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Sumário
INTRODUÇÃO ......................................................................................... 3
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NOSSA HISTÓRIA
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INTRODUÇÃO
3
A apostila contempla os fundamentos da literatura e da música,
abordando as relações existentes entre ambas as temáticas, bem como,
métodos que interligam o trabalho entre teoria e prática em sala de aula.
Os textos foram escritos para subsidiar a formação de professores para
lidar com questões de ensino de literatura e música. De forma que, essas áreas
do conhecimento humano possam ser uma excelente fonte (direta ou
alternativa), para promover a democratização do saber e fomentar uma
educação mais inclusiva, profunda e abrangente. Em outras palavras, evidencia
a possibilidade de trabalhar com diversas práticas pedagógicas, sabendo que, o
conhecimento não se fecha em si mesmo, mas, pelo contrário, abre-se em
múltiplas possibilidades, e a verdade não se instaura em nenhuma delas.
A organização dos materiais é fixada em diferentes autores que discutem,
enfocam e orientam a disciplina em questão. Também utiliza-se autores que
discutem questões técnicas, sociais e científicas em um certo grau de métodos
sociológicos e filosóficos.
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FUNDAMENTOS DA LITERATURA E DA MÚSICA
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Fonte: Kreutzer Sonata, de René F. X. Prinet, 1901.
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canto e, no canto, o conteúdo é a poesia declamada melodiosamente. Ao
produzir instrumentos musicais, o homem procurou imitar a voz. Só numa etapa
posterior surgiu a música absoluta, isto é, completamente dissociada de
qualquer mensagem literária.
O conhecimento que se tem da música da antiguidade é quase nulo, pois,
dessa época, só há registros figurativos de danças e cantos, acompanhados pela
execução de instrumentos, como liras e flautas. A música ocidental, realmente,
começa com o cantochão, canto litúrgico da Igreja Católica Romana,
institucionalizado pelo papa Gregório I, no século VII. Esse “Canto Gregoriano”
persistiu como padrão oficial por oito séculos. Nele, o coro, num melodismo
infinitamente variado, canta o texto litúrgico de maneira homofônica, isto é, com
todas as vozes numa mesma melodia. Considerada artisticamente, a liturgia é,
propriamente, uma obra literária, constituída de textos bíblicos acrescidos de
comentários. Assim, pode-se dizer, sem sombra de dúvida, que a música
ocidental, de 650 a 1450, mais ou menos, foi uma arte indissociavelmente ligada
à literatura.
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Fonte: Franz Liszt, 1840
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eclético dos músicos renascentistas, tendo levado à música profana, na
composição de seus madrigais, às vezes eróticos, a mesma maestria que usava
em suas missas e motetos. O maior nome, contudo, é Palestrina (1525-1594),
baluarte da Contra-Reforma, cuja influência levou os cardeais a admitirem a
polifonia na liturgia.
Sua principal composição é a “Missa Papae Marceli”, de 1567. Mas a
música “a capela” estava com seus dias contados. Seu último suspiro foi no
movimento maneirista, bem à moda da contra reforma jesuítica, que usava o
recurso de vários coros nos diversos balcões das igrejas, que floresceu em
Veneza com os Gabrielli. Seu epígono foi o príncipe Gesualdo (1560-1615), que,
em seus madrigais, levou o canto aos limites do cromatismo atonal.
Foi no Barroco, período em que as obras puramente instrumentais foram
introduzidas na música que, paradoxalmente, surgiu a forma mais intimamente
ligada à literatura da música, a ópera. A ópera é, propriamente, um poema
dramático musicado e teatralmente representado, com o concurso do canto e de
acompanhamento orquestral, incluindo também a dança e a composição
cenográfica como elementos. Assim considerada, a ópera e uma arte plural, em
que a literatura (a poesia), o teatro, a música, a dança e as artes plásticas (no
cenário) comparecem. Porém, a base de toda a concepção operística é o libreto
(texto poético a ser cantado ou recitado, em alguns trechos) e a música.
“Orfeo”, de Claudio Monteverdi (1567-1643), estreada em 1607, em
Veneza, pode ser considerada a primeira ópera digna deste nome, como
evolução dos melodramas surgidos em Florença, nos fins do século XVI. O que,
de fato, a caracterizou como ópera foi o surgimento das árias e dos coros no
lugar dos recitativos e o acompanhamento de verdadeiras orquestras, em vez de
pequenos conjuntos. Em 1637, é fundado o primeiro Teatro de Ópera, o San
Cassiano, em Veneza, e a ópera deixa o círculo restrito dos palácios para atingir
o povo. A partir da Itália a ópera conquista a Alemanha e França e, depois, a
Áustria, a Inglaterra e toda a Europa.
Contudo, em que pese a importância do enredo no sucesso da ópera, em
qualquer historiografia do gênero, lugar secundário é reservado aos libretistas.
Mesmo os conhecedores dessa arte, muitas vezes, não sabem a quem creditar
a autoria do libreto. O papel do libretista equivale, modernamente, ao do roteirista
cinematográfico, que faz a adaptação de um romance para a tela, criando os
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diálogos e a movimentação cênica. Entretanto há diferenças marcantes entre
eles. Os libretos são poemas e não simples diálogos. Deste modo, o trabalho do
libretista se assemelha ao dos letristas das canções populares (nos casos em
que as letras são, verdadeiramente, poemas).
