, por isso a aparência mais
clara.
FONTE: modificado Johnson e Raven, 2002.
20

As bandas espessas e escuras, denominadas bandas A, são compostas por

filamentos de miosina combinadas em feixes. A miosina consiste de seis cadeias

polipeptídicas – duas cadeias pesadas, de 220kD, cuja porção N-terminal, chamada

cabeça, possui atividade ATPásica, e dois pares de cadeias leves diferentes, chamadas

cadeias leves essenciais e cadeias leves regulatórias, cujo peso varia de 15 a 22kD,

dependendo da sua proveniência.

Região N-terminal
denominada cabeça

Molécula de miosina

Feixe de miosina

Figura 5-Representação de uma molécula de miosina representando 2 cadeias pesadas, parte torcida, e 2
cabeças parte globular. Parte de um feixe de miosinas na disposição que compõem o fila espesso
das miofibrilas.
FONTE: modificado Johnson e Raven, 2002.

As bandas finas e claras, também chamadas por bandas I, são compostas de dois

filamentos de actina torcidos em hélice. A actina é uma proteína globular com 375

aminoácidos.

Moléculas de actina

Filamento fino

Figura 6-Filamento fino. Duas cadeias de actina torcidas juntas na forma de hélice.
FONTE: Modificado Johnson e Raven, 2002.

Através de ligações protéicas ocorre a conexão da actina com a membrana

plasmática. Um modelo proposto descreve um importante papel da proteína distrofina

nesta ligação. A distrofina estaria organizada em um dímero antiparalelo com o domínio N-

terminal como ponto de ligação com os filamentos de actina, no interior da fibra muscular e

o domínio C-terminal como sítio de ligação à membrana, através de um complexo de


21

proteínas e glicoproteínas associadas integrais à membrana (Complexo Distrofina


Distrofina-

Glicoproteínas Associadas - DGC) (Ervasti e Campbell, 1993; Ozawa et al., 1995).

O DGC é um complexo oligomérico, formado pelos sub-complexo


sub complexos distroglicano ( α-,
β-DG), sarcoglicano ( α−, β−, γ− e δ−SG), sintrofinas, e distrobrevinas. A associação da

distrofina ao complexo DGC é feita através de sua ligação à proteína -DG. A proteína β β-
DG está associada ao complexo transmembranoso sarcoglicano, e também à proteína

periférica de membrana α-DG. A proteína α-DG


DG é altamente glicosilada e estudos

relacionados a este processo sugerem que este mecanismo teria importante função na

ligação e interação da α-
-DG com a laminina na matriz extracelular, e conseqüentemente,
conseq

no bom funcionamento do músculo esquelético (Muntoni e Voit, 2004). Desta forma, o

DGC promove a ligação entre as proteínas internas da fibra muscular (ligação actina-

distrofina), e a matriz extracelular (associação α-DG-laminina


laminina 2). A laminina 2 é composta

por três cadeias, sendo uma delas a cadeia α2 (Ervasti e Campbell, 1993; Ozawa et al.,

1995).

Figura 7- Complexo Distrofina Glicoproteínas


Glicoproteínas associadas. Ligação do citoesqueleto com a matriz extracelular
da fibra muscular é feita por interações protéicas, em que a proteína distrofina tem um papel central,
ligada na sua porção N terminal à actina, e na sua porção C terminal à Beta Be Distroglicana
associando-se àss demais proteínas do complexo.
FONTE: Modificado de Khurana e Davies (2003).

As fibras musculares podem ser divididas com base na velocidade da contração

exercida: lenta, tipo I , tem rico abastecimento


abastecimento de capilares, muitas mitocôndrias
mitocô e enzimas

respiratórias aeróbicas,
bicas, alta
al concentração de mioglobinas e por isso são
s chamadas de

fibras vermelhas; e rápida, tipo II, com menor quantidade de capilares, mitocôndrias
mitocô e
22

mioglobinas, são chamadas de fibras brancas e são adaptadas


daptadas para respiração

anaeróbica, pois usam glicogênio


glicogê e possuem altas concentrações de enzimas glicolíticas.
glicol

O músculo humano também


també possui uma forma intermediári
ria de fibras que são

rápidas mas também


m tem uma alta capacidade oxidativa, portanto mais resistentes a

fadiga.

1.1.4
1.1.4Regeneração muscular

A regeneração é comandada pelas células satélites


satélite (CS) do músculo. Estas células
c

têm forma alongada e são uninucleadas, e tem papel importante na hipertrofia e no reparo

de lesões sofridas pela fibra muscular. As CS se localizam na periferia dos miotubos e

representam cerca de 30% dos núcleos sublaminares dos músculos


músculos dos membros
membro ( Hawke

e Garry, 2001).

Figura 8- Ativação, diferenciação e proliferação de células satélites na resposta ao a dano muscular. Vários
fatores liberados pelo exercício ou lesão ativam as células satélites fazendo com que estas deixem o
estado quiescente. Neste
Neste estado as células podem proliferar e/ou migrar, nesse caso ao fundir-se
fundir
aos miócitos “danificados”, contribuem para a regeneração da célula.
célula
FONTE: modificado adaptado de Hawke e Garry(2001).

A quantidade de CS depende da idade, espécie e tipo de fibras.


fib As fibras do tipo

glicolítico (rápidas) apresentam quantidade menor de CS, já que estas aparecem em maior

número quando próximas a capilares, mionúcleos e junções neuromusculares (JNM). Isto

significa que as fibras oxidativas possuem aproximadamente 5 vezes mais CS que as

glicolíticas.

Geralmente, as CS se encontram quiescentes no músculo adulto, porém explosões

de atividade muscular após treinamento de resistência ocasionam hipertrofia em


23

decorrência da ativação das CS. A lesão muscular causada pelo exercício intenso provoca

a migração de macrófagos para a região lesada, com conseqüente liberação de citocinas.

As CS são atraídas por quimiotaxia e se fundem a miofibras já existentes, causando

aumento da massa muscular (Hawke e Garry, 2001).

Sugere-se que miostatina no músculo danificado deve agir como um chamariz

químico de fagócitos e células inflamatórias e deve modular o processo de regeneração

através de seu efeito nessas células (Kirk et al., 2000; Sharma et al., 2001).

1.2 O MÚSCULO DISTRÓFICO

1.2.1 Distrofias musculares progressiva

As afecções neuromusculares humanas constituem um grupo heterogêneo de

doenças genéticas caracterizadas por degeneração muscular progressiva, levando ao

desenvolvimento de fraqueza muscular e perda de capacidade motora (Vainzof e Zatz,

2003). Na última década, foram identificadas mutações em vários genes, resultando na

deficiência ou perda de função de diversas proteínas musculares de importância

significativa para o bom funcionamento do músculo. Estudos bioquímicos e

imunohistológicos têm localizado estas proteínas nos diversos compartimentos da fibra

muscular. Associadas à membrana sarcolemal, encontra-se a distrofina, as 4 sarcoglicanas

α−, β−, γ−
( e δ-SG), disferlina e caveolina 3; na matriz extracelular, a α2-laminina e

colágeno VI; nos sarcômeros, a teletonina, miotilina, titina, actina e tropomiosina; no citosol

muscular, a calpaína 3, FKRP, TRIM32, miotubularina; e nos núcleos, a emerina, lamina

A/C, proteína SMN. Algumas das doenças associadas a alterações nestas proteínas são

as distrofias musculares progressivas e as miopatias congênitas.

Dentre as diferentes miopatias, a Distrofia Muscular de Duchenne (DMD) é a mais

comum, com uma incidência de 1 em cada 3000 nascimentos do sexo masculino. Os

sinais clínicos iniciam-se entre 3 e 5 anos de idade (com quedas freqüentes, dificuldades

para subir escadas, correr e levantar do chão), o confinamento em cadeira de rodas se dá

até os 12 anos de idade e os afetados raramente sobrevivem após a terceira década (Zatz,

2001). O gene responsável pela DMD localiza-se no braço curto do cromossomo X (Xp21).
24

O produto do gene é uma proteína de 427-kDa, denominada distrofina, que se localiza na

face interna da membrana das fibras musculares esqueléticas e cardíacas, como visto

anteriormente. Recentemente foram identificadas mutações em diversos genes que atuam

na cascata de glicosilação da α-DG resultando em doenças neuromusculares (Martin,

2003).

A ausência de distrofina no músculo distrófico resulta na deficiência secundária dos

componentes do DGC (Ohlendieck et al., 1991; Ervasti e Campbell, 1993). Como

conseqüência, ocorre a instabilidade desse complexo, e as fibras musculares ficam mais

suscetíveis ao estresse mecânico causado pela contração muscular, levando ao processo

de degeneração em pacientes com DMD. Portanto, as proteínas do complexo DGC

também são de extrema importância para o bom funcionamento do músculo, e assim como

a deficiência de distrofina leva às distrofias de Duchenne, alterações nas proteínas do

complexo DGC causam as distrofias musculares tipo Cinturas (DMC). As formas

autossômicas recessivas mais graves e de início mais precoce são as sarcoglicanopatias,

causadas por mutações nos genes que codificam as 4 proteínas sarcoglicanas

α−, β−, γ− e δ-SG).


( Dentre as formas de distrofias das Cinturas mais benignas, a

deficiência da enzima calpaína 3 causa DMC2A, a deficiência da proteína sarcolemal

disferlina causa a forma DMC2B e a deficiência da proteína sarcomérica teletonina causa

DMC2G. Além disso, mutações no gene LAMA2 que codifica a cadeia α2 da laminina

muscular (laminina2) causam uma forma de distrofia muscular congênita muito grave, a

CMD1A. A α2-laminina é expressa em vários tipos celulares, entre eles células musculares
esqueléticas e cardíacas, células de Schwann, trofoblastos e células de origem

mesenquimal (Vilquin et al., 1999). Em 1994, Tomé et al. identificaram a proteína merosina

ou α2-laminina como a responsável pela patogênese da doença.


Por outro lado, novas formas de distrofias musculares foram recentemente

associadas a mutações em genes que codificam enzimas glicosiltransferases, que

contribuem para a glicosilação da proteína α-DG. Curiosamente, a análise de proteínas em


biópsias musculares destes pacientes mostra uma hipo-glicosilação da α-DG e redução

significativa de numerosos ligantes da matriz extracelular (Muntoni et al ., 2004). Dentro

deste grupo de doenças, nota-se a distrofia das cinturas tipo 2I e forma congênita 1C,

ambas causadas por mutações no gene FKRP que codifica uma possível
25

glicosiltransferase. Além disso, uma nova forma de distrofia muscular congênita, a forma

DMC1D, também foi associada


assoc a mutações no gene LARGE. Este gene está envolvido na
glicosilação da proteína α-DG,
DG, membro essencial na formação e funcionamento do

complexo DGC muscular. Portanto, o estudo da via de glicosilação de proteínas

musculares se tornou muito importante na compreensão de novos mecanismos

causadores de doenças neuromusculares humanas.

Figura 9- Complexo distrofina glicoproteínas associadas


FONTE: Byrne et al.(2003
2003).

1.2.2Modelos
1.2.2Modelos animais para distrofias musculares

Muitos animais apresentam naturalmente fenótipos relacionados com

características já observadas em doenças hereditárias


hereditárias enquanto outros são modificados

geneticamente. Estes animais geralmente apresentam alterações fisiológicas que

aparecem em pacientes humanos. Eles podem servir como ferramentas de estudos

genéticos, clínicos, histopatológicos e terapêuticos ajudando na compreensão da origem

das doenças e suas manifestações nos indivíduos afetados (Vainzof et al , 2007). .


