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_letargia

No dia 21 de julho de 2003, nascia a Kinoarte Quando se está diante de uma taturana,
– um grupo de amigos que se conheceu em há uma espécie de medo e fascínio simul-
uma Oficina de Cinema em Super-8 e que es- tâneos, uma lenta aproximação do perigo
tava disposto a fazer filmes. Por dois ou três – um estado letárgico e de êxtase. Enfim,
anos, esse grupo manteve a mesma estrutu- há um mistério a rondar essas mariposas
ra: de 12 a 15 pessoas pensando, realizando que ainda estão em seu estágio larvar,
e preparando novos projetos. e isso é imensamente admirável – assim
como o cinema. Assistir a um filme não é
Quatro anos depois, este grupo de amigos já uma experiência tão diferente: você está
não é tão restrito. O pequeno público que re- em uma sala escura, mergulhado em um
alizava sessões de sábado à tarde organiza, universo específico, acreditando que tudo
há dois anos, a Mostra Londrina de Cinema. ali diz algo realmente especial a você. Em
Em quatro anos, foram produzidos 13 curtas, boa parte dos casos, você não compre-
realizadas oito oficinas e exibidos mais de 150 ende nada do que é apresentado – tem
filmes em projetos como a Kinoarte Mostra medo até – e se fascina. Aproxima-se da
Curtas e o Kinoclube. As produções da Ki- tela e passa a um estado letárgico. Fre-
noarte percorreram o País e foram exibidas qüentemente êxtase.
também em festivais na Europa e nos Esta-
dos Unidos. Desde julho, essas atividades se Com essa origem, fica claro, portanto, que
concentram em um só endereço: o Espaço a taturana não tem como objetivo confor-
Kinoarte. tar os nossos leitores. O objetivo é seguir
rumo ao desconhecido e sempre de olhos
Mesmo com essas conquistas, em sua essên- fechados. Ah, e sem se esquecer da frase
cia, a Kinoarte é a mesma: um grupo de ami- sombria e profética que Goethe criou para
gos com vontade de fazer, pensar e debater Mefistófeles: “Tudo o que existe merece ser
filmes. E foi a partir desse último objetivo – o destruído”.
de criar um espaço privilegiado para a refle-
xão sobre cinema – que nasceu a taturana. A revista deve ser trimestral, irá contar com
uma versão na web (www.kinoarte.org.br/
O nome pode parecer estranho a um cinéfi- taturana) e está aberta a colaboradores.
lo. No entanto, ao lembrar parte da definição Não há temas nem formatos rígidos; há
científica sobre o que é uma taturana, algo se apenas a preocupação de se aproximar
revela. Por exemplo: taturana, em tupi, signi- cada vez mais do cinema em todas as
fica “semelhante ao fogo”. E em geral, essas suas possibilidades (fotos, quadrinhos, lite-
lagartas são consideradas potencialmente ratura).
perigosas, podendo até levar à morte. Mas,
na verdade, o que realmente aproxima a ta- A primeira taturana está lançada. Aprovei-
turana do universo do cinema é uma das ati- tem e se aproximem!
vidades mais antigas que ainda cultuamos: o
ato de observar.
Rodrigo Grota

TATURANA 1
_equipe taturana

editor-chefe
rodrigo grota

produção
argel medeiros
bruno gehring

editores
andré simões
artur ianckievicz

secretária de redação
evelyssa sanches

projeto gráfico
felipe augusto (imaje)
guilherme baracat
renata abelin
samuel rodrigues

reportagem
alessandra moura
amanda mont’alvão
bruna haddad
inara chayamiti
mabel gomes

ilustrações
felipe augusto (imaje)
renata abelin
samuel rodrigues

colaboração
carlos ebert
denise lezo

diagramação
evelyssa sanches
felipe augusto (imaje)
guilherme baracat
renata abelin
samuel rodrigues

patrocínio
petrobras

realização
kinoarte
www.kinoarte.org.br

novembro de 2007
primeiro corte
2 TATURANA
meg yamagute / josé de aguiar
_indice
_indice
doutorfantástico
doutor fantástico
poramanda
por amandamont’alvão
mont’alvão
66

ooexpressionismo
expressionismorevisitado
revisitadoem
emtim
timburton
burton
denise lezo
denise lezo
1010

“estômago”:“rir
“estômago”: “rireerefletir
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1313

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mostralondrina
londrinade
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cinema
1515

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andrésimões
andré simões
3535

raroharuo
raro haruoohara
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por inara chayamiti
por inara chayamiti
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samuelrodrigues
rodrigues
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ookinoterapeuta
kinoterapeuta
carlosebert
carlos ebert
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ensaioimaje
ensaio imaje
felipeaugusto
felipe augusto
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TATURANA 3
Doutor Fantástico
Guido Bilharinho: um advogado
mineiro e sua paixão pelo cinema

Foto: Amanda Mont’ Alvão

“Ainda não fiz isso, mas


sabe que é uma boa idéia?”.
“Quando estavam se aproximando
os Cem Anos de Cinema, em 1995, eu me lembrei
de um curso de cinema que eu dava em escolas e faculda-
des na época do Cineclube, na década de 1960. O Cineclu-
be tinha muita importância na época, era uma novidade
Texto: Ilustração:
na cidade. Uberaba era bem menor e as coisas tinham
Amanda Mont’ Alvão Felipe Augusto (Imaje)
uma repercussão grande. O Cineclube fazia bolsas de
cinema toda vez no jornal; no fim do ano, tinha a lista
dos dez melhores filmes, que eram projetados no cinema
de rua. Todos os filmes passavam aqui. Demoravam bem
Natural seria seguir alguma espécie de linha cronológica: quan- mais, mas passavam. Então, a gente tinha condição de fa-
do começou a paixão – ainda que paixão pareça um sentimento zer a lista dos dez melhores filmes, que incluía Fellini,
um tanto simplista – pelo cinema, qual filme haveria despertado Bergman, Antonioni, Kurosawa. Todos eles eram exibi-
a vontade de escrever, qual o primeiro livro publicado. No entan- dos aqui. Hoje, não mais”.
to, a entrevista começa com a 11a publicação do advogado Guido “Havia público para o cinema. Não existia televisão, já
Luiz Mendonça Bilharinho, a ser lançada até o final do ano. “Será que a TV veio para Uberaba no fim da década de 1960.
um livro sobre os filmes brasileiro da década de 1970”, antecipa. Até as pessoas comprarem o aparelho, a coisa vai andan-
E antes que a conversa se entregue à tentação de seguir o estilo do devagar. O Cineclube é de 62, a televisão ainda nem
vida-e-obra, Bilharinho já interrompe o clichê: “Decidi que só tinha saído do Rio de Janeiro e de São Paulo. Então o ci-
assistirei a filmes bons daqui pra frente”. No seleto critério, um nema era fundamental para a sociedade, e tudo girava
objetivo escondido, talvez partilhado por outros cinéfilos: assistir em torno dele. Para começar não existiam bairros, tudo
a toda a filmografia de Buñuel, Godard e Kurosawa. era no centro. Quase ninguém tinha carro, a indústria
Mineiro de Conquista, mudou-se, aos cinco anos, para Uberaba. automobilística foi colocada no fim da década de 1950, as
Em uma cidade totalmente deslocada do eixo cinematográfico do coisas foram devagar. Todo mundo descia para o centro e
País, Bilharinho abusa do espaço virtual para acrescentar obras o cinema era o ponto de encontro da juventude. Inclusi-
inéditas à sua lista de mais de mil filmes vistos nos últimos dez ve, de lá nasceram vários casamentos e namoros. Quando
anos. Da Bahia de Glauber Rocha, ele aguarda o envio de dois fil- era domingo, era impressionante, as filas eram grandes.
mes do cineasta, os únicos a que não assistiu (“Câncer” e “Di Ca- Tinha gente que ia todo dia ao cinema. Eu só ia quando
valcanti”). Em tempos de internet – parceira do consumo de rari- eram filmes de diretores e nas sessões do Cineclube.”
dades – doutor Guido não considera a hipótese de baixar filmes: Doutor Bilharinho já tem três livros editados sobre cine-

64 TATURANA
ma brasileiro. Junto aos ensaios sobre as décadas de 80 e de não me lembrar depois. Escrevi dois parágrafos e os
90 do século XX no nosso cinema, o advogado já planeja tenho até hoje, a essência. Aí comecei a fazer crítica de
outro título enfocando os anos 50 e 60 e mais um outro cinema.”
sobre “os cinco cineastas brasileiros mais importantes”. “Eu escrevia na década de 70, mas era esporádico, cerca
“Na década de 1960, com o Cineclube se desenvolvendo, de três a cinco artigos por ano. Mas então comecei a ver
nós começamos a escrever artigos e críticas de filmes nos filme todas as semanas para escrever. Quando acabei
jornais da época. Eu comecei a dar palestras em escolas e Cem Anos de Cinema e Cem Anos de Cinema Brasilei-
na faculdade de Filosofia, pois ninguém ainda trabalhava ro, fui contar o que eu tinha escrito e já havia 89 artigos.
ou entendia de cinema, a não ser o pessoal do Cineclube. Hoje, tenho mais de 960 artigos, arquivados por gênero.
Não existia clube cinematográfico no interior. E o pes- Sobre cinema brasileiro desde 1960, tenho mais de 300
soal do Cineclube era egresso de faculdades, principal- artigos, quase um terço, o que me fez ter mais atenção
mente de São Paulo, de onde traziam as idéias. Quan- com os filmes brasileiros. No total, tenho mais ou me-
do chegou a época do centenário, pensei em aproveitar nos sete livros programados para o cinema brasileiro. Já
aquele esquema do curso e resolvi editar uns livretos, só lancei três, estou lançando o quarto agora. Não dividi o
para que o centenário não passasse em brancas nuvens cinema brasileiro por gênero porque ele não tem essas
em Uberaba. Daí surgiu um livro, Cem Anos de Cinema, variedades, assim tão nítidas, como no cinema america-
que não incluía o Brasil. Então, fiz outro livro, Cem Anos no. Eu coloquei em ordem cronológica, que o que mar-
de Cinema Brasileiro. Por volta de 1993 ou 1994, eu revi ca mesmo aqui no Brasil são as etapas.”
dois filmes do Hitchcock, e no dia seguinte, tive No ano em que o mundo é surpreendido com a ausên-
vontade de escrever uma impressão, cia de Ingmar Bergman e Michelangelo Anto-
para não correr o risco nioni, Bilharinho não vê sentido
em assistir

a filmes ruins. Não quando há referências admiráveis o suficiente para descartar as outras opções. Como não poderia faltar
ritual no cinema, Bilharinho possui o dele: escrever sobre o filme. “É algo notável. Eu percebi que eu só aproveito os filmes
bons ou qualquer filme quando eu estou preocupado em escrever sobre ele. A atenção na hora de assistir é outra”.
“Não consigo ver um filme sem escrever. Eu escrevo já em artigo, tanto que agora eu estou fazendo uma coisa que eu já
devia ter feito desde o começo. Agora, quero só escrever sobre filme bom. Eu já escrevi sobre muito filme ruim; de qualquer
maneira, é interessante também, como exercício de não só elogiar. Mas meus melhores artigos são sobre bons filmes. Os
filmes ruins não dão artigo.”
“O filme bom ele te aguça mais, te dá mais elementos de discussão. Já o filme ruim, não tem nada para falar, pois ele não
contribui com nada pra discutir. Eventualmente, você pega um filme ruim que te suscita uma certa argumentação.”
“Eu decidi ver só filme bom. Há alguns anos, resolvi procurar filmes do Godard, que tem poucos no Brasil, e eu consegui
ver oito. Depois que você vê Godard, você não quer ver outra coisa, você não aceita mais esse cinema vagabundo, este pro-
duto industrial. Quando vê um cinema do Godard, que é duma genialidade, duma inteligência, até um filme policial dele
é fantástico. Ele superou o Bergman, superou o Fellini em complexidade, em linguagem, é um gênio fantástico. É igual ao
Júlio Bressane no Brasil, que também é fantástico, é complexo, o tipo de filme que você tem que ver uma, duas vezes e às
vezes não basta. Então, eu vou retomar.”

TATURANA 5
A entrevista é feita na semana do lançamento antecipado de “Tropa de Elite”, de José Padilha. O filme que até en-
tão não havia sido exibido foi o mais comentado do ano, graças à pirataria. Quem seria o público que ainda vai ao
cinema assistir a um filme brasileiro?
“É, praticamente, o público da classe média: a juventude que vai ao shopping procura comédia tanto estrangeira
quanto brasileira, e está gostando muito do atual cinema brasileiro porque o cinema brasileiro entrou no esquema,
é um cinema comercial, está fazendo sucesso, é vazio. São tão inócuos (os filmes) que a gente vê e esquece. O cinema
brasileiro é visto hoje justamente pela falta de qualidade. A juventude hoje está muito alienada, politicamente,
culturalmente, e ela não entende, não está habituada a ver coisas profundas; então ela procura esse cinema de
shopping. É a nova chanchada, não representa o menor valor. Um ou outro, claro, como o Júlio Bressane, o João
Moreira Salles, o Walter Salles.”
“O público não está preparado para consumir um Glauber Rocha. A pessoa quer ver é o filme superficial, o filme de
ação, que “pega as coisas” pela aparência, sem profundidade. E o público nunca vai aceitar um filme bom.”
“Ter festivais é bom para o público, mas isso é acontecimento. As pessoas vão por festa. Aproveita porque tem um
filme que é lançamento, um filme que não vai passar naquela cidade. Eu participei de dois festivais, em Brasília e
Recife. O público era, em sua maioria, composto por estudantes. Na brincadeira, pode acontecer de o espectador se
interessar. É melhor fazer esses festivais do que não fazer.”
Por que fica a impressão de que o cinema brasileiro não é aceito pelo próprio público?
“Por vários motivos. Primeiro, nós temos um complexo de inferioridade muito grande, ainda estamos naquela men-
talidade da época da colônia: tudo da Europa, dos Estados Unidos, do Japão. Além disso, o público é condicionado
pelo cinema dos EUA. Só lê e ouve em inglês. Então, ele tem um choque diante do filme brasileiro: primeiro, é

falado em português, e mal falado às vezes, quando a gravação e a aparelhagem eram precários. Outro fator é o prob-
lema brasileiro colocado na tela. Nós não queremos enfrentar problema. A pessoa quer fuga, escapismo. A diversão
e o entretenimento são necessários, inclusive para a saúde mental das pessoas. Mas é preciso ver “o que” diverte
“quem”. Se você procura uma diversão de baixo nível, sua mentalidade é aquela. Um crítico de cinema não veria um
filme ruim e acharia bom. Então, é questão de nível mental, nível cultural e nível de formação estética.”
Doutor Guido é rápido ao responder à proposta de elaborar uma lista de filmes imprescindíveis. Correr à locadora
para julgar a escolha dos itens é uma boa opção a partir de agora.

6 TATURANA
O MELHORES FILMES BRASILEIROS
(Por Ordem Cronológica)

1- “Limite” (1930), de Mário Peixoto


2- “Ganga Bruta” (1933), de Humberto Mauro
3- “Os Cafajestes” (1962), de Ruy Guerra
4- “Porto das Caixas” (1962), de Paulo César Saraceni
5- “Vidas Secas” (1963), de Nélson Pereira dos Santos
6- “Os Fuzis” (1963), de Ruy Guerra
7- “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1963), de Glauber Rocha
8- “Noite Vazia” (1964), de Walter Hugo Khouri
9- “O Bandido da Luz Vermelha” (1968), de Rogério Sganzerla
10- “São Jerônimo” (1999), de Júlio Bressane

“8 1/2”, de Federico Fellini

DEZ MELHORES FILMES ESTRANGEIROS


(Por Ordem Cronológica)

1 – “O Encouraçado Potemkin” (Bronesosetz Potemkine, União Soviética, 1925), de Sergei Eisenstein


2 – “Outubro” (Oktiabr, União Soviética, 1927), de Sergei Eisenstein
3 – “A Paixão de Joana d’Arc” (La Passion de Jeanne d’Arc, França, 1928), de Carl Theodor Dreyer
4 – “A Regra do Jogo” (La Règle de Jeu, França, 1939), de Jean Renoir
5 – “Cidadão Kane” (Citizen Kane, EUA, 1941) de Orson Welles
6 – “Morangos Silvestres” (Smulstronstallet, Suécia, 1957), de Ingmar Bergman
7 – “A Doce Vida” (La Dolce Vita, Itália, 1960), de Federico Fellini
8 – “Hiroshima, Meu Amor” (Hiroshima, Mon Amour, França, 1959), de Alain Resnais
9 – “Ano Passado em Marienbad” (L’Année Dernière à Marienbad, França, 1961), de Alain Resnais
10 – “Oito e Meio” (Otto e Mezzo, 1962), de Federico Fellini

Jean-Luc Godard TATURANA 7


O Expressionismo
revisitado em
Tim Burton

Texto: Ilustração:
Denise Lezo Samuel Rodrigues
Felipe Augusto (Imaje)

maneiras di-
ferentes. Suas representações não
Desde sua invenção, o cinema se limitaram ao processo criativo arquitetônico,
tem apresentado uma importante relação de afinidade e de mas se manifestaram também por meio da literatura,
dependência com a cidade e com os modos de vida urbanos. pintura e, de maneira muito significativa, no cinema.
Seu surgimento no final do século XIX, um período em que a Na concepção dos filmes expressionistas, o
cidade se firmava como palco da vida moderna, contribuiu para processo criativo surgia como principal elemento, e, sob
que esse ambiente se mostrasse como um dos temas mais atraen- esse aspecto, os cenaristas desempenhavam um papel
tes a serem retratados nas telas. Nas primeiras décadas do século essencial . As representações de arquitetura e de cidade
XX, enquanto se desenvolviam novas linguagens da estética cine- passam a ter, então, um papel preponderante na trama
matográfica, o caráter inovador do cinema vinha ao encontro das cinematográfica, auxiliando a criação de uma nova re-
aspirações das chamadas vanguardas artísticas, movimentos pro- alidade, por meio da construção de cenários ou mesmo
tagonistas de um cenário cultural em plena transformação. Nesse na redefinição do olhar sobre o meio urbano, atribuin-
contexto, a cidade passou a ser não apenas retratada tal como a do-lhe novas conotações.
realidade, mas se transformou em alvo das mais inventivas for- A cenografia expressionista – e conseqüen-
mas de representação. temente as representações de arquitetura e de cidade
No período entreguerras, constituiu-se na Alemanha – adquiriu características específicas, já que deveria se
uma das mais representativas realizações do cinema de van- adequar aos roteiros de temáticas subjetivas, muitas
guarda, o chamado Cinema Expressionista Alemão. Desde os vezes ligadas ao fantástico e ao sobrenatural. Entre
primeiros anos do século XX, a arte expressionista se firma- essas características, podemos ressaltar a existência de
va no país, interessada na criação de um novo mundo, que uma múltipla significação dos objetos, que passam a
conseguisse se libertar da razão e da lógica convencionais, configurar uma extensão das figuras dramáticas. Um
fundamentando-se em novos conceitos filosóficos, so- elemento nunca é colocado ao acaso no cenário, mas
ciais e metafísicos, priorizando as impressões subjetivas é sempre dotado de uma significação maior, como se
do artista. No mundo idealizado pelos expressionistas, ele expandisse, de uma maneira concreta, o mundo
também a arquitetura e a cidade foram pensadas de interior do personagem.

