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GRANDE DO SUL
Ijuí
2018
SUSAN GABRIÉLI PEREIRA DA SILVA
Ijuí
2018
A Banca Examinadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho de Conclusão de Curso
Elaborado por
Banca Examinadora:
__________________________________________
Orientadora
___________________________________________
Banca
Com o passar dos anos a internet passou por uma grande evolução na
sociedade, que revolucionou a forma de se comunicar e alterou comportamentos.
Para conquistar esse público crítico e conectado, marcas passaram a adotar de
estratégias de divulgação de conteúdo modernas, surgindo assim os digitais
influencers, pessoas com grande engajamento em redes sociais que passam a
receber para produzir conteúdos direcionados a públicos específicos. O presente
trabalho tem como finalidade compreender a dimensão sobre as mudanças na
comunicação de marcas, como são aliadas estratégias de divulgação de conteúdo
por digitais influencers e moda plus size. Para isso, foi realizada uma revisão
bibliográfica sobre publicidade, marcas e redes sociais, relacionando a comunicação
de moda e início da moda plus size. Em seguida, foi feita um estudo de caso para a
análise do conteúdo de publicações do Instagram da influenciadora digital Ju
Romano, na qual foram analisados posts do período de 13 de setembro a 13 de
novembro de 2018. Através da análise podemos notar que existe uma grande
frequência de publicidade em mídias sociais, pois mais da metade das publicações
de Ju Romano apresentam conteúdo pago ou presença de marcas. Grande parte
das marcas são de moda Plus Size, acredita-se que isso se deve ao fato da
influencer representar esse público e o mesmo se identificar com ela e também por
ela desenvolver conteúdo sobre autoestima e amor próprio.
Over the years the internet has undergone a great evolution in society, which
has revolutionized the way we communicate and changed behaviors. In order to win
this critical and connected audience, brands began adopting strategies for the
dissemination of modern content, thus appearing the digital influencers, people with
great engagement in social networks that they begin to produce to produce content
directed to specific audiences. The present work aims to understand the dimension
on the changes in the communication of marks, as are allied strategies of
dissemination of contents by digital influencers and fashion plus size. For this, a
bibliographic review was carried out on advertising, brands and social networks,
relating the communication of fashion and beginning of fashion plus size. Then, a
case study was carried out to analyze the content of Instagram publications by the
digital influencer Ju Romano, which analyzed posts from the period from September
13 to November 13, 2018. Through the analysis we can see that there is a large
frequency of social media advertising, as more than half of Ju Romano's publications
feature paid content or presence of brands. Most brands are Fashion Plus Size,
believed to be due to the fact that the influencer represents this audience and the
same to identify with it and also for it to develop content about self-esteem and self-
esteem.
INTRODUÇÃO .................................................................................................. 11
INTRODUÇÃO
2
INPI. Manual de Marcas. Disponível em: <http://manualdemarcas.inpi.gov.br>.Acesso em: 08 Set.
2018.
17
Cada vez mais, as marcas vêm adotando qualidades humanas para atrair
consumidores na era centrada no ser humano. Isso requer descobrir as
ansiedades e os desejos latentes dos consumidores por meio da escuta
social, da netnografia e da pesquisa empática. Para abordar de forma eficaz
ansiedades e desejos, os profissionais de marketing precisam desenvolver
o lado humano de suas marcas. Elas devem ser fisicamente atraentes,
intelectualmente interessantes, socialmente envolventes e emocionalmente
fascinantes, ao mesmo tempo em que devem demonstrar personalidade
forte e moralidade sólida (KOTLER, 2016, p. 172).
Essa criação de conteúdo não tem data de início e fim, deve ser um processo
contínuo que pede a persistência, assim deve-se ter a certeza de possuir recursos
internos para criar conteúdo em longo prazo. A grande vantagem é ser altamente
controlável, podendo rastrear o desempenho por tema do conteúdo, canal de
distribuição e formato, sendo útil para analisar e identificar oportunidades de
melhoria, como o conteúdo e as demandas são dinâmicas essas melhorias
periódicas são essenciais.