Os modelos murinos são os mais estudados e utilizados para as distrofias

musculares. Porém, outros animais com diferentes miopatias já foram identificados


identificad tais

como os cães Golden Retriever, Beagle, Rottweiler, modelos para DMD e Boston Terrier,

Cocker Spaniel e Chihuahua, modelos para deficiência das proteínas sarcoglicanas

(Shelton
Shelton e Engvall, 2005).
26

1.2.2.1 Distrofinopatias

O camundongo Dmdmdx é modelo mais usado para DMD (Bulfield et al.,1984). O

Dmdmdx tem uma mutação de ponto no gene da distrofina no cromossomo X que causa

uma terminação prematura do polipeptídio (Sicinski et al., 1989), e conseqüentemente

ausência total da proteína no músculo. Esse fato o torna um bom modelo molecular. No

entanto, além de apresentar menor degeneração e maior regeneração muscular, o Dmdmdx


não tem fraqueza muscular significativa e por isso não é usado como modelo clínico de

DMD. O músculo mais afetado, que melhor representa a progressão de fraqueza e

reproduz as transformações de distrofia muscular humana no Dmdmdx é o diafragma,

(Stedman et al., 1991) por esta razão ele é amplamente usado em análises histológicas.

1.2.2.2 Deficiência de alfa 2 laminina

Diversos camundongos modelos com deficiência de alfa 2 lamina foram produzidos.

Dentre eles, dois modelos, com mutações espontâneas no gene LAMA2 foram

identificados no Laboratório Jackson: o camundongo dy/dy (dystrophia-muscularis) e seu

mutante alélico dy2J/dy2J.No modelo dy2J/dy2Ja distrofia é mais branda que no modelo

dy/dy. Ambos exibem deficiência parcial de alfa 2 lamina e são modelos para distrofia

muscular congênita com deficiência de merosina (CMD1A) (Jackson Laboratories).

Estudos moleculares da expressão do gene Lama2 nos camundongos dy/dy


revelaram deficiência de seu mRNA nos músculos esquelético e cardíaco e no nervo

periférico, porem não se sabe ainda qual é a mutação para esse fenótipo (Jackson

Laboratories). Clinicamente esses camundongos são considerados menores e mais fracos.

Geralmente são estéreis. O acometimento muscular começa aproximadamente em 3 ½

semanas de vida, em que ocorre paralisia primeiramente nos músculos posteriores, depois

nos axiais e por último nos anteriores. Eles apresentam defeitos na mielinação de nervos

periféricos e morte prematura, antes dos 6 meses de idade (Vainzof et al , 2007). .


A mutação que ocorre nos modelos Lama2dyJ/J é uma substituição de um G por A,

o que causa splicing anormal e conseqüentemente expressão de múltiplos mRNA. Um

mRNA é traduzido num polipeptídio alfa2 com uma deleção no domínio IV (Sumada et al , .
27

1995). Os efeitos desta mutação são mais brandos que no camundongo dy/dy, porem nos
dois casos as alterações clínicas e histológicas são similares. Os camundongos Lama2dyJ/J
são maiores e mais ativos que os camundongos dy/dy, têm expectativa de vida normal e

são férteis. Foi observado que ao levantar o animal pela cauda ele recolhe os membros em

direção ao tronco (Allamand e Campbell, 2000).

1.2.2.3 Disferlinopatias
Disferlinopatias

O camundongo SJL/J é um modelo natural para diferentes doenças humanas.

Recentemente identificou-se nele uma deleção de 171pb no gene da disferlina, na região

que codifica a maioria dos domínios C2. Essa mutação causa a deleção de 57

aminoácidos, resultando numa molécula 6.5 kD menor que a proteína normal de

aproximadamente 230 kD (Bittner et al., 1999) e provocando sua instabilidade. O SJL/J


apresenta uma redução média de 85% nos níveis de disferlina, tornando-o um bom modelo

para LGMD2B (Vainzof et al.,2003).

Ele desenvolve uma miopatia espontânea caracterizada por progressão lenta de

perda muscular (Bittner et al., 1999) e força correspondente a um aumento da patologia do

músculo incluindo fibras musculares com núcleos centrais, variação de calibre, splitting,
infiltração inflamatória, necrose e eventual substituição de músculo por tecido gorduroso

(Vainzof et al.,2003). Este quadro afeta primeiramente os músculos proximais enquanto os

músculos distais permanecem menos afetados. Cruzamentos subseqüentes de

SJLxC57BL/10 revelaram que o fenótipo muscular apresentado é herdado como caráter

autossômico recessivo(Bittner et al., 1999).

Este camundongo é extremamente suscetível a doenças autoimune, linfoma e

infecções virais. Geralmente os machos (Jackson Laboratories) têm um comportamento

agressivo (Hoet al., 2004).

1.2.2.4 Defeitos de glicosilação

No camundongo, o gene que codifica uma possível glicosiltransferase é o Large.


Deleções que retiram os exons 4-6 resultam na alteração da glicosilação da alfa
28

distroglicana e são responsáveis pelo fenótipo miodistrófico Largemyd),


( destacando

comprometimento do músculo esquelético, coração, retina, sistema nervoso periférico e

sistema nervoso central (Vainzof et al , 2007). .


Os camundongos homozigotos Largemyd apresentam distrofia muscular progressiva

grave e cardiomiopatia branda. Podem ser reconhecidos com 12-15 dias pelo seu tamanho

reduzido e postura anormal (Browning et al., 2005). Defeitos neuronais aparecem no

cérebro principalmente no córtex e cerebelo, também presentes no camundongo deficiente

de fukutina.

1.3
1.3 MIOSTATINA

A miostatina, também conhecida como GDF-8, é um membro da superfamília de

β
fatores de crescimento TGF- , que é composta por fatores de crescimento e diferenciação

do desenvolvimento embrionário e manutenção da homeostase tecidual (McPherron e Lee,

1997).

A miostatina é codificada pelo gene MSTN, localizado em 2q32.2 em humanos e

em camundongo esta em 1 27.8 cM (Szabo et al.,1998). O gene MSTN foi seqüenciado

por Ferrel et al.(1999), e é constituído por três exons intercalados por dois introns,

contendo 7,7 kb e um mRNA de 3,1 kb. Vários polimorfismos foram identificados em

humanos.

A miostatina é uma proteína com 375 aminoácidos, contendo uma seqüência

sinalizadora de secreção, um sítio de processamento proteolítico e nove resíduos de

cisteínas na sua porção C-terminal. Em eletroforese realizada em condições não redutoras,

pode-se observar duas bandas de massas de 101 kDa e 25 kDa, consistentes com o

tamanho esperado para as formas diméricas não-processadas e processadas,

respectivamente (McPherron e Lee, 1997).

Normalmente a miostatina está em estado inativo, no qual a região madura C-

terminal da molécula fica ligada não covalentemente ao seu pró-peptideo na região N-

terminal. O pró-peptideo tem função inibitória sobre a proteína, pois inibe a sua ligação ao

receptor (Lee e McPherron, 2001). Esse complexo latente pode ser ativado in vitro pela
29

clivagem do pró-peptideo com membros da família das metaloproteinases BMP-1/TLD

(bone morphogeneticprotein-1/tolloid)(Wolfman et al., 2003).

Após a ativação de seu estado latente, o dímero C-terminal da miostatina é capaz

de ligar aos receptores e ativar uma cascata de transdução de sinal na célula-alvo.

Estudos com miostatina recombinante purificada demonstraram que ela é capaz de se ligar

aos receptores activina tipo II(receptores transmembrana serina/treonina quinase): ActRIIA

e ActRIIB in vitro (Lee e McPherron 2001; Rebbapragada et al., 2003). A ligação ao ActRII
leva a fosforilação e ativação do receptor Activina tipo I, que por sua vez inicia uma

cascata de sinalização pela fosforilação das proteínas Smad2 e Smad3. Após a

fosforilação as Smads formam heterodimeros com a CoSmad4. Esses complexos de

Smads ativados são translocados do citoplasma para o núcleo onde eles regulam a

transcrição de genes alvos(Langley et al., 2002) (Shi e Massague, 2003).

A localização celular da miostatina parece depender do estado anatomo-patológico

do músculo e do estágio de diferenciação muscular. Acredita-se também que a miostatina

deve desempenhar diferentes papéis na dinâmica de desenvolvimento e do processo de

degeneração/regeneração musculares (Sharma et al., 2001). Wehling et al. (2000)

encontraram a proteína nas junções miotendinosas em músculo normal e em processo de

reposição de massa muscular perdida por falta de uso. A miostatina foi encontrada

também no citoplasma de fibras musculares e nos mionúcleos de músculo denervado, em

processo de degeneração/regeneração e de ganho de massa muscular (Sakuma e cols.,

2000). Por outro lado, marcação positiva para miostatina foi também encontrada em

células não musculares, como os macrófagos e fibroblastos no tecido muscular em

processo de regeneração (Yamanouchi et al., 2000).

1.3.2
1.3.2 Expressão da Miostatina
Miostatina durante o desenvolvimento

A análise da expressão de miostatina nos diferentes estágios de desenvolvimento

embrionário mostrou que nos estágios mais incipientes, sua expressão é restrita aos

somitos em desenvolvimento. O mRNA da miostatina pode ser detectado desde 9,5 dias

post-coitum (p.c.), em cerca de um terço dos somitos. Por volta do dia 10,5 p.c. a

expressão parece estar localizada no miótomo. Em estágios mais avançados de


30

desenvolvimento a miostatina é encontrada em uma ampla gama de músculos em

desenvolvimento (McPherron et al., 1997).

Em animais adultos, a miostatina continua a ser expressa quase que

exclusivamente na musculatura esquelética. Entretanto, quantidades residuais de

miostatina foram detectadas também em tecido adiposo. A expressão no músculo

esquelético é disseminada, embora, exista variação de expressão em músculos diferentes

(McPherron et al., 1997). A miostatina é expressa também na musculatura cardíaca

(Sharma et al., 1999).

1.3.3
1.3.3 Função da miostatina e associação com doenças

Diversos estudos tentam explicar a interação da miostatina com os tecidos do

corpo, e sua relação com doenças humanas.

Recentemente a miostatina foi relacionada com doenças como obesidade e

diabetes. Administrando uma dieta rica em gordura para camundongos selvagens e

transgênicos para a miostatina, et al.(2005) constataram que nesta dieta o camundongo

selvagem apresentou resistência a insulina. Em seu sangue havia maior concentração de

glicose, enquanto o animal transgênico, com inibição da miostatina, conseguiu manter os

mesmos níveis de glicose que os camundongos transgênicos e selvagens alimentados

com uma dieta balanceada de nutrientes. Em outro estudo Hitell et al.(2009) observaram

um aumento da secreção de miostatina em miotubos em cultura de mulheres obesas.

Resultados encontrados por Feldman et al.(2006) revelaram que a miostatina, a

semelhança com a dexametasona, também tem a capacidade de induzir a adipogenese de

uma linhagem de células pluripotentes. Entretanto, os adipócitos formados são menores,

expressam marcadores de adipócitos imaturos e teriam a sensibilidade a insulina

aumentada.

Um estudo realizado por Roth et al.(2003) verificou que a expressão da miostatina

estava reduzida em 37% em indivíduos sedentários que participaram de um programa de

treinamento físico intenso, concluindo que a miostatina responde à carga muscular em

alguns casos, e, portanto é um regulador do tamanho celular. A expressão da miostatina


31

parece, portanto, depender do tipo de contração muscular realizada, bem como a

freqüência, intensidade e duração dos estímulos (Sakuma et al ., 2000).


