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Uma abordagem analítica acerca das fake news, suas

consequências e responsabilização à luz da necessidade


de um controle judicial efetivo

UMA ABORDAGEM ANALÍTICA ACERCA DAS FAKE NEWS, SUAS


CONSEQUÊNCIAS E RESPONSABILIZAÇÃO À LUZ DA NECESSIDADE DE UM
CONTROLE JUDICIAL EFETIVO
An analytical approach to false news, their consequences and liability in the light of the need for an
effective judicial control
Revista de Direito e as Novas Tecnologias | vol. 4/2019 | Jul - Set / 2019
DTR\2019\40181

Amanda Carolina Santos Pessoa


Graduanda em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
amanda_pessoa31@ufrj.br

Área do Direito: Civil; Digital


Resumo: Com o avanço tecnológico nas mais diversas áreas da sociedade, o Direito também foi
impactado e tem aprendido, constantemente, a lidar com as transformações causadas por essa
evolução. Exsurge, nesse âmbito, uma discussão jurídica acerca do advento das fake news
disseminadas por meio da internet, suas consequências e a possibilidade de responsabilização, seja
na esfera civil, seja na criminal, dos propagadores de notícias falsas. Diante disso, o escopo principal
deste estudo consiste em analisar como é possível que essa prática abominável seja combatida –
sobretudo no período eleitoral, momento tão decisivo para a sociedade – por meio de um controle
judicial que seja efetivo.

Palavras-chave: Fake news – Responsabilidade – Controle judicial – Internet – Consequências


Abstract: With the technological advance witnessed in multiple areas of society, Law also has been
impacted and has learned to deal with the transformations caused by this evolution. In this context, a
judicial discussion rises with the dissemination of fake news on the internet, in regards to its
consequences and the possibility of civil and criminal measures against those who spread them. As a
result, the primary objective of this study is analyze how to inhibit this horrendous practice, especially
during elections – which is a period of huge importancy for all society – by means of an effective legal
control.

Keywords: Fake News – Responsibility – Judicial Control – Internet – Consequences


Sumário:

1 Introdução - 2 O controle judicial no contexto tecnológico contemporâneo - 3 Breves considerações


acerca das fake news - 4 A responsabilização pela disseminação de notícias falsas - 5 O marco civil
da internet e o combate às fake news - 6 O reflexo no cenário eleitoral brasileiro - 7 A controvérsia
entre fake news e o direito à liberdade de expressão - 8 Considerações finais - 9 Referências
bibliográficas

1 Introdução

O avanço tecnológico proporcionou inovações nas mais diversas áreas da sociedade, e o Direito,
enquanto sistema de normas de conduta e princípios apto a regular as relações sociais, deve se
inteirar dessa evolução e se adequar às novas formas de relacionamento social concretizadas pelo
meio virtual.

Nesse contexto, das inovações proporcionadas pela tecnologia, não se pode deixar de ressaltar que
nem tudo é permitido, sendo necessário que seja concretizado controle judicial também das relações
sociais via internet. Isso porque nessa esfera também estão envolvidos direitos e deveres, que
devem igualmente ser regulados pelo Direito.

Abordar-se-á no presente estudo as fake news sob diversas perspectivas. A responsabilização de


quem dissemina as fake news pode ser considerada um problema, pois o maior desafio está em
identificar a origem dessas notícias sabidamente inverídicas, que muitas das vezes são divulgadas
por servidores estrangeiros.

No Brasil, o uso da internet é regulado pelo Marco Civil da Internet – Lei 12.965, de 23 de abril de
2014 (LGL\2014\3339), que estabelece princípios, garantias, direitos e deveres dos usuários. No
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Uma abordagem analítica acerca das fake news, suas
consequências e responsabilização à luz da necessidade
de um controle judicial efetivo

entanto, com relação às fake news e à necessidade de um controle judicial efetivo, é preciso analisar
de que forma o Marco Civil deixa sua contribuição, seja para combater a prática, seja para identificar
os responsáveis, seja par responsabilizá-los.

Do mesmo modo, é preciso analisar de que maneira seria possível equilibrar o direito à liberdade de
expressão e o controle sobre a disseminação de fake news, posto que não se poderia censurar tal
direito constitucional. Seria a liberdade de expressão um direito absoluto?

Outro ponto importante a ser abordado é o reflexo das fake news no cenário eleitoral, que
obviamente é negativo e não pode ser ignorado, ao contrário, deve ser objeto de análise e rigoroso
controle judicial de modo a manter a integridade do regime democrático em que vivemos, não se
permitindo que as fake news influenciem direta ou indiretamente nos resultados eleitorais.