88 TATURANA
Como os objetos e o próprio cenário se
encontram comprometidos não com a realidade,
mas com a expressão de um mundo subjetivo, fre-
qüentemente alterado pelo drama do personagem,
suas formas tendem sempre para a distorção, ou
mesmo para a deformação. Em alguns casos, essa
deformação dos objetos acaba ocasionando uma
aparente atribuição de vida a objetos inanima-
dos.
O descomprometimento expressio- “O Golem”, de Paul Wegener, 1920 “Batman Returns”, Tim Burton, 1992
nista em relação à realidade acarreta também
uma notável antifuncionalidade dos cenários,
inclusive em relação às edificações e aos espaços
criados. “A primeira impressão que se tem ante
a um ambiente impressionista – descreve Luiz
Nazário – é a de um espanto prático (...) somos
colocados diante de um mundo incriado, em
plena mutação, no qual é incômodo estar.”
Essas características podem ser encon-
tradas em grande parte dos filmes expressionis-
tas. Para ilustrar esta análise, foram escolhidas “O Gabinete do Dr. Caligari”, de “A Fantástica Fábrica de Choco-
imagens de três obras que, com características Robert Wiene, 1919 lates”, de Tim Burton, 2005
diferentes entre si, sintetizam os preceitos da
cenografia expressionista. São eles: “O Gabine-
te do Doutor Caligari” (1919), de Robert Wiene,
com seus cenários pintados bidimensionalmente
em telões, dispostos de forma a dar uma ilusão
tridimensional do espaço; “O Golem” (1920), de
Paul Wegener, com cenografia totalmente tri-
dimensional desenvolvida pelo arquiteto Hans
Poelzig, em caráter fantástico e de formas gótico-
expressionistas, de considerável riqueza e inven-
tividade espacial; e “Metropolis” (1926), de Fritz “O Gabinete do Dr. Caligari”, de “Os Fantasmas se Divertem”, de Tim
Lang, ambientado em um contexto futurista, ten- Robert Wiene, 1919 Burton, 1988
do a própria cidade como protagonista.
Os filmes expressionistas alemães, em-
bora refletissem a estética proposta por um movi-
mento de vanguarda, foram produzidos por uma in-
dústria cinematográfica visando à ampla distribuição
dos filmes, que se tornaram consideráveis sucessos,
ultrapassando as fronteiras do país e do continente.
A vasta difusão dos filmes expressionistas fez com que
inúmeras de suas características servissem de repertó-
rio para novas criações cinematográficas, influencian-
“Metropolis”, de Fritz Lang, 1926 “Os Fantasmas se Divertem”, de
do principalmente a produção de filmes de terror. E
Tim Burton, 1988
foi assistindo a esses filmes que o futuro cineasta Tim
Burton passou toda sua infância.
Thimothy William Burton nasceu em 25 de
agosto de 1958 em Burbank, uma pequena cidade da
Califórnia situada nos arredores de Los Angeles. A par-
tir de 1982, quando realizou seu primeiro curta-metra-
gem, Burton viria a construir uma carreira cinemato-
gráfica de sucesso comercial e, principalmente, dotada
de personalidade e estética próprias. Seus filmes e ani-
mações – como, por exemplo, “Edward Mãos de Te-
soura”, “O Estranho Mundo de Jack”, “Peixe Grande” “O Golem”, de Paul Wegener, 1920 “O Planeta dos Macacos”, de Tim
e “A Fantástica Fábrica de Chocolates” – mesclam a Burton, 2001

TATURANA 9
realidade e o fantástico, criando um mundo onírico expressionista, é representado bidimensionalmen-
e, muitas vezes, assustador. te, com formas distorcidas, que assumem uma grande
Lucía S. Frasquet , especialista na obra de semelhança com os cenários de “O Gabinete do Dr. Ca-
Tim Burton, avalia a criação do universo fantás- ligari” (1919) – e os filmes seguintes de Burton só viriam
tico do diretor como resultado de uma tradição reforçar a estética expressionista de “Vincent”. A deforma-
cultural e da combinação de uma série de gêne- ção dos elementos dos cenários está presente na maioria dos
ros e formas literárias e artísticas do passado. filmes do diretor, com especial destaque em “Os Fantasmas
Segundo a autora, Burton não foi influenciado se Divertem” (1988), “O Estranho Mundo de Jack” (1993), “A
diretamente pelo cinema expressionista, mas Noiva Cadáver” (2005) e “A Fantástica Fábrica de Chocolates”
recebeu uma “influência de segunda mão”, por (2005).
meio de fotografias de revistas de monstros A caótica e vertiginosa cidade que Hans Poelzig criou
e dos filmes de terror que já haviam filtra- para “O Golem” (1920), com suas empenas íngremes, superfí-
do algumas características do movimento, já cies rugosas, formas que dispensavam o ângulo reto e criavam
que o diretor não teria nem sequer assistido interiores labirínticos de inspiração orgânica, também possui
aos filmes expressionistas quando iniciou sua formas que ecoam por toda a obra de Burton, principalmente
carreira. Porém, ainda que Burton não tenha nas cidades criadas para “A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça”
sido influenciado diretamente pelas produ- (1999) e “O Planeta dos Macacos” (2001).
ções da República de Weimar, as semelhanças Já “Metropolis”, a épica cidade criada por Fritz Lang
estéticas dos filmes são notáveis. em 1926, encontra sua correspondente na Gotham City de
Em seu trabalho são recorrentes as “Batman: O Retorno” (1992). Em ambos os filmes, a cidade
temáticas que envolvem protagonistas inco- da superfície, com seus arranha-céus de escala opressora e
muns e incompreendidos, vivendo na fronteira sistema de transporte complexo, com diversas vias elevadas
entre mundos opostos. Situados em realidades do solo, contrasta com a cidade do subterrâneo, de caráter
fantásticas, os cenários, e conseqüentemente obscuro e destinada a abrigar apenas os excluídos: na Me-
a arquitetura e as cidades, possuem um papel tropolis de Lang, os operários; e na Gotham de Burton,
crucial na distinção entre esses dois universos. Pingüim e os vilões aliados a ele.
A carga narrativa atribuída à cenografia talvez As semelhanças vão muito além e não se apre-
seja a principal ligação entre as representações sentam apenas na configuração de cidades, edificações
de arquitetura e de cidade presentes na obra do e espaços internos, já que podem ser identificadas com
autor e no movimento expressionista: elas nunca facilidade entre elementos como portas, janelas, pisos
possuem determinada forma ao acaso, pois estão e mobiliário; também não se restringem apenas à ar-
intensamente ligadas aos sentimentos dos persona- quitetura, já que uma comparação sob outro enfoque
gens. conseguiria facilmente identificar afinidades em rela-
Já em seu primeiro trabalho, o curta de ção a roteiro, personagens, figurinos e mesmo ma-
animação “Vincent” (1982), produzido no período em quiagem.
que trabalhou nos estúdios da Disney, eram patentes Recomenda-se, portanto, a revisão de
as ressonâncias expressionistas. O mundo particular clássicos do cinema expressionista alemão, ao lado
no qual o garoto Vincent se refugia, composto por da filmografia de Tim Burton, já que nesses dois
uma infinidade de elementos do imaginário gótico- universos, a perspectiva subjetiva se sobressai
diante de uma certa realidade objetiva.

10 TATURANA
Texto:
Mabel Gomes

Ilustração:
Samuel Rodrigues
Felipe Augusto (Imaje)

A co-produção
Brasil-Itália “Estômago”,
primeiro longa-metragem
do diretor curitibano Mar-
cos Jorge, é uma comédia
salpicada de humor negro.
Em sua première mundial no
Festival do Rio 2007, em se-
tembro, o filme paranaense ob-
teve quatro troféus Redentor, tor-
nando-se o mais premiado entre os
longas brasileiros. Por mais brilhante
que venha a ser sua carreira em outros
festivais Brasil afora, talvez nenhum ou-
tro prêmio possa ter uma nomenclatura
tão adequada ao filme quanto o troféu
Redentor.
A história simples de um
emigrante nordestino, que passa de
cozinheiro de botequim pé-sujo a
aprendiz de chef de uma tradicio-
nal cantina italiana, tem sua força
nos detalhes. Principalmente no
discurso doce e ritmado do prota-
gonista, nas suas interjeições de sur-
presas diante da arte gastronômica e
no olhar encantado e atento com que
observa a prostituta glutona – por quem
se apaixona.
O diretor Marcos Jorge conver-
sou com a taturana por e-mail a respeito do
seu filme:
“Estômago” foi o maior vencedor do
Festival do Rio, conquistando público e júri.
Que elementos do filme agradam tanto a ju-
rados criteriosos quanto ao espectador comum
que busca diversão? mente, relevou no filme os aspectos mais profundos de crítica irônica sobre
Antes de mais nada, não acredito que a condição dos fracos em nossa sociedade. Ou seja, “Estômago” parece fazer
o espectador comum busque “somente” diversão aquilo que eu queria: faz rir e ao mesmo tempo refletir.
quando vai ao cinema. Especialmente no cine- Muitos dos diretores que optam por fazer filmes com objetivo
ma, na minha opinião, de nada serve a diversão de chegar a um público massivo fazem concessões e deixam as narrativas
se ela for sem arte. “Estômago” agrada ao públi- simplistas, óbvias e desinteressantes. Você detectou riscos ao filmar “Es-
co, creio, especialmente porque diverte, faz rir, tômago”, se preocupou em identificar uma linha que separa o simples do
emociona, e quando você vê está envolvido pelo simplismo?
personagem protagonista e quer muito saber A história de “Estômago” não é simples e nem singela. O perso-
onde é que a história vai parar. Já a crítica, feliz- nagem é que é. A história é elaboradíssima, e a narrativa do filme se utiliza

TATURANA 13
11
de recursos estruturais complexos que só funcionam porque o filme Sutil e explícita ao mesmo tempo, exata-
foi feito de maneira cuidadosa e apaixonada. O roteiro, e disso eu já mente como o resto do filme. Veja como exemplo o
tenho certeza, é muito articulado e redondo, coisa notada por vários personagem da Íria: ela aparece proferindo uma fra-
críticos e pelo júri do MinC, que nos concedeu o prêmio. O resultado se de grande vulgaridade e em sua primeira cena diz
parece simples porque é claro, direto, objetivo e envolvente. De qual- dezenas de palavrões, no entanto, ela cativa o espec-
quer modo, estive o tempo todo ciente do risco de cair no simplismo e tador imediatamente. “Estômago” busca exatamente
tentei fugir dele. Acho que consegui. isso: envolver sutilmente o espectador na história do
Muito se discute sobre abordagens estereotipadas da figu- protagonista mesmo deixando claro que esta história
ra do nordestino no cinema. Como um curitibano com uma vivência pode ser vulgar e o protagonista um criminoso. Não
italiana criou uma estratégia para dar o tom de um personagem nor- há falsas concessões a uma linguagem polida ou a
destino tão encantador e cheio de metamorfoses? imagens maquiadas: “Estômago” mostra as vísceras
Nisso fui ajudado por dois grandes artistas: Lusa Silvestre, de seus personagens. Assim, a música do filme pas-
roteirista, e João Miguel, ator. Do Lusa são muitos dos melhores diá- seia pelos mais diversos registros sem nunca deixar
logos do filme, e do João Miguel grande parte das nuances que deram de ser surpreendente, mesmo quando beira o melo-
vida aos diálogos. De qualquer modo, acho que o Nonato se desasso- drama. Não é à toa que une viola de gamba, surdo,
cia do estereótipo do nordestino no cinema sobretudo porque o que cuíca, violoncelos, violinos e acordeom.
me interessa no personagem não é a sua “nordestinidade”, mas a sua Como será o lançamento comercial de “Es-
condição enquanto ser humano frágil sujeito à força e à violência dos tômago” no Brasil e no exterior? Já estão planejados
poderosos. Nonato, mais do que nordestino, é um oprimido. os números de cópias, quais cidades, datas?
Para este trabalho, você se inspirou em outras obras ou No Brasil, o filme deveria ser lançado em
consegue identificar referências inconscientes a filmes que também março, mas talvez seja antecipado para janeiro em
destacam o ato de comer? E o visual publicitário apontado por alguns virtude do sucesso no Rio. Na Itália, estamos acer-
críticos – existe no filme? tando a distribuição, e tudo será acertado quando de
Não pude me inspirar diretamente em outros filmes por- minha ida à Roma, em fins de outubro. Mas a grande
que de todos os que conheço sobre o assunto nenhum trata de co- novidade é que estamos sendo procurados por dis-
mida popular, comida feita em boteco. Mas é claro que os grandes tribuidores internacionais e não é improvável que o
clássicos do cinema-comida me vinham à mente enquanto escrevia o filme também seja lançado em outros países.
roteiro. Quanto à questão do visual publicitário, ela foi suscitada por Quais foram as maiores dificuldades para
uma única cena do filme, uma cena de preparação de pastel, cena na realizar um longa-metragem de ficção no Paraná,
qual busquei “voluntariamente” o visual refinado que alguns julgam fora do eixo Rio-São Paulo?
publicitário porque eu queria descrever o encontro mágico de Nonato A distância dos equipamentos e de alguns
com seu talento como cozinheiro. Além do mais, esta cena suporta atores. Por outro lado, as facilidades compensaram
os créditos iniciais do filme e se encontra, também por isso, fora da amplamente as dificuldades. Em São Paulo, eu não
linguagem predominante. teria tido um presídio inteiramente ao meu dispor.
Vemos referências claras à Itália e a Fellini. O quanto dessas Eu não teria feito “Estômago” da mesma maneira se
referências foram toques naturais do Marcos Jorge que morou quase tivesse filmado tudo em São Paulo.
10 anos na Itália e o quanto se devem a acordos com os co-produtores Além da promoção de “Estômago”, quais
italianos? são seus planos e projetos?
Nada foi pedido ou solicitado pelos co-produtores italianos Preciso ainda lançar “Corpos Celestes”, re-
quanto à linguagem utilizada e em nenhum momento recebi qual- alizado em parceria com o Fernando Severo. Além
quer influência deles nas escolhas artísticas feitas no filme. Todas disso, estou preparando meu próximo longa, intitu-
as referências à Itália em “Estômago”, que são muitas, são fruto lado “Dois Seqüestros”, e escrevo uma outra história
de minha vivência naquele país e de minhas reflexões e ironias bastante promissora, “A Guerra dos Outros”.
sobre o povo italiano e o brasileiro. Depois dessa boa repercussão, acredita que
A trilha sonora feita por Giovanni Venosta, mú- as portas serão abertas com mais facilidade para o ci-
sico e compositor que trabalhou com Ennio Morricone, nema no Paraná?
marca muito “Estômago”. Qual efeito se buscou ao Não sei. Acho que cada filme é um filme.
usar um tema musical forte e que se repete em Você não vai ver um filme porque ele é carioca ou
diversos momentos do filme? Você a consi- paulista, vai porque ouviu falar que é bom. Para mim,
derada sutil ou explícita? é possível fazer bom cinema em qualquer lugar, des-
de que o roteiro, a direção, os atores e a equipe sejam
bons.