Aumento da quantidade de miostatina foi observado em humanos em conseqüência

da inatividade (Zimmers et al., 2002) e em casos de perda de massa muscular, como

verificado em homens portadores de HIV (Gonzales-Cadavid et al., 1998).

Durante o processo de regeneração muscular é observado uma elevação na

replicação de células satélites. A expressão de miostatina em fibras em processo de

regeneração é diferente entre fibras que sobreviveram ao processo de degeneração e

fibras danificadas em regeneração. Nas primeiras a expressão é alta o que deve inibir a

multiplicação de mioblastos, nas outras a expressão é baixa, ou seja, a multiplicação de

mioblastos não é inibida (Kirk et al., 2000; Sharma et al., 2001).

Estudos em cultura de mioblastos demonstraram que a miostatina atua bloqueando

as fases G1 e G2 do ciclo celular, regulando proteínas importantes ao ciclo como Cdk2,

p21 e Rb sem afetar o mecanismo de apoptose dos mioblastos. Em resposta à sinalização

da miostatina, a proteína p21 é hiper-regulada inibindo a atividade ciclina E/Cdk2 causando

a hipofosforilação da proteína Rb e parando o ciclo celular na fase G1 (Thomas et al.,

2000).

1.3.4
1.3.4 Inibição da Miostatina como abordagem terapêutica
terapêutica

Muitos estudos enfatizam a inibição da miostatina porque o tratamento de doenças

musculares pela maioria das abordagens farmacológicas tem sido decepcionante (Rodino-

Klapac, 2009). Por causa do importante papel da miostatina no desenvolvimento e

regeneração do músculo, terapias com bloqueio de miostatina estão sendo testadas em

modelos animais de distrofias musculares (Bogdanovich et al , 2002). . Outros ainda focam

no objetivo de produzir animais com maior massa muscular, o que seria vantajoso para a

pecuária.

.
Lee et al (2005) descreveram um potente inibidor da miostatina (ACVR2B) que

quando injetado em camundongos selvagens resulta em aumento de massa muscular. Em

seu estudo demonstraram que o efeito do ACVR2B é atenuado em indivíduos nulos para a
32

miostatina, sugerindo que existe pelos menos uma outra substância que normalmente

funciona limitando o crescimento da musculatura.

Em pesquisa realizada por Parsons et al.(2006), comparou-se a inibição da

miostatina com anticorpos monoclonais em estágios iniciais de desenvolvimento com

estágios tardios em animais nulos para delta sarcoglicana. Eles observaram aumento de

massa muscular, regeneração e redução de fibrose em estágios iniciais e sugeriram que a

inibição pode ser benéfica em período inicial de vida ou quando a doença é branda.

Heineke et al.(2010) após induzirem danos cardíacos em camundongos,

detectaram aumento das concentrações plasmáticas de miostatina e conseqüente

diminuição da massa muscular esquelética. Com estes dados os autores apontam a

miostatina liberada na circulação sistêmica por cardiomiócitos como causadora da

caquexia que ocorre em pacientes que sofrem de falhas cardíacas.

Em experimentos realizados com camundongos deficientes para alfa-laminina2 e

nulos para a miostatina, Li et al.(2005) observaram maiores taxas de morte pós-natal, o

aumento de musculatura e regeneração muscular concomitantemente ao aumento da

formação de gordura, demonstrando que a ausência desta proteína não reduziu a

patologia muscular dos indivíduos afetados.

Haidet et al.(2008) testaram a injeção intramuscular pós-natal de vírus adeno-

associado (AAV) codificando proteínas que inibem a miostatina. Em camundongos

selvagens ocorreu o aumento da musculatura e da força. Interessante que em Dmdmdx o

tratamento reverteu a patologia muscular e melhorou a força, mesmo quando administrada

para animais de 6 meses.

Ainda que ocorra o aumento da musculatura na ausência de miostatina, a força

muscular é menor em camundongos deficientes de miostatina que em camundongos

.
selvagens (Amthor et al , 2007).

Visto que o papel da miostatina no processo distrófico não está bem estabelecido,

este trabalho se faz de extrema importância na tentativa de explicar uma possível relação

desta proteína com o processo distrófico.


33

2 OBJETIVOS
OBJETIVOS

Avaliar e comparar a expressão da miostatina em quatro modelos murinos para

distrofias musculares com diversos padrões de fraqueza muscular: Dmdmdx, SJL, Largemyd,
Lama2dyJ/J.
Objetivos Específicos:

• Avaliar e comparar a expressão do mRNA da miostatina, por PCR em tempo real

no músculo gastrocnêmio e diafragma dos animais das diferentes linhagens.

• Comparar a expressão da miostatina com as alterações histopatológicas dos

músculos estudados e correlacionar com o grau de fraqueza muscular

característico de cada linhagem.


34

3 MATERIAL E METODOLOGIA

3.1 OBTENÇÃO DOS ANIMAIS E MANUTENÇÃO DA COLÔNIA.

Os animais deste projeto são mantidos no biotério do Centro de Estudos do

Genoma Humano, o qual está devidamente equipado para abrigar estes animais, em

temperatura constante e boas condições de higiene e saúde. Os animais recebem

alimentação e água ad libidum .


Foram utilizadas as linhagens de camundongos Dmdmdx (Bulfieldet al., 1984),

B6.WK- Lama2dyJ/J (Meier e Southard, 1970), SJL/J (Welleret al., 1997), Largemyd
(Grewal e Hewitt, 2002), e C57Black6 (camundongo normal).

Os camundongos Lama2dyJ/J (000524), SJL/J (000686) e Largemyd/J (000226)

foram importados do laboratório Jackson (www.jaxmice.org).

3.2 EXTRAÇÃO DE DNA E GENOTIPAGEM


GENOTIPAGEM

Duas linhagens são genotipadas em nosso laboratório: modelo Largemyd e o modelo


Lama2dyJ/J. Para estas genotipagens os animais foram identificados previamente com

furos na orelha, fragmentos de cauda foram colocados em tubos identificados com solução

de extração e Proteinase K e incubados a 55ºC over night. Após incubação o DNA foi

precipitado com isopropanol e ressuspendido com TE.

Para o modelo Largemyd, utilizou-se uma reação de PCR multiplex que amplifica o

alelo mutado e o alelo normal simultaneamente. Se o indivíduo for homozigoto para a

mutação, a reação amplifica apenas o alelo mutado (421 pb). Se ele for normal, apenas o

alelo normal (162 pb). Se for heterozigoto, os dois alelos são amplificados. Os

oligonucleotideos usados (Browning, 2005) nesta etapa estão no quadro 1. O resultado

desta reação pode ser observado na eletroforese das amostras em gel de agarose 2%.
35

Quadro 1-Oligonucleotídeos
ligonucleotídeos utilizados pra genotipagem do modelo Largemyd.
Mouse wild type forward (MWTF) GGC CGT GTT CCA TAAA GTT CAA
Mouse wild type reverse (MWTR) GGC ATA CGC CTC TGT GAA AAC
Mutation forward (MUTF) ATC TCA GTC CCA AAG GGT GAAG
Mutation reverse (MUTR) GCC AAT GTA AAA TGA GGG GAA A

421pb

162pb

myd
Figura 10- Genotipagem dos camundongos Large . Eletroforese dos produtos
dutos do PCR multiplex em gel de
agarose 2% corado com brometo de etideo.

Para o modelo Lama2dyJ/J, utilizou-se


se uma reação de PCR que amplifica um

fragmento de 170pb contendo a mutação. Após o PCR é feito uma reação de digestão com

a enzima NDE1, pois esta mutação cria um sítio de restrição que é possível
poss digerir com

esta enzima. Após a eletroforese


elet dos produtos, se o indivíduo
duo for normal aparece uma

banda referente
nte ao alelo normal. Se o indivíduo
indivíduo for homozigoto para a mutação, aparecem

duas bandas referentes


rentes a digestão do alelo mutado. Se for heterozigoto,os dois alelos são

amplificados e o mutado é digerido, portanto aparecem três bandas. O resultado desta

reação pode ser observado na eletroforese das amostras em gel de acrilamida.

377pb
213pb
164pb

dy-2J
Figura11- Genotipagem de Lama2 /J,, após digestão. Gel de acrilamida corado com brometo de etídio. 1-
1
camundongo normal; 2-
2 camundongo heterozigoto; 3- camundongo afetado.
36

Após a genotipagem, os animais afetados foram separados em nova gaiola para

envelhecerem até atingirem as idades requisitadas nos experimentos do laboratório.

Quando necessário são formados novos casais de heterozigotos. Os normais podem ser

destinados como indivíduo controle em alguns estudos.

Foram utilizados:

Seis camundongos SJL/J com 3 meses.


Cinco camundongos Largemyd com 3 meses.
Seis camundongos Lama2dy-2J/J com 3 meses.
Seis camundongos Dmdmdx com 3 meses.
Seis camundongos normais C57BL 3 meses.
Os indivíduos selecionados foram eutanaziados em cubas de CO2.

3.3 SELEÇÃO E PREPARAÇÃO DOS


DOS MÚSCULOS

A partir de necropsia foram coletados diafragma e gastrocnêmio de cada animal.

Os fragmentos musculares foram destinados à histologia e a estudos moleculares.

3.4 PREPARAÇÃO DE LÂMINAS HISTOLÓGICAS

Os fragmentos destinados a histologia foram crioprotegidos com talco,

subseqüentemente envoltos por resina Tissue-tec®(Sakura, Japão) e montados em uma

rolha de cortiça previamente identificada, mantendo as fibras musculares na orientação

vertical em relação à superfície da rolha. O conjunto foi congelado e armazenado em

nitrogênio líquido.

As lâminas de vidro foram cobertas com polilisina para aumentar a aderência do

corte histológico à lâmina.

Os fragmentos musculares foram seccionados transversalmente com espessura de

6μm num micrótomo criostato à temperatura de –25oC. Em seguida as lâminas foram

armazenadas em freezer –70oC.


37

3.5 HISTOLOGIA

3.5.1 Coloração de Hematoxilina-


Hematoxilina-Eosina (HE)

A coloração de HE permite analisar a morfologia das fibras musculares e dos

tecidos adjacentes, podendo-se observar se existe ou não hiperplasia, hipertrofia,

presença de regeneração/degeneração, estruturas anormais, entre outros. Esta reação foi

realizada de acordo com a descrita em Dubowitz, 1985.

3.5.2 Coloração com Picro Sirius ®

A coloração com Picro Sirius ® permite a visualização dos tecidos conjuntivos

perimisial e endomisial de tecidos musculares. Através de um microscópio óptico com

câmera fotográfica acoplada e conectada a um computador é possível fazer a

quantificação proporcional entre a área de tecido conjuntivo e a área total de um campo

selecionado. Esta reação foi realizada de acordo com as seguintes etapas:

Primeiramente as lâminas com os cortes histológicos ficam submersas por 20

minutos em Bouim para a fixação do tecido. Depois elas passam por um banho de água

corrente para retirar o excesso de Bouim. Em seguida são submersas em solução de Sirius

Red® com ácido pícrico. Após aproximadamente 30 minutos é feita a desidratação em

série de 2 minutos em cada desidratante seguinte: em álcool 90%, álcool 100%, solução

de álcool mais xilol e por ultimo xilol. As lâminas são retiradas uma por vez para serem

montadas com resina para montagem histológica e lamínula.