Em muitos casos, todavia, os libretos são criações originais,
caracterizando-se como obra literária de autoria reconhecida, o que não é o caso
das adaptações, em que a obra de arte literária pertence ao escritor, teatrólogo
ou poeta que criou o texto original.
As peças teatrais sempre tiveram a preferência dos compositores para
suas óperas e as de Shakespeare (1564-1616) foram a base para o libreto de
inúmeras delas. A tragédia “Otello” e a comédia “As Alegres Comadres de
Windsor”, foram transformada em ópera por Verdi (1813-1901) (a última com o
título de Falstaff), com libreto de Arrigo Boito (1842-1918). “Romeu e Julieta”
transformou-se em ópera de Gounod (1818-1893), que também compôs
“Fausto” com base na tragédia de Goethe (1749-1832), ambas com libreto de
Jules Barbier e Michel Carré, que também foram autores do libreto da ópera
“Mignon”, de Ambroise Thomas (1811-1896), baseado em novela de Goethe.
“Electra”, tragédia grega de Sófocles, também abordada por Ésquilo e
Eurípedes, tornou-se uma grande ópera de Richard Strauss (1864-1949), pelo
libreto do von Hofmannsthal. “Angelo, o Tirano de Pádua”, de Victor Hugo (1802-
1885) transformou-se na ópera “La Gioconda”, de Ponchielli (1834-1886), pelas
mãos de Arrigo Boito e o seu drama “O Rei se Diverte”, pelo libreto de Francisco
Maria Piave, tornou-se a famosíssima “Rigoletto”, de Verdi. O mesmo Piave
transformou, para Verdi, a peça “A Dama das Camélias”, de Alexandre Dumas
Filho (1824-1895), na ópera não menos famosa “La Traviatta”.
Um dos libretistas que mais se destacaram foi Lorenzo da Ponte (1749-
1773), que colaborou com Mozart (1756-1791) em suas mais relevantes
produções, como “Don Giovanni”, “Cosi Fan Tutti” e “As Bodas de Fígaro”, esta
com base na mesma comédia de Beumarchais (1732-1799) em que foi baseada
a ópera “O Barbeiro de Sevilha” de Rossini (1792-1868). Salvatore Cammarano
redigiu os libretos da “Lucia de Lammermoor”, de Donizetti (1797-1848), com
base no romance de Sir Walter Scott (1771-1832) e da ópera “Il Trovatore”, de
Verdi. Felice Romani foi autor dos libretos de “Norma” e “La Sonnambula” de
Bellini (1801-1835) e de “Elisir d’Amore” de Donizetti. Arrigo Boito fez o libreto de
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sua própria ópera “Mefistófeles”, baseado no “Fausto” de Goethe, e das óperas
“Ottelo” e “Falstaff”, já citadas, de Verdi, com grande maestria poética. Francisco
Maria Piave angariou justa fama com os libretos do “Rigoletto” e da “Traviatta”.
Já no século XX, Luigi Illica redigiu os libretos de “Andrea Chernier”, de Giordano
e da “Tosca” e “Madame Butterfly”, de Puccini (1858-1924).
O mais poderoso nome da história da ópera, Richard Wagner (1813-
1883), contudo, não se valeu de libretistas para seus “Dramas Musicais”. Na
concepção wagneriana, a ópera era a arte suprema, por envolver todas as artes.
Suas obras, diversamente do usual na época, não se baseavam em dramas ou
comédias da vida mundana, mas em episódios lendários do folclore germânico,
que foram traduzidos em imensos poemas pelo próprio Wagner. Característica
da reforma por ele introduzida é a condução da ação operística em melodismo
contínuo, isto é, não há episódios destacados, como as árias e duetos,
intercalados por recitativos, nos quais a ação é mais teatral que operística. Todo
o drama é cantado, evoluindo continuamente. O tratamento formal e a
orquestração de Wagner inovaram ao introduzir o “motivo condutor” na
composição, que não se estrutura em temas que são expostos, desenvolvidos e
repetidos, mas evoluem de modo contínuo.
O uso de todos os instrumentos da orquestra ao longo da ópera inteira,
mesmo nos trechos mais líricos e sutis é outra característica inovadora de
Wagner, que, não obstante, foi um anacrônico romântico, na época em que o
romantismo já se retirava do cenário musical.
Na esteira do sucesso da ópera e para alcançar um público mais
numeroso e menos exigente culturalmente, surgiu, na segunda metade do
século XIX, na França, a opereta, gênero mais leve e mais ligeiro de obra
dramática musicada. Seus expoentes foram, na França, Jacques Offenbach
(1819-1880) e, na Áustria, Johann Straus Jr. (1825-1890), Franz von Suppé
(1820-1895) e Franz Lehár (1870-1948). A qualidade literária dos libretos das
operetas, consonantemente, não atingia, e nem pretendia fazê-lo, o nível
artístico exigido pelas grandes óperas. Algumas, contudo, têm o seu valor, como
“La Perichole”, “Orphée aux Enfers” e “ La Belle Hélène”, de Offenbach e “Die
Flendermaus” (O Morcego) de Strauss Jr.
