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Guia Prático de Metodologias Ativas para

Educadores e Facilitadores

Autoras:
Amanda Lopes
Sophia Leal

Ilustrações:
Sophia Leal

Revisão:
Luiza Santos

Produzido por Numi Educação, Brasília - DF, junho/2019


Se você está aqui, então, assim como nós, você também acredita em um
novo caminho para a educação e para a aprendizagem. Um caminho mais
criativo, humano e cheio de propósito.

Esse e-book é resultado de anos de trabalho para construir experiências


mais criativas de aprendizagem. Acreditamos nisso profundamente e
convidamos você a trilhar esse caminho conosco. Use o conteúdo deste
ebook como inspiração e apoio para começar a mudança dentro da sua
realidade, seja em escolas, universidades, empresas, startups ou projetos
de impacto.

Deguste esse ebook e, mais que isso, coloque a mão na massa. Não espere
o momento perfeito, nem espere se tornar perfeitamente qualificado para
começar. Se não for você a começar a mudança, quem? Se não for agora,
quando? Dê o primeiro passo e veja a magia acontecer. Você não está
sozinho, e trilhar essa jornada é mais do que necessário. Vamos juntos?
Sobre a Numi 2

Sobre as autoras 4

Por que metodologias ativas? 8

Gamificação 9

Estruturas Libertadoras 15

Aprendizagem em Pares 22

Design Thinking 30

4 P's da Aprendizagem Criativa 34

Pensamento Visual 39

Aprendizagem por Projetos 43

Ensino Híbrido 48

Comunicação Não-Violenta 52

Palavras Finais 60

1
contextos de aprendizagem, e
todos os dias vemos o impacto
Começamos a Numi com o que uma nova educação pode
propósito de desenvolver levar para o mundo. Mudamos
habilidades socioemocionais em completamente o rumo da Numi e
crianças e adolescentes de 7 a 14 nos encontramos no público
anos, há alguns anos. A ideia era adulto.
ter um tema central, como a
fotografia e, a partir dela, fazer Depois de mais de 500 pessoas
dinâmicas e atividades voltadas impactadas, entre elas pessoas
para a empatia, o trabalho em que levaram a metodologia e
equipe, o autoconhecimento, entre implementaram em projetos no
outros. Ministério Público do DF, Ernst &
Young, Somos Educação, Spot
Depois de mais de 30 cursos feitos Educação, Editora Moderna e Casa
para crianças e adolescentes, Civil da Presidência da República,
percebemos que existia uma forte sentimos que o caminho é esse.
demanda dos educadores em ter
uma formação mais atualizada e Hoje, o nosso propósito é
inovadora. empoderar pessoas a construir
uma educação mais criativa,
Fomos convidadas a fazer uma inovadora e cheia de propósito. É
formação criativa para educadores mostrar novos caminhos para uma
na Campus Party Brasília e aprendizagem centrada no ser
aceitamos o desafio. Depois disso, humano e levar para o mundo a
começamos a ensinar nossa bandeira do ​lifelong learning - a
própria metodologia para idéia de que a educação acontece
educadores, facilitadores e em todos os lugares, o tempo
treinadores nos mais diversos todo, por toda a vida.

2
Se você chegou até aqui e se
identificou com alguma parte,
você é mais um elo nessa força
que só cresce. A força de uma
educação inovadora.

Não tem mais volta. ​Vamos


juntos!

3
Optei pela Administração porque
sabia que o curso me daria uma
base caso eu abrisse uma
Amanda Lopes  empresa mais para frente.

Sou escorpiana, adoro dançar e Foi um desafio. Em Brasília, se

sou apaixonada pelo universo de você não faz universidade pública,

jogos. Me formei em presta concurso público ou, no

Administração de Empresas em mínimo, trabalha em uma grande

Brasília. empresa privada, você não é


levado muito a sério.

Entrei na faculdade depois de um


ano sabático, em que eu estava A faculdade em si foi

completamente confusa e não decepcionante. Costumo dizer que

sabia nada sobre mim mesma. 90% do que aprendi no período da

Afinal, quem sabe o que quer universidade não foi na instituição.

“fazer da vida” aos 17 anos? Entrei na empresa júnior, virei


diretora, participei de congressos,

Entrei na faculdade quando decidi fiz PIBIC, fui diretora em projetos

que queria empreender. Como eu voluntários nacionais, palestrei,

decidi isso? Primeiro, eu pensei facilitei treinamentos, fiz cursos

em toda a minha trajetória até extremamente transformadores e

aquele dia. Eu aprendi a fazer entrei em uma multinacional como

sites e blogs sozinha, fazia livros e destaque.

bijuterias para vender (e vendia


bem!), além de ser muito Depois disso tudo, foi só quando

persuasiva e ter uma boa lábia eu consegui a vaga que tanto

para conseguir o que eu queria. queria que descobri que, na

4
verdade, aquilo não fazia sentido para empreendedores e
para mim. educadores, resolvi que estava na
hora de empreender.Foi aí que
Enfrentei crises de ansiedade e encontrei a Sophia no momento
depressão. Busquei intensamente perfeito para nós duas.
a felicidade e, naturalmente, a
viagem para dentro de mim ficou
ainda mais profunda. Entrei em
contato com monstros que nem
sabia que tinha até abraçá-los e
acolhê-los. E então, eu percebi
que não queria deixar as pessoas
passarem pela mesma coisa que
eu, e eu via que muita gente
estava passando por isso,
principalmente as pessoas do meu
ciclo social.

Foi então que decidi me aventurar


pelo coaching. Trabalhei no
marketing de conteúdo e
metodologias de uma empresa
que tinha como propósito ajudar
as pessoas a trabalharem com o
que amam e ganhar dinheiro com
isso.

Depois de tanto contato com


ferramentas e métodos incríveis

5
Sophia Leal  estava no curso certo e da aflição
por não me conhecer de verdade.
Estava ali, na mesma tensão que
Quando eu tinha nove anos, todos os meus amigos. No mesmo
estudei em uma escola de maioria barco.
islâmica, na Inglaterra. No ano
seguinte, mudei para uma escola Entendi que, na verdade, o que
católica. Todas públicas. Meus importava não era o que eu sabia,
melhores amigos eram da Serra e sim como eu aprendi a lidar com
Leoa, Costa do Marfim e as situações que passei. Aprendi
Zimbábue. Passei três anos com essas experiências que tudo
morando em Manchester e, aos na vida é transitório, que todo
nove anos, já era fluente em mundo quer ser feliz e que tudo é
inglês e fã de Beatles. aprendizado.

Durante a minha vida, passei por E aí? O que eu fiz com as crises
sete escolas e várias experiências existenciais e frustrações?
educacionais diferentes. Estudei Transformei em perguntas: “o que
em escolas tradicionais, escolas eu posso fazer para encontrar
alternativas, escolas internacionais meu propósito?”, “como posso
e também morei por um ano no tomar a melhor decisão possível
Maranhão. Conheci vários países, nesse momento?”.
pessoas e culturas, e tudo isso me
transformou profundamente. Ainda que nem todas as minhas
escolhas tenham sido as que eu
Apesar de tantas experiências julgo perfeitas, elas me trouxeram
fantásticas, eu não pude fugir da até aqui.
crise existencial pré-faculdade, da
frustração por sentir que não

6
Hoje, sinto que descobri minha Foi só no final da faculdade de
missão no mundo. Consigo ser Administração, na prestigiada
gentil comigo mesma, me vejo Universidade de Brasília, que eu
corajosa e tenho curiosidade pelo descobri que queria mesmo era
mundo. Tive coragem de trabalhar com educação. Graças
empreender no meu propósito, ao Movimento Empresa Júnior,
palestrei em universidades, pude me conhecer mais ainda e
eventos nacionais, prestei ter experiências que me
consultoria para empresas que trouxeram clareza com relação ao
tinham mais anos de vida que eu, meu propósito. Mergulhei com
recebi convites tentadores, soube tudo nesse mundo da
recusá-los, soube recomeçar. aprendizagem criativa, e sigo mais
Mudei espaços de aprendizagem, apaixonada por educação que
ajudei pessoas a se descobrirem, nunca.
fui inspirada e também inspirei.

