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RESUMO
Este estudo objetiva verificar a influência da Estrutura de Propriedade e das
relações sociais entre proprietários (interlocks entre proprietários) no
desempenho das empresas. Utilizando-se do método hipotético dedutivo,
um estudo descritivo foi realizado por meio de pesquisa documental em um
total de 1.163 observações e aplicação de equações simultâneas na análise
dos dados. Os resultados da pesquisa indicam predominância dos
apontamentos teóricos de seleção natural e neutralização mútua e da
endogenia entre a Estrutura de Propriedade e o desempenho das empresas.
Os interlocks entre proprietários majoritários e proprietários insiders revelam
que os indivíduos detentores de recursos e poder sustentam sua posição,
mantida devido à assimetria de valores e preferências dos proprietários.
Conclui-se que o efeito das estimativas de parâmetros para os interlocks
foram fracos quando comparados com os resultados da Estrutura de
Propriedade, o que indica que os aspectos econômicos, advindos da
Estrutura de Propriedade, se sobrepõem aos aspectos sociológicos, dos
interlocks.
Palavras-chave: Estrutura de Propriedade. Interlocks entre proprietários.
Desempenho das empresas.
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¹ Doutora em Ciências Contábeis e Administração pela FURB. Professora do Programa de
Pós-Graduação em Ciências Contábeis da Universidade Estadual do Oeste do Paraná –
UNIOESTE. Endereço: Rua Universitária, 1.619 - Jardim Universitário. CEP: 85819-110 – Cascavel,
PR – Brasil. E-mail: delcigrape@msn.com. Telefone: 55(45)3220-3000.
² Doutora em Controladoria e Contabilidade pela FEA/USP. Professora do Programa de Pós-
Graduação em Contabilidade da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC.
Endereço: Universidade Federal de Santa Catarina, Campus Reitor João David Ferreira Lima,
s/n, Bairro Trindade. CEP 88040-970 – Florianópolis, SC – Brasil. E-mail: ilse.beuren@gmail.com.
Telefone: 55(48)3721-6608.
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Revista Contabilidade Vista e Revista, ISSN 0103-734X, Universidade Federal de Minas Gerais, 49
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Delci Grapégia Dal Vesco e Ilse Maria Beuren
ABSTRACT
The goal of this study is to verify the influence of Ownership Structure and
social relations between owners (interlock between owners) in the
companies’ performance. Using the hypothetical deductive method, a
descriptive study was conducted through desk research in a total of 1,163
observations and application of simultaneous equations in the data analysis.
The research results indicate a predominance of theoretical approaches of
natural selection and mutual neutralization, and inbreeding between
Ownership Structure and companies’ performance. The interlocks between
the majority owners and insider owners reveal that those who have resources
and power sustain their position, maintained due to the asymmetry of values
and preferences of the owners. It is concluded that the effect of the
parameters estimates for the interlocks were weak when compared with the
results of Ownership Structure, indicating that the economic aspects arising
from the Ownership Structure outweigh the sociological aspects of the
interlocks.
Keywwords: Ownership Structure. Interlocks between owners. Companies’
performance.
1 INTRODUÇÃO
A constituição da Estrutura de Propriedade de uma empresa pode ser
atribuída, além de fatores econômicos, aos aspectos culturais, geográficos e
aos laços sociais e políticos. As características e necessidades dos
proprietários e gestores, o nível educacional e profissional, os valores
culturais, o idioma, o grau de parentesco, as forças de mercado e a aversão
à incerteza, também estão inseridos no contexto brasileiro e nas estruturas de
governança.
Pesquisas relativas à Estrutura de Propriedade têm sido realizadas
desde Berle e Means (1932), com ênfase na separação entre propriedade e
controle, já antecipada por Smith (1776). Segundo Groβ (2007), um avanço
significativo nestas discussões foi o desenvolvimento da Teoria da Agência,
preconizada por Jensen e Meckling (1976) e Fama (1980), o que permitiu
uma abordagem institucional da questão. Esses autores argumentam que o
problema de agência inicia-se quando o principal delega ao agente o
poder de decisão.
