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400p.; 14 x 21 cm
ISBN 978-85-67445-00-7
CDD 890
CDU 82.091
José Henrique de Freitas Santos
Ricardo Riso
AFRO-RIZOMAS
na diáspora negra
as literaturas africanas na encruzilhada brasileira
A FOTOCÓPIA DE QUALQUER FOLHA DESTE LIVRO É ILEGAL E CONFIGURA UMA APRO-
PRIAÇÃO INDEVIDA DOS DIREITOS INTELECTUAIS E PATRIMONIAIS DOS AUTORES.
Impresso no Brasil
Agradecimentos
Tomorrow,
I´ll sit at the table
When company comes.
Nobody´ll dare
Say to me,
“Eat in the kitchen”,
hen.
Besides,
hey´ll see how beautiful I am
And be ashamed, -
I, too, am America”
(Langston Hughes)
APRESENTAÇÃO
Henrique Freitas e Ricardo Riso ............................................................ 11
PREFÁCIO
Moema Parente Augel .......................................................................... 17
Apresentação
Os organizadores
17
Prefácio
O livro Afro-rizomas na diáspora negra é o resul-
tado do trabalho conjunto de uma plêiade de autores,
originários de diferentes recantos do vasto conjunto
constituído pelos países que izeram parte do império
colonial português. São dezenove artigos enfeixados
dentro de um amplo leque temático pertencendo,
como os próprios articulistas, igualmente a diversas
áreas do conhecimento e tendo como denominador
comum a consciência das múltiplas raizes de que é
composto o legado histórico espalhado pelo mundo,
instrumentado pela língua portuguesa.
A idealização e organização do projeto editorial
são de responsabilidade dos professores e críticos
literários Ricardo Riso (UCP/IPETEC) e Henrique
Freitas (UFBA), antecedidas por um concerto de es-
forços e de iniciativas articulados por um punhado
de jovens, imbuídos de energia emancipatória e de
idealismo: o grupo Ogum’s Toques Negros, liderado
por Guellwaar Adún. A edição está a cargo da Kitabu
Livraria Negra, agora com a sua estreia como Editora.
Ogum’s Toques Negros é um coletivo literário, do
qual fazem parte Guellwaar Adún, (pseudônimo de
Marcos Gonçalves da Silva), Mel Adún, Ricardo Riso,
Henrique Freitas, José Carlos Limeira, Lívia Natália,
entre outros, e que apresenta regularmente em seu site
e na rede social Facebook textos de autores menos e
mais conhecidos, tanto afro-brasileiros como africa-
nos. O coletivo literário tem também atuação política.
Atento à discriminação racial, participa de campanhas
e atos políticos contra o genocídio da juventude negra
e atua contra o epistemicídio, como por exemplo di-
vulgando em larga escala uma Nota de Repúdio contra
a seleção de autores brasileiros para a Feira do Livro de
Frankfurt de 2013. Neste corrente ano passou a pro-
porcionar o encontro do público soteropolitano com
agentes da literatura negro-brasileira no evento deno-
minado Ogum’s Toques do/a Escritor/a – apresentando
tanto autores já consagrados, nomes históricos como
Éle Semog, José Carlos Limeira, Abelardo Rodrigues,
Oswaldo de Camargo, Miriam Alves, como jovens es-
critores (até o momento Cidinha da Silva e Elizandra
Souza). Um dos projetos mais recentes do grupo é a
atividade editorial, sendo a concepção de Afro-Rizomas
seu primeiro resultado.
18
Em matéria de religião,
estou como Nietzsche,
(embora não precise dele para nada)
só acredito
num deus
que dance.
(Jorge Siqueira)
5
Para Makoni e Meinhof (2006), não se pode deixar
Fonte: http://www.cor-
reio24horas.com.br/noti- de reconhecer a função colonialista da L.A. (Linguís-
cias/detalhes/detalhes-1/ tica Aplicada), como tem sido feito em relação a seu
artigo/novelas-brasilei- papel na própria deinição do que se considera como
ras-passam-imagem-de-
pais-branco-critica-escri- línguas na África. E essa crítica não cabe apenas a L.A.
tora-mocambicana/ A justiicativa da predileção pelas línguas europeias
como fator geopolítico de uniicação nos países africa-
nos em um contexto pós-colonial é refutado veemente-
mente por: escritores como Wole Soyinka que veem no
gesto um ímpeto neo-colonial, ainda que não se quei-
ra propor a interdição da língua europeia (a questão é
como em meio a muitas possibilidades linguísticas se
constrói um regime de verdade em que apenas o uso
da língua europeia pode destensionar as complexas
relações que atravessam muitos países africanos no
período pós-colonial e, em alguns casos, pós-guerra
civil também); por críticos literários e acadêmicos que
interrogam o campo dos estudos literários africanos
em torno das línguas nacionais como Amarino Quei-
roz, Fernanda Felisberto e Ricardo Riso, bem como
por sociolinguistas interessados nas relações de poder
na linguagem como Florence Carboni e Mário Maestri
que tem um importante trabalho, não especiicamente
sobre a África, mas sobre essas estratégias de domina-
ção linguística que naturalizam hierarquias, intitulado
A linguagem escravizada (2005). É chegada a hora do
desaio de se contemplar as literaturas africanas em ou-
tras línguas europeias (inglês, espanhol, francês, dentre
outras), mas sobretudo nas línguas nacionais, pois, se o
campo das literaturas africanas no Brasil não for capaz
de dar conta desta tarefa, terá falido em seu compro-
As literaturas africanas na encruzilhada: teoria, crítica e outras tensões 53
BU TCHOLONADUR
Ka bu larsi 6
De acordo com Walter
pertu mi Mignolo o linguajamen-
rasta stera bu sinta to, ato de pensar e escre-
ver entre as línguas que
N odjau ku rosu iridu também recebe o nome
de bilinguajamento ou
na mostra foronta pluringuajamento, se es-
bu na ianda tabelece como condição
pes ka na iangasa tchon princeps para a ocor-
rência do pensamento
liminar (produção epis-
Pertu mi temológica no limiar,
bu puntan n kontau no limite, nas margens,
puntan pa moransa di kasabi a partir de uma perspec-
pidin pa n mostrau tiva subalterna).
kaminhu sin susegu
kurba di sufrimenti
paki ami i bu tcholanadur
Ka bu ndjutin
pertu mi
ka bu djubi e larma
ku na rian na rostu
nin ka bu puria nha kombersa
pa e nha fala tirmidu
dibedjisa semprenti
Pertu mi
ka bu larsi
bin...
sinta, paki storia ka kurtu
(SEMEDO, 2007. p. 23)
REFERÊNCIAS