Para a quantificação utiliza-se o software KS 300 (2002) da Carl Zeiss, o qual

calcula a área relativa ao tecido conjuntivo (corado em vermelho) em relação à área total

do corte.
38

3.6 ESTUDOS MOLECULARES

Cada fragmento destinado a estudos moleculares foi congelado em nitrogênio

líquido, macerado com pistola em banho de nitrogênio líquido e dividido em duas partes,

uma para extração de proteínas e outra para extração de DNA e RNA.

3.6.1Extração
3.6.1Extração de RNA total

O RNA total foi extraído dos músculos coletados, a partir de material macerado com

pistola em banho de nitrogênio líquido e estocado também em nitrogênio líquido. A

extração de RNA do material pulverizado foi realizada com o reagente Trizol® (Invitrogen

Inc Brasil), conforme as especificações do fabricante. O RNA foi diluído em água tratada

com dietilpirocarbonato 0,01% (DEPC) (livre de ribonucleases) e guardado em freezer –

70oC.

3.6.2 Síntese de cDNA total

O RNA foi quantificado em espectrofotômetro no comprimento de onda de 260 nm,

1 µg de RNA total foi utilizado para a síntese de cDNA, a qual foi realizada conforme

protocolo da enzima MMLV (Invitrogen).

3.6.3Análise
3.6.3Análise de Expressão da miostatina

Em um primeiro momento os cDNAs foram testados através da reação em cadeia

da polimerase convencional (PCR), com um par de “oligonucleotideos” que amplificam o

gene endógeno GAPDH. µ


De cada amostra 2 l. do produto de PCR foi misturado com o

mesmo volume de tampão de corrida e aplicado em gel de poliacrilamida. Como todos

amplificaram, foi feito o PCR Real Time para os pares de oligonucleotideos dos genes da

miostatina e do endógeno GAPDH.


39

3.6.4 PCR em Tempo Real (Q-


(Q-PCR)-
PCR)- quantificação relativa da expressão da miostatina

As amostras de cDNA foram aplicadas em triplicatas em placa ótica de 96 poços. A

cada amostra foi adicionado o par de primers do gene de interesse e o MasterMix contendo
Sybr Green (Applied Biosystems), num volume total de 25μL. A corrida das placas foi feita

no termociclador para Real-Time 7500 da Applied Biosystems.

Quadro2- Pares dos oligonucleotideos para amplificação do gene alvo da miostatina e o gene

endógeno GAPDH.
MIOSTATINA forward (MSTN F) AACCTTCCCAGGACCAGGAG
MIOSTATINA reverse (MSTN R) CATCGCAGTCAAGCCCAAAG
GAPDH forward AGGTCGGTGTGAACGGATTTG
GAPDH reverse TGTAGACCATGTAGTTGAGGTCA

Para quantificação relativa da expressão da miostatina, foi necessário realizar uma

curva padrão com diferentes diluições de um cDNA controle. Nesta etapa é determinado o

threshold, o qual é um valor arbitrário do limiar que determina o ciclo onde é medida a

fluorescência em cada reação (Ct). O valor Ct é usado pelo programa para calcular a

expressão de um gene da amostra alvo.

Os valores obtidos foram comparados quanto à sua significância estatística com o

auxílio do programa MiniTab. O teste realizado foi o não-paramétrico de Mann-Whitney.


40

4 RESULTADOS

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA


AMOSTRA

Foram avaliados no total 36 animais, pertencentes a 5 diferentes linhagens: C57Bl,


SJL/J, Dmdmdx, Largemyd e Lama2dy2J/J,conforme ilustrado no Quadro 3. De acordo com os

resultados obtidos e da viabilidade de material, o número de animais nos diferentes testes

variou.

Quadro3- Animais avaliados por cada metodologia

SEMI QUANTITATIVO QPCR HISTOLOGIA


DIAFRAGMA GASTROCNÊMIO DIAFRAGMA GASTROCNÊMIO DIAFRAGMA GASTROCNÊMIO
C57Bl C19 C19

C20 C20 C 20 D C 20 G C20G

C21 C21D C21G

C22 C22 C22D C22G

C23 C23 C 23 D C 23 G C23D C23G

C24 C24 C 24 D C 24 G

C25 C25 C 25 G C25D C25G

C46 C46 C 46 D C 46 G C46D C46G

C47 C47 C 47 D C 47 G

C48 C48

SJL/J S1

S2 S2 S 2D S 2 G S2D

S3 S3 S 3D S 3 G S3D S3G

S4 S4 S 4D S 4 G S4D S4G

S5 S5 S 5D S 5 G S5D S5G

S6 S6 S 6D S 6 G S6D S6G

S7 S7 S 7D S 7 G S7D

Dmdmdx M8

M9 M9 M 9D M 9 G M9D M9G

M10 M18G

M25 M 25D M 25 G M25D M25G

M26 M26 M 26D M 26 G M26D M26G


41

M27 M27 M 27D M 27 G M27D M27G

M28 M28 M 28D M 28 G M28D M28G

M29 M29 M 29D M 29 G M29D M29G

Largemyd L118 L118 L 118D L 118 G L118G

L121 L121 L 121D L 121 G L121D L121G

L123 L123 L 123D L 123 G L123D L123G

L129 L129 L 129D L129D L129G

L130 L130 L 130D L 130 G L130G

L131

L132

Lama2dy2J/J 2J61 2J61 2J 61D 2J 61 G 2J61D 2J61G

2J69 2J69 2J 69 G 2J69G

2J70 2J70 2J 70 G 2J70D 2J70G

2J79 2J79 2J 79D 2J 79 G

2J88 2J88 2J 88D 2J 88 G 2J88D 2J88G

2J92 2J92 2J 92D 2J92D 2J92G

4.2 ANÁLISE DE EXPRESSÃO DA MIOSTATINA


MIOSTATINA

4.2.1 Análise
Análise semiquantitiva.

A avaliação do nível de expressão da miostatina nos diferentes grupos de modelos

murinos para distrofias musculares, foi realizado através do método semiquantitativo, com

reações de PCR para amplificação do cDNA da miostatina em 27 e 30 ciclos. Utilizou-se

como gene endógeno o GAPDH. Um exemplo representativo do padrão de amplificação e

corrida em gel de acrilamida estão ilustrados na figura 12.


42

GAPDH
110pb

101pb
MSTN

Figura12-Exemplo de gel de acrilamida com produtos da amplificação do cDNA dos gene GAPDH(110pb)e
MSTN(101pb), com 27 e 30 ciclos, no músculo gastrocnêmio de 3 camundongos modelos. S6 e S7
mdx
são SJL/J, M28 é Dmd .

As bandas geradas foram quantificadas quanto à sua intensidade através do

software Scion Image. Os resultados estão apresentados no Quadro 4.

Quadro 4- Análise da intensidade das bandas resultantes da eletroforese dos produtos de PCR de
27 e 30 ciclos para os genes GAPDH e MSTN no músculo diafragma, quantificadas pelo
software Scion Image, e a relação MSTN/GAPDH entre as bandas de miostatina com
GAPDH.

DIAFRAGMA GASTROCNÊMIO
27 ciclos 30 ciclos 27 ciclos 30 ciclos
MSTN/GAPDH MSTN/GAPDH MSTN/GAPDH MSTN/GAPDH
C19 0,08 0,145 C19 0,265 0,296
C20 0,324 0,435 C20 0,278 0,258
C22 0,193 0,479 C21 0,375 0,219
C23 0,025 0,079 C22 0,135 0,366
C57BL C24 0,399 0,711 C23 0,349 0,332
C25 0,016 0,101 C24 0,186 0,299
C46 0,203 0,368 C25 0,414 0,471
C47 0,172 0,405 C46 0,285 0,335
C48 0,11 0,293 C47 0,235 0,567
C48 0,232 0,333
S2 0,176 0,49 S1 0,13 0,288
S3 0,241 0,527 S2 0,257 0,388
SJL/J S4 0,153 0,372 S3 0,211 0,409
S5 0,2 0,276 S4 0,252 0,448
S6 0 0,083 S5 0,322 0,5
S7 0,138 0,373 S6 0,181 0,234
43

S7 0,227 0,372
M9 0,18 0,423 M8 0,206 0,462
M25 0,109 0,464 M9 0,212 0,343
M26 0,15 0,258 M10 0,259 0,385
Dmdmdx M27 0,22 0,364 M25 0,288 0,439
M28 0,362 0,418 M26 0,156 0,401
M29 0,299 0,812 M27 0,367 0,384
M28 0,234 0,406
M29 0,152
L118 0,027 0,133 L121 0,24 0,303
L121 0,024 0,109 L123 0,146 0,328
Largemyd L123 0 L129 0,139 0,216
L129 0,154 0,183 L130 0,114 0,216
L130 0,135 0,372 L131 0,115 0,236
L132 0,183 0,381
L118 0,273 0,342
2J61 0,251 0,501 2J61 0,251 0,355
2J69 0,118 0,364 2J69 0,235 0,496
dy2J
Lama2 /J 2J70 0,281 0,377 2J70 0,193 0,286
2J79 0,186 0,506 2J79 0,161 0,317
2J88 0,131 0,503 2J88 0,32 0,376
2J92 0,322 0,636 2J92 0,257 0,295

Como esta técnica não demonstrou ser muito sensível para o número de ciclos

escolhidos para a reação de PCR, possivelmente porque algumas amostras atingiram as

proximidades do platô da curva de amplificação, decidimos selecionar apenas amostras

onde houvesse uma diferença na relação MSTN/GAPDH entre 27 e 30 ciclos de pelo

menos 0,100 unidades de medida.

Desta forma, identificamos 32 animais onde o teste foi considerado semiquantitativo.

Quadro5- relação de animais selecionados para a análise semiquantitativa da miostatina


(MSTN/GAPDH>0,100 unidades)
DIAFRAGMA GASTROCNÊMIO

C20
C22 C22G
C24 C24G
C46
C47 C47G
C48 C48G
S1G
44

S2 S2G
S3 S3G
S4 S4G
S5G
S6
S7 S7G
M8G
M9 M9G
M10G
M25 M25G
M26 M26G
M27
M28G
M29
L123G
L118
L121
L130 L130G
L131G
2J61 2J61G
2J69 2J69G
2J70G
2J79 2J79G
2J88
L132G
2J92

As medidas das expressões semiquantitativas da miostatina foram agrupadas em

médias de cada grupo de animais e músculos e foi realizada analise por teste de Mann

Whitney, que não mostrou diferenças estatisticamente significativas entre os grupos

afetados, quando comparados ao controle conforme observado nas figuras13 e 14.


45

Figura 13-Comparação gráfica entre as médias das semiquantificações da expressão da miostatina dos
controles normais e animais afetados no diafragma.

mdx myd dy2J


C57BL SJL/J Dmd Large Lama2 /J

Figura 14- Comparação gráfica entre as médias das semiquantificações da expressão da miostatina dos
controles normais e animais afetados no gastrocnêmio.

4.2.2 Análise
Análise quantitativa da expressão
expressão da miostatina por PCR em tempo real (qRT-
(qRT-PCR)

4.2.2.1
4.2.2.1 Padronização da metodologia para os genes em estudo

Os pares de oligonulcleotideos GAPDH e MSTN passaram por uma padronização

prévia para a confirmação de sua especificidade e determinação da concentração ideal de

cDNA a ser utilizada nas reações seguintes no equipamento de Q-PCR.