Sucessor direto da opereta é o “musical” inglês e norte-americano. Arthur
Sullivan (1842-1900) criou música de bom calibre para musicais ingleses, a
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maioria em parceria com o roteirista Willian Gilbert, incluindo “O Mercador de
Veneza”, baseado em Shakespeare. Nos Estados Unidos, no entreguerras, o
gênero teve grande expansão, com as obras de Sigmund Romberg (1887-1951),
George Gershwin (1898-1937) e Richard Rodgers (1902-1979), com libretos de
Oscar Hammerstein II e outros. Destacam-se “The Student Prince” e “The New
Moon”, de Romberg, com libretos de Donnelly e Hammerstein, respectivamente.
O gênero evoluiu para criações de maior valor musical e literário, como “West
Side Story” (1957) de Leonard Bernstein (1918), com libreto de Arthur Laurents
e letras das canções de Stephen Sondhein, “The Sound of Music” de Rodgers e
Hammerstein. Modernamente o musical é dominado pelo compositor inglês
Andrew Lloyd Weber, com suas peças “Cats”, baseada em T. S. Eliot, “Evita”,
“The Phanton of the Opera” e “Sunset Boulevard”.
Outro gênero musical intimamente ligado à literatura, mais precisamente
à poesia, é o “lied”, ou canção alemã. Surgido no século XIII, o “lied” ganhou
força expressiva com Schubert (1797-1828), na forma de declamação melódica
com acompanhamento instrumental, em que o solista e o acompanhante
desempenham papeis mutuamente interdependentes na comunicação do
conteúdo emocional da poesia. Schubert escreveu 600 “lieds” em seus 31 anos
de vida, a maior parte musicando poemas de Goethe e Heine. São importantes
os ciclos de “lieds” “A bela Moleira”, “Viagens de Inverno” e “O Canto do Cisne”.
A tradição do gênero firmou-se com Schumann (1810-1856), Brahms (1833-
1897) e Wolf (1860-1903). De Schumann, destacam-se os ciclos “Amor e Vida
de Mulher”, “Amor de Poeta”, sobre versos de Heine e “Lieds de Eichendorff”,
sobre versos de Eichendorff. Mahler (1860-1911) e Richard Strauss
compuseram “lieds” com acompanhamento orquestral, como as “Canções de um
Viandante”, de Mahler, com texto dele mesmo; “Canções da Terra”, com texto
de Bethge, inspirados em antigos poemas chineses e as “Canções sobre as
Crianças Mortas”, com versos de Friedrich Rückert (1788-1866), de extrema
melancolia.
Bem mais sutil, mas talvez até mais profunda, é a relação entre a música
e a literatura, encontrada no gênero de composição denominada “Poema
Sinfônico”. Este termo foi usado pela primeira vez para a composição “Tasso”,
de Liszt (1811-1883). É um gênero de música sinfônica que se distingue da
sinfonia pelo seu caráter programático e, geralmente, pela estruturação em um
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único movimento. No poema sinfônico o compositor procura expressar por meio
de sons, o conteúdo de uma obra literária, de um quadro pictórico ou, mesmo,
de uma ideia filosófica. As apresentações desses poemas em salas de concerto
são acompanhadas de um programa explicativo do tema desenvolvido,
relacionando as partes musicais correspondentes a cada trecho.
O próprio Liszt compôs 13 poemas sinfônicos, sendo os mais relevantes
“O que se ouve na montanha” (1849), sobre um poema de Victor Hugo; “Os
Prelúdios”(1854), sobre um poema de Lamartine; “Mazeppa” (1851); “A Batalha
dos Campos Catalúnicos” (1856), sobre uma tela de Kaulbach e “Hamlet” (1858),
sobre o drama de Shakespeare. Fiel à conceituação de Liszt, Bedrich Smetana
(1824-1884) compôs uma série de poemas sinfônicos: “Ricardo III” (1858), sobre
o personagem de Shakespeare; “O Acampamento de Wallenstein” (1859), sobre
o drama homônimo de Schiller; “Hakon Jarl” (1861), sobre o lendário herói pagão
da Escandinávia e “O Carnaval de Praga” (1883), última obra do compositor.
Além desses quatro, Smetana compôs o ciclo de seis poemas sinfônicos “Minha
Pátria”, de inspiração nacionalista, descritivos de lugares e heróis da nação
tcheca, contendo as obras “Vysehrad”, que descreve o legendário castelo; “O
Moldávia”, cantando a passagem do rio pelo país; “Sárdka”, heroína lendária;
“Dos Campos e Bosques da Boêmia”; “Tabor”, cidade bastião dos guerreiros
hussitas e “Blaník”, montanha refúgio dos heróis vencidos, que aguardam o
momento de serem chamados para a ressureição da pátria.
O poema sinfônico atingiu sua culminância com Richard Strauss.
