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Foto da página anterior: Brotação de borbulha de laranjeira Pêra IAC enxertada em limoeiro Cravo (S.A. Carvalho)
Produção de material básico e propagação 281
a quase totalidade das plantas que deram Matrizes e revisando as Normas para Produção
origem aos milhões daquelas que compõem o de Mudas Certificadas de Citros no Estado de
parque da citricultura nacional, o que não deixa São Paulo (Programa…, 1998; Normas…,
dúvidas sobre o grande sucesso alcançado com 1998).
o programa. Visando à melhoria na qualidade genética e
Viroses como exocorte, sorose e xiloporose, sanitária das sementes e borbulhas utilizadas na
que causaram grandes prejuízos em produtivi- formação de mudas e, principalmente, atender
dade e longevidade de plantas no passado, às exigências para a Certificação de Mudas, o
não têm sido detectadas em pomares, fican- novo Programa de Matrizes atualiza o instituído
do restritas a material de clones velhos. A em 1969, apresentando como principais modifi-
inexistência de maiores problemas aparentes cações a indexação para clorose variegada e o
provocou certa acomodação na aplicação do declínio dos citros e a exigência da manutenção
programa, com problemas na fiscalização e uti- obrigatória das matrizes sob telado à prova de
lização de material de origem não controlada insetos vetores de CVC. Além disso, introduz o
pelos viveiristas, aumentando, com o tempo, a Registro da Borbulheira, que deve ser mantida
vulnerabilidade da citricultura a doenças e pra- sob telado e formada com borbulhas provenien-
gas transmissíveis pelas mudas. Além disso, o tes de plantas matrizes, ou de borbulheira obti-
aparecimento, em 1987, da clorose variegada da diretamente da matriz protegida de vetores
dos citros (CVC) (Rossetti et al., 1993), doença da CVC.
causada pela Xylella fastidiosa Wells et al., Ao CAPTACSM-IAC e ao Instituto Biológico,
bactéria transmitida por cigarrinhas presentes competem a avaliação dos cultivares, a produ-
em nossos viveiros e pomares, caracterizou-se ção de plantas básicas e plantas matrizes e a
como um novo fator, não previsto originalmen- coordenação dos testes necessários para aten-
te, no programa. der ao programa. Além disso, os interessados
O agravamento do quadro da CVC, asso- no registro de sua própria planta matriz ou de
ciado a problemas na qualidade sanitária da sua própria borbulheira de citros podem re-
muda relativos a patógenos de solo como “fun- querê-lo à Coordenadoria de Defesa Sanitária
gos” do gênero Phytophthora e nematóides, Vegetal da Secretaria da Agricultura e Abaste-
foram as principais razões para a instituição cimento do Estado de São Paulo, coordenado-
das Normas para Produção de Mudas Certi-
ra do programa, de acordo com o modelo de
ficadas de Citros, em 1994, pela Secretaria
requerimento fornecido pelo órgão.
de Agricultura e Abastecimento do Estado de
São Paulo (Coordenadoria…, 1994). Exigindo
2.2 Estabelecimento e manejo de plan-
a produção de mudas em ambiente protegido
tas matrizes e borbulheiras em ambiente
dos vetores da CVC, entre outros cuidados,
protegido
esse programa, inicialmente considerado muito
rigoroso, recebeu, progressivamente, maior
Mesmo que seja para uso próprio, os inte-
atenção ao longo dos anos seguintes, princi-
ressados em instalar matrizes e borbulheiras
palmente pela grande dificuldade de garantir
protegidas devem seguir alguns cuidados, vi-
a sanidade para CVC de mudas cítricas produ-
sando à garantia da qualidade genética e sani-
zidas em viveiros de campo.
tária das sementes e borbulhas utilizadas. Para
Por meio de trabalho coordenado pela Co-
produção de borbulhas para comercialização
missão Técnica de Citricultura da Secretaria de
ou para uso em viveiro de mudas certificadas,
Agricultura e Abastecimento do Estado de São
há necessidade de solicitação do registro das
Paulo, e com a participação de pesquisadores e
técnicos do CAPTACSM-IAC, da Coordenadoria matrizes e das borbulheiras por formulários
de Assistência Técnica Integral (CATI), do Institu- próprios, junto à Defesa Sanitária Vegetal, que
to Biológico e do Fundecitrus, e aprovação pela realizará a inspeção prévia, mediante a ava-
Câmara Setorial de Citros e pela Comissão Es- liação da localização, do aspecto geral das
tadual de Sementes e Mudas (CESM/SP), foram plantas, de estruturas e práticas de manejo,
regulamentados, em fevereiro de 1998, os novos a coleta de amostras e demais providências
textos reestruturando o Programa de Registro de necessárias.
Produção de material básico e propagação 283
c) testes biológicos de indexação para causada por vírus, pode ser detectada pelo teste
patógenos transmissíveis por enxertia para sorose, pelas semelhanças nos padrões dos
Todo o sistema de indexação biológica ba- sintomas de manchas tipo “folha de carvalho”,
seia-se no fato de que ocorre a transmissão de que também podem ocorrer quando há presença
tecido infectado a tecido sadio. Para tanto, torna- do vírus da galha lenhosa ou enação foliar. Para
se necessário que as condições de crescimento da caracterização dessas viroses, pode-se realizar,
planta, sanidade e expressão sejam as melhores testes mais específicos empregando tangelo
possíveis. Na maioria dos casos, a dupla enxertia Orlando [C. reticulata Blanco x C. paradisi
é o método mais adequado de inoculação. As Macfad.] para cristacortis, enquanto sintomas
mudas de porta-enxertos ou das indicadoras de- típicos de enação foliar são observados na lima
vem ser produzidas em substratos esterilizados e ácida Galego ou a laranja Azeda e galhas no
livres de patógenos como bactérias e nematóides, tronco do limão Volkameriano cv. Palermo (C.
que podem mascarar os sintomas das viroses volkameriana V. Ten. & Pasq.) (Figura 2L). Para
a serem indexadas. O aspecto nutricional das sorose, quando não observados sintomas até o
plantas é de extrema importância, uma vez que amadurecimento das folhas, as plantas devem
sintomas de deficiência e toxicidade são freqüen- ser podadas para induzir a emissão de novas
temente semelhantes a alguns induzidos por vírus. brotações, realizando-se, pelo menos, três leitu-
Do mesmo modo, deve haver um seguro sistema ras ou quantas necessárias para o aparecimento
de proteção contra insetos vetores, de modo a dos sintomas no controle positivo. Apesar de
evitar contaminações e controle de temperatura não ter ainda sido identificado o agente causal,
e umidade, buscando a melhor condição para a a indexação biológica para a morte súbita dos
expressão de sintomas de acordo com cada viro- citros pode ser efetuada com limão Cravo como
ses (Figura 2A e B). porta-enxerto, observando a ocorrência ou não
Os testes biológicos podem ser instalados, de amarelecimento interno da casca na região
empregando como porta-enxerto o limão Cravo abaixo da enxertia. Sintomas de HLB podem
(Citrus limonia Osbeck), produzido inicialmente ser obtidos também em casa de vegetação,
em tubetes de 50 mL com substrato comercial à utilizando-se laranja doce, lima ácida Galego,
base de vermiculita e casca de pínus. Posterior- e tangerinas (clorose e mosqueado foliar), mas
mente, essas plântulas são transplantadas para como esse sintoma não é específico, deve ser
sacos plásticos de 1,5 L com o mesmo substrato confirmado por testes laboratoriais.
e, a partir de quatro a seis meses de idade, são
usadas para as enxertias. No teste, denominado d) termoterapia
de “dupla enxertia”, emprega-se uma ou duas Essa técnica, utilizada por séculos na elimina-
borbulhas da planta a testar e logo acima, uma ção de doenças e organismos de sementes e teci-
borbulha da indicadora, comprovadamente sem dos de plantas, é uma maneira efetiva e ecológica
o patógeno (Figura 2C-G). No CAPTACSM-IAC, de erradicar patógenos de material propagativo.
utilizam-se, como rotina, as indicadoras lima-áci- Para os citros, apesar de não ser eficaz na elimina-
da Galego [Citrus aurantiifolia (Christm.) Swin- ção de viróides como exocorte e xiloporose, essa
gle] para tristeza, laranjeira do Céu [C. sinensis técnica apresenta importante uso na eliminação
(L.) Osbeck], para sorose, cidra Etrog (C. medica de sorose A, sorose B, gomose-concova, impie-
L.) para exocorte e tangor Clemelin 1120 (C. re- tratura, cristacortis, infecção variegada, HLB,
ticulata x C. sinensis) para cachexia/xiloporose tristeza, tatterleaf e vein enation (Roistacher, 1985).