46

Na figura 15 abaixo pode-se observar respectivamente: as curvas geradas pela

amplificação de 5 concentrações do cDNA controle: puro, 1:1, 1:3, 1:7, 1:15, para os pares

de oligonulcleotideos GAPDH e MSTN. Nesta etapa estabeleceu-se o threshold, o limiar

que intercepta a curva de amplificação no ciclo quantitativo, e posteriormente, as

informações dos valores do slope e do R2 de cada uma (Quadro 6). Esses valores revelam
respectivamente, a inclinação da curva e a eficiência da curva gerada, e são importantes

para os cálculos das quantificações das expressões.

GAPDH
Threshold
0.1948304

MSTN
Threshold
0.0896150

Figura 15-Curvas de amplificação para padronização do Q-PCR. No eixo X estão números de ciclos e no eixo
Y está a fluorescência emitida na amplificação. Foram testados pares de oligonulcleotideos GAPDH
e MSTN em cDNA de camundongo normal C57BL47 nas concentrações puro, 1:1, 1:3, 1:7 e 1:15.

Quadro 6- Valores obtidos do Threshold na padronização do PCR de tempo real. Slope:


inclinação da curva de amplificação e respectivo R2.
GENE Threshold
Slope R2
-
GAPDH 0.1948304 3,642031 0,996546
-
MSTN 0.08961505 3,633197 0,970398
47

4.2.2.2
4.2.2.2 Análise da Miostatina nos músculos diafragma e gastrocnêmio do grupo controle

Para a análise relativa do qRT-PCR, deve-se determinar uma amostra que será

considerada como normalizadora para o grupo avaliado. Neste teste, determinamos a

média de ddCT de todas as amostras avaliadas, e definimos como normalizador a amostra

de valor mais próximo a esta média. Esta corresponde ao cDNA da amostra C57BL46D.
Os resultados da expressão relativa de cada amostra estão demonstrados no Quadro7, e a

distribuição, na figura 16.

Quadro7- Expressões relativas da miostatina nos músculos diafragma e gastrocnêmio dos animais
C57BL usados como controles normais.
Controles Expressão relativa
normais D e G ddCT da miostatina
C57BL 20 D 1,27 0,74

C57BL 23 D -0,09 1,15

C57BL 24 D 0,42 0,99

C57BL 46 D 3,72 0,00

C57BL 47 D 3,87 -0,04

C57BL 20 G 4,76 -0,31

C57BL 23 G 5,27 -0,47

C57BL 24 G 3,74 -0,01

C57BL 25 G 5,02 -0,39

C57BL 46 G 5,03 -0,39

C57BL 47 G 4,78 -0,32

Média 3,43
48

EXPRESSÃO RELATIVA DA MIOSTATINA NOS MÚSCULOS


DIAFRAGMA E GASTROCNÊMIO DE ANIMAIS CONTROLE
C57Bl

1,5

0,5

0
C57BL 20 D

C57BL 23 D

C57BL 24 D

C57BL 46 D

C57BL 47 D

C57BL 20 G

C57BL 23 G

C57BL 24 G

C57BL 25 G

C57BL 46 G

C57BL 47 G
-0,5

-1

Figura 16-Gráfico das expressões relativas da miostatina nos músculos diafragma e gastrocnêmio de animais
controle. Os dados foram normalizados para a amostra C57BL 46 D, a qual obteve valor mais
próximo da média das expressões entre os dois grupos musculares dos animais controles.

Os valores obtidos foram agrupados, obtendo-se a média para cada grupo. Os

resultados estão demonstrados na figura 17. Para verificar a significância entre as

diferenças apresentadas pelos valores de diafragma e gastrocnêmio das amostras

controles, foi feito o teste Mann-Whitney, em que observou-se diferença na expressão de

miostatina entre os músculos gastrocnêmio e diafragma nos animais normais (p<0,05).

MÉDIAS DAS EXPRESSÕES DOS MUSCULOS DIAFRAGMA E


GASTROCNÊMIO EM NORMAIS
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
-0,1 DIAFRAGMA
DIAPHRAGMA GASTROCNÊMIO
-0,2
-0,3
P= 0,0137
-0,4
Figura 17-Comparação gráfica entre as médias das expressões dos músculos diafragma e gastrocnêmio em
controles normais.
49

4.2.2.3 Análise da
da Miostatina nos músculos diafragma e gastrocnêmio dos diferentes
grupos de animais distróficos
Como houve diferença significativa na expressão da miostatina no diafragma

quando comparado ao gastrocnêmio, decidimos realizar as análises dos dois músculos

de forma separada, mas continuando a usar como normalizador a mesma amostra do

controle normal C57BL46D, para permitir uma melhor comparação dos resultados. A

figura 18 mostra os resultados comparativos no músculo diafragma, e a figura 19, no

músculo gastrocnêmio. Todos os grupos experimentais apresentaram expressão mais

reduzida da miostatina em ambos os músculos.

DIAFRAGMA
1,5

0,5

0
SJL 2D
SJL 3D
SJL 4D
SJL 5D
SJL 6D
SJL 7D

MDX 25D
MDX 26D
MDX 27D
MDX 28D
MDX 29D
MDX 9D

LARGE 118D
LARGE 121D
LARGE 123D
LARGE 129D
LARGE 130D
C57BL 20D
C57BL 23D
C57BL 24D
C57BL 46D
C57BL 47D

2J 61D
2J 69D
2J 70D
2J 79D
2J 88D
2J 92D
-0,5

-1

-1,5

Figura18- Gráfico das expressões relativas da miostatina no músculo diafragma de todos os animais avaliados.
Os dados foram normalizados para a amostra C57BL46D.

Gastrocnêmio
0
SJL 2 G
SJL 3 G
SJL 4 G
SJL 5 G
SJL 6 G
SJL 7 G

MDX 25 G
MDX 26 G
MDX 27 G
MDX 28 G
MDX 29 G
MDX 9 G

LARGE 118 G
LARGE 121 G
LARGE 123 G
LARGE 130 G
C57BL 20 G
C57BL 23 G
C57BL 24 G
C57BL 25 G
C57BL 46 G
C57BL 47 G

2J 61 G
2J 69 G
2J 70 G
2J 79 G
2J 88 G
2J 92 G

-0,5

-1

-1,5

-2

-2,5

Figura 19-Gráfico das expressões relativas da miostatina no músculo gastrocnêmio de todos os animais
avaliados. Os dados foram normalizados para a amostra C57BL46D.
50

Um novo gráfico (figura 20) foi construído para representar a média da expressão

relativa da miostatina de cada grupo muscular em cada linhagem. Assim foi possível

observar e comparar estes dados quanto às diferenças significativas entre os grupos

afetados e seus respectivos controles.

COMPARAÇÃO ENTRE AS MEDIAS DAS EXPRESSÕES RELATIVAS DA


MIOSTATINA COM O MESMO NORMALIZADOR
1,0

0,5

0,0
C57BL D SJL D MDX D LARGE D 2J D C57BL G SJL G MDX G LARGE G 2J G
-0,5

-1,0

-1,5
P = ** * * ** ** ** **
Figura 20-Comparação gráfica das médias das expressões relativas da miostatina entre diafragma e
gastrocnêmio por linhagem, com base na normalização dos dados para o valor da amostra
C57BL46D.*= P< 0,05 e ** = P<0,01

4.2.2.4 Teste com normalizador específico para cada


cada músculo

Para verificar se os resultados obtidos se confirmavam na análise de cada músculo

independentemente, estabeleceu-se o melhor normalizador controle para o músculo

diafragma (C5720D) e gastrocnêmio (C5720G), com base na média do ddCT de cada

músculo do grupo de camundongos normais (figuras 21 e 22).


51

DIAFRAGMA - normalizador específicoC57BL20D


1

0,5

2J 61D
2J 69D
2J 70D
2J 79D
2J 88D
2J 92D
C57BL 20D
C57BL 23D
C57BL 24D
C57BL 46D
C57BL 47D

SJL 2D
SJL 3D
SJL 4D
SJL 5D
SJL 6D
SJL 7D

MDX 25D
MDX 26D
MDX 27D
MDX 28D
MDX 29D
MDX 9D

LARGE 118D
LARGE 121D
LARGE 123D
LARGE 129D
LARGE 130D
-0,5

-1

-1,5

-2

-2,5
Figura 21- Gráfico das expressões relativas da miostatina no músculo diafragma dos controles normais e
animais afetados. Estes dados foram normalizados para a amostra C57BL 20 D, a qual obteve
valor mais próximo da média das expressões neste grupo muscular entre os animais controles.

GASTROCNÊMIO - normalizador específico C57BL20G


0,5

0
C57BL 20 G
C57BL 23 G
C57BL 24 G
C57BL 25 G
C57BL 46 G
C57BL 47 G

SJL 2 G
SJL 3 G
SJL 4 G
SJL 5 G
SJL 6 G
SJL 7 G

MDX 25 G
MDX 26 G
MDX 27 G
MDX 28 G
MDX 29 G
MDX 9 G

LARGE 118 G
LARGE 121 G
LARGE 123 G
LARGE 130 G

2J 61 G
2J 69 G
2J 70 G
2J 79 G
2J 88 G
2J 92 G
-0,5

-1

-1,5

-2
Figura 22- Gráfico das expressões relativas da miostatina no músculo gastrocnêmio dos controles normais e
animais afetados. Estes dados foram normalizados para a amostra C57BL 20 G, a qual obteve valor
mais próximo da média das expressões neste grupo muscular entre os animais controles.

DIAFRAGMA GASTROCNÊMIO
0
MDXD
C57BLD

SJLD

LARGED

2JD

C57BlG

SJLG

MDXG

LARGEG

2JG

-0,5

-1

-1,5
P = ** ** * ** P = ** ** **
-2
Figura 23- Gráfico comparativo das expressões relativas da miostatina nos músculos diafragma e gastrocnêmio
entre os controles normais e animais afetados.
52

Os resultados desta comparação confirmaram que as amostras são

significativamente diferentes e que a expressão de miostatina é menor nos dois músculos

com exceção do músculo gastrocnêmio da linhagem Largemyd.

4.2.2.5 Aná
Análise da miostatina por linhagem (diafragma + gastrocnêmio)

Para comparar as linhagens quanto à expressão relativa da miostatina geral foi feito

um gráfico somando os dados obtidos nos dois grupos musculares (figura 24).

mdx myd dy2J


C57BL SJL/J Dmd Large Lama2 /J
/J

P= 0,001 0,002 0,017 0,001

Figura 24-Comparação gráfica das médias das expressões relativas da miostatina dos músculos diafragma e
gastrocnêmio por linhagem, com base na normalização dos dados para o valor da amostra
C57BL46D.

Como visto anteriormente os controles normais C57BL apresentaram maiores níveis

da expressão da miostatina, enquanto em todas as linhagens de camundongos afetados, a

miostatina está aparentemente mais inibida.

4.2.2.6 Análise
Análise comparativa da miostatina nos músculos diafragma e gastrocnêmio em
cada linhagem distrófica (um só normalizador – C5746D)

Para cada grupo de modelos murinos, fizemos uma analise comparativa da

expressão da miostatina nos músculos diafragma e gastrocnêmio. Todos os modelos

murinos apresentaram uma redução da expressão quando comparados com os normais,

sem diferenças no tipo de músculo, conforme pode ser observado na figura 25. Não houve
53

diferença na expressão de miostatina entre diafragma e gastrocnêmio nas linhagens. No

2J a diferença é significativa (p<0,05).