2 O controle judicial no contexto tecnológico contemporâneo

A Tecnologia da Informação tem se aproximado do Direito de forma absurdamente acelerada. Prova


disso, por um lado, é a influência das novas tecnologias na prestação jurisdicional e, por outro lado, a
preocupação do Judiciário com as relações sociais concretizadas pelos meios virtuais, pois num
cenário em que o avanço da tecnologia é exponencial e gera profundas transformações, o Estado
não pode deixar de se fazer presente.

A sociedade contemporânea está cada vez mais conectada e informatizada, o que ocasionou
impactantes modificações sociais no contexto tempo e espaço. Em decorrência disso, torna-se
indispensável um olhar atento do Poder Judiciário para a importância das informações disseminadas
no ambiente tecnológico, que devem ser compreendidas como bens jurídicos independentes do
conteúdo que carregam1.

Todavia, o controle judicial dos conteúdos que circulam na rede é uma tarefa indiscutivelmente difícil,
em se tratando da volubilidade que a internet proporciona, sendo, para tanto, necessário analisar
diversas possibilidades que venham tornar esse controle viável, entre ferramentas legais e
tecnológicas, a fim de identificar a partir de que maneira seria possível controlar judicialmente
questões ilícitas que têm origem na rede.

Não há, e provavelmente nunca haverá, mecanismos legais ou tecnológicos absolutamente eficazes
para o controle de conteúdos na Internet. Se a questão fosse tão simples, todas as condutas
socialmente indesejadas que correm na rede já teriam cessado há tempos. Porém, o Direito e a
tecnologia dispõem de ferramentas com eficácia adequada, ainda que limitada.2

Eficácia absoluta talvez seja mera utopia, de fato, mas isso não significa que o Estado deva se
ausentar ou se omitir sobre esse problema que é real e que atinge a muitos. Os conteúdos que são
postos na internet devem sim ser controlados de modo a combater e punir condutas socialmente
indesejadas e legalmente proibidas.

Esse controle judicial, entretanto, deve ser concretizado de maneira estratégica e ponderada,
considerando-se, sobretudo, as limitações impostas por direitos constitucionais, como o direito à
informação, à liberdade de expressão, bem como o direito à inviolabilidade à intimidade, à vida
privada, à honra, à imagem, e tantos outros direitos que aqui poderiam ser mencionados.

3 Breves considerações acerca das fake news

A rede se tornou o principal meio de comunicação capaz de circular informação de maneira


extremamente veloz, eficaz e sem limitação de espaço, além de ser um fator que colabora
significativamente para a formação de opiniões. Nesse contexto surgiram as fake news3, termo
utilizado para se fazer referência a notícias falsas, informações inverídicas veiculadas principalmente
por meio da internet.

As fake news geralmente possuem tom apelativo, alarmista, a respeito de algum tema em evidência,
o que as torna atraentes para a divulgação em massa na internet, podendo ir muito além de um
simples boato, produzindo efeitos na esfera civil e penal. O binômio do direito de informar e de ser
informado, alicerces da comunicação social, quando realizado de forma leviana, acarreta a
construção de um ambiente não democrático, pois o pensamento crítico é manipulado para servir a
interesses escusos de terceiros.4
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Cristina Moraes Sleiman5 aponta quatro possíveis motivos que ensejariam a proliferação de fake
news: (i) receitas publicitárias, ou seja, busca-se gerar acessos reiterados a determinadas páginas;
(ii) concorrência desleal, prática utilizada entre empresas que querem de alguma forma derrubar seu
oponente; (iii) consumidor descontente, em que ao efetivar reclamações de empresas cria notícias
falsas a fim de denegrir a imagem do estabelecimento; e, por último, porém, não menos importante,
(iv) concorrência política, nesse caso, as notícias falsas são utilizadas como ferramenta ilícita de
campanha.

Todos os motivos mencionados têm em comum um único objetivo, qual seja impactar, por meio de
fake news, uma marca ou uma pessoa, afetando diretamente sua reputação, negócios e/ou carreira.
O maior desafio com relação a essa prática é a identificação de quem faz as publicações, quem deu
origem à notícia falsa. Assim, se há dificuldade de identificar o autor da fake news, obviamente se
mostra inviável evitar essas notícias, sendo possível, tão somente controlá-las após realizada sua
publicação.

Além disso, é preciso observar que a propagação das fake news está sujeita a custos e benefícios a
todos envolvidos no processo de divulgação, independentemente do objetivo envolvido, o que nem
de longe é obstáculo para inibir o autor a não divulgá-la, inclusive porque, dependendo da notícia, ele
terá lucros que compensarão a prática do erro.