No fim das contas, as experiências


educacionais que temos ao longo
da vida não deveriam ser focadas
em um vestibular. Deveriam ser
focadas em coragem,
autoconhecimento, criatividade e
empatia. São esses aprendizados
que diferenciam a pessoa
estagnada da pessoa protagonista.
Foi essa mudança de perspectiva
que mudou a minha vida.

7
os atores envolvidos no processo
de ensino estejam alinhados e
entendam o objetivo da mudança.
A intenção das metodologias Vamos apresentar algumas das
ativas é aproveitar o potencial de principais metodologias ativas que
aprendizes e facilitadores, existem pelo mundo. Arrisque-se,
colocando o “aluno” em uma teste, melhore, tente outra vez,
posição ativa em relação ao seu peça ajuda e se entregue. O
aprendizado. Dessa forma, ele não processo educativo não é uma
é mais um agente passivo, que ciência exata, mas gera
recebe informações e reproduz em transformações incalculáveis.
uma prova. Tampouco o professor
é apenas transmissor de Preparado(a)?
conhecimentos. O aluno se torna
protagonista e o professor se
torna mediador da aprendizagem,
apoiando o aprendiz a atingir seus
objetivos e seu potencial.

As metodologias ativas não são


atividades específicas, e sim uma
construção didática e pedagógica
em que o professor coloca o aluno
no centro de seu processo de
aprendizagem.

Para que as metodologias ativas


se transformem em processos
contínuos, é importante que todos

8
nova ideia a um cliente ou ao seu
chefe, você tivesse o mesmo
sentimento de poder e de que a

Objetivos  vitória está a poucos passos de


distância? Seria ótimo ter essa
Estimular a motivação, mesma motivação para resolver
criatividade, colaboração, problemas do mundo real, adquirir
empatia, compartilhamento de novos hábitos e tirar do papel
ideias, resolução de problemas. projetos pessoais, não é? É aí que
entra a gamificação.

O que é? 
Você se lembra dos ​games que
jogava na sua adolescência,
quando você ficava horas na
frente da TV ou do computador
até vencer? Sabe essa sensação
de que vencer é só uma questão
de tentar? Esse é o poder dos
jogos: trazer às pessoas um
sentimento de que elas são
A gamificação é o uso de
capazes de chegar lá, e que a
elementos e técnicas de design de
cada nova rodada é uma nova
jogos em contextos reais. Quais
habilidade que se adquire para
são os elementos de jogos que
atingir o objetivo final.
você conhece? Alguns exemplos
são: pontos, medalhas, rankings,
Agora, imagine se você tivesse
times, batalhas, narrativa,
essas mesmas sensações na vida
progresso, níveis, rodadas, regras
real? E se, ao apresentar uma
e avatar.

9
Pense que você está com alguns
amigos tomando vinho e
conversando. Então, em certo
momento, vocês resolvem
meditar. Essa meditação

É importante para uma boa automaticamente transforma o

experiência gamificada que exista encontro em um retiro espiritual?

um propósito fora do jogo, ou Não, é apenas um encontro que

seja, que a finalidade não seja a teve uma meditação. Um retiro

experiência em si, mas um espiritual envolveria todo um

propósito que esteja acima de processo de silêncio,

todos. Essa metodologia exige que contemplação, reflexão e

o usuário esteja no centro do purificação, certo?

processo, ele é a figura principal.


Além disso, também tem como A diferença entre gamificação e

requisito oferecer a esse usuário jogos é bem parecida. Jogar um

certo grau de autonomia para jogo isolado não é a mesma coisa

suas decisões e progresso. que gamificar, mesmo que o jogo


seja relevante.

Gamificação  é  jogar  jogos  em  sala  de 


Quando aplicamos um jogo a um
aula ou treinamentos?  ambiente “sério”, ou seja, que não
seja apenas recreativo, chamamos
isso de jogos sérios. Os jogos
sérios seriam jogos isolados,
utilizados em situações específicas
para instigar os participantes de
uma forma pontual. Já a

10
gamificação traz a ideia de A Amazon recentemente gamificou
imersão. algumas atividades relacionadas
ao estoque para motivar
A principal diferença entre funcionários a empilhar caixas e
estratégias de gamificação e jogos separar produtos, como no jogo
é que essas estratégias devem ir Tetris. A produtividade da equipe
além de serem apenas de fato aumentou, mas essa
recreativas, como os ​videogames​. mudança causou polêmica: seria
Elas devem ter a capacidade de essa uma forma de manipular
estimular usuários a mudarem o funcionários a realizar atividades
seu comportamento e solucionar repetitivas? Por isso é tão
problemas reais e significativos. importante entender qual é o
propósito que se quer atingir com

Posso  usar  a  gamificação para convencer  a experiência gamificada e o papel


de cada participante no processo.
pessoas a realizarem atividades chatas? 
Essa abordagem pode ser
A gamificação não tem como considerada um meio de dar
objetivo transformar tarefas suporte ao engajamento de
repetitivas e mecânicas em jogos usuários e potencializar padrões
ou em diversão, mas de positivos de comportamento.
transformar a percepção que os
participantes têm em relação a A gamificação não se trata de
essas tarefas. Por exemplo, uma transformar todas as atividades
prova que normalmente gera educacionais ou empresariais em
estresse e ansiedade pode ser um jogos, e sim potencializar as
elemento dentro da gamificação, tarefas mais importantes e
sendo transformada em um torná-las algo significativo e
desafio colaborativo, por exemplo.

11
produtivo para aquele espaço e na internet por "persona"
para a sociedade. para mais orientações).

Como fazer  3. Definir


esperados:
comportamentos
Quais
comportamentos você
gostaria de estimular no seu
usuário? Quais hábitos você
espera que ele crie a partir
da experiência?

4. Mapear elementos de
jogos: Quais elementos de
Para desenhar uma experiência
jogos você gostaria de
gamificada significativa, você pode
incorporar à experiência de
seguir os seguintes passos:
modo a cumprir os objetivos
traçados? Pontos, medalhas,
1. Definir objetivo: o que se
rankings, times, desafios?
deseja atingir com essa
Qual é o propósito de cada
experiência? Quais são os
elemento? Inspire-se nos
objetivos gerais e
jogos que já jogou, pesquise
específicos?
por referências e seja
criativo, não perdendo de
2. Identificar usuário
vista o objetivo e o perfil do
principal: se você pudesse
usuário.
resumir seu usuário em um
único personagem, quem
5. Construir fluxo: Como
seria? Busque detalhar o
você pode sequenciar e
máximo possível (pesquise
encaixar cada etapa da

12
experiência de modo que aplicativo é estimular o usuário a
faça sentido, seja se exercitar, e ele desperta a
motivadora e cumpra os motivação por meio de alguns
objetivos traçados? elementos de jogos.

6. Criar métricas: Como você Um outro exemplo, agora no meio


pode medir a eficácia da offline, é uma experiência que a
experiência? Como você Numi desenhou para uma sala de
pode mensurar o aula. Para dar uma aula sobre a
engajamento e motivação Guerra da Síria, os elementos de
dos usuários dentro do jogos usados foram:
sistema gamificado?
● Personagens: ​gerar
empatia e proximidade com
Quem usa e como  as pessoas que estão
sofrendo com a guerra
● Narrativa: a ambientação e
Você já ouviu falar no Zombie
a história contada para
Run? Esse é um aplicativo que
contextualizar e gerar
gamifica a experiência de correr.
conexão com o tema
● Desafios: os alunos se
No app, os usuários são inseridos
dividiram para resolver
em uma narrativa em que o
quebra-cabeças da história
mundo está enfrentando um
do país e outras atividades
apocalipse zumbi e você deve
● Pontos: a cada desafio
fugir deles. No fone de ouvido o
resolvido, os alunos
usuário ouve a narração do que
ganhavam pontos de
está acontecendo, além dos
experiência
grunhidos dos zumbis se
● Medalhas: a cada novo
aproximando. O objetivo desse
nível alcançado, os alunos

13
recebiam um símbolo que
representava seu progresso
● Ranking: os 3 times com
maior pontuação eram
premiados pelo desempenho

Ao contrário de uma aula de


história tradicional, os alunos se
engajaram e se colocaram no Referências e fontes
centro de seu processo de Reportagem sobre a gamificação
aprendizado para aprender o da Amazon.
conteúdo. Ebook gratuito sobre gamificação:
Gamificação.inc
Essa experiência não só os Livro de dois professores da
enriqueceu com uma história Universidade da Pensilvânia sobre
atual, como também os apoiou a o tema: Gamification toolkit
desenvolver habilidades como Curso online de gamificação -
senso crítico, colaboração, Coursera
empatia e criatividade. Yu Kai Chou, criador do Octalysis,
um framework de gamificação
Toda a experiência foi desenhada Ekoá, empresa brasiliense de
e executada com materiais gamificação
simples e baratos. Isso é um Ted Talks sobre o poder dos jogos
exemplo da transformação de uma - Jane McGonigal
sala de aula em um espaço de
aprendizagem significativo e
profundo.