Após esses estudos, os efeitos positivos e negativos da separação do
controle sobre a empresa e seu desempenho foram investigados à luz da
Estrutura de Propriedade por Demsetz e Lehn (1985) e Demsetz e Villalonga
(2001). Estes quadros teóricos levantaram uma infinidade de argumentos
para os diferentes efeitos ainda contraditórios da estrutura de governança
das empresas (GROβ, 2007). As evidências empíricas sobre o efeito da
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2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Estrutura de Propriedade e Desempenho das Empresas
Demsetz e Lehn (1985) argumentam que a Estrutura de Propriedade
das empresas varia sistematicamente de modo a maximizar o valor do
proprietário. As evidências empíricas da pesquisa realizada em 511 empresas
estadunidenses não demonstraram relação significante entre concentração
da propriedade e rentabilidade, medida pelo ROE. Os autores ressaltam que
esses resultados põem em dúvida a tese de Berle e Means (1932), também
questionada por La Porta et al. (1999) e Claessens, Djankov e Lang (1999), de
que a Estrutura de Propriedade explica o desempenho.
Estas pesquisas divergem da proposição de que a Estrutura de
Propriedade é determinante do desempenho das empresas. Neste estudo,
na formulação das hipóteses e nos testes estatísticos, considera-se, pautado
no posicionamento teórico, que a Estrutura de Propriedade tanto explica o
desempenho empresarial como é explicada por ele, ou seja, o desempenho
é pelo menos tão susceptível de afetar a Estrutura de Propriedade como o
inverso (SÁNCHEZ-BALLESTA; GARCÍA-MECA, 2007). Assim formulou-se a
primeira hipótese:
H1: A relação entre Estrutura de Propriedade e Desempenho das
empresas apresenta-se endógena.
Espera-se com essa hipótese, caso seja rejeitada a H1 e observada a
Estrutura de Propriedade como variável exógena, que os resultados sejam
similares aos de Morck, Shleifer e Vishny (1988), Hermalin e Weisbach (1988) e
Kole (1996), que tratam a Estrutura de Propriedade como exógena ao
desempenho das empresas.
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3 METODOLOGIA DA PESQUISA
Para a coleta dos dados realizou-se pesquisa documental, tendo
como população as empresas listadas na BM&FBovespa, exceto financeiras
e seguradoras, segregadas por ano e setor da indústria, no período de 2007
a 2012, totalizando 2.333 observações. A amostra foi calculada
considerando uma margem de erro de 5% e um valor crítico de 1,96.
O efeito outliers foi analisado para as variáveis dependentes Q de
Tobin e ROE, pelo critério de intervalo interquartil (iqr), conforme utilizado por
Groβ (2007). Esse critério permitiu identificar 151 casos considerados possíveis
outliers. Assim, o tamanho da amostra final consistiu de 1.163 casos. No
Quadro 1 representam-se os construtos da pesquisa.
Fama e Barros
Onde: (2000), antecipado
VMA = ao valor de mercado do capital pelo conceito
Desempen Valor de próprio da empresa teórico conforme
ho Mercado VMD = ao valor de mercado das Morck, Shleifer e
empresari dívidas, capital de terceiros; Vishny (1988) e
al VRA = ao valor de reposição dos ativos utilizado no modelo
da empresa empírico de Groβ
(2007).
Rentabilida ROE= LLOp/PL Calculado
de Onde: conforme Groβ
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E I VC (4)
Onde:
D = desempenho; EP = conjunto de variáveis referente a Estrutura de
Propriedade; IP = Interlock entre proprietários; VC = Variáveis de Controle.
Após definido o sistema geral, fez-se a segregação pelas dimensões da
Estrutura de Propriedade e natureza dos proprietários, adicionadas pelo
interlock entre proprietários para testar as hipóteses. Utilizaram-se sistemas de
equações simultâneas em função da característica teórica de endogenia e
causalidade reversa entre Estrutura de Propriedade e Desempenho de
Empresas.