Os incentivos privados para a produção de fake news dependem dos custos e benefícios envolvidos
na atividade. De um lado, o propagador de notícias poderá obter benefícios econômicos e não
econômicos (como a satisfação de sua ideologia política) com a difusão de fake news. Por outro
lado, a criação e gestão de informações socialmente indesejadas gerarão custos para o propagador,
bem assim o risco de imposição de sanções cíveis e criminais. Em diversos contextos, os benefícios
tendem a superar os custos da propagação de fake news.6

Desse modo, é possível evidenciar com facilidade que a difusão de fake news está direta ou
indiretamente ligada a uma consequência econômica, isso porque esse procedimento, apesar de
exigir gastos para que seja efetivado, pode gerar lucros ao propagador ou fazer com que a pessoa
ou empresa que foi por ele atingido deixe de auferir lucros.

4 A responsabilização pela disseminação de notícias falsas

A possibilidade de responsabilizar o propagador de fake news decorre da prática do ato e do


respectivo dano dele decorrente, nesse caso, o conteúdo é fator primordial para verificar se há dano
ou não, se há responsabilidade ou não. Sendo falso o teor da notícia, poderá haver dano, pois a
informação falsa não está protegida pela Constituição, porque conduziria a uma pseudo-operação da
formação da opinião.7

Um dos pontos mais importantes é o da responsabilidade pelo conteúdo. Considerando que é o


conteúdo o principal fator que atrai as pessoas para a internet e que ele deve estar submetido aos
valores morais da sociedade e atender aos critérios de veracidade, é importante determinar os
limites de responsabilidade dos provedores, dos donos de websites, das produtoras de conteúdo,
dos usuários de e-mail e de todos os que tenham de algum modo participação, seja em sua
produção, seja em sua publicação ou compartilhamento.8

Os institutos da responsabilidade civil e criminal, como todo o Direito, em sua amplitude, têm se
adaptado ao contexto tecnológico atual, em decorrência disso, a disseminação de notícias falsas
pode caracterizar crimes contra a honra e até mesmo gerar indenização. No âmbito cível, tanto a
pessoa física quanto a pessoa jurídica podem responder e consequentemente ser condenadas a
uma eventual indenização.

A responsabilidade civil é um instituto em transformação no contexto da sociedade digital. Isso


porque estão sendo redefinidos os valores que devem prevalecer e ser protegidos em um contexto
de relações cada vez mais não presenciais, independentemente do local de origem das partes, já
que a internet é um território global e atemporal.9

Na esfera criminal, porém, somente o verdadeiro autor do fato poderá ser responsabilizado, dessa
forma, é indispensável a identificação da pessoa física que deu origem à notícia falsa, não sendo
possível a criminalização de pessoa jurídica.10

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consequências e responsabilização à luz da necessidade
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Repita-se que o maior desafio é a identificação de quem faz as publicações, ou seja, quem é o autor
da notícia falsa. Apesar disso, Fernanda Mazzafera Salles11 observa que atualmente a tecnologia
permite encontrar a origem dos fatos, derrubando a falsa percepção de que os agentes autores da
produção e disseminação dos conteúdos falsos não serão descobertos, ainda que revestidos de uma
falsa identidade.

É um posicionamento um tanto quanto otimista, se é que assim se pode dizer, tendo em vista que a
percepção social é de que os autores de crimes pela internet e, principalmente com relação às fake
news, permanecem impunes, uma vez protegidos pelo anonimato.

A maioria dos crimes cometidos na rede ocorre também no mundo real. A internet surge apenas
como um facilitador, principalmente pelo anonimato que proporciona. Portanto, as questões quanto
ao conceito de crime, delito, ato e efeito são as mesmas, quer sejam aplicadas para o Direito Penal,
quer para o Direito Penal Digital. As principais inovações jurídicas trazidas no âmbito digital se
referem à territorialidade e à investigação probatória, bem como à necessidade de tipificação penal
de algumas modalidades que, em razão de suas peculiaridades, merecem ter um tipo penal próprio.
12

Afirma-se que há uma tendência mundial no sentido de editar leis que tenham capacidade de coibir
ou punir os responsáveis pela difusão de notícias falsas.13 No Brasil, por exemplo, está tramitando
na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 6.812/2017, que dispõe sobre a tipificação criminal da
divulgação ou compartilhamento de informação falsa ou incompleta na rede mundial de
computadores14 .