14
aulas: esses três tipos de pessoas
permanecem agindo dessa forma.
Ou seja, não há espaço para dar

Objetivos  voz a quem precisa ou dar


objetividade a quem participa e
Transformar longas conversas em rouba a fala. As pessoas não
conversas mais produtivas, contribuem com tudo que podem
distribuir melhor a participação do contribuir e ficam nessa zona de
grupo, criar soluções, conforto.
democratizar a participação em
discussões e empoderar pessoas. Já parou para pensar que você,
como facilitador, pode incentivar o
grupo a explorar toda a

O  que é? Controlar ou soltar o  inteligência que existe no próprio


grupo? O que queremos dizer com

controle?  isso é: não seria incrível discutir


um assunto com participantes que
saibam usar o momento de fala,
Você provavelmente já fez algum sejam objetivos, e que todos
curso em que foi uma dessas três consigam contribuir igualmente,
pessoas: a que é tímida ou aumentando o engajamento e
introspectiva e prefere observar, a melhorando o resultado final?
que é muito participativa e às
vezes sente até que domina a fala, As estruturas libertadoras foram
ou a que participa de algumas criadas com esse propósito,
atividades contribuindo pensando tanto no facilitador
objetivamente. como no participante. A ideia
dessa metodologia é distribuir o
Isso costuma acontecer nas controle do facilitador com o grupo
estruturas tradicionais de cursos e

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e criar o mínimo de estrutura com
o máximo de liberdade. Nas
estruturas tradicionais, você
geralmente se pega ou
controlando o processo ou não
controlando nada. Um momento
de controle é quando você tem a
fala para si ou quando controla o
processo do grupo. Já um Premissas e princípios 
momento de liberdade é quando
você deixa o grupo conversar
As E.L seguem duas premissas: 1)
livremente.
é preciso controlar o processo
para se chegar aonde deseja; e 2)
Nas estruturas libertadoras, a
o grupo tem sabedoria para
ideia é que você se mova pelo
encontrar a melhor solução
controle e pela liberdade. É a
possível para si. Todas as
junção desses dois tipos de
estruturas dão voz a todos os
facilitação, que acontecem de
participantes e estimulam a
forma simples. Os autores dessa
participação e engajamento da
metodologia criaram 33 estruturas
equipe. O objetivo é simples:
libertadoras que você pode usar
extrair o melhor dos participantes.
em vários contextos: em reuniões,
ao gerenciar equipes, em escolas,
Para guiar reuniões,
grupos de apoio, treinamentos,
relacionamentos e conversas, as
entre outras situações.
EL possuem 10 princípios que
norteiam as ações a se usar nessa
metodologia. São princípios que
explicam o que fazer e o que não
fazer. Assim, fica fácil para você,

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como facilitador, se perceber 9. Engajar em uma curiosidade
dentro da facilitação e ir se seriamente-divertido
ajustando até estar cada vez mais 10. Jamais começar sem um
perto de cada princípio em sua propósito claro
plenitude. Os 10 princípios são:

1. Incluir e libertar a todos


2. Praticar profundo respeito
pelas pessoas e soluções
locais
3. Construir confiança ao longo
do caminho
4. Aprender falhando (caindo
para frente)
5. Praticar a auto-descoberta a
partir do grupo
6. Amplificar liberdade e
responsabilidade
7. Dar ênfase às
possibilidades: crer para ver
8. Convidar a destruição
criativa para possibilitar a
inovação

Para uma explicação mais


profunda sobre cada princípio,

17
Sobre os “devemos e não
devemos fazer”, ​acesse esse link​.

Como fazer 

Para ilustrar melhor essa


É importante, antes de explicar explicação, vamos usar a
como funciona, dizer que essa estrutura 1-2-4-Todos, uma das
metodologia está no ​creative 33 que existem.
commons​. Isso quer dizer que ela
está disponível gratuitamente na Ao fazer o convite, você estará
internet para utilizar. convidando os participantes a te
escutarem e orientando por onde
eles vão começar. O convite é o
Cada estrutura libertadora é
que você quer trabalhar. Por
composta da mesma
exemplo, numa reunião de criação
microestrutura. Todas as
de uma nova biblioteca: que ideias
estruturas são diferentes, mas as
você recomenda para criar uma
microestruturas são iguais:
biblioteca que engaje mais os
usuários?
a) fazer o convite
b) organizar espaços Depois do convite feito, partimos
c) distribuir a participação para organizar espaços. Nessa
d) configurar grupos parte, a ideia é realmente
e) e sequenciar e alocar tempo. organizar. Quais são os materiais
necessários para que tudo
aconteça de forma fluida? Precisa
de projetor? São quantas

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cadeiras? E mesas? Essa parte é Por fim, chegamos na sequência
bem simples (mas não deve ser de passos e alocação de tempo.
negligenciada). No caso da Nesse momento, você vai planejar
estrutura 1-2-4-Todos, poderiam o processo da estrutura. Quanto
ser 4 cadeiras em volta de uma tempo cada passo vai ter e o que
mesa ou quatro almofadas no vai acontecer em cada passo.
chão formando um círculo.
Os autores sugerem que o
Após organizar o espaço e processo todo não passe de 15
materiais, se distribui a minutos. Se depois do processo
participação. Funciona assim: todo ter sido completado e ainda
mundo tem oportunidade de precisarem discutir mais coisas,
participar, ou seja, quanto tempo você pode fazer outras rodadas (e
cada um tem para posicionar suas funciona melhor assim do que
ideias, lembrando que o tempo estendendo o tempo!).
deve ser igual para todos.
Explicando, agora, a última
Depois disso, tem a parte que microestrutura: (1) de 1 a 2
mais diferencia uma estrutura minutos tem a reflexão individual
libertadora da outra: como os depois do convite. Depois, (2) de
grupos são configurados. Aqui 2 a 5 minutos para compartilhar
também é simples: é individual? as ideias em dupla. (4) O terceiro
Em grupo? Em trio? Ou tudo isso passo é compartilhar as ideias das
junto? No 1-2-4-Todos, usa-se a duplas nos quartetos, de 2 a 5
sequência, com tempo para cada minutos também, (Todos) cada
um: individual, dupla, quarteto, quarteto compartilha com o outro
todo o grupo (nessa ordem). as ideias e conclusões mais
importantes.

19
Você já deve ter percebido, até expressar as conversas não
aqui, que tudo é muito simples. E faladas e aumentar a participação
a ideia é essa mesmo! Que seja e melhorar a qualidade das ideias.
simples e fácil de aplicar, ao Para saber mais sobre dicas,
mesmo tempo que gere muita combinações e variações,
transformação. Grandes empresas exemplos e outras informações
como a Microsoft implementam as sobre essa estrutura, acesse esse
E.L em suas reuniões, repasses, link​.
apresentações de relatórios e
brainstorms. No site, existem as 33 estruturas
libertadoras disponíveis

Quem usa e como  gratuitamente, muito detalhadas e


simples, prontas para usar. Vale a
pena pesquisar mais sobre cada
A ONU utilizou as E.L para uma e testar na prática. O legal é
organizar a promoção de trabalho que elas não são engessadas, e se
digno e desenvolvimento você sente que é interessante
sustentável. ​Nesse vídeo eles misturar e variar as
mostram o que foi feito e os microestruturas, você pode testar
resultados. livremente!