Segundo Kotler (2016), muitos consumidores analisam marcas e produtos nas
mídias sociais, onde podem ver avaliações, debater e fazer comparações, somente
após esse processo decidem efetuar a compra e recorrem a uma loja próxima onde
possam encontrar o produto desejado, esse comportamento é chamado de
Webrooming. Seu oposto é o Showrooming que é quando o cliente busca
informações de produtos em uma loja física, mas pretende posteriormente o adquirir
no e-commerce.
Ambos são cenários de compra comuns na era digital. Os consumidores
assumem perfis cada vez mais conectados e indiferentes ao canal. Eles
mudam constantemente de um canal para o outro de - on-line para off-line e
vice-versa – e esperam uma experiência contínua e uniforme sem qualquer
lacuna perceptível. Infelizmente, os canais de marketing tradicionais nem
sempre estão organizados para permitir uma transição tranquila entre um e
outro. Na verdade, com frequência eles são segregados, cada qual com
seus próprios conjuntos de metas e estratégias. Isso cria um enorme
desperdício de oportunidades (KOTLER, 2016, p. 199).
Todos querem ―estar com‖ os outros. A necessidade por uma conexão e por
fazer parte de uma comunidade está profundamente inscrita na psique
humana. As conexões nos dão um senso de identidade, um propósito, o
sentimento de que fazemos parte de algo maior. Talvez cada um de nos
seja profundamente inconsciente do fato de que todos nós estamos, de
algum modo conectados. Estar cara a cara com alguém não é
necessariamente um critério (JUE,MARR, KASSOTAKIS 2010. p 47).
assim se conectar com esse público, usando como intermediário a confiança que ele
deposita naquela personalidade. Outro motivo é tentar combater o bloqueio –
psicológico, moral ou tecnológico – às peças publicitárias, criando uma nova forma
de se conectar de uma maneira mais direta, e com credibilidade.
Destacadas empresas estão se associando aos influenciadores digitais e
apostando no Influencer Marketing, que para Eduardo Vieira3 (2016, n.p), é a
―maneira pela qual as empresas recompensam celebridades e estrelas das mídias
sociais para criar conteúdo em prol das marcas, gerando endosso – e, assim,
influenciando pessoas‖.
Segundo Kotler (2017), conversas espontâneas sobre marcas possuem mais
credibilidade do que campanhas publicitárias voltadas para um público específico.
Círculos sociais tornaram-se a principal fonte de influência, superando as
comunicações de marketing e até as preferências pessoais. Os consumidores
tendem a seguir a liderança de seus pares ao decidir qual marca escolher. De
acordo com o autor é como se estivessem se protegendo de alegações falsas das
marcas ou campanhas publicitárias ardilosas e usando seus círculos sociais para
construir uma fortaleza.
Os influenciadores, em conjunto com fatores sociais, culturais e de motivação
pessoal, estão entre os principais elementos capazes de direcionar uma decisão de
compra e uma maior aproximação entre uma marca e seu público-alvo. (Meio e
Mensagem, 2017) 4.
Esse influenciador passa a receber para produzir conteúdos, onde marcas
passam a mapear líderes de opinião e perfis que possam combinar com sua
personalidade, analisando localização, conteúdo, alcance, número de seguidores,
relevância. Investir em um influenciador, poderá resultar em ganhos e gerar ROI
(retorno sobre investimento)
Com o crescimento do mercado, os influenciadores foram divididos em
categorias, nomeadas de micro, macro e everyday. De acordo com Francisco (2017)
Micros influenciadores são aqueles que possuem baixo número de seguidores nas
3
VIEIRA, Eduardo. Influenciadores, a fronteira final da publicidade. Disponível em: <
http://www.meioemensagem.com.br/home/opiniao/2016/05/24/influenciadores-a-fronteira-final-da-
publicidade.html >. Acesso em 10 Set. 2018.
4
MARQUES, JOÃO P. H. Precisamos falar dos digitais influencers. Disponível em:
<http://www.meioemensagem.com.br/home/opiniao/2017/10/26/precisamos-falar-dos-digital-
influencers.html>. Acesso em: 10 Set. 2018.
28
Exemplo de micro influenciador (figura 2), Layla Brigido6, começou seu sucesso na
internet através de seu Instagram, onde passou a publicar dicas sobre exercícios de
autoestima e aceitação, logo seu perfil foi tendo repercussão e ganhando muitos
seguidores. Em 2015 Layla criou sua conta no Youtube. Atualmente, seu canal conta
com 300 seguidores e seu perfil no Instagram com 12,4 mil seguidores.
