Canção de Niquali Canção de Niquali Só por um instante

(poema Tlingit) (poema Tlingit) (poema Asteca)

Eu me pergunto Eu me pergunto Por pouco

o que minha vida futura o que minha vida futura vivemos sobre a terra.
vai fazer por mim. vai fazer por mim. Por pouco tempo,
um tempo breve,
CAPARELLI, Sérgio. O menino levado ao céu pela andorinha: CAPARELLI, Sérgio. O menino levado ao céu pela andorinha: um tempo mínimo,
poemas e cantos indígenas. Porto Alegre: L&PM, 2022. p. 90. poemas e cantos indígenas. Porto Alegre: L&PM, 2022. p. 90.
um piscar.

Ay kakuyri tama [Eu moro na cidade] (poema Kambeba) E aqui passamos

dentro de um sonho,
Ay kakuyri tama. Meu canto era bem diferente, aqui estamos a sonhar.
Ynua tama verano y tana rytama. Cantava na língua Tupi, Um tempo breve,
Ruaia manuta tana cultura ymimiua, Hoje, meu canto guerreiro, um tempo mínimo,
Sany may-tini, iapã iapuraxi tanu ritual. Se une aos Kambeba, aos Tembé, aos Guarani. um piscar.

Tradução: Hoje, no mundo em que vivo, Por acaso

Eu moro na cidade Minha selva, em pedra se tornou, vivemos para sempre
Esta cidade também é nossa aldeia, Não tenho a calma de outrora, sobre a terra?
Não apagamos nossa cultura ancestral, Minha rotina também já mudou. Até as pedras se quebram,
Vem homem branco, vamos dançar nosso ritual. até o ouro se rompe,
Em convívio com a sociedade, as plumas se soltam.
Nasci na Uka sagrada, Minha cara de “índia” não se transformou,
Na mata por tempos vivi, Posso ser quem tu és, Só por um instante
Na terra dos povos indígenas, Sem perder a essência que sou, aqui.
Sou Wayna, filha da mãe Aracy.
Mantenho meu ser indígena, CAPARELLI, Sérgio. O menino
Minha casa era feita de palha, Na minha Identidade, levado ao céu pela andorinha:
Simples, na aldeia cresci Falando da importância do meu povo, poemas e cantos indígenas.
Porto Alegre: L&PM, 2022. p. 72.
Na lembrança que trago agora, Mesmo vivendo na cidade.
De um lugar que eu nunca esqueci.
Só por um instante
KAMBEBA, Marcia Wayna. Ay kakuyri tama [Eu moro na cidade]. São Paulo: Jandaira, 2018. (poema Asteca)
Minha aldeia tem floresta Coplas de Cochabamba (poema Inca)
Por pouco
Minha aldeia tem floresta Quando a lua surgiu, vivemos sobre a terra.
Onde canta o sabiá, meu coração te entreguei. Por pouco tempo,
A passarada faz a festa, Agora que a lua míngua, um tempo breve,
Para o Sol se despertar. me tratas com desdém. um tempo mínimo,
um piscar.
Minha aldeia tem jacu, Podes me jogar no fogo,
Macaco, lobo e jabuti, que, ardendo, te amarei. E aqui passamos
A floresta é preservada por E, quando virar cinza, dentro de um sonho,
Txaguãi e Hamãy. querendo-te seguirei. aqui estamos a sonhar.
Um tempo breve,
PATAXÓ, Angthiichay et al. O povo Pataxó e CAPARELLI, Sérgio. O menino levado ao céu pela andorinha: um tempo mínimo,
suas histórias. São Paulo: Global, 2013. p. 37. poemas e cantos indígenas. Porto Alegre: L&PM, 2022. p. 57. um piscar.
Curumim da floresta (poema Sateré Mawé)
O que eu mais gostava Por acaso
Eu nasci no meio da floresta Era de ouvir a minha avó contando história vivemos para sempre
Em uma noite de céu estrelado No início da noite ela nos chamava sobre a terra?
Lá longe os pássaros faziam festa Como era bonito, só alegria Até as pedras se quebram,
Eu, curumim pequeno, já sorria, acordado Está aqui na minha memória até o ouro se rompe,
as plumas se soltam.
Me deram o nome de Hakiy Eram histórias que, às vezes, davam medo
Que significa morcego Algumas revelavam segredos Só por um instante
Foi dado pelo velho painy Outras me faziam sorrir aqui.
Aquele que conhece o segredo E tinham aquelas que não me deixavam dormir
CAPARELLI, Sérgio. O menino
levado ao céu pela andorinha:
Cresci tomando banho de rio Todas cresceram comigo poemas e cantos indígenas.
Andando pela floresta Me ensinaram a respeitar a vida Porto Alegre: L&PM, 2022. p. 72.
Gostava de andar de canoa a fio A temer o perigo
Tudo rinha uma alegria, era a maior festa E a nunca esquecer minha avó querida
HAKIY, Tiago. A pescaria do curumim e outros poemas indígenas. São Paulo: Panda Books, 2015. p.30.