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ÁGUA Fogo
Obedientes ao vento
marolas em fila O poeta, a palavra pega.
seguem em frente. Preparar, apontar, fogo!
Nos versos descarrega.

De verso Velas e rezas


em verso, procissão leva
haicai submerso. pelas ruas cegas.

Nas marés Cai, cai balão!


com meias de renda Licença pra cair
a espuma calça meus pés. só na canção.

Queimada afirma:
O rio pede passagem. Mata finda.
O tronco nega, O verde vira cinza.
mas ele segue viagem.
Gemidos.
Com uma pedra Árvores doloridas
brincam um lago pelo fogo retorcidas.
e um menino levado.
Animais em fuga.
Cheia no rio. É a queimada!
Casa aguada. Floresta acusa.
Lar vazio.

 
 
 
Terra AR

Haicai respira.
Vive.
Me inspira!
Semeio emoção.
Minha terra é o poema. Vento magrinho
Sou poeta em ação. entra pela fresta
soprando mansinho.
Ave Terra
cheia de graça Pelo livro,
O homem te ameaça. vento passeia,
páginas folheia.
Cheiro de terra molhada
sobe no último andar Moinho de vento
vem me enraizar. mói a palavra
meu alimento.
Terra nossa de cada dia
nos dai hoje: Vento parado.
alimento e moradia. Barco à vela
chateado.

Ventilador:
Vento virtual
Vento sem sabor.

 
ÁGUA 
 Gota de orvalho
 se equilibra
na pontinha do galho. 
 
Chuviscam chuviscos. 
A lagoa se arrepia 
com tantos beliscos.
 
Chuva de granizo 
bate na vidraça 
sem aviso.
 
Cachoeira freia. 
Beija a pedra 
depois passeia. 
 
Riacho corre 
põe no seu colo 
folhas que colhe.

Do livro “Poesia é fogo, é terra, é água, é ar!” de Sandra Lopes

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