Fonte: https://www.instagram.com/laylabrigido/?hl=pt-b
5
SANTOS, Diogo. O Poder (quase) Invisível dos Micro Influenciadores. Disponível em:
<http://www.meioemensagem.com.br/home/opiniao/2018/03/01/o-poder-quase-invisivel-dos-micro-
influenciadores.html>. Acesso em: 10 Set. 2018.
29
Fonte: https://www.instagram.com/todebells/?hl=pt-br
publicar dicas sobre beleza e maquiagens. Em 2009 criou sua conta no Youtube.
Atualmente, seu canal conta com 228.248 inscritos e seu perfil no Instagram com
123 mil seguidores.
Figura 4 Instagram Jéssica Lopes
Fonte: https://www.instagram.com/femmefatalebyjeh/?hl=pt-br
7
ABRADI. Setor digital lança código de conduta para contratação de influenciadores. Disponível
em: <https://abradi.com.br/setor-digital-lanca-codigo-de-conduta-para-contratacao-de-
influenciadores/>.Acesso em 15 Set. 2018.
31
O Expert é aquele que estuda detalhes e técnicas, escreve sobre o que ele é
especialista, o que acaba dando credibilidade. Seu nível de alcance e engajamento
é baixo, porém possui grande relevância.
O Informante trabalha dentro de uma empresa específica e sua função é
divulgar sobre ela, pode ser considerada a persona da marca. Possui baixos níveis
de engajamento e alcance, e um alto nível de relevância.
O Disruptor é responsável por falar sobre os problemas reais, seus
seguidores passam a esperar pelo que ele tem a dizer sobre assuntos e novidades,
assim seu engajamento e alcance são altos, porém sua relevância não é muito.
O Jornalista é aquele que traz as notícias e também do que acontece por trás
da notícia, mantém o diálogo com seus seguidores ao produzir conteúdo. Seu
alcance é alto, já relevância e engajamento são baixos.
Dando continuidade ao estudo no próximo capítulo será apresentada a forma
com que a sociedade foi evoluindo em relação ao corpo e a moda, onde
futuramente será analisada a influenciadora Ju Romano e moda plus size.
33
Neste capítulo será apresentada a forma com que a sociedade foi evoluindo
em relação à moda, corpo e representações midiáticas, buscando compreender
seus princípios. Analisando como o corpo era visto, e de que forma a moda está
atingindo aqueles que até então não eram lembrados, como o público plus size.
As mulheres que até então não eram lembradas pela indústria do vestuário e
da moda, o são pela primeira vez em 1920, quando a costureira Lana Himmelstein
Bryant aos 27 anos, passou a criar peças de roupas para corpos diferenciados
dentro de uma marca. Com o nome de Lane Bryant, fundou seu ateliê em Nova York
no ano de 1904, o sucesso da marca foi muito grande, já que encontrou uma lacuna
no mercado de moda, referente a inicialmente a mulheres grávidas9. Começou-se a
confeccionar roupas que se adequassem aos corpos de maneira confortável, a
8
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Promoção da Saúde e da Alimentação Adequada e Saudável. Disponível em:
<http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_promocao_da_saude.php?conteudo=excesso>. Acesso em: 13 Set.
2018.
9
HESS, Francieli. A história da Moda Plus Size e a Evolução do Padrões de Beleza. Disponível
em: <http://www.fashionbubbles.com/historia-da-moda/a-historia-da-moda-plus-size-e-a-evolucao-
dos-padroes-de-beleza/>. Acesso em: 20 Set. 2018.
37
premissa era fornecer um produto de boa qualidade e dentro das tendências para
mulheres foras das medidas padrões.
A divulgação da marca era feita através de catálogos de produtos, mas por se
tratar de mulheres grávidas os jornais da época se recusavam a veicular, afirmando
que era um assunto íntimo e muito delicado. Desta forma para chegar até as clientes
começou a enviar seus catálogos via correspondências. Em 1911, enfim, conseguiu
convencer o jornal de New York Herald20 a publicar um anúncio, que resultou em
vendas e esgotamento de produtos.