12 TATURANA
TATURANA 13
Apresentação
_satori uso são - uma das novidades da Mostra este ano. Há tam-
dia 1º, 20h, cine com-tour uel, entrada franca bém filmes recentes como “Ainda Orangotangos” (o
O primeiro filme a ser projetado na Mostra deste primeiro longa brasileiro a ser rodado em um só plano!),
ano é também a primeira produção da Kinoarte em “Cão sem Dono” (uma mudança brusca na carreira de
35mm. Em março deste ano, a pré-estréia de “Satori Beto Brant), e “500 Almas”, de Joel Pizzini. Um atrativo
Uso” não pôde ser em película, pois o projetor do à parte são os curtas: o raríssimo “Documentário”, do
Cine Com-Tour UEL quebrou um dia antes. Agora, genial Sganzerla; e a coletânea de obras breves de um
pela primeira vez em Londrina, o filme será exibido artista raro: Cao Guimarães.
em seu formato ideal: 35mm. Vale lembrar que de
agosto pra cá “Satori Uso” recebeu três prêmios em _KINOBAR
Gramado, além de ter sido exibido em festivais in- dia 1º, às 23h30, cemitério de automóveis, R$ 5,00
ternacionais em São Paulo, Rio de Janeiro e Barce- dia 2, às 23h30, cemitério de automóveis, R$ 6,00
lona. dia 3, à 0h, cemitério de automóveis, R$ 6,00
dia 4, às 22h30, bar valentino, R$ 6,00
_competitiva londrinense dias 6 e 9, às 23h, cemitério de automóveis, R$ 4,00
de 1º a 4, 20h, cine com-tour uel, entrada franca dias 7 e 8, às 23h, cemitério de automóveis, R$ 3,00
Criada em 2003, na 5ª Mostra, esta competitiva
tem como objetivo principal mapear e incentivar a Desde 2005, a Kinoarte tem um espaço específico para
produção de filmes em Londrina. Neste ano, foram festas e atividades relacionadas a cinema: o Kinobar.
inscritos mais de 30 curtas: sete foram selecionados. Bandas londrinenses como Trilöbit, The Holic e Flatter-
O Troféu Udihara – uma homenagem ao pioneiro maus, além de grupos como o Santeria, já se apresen-
que filmou a cidade entre os anos 30 e 60 –, será taram no Kinobar. Em 2007, a seleção buscou a diver-
entregue aos vencedores de cinco categorias: Me- sidade de estilos musicais, incluindo rock, samba, mpb,
lhor Filme (Júri Oficial), Melhor Filme (Público), Me- jazz, forró, choro, samba-rock e até salsasambagroove.
lhor Direção, Melhor Roteiro e Melhor Fotografia. Há Todas noites, após os shows, haverá uma discotecagem
também o prêmio de R$ 500,00 para o Melhor Filme especial. Neste ano, há duas das melhores bandas de
(Júri Oficial), além de uma série de facilidades para rock do País (Grenade e Mudcracks), o samba melan-
a realização de um filme em 16mm que serão forne- cólico e jazzístico do londrinense (Bruno Morais em sua
cidas pelo CTAV – Centro Técnico Audiovisual. O júri primeira apresentação na cidade após a consagração
da Competitiva Londrinense será composto por Ta- em São Paulo), e o lançamento de um projeto que une
tiana Monassa (editora da Revista Contracampo), Londrina e Rio de Janeiro: o primeiro show da banda
Edu Reginato (editor do Re[corte] Cultural-TVE Brasil) Lixo Extraordinário.
e Rafael Urban (Putz – Festival Universitário de Cine-
ma e Vídeo). Assim como em 2006, o Troféu Udihara _mostra curta petrobras - revelando os brasis
foi criado pelaz artista plástica Gabriela Canale. dia 2, às 18h30, cine com-tour uel, entrada franca
Uma seleção de vídeos digitais produzidos em cidades
_competitiva nacional brasileiras de até 20 mil habitantes.
dia 1º a 4, 20h, cine com-tour uel, entrada franca
_sessão livre - MFL
Neste ano, decidimos mudar as regras para Com- dia 3, às 18h, cine com-tour uel, entrada franca
petitiva Nacional. Não há mais a obsoleta diferen- Uma seleção de filmes representativos apresentados
ciação entre um filme gravado em suporte digital pela Mostra do Filme Livre no Rio de Janeiro.
e um filme rodado em formato analógico (pelícu-
la). O que vale em um filme é a sua idéia, a sua lin-
guagem – e não o suporte no qual foi produzido. _conceição + debate com os realizadores
Assim, em 2007, dos 320 filmes que recebemos, 20 dia 4, às 17h30, cine com-tour uel, entrada franca
foram selecionados em pé de igualdade. Aumenta- Primeiro longa-metragem feito por universitários no Bra-
mos também o valor do prêmio para o Melhor Filme sil. Após a sessão, uma conversa com os realizadores.
(Júri Oficial): agora ele será de R$ 5 mil. O objetivo
é prestigiar a produção nacional no formato curta- _morre um nome
metragem, que já há algum tempo tem se demons- dia 4, às 22h, cine com-tour uel, entrada franca
trado mais ousada que a produção de longas. O júri Antes da premiação dos filmes na Competitiva Londri-
da Competitiva Nacional será composto por Carlos nense e da Competitiva Nacional, será realizada a pri-
Eduardo Lourenço Jorge (Folha de Londrina), Beth meira exibição de “Morre um Nome” em Londrina. O
Sá Freire (Kinoforum/Cannes/Oberhausen) e pela curta foi rodado em maio deste ano, em Cornélio Pro-
atriz argentina Marina Glezer. cópio, como resultado de uma Oficina de Realização
em Cinema ministrada pela Kinoarte. Em sete minutos,
_mostra olhar radical a passagem do música americano Booker Pittman
dia 1º, às 21h30 / dia 2, às 14h30, 16h15 e 21h30 / dia (1909-1969) por Cornélio.
3, às 14h30, 15h30 e 22h / dia 4 às 14h30, cine com-
tour uel, entrada franca _lançamento de livro
“Limite”, “O Bandido da Luz Vermelha”, “Bang dia 4, às 22h30, no bar valentino
Bang”, “A Idade da Terra”. Quatro dos melhores fil- Lançamento do livro “Música para Quando as Luzes se
mes brasileiros de todos os tempos estão nesta ses- Apagam”, do escritor Ismael Caneppele.

14 TATURANA
_curta embarque, curta escola, curta empresa e _cinema e filosofia / debate: fotografia em cena /
curta o intervalo cinema e memória
De 5 a 9, serão realizadas diversas sessões gratuitas Neste ano serão três debates: cinema e filosofia; cine-
pela cidade. O objetivo é democratizar o acesso aos ma e fotografia; e cinema e memória. O diretor de arte
bens culturais e ampliar o público para o formato cur- José de Aguiar irá analisar um texto do crítico de ci-
ta-metragem. Neste sentido, a Kinoarte irá levar o ci- nema francês André Bazin: “A Ontologia da Imagem
nema até este público, promovendo sessões em esco- Fotográfica” – ensaio presente na coletânea “O Que é
las, universidades, empresas e pontos estratégicos da o Cinema?”. O diretor de fotografia Anderson Cravei-
cidade. ro irá debater a abordagem visual proposta por alguns
cineastas em seus filmes. E no debate sobre cinema e
_2a oficina de crítica de cinema memória, os historiadores Widson Schwartz e José Mi-
dias 5, 7 e 9, das 10h às 13h, cch, uel guel Arias Neto irão analisar as semelhanças entre os fil-
A 2ª Oficina de Crítica de Cinema é composta por três mes “Londrina 1959”, de Orlando Vicentini, e “Londrina
módulos: em Três Movimentos”, de Rodrigo Grota.
1) Aula expositiva com o crítico de cinema e editor da
revista Contracampo, Luiz Carlos Oliveira Júnior, nos _1o prêmio francelino frança
dias 5, 7 e 9 de novembro, das 10h às 13h, nas salas 102 Neste ano, a Kinoarte criou o Prêmio Francelino França,
e 103 do CCH, na UEL; uma homenagem ao cineasta, jornalista e dramaturgo
2) Produção de críticas dos filmes integrantes do 3º Se- londrinense falecido em setembro de 2006. O vencedor
minário de Cinema Contemporâneo ou da Mostra A do concurso de roteiros irá receber um prêmio de R$
Céu Aberto entre os dias 5 e 9 de novembro; 350,00, além de ter seu texto filmado em uma Oficina a
3) Publicação dos melhores textos no site da Mostra, na ser promovida pela Kinoarte em novembro. A comissão
página reservada à revista taturana; do prêmio Francelino França será formada pelo roteiris-
O curso é gratuito. As inscrições podem ser feitas por ta Artur Ianckievicz, pelo diretor de arte José de Aguiar,
e-mail: basta enviar uma mensagem contendo nome pela produtora Mabel Gomes e pelo escritor Rodolfo
completo, idade, contato e instituição em que estuda Arruda. O vencedor do concurso será anunciado no
para o endereço eletrônico da Mostra: dia 4 de novembro, durante a cerimônia de premiação
contato@mostralondrinadecinema.com da 9a Mostra.
Após a Oficina, os alunos que enviarem textos recebe-
rão certificado da Kinoarte, contando como carga ho- _OFICINAS KINOARTE
rária extracurricular. oficina de realização em cinema
Mais informações: Espaço Kinoarte [43] 3323 8739 / 9959 A Kinoarte irá oferecer uma Oficina de Realização em
1476 / 9902 2669 ou contato@kinoarte.org.br Cinema nos dias 17, 18, 24 e 25 de novembro, e 1º e 2
de dezembro de 2007. As inscrições podem ser feitas
_3o seminário de cinema contemporâneo no Espaço Kinoarte (Avenida Jorge Casoni, 2355, Cen-
De 5 a 9 de novembro, das 15h às 18h, salas 102, 103 e tro, fone 3323 8739), de segunda a sexta, em horário
de eventos do CCH, UEL, entrada franca comercial, no período entre 29 de outubro e 14 de no-
Desde 2005, o crítico de cinema Luiz Carlos Oliveira Ju- vembro. As inscrições custam R$ 250,00 e as vagas são
nior (Contracampo) vem a Londrina apresentar uma limitadas. A Oficina será ministrada por Rodrigo Grota
espécie de síntese da produção contemporânea. Nas (direção, roteiro e montagem), Bruno Gehring (produ-
primeiras sessões, o público variava entre cinco e dez ção), Anderson Craveiro (direção de fotografia e edi-
espectadores. No ano passado, houve sessões com ção) e José de Aguiar (direção de arte). Nesta Oficina,
mais de 30 pessoas, como no caso de “Be with Me”, de uma turma de no máximo 20 alunos irá filmar o roteiro
Eric Khoo. Nas duas primeiras seleções, houve propos- vencedor do 1º Prêmio Francelino França. O curso se di-
tas radicais como a de Naomi Kawase, Hou Hsiao-hsien vide em três módulos: 1º fim de semana: aulas teóricas
e Apichatpong Weerasethakul, e algumas de acesso em turmas separadas (direção, fotografia, produção);
um pouco mais fácil, como no caso de Gus Van Sant 2º fim de semana: filmagens; 3º fim de semana: monta-
e Jia Zhang-ke. Para 2007, a seleção talvez seja a mais gem e finalização. O filme terá entre 4 e 10 minutos.
radical de todas, trazendo obras de Pedro Costa, Tsai Mais informações:
Ming-liang, Weerasethakul, Claire Denis e Hong Sang- www.kinoarte.org.br ou contato@kinoarte.org.br
soo. A novidade é que neste ano as sessões serão to-
das legendadas em português. _locais
Cine Com-Tour UEL Shopping Com-Tour
_mostra a céu aberto Av. Tiradentes, 1241, Parque Alvorada, fone 3323 8562
De 5 a 9 de novembro, a partir das 20h30, na concha
acústica, entrada franca e censura livre
Neste ano, a Kinoarte quer ampliar o público da Mos- Vila Cultural Cemitério de Automóveis
tra estreitando assim sua relação com a cidade mais Rua João Pessoa, 103 A, fones 3322 3280 / 9135 6982
ainda. Neste sentido, serão exibidos cinco longas na-
cionais no centro de Londrina. Serão instalados um Aeroporto de Londrina
projetor de filmes em 35mm, uma tela de 8m x 5m, um R. Tem. João Maurício de Medeiros, 300
equipamento de som Dolby Surround 5.1, além de um
projetor de 6 mil lumens para as exibições em suporte Terminal Rodoviário de Londrina
digital. Av. Dez de Dezembro, 1830
TATURANA 15
DIA 1º 1(QUINTA)
DIA 0
- quinta
tanto, para enfim viverem felizes. Será? Para alguns a
Cine Com-Tour UEL entrada franca
felicidade pode não ter sentido. Inédito.
contato: ilangue@hotmail.com
20h - Abertura
Fora de Competição (17 min) “Esconde-Esconde”
(RJ, fic, p&b, 14 min,
“Satori Uso” (Londrina, 16mm>mini-DV, 2007),
fic, cor/p&b, 17 min, de Alvaro Furloni
HDV>35mm, 2007), de Com Arduíno Colasanti
Rodrigo Grota e Susanna Kruger.
Com Rogério Ivano, Ca- Amaro e Regina encon-
ren Utino. Narração de tram diferentes manei-
Joseph Nietzsche. ras de lidar com a per-
Um poeta das sombras, da de seu único filho. Melhor Ator, Atriz, Filme e Roteiro
um cineasta sem filmes no Festival da Lapa 2007. Prêmio Porta Curtas no Festi-
e uma musa enigmática. Um falso “documentário” so- val do Rio 2007.
bre um poeta que nunca existiu, sob a óptica de um ci- Site: www.segundafeirafilmes.com.br
neasta imaginário. Primeira produção da Kinoarte em contato: alexandre@segundafeirafilmes.com.br
35mm. Melhor Filme (crítica), Melhor Fotografia (Carlos
Ebert) e Prêmio de Aquisição do Canal Brasil no 35º Fes- “Ismar” (RJ, doc, cor, 12
tival de Cinema de Gramado. min, mini-DV, 2007), de
Site: www.kinoarte.org.br Gustavo Beck
contato: rodrigo@kinoarte.org.br O retrato de uma pes-
soa anônima e sua traje-
20h 30 - Competitiva de Curtas 1 tória em busca de uma
(londrinense + nacional) (53 min) identidade e de uma
conjuntura. Prêmio de
“E ser feliz, serve de Melhor Curta Metragem
quê?” (Londrina, fic, (Júri Popular) no Festival Internacional Recine 2007.
cor, 18 min, VHS e mini- contato: gusbeck@hotmail.com
DV>mini-DV, 2007), de
Renan Salvetti “Paradoxo da Espera
Um relacionamento do Ônibus” (RJ, ani, cor,
virtual vivido por dois 3 min, mini-DV, 2007), de
desconhecidos. Ele e Christian Caselli
ela são figuras cotidia- Com narração de Chi-
nas da vida do homem, co Serra.
cada um com sua semelhança, cada um com sua Um cara espera pelo
solidão. Vivendo em mundos equivalentes, os dois pa- ônibus. Ele virá? Quan-
recem ter encontrado aquilo que sempre quiseram do? O que fazer? Men-

DIA 2 (SEXTA)
DIA 2 - sexta
Cine Com-Tour UEL - entrada franca 16h15 - Mostra Olhar Radical 3 - (109 min)
“500 Almas” (RJ, doc,
14h30 - Mostra Olhar Radical 2 (93 min) cor, 109 min, 35mm,
2005), de Joel Pizzini
“Bang Bang” (SP, Com Paulo José e Ma-
fic, p&b, 93 min, theus Nachtergaele.
35mm>DVD, 1971), de O delicado processo de
Andrea Tonacci reconstrução da me-
Filme policial em tom de mória e da identidade
sátira. Ator de um filme dos índios Guatós, atu-
vive sem distinguir sua almente dispersos pela região pantaneira. Um dos últi-
realidade pessoal e a mos trabalhos de um mestre da fotografia que faleceu
de seu personagem. Um este ano: Mário Carneiro. “500 Almas” ganhou quatro
dos grandes marcos do cinema marginal, geralmente troféus Candango no Festival de Brasília de 2005, nas
listado como um dos 30 maiores da história do cinema seguintes categorias: Melhor Fotografia, Melhor Edição,
brasileiro. Melhor Trilha Sonora e Melhor Som. Ganhou também o
Censura: 14 anos Margarida de Prata de Melhor Longa-metragem, con-
contato: extremart@extremart.com.br cedido pelo CNBB; o prêmio de Melhor Documentário
(Júri Oficial) no Festival do Rio 2005; além dos prêmios
de Melhor Documentário, Melhor Fotografia (Doc), Me-
lhor Edição (Doc) e Melhor Som (Doc), no ParatyCine.
16 TATURANA
contato: pizzini@uol.com.br
ção Honrosa no Youtube (por ter obtido mais de 220
mil acessos), no V Curta Santos (2007) e no I Curta Primeiro filme de Rogé-
Cabo Frio (2007). rio Sganzerla. Dois jo-
Site: www.curtaocurta.com.br vens percebem o que
Contato: renata@curtaocurta.com.br é o Cinema quando
vão ver um filme. O cur-
“Vida Maria” (CE, ani, ta se posiciona diante
cor, 8 min, 35mm, 2006), do que vem a ser esse
de Marcio Ramos cinema com suas limi-
Aos cincoo anos, Maria tações e possibilidades
José tem de largar os reais. Câmera de outro mestre do cinema marginal:
estudos para ajudar a Andrea Tonacci.
família no sítio. Trabalha, contato: dsganzerla@uol.com.br
cresce, casa, tem filhos,
envelhece. Ao final, o “O Bandido da Luz Ver-
início de um novo ciclo melha” (SP, fic, p&b, 92
que vai reproduzir seu passado no futuro de sua filha. min, 35mm>DVD, 1968),
Um dos filmes mais premiados em 2007: Curta Cinema de Rogério Sganzerla
2006 - Prêmio ABD&C; 10a. Mostra Tiradentes - Melhor Baseado na real história
Filme Júri Popular; Cleveland International Film Festival do criminoso catarinen-
2007 - Menção Honrosa Como Melhor Curta Interna- se que assaltava suas
cional; Cine-PE 2007 - Prêmio De Crítica, Melhor Trilha vítimas em Santos. Co-
Sonora, Melhor Roteiro, Melhor Filme; Curta-SE 2007 - nhecido como o “ban-
Melhor Filme Nordestino; Entretodos - Festival De Direi- dido da luz vermelha” (por utilizar sempre uma lanterna
tos Humanos - Melhor Filme; Festival de Cuiabá 2007 vermelha durante seus golpes), João Acácio Pereira
- Melhor Filme, Melhor Filme Júri Popular; Cine Ceará da Costa foi perseguido pela polícia durante seis anos,
2007 - Melhor Filme, Melhor Curta Brasileiro - Fundação após assassinar algumas de suas vítimas. Filme emble-
Demócrito Rocha, Prêmio de Aquisição Canal Brasil; mático do Cinema Marginal, apresentado aqui em sua
FAM - Melhor Animação; Festival de Guarnicê 2007 - versão restaurada.
Melhor Direção; ANIMAMUNDI - Prêmio Especial dos contato: dsganzerla@uol.com.br
Diretores do Festival, 2o Lugar - Melhor Animação Bra-
sileira; Seminário Internacional de Cinema da Bahia -
Melhor Filme; e III Curta Canoa (2007) - Melhor Filme. Vila Cultural Cemitério de Automóveis, R$ 5,00
contato: joelma.ar@gmail.com
23h30 - Taturana - lançamento oficial da revista da
21h30 - Mostra Olhar Radical 1 (103 min) Kinoarte (distribuição gratuita)

“Documentário” (SP, fic, p&b, 11 min, 16mm>DVD, KINOBAR - Grenade (acústico/rock) + Discoteca-
1966), de Rogério Sganzerla gem: Roberta Gobbi (rock)

“Emílio em... Olvidos”


18h30 - Mostra Curta Petrobras (Londrina, exp, cor, 6 min,
Revelando os Brasis
foto>mini-DV, 2007), de
Aline Benites, Bruno Mar-
O projeto “Revelando os Brasis”, do Ministério da Cultura, tem
ques, Carolina Spisla, Da-
como objetivo promover processos de inclusão audiovisual,
niel Martins, Erich George,
por meio do fomento à produção de vídeos digitais em ci-
Fenanda Castello Branco,
dades brasileiras de até 20 mil habitantes. Nesta sessão, uma
Rafael Mattos, Thiago Ri-
coletânea com curtas realizados neste projeto.
zzardi e Victor Gote.
A percepção através do som. Olvido: “ato ou efeito de
20h - Competitiva de Curtas 2 olvidar; esquecimento”. Questionamos a existência do
(londrinense + nacional) (83 min) som, mesmo se este não é percebido. Um filme experi-
“Crazy Town” (Londrina, mental que explora a história que se desenrola em um
ani, cor, 6 min, mini-DV, “extracampo” particular para cada espectador. Curta
2007), de Jobert Castro produzido por alunos da IESB Metropolitana. Inédito.
Crazy Town é a cidade contato: erichgeorge@yahoo.com.br
onde tudo pode aconte-
cer... Inédito.
contato: jobertcastro@
hotmail.com