(Carvalho et al., 1997; Carvalho, 2001a). De- Em associação à microenxertia, que não apresen-
vem-se empregar, pelo menos, quatro repetições ta também eficiência total na eliminação de certos
para cada teste, utilizando-se também controles patógenos, como o vírus da sorose, a termoterapia
positivo e negativo. As plantas devem ser man- deve ser adotada, como estratégia para garantir
tidas em casa de vegetação com controle de maior segurança nos trabalhos de limpeza clonal.
temperatura (mais amenas para sorose e tristeza Para o tratamento térmico, plantas podem ser
e mais elevadas para exocorte e xiloporose) e, enxertadas sobre limoeiro Cravo cultivadas em va-
as leituras, realizadas observando-se a ocorrên- sos e mantidas em câmara climática tipo “Fitotron”
cia de sintomas típicos para cada virose (Tabela a 38 °C por 16 horas de luz e 32 °C por 8 horas de
1 e Figura 2H-K). Cristacortis, provavelmente luz por período de 7 a 60 dias. Brotações emitidas
Produção de material básico e propagação 285
Figura 2 Instalações e metodologia para indexação biológica para viroses: casa de vegetação a prova de inse-
tos vetores e com controle de temperatura e umidade (A e B); plantas sadias de variedade indicadora, fonte de
borbulhas para testes (C); limão Cravo produzido em tubete (D) e transplantado para sacolas de 1,5 L (E) para
realização do teste de “dupla enxertia” (F); epinastia foliar típica de exocorte em folhas de cidra Etrog (G e H),
palidez de nervura foliar de Galego em teste de tristeza (I); estrias cloróticas e manchas “folha de carvalho” em
laranja do Céu, indicadora de sorose (J); poros e exudação de goma em tronco da indicadora para cachexia/
xiloporose tangerina Parson Special (K); galhas lenhosas no tronco de limão Volkameriano cv. Palermo (L)
A B C
D E F G
H I J K L Fotos: S.A.
Carvalho
nessas condições são então retiradas para a obten- de 30% com o uso isolado da microenxertia (Carva-
ção dos ápices meristemáticos para a realização da lho et al., 2002). A utilização de estacas separadas
microenxertia. (Figura 3A e B). A associação dessas inoculadas em tubos de ensaio, em equipamentos
técnicas garantiu a eliminação de 100% da sorose menores e de menor custo de manutenção como as
de clones velhos do Banco Ativo de Germoplasma câmaras de germinação e crescimento tipo “B.O.D.”
de Citros (BAG Citros) IAC, cuja limpeza teve falha (biologic oxygen demand), pode proporcionar maior
286 CITROS
Tabela 1 Características das principais doenças causadas por patógenos transmissíveis por enxertia em citros no Estado de São Paulo e testes
de diagnósticos disponíveis
Indexação biológica
Doença Patógeno Transmissão Outros testes
Indicadora Temperatura Sintomas
Palidez de nervuras e caneluras ELISA, DsRNA-PAGE, imunidifusão
Tristeza Citrus tristeza virus Amena
Afídeos Lima ácida Galego ou stem pitting em 3 a 24 microscopia, PCR, RFLP, dRNA,
24-27 °C
semanas SSSP, DETIBIA e Western Blot
praticidade e economia na aplicação destes trata- A inoculação de estirpes fracas de valor protetivo
mentos, possibilitando também maior segurança em do vírus da tristeza em material cítrico submetido aos
relação à introdução de patógenos de outras regiões processos de limpeza clonal é necessária quando se
ou países, por eliminar a necessidade de transporte e trata de variedades pouco tolerantes ao vírus (Müller
manutenção de plantas vivas em casa de vegetação & Costa, 1977). Esse processo, denominado também
para obtenção de meristemas (Figura 3C-E). de pré-imunização ou “premunização”, possibilita o
cultivo satisfatório de variedades menos tolerantes
e) microenxertia em condições de campo, onde se encontra natural-
A técnica da microenxertia, desenvolvida por mente o principal vetor dessa virose, o pulgão-preto
Murashige et al. (1972) e, aperfeiçoada por Navar- (Toxoptera citricidus Kirk.). Esse afídeo pode ser
ro et al. (1975), é utilizada em todo o mundo para a utilizado para a inoculação da estirpe fraca prote-
eliminação de patógenos sistêmicos de citros. tiva, deixando-se colônias sadias se alimentarem em
Como microporta-enxerto, pode-se empregar plantas portadoras da estirpe de interesse do vírus
plântulas de citrange Troyer [Poncirus trifoliata (L.) e, posteriormente, em plantas sadias. Para garantir
Raf. x C. paradisi Macfad.] germinadas no escuro a inoculação de todos os componentes do complexo
em tubos de ensaio com meio de cultura Murashige protetivo, recomenda-se o uso de, pelo menos, 100
& Skoog (1962), solidificado com 1% de ágar e pulgões por inoculação, que deve ser repetida por
pH ajustado a 5,7. Os brotos, obtidos de plantas três dias consecutivos. Entretanto, com a possibilida-
mantidas no campo, casa de vegetação ou câmaras de de transmissão do patógeno causador da morte
de termoterapia (Figura 3B e E), são manipulados súbita dos citros por afídeos, essa ferramenta somen-
assepticamente sob lupa estereoscópica em câmara te deve ser adotada se o material de origem for com-
de fluxo laminar (Figura 3F), utilizando-se estiletes provadamente sadio para a doença. A confirmação
e bisturis cirúrgicos para a realização dos cortes e da infecção deve ser feita com teste serológico (ELISA).
separação do ápice meristemático. A microenxertia Após obtenção de planta com a estirpe protetiva, ino-
é efetuada pela inoculação da porção apical de 0,2 culação de novas plantas pode ser feita com borbu-
lhas da planta infectada, desde que mantida sob tela
mm do ápice caulinar, composta do meristema mais
antiafídica. Plantas microenxertadas pré-imunizadas
duas a três folhas (Figura 3G), em uma incisão em
devem ser mantidas sob telado como blocos básicos
forma de “T” invertido na haste do microporta-en-
(Figura 3O), e em experimentos de campo, onde po-
xerto estiolado previamente podado na raiz e no
dem ter suas características agronômicas avaliadas
topo (Baptista et al., 1991) (Figura 3H e I).
para futura formação de matrizes.
Após a operação, o conjunto é colocado de
volta a tubos de ensaio em meio MS líquido até
h) manutenção de plantas matrizes
a confirmação do pegamento e desenvolvimento
Plantas microenxertadas, comprovadamente li-
satisfatório do broto, (Figura 3J e K) quando é
vres de patógenos e pré-imunizadas contra estirpes
levado para enxertia por garfagem lateral ou de
fortes do vírus da tristeza, constituem o material mais
topo em limoeiro Cravo estabelecido em vaso, com
minicâmara úmida até a retirada do fitilho (Paiva confiável para estabelecer um programa adequado
& Carvalho, 1993) (Figura 3L-N). de matrizes de citros. Assim como os porta-enxertos,
borbulhas ou mudas utilizadas para sua formação,
f) reindexação para garantir a sanidade, as plantas candidatas a
Após aclimatação e desenvolvimento suficiente, as matrizes e aquelas registradas como matrizes devem
plantas recuperadas pela aplicação da termoterapia ser mantidas sob telado à prova de afídeos, garantin-
e microenxertia devem, novamente, ser indexadas do a proteção contra vetores do vírus da tristeza, além
para confirmação da eliminação das viroses detecta- dos vetores de CVC, de HLB e dos possíveis transmis-
das na indexação, utilizando o método descrito. sores da morte súbita dos citros (Figura 4A-C).