A estrutura mais famosa e muito Os autores disponibilizaram


usada, como demonstrada também um aplicativo chamado
anteriormente, é a 1-2-4-Todos. “Liberating Structures” disponível
Alguns dos objetivos dessa para iOS e Android, grátis, mas
estrutura são: evitar ajudar em inglês. No site é em português
demais e ter o controle excessivo, e gratuito também. Existe o livro
criar espaços seguros para se com o mesmo nome do aplicativo,
expressar e reduzir as hierarquias, que você pode encomendar pela

20
Amazon. Além disso, a Aprendix Livro sobre Estruturas
dá um curso sobre a metodologia Libertadoras, em inglês
no Brasil. Aplicativo de celular - Liberating
Structures

Dica 

No site, um dos autores fala sobre


as dificuldades da facilitação e os
“devemos e não devemos fazer”
que ele sentiu na prática. Vale
muito a pena ler para te ajudar a
facilitar de uma forma ainda mais
assertiva. Se te interessou, ​acesse
esse link.

Referências e fontes 

Site das Estruturas Libertadoras


Para aprofundar no tema
Reflexões sobre as E.L na
facilitação (1)
Reflexões sobre as E.L na
facilitação (2)
Estruturas Libertadoras na prática
(1)
Estruturas Libertadoras na prática
(2)

21
Objetivos  
Remover barreiras entre aluno e
professor e entre os colegas de
sala, horizontalizar o ensino,
repassar conteúdos, dinamizar
aulas massantes, engajar os O maior incômodo das pessoas
participantes na aula, estimular a que chegam até a Numi é a falta
colaboração. de engajamento dos alunos. Como
entreter uma pessoa a ponto de

O que é?  convencê-la a prestar


exclusivamente em você por 30,
atenção

40 ou 50 minutos?
Você já passou um conteúdo,
olhou para os alunos e pensou: Foi partindo dessa inquietação que
como eu posso engajar essas o professor de Harvard, Eric
pessoas no que eu estou falando? Mazur, teve a ideia do ​Peer
Essa pergunta bate mais forte Instruction ​(ou P2P, Aprendizagem
ainda hoje em dia. Em tempos de em Pares, ou Peer to Peer
redes sociais, ter olhos voltados Learning). Ele estava dando aula
para o facilitador e não para o de física quando olhou para a
aluno pode ser um grande erro. turma e pensou: como eu posso
ser um bom professor? Ele olhava
para os alunos enquanto dava
aula e percebia que muita gente
estava com cara de quem não

22
tinha entendido ou simplesmente complexos e precisam de tempo
desistido de entender. para explicar. É uma forma de
deixar a aula mais leve e
A P2P veio para transformar o colaborativa, porque o conteúdo
aprendiz passivo em ativo. Por passado não precisa ser tão rígido
isso, pode ter resistência de quem e centrado no professor.
vem a vida toda aprendendo de
forma passiva: sair da zona de A P2P é uma metodologia simples
conforto incomoda, mas a e fácil de ser usada. Não tem
recompensa vale à pena. A P2P é firula. A premissa é que pessoas
o conceito de metodologia ativa do mesmo nível possam se
mais puro e simples. Ele é quase ensinar e trocar em pares sem a
inerente a cada uma das outras intervenção de um facilitador. É
metodologias. importante que as duplas dos
pares não sejam criadas
O foco principal da P2P é estimular aleatoriamente, mas sim
a autonomia e a curiosidade. É previamente escolhida pelo
despertar quem aprende para o facilitador. Não deve haver um
protagonismo do próprio nível muito diferente entre a dupla
aprendizado. Ele tira o lugar da para que a aprendizagem seja
mera transferência de conteúdo, e possibilitada para os dois.
dá vez ao senso crítico, já que o
aprendiz deve refletir e emitir uma
opinião sobre o que lhe é passado.

Essa metodologia é ótima para


quem não quer abrir mão de
expor um conteúdo, ou para
pessoas que facilitam temas

23
tecnologia, nesse caso, pode ser
uma boa aliada.

Até mesmo em empresas como a


Telecom, já se usa a P2P entre os
funcionários, com o objetivo de
treiná-los. A empresa economizou
mais de 12 milhões de dólares, já
que é muito mais barato usar o
Para implementar a P2P, o aluno
conhecimento de quem já está
pesquisa em artigos, ​sites​, vídeos
dentro da empresa do que
ou qualquer referência antes da
buscá-lo constantemente
aula. Então, a turma já vai com
externamente. Todo mundo tem
uma bagagem do que vai ser
algo para ensinar e para aprender.
exposto e com reflexões e
questionamentos para trocar com
os pares.

Essa busca prévia da aula deve


ser guiada pelo professor. É
importante que essa busca seja
por um conteúdo interessante,
que gere dúvidas e desperte a Agora, imagine poder estimular a
curiosidade em todos os autoconfiança, pensamento crítico,
aprendizes. Por isso, não basta habilidade de se comunicar
implementar a P2P por uma melhor, autonomia, protagonismo
imposição. É preciso e ainda engajar os participantes
contextualizar a turma e expor o no seu conteúdo? Esse é o
objetivo do uso da metodologia. A potencial que a P2P tem.

24
Como usar  O facilitador pode criar um
questionário em um formulário
Existem várias formas e online e o aluno responde após a
derivações do uso da P2P. Vamos exposição do conteúdo
começar pela original e partir para (lembrando que ele já estudou em
as variações, que também são casa também).
muito legais de serem usadas.
É importante que os alunos não
Primeiramente, o professor saibam as respostas uns dos
contextualiza e apresenta o outros para não serem
objetivo do tema a ser estudado influenciados. Então, após a
para a turma. O aluno estuda em resposta deles, o professor vai
casa, seja por um vídeo de uma obter os resultados e, dependendo
palestra, uma leitura, um site ou da porcentagem de acertos, ele
qualquer referência que o deve tomar uma ação diferente.
professor julgar interessante.
Se menos de 30% da turma
De volta para a aula, o facilitador acertar as questões feitas, o
expõe o conteúdo rapidamente, professor repete a exposição da
com até 20 minutos de duração. aula, dessa vez de outra maneira.
Depois, o facilitador deve fazer É um feedback instantâneo da
questionamentos para obter turma de que o conteúdo
feedback em relação à absorção estudado em casa e exposto em
do conteúdo pela turma. Essa sala não foi claro.
aplicação de questões são os
chamados ​Concept Tests​. É nesse Se a porcentagem de acertos foi
momento que o uso da tecnologia de 30% a 70%, os aprendizes já
deve se fazer presente. podem se apoiar: eles se reúnem

25
em pares para discutir sobre o Uma outra dinâmica dentro da P2P
tema. Aqui, o uso das estruturas é a “três antes de mim”. Essa
libertadoras, por exemplo, pode funciona mais como uma mentoria
ser útil. Cada estudante deve ter entre pares e como um combinado
seu tempo de fala na dupla e cabe que pode ser colocado para a
ao facilitador checar se todos turma.
estão tendo a oportunidade de
participar. Antes de tirar uma dúvida com o
professor, os estudantes devem
Se a porcentagem de acertos for perguntar para três colegas
acima de 70%, o professor faz diferentes. Se nenhum deles
uma breve conclusão e passa para conseguir ajudar, aí sim deve-se
outro assunto. chegar ao professor. É também
uma boa ferramenta de feedback
Você pode usar também a e pode ser um input para uma
dinâmica “pensar, emparelhar e discussão em turma.
compartilhar” em seu contexto de
aprendizagem. Aqui, os Há também os “grupos de
estudantes pensam em um quebra-cabeça”. Aqui, o facilitador
problema (sobre o assunto divide a turma em pequenos
estudado) ou até mesmo você grupos (para esse exemplo,
pode propor um problema, e eles vamos usar um trio). Cada trio
discutem em pares. Depois que tem um tópico de investigação
cada dupla discutir o seu sobre um tema. Por exemplo:
problema, eles apresentam para a órgãos do corpo humano. Os
turma, com as suas percepções e tópicos são: coração, rins e
reflexões. fígado. Cada um do trio deve
pesquisar individualmente sobre
um tópico diferente.

26
se juntam novamente e explicam
Depois, as pessoas que um para o outro sobre cada órgão.
pesquisaram sobre coração em A imagem abaixo ilustra a
cada grupo se juntam e dinâmica:
conversam sobre o que
aprenderam, suas percepções e
constroem uma explicação em
conjunto. O mesmo acontece com
os rins e o fígado. Após essa
construção, fígado, coração e rins

Este link explica bem algumas


dinâmicas que podem ser usadas
Quem usa e como 
com a P2P.
A P2P pode ser usada em EAD
também. A plataforma ​Coursera e
a ​Singularity University​, por

27
exemplo, já usam essa
metodologia online.