TATURANA 17
DIA 2 - sexta
“Patologia da Balbúrdia” “Éternau” (SC, fic, cor, 20
(Londrina, exp, cor, 6 min, min, 16mm>mini-DV), de
mini-DV, 2007), de Felipe Gustavo Jahn
Augusto Almeida de Oli- Com Mariana Kircher,
veira Melissa Dullius, Virginia
A grande essência da Simone, Gustavo Jahn,
organização é a desor- Matheus Walter, Julia-
dem... Curta produzido no Pires Barbosa, Juarez
por aluno do curso de Artes Visuais - Multimídia da Uno- Nunes, Fernando Preve.
par. Inédito. Viajando por terra, mar e através do espaço-tempo em
contato: warung_16@hotmail.com busca de riquezas e belezas, os extravagantes arqueólo-
gos mercenários invadiram os limites do jardim ancestral,
“Doce Amargo Infinito” causando o descompasso do céu e do mar. Melhor dire-
(CE, fic, p&b, 15 min, ção de arte no FAM (2007) e prêmio de Experimentação
HDV>mini-DV), de Cás- técnica em Concepção Artística no Cineesquemanovo.
sio Araújo Site: www.fotolog.com/amaquinainfernal
Com Antonieta Noro- contato: eternau@gmail.com
nha e Joca Andrade.
Uma casinha de frente “Moradores do 304” (MG,
para o mar. Uma velha ani, cor, 15 min, mini-DV,
senhora amargurada 2007), de Leonardo Cata
pela perda do marido que um dia saiu para pescar e Preta
nunca mais voltou. Um filho que vê no mar a presença Um solitário escritor é
viva do pai e que resolve também ser pescador. Um atormentado por estra-
neto de oito anos que convive com as situações opos- nhas criaturas em seu
tas, as do pai e da avó, mas que não consegue viver apartamento. Inspirado
sem contemplar o mar. Um doce amargo infinito. no poema “elegia 1938”
contato: cassiobassat@yahoo.com.br de Carlos Drummond de Andrade.
Site: www.octopusdesign.com.br
contato: lcatapreta@gmail.com

DIA
DIA3 3(SÁBADO)
- sabado
Cine Com-Tour UEL entrada franca “Sin Peso” (MG, exp,
cor, 7 min, 7 min, super-
14h30 - Mostra Olhar Radical 5 8>DVD, 2006), de Cao
Curtas Cao (sessão de curtas de Cao Guimarães) Guimarães
(45 min) contato: caoguima@terra.com.br O ar que sai do peito
em vozes multiformes
“Da Janela do Meu no comércio das ruas
Quarto” (MG, doc, cor, não é o mesmo ar que
5 min, super-8>DVD, balança os toldos mul-
2004), de Cao Guima- ticoloridos que protegem do sol e da chuva.
rães
Da janela do meu “Hypnosis” (MG, exp,
quarto, sobre a rua de cor, 7min30s, super-8-
areia e sob um resto >DVD, 2001)
de chuva, eu vi uma luta amorosa de duas crianças. A ilusão lisérgica de
Melhor Filme no É Tudo Verdade - Festival Internacional uma hipnose resolve-se
de Documentário (2005), e Menção Especial do Júri no no sereno suceder ge-
Festival de Cinema Latino de Toulouse (2005). ométrico das formas.
O páthos, neste mini-
“Sopro” (MG, exp, p&b, drama geométrico, é criado pela cor em movimento
5min30s, super-8>DVD, e pelo langor repetitivo do martelar do piano.
2000), de Cao Guima-
rães e Rivane Neuens- “Nanofania” (MG, exp,
chwander cor, 3 min, super-8-
A relação entre o que >DVD, 2003), de Cao
está dentro e o que está Guimarães
fora. O translúcido mul- Bolhas de sabão que
tiforme de uma bolha explodem. Moscas
exibe o mundo que a contém e que é contido por ela. que saltam. O pulsar
A bolha, que nunca explode, é uma metáfora para a de microfenômenos
continuidade das coisas. cadenciados por uma
pianola de brinquedo. Menção Honrosa no XIX Inter-
18 TATURANA
“Paralelos” (BA, fic, cor, estação de metrô e
15 min, 35mm, 2007), de pelo mercado público
Alexandre Basso da cidade, em busca
Com Arthurh de Moura, de ajuda. É o início de
Beth Terras, César Che- uma série de situações-
did e Dílson De Souza. limite vividas por diver-
No interior do panta- sos habitantes da cida-
nal brasileiro, o final do de. É o 1º longa dirigido
transporte ferroviário por Spolidoro e o 1º
mudou a vida da família de Pedro, um garoto de 10 longa filmado em um único plano-seqüência no Brasil.
anos que é apaixonado pelo trem. Na encruzilhada Foram rodados 6 takes, um por dia, com o 2º sendo o
entre a partida e esperança, Antônio, Maria e Pedro escolhido para o filme. Ele foi rodado em 08/12/2006.
precisam decidir seu destino. Site: www.aindaorangotangos.com
contato: alexandre@docdoma.com.br contato: gustavospolidoro@clubesilencio.com.br

21h30 - Mostra Olhar Radical 4 - (81 min) Vila Cultural Cemitério de Automóveis , R$ 6,00

“Ainda Orangotangos” (RS, fic, cor, 81 min, HDV>DVD), 23h30 - KINOBAR - Couro com
de Gustavo Spolidoro Corda (mpb/rock)+ Dis-
Porto Alegre, no dia mais quente do verão. Um casal cotecagem: Fer-
de imigrantes chineses cruza a cidade em um vagão nando Araújo
de metrô. Doentes e cansados, eles tentam ajudar um (rock)
ao outro, ao mesmo tempo em que enfrentam a des-
confiança dos demais passageiros e a incompreensão
de sua língua. O chinês vagueia pelos corredores da

national Video and New Media Art Event, em Clermont- texturas que denunciam a inter-relação necessária de
Ferrand (2004). tudo que é vivo e vibra.
Melhor Vídeo da Mostra Competitiva Panoramas do
“Quarta- Feira de Cin- Sul, 15º Vídeo Brasil-Festival Internacional de Arte Ele-
zas” (MG, exp, cor, 6 trônica (SP).
min, HDV>DVD, 2006),
de Cao Guimarães e Ri- 15h30 - Mostra Olhar Radical 6
vane Neuenschwander
Após o Carnaval, no “Limite” (RJ, fic, p&b,
ocaso melancólico de 120 min, 35mm>DVD,
uma Quarta-Feira de 1931), de Mário Peixoto
Cinzas, as formigas começam sua festa profana, multi- Com Olga Breno, Tacia-
colorida, ao ritmo de samba em caixa de fósforo. na Rei, Raul Schonoor,
Brutus Pedrera, Mário
“Peiote” (MG, exp, cor, Peixoto, Edgar Brasil e
4 min, super-8>DVD, Carmen Santos.
2006), de Cao Guima- A ação de “Limite” se
rães passa num barco. Nele, perdidos no mar, estão um ho-
Uma criança possuída mem e duas mulheres, que abatidos deixam de remar
por entidade híbrida e parecem conformados com seu destino. Cada um
(luta livre mexicana e conta, por meio de flashbacks, sua história, misturando
super-heróis japoneses) tristeza, angústia, desespero, opressão, monotonia e
oferece aos índios an- fuga. “Limite” foi exibido pela primeira vez no dia 17 de
cestrais a contra-dança. maio de 1931 no Cinema Capitólio, na Cinelândia, Rio
de Janeiro, em sessão promovida pelo Chaplin Club
“Concerto para Clo- (1928-1931), primeiro cineclube do País. Em 1959, teve
rofila” (MG, exp, cor, início o trabalho de restauração do filme, que é, em
7min25s, super-8>DVD, 1978, relançado. Mário Peixoto é autor dos livros Mun-
2004), de Cao Guima- déu, Poemas de Permeio com o Mar, O Inútil de Cada
rães Um e do roteiro A Alma Segundo Salustre. No início dos
Conjunção de luz e anos 30, deixa inacabado o filme “Onde a Terra Aca-
sombra, formas, cores e ba”. Clássico máximo do cinema de poesia no Brasil.
TATURANA 19
DIA 3 - sabado
Em maio de 2007, durante o Festival de Cannes, foi você nunca irá num churrasco como antes... (Texto
apresentada uma versão restaurada de “Limite” em de Chico Serra)
suporte digital.
contato: pesquisa@ctav-sav.com.br “Freqüência Ha-
nói” (BA, 9 min, mini-
18h - Sessão Livre - Mostra do Filme Livre DV>DVD, 2006), de
(55 min) Daniel Lisboa e Diego
curadoria: Guiwhi Santos Lisboa
contato: poletica@terra.com.br Como em “A Sentine-
la” (prêmio Oficinan-
“Eu Sou Como o Polvo” do da MFL de 2006),
(MG, ani, cor, 4 min, porém com um presi-
mini-DV>DVD, 2006), de diário (lá era uma mulher presa), o curta narra, via
Sávio Leite celular, um pouco dos porquês da presença deste
Para quem ainda não homem numa cadeia de Salvador. Aos poucos, va-
sabe, Lourenço Muta- mos conhecendo mais sobre os motivos de sua prisão
relli é um dos principais - não do fato que o prendeu, mas dos atos que fize-
artistas brasileiros vivos. ram com que, tão jovem, chegasse ali. As imagens
Primeiramente, destacou-se nos quadrinhos under- não têm relação direta com o que se diz, permitindo
ground, sendo contemporâneo de gente como Ange- associações diversas, tornando o filme um incessan-
li, Laerte, Glauco etc. Ao contrário destes, no entanto, te mistério sobre o que virá a seguir. Ruídos variados,
não teve o reconhecimento imediato, talvez devido imagens em movimento mostrando um céu azul en-
à sua seriedade e aos temas mórbidos que costuma trecortado por fios, cabos e postes que jamais denun-
tratar. Porém, seu traço cruel - uma espécie de Expres- ciam onde estão. “Pra não ter que matar meu pai,
sionismo da era do Grafite - aliado a histórias em que o tive que sair de casa e enfrentar o mundo...” De ori-
grotesco toca quase literalmente em chagas do coti- gem indígena, o protagonista despeja quilos de sa-
diano, começou a lhe render prêmios e mais prêmios, bedoria popular que ajudam a entender os motivos
além de uma guinada para a literatura. A ponto de já de sua revolta: “o povo é governado e não orienta-
ter um livro adaptado para o longa-metragem, o ex- do; apanhei muito, ao ponto de pedir pra morrer... le-
celente “O Cheiro do Ralo”, em que, para a surpresa vei tiro... o governo tomou do meu povo, por que eu
de todos, revelou-se até mesmo um bom ator, fazendo não posso roubar do governo também?... ninguém
papel de segurança (detalhe: Mutarelli é franzino, bai- nasce marginal”. Confinado junto com outros 1.300
xinho e careca). Retratar um personagem como Muta- detentos num lugar feito para 800, o filme é um reca-
relli já é meio caminho andado para tornar qualquer do sobre a famosa hipocrisia tupiniquim, que ignora o
documentário, no mínimo, interessante. Mas o mineiro que há décadas já se mostrava um ovo de serpente:
Sávio Leite teve a sacação de deixar seu filme à al- o estrago causado pela corrupção nos órgãos públi-
tura do seu “personagem”. Valendo-se de um recurso cos, do mal e mau uso de verbas públicas para fins
usado por Henri-Georges Clouzot, no filme “O Mistério privados e coisas do gênero. “Aqui se vem pra se pa-
Picasso”, “Eu sou como o Polvo” utiliza um plano-seqü- gar o que se fez à sociedade. Mas ela nunca paga
ência em alta velocidade, mostrando o próprio Muta- o que fez e o que faz com a gente: desvio de verba,
relli desenhando dois bizarros auto-retratos. Em off, um de comida, de remédio, material escolar”, e por aí
texto autobiográfico lido pelo próprio artista, de onde vamos, ou melhor, íamos, pois a bateria do celular
desabafa seu passado complicado e o quanto o de- está prestes a acabar, assim como o filme. (Texto de
senho foi a sua salvação. Daí o título do curta, já que Guiwhi Santos)
o polvo se vale da tinta para se esconder. (Texto de
Christian Caselli) “Circular” (SP, fic, 14
min, mini-DV>DVD,
“Sal Grosso”, (RJ, 6 min, 2006), de Lucas Iannu-
mini-DV>DVD, 2006), de zzi
André Amparo e Ana Um filme anti-capita-
Cristina Murta lista em sua essência,
Que tem a ver churras- mesmo (felizmente)
co na laje com a filoso- não sendo nada pan-
fia de Heidegger? Este fletário. Seu diretor e protagonista, Lucas Iannuzzi, vai
curta de André Ampa- mostrando secamente o cotidiano de um balconista
ro e Ana Cristina Murte mostra que tem tudo a ver... de McDonald (é o que se deduz) e, mesmo interca-
Filmes (Vídeos) como este provam que o cinema não lando suas ações com verbetes de dicionário, mostra
acabou com a literatura, e que no final, só os artistas como tudo vai perdendo o sentido. O provocador
mandarão. Nada mais prosaico que um churrasquinho entreato musical, ao som de “l-o-v-e”, de Nat King
na laje. Marido, mulher, sogro (?), assando uma car- Cole, vai contra toda a tradição hollywoodiana de
ne num domingo cinzento. Qual a filosofia mais apro- “entreato musical”, não só pelo o que é mostrado,
priada para um encontro tão ordinário? Comentários como a total frieza dos planos, que quase nunca re-
sobre as manchetes do jornal O Dia, Extra, O Povo ou velam a identidade do protagonista. Tudo aqui é coi-
o pensamento de Nietzsche? A filosofia sônica de Jor- sa, porra nenhuma, massa amorfa de um marasmo
ge Mautner e ao fundo um piano...Depois deste filme, constrangedor e peça da engrenagem viciada da
20 TATURANA
sobrevivência. É o que fica configurado com o desfe- fias inéditas de Armínio Kaiser (ex-funcionário do Insti-
cho do filme e na morte nossa de cada dia. (Texto de tuto Brasileiro do Café), com registros do universo coti-
Christian Caselli) diano das lavouras que inundaram o norte do Paraná
após a segunda guerra mundial.
“Anfitriões”, (RJ, fic, 9 Site: www.camaraclara.com.br
min, 35mm>DVD, 2006), contato: danielchoma@yahoo.com.br
de Bruno Tinoco Garotti
Desde a primeira vez “Mesmo os Elefantes
que vi “Anfitriões”, no nas Grossas Patas são
Festival de São Paulo, Extremamente Sensí-
fiquei impressionado veis” (Londrina, fic, p&b,
com o clima soturno e 6 min, mini-DV, 2007), de
enigmático que o curta alcança, sobretudo quando Luiz Carlos Zabel
vi a sonâmbula soprano costureira (veja o filme...). Mas Com Mateus Moscheta,
o que faz “Anfitriões” ser mais do que um mero filme Marcos Calegari e Úrsu-
de terror é uma inversão muito bem feita, uma espécie la Uhlmann.
de surrealismo às avessas. Afinal, o absurdo aqui não Vídeo que integra a cena “sessão para excessivas e
são pesadelos nem delírios do inconsciente, mas sim compulsivos”, de Luis Carlos Zabel, inspirado no conto
um “herói” vítima do fruto dos sonhos de pessoas apa- “Duas Rainhas”, de Dalton Trevisan. O filme fala sobre
rentemente inofensivas. Vítima também dos desejos elefantes que pisam em ovos para não brigar, mas às
escondidos aflorados no escuridão do sono. O horror vezes, as trombas que são maiores que as bocas cos-
aqui é bastante concreto, mas tão ou mais bizarro do pem alguns palavrões em meio a cafés, cigarros e al-
que qualquer evento sobrenatural. (Texto de Christian guns macarrões. Dorme junto, acorda junto, bebe jun-
Caselli) to, come junto, tudo junto. Preto no branco. Rosa sofre.
Glauco come escondido. E Augusta é muito insistente.
“Noiva de Deus” Uma relação entre elefantes excessivas e compulsivos.
(MG, fic, 13 min, mini- Um devaneio de gente que fica em casa e que espia
DV>DVD, 2006), de Le- pela janela. Curta produzido por alunos do Curso de
onardo Barcelos e Hélio Artes Cênicas da UEL.
Lauar contato: mateusmoscheta@hotmail.com
No começo se diz, “Do-
cumento é monumen- “Material Bruto” (MG, fic,
to, realidade ficcional p&b, 15 min, mini-DV,
de uma memória ver- 2007), de Ricardo Alves
dade.” O olhar é desfocado, o som estranho, tudo se Junior
repete como uma mente esquizofrênica não acostu- Afora nos corredores do
mada à lógica linear de se pensar e falar. A todo mo- edifício caminha a mulher
mento a Ética é questionada: até que ponto é correto náusea. Adentro mulher
o filme caminhar na direção de mostrar os fatos como cabelo, homem cigarro e
eles são/seriam ou de reinventá-los da forma como a homem música esperam o momento de fuga, um ins-
protagonista os coloca. A direção e a edição do fil- tante para sair de si. Material bruto e um trabalho rea-
me são postos em questão, um prato cheio para o es- lizado com usuários do centro de convivência da rede
pectador se deleitar com as tantas possibilidades de pública de saúde mental na cidade de belo horizonte.
caminho para o filme. Nele, de dentro de um hospi- Melhor Filme (júri) no CineEsquemaNovo (2007) e na 7ª
tal, L.G. conta de forma grotesca e fragmentada um Goiânia Mostra Curtas.
pouco de sua infeliz história de desprezo, sofrimento, contato: saposeafogados@hotmail.com
amor(?),assassinato, ódio e loucura. Um filme que inco-
moda talvez por lidar, audiovisualmente e com cora- “Piruetas” (BA, fic, cor,
gem, com um tema complexo. Um filme cheio de labi- 14min, 35mm, 2006), de
rintos mentais sem saídas aparentes. (Texto de Guiwhi Haroldo Borges
Santos) Com Annalice Masca-
renhas, Fernando Neves
20h - Competitiva de Curtas 3 e Lucas Wilber.
(londrinense + nacional) (93 min) Um neto e seu avô
vêem suas vidas se mo-
“O Brilho do Café” (Lon- dificarem após a chegada de um circo na pequena
drina, doc, cor, 9 min, cidade do interior onde eles vivem. Curioso com a mu-
mini-DV), de Daniel dança do avô o garoto tenta impedir a partida do cir-
Choma co, embarcando numa aventura de transformações,
Das geadas aos incên- descobertas e resgate de sentimentos muitas vezes
dios, da florada à co- esquecidos.
lheita, da erradicação contato: paulatgomes@gmail.com
ao êxodo rural, homens
e mulheres de Londrina
contam histórias do trabalho nos cafezais. Traz fotogra-
TATURANA 21
DIA 3 - sabado
Imersão em uma zona
“Sete Minutos” (RJ, fic,
onde formas fluídas e
cor, 7 min, mini-DV,
ausência de palavras re-
2007), de Cavi Borges,
velam que o silêncio está
Júlio Pecly e Paulo Silva
antes de todas as coisas.
Com Luciano Vidigal,
Site: www.teia.art.br
Jonathan Azevedo,
contato:
Ana Paula Rocha, Isa-
contato@teia.art.br
bel Rodrigues, Zé Mario
Faria, Marilia Coelho, Marcelo Mello Jr. e Willian Jose-
“Transtorno” (RJ, fic, cor,
an.
10 min, 35mm, 2006), de
Filmado em plano-seqüência que mostra o acerto de
Fernanda Teixeira
contas entre dois traficantes. Prêmios de Melhor Curta
Com Miguel Rosenberg.
de ficção: Cineport 2007, Vide Video 2007, Colatina
Escritor frustrado é cons-
2007 e Festival do Rio 2007. Prêmio Porta Curtas no Fes-
tantemente incomodado
tival do Rio 2007.
pelos hábitos barulhentos
contato: contato@cavideo.com.br
de sua avó e seus quinze
gatos. A dificuldade da convivência cotidiana entre
“Silêncio” (MG, fic, p&b, 17 min, 35mm, 2006), de Sér-
duas pessoas que moram juntas.
gio Borges
contato: fspteixeira@bol.com.br
Com Paulo André, Eva Queiroz, Maria Clara Cheib.