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α0+α1QdeTobin_it+α2IB_it+α3CB_int_ac_it+α4CB_int_a_inst_it+α5ln_idad
e_it+α6ln_AT_it+α7SIC_it+α8anodummy_it+ε_it
(10)
DCgb_it = γ0+γ1QdeTobin_it+γ2 IGB_it+γ3 CB_int_ac_it+γ4
CB_int_a_inst_it+γ5ln_idade_it+γ6ln_AT_it+γ7SIC_it+γ8anodummy_it+ω_it
No Modelo III – Institucional, as variáveis endógenas são: Direitos de
Controle - Propriedade Institucional - Ici; Direitos em Excesso - Propriedade
Institucional. Portanto, o sistema de equação para o Modelo III ficou definido
conforme equações 11 e 12.
(11)
Q Tobin_it=
β0+β1Ici_it+β2II_it+β3CB_int_a_inst_it+β4ln_AT_it+β5SIC_it+β6anodummy_
it+μ_it
(12)
Ici_it α0 α1QdeTobin_it α2CB_int_ac_it α3CB_int_ab_it α4ln_idade_it
α5ln_AT_it α6SIC_it α8anodummy_it ε_it
Os mesmos sistemas de equações simultâneas foram estimados para o
ROE. Para a rentabilidade sobre o Patrimônio Líquido, as variáveis endógenas
que indicaram efeitos simultâneos nas direções foram: Concentrada (Direitos
de Controle - Proprietário Majoritário - DC; Direitos em Excesso - Proprietário
Majoritário - IDE); Insiders (Propriedade Gestor - DCg; Propriedade do Board
of Directors - DCb; Propriedade Gestor e Board of Directors DCgb; Direitos em
Excesso Gestor e Board of Directors - IGB); Institucional (Direitos de Controle -
Propriedade Institucional - Ici).
P_Majoritários
Interlock (0,01) (0,08) (0,01) 0,28
CB_Int_a_inst - -
P_Institucional (-0,30) (-1,04) (-0,44) (0,57)
Interlock P_ (0,01) 0,07 (0,10) (0,38)
CB_Int__ab - -
Insiders (-8,60)* (1,72)*** (-5,93)* (-0,54)
Tamanho da 0,99 0,97 1,06 1,00 0,97 1,90
AT
Empresa**** (-0,37) (-6,84)* (1,87)*** (0,09) (-1,10)* (0,48)
1,01 1,17 1,00 5,94
Idade**** Idade - -
(1,33) (3,33)* (0,02) (0,49)
# parcial.
Setor Todos # parcialmente sig. # insig.
sig.
0,15 (0,02) 0,01 (0,00) (0,01) (1,89)
Tempo Anodummy
(-3,12)* (-0,94) (0,82) (-0,30) (-0,08) (-0,52)
1,95 1,14 (2,45) (0,12) 1,18 (8,45)
Constante
(3,48)* (5,03)* (-1,63) (-0,93) (2,51)** (-0,42)
RMSE 0,75 0,20 0,14 0,18 0,22 1,41
pseudo R2. 0,03 0,44 (3,80) (0,25) 0,34 (4,96)
Prob X2. 78,51 912 36,07 54,10 855,72 8,55
P Value - - - - - 0,09
Observações 1.163 1.163 1.163 1.163 1.163 1.163
Obs.: Os números em parênteses referem-se à estatística z. A significância estatística é
representada nos níveis de: * 1%, ** 5% e *** 10%. # devido ao espaço não será detalhado.
**** para todas as constantes dos logaritmos naturais (ln) foram calculados os valores
originais da variável.
Fonte: Dados da pesquisa.
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Estes resultados são similares aos de Groβ (2007), que encontrou para a
propriedade institucional, mensuradas pelos direitos de controle, um efeito
negativo sobre o desempenho, o que é consistente com os argumentos de
miopia institucional ou de estratégia de alinhamento e conflito de interesses.