O projeto de lei, curto e objetivo, é uma forma de controlar judicialmente e conter a prática de inserir
e divulgar fake news. Isso porque, de acordo com a justificativa apresentada pelo autor do projeto,
“atos desta natureza causam sérios prejuízos, muitas vezes irreparáveis, tanto para pessoas físicas
ou jurídicas, as quais não têm garantido o direito de defesa sobre os fatos falsamente divulgados”.
Importante pontuar que além desse projeto de lei há inúmeros outros semelhantes, todos, porém,
com o mesmo objetivo, o que é possível identificar por meio de simples consulta no site da Câmara
dos Deputados15 .

5 O marco civil da internet e o combate às fake news

O Marco Civil da Internet foi omisso com relação às fake news. Entretanto, no cenário da
responsabilidade civil aplicada à publicação de conteúdos pela internet, determinou que o provedor
de conexão não deve ser responsabilizado nos casos em que o conteúdo de seu ambiente é postado
por terceiros16 .

Nesse caso, a responsabilidade civil do provedor, portanto, somente será subsidiária, ou subjetiva,
isso significa dizer que ele somente responderá por eventual descumprimento de ordem judicial que
decida pela remoção de determinado conteúdo. É uma tentativa de garantir a liberdade de expressão
e impedir a censura por parte do provedor.

Provedor de conexão fornece um caminho lógico do aparelho do usuário (computador, celular, tablet
etc.) para a internet. O caminho lógico constitui-se da atribuição do endereço IP para navegar na
internet, bem como da infraestrutura de telecomunicações necessárias para realizar o envio (upload)
e a baixa (download), de dados na rede. Por conta desse serviço que oferece, o Provedor de
Conexão à internet não tem, nem poderia ter, condições de ter acesso aos conteúdos lançados por
terceiros, pois apenas oferece o canal de comunicação para os usuários.17

Sob outro aspecto, é importante ressaltar que essa determinação, contida no art. 18 do Marco Civil
da Internet, de modo algum afasta a responsabilidade do indivíduo que publicou as fake news, o que
se diz é que o provedor – única e exclusivamente –, se exime dessa responsabilidade, pois não tem
como controlar as publicações de terceiros, sob pena de cercear o direito à liberdade de expressão e
manifestação dos usuários.18 Além disso, destaca-se também que o provedor pode ser
responsabilizado pelos seus próprios atos:

“Importante ressaltar que o disposto no artigo 18 do MCI se refere exclusivamente à


responsabilidade dos provedores de conexão por atos de terceiros. Isso não impede, contudo, que
os mencionados provedores sejam responsáveis pelos danos que vierem a causar por atos
próprios”.19
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Não obstante, o mesmo dispositivo traz implícita a ideia de que os provedores são obrigados a tornar
indisponível o conteúdo apontado como danoso no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e
dentro do prazo determinado por decisão judicial. Isso caracteriza um mecanismo de controle judicial
que se baseia na remoção de certo conteúdo.

O Marco Civil da Internet também versa sobre a guarda de registros de acesso, informações que
podem ser extremamente úteis na identificação do autor e propagador das fake news, pois esses
registros podem ser requeridos e autorizados judicialmente20 .

Há uma diferenciação na possibilidade de identificar o responsável pela disseminação de notícias


falsas com origem no Brasil e no exterior. A publicação de notícias falsas em servidores estrangeiros
dificulta a identificação dos autores. Por outro lado, quando se utiliza domínio brasileiro, maior é a
possibilidade de chegar até o responsável e identificar o autor da publicação.

Isso pode ocorrer por uma ação de obrigação de fazer com pedido de tutela antecipada, dentro do
prazo de seis meses a contar da publicação da matéria, prazo obrigatório, pelo Marco Civil da
Internet, para provedores de aplicativo guardarem informações de acesso. Após a identificação do
IP, quando não houver dados cadastrais que permitam chegar até o responsável, pois essa
informação vai depender do serviço e de onde foi publicado, é possível pedir que seja expedido um
ofício para o provedor de conexão.21

Conforme já dito, o Marco Civil da Internet foi omisso com relação às fake news, no entanto, ainda
que despropositadamente, ao estabelecer sobre a guarda de registros de acesso, possibilitou que
seus autores sejam identificados pelos rastros de informações deixados nos registros de acesso
pertencentes aos provedores de internet.

Não deixa de ser um mecanismo de controle judicial, porém, frágil e sem garantia alguma de eficácia
real, isso porque o período entre a publicação das fake news e a determinação judicial que autorize o
acesso aos registros pode ser superior a seis meses, perdendo-se as informações pelo lapso
temporal. Também não se mostra totalmente eficaz porque as fake news podem ser publicadas em
servidores estrangeiros, como dito, dificultando a identificação dos propagadores de tais notícias.