DIA 4 (DOMINGO)
DIA 4 - domingo
Cine Com-Tour UEL entrada franca
17h30 - Sessão + Debate com os realizadores
14h30 - Mostra Olhar Radical 8 “Conceição - Autor Bom
é Autor Morto” (RJ, fic,
“A Idade da Terra”
cor, 78 min, DV>35mm,
(RJ, fic, cor, 160 min,
2007), de Daniel Caeta-
35mm>DVD, 1980), de
no, Guilherme Sarmien-
Glauber Rocha
to, André Sampaio,
Com Maurício do Valle,
Cynthia Sims e Saman-
Jece Valadão, Antonio
tha Ribeiro
Pitanga, Tarcísio Meira,
Com Augusto Madei-
Geraldo D’eI Rey, Ana
ra, Jards Macalé, Vera Barreto Leite, Joana Medeiros,
Maria Magalhães, Carlos Petrovicho, Norma Bengel,
Thelmo Fernandes, Djin Sganzerla, Isabel Tornaghi e Ro-
Mário Gusmão, Danuza Leão, Glória X, Laura Y e Pa-
drigo Penna.
loma Rocha.
O confronto entre autores e suas idéias realizadas. O
Nas palavras de Glauber, “o filme mostra um Cristo-
eterno Fugitivo (Augusto Madeira) é sempre perse-
Pescador, o Cristo interpretado pelo Jece Valadão;
guido pelo implacável Caçador (Jards Macalé), que
um Cristo-Nengro, interpretado por Antônio Pitanga;
lidera os demais personagens da história numa revolta
mostra o Cristo que é o conquistador português, Dom
contra seus criadores. Primeiro longa-metragem brasi-
Sebastião, interpretado por Tarcísio Meira; e mostra o
leiro finalizado em 35mm a ser realizado por estudantes
Cristo Guerreiro-Ogum de Lampião, interpretado pelo
de cinema. Prêmio de Júri Popular do Cine Esquema
Geraldo Del Rey. Quer dizer, os quatro Cavaleiros do
Novo 2007.
Apocalipse que ressuscitam o Cristo no Terceiro Mun-
contato: danielpvc@gmail.com
do, recontando o mito através dos quatro Evangelistas:
Mateus, Marcos, Lucas e João, cuja identidade é reve-
lada no filme quase como se fosse um Terceiro Testa- 20h - Competitiva de Curtas 4 - (londrinense + na-
mento. E o filme assume um tom profético, realmente cional) (100 min)
bíblico e religioso”. Considerado uma obra revolucio-
nária, o filme causou grande polêmica no Festival de “Re(de)genere” (Londri-
Veneza em 1980. Glauber não enumerou as latas do na, doc, cor e p&b, 8 min,
filme para que cada projecionista pudesse seguir uma mini-DV, 2007), de Ga-
ordem aleatória ao exibir o filme. O filme foi restaura- briela Canale, Guilherme
do por Paloma Rocha e Joel Pizzini em formato digital, Baracat e Regina Egger
retornando a Veneza em 2007 - 27 anos após a sua Re(de)genere aborda
primeira exibição. Nesta sessão em Londrina, será pro- a estética nazista para
jetada a versão restaurada. tratar o conceito de de-
Site: www.tempoglauber.com.br generação e intolerância 70 anos após a exposição
contato: pizzini@uol.com.br “arte degenerada”. Esta mostra pretendeu comparar
artistas surrealistas, cubistas, expressionistas, impressio-
22 TATURANA
“Noite de Sexta, Ma- início de carreira, que
nhã de Sábado” (PE, fic, se entrega de forma
p&b, 15 min, DV>35mm, obsessiva ao trabalho
2006), de Kleber Men- e, com isso, adia para
donça Filho mais tarde a realização
Com Pedro Sotero, Bo- de seus sonhos. Eles se
hdana Smyrnova. apaixonam e passam a
Saindo na noite de sex- dividir seu sonhos e pro-
ta, voltando na manhã blemas. Ganhou três
de sábado. Prêmio da prêmios no Cine PE 2007: Melhor Filme, Melhor Atriz e
Crítica, Melhor Atriz e Canal Brasil no Festival de Brasília Prêmio da Crítica, além do prêmio de Melhor Atriz no
(2006); Prêmio do Público no Festival de Cinema Luso- Festival de Cuiabá.
Brasileiro em Santa Maria da Feira (2006); Melhor Diretor Site: www.dramafilmes.com.br
no CinePE 2007; e Prêmio do Júri no Curta-SE (2007). contato: betobrant@uol.com.br
contato: cinemascopio@uol.com.br
Vila Cultural Cemitério de Automóveis, R$ 6,00
22h - Mostra Olhar Radical 7
“Cão sem Dono” (SP-RS, fic, cor, 82 min, 35mm, 2007),
de Beto Brant 0h - KINOBAR - Bruno Morais (acústico/mpb) + Dis-
Com Júlio Andrade e Tainá Müller. cotecagem: Renan (rock) + Nádia Val e Patrícia Cus-
Ciro se formou recentemente em literatura, mas passa tódio (trash 80)
por uma crise existencial devido ao ceticismo e à fal-
ta de planos. Marcela é uma ambiciosa modelo em

nistas e fauvistas a doentes mentais. Vista por quase “Outubro” (PR, fic, cor,
3 milhões de pessoas, a exposição que integrava a 15 min, HDV>35mm,
estratégia nazista em busca da eugenia reuniu cerca 2007), de Murilo Hauser
de 650 obras dos mais importantes artistas modernos. Com Débora Zanatta.
Curta produzido pela Associação Livre. Os últimos dias da vida
Site: www.associacaolivre.org de uma garota em sua
contato: gabicanale@associacaolivre.com cidade natal, Curitiba,
no sul do Brasil.
“Alphaville 2007 D.C.” contato: murilohauser@gmail.com
(SP, fic, exp, cor, 16 min,
35mm, 2007), de Paulo “Pugile” (SP, fic, cor, 20
Caruso min, 35mm, 2007), de Da-
Com Antônio Abujamra nilo Solferini
e Sheila Mello. Com Gustavo Brandão,
Em meio a uma dissi- Marcilia Rosária Da Silva,
mulada guerra civil, um Diogo Junqueira e Aveli-
cowboy e um executivo no da Silva.
acertam as contas da apartheid social brasileiro. Ten- Pugile trata da relação
do como ponto de partida um seqüestro, o panorama entre dois irmãos, um de-
da violência urbana é traçado com muito bom humor, les portador de síndrome de Down. A incompreensão
em uma espécie de ficção científica sobre o terceiro mútua, a responsabilidade e os conflitos familiares são
mundo. Melhor Filme (júri), Roteiro e Montagem no 35º trazidos à tona com o desfalecimento e possível perda
Festival de Cinema de Gramado; Menção Honrosa no da mãe. Melhor Filme, Melhor Ator (Gustavo Brandão
Festival do Rio 2007. e Diego Junqueira Avelino da Silva) e Prêmio Panda
contato: producao@zoifilmes.com.br no 5º Curta Santos. Prêmio Cachaça Cinema Clube no
18º Festival Internacional de Curtas de São Paulo.
“Icarus” (SP, ani, cor, 11 contato: politheama@politheama.com.br
min, 35mm, 2007), de
Victor Hugo-Borges “Saliva” (SP, fic, cor, 15
Com narração de Gian- min, 35mm, 2007), de
francesco Guarnieri. Esmir Filho
Uma história do amor Com Mayara Comuna-
que a tudo vence, que le, Gabriel Cavicchioli e
tudo constrói, até pon- Hellen Vasconcelos.
tes que não existem Uma viagem na mente
mais. Um dos dez filmes de uma menina de 12
brasileiros mais bem votados no 18º Festival Internacio- anos prestes a dar seu primeiro beijo. Dúvidas e medos
nal de Curtas de São Paulo. mergulhados em saliva. Selecionado para a Semana
Site: www.glazcinema.com.br Internacional da Crítica no Festival de Cannes 2007;
contato: michael@glazcinema.com.br
TATURANA 23
DIA 4 - domingo
Melhor Direção no 35º Festival de Cinema de Grama- pequena folha crescendo em seu braço direito. Prê-
do; um dos dez filmes brasileiros mais bem votados e mio Descoberta Kodak para Melhor Curta-metragem
Prêmio Especial de Aquisição do Canal Brasil no 18º na Semana Internacional da Crítica do Festival de
Festival Internacional de Curtas de São Paulo. Cannes 2007.
Site: www.ioiofilmes.com contato: casalmedo@yahoo.com.br
contato: esmirfilho@ioiofilmes.com
Fora de Competição
“Um Ramo” (SP, fic, cor, “Morre um Nome” (Cor-
15 min, 35mm, 2007), de nélio Procópio, fic, cor,
Juliana Rojas e Marco 7 min, mini-DV, 2007),
Dutra de Bárbara Valsézia
Com Lilian Blanc, Júlia Al- dos Santos, Dirceu Casa
bergaria, Natacha Dias e Grande Junior, Guilher-
Matheus de Jesus. me Cantieri Bordoval,
Clarisse descobre uma Marcos Vinícius Land-

DIADIA 5 - segunda
5 (SEGUNDA)
infinitas. Muitas conclu-
Aeroporto de Londrina sões estranhas se origi-
naram do postulado das
paralelas, mas nenhuma
Das 8h à 12h - CURTA EMBARQUE foi definitiva. Produzido
pela Kinoarte. Melhor
“Londrina em Três Movimentos”, de Rodrigo Grota + Fotografia no II Curta
“Making of Londrina em Três Movimentos” + “O Quinto Canoa - Festival Latino
Postulado”, de Rodrigo Grota + “Satori Uso”, de Rodri- Americano de Curta-
go Grota + “Making of Satori Uso” Metragem.
contato: contato@kinoarte.org.br
“Londrina em Três Movi-
mentos” (Londrina, doc, “Making of Satori Uso”
cor e p&b, 15min, mini- (Londrina, doc, cor,
DV>DVD, 2004), de Ro- 4 min, mini-DV>DVD,
drigo Grota 2007)
Documentário que in- Imagens de bastidores
vestiga o potencial visu- da produção do filme
al de uma cidade. Trilha “Satori Uso” feitas por
sonora original de Arrigo Leonardo Delai e Bruno
Barnabé. Primeiro filme a ser produzido pela Kinoarte. Gehring, além de ima-
Melhor Diretor na 5ª Goiânia Mostra Curtas (2005). gens de pesquisa visual feitas pelo diretor do filme, Ro-
contato: contato@kinoarte.org.br drigo Grota. Realização: Kinoarte.
contato: contato@kinoarte.org.br
“Making of Londrina em
Três Movimentos” (Lon-
drina, doc, cor, 4 min, Escola Estadual Profa Cleia Godoy F. Silva
mini-DV-DVD, 2004)
Com Arrigo Barnabé, Manhã e tarde - CURTA ESCOLA (faixa etária - alu-
Paulo Braga e equipe nos do ensino médio)
do filme.
Bastidores da primeira “Saliva”, de Esmir Filho + “Vida Maria”, de Marcio Ra-
produção da Kinoarte: mos + “Uma Vida e Outra”, de Daniel Aragão
“Londrina em Três Movimentos”. Cenas de Arrigo Bar-
nabé conduzindo as gravações da trilha sonora do “Uma Vida e Outra”
filme. Entrevista com Arrigo e Grota. Realização: Kino- (PE, fic, cor, 18 min,
arte. HDV>mini-DV, 2006), de
contato: contato@kinoarte.org.br Daniel Aragão
Com Sarah Vasconce-
“O Quinto Postulado” (Londrina, fic, cor, 15 min, mini- los, Rodrigo Riszla e Her-
DV>DVD, 2006), de Rodrigo Grota mila Guedes.
Com Gustavo Torres, Suzana Proença e Apolo Theodo- Nara está grávida. Di-
ro. zem que ela não vai ser
Um jovem. Uma garota. Uma estrada deserta. Linhas uma boa mãe, mas tudo na vida é uma questão de
paralelas. O quinto postulado de Euclides descreveu escolha. Melhor Atriz no Festival de Brasília de 2006. Se-
a intersecção de linhas em distâncias potencialmente lecionado para o Festival Internacional de Clermont-
24 TATURANA
graf Dias, Wagner Gonçalves Oliveira e Wagner Mu-
nhê
22h - Premiação
Com Antonio Maria e Wagner Munhê.
Competitiva Nacional e Competitiva Local: entrega
Na década de 50, o músico americano Booker Pittman
do prêmio de R$ 5 mil ao Melhor Filme Nacional (Júri),
viveu na cidade de Cornélio Procópio (PR), onde se
do Prêmio Francelino França de roteiro (R$ 350,00), do
apresentava em zonas de baixo meretrício e, quando
prêmio de R$ 500 ao Melhor Filme Londrinense, além
sem trabalho, pintava casas. Filme produzido a partir
dos Troféus Udihara na Competitiva Londrinense - Me-
de uma Oficina de Realização em Cinema ministrada
lhor Filme (Júri, Público), Direção, Fotografia e Roteiro.
pela Kinoarte em maio de 2007 em Cornélio Procópio.
Site: www.kinoarte.org.br
contato: contato@kinoarte.org.br Bar Valentino, R$ 6,00
22h30 - KINOBAR: Mudcracks (rock) + Lixo Extraordi-
nário (pop rock) + Discotecagem: Indião (jazz)
Lançamento do Livro “Música para Quando as Luzes
se Apagam”, de Ismael Caneppele.

Ferrand (2007). O ritmo é frenético, o mercado é informal e o cara ta


Site: www.recprodutores.com.br bombando.
contato: nara@recprodutores.com.br Site: www.cinemasoco.com.br
contato: thelmo@cinemasoco.com.br
Viação Garcia
Sala 103 do CCH, UEL, entrada franca
Das 9h às 17h - CURTA EMPRESA
Das 10h às 13h - 2a Oficina de Critica
’ - Oficinas
“Oficina Perdiz”, de Marcelo Díaz + “Paradoxo da Es- Kinoarte
pera do Ônibus”, de Christian Caselli + “O Jumento Com o crítico de cinema Luiz Carlos Oliveira Junior
Santo e a Cidade que se Acabou Antes de Começar”, (Contracampo)
de Leo D. e William Paiva + “Bem Intocado”, de Thelmo
Corrêa Das 15h às 18h - 3º Seminário de Cinema Contempo-
râneo
“Oficina Perdiz” (DF,
doc, cor, 19 min, mini- “Conto de Cinema”
DV, 2006), de Marcelo (Geuk Jang Jeon, Co-
Díaz réia do Sul/França, fic,
SCRN 708/9. Entre os cor, 89 min, 35mm>DVD,
Blocos C e D. Área pú- 2005), de Hong Sang-
blica. Brasília-DF. Perdiz soo
e a Oficina. Entre pe- Com Kim Myoeng-su,
ças mecânicas e tea- Kim Sang-kyung, Kye Se-
trais. Melhor Curta 35mm do DF no Festival de Brasília ong-Yong, Lee Ki-woo e
(2006). Uhm Ji-won.
contato: marcelo@diazul.com.br Em Seul, os caminhos de dois homens e uma mulher
se cruzam e se distanciam, em volta do amor que eles
“O Jumento Santo” sentem pelo cinema. Um estudante suicida encontra
(PE, ani, cor, 11 min, uma jovem mulher que decide segui-lo em seu gesto
DV>mini-DV, 2007), de final. Saindo de um cinema, Tongsu, um cineasta mal
Leo D. e William Paiva sucedido, observa uma jovem mulher linda, e a reco-
O sertão nunca mais nhece: ela é a atriz principal do filme a que ele acabou
será o mesmo depois de assistir. A vida deste jovem homem ecoa estranha-
que o jumento Limoeiro mente na vida do jovem homem do começo do filme.
vier à Terra para dar um Concorreu à Palma de Ouro no Festival de Cannes em
jeito na humanidade, 2005. Inédito no Brasil.
que sucumbiu à tentação do capeta. Melhor Direção, Legendas em português. Debate após a sessão com
Roteiro, Vídeo e Prêmio Especial da Crítica no CinePE Luiz Carlos Oliveira Junior (Contracampo).
2007; Menção Honrosa no Cineport 2007; e Melhor Ví- contato: luizcarlosoliveira@gmail.com
deo de Animação no FAM 2007.
contato: festivais@aeso.br

“Bem Intocado” (RS, fic, cor, 8 min, HDV>mini-DV, 2007),


de Thelmo Corrêa
Com Bruna Freitag e Juliano Barros.
TATURANA 25
DIA 5 - segunda
Concha Acústica, entrada franca
Terminal Rodoviário de Londrina (censura livre)