Até então conhecida por ser a primeira marca a pensar em gestantes, com
espartilhos, lingeries e vestidos, Lane passou a ofertar vestidos e casados para
mulheres robustas. Suas modelos eram chamadas de ―Misses Plus Size‖. Nessa
época o termo era utilizado para denominar as roupas de tamanhos maiores e não
as pessoas, as mulheres eram descritas como ―robustas‖ e em poucos casos como
―gordas‖.
Figura 5 Misses Plus Size10
Fonte:http://www.imperioretro.com/2017/06/a-controversa-historia-da-moda-plus-size.html
10
BRITTO, Rafaella. A controversa História da Moda Plus Size. Disponível em:
<http://www.imperioretro.com/2017/06/a-controversa-historia-da-moda-plus-size.html>. Acesso em: 21
Set. 2018.
38
estampas discretas, os cintos eram forrados pelo mesmo tecido do vestido e brilhos
deveriam ser evitados. Aquelas que não se encaixassem nesses padrões deveriam
recorrer a costureiras, fazendo suas encomendas de roupas sob medida.
Os membros desse grupo de mulheres robustas também tinham
representantes na mídia, principalmente no meio musical, como a Ella Fitzgerald,
conhecida como ―Rainha do Jazz‖ dos anos 50.
Fonte: http://www.imperioretro.com/2017/06/a-controversa-historia-da-moda-plus-size.html
Durante os anos de 1960 a 1970 a grande referância da moda plus size foi
Cass Elliot, a cantora incorporou ao seu visual o colorido do hippie, com cores
berrantes e brilhos, contrariando o que era até então imposto pela sociedade.
11
BRITTO, Rafaella. A controversa História da Moda Plus Size. Disponível em:
<http://www.imperioretro.com/2017/06/a-controversa-historia-da-moda-plus-size.html>. Acesso em:
25 Set. 2018.
39
Fonte: http://www.imperioretro.com/2017/06/a-controversa-historia-da-moda-plus-size.html
O ideal de beleza popularizado nos últimos anos aponta que para ser
considerado bonito e aceito, é necessário que o indivíduo esteja magro, esse
estereótipo pode ser verificado em filmes, mídias sociais, revistas, novelas.
Quem normalmente ocupa os melhores papéis na televisão ou em
campanhas, são pessoas magras, não é comum ver mulheres e homens gordos
como protagonistas, como heróis ou em papéis de destaque.
Anos se passaram, porém os padrões exigidos continuam influenciando
comportamentos, hábitos, estilos; provocando uma espécie de ―ditadura‖ da moda,
12
BRITTO, Rafaella. A controversa História da Moda Plus Size. Disponível em:
<http://www.imperioretro.com/2017/06/a-controversa-historia-da-moda-plus-size.html>. Acesso em: 01
Set. 2018.
40
de problemas sociais que abrem espaço para uma série de questões que muitas
vezes podem se tornar graves para a saúde, tanto mental quanto físicas de indivíduo
que não segue esses parâmetros. Em uma ditadura, quem não segue os padrões
estabelecidos por ela, corre sério risco de ser incompreendido e até excluído da
sociedade. Por anos esse foi o caso do corpo representado na moda plus size
feminina.
Em geral a moda e o vestiário são planejados e produzidos quase que
exclusivamente para pessoas magras, e quem foge desse modelo acaba tendo
dificuldades na hora de comprar peças de roupas que estão em evidência, que estão
―na moda‖. Conforme Cardoso & Medeiros (2010) é comum ouvir mulheres acima do
peso, dizer que muitas lojas lhe oferecem roupas com ―cara de senhora‖, ainda que
essas consumidoras estejam no auge dos 20 anos.
Em uma pesquisa realizada com mulheres com sobrepeso de 25 a 55 anos
por Cardoso & Medeiros (2010), observou-se que para essas mulheres o ato de
comprar, ao contrário do que se normalmente se vê, é frustrante, devido à falta de
oferta de roupas em seus tamanhos que carreguem apelo estético. Dizem ainda que
no varejo é costumeiro encontrar roupas retas, sem estilo, sem design apropriado.