Para possibilitar a produção de frutos e a
g) pré-imunização ou proteção cruzada comprovação das características agronômicas,
É um fenômeno conhecido desde o início do sé- no estabelecimento desses blocos deve-se utilizar
culo passado e ocorre quando uma estirpe do vírus espaçamentos que permitam um bom crescimen-
já estabelecida na planta hospedeira impede ou to das plantas, como o de 5,0 x 7,0 m, utilizado
reduz a posterior manifestação de outras estirpes atualmente no Centro APTA Citros. O número de
do mesmo vírus (Baptista et al., 1991). plantas de cada variedade ou clone a manter de-
288 CITROS
Figura 3 Eliminação de patógenos sistêmicos por termoterapia e microenxertia: tratamento térmico de plan-
tas em câmara de crescimento (A e B) ou de estacas in vitro em “B.O.D.” (C-E), visando obtenção de brotações
para microenxertia utiizando lupa estereoscópica (F); o ápice meristemático (G) é inserido em incisão no topo
de microporta-enxerto estiolado (H e I) e após crescimento da brotação em sala de crescimento (J e K), o
conjunto obtido é aclimatado por garfagem de topo (L) ou lateral (M) com mini câmara úmida, em limoeiro
Cravo, e após crescimento (N) e comprovação da sanidade é mantido em telado como planta básica (O)
A B C D E
F G H I J
K L M N O
Fotos: Arquivo Centro APTA Citros Sylvio Moreira/IAC (G-I); S.A. Carvalho (A-F e J-O)
penderá da demanda de borbulhas pretendida ta cítrica para a instalação de matrizes, mas, para
para a formação e renovação das borbulheiras, maior segurança e evitar problemas futuros com a
o que pode variar conforme o cultivar. Pela com- ocorrência de cancro cítrico em plantas vizinhas, é
patibilidade com as variedades copas, o porta- recomendável observar distâncias maiores, já que
enxerto usado na formação da matriz pode ser o raio mínimo para erradicação de um foco é de
o limão Cravo, facilitando, também, a compara- 200 m e, o de quarentena, 1.000 m. É necessá-
ção quanto às características de plantas e dos ria a instalação de antecâmara para dificultar a
frutos produzidos. Entretanto, para evitar cresci- entrada de insetos vetores, e recomendável uma
mento excessivo e conseqüente necessidade de altura mínima do pé direito de 4 m, com estrutura
podas muito constantes, o uso de porta-enxertos resistente a ventos fortes.
menos vigorosos podem ser de interesse. Antes Em relação ao aspecto fitossanitário, deve-
do registro pela entidade certificadora, cópias se realizar práticas específicas de manejo, para
desse material devem ser testados também em evitar contaminação com cancro cítrico, CVC e
campo, de preferência em diferentes condições outras doenças, como controle rigoroso do trânsito
edafoclimáticas, buscando a avaliação das ca- de pessoal, desinfestação de calçados e veículos,
racterísticas agronômicas. desinfecção de equipamentos e ferramentas, con-
A legislação atual para o Estado de São Paulo trole da abertura das portas, uso de armadilhas,
exige distância mínima de 20 m de qualquer plan- inspeções freqüentes e pulverizações quinzenais
Produção de material básico e propagação 289
Figura 4 Telado para formação e manutenção de matrizes (A-C); borbulheiras de chão (D) e de vasos (E e F)
sob telado; corte (G) e processamento de ramos porta-borbulhas com retirada de folhas (H), tratamentos
químico (I) e térmico (J), secagem (K) e embalagem para armazenamento em câmara fria (L)
A B C
D E F
G H I
J K L Fotos: S.A.
Carvalho
doença (Coletta Filho et al., 1998). Atualmente, a) proteção com tela da planta sele-
pela indisponibilidade de testes diagnósticos cionada e posterior estabelecimento de
para plantas assintomáticas para a morte súbita borbulheira
e dos citros e o HLB, a ocorrência dessas doen- Essa opção pode trazer alguma dificuldade no
ças no pomar ou mesmo na região inviabiliza manejo das plantas e maior custo das instalações e
a introdução segura em telados de material de sua manutenção, já que, muitas vezes, as melhores
campo, devendo-se utilizar as estratégias descri- candidatas a matrizes podem estar localizadas ale-
tas no item anterior. atoriamente em pomares, o que obrigará a adoção
Descartadas essas situações, podem-se citar as de várias “gaiolas” individuais (Figura 6A e B) ou
seguintes estratégias para o estabelecimento de em pequenos grupos, conforme o número de varie-
blocos protegidos a partir de material de campo, dades em trabalho e o número inicial de borbulhas
que devem, entretanto, ser analisadas caso a caso pretendido. Como vantagem, pode-se apontar a
pela entidade certificadora: possibilidade de as plantas permanecerem em qua-
292 CITROS
Figura 5 Estratégias para introdução em telado e forma- a decisão de proteção dessa planta ou de seu uso
ção de borbulheira a partir de planta matriz selecionada para formar uma borbulheira, vai depender da
a campo análise de outros fatores, como o histórico da pro-
priedade, origem das mudas, ocorrência de CVC
na região, na propriedade, no pomar e nas plantas
PROTEÇÃO vizinhas. Decidida a utilização da planta, procede-
se à proteção imediata com tela antiafídica e pro-
tela antiafídica
videncia-se a retirada de amostras para os testes
Candidata de viroses e declínio, necessários para obtenção do
Planta selecionada à matriz
registro da matriz e sua liberação para fornecimen-
CVC to de borbulhas visando à formação de borbulheira
INDEXAÇÃO Viroses registrada.
Declínio
Figura 6 Proteção com tela de planta selecionada em pomar comercial (A); após comprovação da sanidade e
fidelidade varietal a planta pode ser utilizada como matriz para produção de borbulhas (B)
Fotos: S.A. A B
Carvalho
Produção de material básico e propagação 293
1
C.I. Aguilar-Vildoso. Phytonema Clínica de Plantas, Limeira (SP). 2003. Comunicação pessoal.
294 CITROS
(Teixeira, 1969; Köller, 1973; Bissoli et al., 1988; fusão dos gametas masculino e feminino, as semen-
Blumer, 2000), mas há perda gradativa na sua tes de citros podem apresentar embriões apomíticos,
viabilidade para enxertia. Borbulhas de laranja formados a partir do tecido da nucela, originando
Valência podem ser armazenadas com sucesso assim plantas nucelares com número variado, de
até 60 dias em sacos plásticos em câmara fria a acordo com a espécie (Figura 7A). Como a nucela é
8 °C (Figura 4L), mas com perda acentuada da sua parte exclusivamente materna da semente, os embri-
viabilidade a partir de 70 dias de armazenamento ões nucelares possuem a mesma carga genética da
(Carvalho, 1998). Avaliando diferentes recipientes planta que a origina, possibilitando, assim, a produ-
e tratamentos químicos, Romeiro et al. (2001) ve- ção de plantas idênticas e livres de doenças, uma vez
rificaram a conservação das borbulhas de laran- que não há formação de vasos condutores suficientes
jeira Natal por 210 dias, com média de 98% de para a translocação dos patógenos para os embri-
pegamento na enxertia, indicando a viabilidade ões. Foi através das sementes que, a partir do final
de sua conservação em embalagens plásticas de da década dos trintas, realizou-se a “limpeza” de
36 a 76 µm. várias viroses existentes nos citros no Estado de São
Paulo, com a obtenção dos clones nucelares sadios,
2.5 Matrizes de variedades porta- que, utilizados comercialmente a partir de 1955,
-enxerto possibilitaram a recuperação da citricultura brasileira
(Moreira & Salibe, 1965; Greve et al., 1991).
