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tutorial
Bruno Alberto de Oliveira Mota
1 Introdução.................................................................................................................................2
2 Interface principal.....................................................................................................................2
3 Abrindo um arquivo de som......................................................................................................3
3.1 Editor de som.....................................................................................................................4
3.2 Visualizando e configurando as propriedades do som.......................................................5
3.2.1 F0.................................................................................................................................5
3.2.2 Intensidade..................................................................................................................7
3.3 Anotações...........................................................................................................................7
4 Manipulando um arquivo de som...........................................................................................10
4.1 Manipulação de F0...........................................................................................................11
4.2 Manipulação da duração..................................................................................................12
4.3 Salvando um arquivo manipulado....................................................................................13
5 Proposta de aplicação.............................................................................................................13
6 Considerações finais................................................................................................................13
Referências.................................................................................................................................15
1 Introdução
Este capítulo se propõe a ser um fácil e rápido tutorial das funções básicas do Praat no que
tange à visualização e manipulação de sons.
2 Interface principal
Ao abrir o Praat são exibidas duas janelas: a janela principal (Praat Objects) e a janela de
imagem (Praat Picture). Daremos atenção à janela principal (Figura 1).
Na parte esquerda temos a seção Objects, em que aparece todo e qualquer item que pode ser
usado no Praat: som, som manipulado, anotação etc. Abaixo, os botões Rename (renomeia o
objeto selecionado), Copy... (cria uma cópia do objeto selecionado – muito útil quando se quer
fazer algum tipo de teste mas se quer manter o objeto original), Inspect (alteração de atributos
1
Versão 5.2.16 para Windows, baixada de http://www.fon.hum.uva.nl/Praat/ em 25/02/2011
do objeto) e Info (informações sobre o objeto), que não usaremos neste tutorial, e Remove
(para remover objetos da janela principal).
Na parte direita há um espaço em que aparecem botões de funções distintas, que aparecem
dependendo do tipo de objeto selecionado no momento.
Na parte superior, o menu principal do programa, cujos submenus têm funções bem
específicas e auto-explicativas. No menu Praat, trabalha-se basicamente com scripts. Em New,
pode-se gravar um som, criar um som a partir de fórmulas, trabalhar com TextGrid
(anotações), entre outros. Em Open, opções para abrir arquivos de som e aqueles específicos
do Praat, como TextGrid, sons manipulados não exportados etc. Em Save, opções para salvar
em disco os objetos listados na janela principal. Por fim, no submenu Help, os arquivos de
ajuda, disponíveis inclusive online.
Selecione o arquivo de som em que você quer trabalhar e abra-o como se estivesse abrindo
qualquer documento em um programa de uso rotineiro. Assim que o arquivo for aberto,
aparecerão alguns botões do lado direito da janela principal, como se vê na Figura 3. Clique em
View & Edit para o som ser aberto no editor/visualizador do Praat.
Figura 3 - Botões disponíveis quando um arquivo de som está carregado
Figura 5 - Curva de F0
Arraste e solte o mouse sobre o trecho desejado para selecioná-lo (Figura 6). Isso fará com seja
exibida a F0 média da seleção (ponto 3 da Figura 5).
Figura 6 - Selecionando um trecho
3.2.2 Intensidade
Para exibir a curva da intensidade, clique em Intensity/Show intensity. Pode-se configurar qual
a faixa de intensidade que se quer mostrar na tela, através da janela mostrada na Figura 9,
clicando-se em Intensity/Intensity settings…
3.3 Anotações
Para fazer anotações em determinado som, deve-se criar um objeto de anotação associado ao
som. Para tal, na janela de objetos, clique em Annotate/To TextGrid… (como mostrado na
Figura 10).
Figura 10 - Criando um objeto de anotações
Aparecerá em seguida a janela de opções para anotação (Figura 11). Digite, entre espaços, os
nomes das linhas de anotação desejadas (caso deseje um nome maior para uma linha, não
coloque espaços, e sim sinais como sublinhado, hífen ou mesmo ponto, já que o Praat
interpreta um espaço como sinal para criar uma nova linha). Abaixo, caso deseje, digite o
nome da linha em que será anotado um ponto específico (Point tiers), ao invés de um intervalo
inteiro.
Assim que for criado o objeto de anotação, o mesmo aparecerá na lista de objetos. Selecione
som e anotação simultaneamente, clicando em cada um deles enquanto segura a tecla Ctrl do
teclado. Clique em View & Edit para começar o trabalho de anotação. Com as configurações
selecionadas na Figura 11, a tela de anotação ficará como na Figura 12.