O ​Coursera usa para avaliação de


projetos e trabalhos finais. Por
exemplo, o projeto entregue por
um aluno não será avaliado, a
priori​, pelo professor, e sim por
três outros colegas de curso, com
Vale à pena testar as diferentes
base em critérios
formas e até adaptar para a sua
pré-estabelecidos pelo professor.
realidade. O interessante é testar
e ver o que funciona para você e
A nota final é um cruzamento da
sua turma.
avaliação de todos. Se uma nota
ficar muito diferente das demais,
Lembrando que P2P é uma
um quarto avaliador entra para
metodologia, não uma dinâmica
analisar.
pontual. Para ter o efeito
desejado, é interessante que ela
Já a ​Singularity usa em forma de
seja incorporada à sua forma de
vídeo: cada um explica sobre um
facilitar, e isso não impede que
tema que sabe, dentro do tópico
outras metodologias e dinâmicas
proposto, e compartilha com o
sejam inseridas também. A
grupo.
palavra de ordem dessa
metodologia é, sem dúvida, o
protagonismo.

28
Referências e fontes 

Sagah - Peer to Peer:


Aprendizagem A Partir da
Interação entre alunos.
Livro Peer Instruction do Eric
Mazur.
Vídeo com algumas formas de
usar a P2P
Benefícios da P2P

29
o pensamento de Design que está
por trás de todas elas. Com a
disseminação de informação

Objetivos  aleatória em que vivemos hoje, o


D.T. passou a cair na boca do
povo, mas nem sempre da forma
Gerar empatia, colaborar em que deveria, e aí na hora de
equipe, focar na solução de aplicar é outra história.
problemas, criar soluções
centradas no ser humano, Mas, afinal, o que é Design
desenvolver trabalhos em grupo e Thinking? O D.T. é uma forma de
tirar ideias do papel. pensar voltada para o ser
humano, a fim de resolver
problemas de forma inovadora e
colaborativa. A​ntes de pensar em
uma solução para alguém, tente
entender esse humano, se
aprofunde na pessoa e no que tem

  por detrás, com os valores de


empatia.

O  que  é?  Metodologia  ou 


Essa abordagem se trata muito

abordagem?  mais de um comportamento, um


conjunto de valores, em pensar
em soluções usando a
Para nós, o Design Thinking foi a colaboração, do que num passo a
abordagem precursora das passo metodológico. No D.T.,
metodologias inovadoras e de deve-se compreender de forma
resolução de problemas atuais. É empática o contexto do usuário

30
antes de propor a solução e, só
depois, pensar em um real
Como fazer
problema utilizando a colaboração
para criar soluções utilizando a O Duplo Diamante foi criado pela
experimentação. IDEO, empresa norte-americana
de design, e representa o

  pensamento do Design Thinking.


O Duplo Diamante é o método do

  D.T., mas para ser


precisa usar o Duplo Diamante.
D.T. não

  Funciona assim:

Na primeira fase, ao divergir o problemas do usuário. Vamos


pensamento (quando abre o pegar um deficiente visual para
diamante), faz-se o uso da usar de exemplo. Nessa fase, os
empatia para descobrir sobre os envolvidos no processo devem se

31
colocar no lugar de um deficiente escolhe uma solução para o
visual, a fim de gerar empatia e problema. É o momento de criar
descobrir problemas enfrentados o seu produto ou serviço. A chave
pelo usuário. nessa fase é criar um protótipo da
solução que seja rápido e de baixo
Na segunda fase, o pensamento é custo para testar com o cliente e
convergente (fechamento do receber feedbacks rápidos,
diamante), e é hora de definir. fazendo melhorias até chegar no
Aqui é o momento de escolher e produto ou serviço final.
definir um problema dos que
foram descobertos. Qual é o É válido reforçar que, na etapa da
problema que o grupo vai focar prototipagem, o grupo deve
em resolver? pensar em um produto mínimo
que represente a ideia final, mas
Depois, partimos para a ideação, que não seja ideal, já que é para
na terceira fase. Nessa fase de ser feito com pouco tempo e
divergência do diamante, o grupo pouco custo. Observe abaixo a
deve gerar ideias para solucionar imagem que ilustra o conceito de
o problema escolhido. A técnica protótipo ou MVP (​minimum viable
mais usada nesse momento é o product​):
brainstorming​, ou tempestade de
idéias, em que o grupo deve
pensar no máximo de ideias
possíveis e, apenas em um
segundo momento, julgá-las e
filtrá-las.

Na quarta fase vem a


prototipagem. Aqui, o pensamento
converge novamente e o grupo

32
Durante esse processo, é comum
o uso de diversas ferramentas,
Referências e fontes 
como o ​brainstorming​, o mapa de
empatia, a co-criação, ​visual IDEO – ​The Design Thinking
Company (livros e cursos
thinking​ e mapas mentais.
online-pagos)
Stanford University – ​Design
Thinking Action Lab ​(cursos online
Quem usa e como  gratuito)
ESPM – Escola Superior de
propaganda e Marketing/SP –
Cursos de Inovação & Design
A Visa utilizou o Design Thinking Thinking
Escola Design Thinking – ​Imersão
para repensar seu modelo de em Design Thinking (curso
negócio e promover a inovação presencial em São Paulo, duração
de 4 meses)
dentro da empresa. Eles
capacitaram a equipe para
resolver problemas a partir do
D.T., seguindo as etapas do duplo Instagram:  
diamante.

Essa mudança de pensamento @echos_innovationlab

pelo design afetou tanto a alta


direção quanto o resto da
@pensedesignthinking
empresa, que já vê diferença ao
trabalhar na resolução de
problemas. Eles criaram uma nova
@ideo
cultura e estão oferecendo
serviços mais inovadores e
personalizados para os clientes. @bemob

Para ler mais sobre esse caso,


acesse ​esse link.

33
ferramenta de apoio para atingir
  propósitos maiores. O ​media lab do
MIT, ​Massachusetts Institute of
Technology​, desenvolveu sua própria

Objetivo  metodologia
criativa baseada
de aprendizagem
no Scratch,
plataforma de programação para
crianças.
Internalizar conteúdos, estimular a
criatividade, trabalhar em equipe,
desenvolver soluções.
Eles também perceberam que a
tecnologia não é o fim, e sim o meio,
e então sistematizaram o que seriam
O que é?  os 4 P’s da Aprendizagem Criativa
para que seja aplicada a qualquer
ambiente de aprendizagem que
Se você é um educador no século 21, busque uma educação mais criativa.
já percebeu como a educação está se
aproximando cada vez mais da
tecnologia. Já vimos vários
programas e aplicativos sendo
Como fazer, quem usa e como 
desenvolvidos para facilitar a vida de
professores, facilitadores e Desenvolvido por Mitchel Resnick,
treinadores. os 4 P’s da Aprendizagem Criativa
têm como uma de suas bases o
construtivismo, e têm como
Acontece que a tecnologia não pode pilares: ​projects (projetos), ​peers
ser o objetivo de nenhum processo (pares), ​passion (paixão) e ​play
educacional: ela deve ser uma (brincar).

34
Essa metodologia, apesar de ter
sido desenvolvida em um contexto
de educação primária, pode ser
tranquilamente usada nos mais
diversos contextos educacionais,
seja para crianças ou adultos.
Assim os 4P's consistem em:

1. Projetos​: o pessoal do MIT


percebeu que, por meio de O primeiro passo é o
projetos, é possível “imaginar", em que o
desenvolver habilidades aprendiz imagina as
criativas de forma mais possibilidades dentro do
efetiva e assertiva do que tema principal do projeto.
com métodos de ensino
O segundo passo é o “criar”,
tradicionais, como textos e
que é colocar a mão na
livros convencionais. O
massa e errar - os erros são
processo sugerido pelo MIT
elementos fundamentais do
Media Lab para o
processo de aprendizagem.
desenvolvimento de projetos
se dá em forma de espiral. O terceiro passo é o
“brincar”, que é percebido
como um passo importante
para a visualização de
hipóteses, progresso e
motivação.