Iniciando com “Don Juan” (1889), sobre o galante personagem espanhol,
seguiram-se “Machbeth” (1890), sobre o drama shakespeareano; “Morte e
Transfiguração” (1890); “As Alegres Travessuras de Till Eulenspiegel” (1895);
“Dom Quixote” (1898), sobre o personagem de Cervantes; “Assim Falou
Zarathustra” (1896), sobre a filosofia de Nietzsche; “Uma vida de Herói” (1899),
peça auto-glorificatória; “Sinfonia Doméstica” (1904) e “Sinfonia Alpina” (1915),
estes dois últimos de caráter descritivo.
Algumas obras sinfônicas não catalogadas como poemas sinfônicos
podem ser assim consideradas por seu caráter programático, como a precursora
“Sinfonia Pastoral” de Beethoven (1770-1827); as sinfonias “Fantástica” e
“Haroldo na Itália” de Berlioz (1803-1869); a abertura “Romeu e Julieta” de
Tchaikowsky (1840-1893) e a suíte sinfônica “Scherazade” de Rimsky-Korsakov
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(1844-1908). São “música de programa”, na acepção de que pretendem
transmitir, pela música, mensagem de conteúdo literário, pictórico ou filosófico.
Nesse sentido, essas obras constituem-se na forma mais “literária” de música,
pois os recursos musicais da melodia, harmonia e ritmo não são postos a serviço
do acompanhamento de um texto literário ou poético, senão procuram expressar,
em si mesmos, o que a poesia, a pintura ou a filosofia pretendem comunicar à
razão e à emoção.
Como pode ser percebido, há muita afinidade entre a música e a
literatura, sendo esta, ao longo de toda a história da música, a fonte inspiradora
de grande parte da criação musical, mesmo nos casos da “música absoluta”, isto
é, constituída puramente de sons, sem qualquer apelo literário direto. A razão
dessa afinidade, talvez, esteja na própria estrutura da mente humana, que, uma
vez adquirida a linguagem, elabora o pensamento em termos do discurso, isto é,
da articulação das palavras em frases, para a condução do raciocínio. A música,
por sua expressão na dimensão temporal, de modo diferente das artes plásticas,
é criada mentalmente numa sucessão de sons que, muito apropriadamente,
denomina-se “fraseado musical”. É como se cada ideia melódica possuísse uma
estrutura sintática com sujeito, predicado, complementos e adjuntos. Ao compor,
o músico elabora um “texto musical”, em que expressa sua ideias em blocos
sucessivos, do mesmo modo que na redação do texto literário. Assim, a obra
como um todo, há que ter uma introdução, uma exposição de ideias, um
desenvolvimento dos temas, com retornos e avanços e, finalmente, uma
conclusão, muitas vezes encerrada com um trecho de tensão acumulada, até
seu alívio no acorde final, trecho este que, muito pertinentemente, denomina-se
“coda”, do italiano, significando “cauda”.
O tema é demasiadamente rico para as proporções deste ensaio. O leitor
é, pois, remetido à bibliografia para um aprofundamento maior.
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MUSICALIZAÇÃO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
O ensino da música tem por objetivos gerais abrir espaço para que os
alunos possam se expressar e se comunicar através dela, bem como promover
experiências de apreciação e abordagem em seus vários contextos culturais e
históricos.
De acordo com Bréscia (2003), a música é uma linguagem universal,
tendo participado da história da humanidade desde as primeiras civilizações.
Mas o conceito mais usado é que a Música é a combinação de (1: melodia, 2:
harmonia e 3: ritmo), de maneira agradável para o ouvinte.
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A música como veículo de história, mitos e lendas, contribuindo para a
continuidade cultural, utilizada na educação, auxilia no controle dos
membros “desviantes” da sociedade, ou seja, ensinando à sociedade
o que é certo contribuindo para a estabilidade cultural; e no cultivo de
indivíduos, transmitindo ensinamentos sobre o ambiente natural e seus
valores do grupo, no sentido de dar continuidade à cultura (CRUVINEL,
2005, p. 54)
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Muitos professores utilizam a música de maneira errada, quando demonstram
não serem habilitados para tal função, mas esquecem de que o ambiente da
educação infantil é repleto de repertórios musicais, basta observarmos os sons
da natureza, o silêncio, que são componentes da música.
Música não é questão de dom, mas sim de hábito, assim como a leitura é
um hábito, também podemos fazê-los com a música.
Produzir música, criar música é um aprendizado prazeroso, assim como
construir seus próprios instrumentos musicais. O lúdico funciona como elemento
motivador e de estímulos para o desenvolvimento da música, permitindo que ela
crie seu som, sua música.
A música é essencial, pois através dela obtemos uma aprendizagem
dinâmica, alegre e prazerosa, estimulando na criança a sua criatividade, sendo
um estímulo atrativo.
A educação musical além de auxiliar no desenvolvimento de diversas
habilidades, poderá auxiliar na aprendizagem dos alunos, lembrando sempre
que qualquer atividade deve ser pré-planejada. Ao utilizar a música na sala de
aula, é importante que o professor conheça o repertório a ser apresentado,
comparando assim, com as atividades que serão realizadas. Isso possibilita que
os alunos construam relações significativas com a aprendizagem. Trabalhar com
música não é simplesmente ligar o som e dizer que a escola oferece a disciplina
de arte musical, é preciso ter consciência dos objetivos que se deseja alcançar
através da música. Na ótica de Fonterrada (2008):
[...] Este é um momento propício para levantar o que está por trás das
atitudes tomadas em relação ao ensino de música, tanto nas escolas
especializadas quando nas de educação geral, para que se tenha
clareza a respeito do valor que lhe é atribuído e do papel que
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representa na sociedade contemporânea [...] (FONTERRADA, 2008, p.
