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sugestivo sobre a musicalidade em si, não quer dizer que se trata de uma letra de música, mas
que há o ritmo ou embalo de um samba-canção, sub gênero do samba. Ou seja, pode-se inferir
o encontro de questões que esse gênero detém. Desde um sentimentalismo barato às
complexidades das paixões. O poema pode ser assim, ir de um extremo ao outro, de algo banal
a uma abordagem mais descritiva. Nesse momento, Susan Sontag (1964) faz emergir o caos
que as diversas interpretações estavam causando nas artes no geral, causando o
bloqueamento do sentir simplesmente devido a alta procura de subtextos na obra, de
respostas a perguntas, deixando de lado a forma da obra em si. Para Sontag a crítica literária
deve ir na contramão da interpretação conteudista. Deve-se ater a obra por ela mesma,
enxergá-la perante a ‘’luminosidade’’ das coisas, da “coisa em si”. De tal forma, o poema
samba-canção traz o ritmo e batida que suavizam situações, pormenores vividos. O samba-
canção grita, grita alguma dor, um desespero contínuo, o desejo não alcançado. Neste embalo,
o eu-lírico se volta para alguém de quem gosta, numa mostra de suas faces na estratégia de
conquista. Passou, então, a estar de maneiras que lhe colocasse no caminho certo, mesmo que
realidade jamais temos a certeza do traçado certo a seguir. Esse deslocamento que o eu-lírico
se dispôs é fatalmente humano, inteligível para nós todos que erramos, acertamos, diante das
relações e relacionamentos que nos permeia.