UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC

CENTRO DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO E SOCIOECONÔMICAS - ESAG

As primeiras formações
econômicas
PROFESSORA: Liana Bohn
Florianópolis, 2018
1. As primeiras formações econômicas ECONOMIAS ANTIGAS

Civilizações Hidráulicas

Aparecimento da agricultura:

- Introdução do trabalho coletivo e regular.

- Fixação nos locais mais adequados à atividade (à margem dos

grandes rios).

- Formação de cidades urbanizadas e complexas, baseadas na

irrigação.

- Criação de um Estado bastante burocratizado, em um formato

de monarquia teocrática.

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1. As primeiras formações econômicas ECONOMIAS ANTIGAS

Civilizações hidráulicas

TIGRE E EUFRATE
(Mesopotâmia)

NILO (Egito)

GANGES E INDO (Índia)

AMARELO (China)

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1. As primeiras formações econômicas ECONOMIAS ANTIGAS

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1. As primeiras formações econômicas ECONOMIAS ANTIGAS

1. MESOPOTÂMIA

Sacerdotes de religião. Projetos de construção em larga escala. Escrita.

Impostos. Soldados. Reis. A capacidade de guerrear. Tudo isso chegou ao
mesmo tempo para a história humana, tendo como base as primeiras
cidades, que são na realidade as primeiras concentrações de riqueza, que,
por sua vez, tinha como base as culturas agrícolas ribeirinhas, que precisavam
trabalhar juntas para domar a natureza. Essa mudança é mais poderosa do
que os antigos laços de clã, parentesco e linhagem e marca o momento
importante no desenvolvimento humano que veio após a própria agricultura.
A rivalidade entre cidades e povos começará a acelerar as mudanças, a não
ser que, e até que, a guerra total traga a catástrofe — o que ocorre de
tempos em tempos.

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1. As primeiras formações econômicas ECONOMIAS ANTIGAS

1. MESOPOTÂMIA (quarto milênio a.C)

13 animais de grande porte e 32 tipos de gramíneas

Do Tigre e Eufrates vem a

necessidade de controlar as
cheias:

... organização dos homens (Estado

liderados por sacerdotes e
guerreiros).

... desenvolvimento do comércio

(com excedentes agrícolas).

... desenvolvimento das finanças (e

da forma das transações).

Os diversos povos mesopotâmicos não deixam de existir.

Convivem entre si (pela guerra, diplomacia ou comércio).

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1. As primeiras formações econômicas ECONOMIAS ANTIGAS

1. MESOPOTÂMIA
- Organização em cidades-Estado (Ur, Uruk, Lagash).

- Utilizam o cobre e o bronze, com a metalurgia se tornando

um de seus pilares.

- Constroem os zigurates (morada para os deuses e centros

científicos primitivos), que representam avanços na construção
(desenvolvimento do tijolo de barro).

- Por ser desprovida de recursos naturais, passam a negociar

com povos menos avançados, difundindo sua civilização.

- Sistematizam pesos e medidas, inventando a matemática.

ESCRITA CÓDIGO DE 12 (dia de 12 horas, constelações)
REGIME JARDINS SUSPENSOS
CUNEIFORME HAMURABI 60 (segundos,
MILITAR minutos, dias, ângulo)
DA BABILÔNIA
Princípio do (NABUCODONOSOR)
- Desenvolvem a escrita comoDE
BIBLIOTECA resultado de uma necessidade
Talião
econômica, mas espraiando-a
ASSURBANIPALpara outras funções (Epopeia
de Gilgamesh).

- Mapeiam o movimento dos planetas vistos a olho nu:

Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno. Atribuem a eles
(com a lua e o sol) a definição temporal de semana.