Para o registro de plantas matrizes fornecedoras As sementes são essenciais para o processo
de sementes a partir de material selecionado no cam- de hibridação artificial, utilizado em programas
po, é necessário também a avaliação das caracterís- de melhoramento que possibilitam a criação de
ticas típicas da variedade ou clone, e a realização novas variedades de citros e auxiliam nos estudos
dos testes de indexação para viroses, CVC e declínio, de herança e constituição genética, considerados a
podendo a planta ser mantida em campo. chave para a solução de problemas fisiológicos e
Assim como no registro de plantas de varie- fitossanitários. É também por meio da germinação
dades copas, o histórico da propriedade e das de sementes em tubos de ensaio que se obtêm em
plantas é de grande importância para aumentar o laboratório plantas adequadas para receber o me-
grau de confiança e facilitar o processo de registro ristema da variedade copa a ser limpa de viroses
das plantas, dando-se preferência por material ou outros patógenos, na técnica de microenxertia.
com mais de dez anos, de clones nucelares e de
procedência conhecida. Os procedimentos corre- 3.2 Enraizamento de estacas
tos para coleta e armazenamento de sementes são
abordados no tópico seguinte. Pela facilidade na propagação por sementes
e pelas vantagens do uso da enxertia, a propa-
3 Propagação e produção de mudas gação assexuada por enraizamento de estacas
de citros (Figura 7B-D) é pouco utilizada, ficando restrita
a algumas espécies em determinadas regiões ou
3.1 Propagação por sementes para trabalhos de nutrição mineral, nos quais
se procura menor variabilidade entre plantas. A
Os citros tiveram origem no continente asiático, capacidade de emissão de raízes depende da es-
de onde foram disseminados por todo o globo. pécie, podendo chegar a 100% em cidras, limões
A principal forma de evolução e dispersão das e limas ácidas, mas com baixo índice de sucesso
espécies foi através de sementes, ou seja, por pro- para laranjas doces e tangerinas (Carvalho &
pagação sexuada. Essa forma de propagação foi Souza, 1993; Santos et al., 1988; Araújo et al.,
inicialmente utilizada como método de obtenção 1999). Melhores resultados em percentagem e
de novas plantas, mas, por ocasionar variações uniformidade de enraizamento podem ser obtidos
decorrentes das recombinações gênicas e longo com o emprego de estacas semilenhosas de 10 a
período juvenil, tem atualmente uso restrito. 15 cm de comprimento com 3 a 4 folhas cortadas
Além de serem a forma mais comum de propa- ao meio, umidade relativa do ar (80-100%) e tem-
gação do porta-enxerto, as sementes foram muito peratura acima de 28 °C. O uso de substâncias
importantes em vista da característica da poliembrio- promotoras de enraizamento como ácido indol
nia nucelar. Além do embrião sexual, originado da butírico (AIB) e ácido naftalenacético (ANA) nas
Produção de material básico e propagação 295
concentrações de 400 a 1.000 mg L-1, diluídos em trabalhos experimentais, como ferramenta auxiliar
água ou talco na base das estacas pode favorecer na biotecnologia e na multiplicação rápida de
a velocidade e uniformidade na emissão de raízes, material de interesse. O uso desta técnica na pro-
mas não altera o índice final de enraizamento. pagação comercial de porta-enxertos tem sido re-
alizado em pequena escala em alguns paises e já
3.3 Micropropagação foi adotada no Brasil para a formação de mudas
comerciais empregando a tangerina Sunki [Citrus
Laboratórios agregados a viveiros comerciais sunki (Haytata) hort. ex Tanaka], porta-enxerto
têm sido utilizados em diversas culturas para o considerado tolerante ao declínio dos citros, mas
cultivo in vitro de partes meristemáticas visando com pouca disponibilidade de sementes e plantas
à eliminação de patógenos sistêmicos, sendo, matrizes na ocasião. Dificuldade de controle na
posteriormente, o material propagado em larga arquitetura do sistema radicular, com emissão
escala pela micropropagação de ápices caulina- de mais de uma raiz dominante na altura do
res (Gratapaglia & Machado, 1998). No caso colo (Figura 7J e K), pode ser considerada como
dos citros, entretanto, só se obtém sucesso na um dos fatores que dificultaram a adoção dessa
recuperação de novas brotações quando o ápice tecnologia. Assim como nas plantas obtidas pelo
meristemático é inoculado na região do câmbio enraizamento de estacas, a ausência da verda-
do caule de seedlings, caracterizando a micro- deira raiz pivotante pode ocasionar um sistema
enxertia. radicular mais superficial e tornar a planta mais
A utilização de técnicas de cultura de tecidos suscetível à seca e ao tombamento (Carvalho,
com o objetivo de multiplicação de variedades- 1992). Entretanto, a propagação vegetativa com o
copa é viável, mas seu emprego se tem limitado a uso dessas técnicas pode ser útil pela possibilidade
Figura 7 Propagação de citros: poliembrionia em limão Cravo (A), enraizamento de estacas de porta-enxetos
(B-D); introdução via sementes (E) e via estacas (F, G) para cultivo in vitro de tangerina Sunki em sala de cres-
cimento (H) em tubos boca larga (I); raízes de citrange Carrizo micropropagado (J) e comparação de sistema
radicular de plantas de limão Cravo micropropagadas (K, à esquerda) e obtidas via sementes (K, à direita)
A B C D
E F G H
I J K Fotos: S.A.
Carvalho
296 CITROS
Figura 8 Sementeira com antesala, pedilúvio e armadilha amarela com cola para insetos (A e B); bandejas
com tubetes suspensas (C-E); semeadura, germinação e crescimento (F, G, H); limão Cravo produzido em tu-
bete 50 mL em ponto de transplantio (I); torrão (J) e sistema radicular (K); efeito do tamanho do recipiente
no crescimento (L, da esquerda para a direita: tubetes de 50 mL, 100 mL e 250 mL); adulto, larva e danos
causados por fungus gnatt em limão Cravo (M-O); plantas zigóticas de limão Cravo com crescimento e carac-
teres morfológicos distintos do padrão varietal, observado na planta nucelar, à direita (P)
A B C D
E F G H
I J K L
Fotos: Arquivo
Citrograf Mu-
das (A, C, D
e H ) e S.A. �
Carvalho (B, E, �
G e L-P) M N O P
favorece a emissão de raízes secundárias, com Para nova utilização, é recomendada a limpeza
maior desenvolvimento do sistema radicular em cuidadosa dos tubetes, com hipoclorito de sódio
relação aos porta-enxertos obtidos no método ou outros produtos. Tubetes com volume maiores,
tradicional de sementeira de solo. Para tanto, é como o de 100 mL e o de 250 mL podem também
necessário que sejam mantidos suspensos, po- ser utilizados, permitindo maior crescimento das
dendo-se utilizar bandejas plásticas perfuradas plantas pela maior disponibilidade de espaço,
mantidas sobre cabos com esticadores, ou telas substrato e nutrientes para o crescimento das raí-
metálicas galvanizadas, fixadas sobre mourões zes (Figura 8L). O tubete de 250 mL desenvolvido
de madeira ou cimento, a uma altura mínima de para espécies florestais nativas, tem sido empre-
30 cm do solo (Figura 8E e H). O emprego de gado para produção de citrumelo Swingle e ou-
tubetes favorece também a seleção e classificação tros porta-enxertos resistentes a morte súbita dos
dos porta-enxertos em lotes mais homogêneos, citros para utilização em sub-enxertia em poma-
facilitando o manejo das plantas (Figura 8C e D). res formados sobre porta-enxertos susceptíveis.