35
Então, o quarto passo é experiência adiante? Essas
“compartilhar”, em que se são perguntas guias para
compartilha delimitar o que desperta a
colaborativamente sobre os paixão do grupo ou
aprendizados de todo o indivíduo. Afinal de contas, é
processo e de como é com a paixão que se
possível ajustar os erros desperta a determinação e
para uma próxima persistência para fazer
experiência. acontecer.

O último passo é uma Imagine só: um aluno se


reflexão para internalizar dedicaria mais a desenvolver
toda a experiência. O passo uma solução criativa para
da reflexão leva o aprendiz um problema da escola ou
de volta ao primeiro passo, seria mais persistente na
o que faz recomeçar o ciclo resolução de um exercício
até que o projeto esteja de álgebra no caderno?
finalizado. Aqui, você pode
se basear no querido
Project-Based Learning​, que
será apresentado mais
adiante.

2. Paixão​: esse elemento traz


à tona a importância de se O objetivo aqui é colocar o
ter um propósito claro sobre aprendiz no centro de um
a experiência da processo que faça sentido
aprendizagem criativa. Por para ele, mesmo que
que fazemos o que fazemos? envolva as matérias
Por que vale à pena levar a obrigatórias do currículo.

36
3. Pares​: aqui entra a liberdade, criatividade, foco
colaboração, com a em solução de problemas e
premissa de que toda idéia abertura a se arriscar.
pode ser potencializada se
Brincar é abrir possibilidades
trabalhada com outras ideias
que antes seriam
diferentes. Colocar em
impossíveis, dar poderes
contato pessoas que
que antes pensava-se não
estejam passando pelo
existir e sair do mundo
mesmo momento de
comum, em que hábitos já
aprendizagem pode ser uma
estão enraizados, para uma
forma efetiva de fixar
nova realidade possível.
conhecimentos, com
pequenos processos de
ensino e aprendizagem
entre si. Você já percebeu
que aqui pode usar as
técnicas da P2P, certo?

Processos lúdicos podem ser


oferecidos de uma forma
bem estruturada que gere
soluções reais de forma leve
e motivadora. Nesse pilar,
você pode usar a
4. Brincar​: o elemento lúdico gamificação, por exemplo.
desse pilar não se refere ao
“brincar pelo brincar”, mas Esses quatro elementos

sim ao brincar pela podem ser trabalhados de


forma integrada, separada

37
ou misturada. O importante
é visualizar como cada um
desses pilares podem apoiar
a criação de experiências
mais criativas de
aprendizagem, que não
sejam focadas só em
conteúdo e teoria pura, mas
também no desenvolvimento
de habilidades pessoais e
soluções significativas para
os problemas do mundo
real.

Referências e fontes 

Portal do Lifelong Kindergarten,


grupo do MIT Medialab para a
aprendizagem criativa.
Artigo do MIT Medialab sobre os
4P's da Aprendizagem Criativa
Artigo da Novaescola sobre os 4P's
da Aprendizagem Criativa

38
Objetivos 
Compartilhar ideias, internalizar A comunicação visual não é só um
conteúdos, estimular a processo criativo, é principalmente
criatividade. um processo biológico, e está no
nosso DNA. É aí que entra o

O que é?  Pensamento Visual,


Thinking​. Essa metodologia vem
ou ​Visual

para resgatar o poder de


“Entendeu ou quer que eu estímulos visuais para comunicar
desenhe?”. Por que não desenhar? ideias, organizar pensamentos,
internalizar conteúdos e
Quantas formas existem de se compartilhar projetos.
comunicar e de expressar ideias?
Estamos acostumados a expressar Essa técnica faz o uso de recursos
ideias e projetos de forma verbal visuais, permitindo que a
ou escrita e, muitas vezes, nos imaginação venha com mais
vemos travados procurando a fluidez, já que esse processo não
palavra certa ou ajustando a exige uma linha lógica que faz
ordem das palavras. travar o raciocínio. Uma outra
vantagem do Pensamento Visual é
Agora, pensa com a gente: como permitir que várias pessoas
é que os homens das cavernas se acompanhem o raciocínio e se
comunicavam? Por meio das envolvam ativamente no processo.
pinturas rupestres.

39
O Pensamento Visual é diferente Na prática, o processo do
de mapas mentais, por exemplo, Pensamento Visual funciona em
por colocar o foco em imagens em quatro partes: olhar, enxergar,
vez de palavras. É comum fazer imaginar e comunicar. Imagine
uso de analogias e ícones simples que você está estudando sobre
para retratar ideias e conteúdos. psicologia. Em vez de escrever um
resumo, você pode internalizar o
conteúdo por meio do Pensamento
Visual.
Como fazer

O primeiro passo, o enxergar, No terceiro momento, o imaginar,


acontece quando você lê e você deve pensar em como aquele
consome o conteúdo e obtém um conjunto de informações pode ser
monte de informações - às vezes retratado de forma visual, seja por
informações confusas e, em meio de um símbolo, um esquema
princípio, desconexas. ou uma analogia. No quarto
momento, você comunica o
No segundo passo, o olhar, você conteúdo visualmente utilizando
seleciona as informações que quer os 7 passos do pensamento
retratar e tem um olhar mais visual:
específico para aquele conteúdo.

40
já contratou a empresa para
É importante lembrar que o registrar visualmente 5 projetos
Pensamento Visual não se trata de de inovação em serviços públicos.
estética, e sim de comunicação. Assim, ficou muito mais fácil de
Isso quer dizer que a preocupação absorver e visualizar os
não deve ser na qualidade técnica resultados!
dos elementos, e sim na clareza
com a qual você quer comunicar O Sidan (@sidanorafa) é outra
suas ideias. grande referência de pensamento
visual no Brasil. Ele já usou a
Quem usa e como técnica para representar
visualmente o conteúdo de
A Kairós é uma empresa workshops, livros, artigos e
brasiliense que trabalha com eventos de inovação.
facilitação gráfica. A ENAP, Escola
Nacional de Administração Pública,

41
Referências e fontes

Curso online sobre pensamento


visual da Aprendeai

Curso online sobre pensamento


visual da Descola

Livro Desenhando Negócios

O poder de registrar ideias de


forma criativa

Instagram:
@artedaconversa
@carolramalhete
@sidanorafa
@loucomvc
@miradesigndeideias

42
Objetivos

Desenvolver pesquisa, internalizar


conteúdos, desenvolver
habilidades sociais, trabalhar o
olhar sistêmico, pensamento
crítico e trabalho em equipe.

Já a maioria dos adultos vive em


O que é?
um mundo bem diferente, que é
Você se lembra da grade-horária
baseado em projetos: desde criar
que tinha na sua escola? Quando
um projeto para a empresa e
o sinal tocava indicando a
planejar um casamento, até fazer
mudança de matéria, tudo
uma reforma - estamos sempre
começava do zero. A aula de física
solucionando problemas. Mas a
não tinha nada a ver com a aula
realidade escolar ainda se baseia
seguinte, que era de história. A de
em informações de memorização e
história era interrompida pela de
conteúdo sem propósito ou
matemática, e expressões
utilidade prática.
numéricas não tinham nenhuma
conexão com a Revolução
Se você pensar em um contexto
Francesa.
empresarial, por exemplo, já sabe
que projetos também
desenvolvem habilidades
importantes, como de
comunicação, organização,
pensamento crítico e criatividade.

43
Como aproximar essa educação
conteudista de um mundo mais
real de criação de soluções
relevantes? É aí que entra a
Aprendizagem Baseada em
Projetos (ABP), ou ​Project-Based
Learning (PBL). Essa é uma
A ABP também é interessante
metodologia baseada na
porque parte diretamente do
investigação em que os
interesse dos alunos. Assim, o
participantes se envolvem para
conteúdo curricular é abordado
resolver desafios ou desenvolver
com objetivos específicos e um
projetos em colaboração.
propósito comum à maioria dos
alunos, que se sentem engajados
As principais vantagens da adoção
e envolvidos enquanto aprendem.
da Aprendizagem Baseada em
Projetos são o estudo e
Como fazer
compreensão de diversos
conteúdos de forma transversal,
Para implantar a Aprendizagem
facilitando a internalização de
Baseada em Projetos, o educador
cada um; e o desenvolvimento de
pode seguir alguns passos para
habilidades sociais e emocionais,
liderar o processo em conjunto
como a cooperação, o pensamento
com os alunos. É importante
crítico, a visão sistêmica e o
destacar que a ABP não deve ser
protagonismo.
um ônus para o professor, e sim
um processo horizontal a ser
construído junto com o grupo.