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1. As primeiras formações econômicas ECONOMIAS ANTIGAS

1. MESOPOTÂMIA

Mas: grande parte vive em um estado de servidão, sem

direitos de propriedade.
PROPRIEDADE: não era um direito absoluto
Pertence à divindade (representada incialmente pelos
sacerdotes), assumindo uma forma estatal.
CÓDIGO DE REGIME JARDINS SUSPENSOS
Provavelmente
MILITAR formada DApor conquistadores
BABILÔNIA
HAMURABI
que se impuseram sobre uma população
(NABUCODONOSOR)
Princípio do
neolítica pré-existente.
BIBLIOTECA DE
Talião
ASSURBANIPAL

ESCRITA AWILUM
CUNEIFORME

MUSKÊNUM

WARDUM

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1. As primeiras formações econômicas ECONOMIAS ANTIGAS

1. MESOPOTÂMIA

Passam a dominar as cidades-Estado sumérias, unindo-

as em um grande império.
= Império Mesopotâmico

ESCRITA CÓDIGO DE Atração de grandes

REGIME JARDINSgrupos invasores
SUSPENSOS
CUNEIFORME HAMURABI MILITAR DA BABILÔNIA
Princípio do (NABUCODONOSOR)
Talião BIBLIOTECA DE
ASSURBANIPAL

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1. As primeiras formações econômicas ECONOMIAS ANTIGAS

1. MESOPOTÂMIA

- Ampliam as parcerias comerciais e

atraem diferentes povos para o
império, promovendo o crescimento
da região.

- Construção do zigurate de marduk

(torre de Babel).

- Código de Hamurabi (escrito em

cuneiforme) que busca tornar a leis
informais conhecidas por todos.
ESCRITA CÓDIGO DE REGIME
CUNEIFORME HAMURABI MILITAR Aplica-se a todos, mas
JARDINS
conforme SUSPENSOS
a classe a que o
Princípio de
DA pertence.
BIBLIOTECA DE indivíduo BABILÔNIA
Talião
ASSURBANIPAL (NABUCODONOSOR)
- Expansão da base legal sobre a
sociedade e do corpo jurídico.

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1. MESOPOTÂMIA

- Orientação militar e
economia voltada à guerra.

- Convocação militar
obrigatória.

- Parte dos povos dominados

se tornavam soldados.

- Dominam grande parte das

terras da região, tornando-a
ESCRITA CÓDIGO DE REGIME
extremamente diversa.
CUNEIFORME HAMURABI MILITAR
JARDINS SUSPENSOS
Princípio do
BIBLIOTECA DE Mas:DAa BABILÔNIA
pluralidade implicará
Talião
ASSURBANIPAL na emergência de conflitos
(NABUCODONOSOR)
internos.

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1. As primeiras formações econômicas ECONOMIAS ANTIGAS

1. MESOPOTÂMIA

ESCRITA CÓDIGO DE REGIME JARDINS SUSPENSOS

CUNEIFORME HAMURABI MILITAR DA BABILÔNIA
Princípio do (NABUCODONOSOR)
Talião BIBLIOTECA DE
ASSURBANIPAL
- Avanços significativos na arquitetura.

- Seu breve predomínio será finalizado com

as invasões persas.

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1. As primeiras formações econômicas ECONOMIAS ANTIGAS

1. MESOPOTÂMIA

- Fortalecimento da estrutura social

(sacerdotes/escribas, guerreiros, escravos/servos).

- Imposição de trabalho compulsório e de

requisições de produtos, sendo o número de
escravos pouco significativo.

- As cidades representam a primeira forma de

concentração de riqueza, sendo apoiadas em
APROFUNDAMENTO DA culturas agrícolas e no trabalho conjunto para
DIVISÃO SOCIAL DO domar a natureza.
TRABALHO PERMITIDO PELA
REVOLUÇÃO NEOLÍTICA - Florescer do pensamento abstrato (astrologia,
matemática, religião).

- Por ser cercada por populações hostis, formou

precocemente os exércitos profissionais.