10).
Objetivos:
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improvisar, compor, observar e analisar suas estratégias e de seus colegas nas
atividades de produção.
O segundo objetivo é a apreciação da música que se dá pela escuta,
envolvimento e compreensão da linguagem musical. O professor deve, por
exemplo, promover uma discussão e um levantamento de critérios sobre a
possibilidade de determinadas produções sonoras serem ou não músicas, para
que a partir daí ele possa explicar as linguagens musicais; dar espaço para que
os alunos possam escutar diversos estilos de música e pedir que eles percebam
as características expressivas e de intencionalidade dos compositores e
intérpretes dessas músicas.
O terceiro objetivo é a abordagem da música em vários contextos culturais
e históricos que se dá através da expressão musical de vários povos em
diferentes épocas.
Metodologias:
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Participação em apresentações que envolvam música;
Sinais, códigos, símbolos, leitura e escrita;
Música ao vivo, gravações e outras manifestações com música.
Mercado de trabalho, produção musical, profissionais da música
Exemplo:
Percepção sonora
A percepção sonora envolve a recepção e a análise de estímulos sonoros
através da audição. Nesta percepção identificam-se algumas capacidades como
a detecção do som, discriminação, sensação sonora, localização,
reconhecimento, atenção, compreensão e a memória, sendo assim parte do
processamento auditivo que envolve a apuração do sinal acústico assimilando a
informação em modelos. Diferente dos nervos ópticos, a audição não suporta
estímulos agressivos, ou seja, caso o ouvido for exposto a intervalos desafinados
tem-se a impressão de que está errado, que não é belo ou em casos extremos
uma peça dissonante pode causar irritabilidade a quem ouve.
As atividades que cercam a percepção sonora agem, além do estímulo
auditivo em si, no desenvolvimento de diversos aspectos intelectivos, tais como
criatividade, linguagem, memória e tantos mais que o professor possa explorar,
dependendo do objetivo a ser alcançado.
Muitas atividades podem ser manuseadas especialmente no estímulo da
memória. Com objetos que provoquem sons (chocalhos, latas, sons
onomatopaicos, músicas e ruídos naturais dos ambientes), localizar e treinar,
identificação, reprodução e execução dos diferentes sons.
Rimas;
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Atividades propostas
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O PAPEL DO ENSINO DE MÚSICA NA FORMAÇÃO DO
CIDADÃO
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[...] a música na escola só traz vantagens para a vida das crianças;
uma maior consciência de si, o respeito e a compreensão do outro e
visões críticas das dimensões da vida; isto, sem falar na divulgação e
valorização da área como campo profissional e da ação estimuladora
e criativa para o conhecimento da música.
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o início, um mundo próprio, diferente do círculo familiar, no qual existem grupos
maiores que impõem certos padrões de conduta, onde o aluno deverá
desenvolver-se integrando-se a outras culturas distintas.
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ENSINO DA LITERATURA
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forma abrangente, ampla, diferentemente dos materiais informativos que
prendem-se aos fatos particulares.
Leite (1988, p. 12) expõe uma significação para o texto literário:
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espera-se que o leitor imagine, ou melhor, faça sua representação a respeito do
texto, a partir de uma sequência de aspectos que o próprio texto oferece.
Segundo Lajolo (2001), outro aspecto a ser destacado na leitura é a
percepção dos elementos de linguagem que o texto manipula. Dessa maneira, a
leitura literária permite ao indivíduo descobrir-se em seu papel de interação com
o texto. Para isso, a escola deve promover o “encontro” entre leitor e texto,
permitindo que esse leitor se reconheça na obra, sinta que sua cultura pode estar
vinculada com o texto lido. Sendo assim, para iniciar a formação do leitor, é
assaz importante oportunizar a leitura de textos literários próximos à sua
realidade, pois quanto mais familiaridade o texto despertar no leitor, mais haverá
predisposição para a leitura, suas expectativas estarão sendo priorizadas em
relação ao ensino da literatura.
Rocco (1992) nos lembra que a literatura, hoje, já não é a maneira mais
difundida para explicar o mundo e para transmitir valores; vivemos num tempo
de imagens, no qual o signo linguístico já não tem o mesmo valor significativo de
outrora. Sendo assim, em meio a essa competição entre os variados veículos de
comunicação, a literatura precisa fazer a diferença como produto vivo e integral
do espírito humano, ela precisa ser atraente aos olhos de nossos estudantes, já
tão acostumados ao mundo dos recursos midiáticos, ao mundo da técnica e da
automação. Os textos selecionados devem ser motivadores, instigantes e o
professor será o responsável pela aceitação ou não desse tipo de atividade, é
ele quem vai selecionar as leituras que mais se adaptam aos seus alunos.
Segundo Rocco (1992), o ensino da literatura deve ser conduzido de tal
forma que se perceba do que nossos alunos são capazes em termos sociais,
afetivos e mentais e a partir disso possamos definir as escolhas e o nível de
aprendizagem que queremos. Para Larrosa (2000), lemos para descobrir o que
o texto “pensa”; então, quando lemos, estamos sendo habilitados a “pensar”.