Como não existe oferta, acabam recorrendo a lojas de gestantes, o que aponta a
exclusão e o não reconhecimento desse público por parte do varejo geral de moda
feminina. Alegam que gostariam de se vestir de acordo com sua faixa etária, pois
embora estejam gordas, são jovens, além de possuírem atributos a serem
apreciados, assim aguardam que estilistas criem roupas que valorizem as mulheres
com curvas.
É valido ressaltar que o movimento plus size não faz apologia à obesidade,
apenas busca um lugar no mundo social e na moda. Ao propor vestuário de
qualidade com informações de moda que se enquadrem na realidade dessas
mulheres, acabará resultando positivamente no bem-estar e na autoestima dessas
pessoas, já que sentem dificuldades na mobilidade corporal, empregabilidade e
relações afetivas.
13
O Sebrae, segundo a reportagem da Revista PEGN (2016) fez uma
pesquisa para conhecer o perfil dos consumidores de moda plus size e os hábitos
13
AGÊNCIA Sebrae de Notícias. Mercado Plus Size é Oportunidade para Empreendedores da Moda.
Disponível em: <https://revistapegn.globo.com/Banco-de-ideias/Moda/noticia/2016/09/mercado-plus-
size-e-oportunidade-para-empreendedores-da-moda.html>. Acesso em: 5 Out. 2018.
41
de consumo deles e revelou que 71% das pessoas que usam GG encontram
dificuldades para encontrar roupas e 86% diz estar insatisfeita com as opções de
roupa para manequins grandes. Comprova ainda que a maioria do público tem
dificuldades de comprar vestido de festa (59%), calças (56%) e lingerie (49%). Além
disso, a maior parte deles compra roupas mensalmente (38%) em lojas de
departamento em sua maioria (52%).
É um assunto que esta em voga, já que caracteriza a quebra de estereótipo e
algumas marcas acabam se apropriando do termo plus size e o apresentam com
modelos que aparentemente estão condizentes a um corpo magro, gerando
contrariedade. Além disso, a moda plus size é muitas vezes rotulada por uma
determinada numeração que vai do tamanho 44 até aproximadamente 54, o que
também discrimina aqueles que estão acima desse padrão.
Atualmente, a moda do segmento plus size é destaque em concursos,
especialmente no Fashion Weekend Plus Size, em São Paulo, que foi criado
baseado em um dos desfiles mais renomados do mundo, o Fashion Week de Nova
York, é preciso salientar também que o corpo feminino gordo, passou a ter maior
visibilidade na dança e nas artes plásticas.
A novidade é que o público plus size começa a ser reconhecido como
consumidor, e é neste momento que o mercado está sendo definido de maneira
mais ampla e, dentro dele, como um campo de moda específico, isso porque ao
mesmo tempo em que produz um público consumidor é também constituído por
este.
No capítulo a seguir será feito um estudo de caso da influenciadora digital Ju
Romano, com foco na sua página de rede social do Instagram, no qual serão
analisadas as estratégias usadas para divulgação de conteúdo de marcas plus size.
42
O estudo de caso pode ser definido como uma estratégia de pesquisa que
contribui para compreensão de fenômenos individuais, organizacionais, políticos e
sociais. Segundo Yin (2001 p,32.), é uma investigação empírica que investiga um
fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, os limites entre o
fenômeno e o contexto não estão claramente definidos e onde as múltiplas fontes de
evidência são utilizadas.
O estudo de caso como estratégia de pesquisa compreende um método que
abrange tudo - com a lógica do planejamento incorporando abordagens
específicas, a coleta de dados e à análise de dados. Nesse sentido, o
estudo de caso não é nem uma tática pra coleta de dados nem meramente
uma característica do planejamento em si, mas uma estratégia de pesquisa
abrangente (Yin, 2001, p.33).
43
Para Gil (1991 p,58), o estudo de caso é caracterizado pelo estudo exaustivo
de um ou poucos objetos, de maneira que permita o seu amplo e detalhado
conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante os outros delineamentos
(design de pesquisa) considerados.
Para a realização do estudo de caso são seis as principais fontes de
evidências: documentação, registo em arquivos, entrevistas, observação direta,
observação participante e artefatos físicos. Existindo três tipos de estudo de caso
que podem ser usados para fins de pesquisa são eles: estudos casuais ou
explanatórios seu objetivo é explicar as razões que contribuem para que o fenômeno
aconteça; estudos descritivos visam descrever as características unidade de análise
ou ilustrar tópicos; e estudos exploratórios, que procuram proporcionar maior
familiaridade com o caso, sendo que se pode indicar que nesse trabalho a ideia
explorar e conhecer melhor a temática abordada.