Produção de material básico e propagação 299
Tabela 2 Época de maturação dos frutos e numero de sementes dos principais porta-enxertos utilizados no
Estado de São Paulo
se deve retirar e lavá-las com auxílio de peneira e bem vedados, é recomendável o tratamento
água corrente. Retornar as sementes ao recipien- químico das sementes com fungicidas (Figura 9F-
te colocando água até cobri-las, adicionando, H), podendo ser mantidas por mais de um ano,
aproximadamente, 100 g de cal hidratada, com apesar de perda gradativa do poder germinativo,
o objetivo de retirar os resíduos dos produtos quí- de acordo com a espécie e com as condições de
micos que sobraram da primeira lavagem. Lavá- armazenamento. Algumas espécies se compor-
las novamente, com auxílio de peneira em água tam como recalcitrantes, ou seja, as sementes
corrente, colocá-las em recipiente com água e devem ser armazenadas com alto teor de água,
retirar manualmente a casca de cada semente com por exemplo de 44% para o citrumelo Swingle,
auxílio de um pano. O rendimento pode chegar uma vez que um secamento mais intenso invia-
a 1,5 L de semente descascada por pessoa/dia. biliza a reabsorção de água e, assim, reduz a
Colocar as sementes sem casca (Figura 9I) em germinação (Carvalho, 2001). Já espécies como
um recipiente com água limpa trocada de 6 em 6 o limão Cravo toleram menores teores de água,
horas até o consumo, não sendo recomendado o por volta de 25%, sem prejuízo para a germina-
armazenamento. ção, além de ser armazenadas normalmente com
teores de água mais elevados. A viabilidade de
b) tratamento químico e armazena- sementes de tangerina Cleópatra (C. reshni hort.
mento das sementes. ex Tanaka) pode ser mantida durante o armaze-
Para o armazenamento em câmara fria com namento por longos períodos, desde que conser-
temperatura entre 5 e 6 °C em sacos plásticos vadas com alto teor de água, acima de 40%, e
Figura 9 Plantas matrizes da variedade porta enxerto citrumelo Swingle mantidas a céu aberto (A); extração
manual de sementes de limão Cravo (B); máquina para extração (C) e secador de sementes (D); sementes
secas e prontas para tratamento químico (E-G) e embalagem (H); sementes sem tegumento externo prontas
para semeadura (I)
A B C
D E F
Fotos: Arquivo
Citrograf Mudas
(G e I) e S.A.
Carvalho (A-F
e H) G H I
Produção de material básico e propagação 301
cítricos em bandejas ou tubetes com nitrato de semana (Carvalho, 1994; Carvalho & Souza,
potássio confirmaram a necessidade de aduba- 1996).
ção nitrogenada para atingir mais rapidamente O pH deve ser neutro ou ligeiramente ácido,
o ponto de repicagem, dependendo a dosagem sendo seu controle importante para garantir a
e a freqüência de aplicação da espécie utilizada máxima disponibilidade e balanço adequado
(Carvalho, 1994; Carvalho & Souza, 1996). na absorção de nutrientes, que pode variar de
Pode-se utilizar também o nitrocálcio, fosfato acordo com o porta-enxrto. Não deve estar fora
monoamônico, ou outros fertilizantes solúveis da faixa de 5,5 e 7,8 (Albert & Vullin, 1997), mas
mais completos, em aplicações semanais nas acima de 6,5 já pode ocorrer redução da disponi-
doses de 2 a 4 g L-1, em sistema de fertirriga- bilidade de micronutrientes. A elevada salinidade
ção, tomando-se cuidado com dosagens altas, do substrato prejudica o crescimento de mudas,
que podem provocar queima de folhas e caule e ocorrendo destruição do sistema radicular fibroso
desbalanço nutricional. e elongação da raiz pivotante, mesmo em porta-
Os fertilizantes de liberação lenta também enxertos resistentes à salinidade, provavelmente
são de grande praticidade e resposta, existindo devido a indução de maior permeabilidade ao
diversas formulações e períodos de disponibili- sistema radicular e conseqüente maior absorção
zação dos nutrientes às plantas. Pelo suprimento de íons sódio (Na+) e cloro (Cl-), levando a sinto-
contínuo durante o período de crescimento das mas de fitotoxicidade por esses elementos (Storey,
plantas, essa formulação proporciona menores 1995). A tangerina Cleópatra é o mais tolerante
perdas por lixiviação e maior concentração de dos porta-enxertos por ser excelente excluidor de
nitrogênio (N) nos tecidos, com maior cresci- Cl- do limbo foliar, estando o limão Cravo em fai-
mento das plantas, em relação ao uso de adubos xa intermediaria, e o citrumelo Swingle, em faixa
de alta solubilidade, como o nitrato de cálcio e de maior sensibilidade. A capacidade de reten-
o nitrato de amônio (Khalaf & Koo, 1983). Pes- ção de água influencia diretamente os valores
quisa utilizando adubo com 17% de N (9,3% N- de CE dos substratos. Nos utilizados em nossas
amoniacal e 7,7% N-nitrato), 9% de P2O5, e 11% condições, o valor da CE deve estar abaixo de
de K2O, com liberação total de nutrientes de 70 150 mS.
a 90 dias à temperatura de 21,1 °C, indicou res-
posta no crescimento do limão Cravo aos quatro g) pragas e doenças
meses pós-semeadura, até a dose de 5,75 kg Nas antecâmaras e no interior das estufas,
m-3, para a qual foi estimado índice de 100% é necessário manter armadilhas (fitas amarelas
das plantas em ponto de repicagem para viveiro com cola) para atrair e possibilitar o monitora-
(Perin et al., 1996). Além do controle do pH e da mento da presença de cigarrinhas transmissoras
condutividade elétrica (CE) das soluções de sais da CVC, pulgões (possíveis transmissores de
aplicadas por fertirrigação, podem-se empregar morte súbita) e psilídeo transmissor de HLB.
para maior sucesso no manejo da nutrição, apa- Inspeções de cancro cítrico e HLB devem ser
relhos portáteis e kits para testes rápidos para o realizadas, mensalmente, por equipe treinada,
monitoramento constante do pH, CE e da con- e inspeções semanais para verificar se há pre-
centração de sais na solução de fertirrigação, sença de ácaros, cochonilhas, lagarta-minadora
no substrato e na solução drenada dos tubetes, (Phyllocnistis citrella Stainton) e outras pragas.
podendo-se, assim, fazer os ajustes quando Na fase de sementeira, o ácaro branco é fre-
necessário. Sistemas automatizados de fertirri- qüente. Pode haver, também, a ocorrência de
gação permitem o controle permanente desses insetos conhecidos como fungus gnat, dípteros
fatores e a adição constante nas irrigações de da família Sciaridae, gênero Bradysia spp. for-
nutrientes em baixas concentrações. Pelo maior ma adulta é muito pequena, pouco móvel e que,
custo desses equipamentos, suas vantagens em normalmente permanece na superfície do subs-
relação a aplicações mais espaçadas devem ser trato ou sob as bancadas (Figura 8M). A forma
analisadas para cada viveiro, uma vez que para larval é de coloração branca semitransparente
o N o parcelamento das aplicações com doses (Figura 8N), apresenta cápsula cefálica preta
menores e mais freqüentes não foi mais eficiente brilhante (Mansilla et al., 2001) e causa danos
para promover o crescimento do limão Cravo em por se alimentarem de raízes e radicelas, sendo
tubetes do que a dose total (0,45%) uma vez por o ataque mais crítico nos primeiros estádios de
Produção de material básico e propagação 303
crescimento das plântulas, causando cloroses grelhas pré-moldadas). Bancadas de concreto são
características de deficiência nutricional (Figura mais indicadas pela maior facilidade de desinfes-
8O). Pulverizações com inseticidas na tentativa tação e durabilidade (Figura 10D). As bancadas
de controlar o adulto não são de grande suces- favorecem, também, a melhor utilização da área
so. O controle das larvas pode ser feito através do viveiro, pois permitem, facilmente, o acesso ma-
de inseticidas via irrigação, além da lavagem do nual às plantas para a enxertia e outras práticas
piso com cloro a 5% ou cobre, para evitar que de manejo, mesmo com menor espaçamento entre
a fêmea faça nele a postura de ovos. Recomen- os blocos de vasos, que podem ser dispostos em
da-se, também, evitar excesso de umidade nos grupos de 4, 6, 8 ou 10 linhas. Considerando-se
vasos e retirar os restos de matéria orgânica do as áreas de circulação, e dependendo do tamanho
piso da estufa. dos vasos e do número de linhas por bloco, pode-
se empregar cerca de 20 a 40 mudas por metro
h) transplantio quadrado de telado. Essa densidade tem influência
Com cerca de 15 a 25 cm de altura, por volta direta sobre a aeração e a luminosidade, influen-
de 3 a 5 meses de semeadura, dependendo da ciando o desenvolvimento e o tempo de formação
variedade e condições de cultivo, os “cavalinhos” das mudas, bem como a necessidade de remane-
estão aptos a serem transplantados para os re- jamento por tamanho nas bancadas.