É possível concluir que o Marco Civil da Internet, ao estabelecer princípios, garantias, direitos e
deveres para o uso da internet no Brasil, não trouxe previsão específica para combater o
alastramento de fake news, tendo sido omisso e incapaz de solucionar efetivamente, por suas
próprias disposições, os problemas decorrentes da disseminação de notícias falsas.

6 O reflexo no cenário eleitoral brasileiro

Tendo em vista que a utilização mais frequente do termo fake news se deu a partir de um contexto
eleitoral, mais especificamente a partir da eleição presidencial norte-americana de 2016, é
imprescindível analisar a interferência da disseminação de notícias falsas no processo eleitoral
brasileiro de 2018.

As fake news são notícias sabidamente inverídicas, dolosamente veiculadas e que influem no voto
do eleitor. Se preconizamos que o voto deve ser livre e consciente, é preciso que a opinião do eleitor
seja imune a suborno, corrupção e desinformação. Não existe voto livre sem opinião livre, e aí está o
grande perigo para as democracias. As fake news atentam para cláusulas constitucionais.22

Considerando que um dos motivos que dá base à propagação de fake news é a existência de
concorrência política, é fato que as notícias falsas são utilizadas como ferramenta ilícita de
campanha. Dessa forma, a internet, como meio utilizado para fomentar a propaganda eleitoral por
meio de publicações por candidatos e partidos políticos, também passou a ser um instrumento para
denegrir a imagem destes, por seus concorrentes políticos, por meio de notícias inverídicas. Assim,
pode-se afirmar que a internet é uma espada de dois gumes, ou seja, pode ser intensamente positiva
quanto prejudicial em uma campanha política.

Por ser um meio de comunicação muito abrangente, a internet pode ser tanto benéfica quanto
prejudicial para a campanha eleitoral de determinado candidato e partido. As notícias falsas (ou fake
news) sobre os pretensos candidatos e seus respectivos partidos políticos podem ser entendidas
como um tipo de contrainformação, pois além de estarem voltadas contra a veracidade das
informações, elas poderão ser recebidas pela população como verdade absoluta e, assim, influenciar
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politicamente a opinião popular.23

A Resolução 23.551/2017 do Tribunal Superior Eleitoral (LGL\2017\12739), que dispõe sobre


propaganda eleitoral, utilização e geração do horário gratuito e condutas ilícitas em campanha
eleitoral, trata da disseminação de fake news durante período eleitoral, estabelecendo – contrario
sensu –, que é vedada a propaganda que divulgar fatos sabidamente inverídicos24 .

Isso, obviamente, não inibiu a propagação de notícias falsas em período eleitoral, mas deu base a
decisões proferidas pelo Tribunal Superior Eleitoral como forma de controlar judicialmente a
propagação de fake news. Como exemplo, a decisão que o TSE aplicou pela primeira vez a
disposição contida no art. 22 da Resolução 23.551/2017 (LGL\2017\12739) ao determinar a remoção
de notícias falsas disseminadas sobre pré-candidata à Presidência da República:

“Medida liminar – Representação eleitoral – Admissibilidade – Pessoa não identificada que dissemina
notícias falsas (fake news) em rede social com o intuito de prejudicar a imagem política de
pré-candidata à Presidência da República – Constituição Federal que garante a liberdade de
expressão, mas veda a manifestação anônima – Remoção das notícias falsas e fornecimento dos
dados pessoais e de acesso do criador e dos administradores do perfil na rede social que se impõem
– Inteligência do art. 5º, IV, da CF/1988 (LGL\1988\3)” (TSE, Representação
0600546-70.2018.6.00.0000, rel. Min. Sérgio Silveira Banhos, j. 07.06.2018).

A decisão transparece uma real preocupação do Judiciário brasileiro, por meio do Tribunal Superior
eleitoral, em contribuir de maneira significativa com o combate às fake news por meio de controle
judicial apto a inibir sua difusão, o que pode ser evidenciado na ordem de remoção do conteúdo.
Além disso, o Tribunal Superior Eleitoral lançou página em seu site para esclarecer aos eleitores
sobre as notícias falsas propagadas, intitulada “Esclarecimentos sobre informações falsas veiculadas
nas Eleições 2018”25 .