44
A seguir, sugerimos um passo a mediar o processo, e
passo para implantar a ABP em estimular a autonomia e
um contexto educacional: protagonismo dos
aprendizes.
1) Criação e planejamento​:
o facilitador deve primeiro 3) Monitoramento e
delimitar com os alunos de Avaliação​: tanto no
forma democrática qual é o decorrer do processo quanto
tema principal que eles no final devem haver
querem trabalhar e qual momentos de monitorar e
será a pergunta que vai avaliar o andamento de cada
guiar o processo. Nessa projeto. O professor deve
etapa, também é importante ter à disposição mecanismos
que se defina o cronograma para avaliar se os objetivos
do processo, tarefas estão sendo cumpridos e
individuais e coletivas e fazer ajustes caso julgue
etapas a serem cumpridas. necessário.

2) Desenvolvimento​: com o 4) Encerramento​: o último


tema central e as etapas momento pode ser usado
bem definidas, é hora de para compartilhar projetos,
estimular os alunos a discutir lições aprendidas e
fazerem pesquisas, trocar feedbacks
entrevistas, levantamentos e construtivos para cada
debates sobre o tema. Eles trabalho desenvolvido.
devem buscar o máximo de Também pode haver mais
informações e pontos de momentos de avaliação,
vista diferentes sobre o ajustes e definição de
desafio central. O papel do próximos passos, se for o
educador nesse momento é caso.

45
As etapas podem ser os alunos construam a
alteradas de acordo com experiência junto com o
cada contexto e deve haver professor.
também abertura para que

Quem usa e como Depois do falecimento de um


aluno por conta de um acidente
A High Tech High é uma escola com arma de fogo, os alunos
que fica na Califórnia, Estados resolveram abordar a importância
Unidos. Apesar do nome, a escola de se tomar cuidado com esse tipo
não foca apenas no uso da de objeto e os danos que pode
tecnologia, mas também em causar a vidas inocentes.
projetos de criatividade e impacto
social relacionados à vida e à Para trabalhar o tema central, os
realidade dos alunos. estudantes decidiram criar um
documentário para debater sobre

46
o problema. Eles conversaram Referências e fontes
com pessoas da comunidade,
policiais e gestores públicos para Aprendizagem Baseada em
entender diferentes pontos de Projetos - Porvir
vista e analisar a situação sob
diversos ângulos. Aprendizagem Baseada em
Projetos - Lyceum Blog
No decorrer do projeto os alunos
puderam aprender inglês, história, Aprendizagem Baseada em
matemática e até física. Eles Projetos - Geekie
também criaram um Vídeo: Problem-Based Learning
financiamento coletivo para Explained (inglês)
arrecadar recursos para
viabilização do documentário e Livro - Aprendizagem Baseada em
conquistaram ainda mais o Projetos: Educação Diferenciada
envolvimento da comunidade. para o Século XXI

O documentário ​Beyond the


Crossfire é só mais um exemplo
de como projetos em espaços de
aprendizagem podem ir muito
além de técnicas tradicionais de
memorização, e desenvolver
habilidades que são realmente
úteis e relevantes para a vida de
cada aluno envolvido.

47
vivemos, o ensino híbrido é quase
intrínseco aos ambientes
inovadores de aprendizagem. Essa
Objetivos metodologia ajuda a maximizar o
Dar autonomia para os alunos, aprendizado, além de
personalizar a aprendizagem, personalizar, visto que o aluno
aproveitar as habilidades do tem mais autonomia para
facilitador, maximizar a aprender.
aprendizagem e desenvolver
pensamento crítico. A ideia não é simplesmente
colocar um tablet em sala de aula,
O que é? mas utilizar a tecnologia para
maximizar e personalizar o
O ensino híbrido, ensino misto, aprendizado. É interessante
blended learning ou ​b-learning é utilizar vídeos interativos e
uma mistura de ensino à distância empolgantes, lançar mão da
e presencial que envolve, gamificação e tornar o conteúdo
necessariamente, conteúdo online engajador.
(vídeos, e-books, webinários) e
encontros presenciais. Como usar

Existem dois modelos de ​blended


learning​: o disruptivo e o
sustentado.

No disruptivo, a ideia é que a


maior parte do conteúdo e do
A prática acontece há muito aprendizado seja feito à distância,
tempo, mas no mundo globalizado ou EAD. Pode ser feito utilizando
e cada vez mais tecnológico que uma plataforma de ensino

48
(algumas faculdades já fazem momentos em sala de aula
isso), com encontros presenciais com prática no laboratório.
para promover debates, tirar
dúvidas e fazer avaliações, por 2. Modelo de rotação de
exemplo. estações: os estudantes
rotacionam por estações de
No modelo sustentado, a maioria conteúdos ou atividades,
dos encontros ainda são sendo que uma delas deve
presenciais, mas faz-se uso da incluir a aprendizagem
tecnologia online para fazer online. No jardim de infância
atividades dentro e fora de sala de isso acontece com
aula. Dentro desse modelo, frequência. Cada estação
existem vários submodelos, como: tem que ter um início, meio
e fim, independente da
outra.

3. Modelo de rotação
individual: ​é parecido com
a rotação de estações, mas
cada aluno tem uma agenda
específica de estação para
ir, criada pelo facilitador ou
por um algoritmo. Diferente
1. Modelo de rotação de
dos outros modelos, o
laboratório: esse aqui nós
estudante não precisa
vivenciamos nas aulas de
passar por todas as
informática da escola. A
estações, mas só as que o
ideia é se apropriar do
facilitador indicar na
laboratório de informática da
agenda.
instituição e intercalar

49
4. Modelo de sala de aula vídeos, ​podcasts​, e-books, e
invertida ou ​flipped quando vão para a sala de
classroom​: esse é o mais aula, fazem o dever com o
famoso. Aqui, a ideia é apoio de pares ou do
inverter os papéis de aluno e professor. Esse modelo é
professor. A dinâmica de muito utilizado em
dever de casa e aulas universidades
expositivas são diferentes. norte-americanas e
Os alunos estudam em casa, europeias.
com material digital como

A parte presencial pode ser usada Quem usa e como


também para gerar debates,
conversas, e até mesmo o aluno A professora Alison Elizondo criou
facilitar algum tipo de conteúdo um programa de ensino híbrido, o
estudado. Somos muito fãs da “​We love 2 Learn​” (nós amamos
flipped classroom e sempre aprender). O programa usa
usamos nos nossos cursos. É um plataformas online para fazer a
modelo que nos ajuda a fazer flipped classroom​. Os alunos da
conexões reais com os turma dela tem 80% de taxa de
participantes, já que a conversa se proficiência. Para saber mais,
torna horizontal e pode ser ainda acesse esse link.
mais profunda do que só passar
um conteúdo. E não se engane:
não se trata de vídeos ​online​, mas
da conexão cara a cara entre
pares e facilitador para
potencializar também a própria
vivência ​online​.

50
Referências e fontes
12 tipos de blended learning

3 metdologias de ensinno híbrido


para testar em sala de aula - Cia
de Talentos.

Video explicativo sobre sala de


aula invertida, em inglês.

Vídeo do Canal Futura sobre sala


de aula invertida, em portugês.

Texto sobre sala de aula invertida


da Edools.

51
essas pequenas agressões para
possibilitar relações mais
empáticas e saudáveis.
Violento, eu?

Empatia: o centro da CNV


Sabe quando você lê nos jornais
sobre algum crime que aconteceu Você já deve saber que empatia
na cidade, ou quando uma pessoa significa "sentir com o outro”, ou
no trânsito xinga a outra? Isso é alguma outra definição
violência. semelhante. É se colocar no lugar
de alguém e buscar entender o
que o outro está sentindo, mesmo
que você não esteja passando
pela mesma situação.