cipientes onde será completada a formação da A sacola plástica, além do menor custo em
muda (Figura 10E). O transplantio com o torrão, relação aos recipientes rígidos, tem a vantagem
sem lesionar o sistema radicular, proporciona de ser descartável, sem necessidade de retorno
crescimento sem interrupção do porta-enxerto, e de lavagens e desinfestações para novos usos.
que, dentro de 3 a 4 meses, poderá receber Para seu emprego, deve-se observar com mais
a borbulha da variedade-copa. Entretanto, a cuidado o tempo máximo de permanência das
dificuldade em observar o sistema radicular mudas, evitando o enovelamento de raízes e a
pode ser considerada uma desvantagem, já que necessidade de toaletes ou cortes, que podem
mudas com enrolamento de raízes na região do tornar as mudas mais suscetíveis a doenças
colo podem apresentar problemas de crescimen- causadas por fungos de solo. Dependendo das
to. Assim, é interessante que seja retirada uma espécies utilizadas e do manejo das plantas,
porção superficial do substrato para que possa pode-se obter uma muda de haste única em tor-
ser observada aquela região, descartando-se as no de 12 a 15 meses da semeadura do porta-
plantas com defeito. enxerto (Figrua 11). Para a produção de mudas
com pernadas, é necessário um período maior,
3.6.4 Fase de viveiro evitando o enovelamento de raízes, já que o de-
senvolvimento destas é geralmente proporcional
a) bancadas e recipientes ao da parte aérea. Quanto maior o volume de
Para a formação de mudas, os recipientes de- substrato, ou a capacidade do recipiente, maior
vem possuir as dimensões mínimas de 10 cm de o crescimento da planta, especialmente após
diâmetro superior por 30 cm de altura. a enxertia, promovendo o volume de 5 L de
Apesar de maior custo, recipientes plásticos substrato bom desenvolvimento de mudas com
rígidos com 14 a 15 cm de diâmetro superior, aproveitamento adequado da área do viveiro
especialmente projetados para a produção de (Girardi et al., 2001c). A forma do recipiente
mudas cítricas, conhecidos como citropotes (4,5 também afeta o desenvolvimento da planta, já
dm3) e citrovasos (3,8-4,5 dm3), podem apre- que influencia fatores como drenagem da água
sentar vantagens em relação às sacolas plásticas do substrato, condução e poda de raízes, entre
(perfuradas e sanfonadas), por possuírem estrias outros (Daamen et al., 2001).
longitudinais. Entretanto, para que ocorra a poda
aérea da raiz principal e maior desenvolvimento b) substrato e adubação
das raízes laterais, é necessário, que os vasos se- Assim como na produção dos porta-enxertos,
jam mantidos suspensos com ventilação na parte na formação da muda pode-se utilizar misturas
inferior, utilizando-se bancadas com altura mínima de diversos materiais, havendo, no mercado,
de 30 cm, que podem ser confeccionadas de ma- produtos específicos, que empregam casca de
deira, ferro ou cimento (utilizando blocos, vigas ou pínus, vermiculita, perlita e fibra de coco (Zanet-
304 CITROS
ti et al., 2003a). Dependendo do substrato e da média aos 111 dias após a semeadura (Vichiato,
recomendação do fabricante, a suplementação 1996). Teores muito altos de matéria orgânica no
com fertilizantes contendo P e Ca também é im- substrato tornam as adubações de cobertura com
portante para a formação das mudas (Fonseca, N ineficientes e desnecessárias ao desenvolvimento
1991). Nessa fase, as plantas respondem a doses de porta-enxertos de citros em citrovasos (Decarlos
de P2O5 = 1.280 g m-3 de substrato, que podem Neto et al.,1999).
ser aplicadas na forma de superfosfato simples O uso de adubos encapsulados de liberação
pré-incorporado. Na adubação de cobertura, gradual nessa fase pode facilitar bastante o ma-
aplicações semanais de fertilizantes, via água de nejo das plantas (Ballester-Olmos et al., 1992;
irrigação, como KNO3, nitrato de cálcio, fosfato Francescato, 1995; Girardi et al., 2001b). Há re-
monoamônico na proporção de 2 a 4 g L-1, dão dução de custos de produção e liberação eficiente
bom resultado, podendo-se complementá-los de nutrientes quando há disponibilidade de água e
com aplicações foliares de adubos contendo temperatura ideal do substrato por volta de 21°C.
nitrogênio e/ou micronutrientes, inclusive ferro A taxa de liberação gradual de elementos pelos
(Fe), quinzenalmente, juntamente com tratamen- grânulos do fertilizante é diretamente proporcional
tos fitossanitarios. A adição de formulações mais à temperatura e disponibilidade de água do subs-
completas e suplementação contínua de nutrientes trato (Oertli, 1980), podendo variar de poucos
juntamente com a água de irrigação pode ser tam- meses até 15 meses para liberação total, sendo
bém adotada no manejo nutricional. Muitas vezes, a longevidade específica de cada formulação do
deficiências nutricionais são ocasionadas não pela fertilizante (Joaquim, 1991). Além das vantagens
ausência de nutrientes, mas, sim, pela interação citadas, destacam-se: a distribuição homogênea
entre eles (Wilkinson & Duncan, 1993; Soprano desse fertilizante ao substrato, a redução da li-
& Brito, 1997; Bernardi, 1999). A disponibilida- xiviação dos nutrientes pela irrigação constante
de de micronutrientes para citros é influenciada e a disponibilidade gradual dos nutrientes às
diretamente pelo pH da solução do substrato, plantas. Girardi et al. (2001b) observaram dife-
que, por sua vez, é condicionado, pelas fontes de renças de desenvolvimento de porta-enxertos após
fertilizantes empregadas (Nauer et al., 1967a, b). transplante em função de doses de fertilizantes de
A grande mobilidade do N nos tecidos vegetais liberação lenta, o que não ocorre da enxertia até
parece compensar suas eventuais diminuições no a comercialização das mudas.
substrato (Maust & Williamson, 1994). A confrontação entre fertirrigação e fertilização
Na avaliação da marcha de absorção e de- de liberação lenta não leva a conclusões definiti-
manda de nutrientes de mudas cítricas cultivadas vas, já que os dois sistemas apresentam vantagens
em substratos, Boaventura (2003) observou que, e limitações próprias (Olic et al., 2001a; Boaven-
até o ponto de enxertia, a demanda por macronu- tura, 2004). A complementação entre os dois siste-
trientes do limão Cravo foi cerca de 30% superior mas de fertilização parece ser a melhor forma de
à do citrumelo Swingle, apresentando o acúmulo conduzir o programa nutricional no viveiro, haja
total de macro e de micronutrientes, respectiva- vista a versatilidade de aplicação que seria obtida.
mente, em ordem decrescente: N > Ca > K > Mg > Atualmente, há ainda uma série de produtos para
P e Fe > Cu > Mn > B > Zn. Bernardi (1999) deter- fertirrigação, desde sais, quelatos e fertilizantes
minou doses recomendadas de N, P e K para má- orgânicos, tanto como para liberação lenta, como
xima produção de mudas em recipiente de laranja uréia recoberta por enxofre, isobutileno diuréia
Pêra sobre limão Cravo, tanto a partir da área (IBDU) e poliamidas, entre outros.
foliar atingida como da produção de matéria seca Conforme mencionado na fase de sementeira,
total, sendo, em g planta-1: N = 9,85, P = 2,86 e K o controle da CE, do pH e da concentração de sais
= 7,99. Aplicaram-se 37,5% das doses estudadas é também importante nessa fase de produção da
de N, P e K na produção do porta-enxerto e, o muda.
restante, após enxertia.