COMPARAÇÃO ESTATÍSTICA ENTRE AS EXPRESSÕES DA MIOSTATINA NOS


MÚSCULOS DIAFRAGMA E GASTROCNÊMIO DE CADA LINHAGEM

C57BL SJL/J Dmdmdx Largemyd Lama2dy2J/J

P= 0,01 0,17 0,09 0,39 0,02


Figura 25-Médias das expressões relativas da miostatina comparadas por grupo muscular em cada linhagem.

4.3 ANÁLISE HISTOPATOLÓGICA

A análise histopatológica dos músculos gastrocnêmio e diafragma de cada animal

foi feita em lâminas com coloração HE. Os critérios de avaliação se basearam na

definição do grau de degeneração e regeneração, conforme descrito por Dubowitz,et al.,

2007.

Nesta análise, verificou-se: a variação no calibre das fibras e na forma (+ normal,

++ pouca variação, +++ muita variação), Presença de tecido conjuntivo perimisial e

endomisial (+ normal, ++ pouca substituição, +++ muita substituição), fibras fendidas (0

nenhuma, + de 1-3 fibras, ++ mais ) fibras centronucleadas, necrose, Fibras basofílicas

em regeneração (0 nenhuma, + uma a 3 fibras, +++ mais que 3 fibras).

Os resultados obtidos estão representados na figura 26.

Os dados qualitativos foram convertidos em números, e foi calculada a média de

cada variável em cada linhagem(Quadro 8).


54

Quadro 8-Avaliação das características musculares de degeneração e regeneração na histologia


dos músculos diafragma e gastrocnêmio por amostra.

DEGENERAÇÃO REGENERAÇÃO

ANIMAL
VARIAÇÃO DE TECIDO FIBRAS NÚCLEOS FIBRAS
CALIBRE FORMA CONJUNTIVO FENDIDAS CENTRAIS NECROSE BASOFÍLICAS
C57BL
DIAFRAGMA
C21D + + + 0 + 0 0
C22D + + ++ 0 + + 0
C23D + + + 0 + 0 0
C25D + + + 0 + 0 0
C46D + + + 0 0 0 0
GASTROCNÊMIO
C20G + + + 0 0 0 0
C21G + + + 0 0 0 0
C22G + + + 0 0 0 +
C23G + + + 0 + 0 0
C25G + + + 0 + ++ 0
C46G + + + + ++ + 0
SJL/J
DIAFRAGMA
S2D ++ + + + + ++ 0
S3D + + + + + + 0
S4D + ++ + 0 + 0 0
S5D + ++ + + + + 0
S6D + ++ + 0 + 0 0
S7D + ++ + 0 0 0 0
GASTROCNÊMIO
S3G ++ + + 0 + ++ 0
S4G ++ + + 0 + ++ +
S5G + + + 0 + + 0
S6G + + + 0 + ++ 0
mdx
Dmd
DIAFRAGMA
M25D +++ +++ ++ ++ ++ ++ ++
M26D +++ ++ +++ + +++ +++ +++
M27D +++ +++ ++ + +++ + +
M28D +++ +++ ++ 0 ++ 0 0
M9D +++ +++ +++ ++ +++ + +
M29D +++ +++ ++ + +++ 0 0
GASTROCNÊMIO
M9G +++ + + 0 +++ ++ ++
55

M18G +++ + + 0 +++ 0 0


M25G +++ ++ + 0 +++ ++ ++
M26G +++ ++ ++ + +++ + +
M27G +++ ++ + + +++ 0 0
M28G +++ ++ ++ + +++ ++ ++
M29G +++ ++ ++ ++ +++ 0 0
myd
Large
DIAFRAGMA
L121D +++ +++ + + +++ + 0
L123D +++ +++ +++ ++ +++ +++ 0
L129D +++ +++ +++ +++ +++ ++ 0
GASTROCNÊMIO
L118G +++ + ++ 0 +++ + ++
L121G +++ ++ +++ + +++ ++ +
L123G +++ ++ ++ + +++ ++ +
L129G +++ ++ +++ 0 +++ +++ ++
L130G +++ +++ +++ + +++ + 0

dyJ
Lama2 /J
DIAFRAGMA
2J61D ++ + ++ + + + 0
2J70D +++ ++ ++ 0 + + 0
2J88D ++ ++ ++ 0 + +++ +
2J92D ++ +++ ++ 0 + ++ ++
GASTROCNÊMIO
2J61G +++ +++ +++ +++ ++ ++ 1,00
2J69G +++ +++ +++ +++ ++ ++ 1,00
2J70G +++ +++ ++ + + +++ 1,00
2J88G +++ ++ +++ 0 ++ ++ 1,00
2J92G +++ +++ ++ 0 ++ + 2,00
56

Quadro 9- Avaliação das características musculares de degeneração e regeneração na histologia


dos músculos diafragma e gastrocnêmio por linhagem
DEGENERAÇÃO REGENERAÇÃO
ANIMAL
VARIAÇÃO TECIDO FIBRAS NÚCLEOS MÉDIA FIBRAS
DE CALIBRE FORMA CONJUNTIVO FENDIDAS CENTRAIS NECROSE TOTAL BASOFÍLICAS
C57BL
DIAFRAGMA 1,00 1,00 1,20 0,00 0,80 0,20 0,70 0,00
GASTROCNÊMIO 1,00 1,00 1,00 0,17 0,67 0,50 0,72 0,17
SJL/J
DIAFRAGMA 1,17 1,67 1,00 0,50 0,83 0,67 0,97 0,00
GASTROCNÊMIO 1,50 1,00 1,00 0,00 1,00 1,75 1,04 0,25
mdx
Dmd
DIAFRAGMA 3,00 2,83 2,33 1,17 2,67 1,17 2,19 0,50
GASTROCNÊMIO 3,00 1,71 1,43 0,71 3,00 1,00 1,81 1,43
myd
Large
DIAFRAGMA 3,00 3,00 2,33 2,00 3,00 2,00 2,56 0,00
GASTROCNÊMIO 3,00 2,00 2,60 0,60 3,00 1,80 2,06 1,40
dyJ
Lama2 /J
DIAFRAGMA 2,25 2,00 2,00 0,25 1,00 1,75 1,54 0,75
GASTROCNÊMIO 3,00 2,80 2,60 1,40 1,80 2,00 2,11 1,20
57

DIAFRAGMA GASTROCNÊMIO

Figura 26- Diafragma e gastrocnêmio em cortes histológicos transversais feitos em micrótomo criostato com
espessura de 6um , corados com HE. Observa-se no controle normal a presença de fibras com
calibre semelhante, citoarquitetura com angularidade entre as fibras, fino tecido conjuntivo entre as
58

fibras, núcleos periféricos. Nos músculos dos animais modelos observa-se fibras de calibre
variado, perda da citoarquitetura angular, infiltração de tecido conjuntivo, núcleos centrais,
mdx
necrose. No modelo SJL/J e no gastrocnêmio do Dmd essas observações são menos
expressivas e muitas vezes ausentes.

DEGENERAÇÃO
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
DIAFRAGMA

DIAFRAGMA

DIAFRAGMA

DIAFRAGMA

DIAFRAGMA
C57BL

GASTROCNÊMIO

SJL/J

GASTROCNÊMIO

GASTROCNÊMIO

GASTROCNÊMIO

GASTROCNÊMIO
Dmdmdx

Largemyd

Lama2dyJ/J
Figura 27-Distribuição comparativa dos dados de degeneração nos músculos diafragma e gastrocnêmio em
cada uma das linhagens

Segundo as avaliações histológicas, entre os afetados o músculo mais degenerado

foi o diafragma da linhagem Largemyd e o menos degenerado foi o diafragma da linhagem


SJL/J.

REGENERAÇÃO
1,6
1,4
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
DIAFRAGMA

DIAFRAGMA

DIAFRAGMA

DIAFRAGMA

DIAFRAGMA
C57BL

GASTROCNÊMIO

SJL/J

GASTROCNÊMIO

GASTROCNÊMIO

GASTROCNÊMIO

GASTROCNÊMIO
Dmdmdx

Largemyd

Lama2dyJ/J

Figura 28-Distribuição comparativa dos dados de regeneração nos músculos diafragma e gastrocnêmio em
cada uma das linhagens.

Segundo as avaliações histológicas, a regeneração foi registrada pela presença de

fibras basofílicas e entre os afetados o músculo que mais apresentou este tipo celular foi o

gastrocnêmio da linhagem Dmdmdx. Nos músculo diafragma das linhagens SJL/J e Largemyd
estas fibras não foram encontradas.
59

Como um dos objetivos do presente trabalho é verificar a relação da expressão da

miostatina dentro dos modelos distróficos comparando com o padrão de degeneração e

regeneração apresentado por eles, em seguida a análise histológica, foi feito a

comparação das expressões relativas da miostatina nos dois músculos com a

degeneração e em outro gráfico com a regeneração.

A degeneração foi avaliada de acordo com as características histológicas que

indicam degeneração como necrose, substituição de tecido muscular por tecido conjuntivo,

variação de calibre das fibras e perda da angularidade das fibras. A regeneração foi

avaliada de acordo com a presença de fibras basofílicas que são típicas de fibras em

regeneração.

MSTN E DEGENERAÇÃO -DIAFRAGMA MSTN E DEGENERAÇÃO-GASTROCNÊMIO


3,00 2,50
2,50 2,00
2,00
1,50
1,50
1,00
1,00 DEGENERAÇÃO DEGENERAÇÃO
0,50 0,50
MSTN MSTN
0,00 0,00
-0,50 -0,50
-1,00
-1,00
-1,50

Figura 29- Comparação da expressão relativa da miostatina com a degeneração no músculo diafragma e
gastrocnêmio.

MSTN E REGENERAÇÃO -DIAFRAGMA MSTN E REGENERAÇÃO -GASTROCNÊMIO

1,00 2,00
1,50
0,50 1,00
REGENERAÇÃO 0,50 REGENERAÇÃO
0,00
MSTN 0,00 MSTN

-0,50 -0,50
-1,00
-1,00 -1,50

Figura 30-Comparação da expressão relativa da miostatina com a regeneração no músculo diafragma e


gastrocnêmio.

Nos gráficos onde a expressão relativa da miostatina é comparada com a

degeneração nos modelos murinos observa-se que onde há degeneração aumentada a

expressão da miostatina está inibida.


60

Não foi possível observar alguma relação de aumento ou inibição na expressão

relativa da miostatina com a regeneração nos modelos murinos.


61

5 DISCUSSÃO

5.1 A MIOSTATINA
MIOSTATINA COMO ALVO PARA TERAPIAS

Desde a identificação da mutação no gene da miostatina como responsável pela

musculatura dupla em bovinos (Grobet, 1997), muitas estratégias tem sido desenvolvidas

para estimular o crescimento muscular através de interferência na expressão da proteína

miostatina (Patel, 2005). A primeira tentativa de inibição da miostatina ocorreu em 1997

quando McPherron et al. produziram um camundongo knockout para miostatina. Nas

analises histológicas destes camundongos, foi revelado que o aumento da massa muscular

ocorreu devido à hiperplasia e à hipertrofia das fibras musculares, sugerindo um importante

papel da miostatina no controle do crescimento muscular.