Depreende-se que a propriedade institucional não reduz os conflitos de
agência, por meio do efeito acompanhamento e melhoria da gestão. Em
contraste, a propriedade institucional pode reduzir o desempenho por
negligenciar a atividade de monitoramento e acompanhamento da gestão
(GROβ, 2007).
Os direitos em excesso apresentaram efeito positivo, contraditório ao
resultado de Groβ (2007). Justifica-se esse resultado sob a alegação de que
o monitoramento das atividades de gestão por parte dos proprietários
institucionais está atrelado a maior disparidade entre o poder para tomada
de decisão (direitos de controle) e a participação no capital total (direitos
de fluxo de caixa), sendo que os direitos de controle são superiores aos
direitos de fluxo de caixa. Decorre que os proprietários institucionais são mais
aptos ao monitoramento e controle (mantidos pelos direitos de controle) em
função do conhecimento do negócio e da indústria, contribuindo, assim, ao
desempenho da empresa (GROβ, 2007).
O Interlock entre proprietários institucionais não apresenta-se
significantes a um p-value <10% para o desempenho, assim rejeita-se a H5: O
Interlock entre proprietários apresenta influência positiva no desempenho de
empresas, devido ao poder da centralidade na participação acionária
promover a atividade de monitoramento e alinhamento de interesses.
Esses resultados contradizem os de Silva, Majluf e Paredes (2006), no
Chile, e de Liang (2009), em Taiwan, de que a associação entre proprietários
de uma empresa com outra contribui positivamente para o desempenho da
empresa como um todo. Todavia, corroboram os argumentos de
Granovetter (2005), de que os Interlocks entre proprietários podem explicar
os motivos para que os proprietários assumam laços não lucrativos, incluindo
ligação institucional. No entanto, esses resultados não são estatisticamente
significantes e as estimativas de parâmetros são praticamente nulas, logo as
evidências estatísticas estão indicando fortemente a ocorrência de seleção
natural, preconizada por Alchian (1950) e Friedman (1953) e de neutralização
mútua (HIMMELBERG; HUBBARD; PALIA, 1999). Porém, os estudos anteriores
não apresentaram tais evidências.
Quanto à causalidade reversa, ou seja, à probabilidade do
desempenho influenciar a propriedade detida por proprietários institucionais,
conforme colunas MIII(2) e MIII(4), observa-se que o desempenho é
significante e positivo para os direitos de controle da propriedade detida
pelo proprietário institucional – variável Ici a um p-value < 10%. De acordo
com Groβ (2007), o efeito positivo do desempenho na Estrutura de
Propriedade detida pelos investidores institucionais segue dois argumentos:
das regras da Wall Street (BRICKLEY; LEASE; SMITH, 1988; POUND, 1988); e o
conhecimento interno institucional (DEMSETZ; LEHN, 1985; LODERER; MARTIN,
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5 CONCLUSÕES
Neste estudo verificou-se a influência da Estrutura de Propriedade e
das relações sociais entre proprietários (interlock entre proprietários) no
desempenho de empresas brasileiras. Acerca da influência dos diferentes
tipos de Estrutura de Propriedade no desempenho das empresas, entre as
variáveis utilizadas para identificar as dimensões da Estrutura de Propriedade
e as características de seus proprietários (insiders e institucionais), algumas
apresentaram endogenia. Os resultados indicaram efeitos simultâneos nas
direções das variáveis e causalidade reversa na relação entre desempenho
e Estrutura de Propriedade, o que coaduna com os achados de Cho (1998),
Demsetz e Villalonga (2001), Himmelberg, Hubbard e Palia (1999), Bφhren e
Φdegaard (2003), Groβ (2007) e Warokka (2008).
Em relação ao efeito da Estrutura de Propriedade no Desempenho das
empresas, entre os indicadores relacionados à dimensão concentrada,
somente os direitos em excesso do proprietário majoritário e o Interlock entre
Proprietário Majoritário mostraram-se significativos. O primeiro em relação à
rentabilidade do patrimônio líquido e o segundo, tanto para a rentabilidade
como para o valor de mercado. Os direitos em excesso do proprietário
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