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1. MESOPOTÂMIA
- A moeda, primeiramente no formato de
mercadoria (especialmente cevada), é substituída
pelo ouro e pela prata e posteriormente é cunhada.
= ECONOMIA BASTANTE MONETARIZADA

- Primeiros banqueiros (3.400 a.C):

- Rápida difusão (em 2.000 a.C, os bancos estavam
em todas as grandes cidades).
- Praticavam empréstimos a juros, débito em conta
corrente, transferência entre cidades.

- O artesanato representava uma atividade

APROFUNDAMENTO complementar à economia rural (cevada, trigo e
DAS RELAÇÕES centeio).
ECONÔMICAS
- Comércio exterior bem desenvolvido para a
compra de matérias-primas:
África: marfim e ouro
Síria/Líbano: madeiras, mármore e basalto
Ásia Menor: prata, cobre e ferro
Pérsia: madeira, cobre, estanho e lápis-lazúli
Arábia/Índia: ouro, pedras preciosas e marfim

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1. As primeiras formações econômicas ECONOMIAS ANTIGAS

1. MESOPOTÂMIA

- Desenvolvimento tecnológico (cobre e

fundição de minério de ferro), além de
melhoramento dos métodos agrícolas.

- Desenvolvimento monetário, com criação e

ampliação do sistema bancário.

- Empreendimentos econômicos apoiados no

pagamento de impostos (grandes obras),
CONTRIBUIÇÕES À conduzidas por uma esfera burocrática.
POSTERIDADE
- Formulação explícita do direito civil contribui
para um funcionamento mais harmonioso da
economia e da sociedade, definindo direitos de
propriedade e promovendo a segurança
jurídica em contratos).

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1. As primeiras formações econômicas ECONOMIAS ANTIGAS

1. MESOPOTÂMIA

Caráter espantosamente moderno (Brasseul):

Liberdade no domínio econômico

Regime de capitalismo precoce, essencialmente rural, que

conseguiu funcionar graças à implementação pelo Estado do
primeiro quadro jurídico organizado da História.

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2. EGITO
(a partir de 3.200 a.C)
“O Egito é uma dádiva do Nilo”
(Heródoto)

- Mais isolado que a Mesopotâmia:

= Facilita a unidade e o
fortalecimento do poder central
(teocracia).
= Estabilidade do sistema apoiada
na tradição.

- O Estado unificado precede a

urbanização plena:
= Sistema econômico altamente
estatizado, com ênfase no trabalho
coletivo e ordenado e pouco
espaço para iniciativas individuais.

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2. EGITO

- Economia orientada para assegurar a sobrevivência do faraó e das

classes superiores.
= Forte hierarquização social.

- Estado é o grande proprietário e os

camponeses são propriedade do
faraó (ou empregados vitalícios).

- A escravidão era pequena.

- A propriedade privada não se

constitui plenamente.
= Concessões do Estado

- Baixo nível de monetização.

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2. EGITO

Riquezas econômicas:

- Base agrária:
AGRICULTURA: cereais (trigo e cevada),
frutas, verduras, legumes, linho e papiro.

PECUÁRIA: gado suíno, ovino e caprino,

além da criação de aves em cativeiro
(patos, gansos, pombos, codornas).

- Artesanato destinado ao Estado ou

classe de renda mais alta.

- Comércio exterior pouco ativo.

Fenícia: madeira
Somália: ébano, marfim e incenso
Núbia: ouro, pedras preciosas e marfim

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2. EGITO
Mesopotâmia versus Egito
1. Como as cheias do Nilo são regulares e menos destruidoras que as do
Tigre e Eufrates, o sistema de irrigação nunca foi tão complexo.

2. No Egito, os desertos isolavam a região, tornando-a uma sociedade

economicamente isolacionista, estática e conservadora.
O problema econômico fundamental – a escassez –
é resolvido pelo sistema de sujeição aos hábitos
ancestrais, garantindo segurança e sendo pouco
propício à mudança.

3. O Egito não era dependente do comércio externo, o que não

incentivou a produção artesanal para trocas e a monetização.

4. Enquanto na Mesopotâmia há um dualismo entre palácio real e

templo, no Egito ambos representam a mesma coisa.