Apesar da boa intenção manifestada pela Justiça Eleitoral brasileira, é notório que esses
esclarecimentos não atingem as mesmas proporções, pois não adentram os mesmos setores sociais
26
. As fake news chegam rapidamente a milhares de eleitores por meio de redes sociais (Facebook,
WhatsApp, Twitter etc.), enquanto os esclarecimentos precisam ser por eles procurados em site
próprio, caminho que muitos eleitores sequer sabem encontrar ou têm conhecimento dessa
ferramenta.

Fato é que as fake news influenciam no processo eleitoral, das pré-candidaturas aos resultados, tudo
através da influência do voto do eleitor, o que é, sobretudo, lamentável e inaceitável em um regime
democrático.

“A problemática das fake news não é novidade em eleições e a missão de classificar algo como fake
news sempre foi e continua sendo extremamente árdua, hoje com conjuntura agravada em razão da
internet.

O que é mais importante para moldar a opinião pública: fatos objetivos ou apelos à emoção e às
crenças individuais? Certamente, para o funcionamento de uma democracia, os fatos objetivos
importam mais. No entanto, os mais recentes acontecimentos indicam que no campo das disputas
políticas apelar para a disseminação de fake news pode ser o caminho mais rápido de eficiente para
determinado ator político obter sua finalidade.”27

Mesmo sendo ilegal e por se tratar de uma prática de difícil controle e identificação, candidatos têm
se aproveitado da situação das fake news para tentar a vitória no pleito eleitoral. Infelizmente, porém,
antes, durante ou após as eleições, devido a intensidade e, repita-se, a dificuldade no controle da
disseminação das fake news, não será possível saber, ao certo, o quanto as notícias falsas
impactam a corrida eleitoral.

7 A controvérsia entre fake news e o direito à liberdade de expressão

É inequívoca a controvérsia existente entre a proteção à liberdade de expressão e a necessidade de


se combater a proliferação das fake news. Como combater as notícias falsas sem cercear a
liberdade de expressão? Eis o desafio. Considerando que nenhum direito fundamental é absoluto,
entende-se que a liberdade de expressão poderá sofrer recuo quando o seu conteúdo puser em risco
uma educação democrática, livre de ódios, preconceitos, e fundada no superior valor intrínseco de
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todo ser humano.28

“Frise-se que o direito de informar e ser informado pode ser barrado por outras garantias individuais,
quais sejam aquelas relacionadas à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das pessoas,
que uma vez violadas, poderão ensejar o direito a indenização por danos morais (art. 5º, X, CF
(LGL\1988\3)).

[...]

Em se tratando de direitos e liberdades fundamentais, a perda ou restrição de determinada liberdade


somente poderá ocorrer em relação a outra liberdade ou garantia fundamental, devendo ser
estabelecidas prioridades pelo operador do direito.”29

Não se trata de censura, ou seja, cercear o direito à liberdade de expressão para que se tenha a
garantia de não difusão de notícias sabidamente inverídicas, o que se defende é a possibilidade de
equilibrar ambos os fatores, de modo que a liberdade de expressão não legitime a propagação de
fake news ou que o combate às notícias falsas não seja razão de cerceamento desse direito
fundamental.

“ Fake news viraliza, massifica e destrói uma candidatura, além de atentar contra a democracia.
Porque, na verdade, são notícias sabidamente inverídicas, dolosamente veiculadas e que
influenciam o voto do eleitor. [...] Não há que se falar em violação da liberdade de expressão e
controle de conteúdo, porque o Tribunal Superior Eleitoral, diuturnamente, nas suas sessões
jurisdicionais, controla a propaganda negativa e impõe as sanções eleitorais corretivas.”30

Cabe, portanto, ao Judiciário a difícil tarefa de ponderar ambos os interesses e administrar a situação
da melhor maneira possível, atendendo-se à proporcionalidade e razoabilidade, assim como tantos
outros princípios basilares do nosso ordenamento jurídico, em prol desse problema que tem
influenciado nas relações sociais e, infelizmente, o período eleitoral de 2018.

8 Considerações finais

A partir do breve estudo desenvolvido é possível extrair algumas considerações finais acerca das
fake news, as quais serão oportunamente aqui expostas. Apesar das iniciativas do Judiciário em lidar
com as fake news frente ao cenário volúvel proporcionado pela internet, é claramente perceptível
que as instituições judiciárias não estão prontas para enfrentá-las por meio de um controle judicial
efetivo.

Por um lado, talvez isso se dê por falta de mecanismos legais que impossibilitam maior rapidez e
eficiência na identificação dos disseminadores de fake news. Sob outro aspecto, essa dificuldade
pode ocorrer devido ao fato de os mecanismos tecnológicos de controle serem insuficientes e a
propagação ser de fato incontrolável, além dos autores estarem, quase sempre protegidos pelo
anonimato.