Agora, pense com a gente: ser


empático é dar um conselho? Falar
“vai dar tudo certo, tente pensar
em outra coisa”?
E quando você julga um colega
por uma opinião divergente, ou
Fazendo uma analogia, falar para
quando seu filho insiste em não
o seu amigo "relaxa que vai dar
fazer o combinado e você ameaça
tudo certo!” em um dia chuvoso
deixá-lo de castigo? Isso também
enquanto você está usando um
é violência.
guarda-chuva não é empatia.

Esse tipo de violência velada é o


que mais causa desgaste nas
relações, e o desafio da
Comunicação Não-Violenta (CNV)
é justamente lançar luz sobre

52
As pequenas violências do
cotidiano

Você se enxerga falando essas


frases ou até mesmo já escutou
alguma delas?

Você pode até ter boa intenção,


“Eu fui com você aquele dia na
mas provavelmente não vai
festa e agora você não quer ir
ajudar.
comigo! Nunca mais me peça
nada!”
Empatia é ir lá, abraçar o amigo e
tomar a chuva junto com ele, ou
“Eu sou seu pai/sua mãe e sei o
compartilhar o guarda-chuva. É
que é melhor para você. Se você
lembrar que, mesmo aquela
fizer isso, vou ficar decepcionada.”
pessoa mal-humorada do
trabalho, aquela que você não
“Mas eu gritei porque me
quer ter por perto, é também uma
provocou! Mereceu.”
pessoa que compartilha dos
mesmos medos e desejos que
Você já deve ter se percebido
você.
falando ou ouvindo algumas
dessas frases em diversos
momentos. Elas têm um ponto em
comum: são violentas em sua
essência. Cada uma de uma forma
diferente, seja em forma de
julgamento, de repressão ou de
desconexão com o outro. E é aqui
que entra a Comunicação
Não-Violenta.

53
Essa abordagem assume que Marshall Rosenberg, psicólogo
todos os comportamentos americano e sistematizador dessa
violentos que temos são abordagem, diz que somos
aprendidos e ensinados. Ou seja, compassivos por natureza e que,
não são verdadeiros, não são ao longo da vida, vamos
nossos e não fazem parte do construindo violências dentro de
nosso coração, da nossa essência. nós. O desafio da CNV é nos
A CNV também diz que: recolocar em contato com essa
essência.
1) A escuta ativa é a arma mais
poderosa que o ser humano tem. Os três pilares que guiam a CNV
são: empatia, autocompaixão e
2) Tudo aquilo que sentimos é de autenticidade, e todos os
nossa responsabilidade, não do princípios que regem essa
outro. abordagem passam sempre por
um desses três pilares.
3) As pessoas não "são". Elas
“estão” - rótulos são limitantes.

O que é, afinal, CNV?

A Comunicação Não-Violenta é um
processo de comunicação que
coloca no centro os sentimentos
dos envolvidos e suas
necessidades profundas,
possibilitando uma troca empática Essa abordagem sugere alguns

e o fortalecimento de relações. passos para uma comunicação


empática. No entanto, o mais
importante da CNV não são os
passos, e sim a desconstrução de

54
uma mentalidade defensiva e a 2. Identificar sentimentos: o
construção de uma mentalidade que você sente com essa
empática. situação? Esse é o momento
de identificar seus próprios
Os 4 passos da comunicação sentimentos e colocar para
conhecimento da pessoa.
Para comunicar-se de forma Por exemplo: “quando vejo
empática e assertiva, Marshall a mochila no chão da sala,
Rosenberg propõe quatro passos a me sinto frustrado e
serem trabalhados durante um cansado."
diálogo:

3. Identificar necessidades:
1. Observar: o primeiro passo
por trás de todo sentimento,
é livrar-se de julgamentos e
existe uma necessidade.
ater-se ao que realmente
Quando essa necessidade
aconteceu. Em uma situação
não é atendida, gera a
entre pai e filho, em vez de
violência. No exemplo,
rotular a situação em “você
quando a necessidade de
é muito bagunceiro”, é
organização do pai não é
possível encaminhar para
atendida pelo filho, que
“quando cheguei em casa
deixa a mochila no chão, ele
ontem, vi que a mochila
se sente frustrado. Quais
estava no chão da sala”.
são as necessidades por trás
Isso possibilita que o filho
dos seus sentimentos?
não se sinta atacado, e
também abre espaço para
que o pai entenda o lado
dele.

4. Fazer um pedido: ​O último


passo é fazer um pedido

55
para que a situação se
encaminhe para um melhor
resultado para ambas as
partes. Esse pedido não
deve ser em formato de
imposição, e sim de opção
para que o outro também
coloque possíveis soluções.
Exemplo: “O que você acha
de sempre pendurar a
mochila no cabide quando
5. chegar da escola?”.

Após o último passo, a outra


pessoa pode colocar seus próprios
sentimentos e necessidades. No
caso acima, o pai poderia
descobrir que o filho não pendura
a mochila no cabide porque se
sente animado ao ver seu
cachorro e esquece da mochila ali
no chão. Essa nova perspectiva
abre um novo espaço de
comunicação, tanto para que o pai
entenda a animação do filho, e
também para que o filho entenda
a frustração do pai.

56
Um outro exemplo de como os 4 passos da CNV podem ser aplicados é:

57
Os quatro passos não precisam contato visual, mãos livres
ser seguidos de forma enrijecida. de objetos, e postura
Eles existem para dar um possível corporal aberta e receptiva.
caminho para diálogos que É fundamental ​evitar o
seriam, em princípio, famoso "vai falando que eu
estressantes, e que podem se estou ouvindo" enquanto
tornar momentos de troca realiza outras tarefas.
fundamentais para relações
cotidianas.
2. Empatia intelectual:
Os degraus da escuta empática quando a pessoa terminar
de falar tudo o que ela
Mais importante do que falar, é gostaria, o segundo passo é
ouvir o outro. Seja no desabafo de checar o entendimento,
um colega, seja no excesso de fazendo um resumo do que
uma discussão política. Para isso, foi entendido, podendo
Marshall Rosenberg sugere três haver, por exemplo,
passos principais: paráfrase do relato. Por
exemplo: “deixa eu ver se
1. Presença: escutar o que a
entendi, então o que
outra pessoa tem a dizer
aconteceu foi…”.
sem interrompê-la ou
questioná-la. Demonstrar
que ela tem um espaço de
3. Empatia emocional:
fala garantido é fundamental
momento de ajudar o outro
para que se estabeleça uma
a compreender o que ele
relação de confiança. Para
mesmo está sentindo e do
isso, é importante que haja
que ele precisa. Ainda não é

58
a hora de dar conselhos. mesma. O melhor apoio é
Lembre-se: ninguém é ajudar a pessoa a encontrar
responsável por dar as seu próprio caminho.
respostas aos desafios de
outra pessoa que não ela

CNV e a facilitação controle e dar espaço para a


compreensão mútua é um dos
A responsabilidade de ensinar um maiores fatores-chave de sucesso
grupo, passar conteúdo, treinar ou para qualquer experiência de
preparar é tão grande que, aprendizagem.
frequentemente, o facilitador se
esquece de estabelecer um espaço Referências e fontes
de troca e empatia. O que o grupo
está sentindo? Quais são as Livro: Comunicação Não-Violenta,
necessidades de cada indivíduo Marshall Rosenberg
presente? Como podemos atender
às principais necessidades durante Instituto CNV Brasil
o tempo que estivermos juntos?
Sven Frochlich - Treinador de CNV
Aplicar a Comunicação no Brasil
Não-Violenta em sua essência em
espaços de aprendizagem não só Carolina Nalon - sugerimos o
possibilita maior absorção da curso online Caminho da
experiência pelos envolvidos, mas Comunicação Autêntica
dá ao próprio facilitador a leveza
de compreender e ser Tedx Carolina Nalon: Pra Início de
compreendido. Soltar mão do Conver

59
Para isso, nós queremos a sua
ajuda!
Escrever esse e-book foi o
primeiro passo para a realização Criamos um formulário de
de um sonho que logo vai se feedback para você compartilhar
tornar realidade: nosso curso com a gente a sua opinião sobre
online de metodologias ativas na esse livro! Isso é muito
facilitação. Durante os meses que importante para nós e vai nos
criamos esse livro, o que ficou apoiar no nosso sonho:
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