Das 18h à 0h - CURTA EMBARQUE 20h30 - Mostra A Céu Aberto 1


“Londrina em Três Movimentos”, de Rodrigo Grota + “Esses Moços” (BA,
“Making of Londrina em Três Movimentos” + “O Quinto fic, cor, 84 min, 35mm,
Postulado”, de Rodrigo Grota + “Satori Uso”, de Rodrigo 2007), de José Araripe
Grota + “Making of Satori Uso” Jr.
Com Inaldo Santana,
Chaeind Santos e Fla-
viana Silva.
Darlene e Daiane são
duas meninas que fogem do interior rumo a Salvador.
Lá encontram Diomedes (Inaldo Santana), um homem

DIA 6 (TERÇA)
DIA 6 - terça
Aeroporto de Londrina
ros em uma floresta perto da fronteira entre França e
Suíça. Ele tem problemas cardíacos, procura por um
Das 8h à 12h - CURTA EMBARQUE transplante, e só então parte em busca de um filho
abandonado anos atrás no Taiti. Dizendo de forma
“Londrina em Três Movimentos”, de Rodrigo Grota + elíptica, em poucas palavras, vemos um Louis amargo,
“Making of Londrina em Três Movimentos” + “O Quinto ignorando um filho que vive ao lado de quem é para
Postulado”, de Rodrigo Grota + “Satori Uso”, de Rodri- ele um pai para duas jovens crianças, uma chamada
go Grota + “Making of Satori Uso” Louis. Certa noite, ele deixa sua cama, e seu amante,
para matar um intruso; ele sonha, geralmente em vio-
Escola Interativa (Rua Ivaí, 317, Vila Nova) lência. Seu corpo irá aceitar seu coração? Seu filho irá
aceitar sua oferta? Concorreu no Festival de Veneza
de 2004 e Festival Internacional do Filme de Flanders
9h - CURTA ESCOLA (faixa etária - alunos do ensino (2004).
médio)
Legendas em português. Debate após a sessão com
Luiz Carlos Oliveira Junior (Contracampo).
“Saliva”, de Esmir Filho + “Vida Maria”, de Marcio Ra-
contato: luizcarlosoliveira@gmail.com
mos + “Uma Vida e Outra”, de Daniel Aragão

Sala 103 do CCH, UEL, entrada franca Plaenge (Canteiro de obra do Ed. Anita Malfadi -
R. Ulrico Zuinglio s/n, Gleba Palhano)
10h - Palestra: “Cinema e Filosofia”
Com o diretor de arte José Alves de Lima Aguiar (USP/ 13h - CURTA EMPRESA
Kinoarte)
contato: aguiar80@gmail.com “Oficina Perdiz”, de Marcelo Díaz + “Paradoxo da Es-
pera do Ônibus” (RJ), de Christian Caselli + “O Jumento
Santo”, de Leo D. e William Paiva + “Bem Intocado”, de
Das 11h30 às 13h - Palestra “Debate: Fotografia Thelmo Corrêa
em Cena”
Com o diretor de fotografia Anderson Craveiro (Uno-
par/Kinoarte)
contato: anderson.craveiro1@unopar.br

Das 15h às 18h - 3o Seminário de Cinema Con-


temporâneo
“O Intruso” (L’Intrus,
França, fic, cor, 130min,
35mm, 2004), de Claire
Denis
Com Michel Subor, Gré-
goire Colin, Yekaterina
Golubeva, Bambou e
Florence Loiret.
Louis Trebor, um homem
beirando os 70 anos, vive sozinho com os seus cachor-
26 TATURANA
de idade que perdeu a memória e vive nas ruas. Jun-
tos eles passam a explorar a cidade, formando uma
espécie de família informal.
Site: www.essesmocos.blogspot.com
contato: joseararipejr@uol.com.br

UEL, Unopar e Metropolitana/IESB, entrada franca


(censura livre)

20h50 - CURTA O INTERVALO (faixa etária - alu-


nos do ensino superior)

“Satori Uso”, de Rodrigo Grota + “Saliva”, de Esmir Filho


+ “Alphaville 2007 D.C.”, de Paulo Caruso + “Vida Ma-
ria”, de Marcio Ramos + “Um Ramo”, de Marco Dutra
e Juliana Rojas

Colégio Estadual Ana Molina Garcia (R. Rosa Concha Acústica, entrada franca
(censura livre)
Branca, 200, Vila Ricardo)
20h30 - Mostra A Céu
Intervalo à tarde e à noite - CURTA ESCOLA (fai-
xa etária - alunos do ensino médio) Aberto 2

“Saliva”, de Esmir Filho + “Vida Maria”, de Marcio Ra- “Santiago” (RJ, doc,
mos + “Uma Vida e Outra”, de Daniel Aragão cor e p&b, 80 min,
16mm>DVD, 1992-2007),
de João Moreira Salles
Plaenge “Santiago” é um do-
cumentário sobre um filme inacabado. Santiago era
17h - CURTA EMPRESA mordomo da casa onde o diretor cresceu e era um
homem de vasta cultura e memória prodigiosa, cujas
“Oficina Perdiz”, de Marcelo Díaz + “Paradoxo da Es- idiossincrasias deixaram profundas lembranças na fa-
pera do Ônibus”, de Christian Caselli + “O Jumento mília. Anos atrás, o diretor tentou fazer um filme sobre
Santo”, de Leo D. e William Paiva + “Bem Intocado”, ele, mas não conseguiu. Agora ele retoma o filme em
de Thelmo Corrêa busca das razões que o fizeram falhar. Santiago é um
filme sobre memória, identidade e a própria natureza
do documentário. O filme ganhou prêmio de melhor
Terminal Rodoviário de Londrina documentário no Festival de Alba, na Itália; e no Festi-
Das 18h à 0h - CURTA EMBARQUE val Du Réel, em Paris, em 2007.
contato: isabel@videofilmes.com.br
“Londrina em Três Movimentos”, de Rodrigo Grota +
“Making of Londrina em Três Movimentos” + “O Quin- UEL, Unopar e Metropolitana/IESB, entrada franca
to Postulado”, de Rodrigo Grota + “Satori Uso”, de
Rodrigo Grota + “Making of Satori Uso” (censura livre)

20h50 - CURTA O INTERVALO


(faixa etária - alunos do ensino superior)

“Satori Uso”, de Rodrigo Grota + “Saliva”, de Esmir Filho


+ “Alphaville 2007 D.C.”, de Paulo Caruso + “Vida Ma-
ria”, de Marcio Ramos + “Um Ramo”, de Marco Dutra
e Juliana Rojas

Vila Cultural Cemitério de Automóveis, R$ 4,00


23h - KINOBAR - Especial Lenine Ao Vivo + Discote-
cagem: Rodolfo Arruda + Zé Nietzsche (jazz)

TATURANA 27
DIA 7 (QUARTA)
DIA 7 - quarta
Professora Maria José Balzanelo Aguilera (R. Tar-
Das 15h às 18h - 3o Seminário de Cinema Con-
cisa Kikuti, 56 Cj. Cafezal IV)
temporâneo
Manhã, tarde e noite - CURTA ESCOLA (faixa “Blissfully Yours” (Sud
etária - alunos do ensino médio) Sanaeha, Tailândia/
França, fic, cor, 125 min,
“Saliva”, de Esmir Filho + “Vida Maria”, de Marcio Ra- 35mm>DVD, 2002), de
mos + “Uma Vida e Outra”, de Daniel Aragão Apichatpong Weerase-
thakul
Com Kanokporn Tonga-
IAPAR (Rod. Celso Garcia Cid s/n) ram, Min Oo e Jenjira
Jansuda.
12h, 12h30 e às 13h - CURTA EMPRESA A história de um romance que começa durante um
piquenique na fronteira da Tailândia. Melhor Filme na
“Londrina em Três Movimentos”, de Rodrigo Grota + Mostra “Um Certo Olhar” do Festival de Cannes (2002),
“O Quinto Postulado”, de Rodrigo Grota + “Bem Into- no Festival Internacional de Roterdã (2003), no Festival
cado”, de Thelmo Corrêa Internacional de Singapura (2003), e no Thessaloniki
Film Festival (2002); Melhor Diretor e Prêmio Fipresci no
Bafici (2003).
Sala 102 do CCH, UEL, entrada franca Legendas em português. Debate após a sessão com
Luiz Carlos Oliveira Junior (Contracampo).
contato: luizcarlosoliveira@gmail.com
Das 10h às 13h - 2a Oficina de Critica
’ - Oficinas
Kinoarte
Com o crítico de cinema Luiz Carlos Oliveira Junior
(Contracampo)

DIA
DIA 8 - quinta
8 (QUINTA)
Colégo Estadual São José (Rua dos Eucaliptos) primeiro diretor de um filme de ficção no Paraná. “Lon-
drina 1959” foi transformado em DVD pela Kinoarte.
contato: contato@kinoarte.org.br
Manhã e Tarde - CURTA ESCOLA (faixa etária -
alunos do ensino médio)
Das 15h às 18h - 3o Seminário de Cinema Con-
“Saliva”, de Esmir Filho + “Vida Maria”, de Marcio Ra- temporâneo
mos + “Uma Vida e Outra”, de Daniel Aragão
“Adeus, Dragon-Inn” (Bu
San, Taiwan, fic, cor, 82
Sala de eventos do CCH, UEL, entrada franca min, 35mm>DVD, 2003),
de Tsai Ming-liang
Com Lee Kang-Sheng,
Das 10h às 12h - Palestra “Cinema e Memória” Chen Shiang-Chyi, Mi-
tamura Kiyonobu, Miao
Exibição dos filmes “Londrina 1959”, de Orlando Vicen-
Tien, Shih Chun, Yang
tini e “Londrina em Três Movimentos”, de Rodrigo Grota
Kuei-Mei, Chen Chao-
- debate com o jornalista e historiador Widson Schwartz,
Jung e Lee Yi-Cheng.
e com o historiador José Miguel Arias Neto
Na última noite antes de um velho cinema fechar, uma
jovem japonesa corre para o cinema, mesmo apesar
“Londrina 1959” (Londrina, doc, cor, 19 min, 16mm>DVD,
da chuva. O cinema parece deserto, sem vida. Mas,
1959), de Orlando Vicentini
no entanto, há algumas pessoas, algumas talvez não
Documentário dirigido pelo pioneiro Orlando Vicentini.
sejam pessoas... Uma arrumadora coxa e um jovem
O filme mostra imagens fantásticas de Londrina em seu
projecionista trabalham no cinema, mas nunca se en-
apogeu, com imensas plantações de cafés, e o con-
contraram. Todos os dias, até à última noite, a arruma-
junto arquitetônico do centro já consolidado, incluin-
dora procura o projecionista na cabine de projeção,
do as construções modernistas de Vilanova Artigas e
mas ele nunca está. Ela olha uma última vez e conti-
outros pontos hoje históricos na cidade. Vicentini foi o
28 TATURANA
Aeroporto de Londrina sa por meio de dese-
nhos. A arte de Moacir
expressa sensualidade
Das 18h à 20h - CURTA EMBARQUE e erotismo, mesclando
seres humanos, animais,
“Londrina em Três Movimentos”, de Rodrigo Grota + plantas, figuras satâni-
“Making of Londrina em Três Movimentos” + “O Quinto cas e místicas. Rece-
Postulado”, de Rodrigo Grota + “Satori Uso”, de Rodrigo beu uma indicação ao
Grota + “Making of Satori Uso” Grande Prêmio Cinema
Brasil de Melhor Documentário.
Terminal Rodoviário de Londrina contato: republicapureza@terra.com.br

UEL, Unopar e Metropolitana/IESB, entrada franca


Das 18h à 0h - CURTA EMBARQUE (censura livre)

“Londrina em Três Movimentos”, de Rodrigo Grota +


“Making of Londrina em Três Movimentos” + “O Quinto 20h50 - CURTA O INTERVALO
Postulado”, de Rodrigo Grota + “Satori Uso”, de Rodrigo (faixa etária - alunos do ensino superior)
Grota + “Making of Satori Uso”
“Satori Uso”, de Rodrigo Grota + “Saliva”, de Esmir Filho
20h30 - Concha Acústica, entrada franca + “Alphaville 2007 D.C.”, de Paulo Caruso + “Vida Ma-
(censura livre) ria”, de Marcio Ramos + “Um Ramo”, de Marco Dutra
e Juliana Rojas

20h30 - Mostra A Céu Aberto 3


Vila Cultural Cemitério de Automóveis, R$ 3,00
“Moacir Arte Bruta” (RJ, doc, p&b, 72 min, 35mm, 2005), 23h - KINOBAR - Noite de Choro + Discotecagem:
de Walter Carvalho Bocão (salsasambagroove)
Há 15 anos Moacir foi descoberto por Walter Carvalho,
em uma de suas viagens pelo interior do Brasil. Negro,
com problemas de audição, fala e formação óssea,
Moacir tem 42 anos e desde os sete anos se expres-

nua à sua procura pelos corredores da sala de cinema Sonkey (R. Souza Naves, 9, Centro)
labiríntica. Mas continua sem o encontrar. Quando o
filme termina, as pessoas saem e a porta fecha-se...
Mas o jovem projecionista repara que a arrumadora se Das 11h às 13h - CURTA EMPRESA
esqueceu do termo da comida, por isso resolve ir à sua
procura... Antes da sessão terminar, na tela gigante é “Oficina Perdiz”, de Marcelo Díaz + “Paradoxo da Es-
projetado um filme de há 36 anos chamado “Dragon pera do Ônibus”, de Christian Caselli + “O Jumento
Inn”. Um jovem japonês que veio até ao cinema à pro- Santo”, de Leo D. e William Paiva + “Bem Intocado”, de
cura de outros homossexuais choca com alguém que Thelmo Corrêa
se parece imenso com o espadachim da telona. No
entanto, agora são velhos, sentados na sala escura e
vazia, olhando o seu próprio filme. Choram... Serão re-
Terminal Rodoviário de Londrina
ais ou apenas espíritos que não querem partir? Prêmio
Fipresci no Festival de Veneza (2003); Prêmio Especial Das 18h à 0h - CURTA EMBARQUE
do Júri e Melhor Atriz (para Yang Kuei-Mei) no Asia-
Pacific Film Festival (2003); Placa de Ouro no Chicago “Londrina em Três Movimentos”, de Rodrigo Grota +
International Film Festival (2003); Melhor Montagem e “Making of Londrina em Três Movimentos” + “O Quinto
Filme do Ano de Taiwan no Golden Horse Film Festival Postulado”, de Rodrigo Grota + “Satori Uso”, de Rodrigo
(2003); Prêmio Especial do Júri no Festival Internacional Grota + “Making of Satori Uso”
de Filme do Hawaii (2003); Tulipa de Ouro no Festival
Internacional do Filme de Istambul (2004); Prêmio da
Cidade de Nantes e Prêmio do Público Jovem no Festi- Aeroporto de Londrina
val dos Três Continentes de Nantes (2003).
Legendas em português. Debate após a sessão com
Luiz Carlos Oliveira Junior (Contracampo).
contato: luizcarlosoliveira@gmail.com

TATURANA 29
DIA 8 - quinta
Das 19h à 21h - CURTA EMBARQUE “Maria Bethânia - Pe-
drinha de Aruanda”
“Londrina em Três Movimentos”, de Rodrigo Grota + (RJ, doc, cor, 61 min,
“Making of Londrina em Três Movimentos” + “O Quinto 35mm>DVD, 2007), de
Postulado”, de Rodrigo Grota + “Satori Uso”, de Rodrigo Andrucha Waddington
Grota + “Making of Satori Uso” Com Maria Bethânia,
Caetano Veloso, Dona
Canô e Jaime Alem.
Concha Acústica, entrada franca A intimidade de Maria Bethânia a partir da comemo-
(censura livre) ração de seu aniversário de 60 anos, celebrado duran-
te uma apresentação em Salvador e numa missa em
Santo Amaro, sua cidade natal, em 2006. Orçado em
20h30 - Mostra A Céu Aberto 4 R$ 400 mil, o filme foi rodado em apenas quatro dias.
Foi a própria Bethânia quem convidou Waddington a

DIA 9 (SEXTA)
DIA 9 - quinta
Colégio Pontual (Rua Tupi, 455 - Centro) Cooperativa Integrada (R. São Jerônimo, 200,
Manhã apartir das 10h - CURTA ESCOLA Centro)