Para realização do estudo de caso da digital influencer Ju Romano foram
elencadas variáveis e categorias inspiradas em alguns aspectos da análise de
conteúdo. Para Bardin (1997), a análise de conteúdo se constitui de várias técnicas
visando descrever o conteúdo emitido no processo de comunicação, seja ele por
meio de falas ou textos. Sendo composta por procedimentos sistemáticos que
proporcionam o levantamento de indicadores, qualitativos ou não, permitindo a
realização de inferência de conhecimentos.
Para Flick (2009), a análise de conteúdo é um dos procedimentos mais
clássicos para analisar o material textual. Existindo a possibilidade de diversas
formas de documentação do material coletado, na maioria das vezes material
textual: notas de campo, diários de pesquisa, entre outros, mas também pode ser
documentado por meio de fotos, áudios, filmes, levando em conta que todas as
formas de documentação têm grande relevância no processo de pesquisa,
possibilitando uma adequada análise.
De acordo com Bardin (1997), o processo de organização de uma análise de
conteúdo se dispõe em três partes: (1) a pré-análise; (2) a exploração do material; e
(3) o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação.
Geralmente a primeira fase possui três missões: a escolha dos documentos a
serem submetidos à análise, a formulação de hipóteses e dos objetivos, e a
elaboração de indicadores que fundamentem a interpretação final. Já na segunda
fase, durante a exploração do material os documentos selecionados serão
44
Variáveis Categorias
Exposição da marca No texto
Na Imagem
Temática Interação
Autoestima
Fotos espontâneas
Fonte: https://www.instagram.com/ju_romano/?hl=pt-br
14
ROMANO, Ju. Entre Tapetes e Vinis. Disponível em: <https://juromano.com/sobre acesso>.
Acesso em: 16 de Nov. 2018.
46
4.3 INSTAGRAM
15
APRENDA Tudo Sobre Markenting no Instagram. Disponível em:
<https://marketingdeconteudo.com/instagram/>. Acesso em: 18 de Nov. 2018.
47
Figura 9 Instagram
Fonte: https://www.instagram.com/instagram/?hl=pt-br
16
ALCANTARA, DEBORA. Por que você precisa ter instagram skills? Disponível em:
<http://www.meioemensagem.com.br/home/opiniao/2018/08/30/por-que-voce-precisa-ter-instagram-
skills.html>. Acesso em: 18 Nov. 2018.
17
_____. Por que você precisa ter instagram skills? Disponível em:
<http://www.meioemensagem.com.br/home/opiniao/2018/08/30/por-que-voce-precisa-ter-instagram-
skills.html>. Acesso em: 18 Nov. 2018.
48
18
MEIO&MENSAGEM. Estudo aponta protagonismo de marcas no Instagram. Disponível em: <
http://www.meioemensagem.com.br/home/midia/2018/11/07/estudo-aponta-protagonismo-de-marcas-
no-instagram.html>acesso dia 20 novembro de 2018> Acesso em: 20 de Nov. 2018
49
25
20
15
10
0
Setembro Outubro Novembro
Nas figuras 10 e 11, são apresentados posts, cujos textos tratam sobre
assuntos cotidianos, triviais, e utilizam de linguagem simples com um tom
humorístico.
Figura 10 Ju Romano
Fonte: https://www.instagram.com/p/BnzR1iyBC3R/
50
Figura 11 Ju Romano
Fonte: https://www.instagram.com/p/BpKRof7gczr/
Fonte: https://www.instagram.com/p/BprYdAuhQgW/
51
12,2
12
11,8
11,6
11,4
11,2
11
10,8
10,6
10,4
Setembro Outubro Novembro
Entre as suas publicações estão apenas dois vídeos, um, fazendo exercício
físico e o outro, apresentado uma make de verão. Ambos apresentam exposição de
marca no texto, como pode ser observado nas figuras a seguir (Figuras 13 e 14).