Posteriormente, diversos métodos foram testados para inibir a miostatina, incluindo a

produção de animais geneticamente modificados com mutações no gene da miostatina, ou

animais com expressão de RNA antisense da miostatina ou através do uso de anticorpos

anti-miostatina. Wagner et al.(2002) geraram um camundongo Dmdmdx deficiente em

miostatina pelo cruzamento do camundongo Dmdmdx com o camundongo nulo para

miostatina. O camundongo gerado tinha aumento de massa e força muscular, por outro

lado não teve redução significativa de necrose ou inflamação. Bogdanovich et al.(2002)

também observaram uma melhora funcional no camundongo Dmdmdx, mas com o uso de

anticorpos anti-miostatina.

Recentemente um anticorpo anti-miostatina (MYO-029) foi administrado a pacientes

com distrofias do tipo Becker (BMD), Facioescapulohumeral (FSHD) e das Cinturas

(LGMD), com o objetivo de testar a tolerância e a segurança deste anticorpo. O teste

clínico que está em fase I/II demonstrou que a droga usada, MYO-029 era segura

(Wagner et al., 2008).

Magee et al.(2006) obtiveram resultados positivos após administração de siRNA

em ratos: 27% do mRNA da miostatina foi suprimido, causando um aumento de 10% da

massa muscular esquelética. Este estudo comprovou sugestão anterior de que o sistema

de RNAi oferece a possibilidade de controlar e silenciar genes eficientemente, e deveria

ser explorado como metodologia de silenciamento da miostatina. (Novina e Sharp, 2004).


62

Existem muitas doenças em que a perda muscular ou a falta de desenvolvimento

do músculo são a conseqüência direta ou efeito secundário da doença, e a miostatina

parece estar envolvida. Como nos estudos com homens HIV positivos, Gonzalez-Cadavid

et al.(1998) correlacionou a perda de massa muscular com a concentração sérica de

miostatina. Eles observaram que quanto maior a perda muscular maior a concentração de

miostatina.

Portanto, a inibição da miostatina parece ser um ponto chave na ajuda da

manutenção muscular em doenças com perda de massa muscular. Porem, há muito o que

estudar em relação aos mecanismos que envolvem sua ação no músculo normal e

distrófico.

Desta forma, com o objetivo de procurar uma relação entre a expressão da

miostatina e o processo de degeneração/regeneração observado nas distrofias

musculares, sem a interferência de agentes externos para sua inibição ou ativação, foi feita

a comparação da expressão relativa da miostatina nos modelos murinos Dmdmdx, SJL/J,


Largemyd e Lama2dyJ/J, nos músculos diafragma e gastrocnêmio, e analise histológica

quanto ao grau de degeneração e regeneração destes músculos.

5.2 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

Muitos animais apresentam naturalmente fenótipos relacionados com

características já observadas em doenças hereditárias enquanto outros são modificados

geneticamente. Estes animais geralmente apresentam alterações fisiológicas semelhantes

às observadas em pacientes humanos. Eles podem servir como ferramentas de estudos

genéticos, clínicos, histopatológicos e terapêuticos ajudando na compreensão da origem

das doenças e suas manifestações nos indivíduos afetados (Vainzof et al , 2008). . Neste

estudo, incluímos quatro modelos para distrofias musculares, pois cada um apresenta

mutação em gene que codifica proteína diversa, com localização variável nos

compartimentos da fibra muscular.

A mutação no gene DMD leva à ausência da proteína distrofina na região sub-

sarcolemal da fibra muscular, provocando em humanos a Distrofia Muscular de Duchenne

que é a forma mais comum das doenças neuromusculares em crianças. A ausência desta
63

proteína também foi observada em camundongos, que assim como os pacientes com

DMD, apresentam uma mutação recessiva no cromossomo X. Estes camundongos

pertencem a linhagem Dmdmdx, tem curso de vida normal e podem sobreviver até mais que
2 anos (http://jaxmice.jax.org/strain/001801.html). São rotineiramente usados como

modelo animal molecular e histopatológico para a doença, mas não como modelo clínico.

A miopatologia do camundongo Dmdmdx é muito menos grave quando comparada ao

curso da doença em humanos pois os camundongos afetados não apresentam a fraqueza

observada em pacientes com DMD. Por histologia é possível verificar que os músculos

posteriores do camundongo Dmdmdx conseguem compensar a falta de distrofina, enquanto


o diafragma se torna progressivamente afetado e pode ser comparado pela semelhança

aos músculos degenerados de pacientes com DMD (Rouger et al., 2002). A explicação

para esta diferença ainda não foi esclarecida. Por isso investigamos a histologia muscular

e a expressão da miostatina no camundongo Dmdmdx nos músculos diafragma e

gastrocnêmio. Escolhemos o gastrocnêmio por ser um músculo posterior de composição

heterogênea de fibras rápidas e lentas (Delp e Duan, 1996). Os resultados histológicos do

presente trabalho foram concordantes com o padrão de degeneração e regeneração dos

dois músculos nesta linhagem, havendo uma maior degeneração no diafragma, e uma

maior regeneração no músculo gastrocnêmio.

O camundongo SJL/J é um modelo natural para diferentes doenças humanas.

Devido a uma mutação identificada no gene da disferlina (Bittner et al., 1999) ele

apresenta uma redução média de 85% nos níveis desta proteína no sarcolema das fibras

musculares, tornando-o um bom modelo para LGMD2B (Vainzof et al., 2003). Ele tem

expectativa de vida ligeiramente reduzida sendo de 472 dias para os machos e 395 para

as fêmeas, mas de um modo geral, o padrão de fraqueza muscular é leve (Storer, 1966).

Os machos dessa linhagem são conhecidos por serem agressivos (Page e Glenner, 1972).

Em concordância que o quadro clínico é leve, a analise histológica do camundongo SJL/J


mostrou alterações muito discretas.

Existem muitos modelos para as distrofias musculares congênitas relacionados com

defeitos em proteínas da lâmina basal, e já foram identificadas mutações distintas no gene

LAMA2, codificante da cadeia α2 da laminina 2 em diversos destes modelos. Algumas

mutações levam à ausência total da proteína α2-laminina, enquanto outras levam à


64

.
deficiência parcial desta proteína (Vilquinet al , 1999; Vilquinet al , 2000). . Em ambos os

casos, há presença de uma distrofia muscular com comprometimento muscular variando

de grave a extremamente severo. O camundongo Lama2dyJ/J é modelo para DMC1A

(Jackson Laboratories),tem expectativa de vida normal e significante fraqueza muscular,

que também foi comprovada na análise histopatológica realizada.

Uma nova forma de distrofia muscular congênita, a forma DMC1D, foi associada a

mutações no gene LARGE. Este gene está envolvido na glicosilação da proteína α-DG,

membro essencial na formação e funcionamento do complexo DGC muscular. O

camundongo Largemyd, com defeito na via de glicosilação da proteína α-DG, é modelo da

DM congênita tipo 1D. Histologicamente foi observado grande infiltração de tecido

conjuntivo, fibras com calibre bastante variado e citoarquitetura muito afetada. O padrão

de degeneração foi significativo tanto no músculo gastrocnêmio como diafragma, mas de

forma interessante, só se observou um pouco de regeneração no músculo gastrocnêmio.

5.3
5.3 ESTUDO DA EXPRESSÃO RELATIVA DA MIOSTATINA NO MÚSCULO

5.3.1 Escolha do gene endógeno

A seleção de um gene endógeno para avaliar a expressão da miostatina envolve a

escolha de gene que mantém a expressão inalterada tanto no músculo diafragma como no

gastrocnêmio, em todas as linhagens estudadas. O gene ideal de referencia é aquele que

é expresso no mesmo nível em todas as amostras, não importando o tipo de tecido,

estágio da doença, medicação ou condições experimentais (Suzuki et al., 2000). No

entanto, muitos estudos mostraram que a expressão de genes normalmente usados como

referência, variam com o tipo de tecido e com o seu estado fisiológico (Thellin et al.,1999).

O gene GAPDH é um gene endógeno vastamente utilizado em estudos de

expressão, e foi usado como normalizador endógeno no estudo da expressão da

miostatina em fetos bovinos (Milazzoto, 2006). Além disso, este gene foi também utilizado

com sucesso em estudos realizados em nosso laboratório, no trabalho de mestrado de

Paula Onofre-Oliveira (2009), onde o gene GAPDH apresentou a menor variação da


65

expressão nos diferentes modelos e músculos analisados. Portanto, foi escolhido como

controle endógeno para os nossos experimentos posteriores.

5.3.2 Analise Semi quantitativa da miostatina

Enquanto aguardávamos a implantação da analise da expressão gênica por técnica

de PCR em tempo real, realizamos a analise semi-quantificativa da expressão da

miostatina, avaliando o padrão de amplificação por PCR, utilizando diferentes números de

ciclos. Optamos pela analise em 27 e 30 ciclos pois como a miostatina é um gene pouco

expresso, esperávamos obter nestes ciclos, valores de amplificação localizados na parte

exponencial da curva de amplificação. Se as amostras atingissem essa região da curva,

seria possível detectar quantidades diferentemente amplificadas entre os produtos de

PCR. Porém, quando feita a relação entre as intensidades das bandas da miostatina e do

GAPDH, e a comparação estatística pelo teste Mann-Whitney, em grande parte das

amostras estudadas obtivemos um padrão de amplificação similar com os 2 valores de

ciclos utilizados, sugerindo que a metodologia não estava permitindo uma análise

quantitativa. Mesmo quando realizamos a analise somente nas amostras onde houve

diferença de amplificação entre estes ciclos, não encontramos diferenças significativas

entre os controles normais e os afetados de cada grupo muscular. Portanto, este

procedimento não foi informativo.

5.3.3
5.3.3 Analise por PCR em tempo real

O qPCR foi realizado de acordo com as instruções do equipamento 7500 Applied

Biosystems. Primeiramente a curva padrão serviu para estabelecer os valores de threshold


de cada gene. O threshold é o limiar que corta a curva de amplificação na região onde as

reações se tornam quantitativas. Com esse valor estabelecido é possível calcular nas

futuras reações a expressão de cada amostra.

Os valores obtidos da expressão da miostatina estão vinculados à sua relação ao

gene endógeno do mesmo músculo e animal, sendo, portanto, uma expressão relativa.

Além disso, é necessária a escolha de uma amostra considerada padrão, ou


66

normalizadora, para que a expressão das amostras teste sejam calculadas em relação a

esta. Para a escolha do normalizador, que precisa ser uma única amostra das testadas,

calculamos a média de expressão do grupo controle, incluindo tanto as amostras dos

músculos gastrocnêmio como de diafragma, e foi escolhido um normalizador com valor de

expressão mais próximo deste valor médio. Desta forma, a comparação da expressão

nos dois músculos nos camundongos controle foi realizada com a amostra C57Bl46D
(Quadro 7).

5.3.3.1 Análise da Miostatina nos músculos diafragma e gastrocnêmio do grupo controle

Na análise comparativa dos músculos gastrocnêmio e diafragma de camundongos

normais, encontramos a expressão relativa da miostatina mais inibida no gastrocnêmio em

comparação ao diafragma, que foi estatisticamente significativa (figura 17).

A diferença poderia ser explicada pela anatomia e funções heterogêneas destes

músculos. O músculo gastrocnêmio origina-se no fêmur e caudalmente se une ao tendão

do músculo sóleo (Hebel et al.,1983). Ele atua na flexão dos pés para baixo e também

agindo na flexão dos joelhos. Está principalmente relacionado com a locomoção e postura.