Esses critérios ajudarão a trabalhar com a literatura com objetivo de valorizar o
que o texto traz de novo, bom, interessante e não privilegiar apenas biografias
de autores, características de escolas literárias, totalmente isolados de uma
consciência histórico-social, em detrimento do texto em si.
É importante que o professor estabeleça um elo de ligação entre o aluno
e o texto literário, e a partir daí, que os novos leitores encontrem-se consigo e
com os outros seres. Segundo Silva (1985, p. 58, grifo do autor) “um dos
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objetivos básicos da escola é o de formar o leitor crítico da cultura – cultura está
encarnada em qualquer tipo de linguagem, verbal e/ou não verbal”.
O que se tem visto é que o professor, muitas vezes, atrapalha essa
interação, ditando as regras que considera as mais convenientes, utilizando as
estratégias mais maçantes, com estudos intermináveis de características de
escolas literárias e de biografias de autores que não tem tido outro objetivo além
da informação em si mesma.
Não se pode negar a importância dos estudos promovidos pela história
literária, afinal, como reforça Leite (1988), as funções da literatura só ganham
sentido se forem discutidas em relação a circunstâncias históricas; porém, estes
estudos devem ser efetuados de tal maneira que concorram com a análise e
apreciação dos textos literários, verificando a recepção do texto, as condições
de produção e demais fatores intimamente ligados a uma leitura mais
aprofundada.
Não se deve tratar o texto como um objeto sagrado, mas sim, como um
espaço simbólico de linguagem, no qual se entrecruzam vários discursos e
saberes. O estudo da história da literatura deve ser enfocado paralelamente ao
das obras escolhidas, a obra deve ser localizada no tempo para que dê uma
consciência do seu lugar histórico e do que esse fato representa para sua análise
e entendimento; o que não deve haver são exageros, um ensino estático do
passado, esvaziado da matéria literária.
A leitura de textos literários deve ser “algo em si” e não “algo que serve
para”. Para Rocco (1992) essa “cultura” que os professores insistem em passar
através do ensino da literatura e que consiste em “saber coisas”, encontrar uma
finalidade “prática” não é o que se espera, não é o que os alunos esperam
aprender. Sobre isso, Larrosa (2000) afirma que a função da literatura está em
questionar as convenções e a linguagem “fossilizada” que são impostas sem
nenhuma reflexão. Na verdade, o professor de literatura deve saber unir na sua
tarefa de ensinar a busca do valor da linguagem e funções de um texto, a
organicidade dessa linguagem (através da gramática) e a preocupação com as
dimensões humanas, sociais, psicológicas existentes na literatura, tudo isso, de
maneira bem dosada e que desperte a atenção do leitor para o texto. Bem
orientados, os leitores valorizarão a linguagem literária e poderão até
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estabelecer algumas relações formais, mesmo que em nível bastante
simplificado.
A questão do cânone literário tradicionalmente estabelecido também é
fator digno de ser abordado nessa reflexão sobre o ensino da literatura. Ensinar
literatura é uma tarefa que permite verificar como o cânone foi organizado no
decorrer das diferentes épocas, como foi estabelecido o que seria ou não
literário.
A mediação da escola nesse processo é primordial, pois no ambiente
escolar são selecionados os autores e obras que devem figurar entre os
monumentos nacionais e internacionais da literatura; assim sendo, todos que
forem preteridos pelo critério de seleção da escola e dos próprios professores,
serão considerados de “menor” valor em relação ao cânone tradicionalmente
estabelecido.
O bom senso do professor, os objetivos claros do trabalho que desenvolve
em sala de aula nortearão a escolha adequada das obras a serem lidas e para
isso, não é mister que se abordem apenas os livros que os “manuais” e que a
crítica literária apontem como os melhores. O professor deve ter uma “autonomia
responsável” para fazer a seleção criteriosa dos livros que servirão para um
trabalho produtivo com literatura.
Em suas pesquisas, Rocco (1992) percebeu que algumas questões
devem ser observadas para que haja uma boa aceitação por parte dos alunos.
O enredo das obras selecionadas deve ter interesse, deve ter ritmo, não pode
ser tão cansativo que o leitor prefira dormir a ler.
Quanto à linguagem, para o nível de alunos de ensino médio o vocabulário
precisa ser acessível, mais direto, portanto deve-se dar preferência a textos mais
atuais e deixar textos de épocas mais distantes para serem abordados quando
eles tiverem uma maior maturidade literária. Outro ponto refere-se à extensão da
obra; obras extensas demais, letras pequenas, trazem desinteresse rapidamente
aos alunos. A última questão refere-se ao gosto; se o professor conhece as
expectativas de seus alunos, ele saberá definir obras que realmente agradem
aos estudantes, que possam ir ao encontro de seus desejos.
O professor de literatura deve ter como objetivo fundamental estabelecer
um contato efetivo do aluno com o texto, portanto as obras literárias selecionadas
devem estar o mais próximo possível do que eles esperam, já que a experiência
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de leitura e a visão de mundo do adolescente ainda são mais restritas. A
participação dos alunos na escolha dos textos a serem lidos e trabalhados seria
um passo inicial para o entrosamento com a obra literária.