Maior crescimento em altura e maior precoci- c) irrigação
dade dos porta-enxertos tangerina Cleópatra em Além da irrigação manual com o uso de
recipientes foram obtidos, parcelando-se a dose mangueira, que, apesar de mais trabalhosa
de 0,4 g de nitrato de amônio por planta em três proporciona melhor controle pela possibilidade
vezes, obtendo-se plantas aptas à repicagem em de dosagem de acordo com o porte da planta,
Produção de material básico e propagação 305
a adição de água pode ser feita por aspersão xerto acima da enxertia por ocasião da retirada
ou por gotejamento nos vasos, sendo, nesse caso, do fitilho, 20 dias após a enxertia (Figura 10N e
mais vantajosa por evitar o excesso de umidade na O). A ausência das haste do porta-enxerto, geral-
parte aérea, prevenindo doenças de folhas como mente com espinhos, sobre os vasos, mangueiras
alternaria, pinta-preta e cancro cítrico e propor- e gotejadores facilita o manejo das plantas em
cionando a adição de fertilizantes solúveis (Figura relação ao método de curvamento (Carvalho &
10F). Para evitar problemas com fungos e nema- Machado, 1996). Por outro lado, o corte parcial
tóides, é importante o monitoramento constante da do porta-enxerto acima do ponto de enxertia pos-
qualidade da água utilizada, recomendando-se o sibilita a manutenção do suprimento de nutrientes
tratamento com cloro a 5 mg L-1. Pode-se controlar para as raízes, e a supressão parcial dos vasos
a umidade pela observação da coloração do subs- força a brotação da borbulha (Hartmann et al.,
trato, peso do vaso, monitoramento do substrato 1990). Esse efeito pode ser também obtido pelo
com tensiômetros e monitoramento semanal do vergamento da haste do porta-enxerto, que pro-
volume do lixiviado, que pode ser coletado em va- porcionou, conforme Pereira & Carvalho (2002)
sos individuais ou via tubos de PVC que englobam maior vigor às brotações de laranjeira Valência
uma linha de sacolas na bancada. Um método [C. sinensis (L.) Osbeck] enxertada em citrumelo
alternativo seria a medição diária do volume de Swingle, com maior número de folhas, altura e di-
água necessária para saturar o substrato e promo- âmetro, do caule, concordando com a afirmação
ver drenagem em uma amostra significativa de re- de Moore (1978) de que o curvamento da haste
cipientes (Olic et al., 2001b; Zanetti et al., 2003b). do porta-enxerto provoca maior crescimento na
Em função do volume de saturação e das condi- brotação da copa, ficando a muda pronta para
ções climáticas e fase fenológica da planta, cal- o plantio mais rapidamente do que a decapitação
cula-se a percentagem de água a aplicar em toda total do porta-enxerto. Considerando, portanto,
a estufa, sendo que percentagens de ate 125% da que as condições de clima, porta-enxerto e mane-
lâmina de saturação, ou seja, que promovem pelo jo das plantas podem influenciar esses resultados,
menos 25% de drenagem, levaram ao maior de- é aconselhável realizar testes com diferentes trata-
senvolvimento vegetativo de mudas em substrato mentos, visando obter o melhor método para cada
de casca de pínus, sem se constatar a presença de condição ou viveiro. A grande maioria dos viveiros
Phytophthora. Mesmo assim, há um alto risco fitos- paulistas emprega o curvamento do porta-enxerto
sanitário envolvido. Em casos de substratos com em seu sistema de produção (Figura 10K-M).
problemas de reabsorção de água após período
de secamento, como a casca de pínus, a adição de e) pragas e doenças
espalhantes adesivos na água de irrigação é práti- Como nas sementeiras, é importante sempre
ca eficiente em promover umedecimento adequado manter nas antecâmaras e no interior das estufas
e homogêneo. O emprego de enriquecimento de iscas adesivas amarelas com cola para atrair inse-
água de irrigação com CO2 parece não acarretar tos e possibilitar o monitoramento da presença de
ganhos de desenvolvimento vegetativo das mudas cigarrinhas, pulgões e psilídeos. Devem-se realizar
cítricas (Zanetti et al., 2001). mensalmente, por equipe treinada, inspeções de
cancro cítrico e HLB, se houver suspeita da presença
d) enxertia e condução das doenças, comunicar aos órgãos responsáveis,
A enxertia das plantas em viveiro telado pode coletar material e enviá-lo para análise em labo-
ser feita pelo método de “T” normal ou “T” inver- ratório. Fazer inspeções semanais para verificar a
tido, quando o caule do porta-enxerto atinge o presença de ácaros, cochonilhas, lagarta-minadora
diâmetro de 6 a 8 mm (Figura 10F-J). O enxerto e outras pragas, procedendo-se ao controle químico
deve ser feito entre 10 e 20 cm, contados a partir ou biológico se for atingido o nível de dano. Para
do colo da planta. No caso de limões verdadeiros o ácaro da leprose e insetos vetores de doenças,
e de lima ácida Tahiti, essa distância deve ser entre como cigarrinhas e pulgões, recomenda-se maior
20 e 50 cm. O amarrio pode ser feito com o fitilho cuidado, realizando-se, se necessário, o controle
plástico tradicional ou por fita degradável, que preventivo. A coleta de amostras para análise de
dispensa sua retirada. nematóides, CVC, cancro e HLB deve ser supervi-
Para forçar a brotação da borbulha enxerta- sionada pelo agrônomo responsável, seguindo os
da, pode-se efetuar a decapitação do porta-en- procedimentos indicados a seguir:
306 CITROS
Figura 10 Viveiro para produção de mudas de citros sob telado a prova de insetos vetores de doenças, em
local isolado, com , quebravento, pedilúvio na entrada e ante-salas (A, B e C); bancadas de concreto (E);
porta-enxertos transplantados para sacolas plásticas e em ponto de enxertia, com irrigação localizada por
gotejo (E e F); enxertia de borbulha pelo método “T” invertido (G-J); forçamento de borbulha por curvamento
(K-M) e por decaptação do porta-enxerto (N e O); muda de haste única, pronta para o plantio (P e Q)
A B C D
E F G H I J
K L M
Fotos: Arquivo
Citrograf Mudas
(A e C, E-L, N e
Q); S.A.
Carvalho
(B, D e M) N O P Q
Esquema de coleta de amostras em viveiros sacolas plásticas pretas absorvem muito calor,
telados de citros podendo queimar o sistema radicular. Se for
Nematóides e Phytophthora utilizado novamente o local de armazenamento,
realizar lavagem e desinfestação, além de tomar
• Substrato (200 g) e raízes (10 g):
cuidado para não aprisionar água no terreno
Sementeiras: (0,1%)
junto às mudas.
Uma subamostra a cada 100 cavalinhos Sua distribuição no local definitivo deve ser
Cada 10 subamostras comporão uma amostra seguida imediatamente pelo plantio, evitando,
Vasos ou sacolas: (0,05%) assim, maior exposição da embalagem ao sol.
Uma subamostra a cada 100 mudas Quando o plantio for realizado em dias muito
quentes, é importante molhar previamente a
Cada 20 subamostras comporá uma amostra
cova para evitar queima das raízes.
CVC (0,1%)
Geralmente, efetua-se um decote no sistema
• Uma folha madura a cada 50 mudas radicular, cerca de 2 a 3 cm do fundo do reci-
• Cada 20 folhas comporão uma amostra piente, para evitar todo nível de enovelamento
Cancro cítrico de raízes. Quanto mais tempo a muda perma-
• Caso de suspeita: coletar material com sintomas necer no container, maior será o grau de eno-
velamento, razão pela qual o plantio de mudas
(folhas e ramos)
novas tipo pavio favorece a conformação do
Huanglongbing (ex-greening)
sistema radicular no campo. Não é necessário
• Caso de suspeita: coletar folhas e ramos com o tratamento do local do corte com fungicida, e,
sintomas sim, a pulverização das mudas com fungicidas
específicos para ajudar na cicatrização. Após a
retirada da sacola ou citropote, segue-se um leve
De acordo com as inspeções de pós-se- batimento do torrão, o qual promoverá sua me-
meadura, pós-transplantio, pós-enxertia e de lhor agregação ao solo. Sacos plásticos usados
liberação, a muda, lote de mudas ou lote de devem ser recolhidos do campo e descartados.
porta-enxertos poderão ser comercializados. O plantio deve ser alto, deixando-se uma
A muda pode ser plantada com haste única camada de substrato 3 a 5 cm acima do nível do
(pavio ou vareta; Figura 10P e Q) ou mantida terreno, reduzindo-se probabilidade de incidên-
no viveiro para a formação das pernadas, com cia de gomose do colo. Logo após o plantio, pro-
3 a 5 ramos espiralados, estando apta para cede-se à irrigação abundante, que é mantida
ser levada a campo após o corte e tratamento até o total pegamento das mudas. O substrato
desses, quando maduros. A idade máxima não pode ir ao solo seco nem secar na cova,
permitida no sistema de certificação é de 15 pois, em geral, tem difícil reabsorção de água.
meses a partir da semeadura do porta-enxerto Contudo, deve-se evitar o enchimento de água
para as mudas de haste única (Figura 3) e de nas coroas. O pegamento de mudas teladas pós-
24 meses para as de pernadas. plantio vem se mostrando bem elevado, superior
ao que era verificado com mudas de campo.