É um músculo mais exposto e sujeito a sofrer danos causados por movimentação e

exercícios. Danos à fibra muscular após exercício levam normalmente à desorganização

na estrutura das fibras musculares, mais especificamente a ruptura, alargamento ou

prolongamento da linha Z (Friden e Lieber, 1992; Clarkson e Newham, 1995), visto que a

linha Z do sarcômero é o ponto de contato das proteínas contráteis, fornecendo suporte

estrutural para a transmissão de força quando as fibras musculares são encurtadas

(Mchugh, 2003). As alterações no músculo sob trauma ativam uma cascata de citosinas,

estimulando a sua regeneração.

O diafragma pode sofrer dano muscular de outra forma, quando ocorre ventilação

forçada. Sobretudo em indivíduos suscetíveis a miopatias, distrofias musculares e sepse

(Hamid et al., 2005). O diafragma difere em função e anatomia do músculo gastrocnêmio

pois é o único entre os músculos esqueléticos em que as fibras radiam a partir do tendão

central para se inserirem perifericamente nas estruturas esqueléticas (Hamid et al., 2005).

Seu papel é relacionado com a respiração. Quando as fibras são estimuladas durante a
67

inspiração, elas são tensionadas e se encurtam, provocando a expansão da cavidade

torácica no eixo craniocaudal, então a pressão pleural diminui, conseqüentemente o ar

preenche o espaço alveolar dos pulmões. Secundariamente ocorre um deslocamento das

vísceras abdominais e um aumento da pressão abdominal, que por sua vez empurra a

parede do ventre para fora (Hamid et al., 2005).

Para que algum dano ocorra nas fibras do gastrocnêmio basta um movimento

diferente ou mais forçado. Por outro lado, o diafragma apresenta contração ritmada e

constante, sendo necessária uma intervenção como a ventilação forçada para causar uma

lesão. Portanto, um maior controle para a inibição da miostatina no músculo gastrocnêmio

normal é importante para que as células satélites entrem em proliferação, e atuem para a

reconstrução de eventuais lesões nas fibras lesionadas. Estes dados são compatíveis com

resultados da literatura em que a miostatina está mais inibida em músculos de indivíduos

submetidos a treinamento e exercício físico (Chargé e Rudnik, 2003; Ruth et al., 2003; Kim

et al., 2005; Muniz, 2005). Como exemplo recente Matsakas et al.(2006) encontraram

inibição da miostatina no músculo gastrocnêmio de ratos sujeitos a natação.

Em patologias humanas como a doença pulmonar obstrutiva crônica (COPD),

estudos que comparam as vias de sinalização no músculo diafragma com o músculo

quadriceps indicam que o balanço entre a sinalização de atrofia e hipertrofia entre

músculos respiratórios e músculos inferiores é heterogeneo. (Doucet et al., 2010).

Portanto, os mecanismos de degeneração e regeneração da musculatura esquelética

e do músculo diafragma aparentemente obedecem a vias de regulação diversas.

5.3.3.2 Análise da Miostatina nos músculos diafragma e gastrocnêmio


gastrocnêmio dos camundongos

afetados

Nas quatro linhagens distróficas analisadas, observamos que a expressão relativa da

miostatina, tanto nos músculos gastrocnêmio como no diafragma, estava

significativamente inibida em relação aos respectivos músculos dos camundongos

normais. Esta diferença foi significativa em todos, com exceção do músculo

gastrocnêmio da linhagem Largemyd. Comparando-se todas as linhagens entre si, não

houve diferença significativa, mostrando que em todos os processos distróficos,


68

independentemente do defeito molecular primário, ocorre um estímulo para a inibição da

miostatina.

O fato de ter encontrado menor inibição na expressão relativa da miostatina na

linhagem Largemyd, apesar do músculo gastrocnêmio desta linhagem ser um dos mais

afetados pela degeneração, complementa os dados encontrados por Onofre (2009). Neste

trabalho, foi observada baixa expressão dos genes MyoD e Myf5 nos camundongos
Largemyd, sugerindo baixa atividade proliferativa das células-satélite nestes animais

.
(Yablonka-Reuveniet al , 2008). Se há pouca inibição da miostatina, as células satélites

não são estimuladas a se diferenciarem, expressando os fatores MyoD e Myf5 para

repararem o músculo, resultando num quadro histopatológico muito grave como observado

na histologia. O mecanismo que está defeituoso nesta linhagem é o da glicosilação da α-

distroglicana. Estudo realizado em camundongo knockout temporal para a proteína α-


distroglicana mostrou que como resultado do silenciamento deste gene no músculo,

houve uma intensa degeneração, mas regeneração surpreendente. Isto porque o gene da

α-distroglicana não estava silenciado nas células satélites e estas conseguiram reparar o

músculo. A partir destes resultados os autores sugerem que um mecanismo de glicosilação

da α-DG funcional constitui importante requisito para o bom funcionamento e renovação

das células-satélite (Cohn et al ., 2002).


Por causa das já descritas diferenças no padrão de degeneração e regeneração dos

músculos diafragma e gastrocnêmio no camundongo Dmdmdx, comparamos as expressões

relativas da miostatina nestes músculos neste modelo bem como nas demais linhagens

distróficas. Também não encontramos diferenças significativas na inibição da miostatina

nos músculos diafragma e gastrocnêmio de cada linhagem, indicando que

independentemente do defeito molecular primário que leva a distrofia muscular nestes

modelos, em todos ocorre a inibição da miostatina em relação ao músculo normal. Pode-

se justificar que a fibra em estado de degeneração tenta regenerar, e para que isto ocorra

a miostatina deve estar inibida para que as células satélites possam reparar o dano

muscular.

Lembrando que embora não houve diferenças significativas nas expressões relativas

da miostatina entre os camundongos afetados nos músculos diafragma e gastrocnêmio,

ela estava diferente no controle. Portanto, para avaliar este efeito, escolhemos um
69

normalizador para cada músculo (o valor médio encontrado no grupo controle) e fizemos

as comparações das linhagens separadas por grupo muscular. O resultado se repetiu,

confirmando as observações originais.

5.4 ANÁLISE HISTOPATOLÓ


HISTOPATOLÓGICA

A coloração de HE permite analisar a morfologia das fibras musculares e dos tecidos

adjacentes, podendo-se observar se existe ou não degeneração, necrose, fibras fendidas,

fibras centronucleadas, e regeneração visualizada através de fibras pequenas basofílicas.

Estas variáveis foram quantificadas em cruzes, em função de maior freqüência, ou

predomínio em cada músculo, nas quatro linhagens, e comparadas a controles normais da

mesma idade.

Os resultados da analise histopatológica do presente trabalho, mostraram no

músculo gastrocnêmio e no diafragma dos camundongos Dmdmdx a presença de muitas

fibras com núcleos centrais com padrão de degeneração muito grande em ambos os

músculos, quando comparados com os controles normais. Por outro lado, as fibras

basofílicas, que são indicativas de intensa regeneração muscular, mostraram um padrão

de regeneração mais significativo no músculo gastrocnêmio do que no diafragma,

resultados compatíveis com a literatura (DiMarioet .


al , 1991). Diversos trabalhos da

literatura tem mostrado neste modelo deficiente em distrofina, que os músculos envolvidos

na locomoção sofrem processo de degeneração, mas com um pico de regeneração ao

redor dos 2 meses de idade, que leva a melhor preservação destes músculos (Anderson

et al., 1988). Já o músculo diafragma não passaria por este processo de regeneração,

apresentando, portanto, características mais acentuadas de degeneração (Louboutin et al.,

1993).

No camundongo SJL/J, em concordância com o seu quadro clínico leve, a análise

histológica mostrou a presença de discreta variação de calibre das fibras e um pequeno

aumento do tecido conjuntivo. Tanto o padrão de degeneração, como o de regeneração

foram muito próximos aos observados nos camundongos normais. Os resultados são

semelhantes aos encontrados por Bittner et al . (1999). Os achados histopatológicos leves


são compatíveis com os dados da literatura que descrevem uma progressão lenta da
70

doença, distribuição da fraqueza muscular predominante nos músculos proximais à cintura

pélvica, enquanto que a cintura escapular é discretamente afetada ao longo do tempo. Nos

estágios iniciais as mudanças distróficas podem ser mínimas, já nos estágios mais tardios

ocorre substituição de tecido muscular por tecido adiposo, alem de fibras fendidas, núcleos

centrais e necrose. (Urtizberea et al., 2008). Considerando-se que os músculos estudados

não são os predominantemente afetados na LGM2B, e a idade dos animais estudados (3

meses) os classifica como jovens adultos, os dados histopatológicos são compatíveis

com os esperados para músculos não acometidos gravemente.

No modelo Lama2dyJ/J que tem significante fraqueza muscular (Jackson

Laboratories), a análise histológica mostrou uma intensa degeneração e maior

regeneração no músculo gastrocnêmio do que no diafragma, compatíveis com o grau de

fraqueza observado em seus membros posteriores.

Já no camundongo Largemyd, o padrão de degeneração foi significativo tanto no

músculo gastrocnêmio como no diafragma, mas de forma interessante, só se observou

regeneração no músculo gastrocnêmio. Como discutido anteriormente, Yablonka-Reuveni

et al.(2008) sugerem que o camundongo Largemyd tenha baixa atividade proliferativa das

células-satélite, que somado ao defeito de glicosilação da α-distroglicana justificariam a

gravidade da degeneração muscular observada no músculo gastrocnêmio desta linhagem.

5.5 CORRELAÇÃO ENTRE EXPRESSÃO DA MIOSTATINA E PADRÃO DE


DEGENERAÇÃO
DEGENERAÇÃO E REGENERAÇÃO MUSCULAR

A análise comparativa dos resultados da regeneração com a expressão da

miostatina nos quatro modelos distróficos estudados mostrou que não há uma aparente

relação entre a presença da regeneração, ou sua intensidade e a expressão da miostatina.

Isto pode ser melhor observado no músculo diafragma, onde a expressão da miostatina

esta inibida nos quatro modelos, sendo que somente no Dmdmdx e Lama2dy2J/J foi possível
identificar a presença de regeneração.

Já quanto ao padrão de degeneração, houve uma relação entre aumento de

degeneração acompanhado de redução da expressão da miostatina nos quatro modelos

distróficos. Todos os modelos apresentaram degeneração e também inibição da


71

miostatina. Entretanto, os gráficos da degeneração e expressão relativa da miostatina

revelam que o grau de degeneração observado em cada linhagem não influencia na maior

ou menor expressão da miostatina. Além disso, a semelhança no padrão de inibição da

miostatina nos músculos gastrocnêmio e diafragma de cada linhagem reforça esta

hipótese.

Portanto, o processo de degeneração, quando iniciado, e independentemente de seu

grau, causa molecular primária, ou músculo afetado, parece atuar de forma similar na

inibição da expressão da miostatina.


72

6 CONCLUSÕES

- Em camundongos normais, a miostatina é menos expressa no músculo gastrocnêmio do

que no diafragma, refletindo um músculo mais sujeito a lesão.

- Nas quatro linhagens de camundongos distróficos, independentemente da mutação ou do

grau de degeneração do músculo, a miostatina é menos expressa do que em

camundongos normais.

- No músculo distrófico, a expressão da miostatina é inibida tanto no músculo gastrocnêmio

como no diafragma, sem diferença entre os dois.

- A análise comparativa da degeneração e regeneração muscular com a expressão da

miostatina mostrou uma maior correlação com o padrão de degeneração do que com a

regeneração.

Nossos resultados sugerem que o processo de degeneração, quando iniciado, e

independentemente de seu grau, causa molecular primária, ou músculo afetado, parece

atuar de forma similar na inibição da expressão da miostatina, possivelmente como

estímulo a regeneração do dano.


73

REFERÊNCIAS*1

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