“Saliva”, de Esmir Filho + “Vida Maria”, de Marcio Ra- 17h30 - CURTA EMPRESA
mos + “Uma Vida e Outra”, de Daniel Aragão
“Satori Uso”, de Rodrigo Grota
Sala 102 do CCH, UEL, entrada franca
Terminal Rodoviário de Londrina
Das 10h às 13h - 2a Oficina de Critica
’ - Oficinas
Kinoarte. Das 18h à 0h - CURTA EMBARQUE
Com o crítico de cinema Luiz Carlos Oliveira Junior
“Londrina em Três Movimentos”, de Rodrigo Grota +
(Contracampo)
“Making of Londrina em Três Movimentos” + “O Quinto
Postulado”, de Rodrigo Grota + “Satori Uso”, de Rodrigo
Das 15h às 18h - 3o Seminário de Cinema Con- Grota + “Making of Satori Uso”
temporâneo
“Onde jaz o teu sorri-
Aeroporto de Londrina
so?” (Portugal/França,
doc, cor e p&b, 104 Das 18h à 20h - CURTA EMBARQUE
min, DV>DVD, 2003),
de Pedro Costa “Londrina em Três Movimentos”, de Rodrigo Grota +
Com Danièle Huillet e “Making of Londrina em Três Movimentos” + “O Quinto
Jean-Marie Straub. Postulado”, de Rodrigo Grota + “Satori Uso”, de Rodrigo
Enquanto Danièle Huil- Grota + “Making of Satori Uso”
let e Jean-Marie Straub
procedem à montagem da terceira versão de “Gen-
te de Sicília”, o cineasta português Pedro Costa filma
Concha Acústica, entrada franca,
uma “comédia de remontagem”. Por detrás da sua (censura livre)
paciência no trabalho, terna e violenta, os dois cine-
astas revelam uma certa idéia do cinema, do seu ci-
nema e da sua vida conjugal, da vida conjugal, muito
20h30 - Mostra A Céu Aberto 5
simplesmente. Pedro Costa conduz-nos ao centro do
“Saneamento Básico, o Filme” (RS, fic, cor, 112 min,
próprio cinema, numa viagem espaço-temporal úni-
35mm, 2007), de Jorge
ca. Oferece ao cinéfilo o presente mais belo com que
Furtado
pode sonhar: participar do interior no ato de criação
Com Fernanda Torres,
cinematográfica. Para o cineasta franco-suíço Jean-
Wagner Moura, Camila
Luc Godard, trata-se do “melhor filme que alguma
Pitanga, Bruno Garcia,
vez se fez acerca do cinema e da montagem. Um
Lázaro Ramos, Janaína
filme muito belo”.
Kremer, Tonico Pereira
Legendas em português. Debate após a sessão com
e Paulo José.
Luiz Carlos Oliveira Junior (Contracampo).
Os moradores de Linha
contato: luizcarlosoliveira@gmail.com
Cristal, uma pequena vila de descendentes de colo-
nos italianos localizada na serra gaúcha, reúnem-se
30 TATURANA
registrar os festejos de seu aniversário de 60 anos. O “Satori Uso”, de Rodrigo Grota + “Saliva”, de Esmir Filho
convite ocorreu apenas um dia antes do show, o que + “Alphaville 2007 D.C.”, de Paulo Caruso + “Vida Ma-
fez com que fosse necessário fechar uma equipe de ria”, de Marcio Ramos + “Um Ramo”, de Marco Dutra
filmagem às pressas. e Juliana Rojas
contato: nina.ribeiro@conspira.com.br
Vila Cultural Cemitério de Automóveis, R$ 3,00
UEL, Unopar e Metropolitana/IESB, entrada franca 23h - KINOBAR - chá de chocalho (forró) + disco-
(censura livre) tecagem: marias do bairro (bru, ki e lau - rock, eletrô-
nico)
20h50 - CURTA O INTERVALO
(faixa etária - alunos do ensino superior)

para tomar providências a respeito da construção de uma fossa


para o tratamento do esgoto. Eles elegem uma comissão, que é
responsável por fazer o pedido junto à sub-prefeitura. A secretária
da prefeitura reconhece a necessidade da obra, mas informa que
não terá verba para realizá-la até o final do ano. Entretanto, a pre-
feitura dispõe de quase R$ 10 mil para a produção de um vídeo.
Este dinheiro foi dado pelo governo federal e, se não for usado,
será devolvido em breve. Surge então a idéia de usar a quantia
para realizar a obra e rodar um vídeo sobre a própria obra, que
teria o apoio da prefeitura. Porém a retirada da quantia depende
da apresentação de um roteiro e de um projeto do vídeo, além de
haver a exigência que ele seja de ficção. Desta forma os morado-
res se reúnem para elaborar um filme, que seria estrelado por um
mostro que vive nas obras de construção de uma fossa.
contato: distribuidora@casacinepoa.com.br

UEL, Unopar e Metropolitana/IESB, entrada franca


(censura livre)

20h50 - CURTA O INTERVALO (faixa etária - alunos do ensino


superior)

“Satori Uso”, de Rodrigo Grota + “Saliva”, de Esmir Filho + “Alphavil-


le 2007 D.C.”, de Paulo Caruso + “Vida Maria”, de Marcio Ramos +
“Um Ramo”, de Marco Dutra e Juliana Rojas

Colégio Estadual Vicente Rijo (Av. Juscelino Kubitscheck,


2372, Centro)

Das 21h às 21h15 - CURTA ESCOLA (faixa etária - alunos do


ensino médio)

“Saliva”, de Esmir Filho + “Vida Maria”, de Marcio Ramos + “Uma


Vida e Outra”, de Daniel Aragão

Vila Cultural Cemitério de Automóveis, R$ 4,00


23h - KINOBAR
samba de zambe + discotecagem: Bruno Gehring

TATURANA 31
Bruno Gehring, produtor Felipe Augusto (Imaje)
Guilherme Gerais
_Júri (Competitiva Nacional) Fernando Henrique C. Rodella
Beth Sá Freire Marcelo Donizete da Silva
Diretora-adjunta do Festival In- Márcio Beluzo Ferreira
ternacional de Curtas Metragens Milena Miyuki Takano
de São Paulo desde 1997; co- Nádia Assae Matsumura
laboradora oficial da Semana da Natália Turini
Crítica do Festival de Cannes e do Viviane Fujita
Festival de Curtas de Oberhausen.
Participou como membro do Júri Patrocínio
Realização de diversos festivais, como Berlim,
Kinoarte – Instituto de Cinema e Toronto, Drama (Grécia), Bilbao e
Vídeo de Londrina ShortShorts (Japão).
Carlos Eduardo Lourenço Jorge
_Coordenação Crítico de Cinema da Folha de
Curadoria Londrina; Chefe da Divisão de Cin-
Rodrigo Grota ema e Vídeo da Casa de Cultura
Produção Executiva da Universidade Estadual de Lon-
Bruno Gehring drina; e mediador dos debates do
Produção Logística Festival de Cinema de Gramado.
Argel Medeiros Realiza coberturas dos Festivais de
Administração Cannes e Veneza desde 1996.
Guilherme Peraro Marina Glezer
Atriz argentina. De 2002 para cá,
Coordenador de Exibição trabalhou em dez longas-metra-
Anderson Craveiro gens, entre os quais se destacam
“Roma”, “Diários de Motocicleta”,
Assistentes de Produção “Valentin” e “Lãs Vidas Posibles”.
Artur Ianckievicz Com “El Polaquito”, recebeu os
Eduardo Kimura prêmios de Melhor Atriz em Mon-
Evelyssa Sanches treal (2003) e da Associação de
Críticos Argentinos (2004).
Cerimonial
Nádia Val _Júri (Competitiva Londrinense)
Edu Reginato, produtor do progra-
_Assessoria de Imprensa ma Re[corte] Cultural da TVE Brasil; Apoio Cultural
Coordenação Rafael Urban, organizador do Putz Plaenge
Rodrigo Grota – Festival Universitário de Cinema e Grupo Paulo Pimentel
Assistentes Vídeo; Divisão de Cinema e Vídeo da
Amanda Mont’alvão Tatiana Monassa, crítica de cin- Casa de Cultura da UEL
André Simões ema e editora da Contracampo CDPH/UEL
Viação Garcia
_Making of Troféu Udihara Site Curta o Curta
Coordenação Gabriela Canale Revista Contracampo
Anderson Craveiro Restaurante La Francine’s
Rodrigo Grota _1º Prêmio Francelino França Vila Cultural Cemitério de Au-
Assistentes Comissão julgadora tomóveis
Amanda Mont’alvão Artur Ianckievicz, roteirista Tecway
Guilherme Gerais José de Aguiar, diretor de arte Cedro Hotel
Mabel Gomes, produtora Posto Petroband
Estagiários de Produção Rodolfo Arruda, escritor Projeto Cinema e Vídeo na Escola
Alessandra Moura do curso de Artes Visuais - Multimí-
Amanda Coelho _3º Seminário de Cinema Contem- dia da Unopar
Bruna Haddad porâneo Kinopus
Patrícia Custódio Curadoria
Luiz Carlos Oliveira Junior Apoio Institucional
_Design Tradução Avec – Associação de Cinema e
Coordenação Artur Ianckievicz Vídeo do Paraná
Guilherme Baracat CTAV – Centro Técnico Audiovisual
Assistentes _2ª Oficina de Crítica
Felipe Augusto (Imaje) Coordenação Contato
Renata Abelin Luiz Carlos Oliveira Junior contato@kinoarte.org.br
Samuel Rodrigues Assistente contato@mostralondrinadecinema.com
Artur Ianckievicz
_Site
Design
Guilherme Baracat _Curta Embarque
Programação _Curta Empresa
Ricardo Ramos _Curta Escola ESPAÇO KINOARTE
_Curta o Intervalo Avenida Jorge Casoni, 2355,
Vinheta da Mostra Coordenação Centro, CEP 86010-250
Guilherme Baracat Argel Medeiros e Bruno Gehring Londrina, PR
Assistentes 43 3323 8739
_Competitiva Nacional e Londri- Eduardo Kimura e Evelyssa Sanches 43 9902 2669
nense Estagiários 43 9959 1476
Comissão de Seleção Alessandra Moura 43 9954 8308
Anderson Craveiro, diretor de Amanda Coelho www.kinoarte.org.br
fotografia Arthur Moreno Milan Parreira msn: kinoarte@hotmail.com
Artur Ianckievicz, roteirista Bruna Haddad
32 TATURANA
As Crianças de TR
UF
FA
UT
Texto: André Simões
Ilustração: Renata Abelin

Podem até me chamar de ranzinza – seria complicado negá-lo –, mas, neste caso, acho
difícil alguém conseguir mudar minha opinião: não suporto “manifestações artísticas” infantis.
Esforço-me no momento, mas não consigo pensar em algo mais desagradável e constrangedor
do que corais com crianças. Os próprios pais delas, que trataram de enfiá-las na cantoria à força, são sinto-
máticos da aflição: na hora, ficam até emocionados, chegam a gravar as imagens; depois, convenientemente,
esquecem a fita, e quando a resgatam, muitos anos depois, é para encorajar as crias com pérolas do tipo “Como você
era ridícula, filhinha, agora você já é gente, cresceu”.
Os teatros infantis de fim de ano, nas escolinhas, feitos sempre com boa vontade, mas invariavelmente detes-
táveis, são a mesma coisa: criança nenhuma gosta de se ver coagida a fazer aquilo, mas papai-mamãe passam instantes de
êxtase vibrando com a interpretação incrivelmente expressiva do filhote, vestido de cachorrinho – até descobrir, ao fim da
apresentação, que na verdade ele era o leãozinho.
E aí podem se arrolar muitos e vários casos análogos: a menininha bailarina que mal consegue se equilibrar, o
fedelho fazendo vezes de mágico sem nem sequer conseguir segurar o baralho, os pequenos mestres da pintura praticando
um abstracionismo de fazer inveja a Miró – tudo singelamente medonho.
Não pensem, por favor, que meu libelo vem de ódio injustificado à infância, ou de algum trauma mal resolvido na
tenra idade. Pelo contrário, isento os pequenos de culpa: as crianças artistas são horrorosas justamente porque sempre assesso-
radas, cercadas, coreografadas por algum adulto “experiente”. É colocar os pirralhos indefesos a serviço de recalques antigos.
Com boa vontade, até entendo nesses adultos a vontade de
celebrar uma fase perdida. Talvez apenas lhes fuja à percepção que im-
pondo regras e limites para manifestações das crianças, sistematizando
uma criatividade que é bela justamente porque anárquica, consegue-
se o efeito contrário: é perdida – mais do que isso, ridicularizada – a
espontaneidade infantil.
Mas devo reconhecer uma honrosa exceção – dizem que a
exceção confirma a regra, quem sou eu para contestar. O trabalho de
François Truffaut na direção de atores mirins é belíssimo e só dignifica
a infância.
As crianças nos filmes de Truffaut não estão lá para seduzir
o espectador, não são a encarnação da pureza, não ganham ares falsos
de maturidade, não se parecem com cães bem-adestrados. As crianças
nos filmes de Truffaut são, ora!, crianças, e é por isso que aparecem tão
bem. O porquê é simples de perceber.
Como o diretor francês consegue extrair tanta sinceridade e
leveza das interpretações infantis é outra história, mais complicada –
cabem apenas especulações. E se incorrer no biografismo para analisar
obras de arte é sempre um risco, o perigo é menor quando o próprio
autor faz questão de deixar tão clara essa faceta de seu trabalho.
Como o diretor francês consegue extrair tanta sinceridade
O pequeno François e leveza das interpretações infantis é outra história, mais complica-
O pequeno François

TATURANA 35
33
da – cabem apenas especulações. E se incorrer no biografismo Naturalidade é um valor essencial. Naquela que é
para analisar obras de arte é sempre um risco, o perigo é menor provavelmente a cena mais famosa de “Os Incompreendidos”,
quando o próprio autor faz questão de deixarUm garoto que não a entrevista de Doinel com a psicóloga da prisão para menores,
aceita a ordem e a hierarquia, sendo expulso de diversas escolas Truffaut prescindiu de roteiro: sugerindo temas relacionados
por onde passa; que tem uma mãe que o atrai e lhe é negligente a sexo, família e culpa, rodou com câmera fixa as respostas
na mesma medida; que descobre, ao mexer em antigos diários, improvisadas de Jean-Pierre Léaud, o ator na pele do perso-
que, apesar de seu pai tê-lo assumido como filho, na verdade é nagem. Quando viu o resultado, achou tão bom que percebeu
fruto de um caso de sua mãe com outro homem; que tem na li- não precisar de contraplano para as perguntas da terapeuta,
teratura e no cinema seus refúgios preferidos; que, por fim, acaba nunca vista no filme. Simples e aterrador.
se envolvendo em pequenos furtos e é detido numa instituição Outro grande achado de Truffaut foi fugir do mani-
para menores delinqüentes. queísmo. Embora altamente carismático, o protagonista men-
Toda essa descrição cabe perfeitamente tanto para te, rouba, é cruel – e é uma criança! Os pais de Antoine, os
François Truffaut quanto para Antoine Doinel, personagem do antagonistas mais claros no filme, embora explicitamente in-
primeiro longa--metra- dolentes e egoístas, são
gem do cineasta, “Os In- capazes de gestos nobres
compreendidos”, de 1959. e simpáticos.
A infância aci- Nem todos
dentada de Truffaut com concordaram com essa
certeza o auxiliou na visão, é justo dizer. En-
composição marcante de quanto seu Antoine
sua criação. O risco seria Doinel o conduzia à gló-
a desgraceira de sua ju- ria profissional, despon-
ventude descambar num tando a nouvelle vague
filme com os apelos fáceis do cinema francês e lhe
do melodrama. trazendo, com apenas 27
Felizmente, não anos, o prêmio de me-
é isso o que se vê. As pró- lhor diretor no Festival
prias palavras de Truffaut de Cannes, a criação lhe
são significativas: pergun- trazia mais problemas
tado em entrevista se real- familiares: os pais de
mente teve uma infância Truffaut, horrorizados
triste, o diretor replica com seus retratos na pe-
curto, “Não. Tive a de An- lícula, recusaram-se, por
toine, de ‘Os Incompreen- anos, a dirigir palavra ao
didos’”. filho.
Truffaut: "Tive a infância de Antoine Doinel"
A resposta pode Para azar de
causar certa estranheza, pois ficam do filme com mais força, papai e mamãe Truffaut, o personagem Antoine Doinel se
reforçadas pelo final desolador, as passagens pungentes – e até tornou célebre, revolucionando a caracterização da infância no
mesmo chocantes –, como Doinel sendo trancafiado com putas cinema e atingindo sucesso tal que daria margem a quatro (!)
numa mesma cela, ou apanhando na frente de todos seus cole- seqüências para “Os Incompreendidos”, mostrando o amadu-
gas de classe quando seu pai descobre a mentirazinha à-toa que recimento de Antoine e seu intérprete de sempre, Jean-Pierre
contara a um professor para justificar uma falta: o garoto havia Léaud.
inventado a morte da mãe (e eis outro trecho autobiográfico). O curioso é notar que Truffaut conseguiu extrair
Mas não se podem desprezar as seqüências amenas e tanto de Jean-Pierre em seu primeiro filme que, conforme
engraçadas, doadoras de fluidez à obra: entre vários exemplos vai crescendo, o ator vai ficando mais canastra – e a série vai
possíveis, memorável é a operação coletiva montada pelos ga- tendendo à comédia. É a misteriosa magia do diretor com as
rotos da classe para destruir os óculos novos do nerd da turma. crianças, jamais igualada na sétima arte.
Também tocante é a cena em que, depois de mais uma briga com Faz-se necessário ressalvar que os títulos da pentalo-
Doinel, pai e mãe resolvem arrefecer os ânimos levando o garoto gia Doinel nunca são inferiores a muito bom, todos altamente
ao cinema – e todos se divertem. recomendáveis.
Equilibrando alegria e tristeza, Truffaut consegue um Se a mais notória representação da infância por
retrato mais realista da infância. E se mais realista, necessaria- Truffaut está mesmo no ciclo estrelado por Jean-Pierre Léaud,
mente mais comovente. Não se mostra a fase como o paraíso de não deixa de haver vários outros títulos ilustrativos da maestria
inocência e alegria, mas também não há a vitimização simplista com que o diretor conduz as crianças em seu set de filmagem.
do personagem como “criança triste”.

34 TATURANA
consegue, de maneira quase heróica dada a natureza do en-
redo, fugir do piegas. De quebra, seria o primeiro sucesso
do diretor no mercado norte-americano, para a ira de seu
antípoda Godard.
Por fim, já na fase derradeira de seu trabalho, há
“Na Idade da Inocência” (1976), este inteiramente dedica-
do às crianças e construído de maneira quase pueril: várias
sketches sem ligação umas com as outras, dedicadas a mos-
trar o comportamento caótico, divertido e belo do
mundo infantil. Para identificação dos
numerosos personagens, Truffaut
os fez usar a mesma roupa
durante todo o filme, à ma-
neira das histórias em qua-
drinhos. A interação entre
Espontaneidade e leveza na atuação das crianças
forma e conteúdo torna o
resultado delicioso.
Vêm-me de cabeça alguns exemplos:
Em seu hitchcockiano “A Noiva Estava de Preto”, de 1967, Há mais passa-
Jeanne Moreau vive uma mulher que, tendo seu noivo morto às gens infantis nos filmes de
vésperas do casamento, decide se vingar dos responsáveis, assas- Truffaut, mas essas são as
sinando-os um por um – qualquer semelhança com Tarantino e que me mais me chamam
seu “Kill Bill” está longe de mera coincidência. Quando está já no a atenção. É pouco e já é o
segundo ou terceiro da lista de execuções, a Noiva se faz passar bastante. Com a uniquíssima
por professora do filho da vítima, para poder entrar em sua casa. exceção de sua obra, crianças,
O menino, ingênuo, não consegue manifestar que aquela é uma para mim, só têm a chance de
perfeita desconhecida. Daí surge a tensão. ser minimamente agradáveis
Enquanto o pai está babando com os encantos da bem longe de palcos, platéias,
professora tão voluntariosa, esta brinca de esconde-escon- câmeras, estúdios.
de com seu filho pela casa, conquistando-o e afastando de
vez a possibilidade de delação. Tudo é filmado da maneira Até que eu tenha um
mais ingênua imaginável: o espectador mal consegue acre- filho e o matricule num coral.
ditar que aquela mulher, brincando tão franca e gostosa-
mente com a criancinha, está prestes a matar-lhe o pai. A
cena é secundária para a trama, mas me parece a mais ele-
gante do filme – salta aos olhos o contraponto da frieza
assassina com o uso da graça infantil, que Truffaut
domina à perfeição.
Também não se pode esque-
cer de “O Garoto Selvagem” (1970),
no qual o diretor correu risco du-
plo de canastrice eternizada na
tela. É a clássica história do ga-
roto criado na selva que, lá pela
altura dos dez anos, deve voltar
a viver na sociedade. Que ator
mirim daria conta do recado sem
cair no ridículo? Truffaut achou que
conseguiria guiar uma criança na atu-
ação, mas, para tanto, deveria ele mesmo
contracenar com ela – e assim se iniciou na
difícil lida de intérprete.
Pois ambos se saíram muito bem – os préstimos
de Truffaut como ator foram afiançados por Steven Spielberg,
que o convidou para atuar em seu “Contatos Imediatos de Ter-
ceiro Grau”. “O Garoto Selvagem” é, sim, simples e didático, mas

TATURANA 35
O fotógrafo “lavrador de imagens” – pioneiro de Londrina, autor de experimentos agrícolas,
querido por todos e pai de nove filhos – registrou a cidade em aproximadamente 20 mil negativos. Em
2008, a Kinoarte irá produzir um filme inspirado em sua obra: “Pausa para a Neblina”

Texto: Inara Chayamiti


Arte Seqüencial: Samuel Rodrigues

Rua São Jerônimo, 81: um casarão vermelho-terra com um jardim de plantas brancas. Ele é de 1950, mas hoje tem
portão eletrônico. Surge Saulo, neto de Haruo Ohara e guardião de tanta história que até se perde a conta.