O Marco Civil da Internet, como visto, foi omisso com relação às fake news e, apesar de tratar da
responsabilidade civil aplicada à publicação de conteúdos pela internet, não trouxe previsão
específica para combater o alastramento das notícias faltas, tendo sido incapaz de solucionar
efetivamente, por suas próprias disposições, os problemas decorrentes da disseminação de fake
news.

A responsabilização dos propagadores é perfeitamente possível, tanto civil quanto criminalmente,


entretanto, o maior desafio está concentrado na identificação de quem disseminou tais notícias, ou
seja, está em encontrar a origem das fake news. No ordenamento jurídico brasileiro não há qualquer
forma de controle expresso nessas situações, o que deve ser concretizado por meio da
jurisprudência.

O reflexo negativo no cenário eleitoral é incontestável, principalmente considerando-se que a


concorrência política é um dos motivos que ensejam a proliferação de fake news, sendo uma
ferramenta de campanha ilícita utilizada para denegrir a imagem de candidatos adversários e
modificar o resultado eleitoral em benefício de um determinado candidato. Cabe à Justiça Eleitoral o
controle judicial.

Por fim, quanto à controvérsia existente entre a proteção à liberdade de expressão e a necessidade
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de se combater a proliferação das fake news, é possível concluir que não há que se falar em direito
fundamental absoluto, pois a liberdade de expressão poderá sofrer recuo quando o seu conteúdo
puser em risco outros direitos constitucionais.

9 Referências bibliográficas

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Peck. Direito digital aplicado 3.0. São Paulo: Ed. RT, 2018.

SOUZA, Carlos Affonso Souza; LEMOS, Ronaldo; BOTTINO, Celina. Marco civil da internet:
jurisprudência comentada. São Paulo: Ed. RT, 2018.

1 GOUVÊA, Sandra. O direito na era digital: crimes praticados na internet por meio da informática.
Rio de Janeiro: Mauad, 1997. p. 41.

2 LEONARDI, Marcel. Controle de conteúdos na internet: filtros, censura, bloqueio e tutela. In:
LUCCA, Newton de; SIMÃO FILHO, Adalberto (Coord.) Direito & internet. São Paulo: Quartier Latin,
2008. p. 400.

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Uma abordagem analítica acerca das fake news, suas
consequências e responsabilização à luz da necessidade
de um controle judicial efetivo

3 É uma expressão que, apesar de existir há muito, passou estar em evidência recentemente, após a
última eleição presidencial norte-americana, em 2016.

4 SALLES, Fernanda Mazzafera. Fake news: muito além do campo moral da autoria. In: PINHEIRO,
Patricia Peck. Direito digital aplicado 3.0. São Paulo: Ed. RT, 2018. p. 250.

5 SLEIMAN, Cristina Moraes. Fake news: o que está por trás dessa prática. In: PINHEIRO, Patricia
Peck. Direito digital aplicado 3.0. São Paulo: Ed. RT, 2018. p. 253.

6 BODART, Bruno. Fake news. Revista Magistratus, Rio de Janeiro, n. 5, p. 30-31, 2018. Disponível
em: [www.emerj.tjrj.jus.br/revistas/magistratus/numero5/versaodigital/30/index.html]. Acesso em:
01.10.2018.

7 MENDES, Gilmar. Curso de direito constitucional. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 274.

8 PINHEIRO, Patricia Peck. Direito digital. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 514.

9 PINHEIRO, Patricia Peck. Op. cit., p. 513.

10 SLEIMAN, Cristina Moraes. Op. cit., p. 260.

11 SALLES, Fernanda Mazzafera. Op. cit., p. 253.

12 PINHEIRO, Patricia Peck. Op. cit., p. 380.

13 SALLES, Fernanda Mazzafera. Op. cit., p. 250.

14 “Art. 1º Constitui crime divulgar ou compartilhar, por qualquer meio, na rede mundial de
computadores, informação falsa ou prejudicialmente incompleta em detrimento de pessoa física ou
jurídica.
Pena– detenção de 2 a 8 meses e pagamento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil)
dias-multa.

Art. 2º Os valores decorrentes da imposição da multa a que se refere o artigo primeiro serão
creditados à conta do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos – CFDD.

Art. 3º Esta Lei entre em vigor na data de sua publicação.”

15 Projetos de Lei (PL) 9.973/2018, 9.554/2018, 9.931/2018, 9.532/2018, 9.884/2018, 9.838/2018,


10.292/2018, 7.604/2017, 6.812/2017. Disponível em:
[www.camara.leg.br/buscaProposicoesWeb/pesquisaSimplificada]. Acesso em: 01.10.2018.