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Civilizações Comerciais

Em condições geoclimáticas pouco propícias:

- A dificuldade de desenvolver a agricultura obriga algumas

civilizações a se voltarem para o exterior a fim de conseguirem os
produtos básicos.

- Força o desenvolvimento de uma urbanização precoce.

- A economia artesanal fica apoiada na transformação de

poucas matérias-primas (em abundância).

- Tornam-se civilizações altamente comerciais.

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Civilizações Comerciais

CIVILIZAÇÃO
MINÓICA(Creta)

FENÍCIOS

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1. As primeiras formações econômicas ECONOMIAS ANTIGAS

3. CRETA (a partir de 3.100 a.C)

1ª ECONOMIA CONCENTRADA NA PRODUÇÃO ARTESANAL PARA
EXPORTAÇÃO E NO COMÉRCIO À LONGA DISTÂNCIA

- Aproveitamento das riquezas naturais

(cobre e madeira).

- Desenvolvimento da atividade pesqueira e

do cultivo de vinhas e oliveiras (produção de
vinho e azeite).

- Estabelecimento de comunidades urbanas

em torno de portos.

- Exportações como fonte de trocas

comerciais e de relações com diferentes
povos.

- Elevado grau de divisão do trabalho.

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4. FENÍCIOS
Apogeu: 1.200 – 800 a.C

INEXISTÊNCIA DE NECESSIDADE DE SE
GRANDES RIOS LANÇAR AO MAR
Economia que vive mais das
trocas que da produção

CEDRO
+ PRODUÇÃO DE VINHO E AZEITE
+ OBJETOS DE CERÂMICA E METAL
+ CORANTE DE PÚRPURA
(uma das mercadorias mais caras e procuradas).

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4. FENÍCIOS

BENEFICIAM-SE
COM O COLAPSO
DA CIVILIZAÇÃO
MINÓICA

LÍBANO

LÍBIA

Forjaram a unidade do Mundo Antigo à volta do Mediterrâneo.

= 1º passo para a economia-mundo

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4. FENÍCIOS

Características da organização social

- Politeísmo.

- Estrutura social em que ganha espaço a classe

de comerciantes.
REI
SACERDOTES
CONSELHO DE ANCIÃOS
- As mulheres parecem ter desfrutado de maior
poder e liberdade que nas demais sociedades
antigas.
Dido de Tiro – 1ª rainha de Cartago
- Escrita fenícia. Eneida (Virgílio)

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4. FENÍCIOS

Características da organização social

ALFABETO
IDEOGRÁFICO
(cuneiforme e
hieróglifos)

ALFABETO FONÉTICO

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4. FENÍCIOS

Características da organização social

- Organizada em cidades-Estados portuárias independentes,
mas com proximidade cultural (não constitui um Estado unificado).

- Consolidam-se como intermediários do Mundo Antigo, inaugurando a troca

direta com outras regiões.

- Respeito aos contratos e aos direitos de propriedade.

Estabelecem
colônias/feitorias ao
longo da costa da África
do Norte e do
Mediterrâneo Ocidental.

CARTAGO
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4. FENÍCIOS

Lentidão no processo de monetização?

- Contrassenso frente à economia mesopotâmia importadora

(monetizada) e a fenícia, em que as transações eram o motor da
atividade econômica?

- Há um excesso de centralização estatal e trabalho coletivo (como

no Egito)?

- A moeda facilita a troca mas não se constitui em um pré-requisito

para a atividade mercantil?

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Referências:
BRASSEUL, J. História Económica do Mundo: das origens aos subprimes. Lisboa: Texto &
Grafia, 2010.

CAMERON, R. História Econômica do Mundo. 2ª Ed. Lisboa: Publicações Europa-

América, 2010.

MARR, A. Uma história do mundo. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012. – Parte 1

REZENDE FILHO, C. História Econômica Mundial. 9ª Ed. São Paulo: Contexto, 2010.

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