As antigüidades estão por todas as partes do sobrado: são câmeras fotográficas nos cantos, nas paredes, instru-
mentos de lavoura, álbuns, diários, malas, revistas de fotografia, livros em nihon-go (japonês), vinis, quadros, brinquedos, a
carcaça de uma cobra e de um tatu, e por aí vai . A história não cabe nos objetos, ela transborda guardada dentro de si. Os 64
álbuns começam em 1933 e vão até 1994. As primeiras fotografias foram tiradas com uma câmera que Haruo Ohara consi-
derava “de brinquedo” e que nem existe mais. A primeira câmera foi, na verdade, a segunda, uma Ikonta 6x9.

Sua obra tem enorme valor histórico. Para o fotógrafo e curador Orlando Azevedo, ele é “o grande retrato da pre-
sença japonesa no Brasil, a soma e a síntese”. Contudo, “Haruo Ohara está muito além do fotodocumentarismo. Sua mul-
tiplicidade e sua elegância estética perturbam e emocionam”, ressalta ele, que também é organizador do livro de fotografias
com previsão de lançamento para 2008, no centenário japonês, e de uma mostra nacional e internacional, pois deve chegar
ao Japão.

As fotos não são simplesmente escritas pela luz, pois quem conduz a luz é Haruo. Assim, elas registram não só o
que se vê, mas também guardam sentimentos e idéias. Não são meros índices da realidade, pois a transcendem. Por serem
profundas, suas fotografias são universais e atemporais: “Ele sempre vinha perguntar pra gente: o que é que tem por trás das
imagens?”, lembra Ciro, seu oitavo filho, que, por isso, já nasceu com a biblioteca completa. “Acho que a gente não tinha capa-

38
36 TATURANA
foto: Haruo Ohara

cidade de olhar mais longe. Ele era uma pessoa Dedicou-se não só à fotografia,
que sentia e enxergava de uma maneira muito como também à terra. Ele gostava de estu-
elevada”, considera Tomoko, sua filha mais ve- dar, de se aprofundar nos assuntos, “era um
lha, que ele levava ao cinema, mas tendo assis- cara estudioso, autodidata”, afirma Ciro. Ele
tido ao filme antes para ver se era bom, até os importava livros do Japão sobre plantio, fazia
de Akira Kurosawa, seu diretor favorito. “A obra diversas experiências de enxerto. Algodão do
dele é a vida dele. Ele não fazia nada por enco- campo (Cochlospermun regium), Quares-
menda. Tanto é que são fotos íntimas”, resume meira (Tipouchina semicandra) – são legen-
Saulo, que ganhou, aos nove anos, uma câmera das de fotografias floridas. O filho conta que,
fotográfica do avô e viu todo o seu acervo. de 1933 a 1950, o pai lavrou, mas que depois
disso, administrou. A família mudou para a
Por querer dizer mais, Haruo era ex- cidade quando a filha mais velha foi cursar o
tremamente dedicado a sua arte. Seu esmero e científico, porém eles nunca perderam o con-
sua sensibilidade eram ímpares. “Ele não aper- tato com a terra. “Todo domingo, ele colocava
tava botão à toa, era tudo estudado”, ressalta os filhos e a minha mãe na caminhonete, pro-
Ciro. Esperava nuvem, vento, neblina... “Ele res- curava um riacho, levávamos bentô...”, recor-
peitava o tempo da luz. Para o restante, ele não da Tomoko.
tinha compromisso com o tempo”, recorda a fi-
lha, que serviu almoço sem ele quando uma flor O que quer que venha a ser “foto-
desabrochou. Orlando explica que “A regência e grafia zen”, como chegou a ser denominada a
o domínio de Haruo são uma constante. Para fotografia de Haruo, isso pode ter a ver com
ele não existia estética sem técnica, sem ter o esse contato com a natureza que ele tanto
controle da possibilidade daquilo que imagina- prezava. Segundo Marcos Losnak, co-autor
va”. Além do esmero no click, ele passava “sei da biografia “Lavrador de imagens”, isso foi
lá quanto tempo” no laboratório, um cubículo um rótulo que surgiu porque, na época, a
embaixo da escada para uma pessoa curvada.

TATURANA 37
filosofia zen era assunto em voga. “São fotos
zen no sentido contemplativo e na harmonia
da composição. Mas as fotos do Haruo estão
muito além de denominações elementares
dos signos do sol nascente e poente. O espíri-
to de Haruo Ohara estava além de seu tem-
po”, sentencia Orlando.

Haruo não se interessava em ser


alvo de flashes. “Ele nunca foi de querer ser
entrevistado”, afirma Tomoko, sua filha mais
velha. Ciro recorda que “ele sempre dizia
que as fotos eram muito humildes, não sabia
o que tinha nas mãos”. Perguntado por um
jornal local sobre sua fotografia favorita, ele
disse que, se tivesse uma, já teria parado de
fotografar. Losnak fez a mesma pergunta e
Haruo respondeu lhe mostrando a foto de
um amigo. “Era um blefe: ele sabia que era
bom”, diz Losnak.
Ele e a cidade inteira se conheciam.
Ele está nos auto-retratos, mas o “Conversava com os mais antigos e com os
tema é mais do que ele, é também a idéia ou o mais jovens; ele tinha papo com qualquer
sentimento em que ele está inserido. Os auto- um”, enfatiza Tomoko. Além disso, “ajudava
retratos “induzem ao lado mais lúdico de seu meio mundo, mas a gente não ficava sabendo,
universo, são um atestado de refinado bom pois não era convencido”, conta Ciro. “Quan-
humor. Muitas vezes sequer sua imagem se do vou no meio dos véios e falo que sou filho
revela, pois era um verdadeiro amante do do Haruo Ohara, pel’amor de Deus, o tanto
contraluz, que, em seu caso, era a luz a favor”, que’les respeitam... O homem era bom”, ad-
analisa Orlando. mira. Rogério brinca que “como biografado,
ele foi um péssimo personagem – ele não era
Ele está nos diários, que vão de 1931 contraditório, todos gostavam do cara...”.
até 1994, com misteriosa exceção dos da déca-
da de 1950. Porém, eles ficam fechados num “Conosco, os filhos, ele era meio sé-
dialeto de nihon-go cursivo de difícil leitura. rio e isolado. Com as minhas tias, não, contava
Saulo contou que a irmã mais nova de Haruo cada piada suja, era um palhação. Quem mais
leu e disse que nos diários há algumas ano- cuidou da filharada foi minha mãe”, considera
tações de plantio, de fotografia, poesias, três o filho. “Ele orientava, mas a gente que tinha
páginas sobre a morte de um cachorro e tam- que procurar por ele. Minha mãe falava que
bém coisas muito pessoais. Rogério Ivano, ele cuidava mais dos gatos do que dos filhos.
co-autor da biografia “Lavrador de imagens”, Quem dava bronca era a minha mãe”, conta a
afirma que era um costume da época escrever filha. “Era um pai muito diferente dos outros
diários, ainda mais no Japão, onde até a déca- pais, principalmente dos japoneses. Era consi-
da de 1920, esse hábito era utilizado para al- derado a ovelha negra da família, porque não
fabetizar e padronizar a escrita. Segundo ele, exigia que a gente aprendesse japonês”, reflete
o interessante é que Haruo escreveu desde a Tomoko, que aprendeu outras línguas. Uma
viagem para o Brasil até não poder mais. vez, Kô, a esposa de Haruo, perguntou para
seu neto: – Tomate ikkanka. E ele: – Não,
Está nas lembranças familiares, na obrigado, minha mãe já foi à feira. Ele achou
admirável exposição de pintura das crianças, que ela estava oferecendo tomate, sendo que
na pintura do muro de um dia, que Haruo perguntava se ele queria dormir na casa dela.
demorou meses – passava um e conversava, Nesse dia, a avó cobrou que o neto deveria es-
passava outro e conversava... Nos passeios a tudar japonês, mas Haruo interveio dizendo
pé para ver melhor as flores e as pessoas. que ela não poderia “puxar o neto para trás”.

38 TATURANA
tempo. E ele: – “Tenho que pensar. Vai que
vô lá pra ouvir um dizer: ‘Aqui dói, ali dói’,
e outro dizer: ‘Meu filho me maltratô, meu
genro me maltratô...’”. Mesmo mais velho,
estava sempre aberto ao novo, “tentava coisas
diferentes, lia de tudo”, afirma Tomoko. Valo-
rizava o conhecimento, tanto é que “o que ele
passou para nós foi educação e não riqueza”,
conclui Ciro.

Ele está na biografia “Lavrador de


imagens”, que “é tanto dele quanto da fa-
mília”, explica Rogério. Estará no livro de
fotografias organizado por Orlando. Estará
no filme “Pausa para neblina”, o terceiro cur-
ta da Trilogia do Esquecimento de Rodrigo
Grota. Esteve brevemente aqui. Mas é atrás
das fotografias que ele pode ser encontrado.
Procure-o.

Até na hora de educar não impunha. Uma vez parou uma bri-
ga com uma fotografia. Saulo estava com uma bota na mão ameaçando
bater na prima e ela numa posição de chute. Quando Haruo bateu a foto,
fez uma luz e eles pararam. Na foto seguinte, eles posam sorrindo. Para os
netos, também era um palhaço. Tamie procurava um presente para o avô
e os amigos sugeriram um pijama, um chinelo... “Vocês não conhecem
meu avô...” e deu um rato de pilha que definhava; ele adorou.

“Não foi um velho chato”, reflete Tomoko. Quando a Associa-


ção dos Idosos o convidou para ser um integrante, ele disse que iria pen-
sar durante um mês. A filha, não entendendo, perguntou para que tanto

foto: Haruo Ohara

TATURANA 39
O Kinoterapeuta
Texto: Carlos Ebert
Ilustração: Samuel Rodrigues

Um belo dia, depois de assistir a mi-


lhares de filmes, X, psicoterapeuta de profissão
e cinéfilo de paixão, teve um estalo: por que
não usar os enredos, personagens, perfis psi-
cológicos, soluções e desfechos dos filmes para
analisar e melhorar o autoconhecimento de
seus pacientes? E assim, aos poucos, passou a
recomendar filmes para seus pacientes assisti-
rem. Para Luciana, uma jovem professora uni-
versitária em dúvida se abandonava o marido
para ficar com um colega menos deprimido
e com veleidades artísticas, prescreveu “Jules
et Jim”. Ela ficou com os dois. Feliz da vida. A
Luiza, dona de casa com muitos problemas de
relacionamento com os filhos, sugeriu “Ma-
mãe Faz 100 Anos”. Tiro e queda: colocada
frente à perspectiva de ficar uma velha como
a matriarca de Saura, Luiza se ajeitou com a
prole.
X se entusiasmou com os resultados
e, no embalo, teve outra idéia que, modesta-
mente, considerou não menos genial do que a
que tinha dado origem à Kinoterapia (dá para
registrar esse nome? O domínio está vago?
Corre, cara!). O insight genial era entregar
uma pequena câmera digital às suas pacientes
e pedir para que elas gravassem tudo o que
lhes causasse desconforto, angústia, ansiedade
ou prazer. A partir das imagens, ele editaria
um curta-metragem a que assistiria junto
com a paciente, “desvelando”, como gostava de
dizer, “os meandros de neuroses solidamente
construídas ao longo de anos” (citação feita
da tese de doutorado “Perturbações comportamentais
e somatizações patológicas em mulheres jovens na região metro-
politana de São Paulo”).
A essa altura, vocês já devem ter reparado que X só tra-
tava de pacientes do sexo feminino. Pois é. Não existia nenhu-
ma explicação científica para essa atitude. Tratava-se de uma
preferência. Ou de um “gosto”, para ser mais preciso. Tal opção
não ocultava nenhuma tara. Não cantava nem avançava sobre as
pacientes. O que acontecia era que ouvir varões contando suas
desventuras e neuroses lhe dava um sono invencível. Achava os
desvãos da psique masculina aborrecidos e totalmente destituídos
de interesse. A técnica progredia e era aperfeiçoada. A clientela se
expandiu até onde ele julgou que o atendimento individual não
seria prejudicado.
E assim corria a vida. Y, casada com X há 16 anos, via
com algum ceticismo, e não sem uma ponta de desconfiança, a

42
40 TATURANA
técnica terapêutica do marido. Mas os cálculos estruturais, as fundações, os baldrames, além de
Maíra, a filha de 10 anos, ocupavam por demais seus neurônios para que ela pudesse dedicá-
los a reflexões sobre as maluquices terapêuticas de X, cuja criatividade lhe parecia inesgotável
e até obsessiva.
Veio a idéia de fazer um longa-metragem juntando em episódios o material de três
ou quatro pacientes: uma dona de casa deprimida, uma advogada ninfômana, uma decoradora
cleptomaníaca e uma estudante sádica. Que tal? Não. Vai ficar muito apelativo. O cinéfilo
crescia e ocupava de forma irreversível a mente do terapeuta. Ficava horas tentando costurar
patologias, contrapor neuroses, sintetizar desesperos e abulias. Mas ao invés do roteiro ir se
delineando aos poucos em sua mente, ficava cada vez mais confuso e sem nexo. Que estava
acontecendo? Faltaria a ele a centelha do gênio, que pela força da criação une opostos, sintetiza
antagonismos? Entrou em crise. Já não ouvia suas queridas co-roteiristas com tanta atenção.
Seu olhar vagava pela sala, perdido em dobras de carpete e pequenas teias enredadas no lus-
tre demodê. Crise braba. Y notou, mas ficou na sua, na secreta esperança de que ele refluísse
para o seu freudismo original, menos perturbador e bem mais lucrativo. X, no auge da crise
e beirando o desespero, procurou um colega de faculdade, Z, para se aconselhar. Z era um
pouco mais velho e X tinha grande admiração por sua inteligência e perspicácia. Depois de
ouvir o colega atentamente, Z sentenciou: “Acho que o mundo ganhou um cineasta e perdeu
um psicoterapeuta...” X ainda tentou argumentar que a psicanálise era o seu interesse central,
mas Z foi taxativo: “Esquece o consultório e abre uma produtora”. X pela primeira vez duvidou
da inteligência do amigo, e partiu mais deprimido do que chegara. Para preservar a estrutura
familiar, resolveu dar um tempo e se isolar. Pediu emprestada a casa de praia do irmão, às voltas
com um doutorado em Duke, e foi viver como caiçara, comendo o que pescava e gastando em
sal, fósforo e querosene. Quase esqueceu o cinema, mas às vezes, para seu desespero, lembrava
Tom Hanks em “Náufrago”, e ficava puto por dentre centenas de filmes cabeça que assistira e
amara, lembrar justamente de um blockbuster hollywoodiano. Como Anchieta, que ali vivera
há mais de quatro séculos, começou a escrever poemas na areia, só para ter o prazer de ver seus
versos apagados pela maré. Pensou em pintar as meninas locais, mas um resto de autocrítica o
impediu de se transformar no Gauguin do litoral sul. Sua aparência assumiu ares proféticos.
Passava horas tentando encontrar uma chave numerológica para as seqüências das ondas (“Pa-
pillon”) ou induzindo os pássaros a pousar onde ele queria (“Uccellacci Uccellini”).
Foi nesse estado que Y o encontrou depois de quase dois meses sem notícia. No en-
contro, X a olhava com uma expressão
beatífica/aparvalhada. Y não teve dú-
vida: ligou para Z: “Olha, teu amigo
pirou. Virou profeta. Se a gente quiser
trazer ele de volta, é bom andar rápido.”
No dia seguinte, sedado, X voltou a São
Paulo e foi direto para a clínica de um
outro colega. A recuperação foi lenta, e
Z não garantiu a Y que não fosse ficar
alguma seqüela. Surpreendentemente,
X voltou à normalidade quatro meses
depois. Retomou a clínica. O cinema?
Esqueceu. Cinema é coisa de maluco...

Carlos Ebert é diretor de fotografia dos


filmes “Satori Uso” e “Booker Pittman”,
produções da Kinoarte.

TATURANA 41
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TATURANA 43
OFICINAS KINOARTE
Oficina de Realização em Cinema

A Kinoarte irá oferecer uma Oficina de Realização em Cinema nos dias 17, 18, 24 e 25 de
novembro, 1º e 2 de dezembro de 2007. As inscrições podem ser feitas no Espaço Kinoarte
de 29 de outubro a 14 de novembro e custam R$ 250,00. As vagas são limitadas.

A Oficina será ministrada por Rodrigo Grota, Bruno Gehring, Anderson Craveiro e José de
Aguiar. Nesta Oficina, uma turma de no máximo 20 alunos irá filmar o roteiro vencedor do
1º Prêmio Francelino França. O curso se divide em três módulos: 1º fim de semana: aulas
teóricas em turmas separadas (direção, fotografia, produção); 2º fim de semana: filma-
gens; 3º fim de semana: montagem e finalização. O filme terá entre 4 e 10 minutos.

_mais informações: www.kinoarte.org.br ou contato@kinoarte.org.br


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