Com o arquivo de som carregado na janela de objetos, siga o passo-a-passo da Figura 15:
clique em To Manipulation; no campo Time step, escolha qual o intervalo de tempo dos pontos
de mudança de direção de F0; escolha o valor mínimo e o máximo de F0 (Minimum pitch e
Maximum pitch) a aparecer no som manipulado e clique em OK. O novo objeto da lista ainda
não é um arquivo de som, mas sim uma interface entre os cálculos do Praat e o som. É nesse
objeto que iremos trabalhar.
Agora selecionamos o objeto de manipulação e clicamos em View & Edit. A janela que aparece
na Figura 16 é parecida com a do editor de áudio, mas tem elementos a mais e não mostra o
espectrograma.
Figura 16 - Janela de manipulação de som
4.1 Manipulação de F0
Para uma edição mais rápida, pontos devem ser retirados da curva pré-manipulada de F0 de
modo que a curva fique o mais simples possível, mas sem fugir da base do desenho melódico.
Para isso, basta clicar em Pitch/Stylize pitch, não sendo necessário, pelo menos para essa
edição mais simples, alterar os valores padrão, e clique em OK: a curva melódica aparece com
menos pontos editáveis, facilitando a manipulação, como na Figura 17.
Figura 17 - F0 estilizada
Para alterar o desenho de F0, é necessário clicar primeiro no ponto em que se quer alterar,
deixando-o vermelho. Arrastar o ponto selecionado faz mudar o desenho melódico.
Por outro lado, podem-se adicionar pontos. Para isso, clique no trecho em que deseja
adicionar um ponto, depois clique em Pitch/Add pitch point at cursor. Nesse caso, faz-se
justamente o oposto: modula-se um trecho plano de F0.
Explore esse recurso para, por exemplo, verificar o efeito perceptivo de um alongamento ou
encurtamento de sílaba, ou ainda para acelerar ou ralentar todo um texto gravado.
Caso se deseje aumentar a duração para um valor que não esteja disponível na escala da tela,
pode-se configurar a escala de alteração de duração, clicando-se em Dur/Set duration range…
no menu da janela de manipulação.
5 Proposta de aplicação
Em trabalho proposto por Lira (2011), descreve-se a importância da prosódia na interação
mãe-bebê. Nesse tipo de interação, através da análise perceptivo-auditiva, podem-se observar
determinadas pistas prosódicas relacionadas à concessão de turno entre a mãe e sua filha.
Tal análise perceptual-auditiva pode ser aprimorada se os sons são submetidos à análise
acústica através do Praat, sendo possível ainda elaborar testes de percepção com bebês a
partir da manipulação de contornos melódicos e durações em gravações previamente feitas,
como é o caso do trabalho acima.
Os arquivos sonoros utilizados neste trabalho, cedidos por Cavalcante (1999), foram coletados
a partir de um estudo longitudinal de um bebê em contato com a sua mãe, em situação de
rotina diária.
6 Considerações finais
Devido à sua riqueza de recursos, o Praat é uma ferramenta indispensável para estudos de
aspectos relacionados à fala, com possibilidades que vão de uma simples visualização da forma
de onda e espectrograma a atividades complexas como manipulação de F0 e velocidade. Para
melhor ilustrar, indicamos, na seção de referências, alguns trabalhos publicados cujos autores
se valeram do Praat como instrumento de trabalho, dentre os quais, a título de ilustração,
destacamos:
Enfim, as possibilidades para explorar os recursos do Praat são inúmeras, desde que se
conheça minimamente o que o programa pode oferecer. Esperamos que este capítulo
funcione como contribuição a futuros trabalhos.
Referências
ANTUNES, Leandra Batista. O papel da prosódia na expressão de atitudes do locutor em
questões. 306f. Tese (Doutorado em Linguística: Letras). Belo Horizonte: UFMG/FALE, 2007.
BOERSMA, P.; WEENINK, D. Praat: doing phonetics by computer. 2006. (Version 5.1.43)
[Programa de computador]. Disponível em http://www.praat.org/. Acessado em 25/02/2011
LEITE, Délia Ribeiro. Estudo prosódico sobre as manifestações de foco. 146f. Dissertação
(Mestrado em Linguística: Letras). Belo Horizonte: UFMG/FALE, 2009.
LIRA, Z. 2011. Troca de turno na Interação mãe-bebê. In Aguiar, M. A., Madeiro, F. & Teobaldo,
W. (orgs.) Em-Tom-Ação: a prosódia em perspectiva. Recife. Vol.2 (mimeo)
MORAES, J. A (2008) “The Pitch Accents in Brazilian Portuguese: analysis by synthesis”, In:
BARBOSA, P., MADUREIRA, S. and REIS, C. (eds.) Proceedings of the Speech Prosody 2008:
Fourth Conference on Speech Prosody, pp. 389-397.