Fonte: https://www.instagram.com/p/Bow-Z_sgWNP/
53
Fonte: https://www.instagram.com/p/BqI41aIBM4G/
No texto
Fonte: https://www.instagram.com/p/Bnr-TLQB3he/
Fonte: https://www.instagram.com/p/BoMqQdggxbb/
56
É possível notar que a grande maioria das publicações feitas possui a marca
exposta no texto contabilizando 27 postagens, enquanto apenas 7 imagens
apresentam marcas na composição da fotografia.
25
20
Exposição da marca na
15 imagem
10 Exposição da marca no
texto
5
0
Exposição da marca Exposição da marca
na imagem no texto
uma forma de conversa e interação com seus seguidores, que costumam ter
interesse também sobre a vida de ―celebridades‖.
Ju Romano pode ser considerada uma referência no que diz respeito ao estilo
e moda plus size. Ela apresenta diversos looks e marcas e conversa com o público
sobre a importância de ter um visual jovem e moderno, se sentir bem usando roupas
feitas para esse nicho de mercado, sendo que, dessa forma, moda plus size é a
segunda categoria dentro da variável temática.
Ainda em seus compartilhamentos traz mensagens positivas, de carinho,
atenção e que as mulheres devem se amar independentemente de estarem ou não
nos ditos ―padrões‖, influenciando essas pessoas a cuidarem de sua autoestima, a
qual foi considerada a terceira categoria de temática das publicações. Suas
mensagens são consideradas complementos fundamentais dentro de uma
postagem, as quais acredita-se serem essenciais para a comunicação com o seu
público. As categorias e exemplos da variável temática são apresentadas na Tabela
2:
Tabela 3 Categorias e exemplos da variável temática
Moda Plus
Size
Autoestima
25
20
Autoestima
15
Interação
10 Moda Plus Size
0
Autoestima Interação Moda Plus Size
Fonte: https://www.instagram.com/p/BpQVQlWA8-q/
60
Fonte: https://www.instagram.com/p/BoKFn-egWep/
Fonte: https://www.instagram.com/p/BoX_Gu9ARrt/
Com a análise temática foi possível notar que alguns temas possuem maior
relevância. Os conteúdos de moda plus size e autoestima são os mais publicados e
acredita-se que eles mostram a relação que a influenciadora tem com o público que
atinge.
Fotos
espontâneas
45
40
35
30
25
Imagens produzidas
20
Imagens espontâneas
15
10
5
0
Imagens produzidas Imagens espontâneas
Fonte: https://www.instagram.com/p/BojnJ1egXbM/
64
Fonte: https://www.instagram.com/p/BpZ-obzAp-A/
Por ser considerada referência na área de moda plus size, muitas marcas
procuram a influenciadora digital Ju Romano em busca de divulgação. O número de
publicações que tiveram presença de marcas no período analisado ao total foram
34, conforme exposto anteriormente, das quais 20 são relacionadas a marcas de
moda plus size.
Vestimentas modernas e jovens na moda plus size ainda são em menor
quantidade no mercado e ainda pouco conhecidas, desta forma essas marcas
recorrem a influenciadores para sua divulgação, e no caso analisado por ser modelo
também, Ju Romano acaba fazendo parte de campanhas publicitárias.
Ao analisar os dados do material coletado, podemos perceber que 10 marcas
diferentes deste segmento foram citadas, sendo elas Flaminga, Kaue, Belle Rose
Plus Size, Cachopa Brasil, Program Moda, Bonprix, Ashua Curve Size, Palank
Fashion, Wonder Size e Reizz Swag Store.
Segue o gráfico que apresenta quantas publicações por marca plus size
foram publicadas nos meses analisados.
65
4,5
4
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
19
ROMANO, Ju. Ashua a coleção plus Size da Renner. <https://juromano.com/looks/ashua-
colecao-plus-size-da-renner-o-que-achei>. Acesso <acesso em: 25 de Nov. 2018.
66
Fonte: https://www.instagram.com/p/Bog4e21g1Ey/
2,5
1,5
0,5
0
Kaue Plus Size Cachopa Brasil Wonder Size Palank Fashion
Fonte: https://www.instagram.com/p/BppL4uOhW93/
68
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
AAKER, David. Brand Equity: Gerenciando o Valor da Marca. São Paulo: Negócio
Editora, 1998.
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