3.6.5 Transporte, recebimento e Existe maior homogeneidade de crescimento
plantio das mudas no campo das brotações, e, pomares que se iniciam sob
irrigação sistemática têm seu desenvolvimento
O transporte das mudas deve-se efetuar em vegetativo maximizado.
caminhões fechados ou totalmente recobertos As mudas vão ao campo quase sempre no
por tela, devidamente limpos e pulverizados sistema pavio, sem pernadas (Figura 10P e Q).
com amônia quaternária. No recebimento das As desbrotas após o plantio são feitas até 20 cm
mudas, é aconselhável verificar se não sentiram acima da enxertia, permitindo o livre crescimen-
o transporte ou se necessitam molhamento. As to das demais brotações. O uso de protetores de
mudas podem ser colocadas em locais ensolara- caule de papelão ou plástico em volta do porta-
dos, se possível sobre plataformas com elevação enxerto inibe o brotamento e impede o ataque
mínima para evitar o contato com o solo. A ex- de roedores e o contato com herbicidas. Se dois
posição excessiva ao sol é prejudicial, pois as ou mais ramos surgem da mesma gema, é acon-
308 CITROS
Tabela 3 Código de cores para identificação de mudas (tronco) em relação às variedades copa e porta-en-
xerto de citros
selhável a retirada dos mais fracos ou mal loca- devem ser amortizados e contabilizados como custos
lizados, melhorando a arquitetura da planta. O com depreciação e manutenção das estruturas, con-
emprego de diferentes podas de formação em siderando também os juros sobre o capital investido.
pomares jovens de laranja Hamlin não alterou o Os custos operacionais ou de produção da muda
desenvolvimento vegetativo nem a produção ini- abrangem todos os gastos com material e mão-de-
cial das plantas, ocorrendo um desenvolvimento obra utilizados nas diversas fase de produção dos
harmonioso da planta naturalmente indicando a porta-enxertos e formação das mudas (sementes,
viabilidade do plantio de mudas de palito sem borbulhas, substrato, fertilizantes, defensivos, esta-
nenhum outro cuidado além da desbrota perió- cas, recipientes, fitilhos e mão-de-obra). Também
dica dos brotos do porta-enxerto (Stuchi et al., devem ser contemplados os serviços do responsável
2001). técnico e de inspeção e análises laboratoriais neces-
sários para comprovação da sanidade do material
3.6.6 Custos de produção da muda utilizado ou produzido, de instalação de estrutura
telada para controle da entrada de pessoal e estrutura de
apoio com vestiário, galpão e depósito.
Para a estimativa do custo de produção de Estudo realizado por Pozan & Kanashiro
mudas em viveiros telados, devem ser observados (2003), considerando a produção a cada nove
todos os aspectos técnicos mencionados. meses de 58.500 mudas em área telada de 1.476
Na instalação, devem-se levar em conta os cus- m2, utilizando sistema de irrigação por gotejamen-
tos fixos com material e serviços para preparo do to e recipiente para 5,8 L, indicou custo final de
terreno, captação de água, cerca viva, alambrado, produção da muda de R$ 3,41 ou cerca de US$
arco pulverizador, telado, pisos, bancadas, reci- 1,14. Esses valores são atingidos levando em con-
pientes, exaustores, pulverizadores, equipamentos ta a vida útil de plásticos e telas de 2,5 anos, 10
de irrigação e fertirrigação. Esses investimentos são anos para pisos e bancadas e 20 para a estrutura,
elevados e podem chegar a 70% do custo de cada com 5% de taxa de manutenção de cada item e
muda, mas em uma análise econômica da atividade com descarte de 5% das mudas.
Produção de material básico e propagação 309
Além de variações e correções nos preços, rista, facilitando também o processo de certificação
principalmente relacionadas a flutuações no câm- e rastreabilidade de mudas.
bio, já que muitos insumos são importados, esses
valores e mesmo os próprios componentes do custo 3.6.7 Aspectos econômicos da utiliza-
de produção podem variar, de acordo com par- ção de mudas produzidas em telado
ticularidades de cada viveiro. Ressalta-se, aqui,
a importância do manejo adequado das plantas Dados sobre propriedades comerciais do Es-
para obtenção das mudas em menor prazo e com tado de São Paulo indicam que maior incidência
o mínimo de descarte, que, se chegar a 12%, eleva de CVC equivale a menores produções e maiores
o custo da muda para R$ 3,67 ou US$ 1,23. Para custos (Tersi & Rigolin, 2000). Quanto maior a
viveiristas comerciais, deve ser também contabili- infestação de CVC em pomares novos, maiores as
zado ainda o custo do escritório e estratégias para chances de quase todo o pomar estar contamina-
divulgação e venda das mudas, que podem onerar do em poucos anos. Dessa forma, a instalação de
até em 15% o custo da muda (Pozzan & Kanashi- pomares com mudas isentas de CVC, necessaria-
ro, 2003). mente, portanto, oriundas de sistema de produção
Constante atualização e troca de experiências, protegida, associada a medidas de controle de
criatividade, produção em escala, e associação em cigarrinhas, é a forma mais eficiente de controle
grupos para busca de soluções comuns para gar- da doença. Essas medidas devem ser tomadas o
galos técnicos, comerciais e políticos para o setor, mais rápido possível, evitando que o pomar seja
são de fundamental importância para garantir a totalmente replantado em menos de 4 anos, o que
eficiência, lucratividade e competitividade ao vivei- praticamente dobraria seu custo de formação e
Tabela 4 Comparação de custos implicados pela formação de pomares cítricos a partir de mudas produzidas
em diferentes sistemas
2
P.T. Yamamoto. Fundecitrus, Depto. Científico. Araraquara (SP). 2001. Resultados obtidos no combate da CVC em
pomares implantados com mudas sadias; palestra proferida no II Dia do Viveirista, CAPTACSM-IAC, Cordeirópolis
(SP), ago. 2001.
310 CITROS
atrasaria a produção em pelo menos 3 anos. Os custos diretos representaram 20% e 2,3% do
custos ligados ao manejo da doença, portanto, são total investido, respectivamente, para o emprego
bem menores de que seus prejuízos. de mudas a céu aberto e teladas. Assim, o custo
A viabilidade econômica do emprego de de aquisição de mudas teladas (US$ 735,00/ha
mudas teladas é ilustrada com dados de perdas neste exemplo) é sensivelmente inferior ao custo
provocadas pelo uso de mudas teladas e de céu decorrente do emprego de mudas a céu aberto,
aberto na formação de pomares comerciais justificando, pois, a sua utilização de forma mais
(Tabela 4). Independentemente do tipo de muda técnica e sensata possível.
empregada, as perdas com atraso nas safras O custo de aquisição da muda tem alta par-
constituem o fator mais encarecedor (cerca de ticipação no custo total de formação do pomar,
70% do custo total), sendo seguidas das perdas chegando a cerca de 44% da implantação do
diretas com árvores condenadas (20%) e custos pomar no primeiro ano, mas quando considera-
com arranquio e replante (10%). Além disso, se toda a sua vida produtiva, de cerca de 18
considerando-se um custo de formação de US$ anos, essa participação é muito reduzida, não
3.974,00/ha até o quarto ano de plantio, os superando 3% do custo total de produção.
Produção de material básico e propagação 311
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