A partir do momento em que o professor começa a oferecer aos alunos a
oportunidade de fazer leituras de textos e obras realmente significativos do ponto
de vista de suas aspirações e conhecimentos prévios, pode-se então planejar
alçar vôos mais altos, ou seja, o professor, paulatinamente, introduzirá uma
literatura que seja mais aprofundada e abrangente, que desperte prazer, sem
prescindir de um objetivo prático imediato.
Mediante isso, e também de forma paralela, é importante incentivar o
aluno para ir além das leituras, experimentando também o ato de elaboração de
seus próprios textos. O aluno deve ser incentivado a explorar sua criatividade,
sendo capaz de gerir uma escrita que o represente diante de si mesmo e do
mundo.
Segundo Yunes (1995), leitura pressupõe fruição; ler é um ato que
permanece vivo mesmo após o final da leitura, ficando internalizado no interior
de quem lê. O ato de ler é inesgotável, continua a transmitir as sensações após
o seu “suposto” término. Sobre o conceito de leitura, são pertinentes as palavras
de Leite (1988, p. 91):
Ler pode ser, sim, um grande prazer, segundo confirmam Aguiar e Bordini
(1988). A leitura de textos literários tem finalidade de emocionar, divertir, garantir
a aquisição de um mundo imaginário gratuito, como se fosse um jogo lúdico, e,
como todo jogo, a leitura também precisa de regras para que seu andamento
seja satisfatório. Mas para que isso aconteça, é imprescindível que o professor
prepare seu trabalho para as aulas de literatura respeitando um princípio básico:
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o professor deve ser “leitor”, ele deve ter lido previamente as obras que solicitar
para seus alunos.
Se o professor não lê, não é um leitor experiente, se não conhece algumas
teorias literárias que norteiem seu trabalho, não terá subsídios para abordar
literatura em suas aulas. Teorias literárias são instrumentos que devem ser bem
manuseados pelos educadores com a finalidade de apreenderem melhor a
literatura e poderem repassar e construir conceitos e valores junto aos seus
alunos de forma produtiva.
Aguiar e Bordini (1988) refletem que os professores têm estado também
“desmotivados” em relação à leitura, não se preocupando em oferecer atividades
que despertem a criatividade e o espírito crítico nos seus alunos, ficando apenas
no âmbito da aula expositiva, dos roteiros de livros e da fragmentação do livro
didático.
Esse esvaziamento do ensino da literatura pode ser revertido, se o
professor de literatura procurar um maior embasamento teórico e se for um leitor
mais assíduo. Para trabalhar bem com a literatura, parece óbvio que o professor
não apenas “mande” ou “sugira”, mas também “faça”; ele deve sair da sua
estaticidade, da fragmentação dos conhecimentos, da ignorância que torna os
conteúdos mortos e partir para o entendimento de um método ou métodos
específicos que possam organizar a situação de aprendizagem de acordo com
as expectativas de sua classe. De alguma maneira, o professor precisa, no
processo de trabalho com o texto literário, mostrar ao aluno o seu próprio prazer
em ser leitor, em estar em contato com as obras literárias.
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Se nas aulas de literatura, visa-se a alunos participativos, criativos, que
formule suas próprias teses sobre os livros, textos e até mesmo sobre o que o
professor transmite durante o desenvolvimento do trabalho, está claro que as
aulas não podem ser mecânicas, com ouvintes passivos e dóceis, apenas
repetidores sem atitudes autônomas.
O “prazer” do texto deve ser encontrado (reencontrado), sobretudo, pelo
professor que trabalha com o ensino da literatura, prazer este, muitas vezes
perdido em meio a dificuldades causadas pelo cotidiano escolar. Para tanto, se
faz necessário aceitar a gratuidade da arte e da literatura, e assim destacá-la e
valorizá-la em meio à sociedade do utilitarismo. Se o professor se apresenta
plenamente motivado, buscando variadas estratégias concretas para que sua
prática do ensino da literatura seja, por sua vez, motivadora, tem um bom início
para que também os alunos se sintam atraídos pelas leituras literárias.
Na busca de alternativas que norteiem a relação do professor com os
textos e com os alunos, o processo de indagação deve ser constante. A literatura
é inesgotável, assim como todas as possíveis inserções que se pode fazer a
respeito dela; as respostas são sempre provisórias, impulsionando novas
buscas, novos saberes. Explorando essa inesgotabilidade, amparada numa
teorização da prática docente, cria-se um bom caminho para o reconhecimento
das potencialidades do texto literário, provocando no leitor a interpretação e, de
certo modo, a coautoria.
O ensino da literatura não pode ser confundido ou reduzido à transmissão
de ideias morais. Ensinar literatura consiste em destacar nela a contribuição
efetiva para um exercício de linguagem coletiva e individual. O texto literário traz
na sua própria construção o processo da escrita e da leitura, demonstrando uma
experiência de reflexão na qual o leitor também é agente, na medida em vive e
que pode levá-lo a uma transformação, no embate com suas vivências
individuais. No processo de recepção, o leitor assume sua postura de coautor da
obra lida, atribuindo sentido aos textos, colocando-se numa condição de
criticidade em relação à leitura, enfim, assumindo um papel de leitor-sujeito.