16 “Art. 18. O provedor de conexão à internet não será responsabilizado civilmente por danos
decorrentes de conteúdo gerado por terceiros.
Art. 19.Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a censura, o provedor de
aplicações de internet somente poderá ser responsabilizado civilmente por danos decorrentes de
conteúdo gerado por terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as providências para, no
âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo assinalado, tornar indisponível o
conteúdo apontado como infringente, ressalvadas as disposições legais em contrário.”

17 GONÇALVES, Victor Hugo Pereira. Marco Civil da Internet comentado. São Paulo: Atlas, 2017. p.
147.

18 SOUZA, Carlos Affonso Souza; LEMOS, Ronaldo; BOTTINO, Celina. Marco civil da internet:
jurisprudência comentada. São Paulo: Ed. RT, 2018. p. 113.

19 Ibidem, p. 99.

20 “Art. 15. O provedor de aplicações de internet constituído na forma de pessoa jurídica e que
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Uma abordagem analítica acerca das fake news, suas
consequências e responsabilização à luz da necessidade
de um controle judicial efetivo

exerça essa atividade de forma organizada, profissionalmente e com fins econômicos deverá manter
os respectivos registros de acesso a aplicações de internet, sob sigilo, em ambiente controlado e de
segurança, pelo prazo de 6 (seis) meses, nos termos do regulamento.
§ 1ºOrdem judicial poderá obrigar, por tempo certo, os provedores de aplicações de internet que não
estão sujeitos ao disposto no caput a guardarem registros de acesso a aplicações de internet, desde
que se trate de registros relativos a fatos específicos em período determinado.

§ 2ºA autoridade policial ou administrativa ou o Ministério Público poderão requerer cautelarmente a


qualquer provedor de aplicações de internet que os registros de acesso a aplicações de internet
sejam guardados, inclusive por prazo superior ao previsto no caput, observado o disposto nos §§ 3º
e 4º do art. 13.

§ 3ºEm qualquer hipótese, a disponibilização ao requerente dos registros de que trata este artigo
deverá ser precedida de autorização judicial, conforme disposto na Seção IV deste Capítulo.

§ 4ºNa aplicação de sanções pelo descumprimento ao disposto neste artigo, serão considerados a
natureza e a gravidade da infração, os danos dela resultantes, eventual vantagem auferida pelo
infrator, as circunstâncias agravantes, os antecedentes do infrator e a reincidência.”

21 SLEIMAN, Cristina Moraes. Op. cit., p. 260.

22 FUX, Luiz. Fake news: um novo desafio para a democracia. Revista Magistratus, Rio de Janeiro,
n. 5, set. 2018. Disponível em:
[www.emerj.tjrj.jus.br/revistas/magistratus/numero5/versaodigital/30/index.html]. Acesso em
01.10.2018.

23 MARTINEZ, Vinício Carrilho; NASCIMENTO JUNIOR, Vanderlei de Freitas. Participação popular,


redes sociais e fake news: uma abordagem constitucional antes das Eleições 2018. Revista dos
Tribunais, São Paulo, v. 993, ano 107, 2018. p. 198.

24 “Art. 22. É permitida a propaganda eleitoral na internet a partir do dia 16 de agosto do ano da
eleição.
§1º A livre manifestação do pensamento do eleitor identificado ou identificável na internet somente é
passível de limitação quando ocorrer ofensa à honra de terceiros ou divulgação de fatos
sabidamente inverídicos.”

25 Esclarecimentos sobre informações falsas veiculadas nas Eleições 2018. Tribunal Superior
Eleitoral. Disponível em:
[www.tse.jus.br/eleicoes/eleicoes-2018/esclarecimentos-sobre-informacoes-falsas-eleicoes-2018].
Acesso em: 12.10.2018.

26 AIETA, Vânia; ARAUJO, Bernardo. As fake news, as fake fake news e a criação do caos
informacional. Tribuna do Advogado, Rio de Janeiro, v. 579, ano 47, p. 16-17, 2018. Disponível em:
[www.oabrj.org.br/materia-tribuna-do-advogado/20017-as-fake-news-as-fake-fake-news-e-a-criacao-do-caos-informaci
Acesso em: 12.10.2018.

27 Idem.

28 MENDES, Gilmar. Op. cit., p. 271.

29 MARTINEZ; NASCIMENTO JUNIOR. Op. cit., p. 190.

30 FUX, Luiz. Op. cit., p. 7.

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