O professor de literatura deve tentar recompor os fragmentos
apresentados pelo livro didático, preocupando-se em instruir os alunos para que
tentem formar uma visão de mundo coerente a partir do mundo literário. É função
do professor de literatura chamar à vida as páginas mortas dos livros, abrindo
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discussões intertextuais e até interdisciplinares, estabelecendo pontes entre os
indivíduos e os textos, entre a escrita e a leitura, entre seus alunos e eles
mesmos. O diálogo, a busca, a troca, a dúvida devem estar presentes suscitando
interação permanente durante o processo de contato com a obra literária,
despertando nos leitores o gosto pela leitura.
O texto literário é compreendido como um meio de estabelecer uma
espécie de contrato de concordância entre leitor e autor. Dessa forma, a
linguagem literária é extremamente importante para uma formação linguística,
além de demonstrar que a forma de escrita dos autores é o ponto alto de suas
produções, e que a temática dos textos, na verdade serve a essa linguagem
artisticamente trabalhada.
Perceber que através da linguagem literária pode-se delimitar um elo
entre as gerações, relacionando a fala viva do passado com sua atualização no
presente, consiste numa das grandes essências do trabalho com a literatura e
que é capaz de despertar o leitor adormecido dentro de cada um dos estudantes,
impulsionando-os para a condição de sujeitos críticos. Além disso, o ensino da
literatura pode tornar os estudantes um pouco mais competentes para a análise
e interpretação de textos literários, avaliando os recursos de expressão,
observando a estrutura, apreendendo como a forma e o conteúdo se moldam um
ao outro, verificando as marcas pessoais da linguagem de cada autor estudado,
e percebendo a influência do contexto histórico social na produção e na
recepção.
É importante adotar uma postura que não privilegie o enfoque cronológico
dos movimentos literários, com vistas a não proporcionar aos alunos apenas uma
visão conteudista e enciclopédica da literatura. Pelo contrário, é interessante
enfocar o texto literário em si e na amplitude de suas relações com o leitor e com
outros textos.
A concepção de texto literário deve ultrapassar a noção de obra como
unidade e autossuficiente, como sistema fechado e de existência independente
do leitor. Através do trabalho com o texto literário pelo prisma da recepção, as
obras são analisadas como estímulo que só é realizado em sua plenitude durante
o ato de leitura. Portanto, fica nítida a presença marcante do leitor, que vai muito
além do ato de decifrar o código verbal e compreender as informações; o leitor
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não tem uma atitude meramente descritiva, sua atitude é de participação efetiva
na construção dos sentidos.
É mister enfatizar que o professor precisa ter consciência sobre a
responsabilidade de encaminhar o processo de contato entre leitor e texto
literário Na escola. Uma vez consciente da especificidade do objeto literário, o
professor deixa de prender-se à tradicional aula de literatura que apresenta a
cronologia histórica das estéticas literárias e passa à leitura efetiva dos textos
literários. Tendo em mente essa abordagem, pode-se desenvolver aulas
dialógicas que gerem um grande envolvimento dos alunos e do professor. Cereja
(2005, p. 53), em sua pesquisa sobre o ensino da literatura na escola secundária,
reafirma o ponto de vista explanado até aqui:
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Atividades propostas
Contação de histórias.
Trabalhos em grupo abordando diferentes gêneros literários.
Realização de rodas discursivas (reflexão literária)
Leitura, análise e hipótese interpretativa.
Utilizar diversos tipos de mídias para apresentar os conteúdos da
literatura.
Objetivos:
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Fonte: Autor Desconhecido
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- caracterização dos intervalos: leitura de textos menores que tenham ligação
com texto maior; leitura conjunta de um capítulo ou trecho de capítulo, para ser
trabalhado estilisticamente em microanálise;
- atividades do intervalo: período destinado a perceber dificuldades de leitura
(vocabulário, estrutura composicional, interação com o texto, ritmo de leitura).
Duração: definição do período necessário para a realização da leitura
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http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.
jsp
- obras de diversos autores:
www.coladaweb.com/download-de-livros
- contos de Machado de Assis:
http://contosdocovil.wordpress.com/category/machado-de-assis
- crônicas: http://sitenotadez.net/cronicas
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REFERÊNCIAS
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda & MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando.
São Paulo, Moderna, 1986.
CARPEAUX, Otto Maria. Uma Nova História da Música. Rio de Janeiro, Zahar,
1958.
39
CHIARELLI. L. K. M. A música como meio de desenvolver a inteligência e a
integração do ser. Instituto Catarinense de Pós-Graduação. Revista Recre@rte
Nº3 Junho 2005 ISSN: 1699-1834 .
HORTA, Luiz Paulo, ed. Dicionário de Música. Rio de Janeiro, Zahar, 1985.
40
LEITE, Lígia Chiappini Moraes. Invasão da catedral: literatura e ensino em
debate. 2. ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1988.
SILVA, Ezequiel Theodoro da. Leitura & realidade brasileira. 2. ed. Porto
Alegre: Mercado Aberto, 1985.
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